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NATÁLIA INGRID - MEDICINA Palpação pr�funda do Abd�me Investiga-se: órgãos contidos na cavidade abdominal, massas e tumorações palpáveis. Condições normais: Não distinguível: Estômago, duodeno, intestino delgado, vias biliares e os cólons ascendente e descendente. Alterações estruturais como aumento de volume e alteração de consistência podem torná-los palpáveis. Facilmente palpáveis: Ceco, cólon transverso e cólon sigmóide. À presença de órgãos, massas palpáveis ou “tumorações” deve-se analisar: 1. Localização; 2. Forma e Volume; 3. Sensibilidade; 4. Consistência; 5. Mobilidade; 6. Pulsatilidade; 1. Localização: Utiliza-se as divisões clínicas do abdome, seja em quadrante ou em 9 regiões, a depender do caso. 2. Forma e Volume: Variam em amplos limites; Utiliza-se designações comparativas: Tamanho de azeitona, limão, laranja etc. 3. Sensibilidade: Refere-se à sensibilidade dolorosa; É subjetivo, depende da lesão e da personalidade do paciente; Analisa-se a intensidade, a localização exata e o comportamento da dor à palpação. 4. Consistência: É a sensação tátil sentida ao palpar uma massa ou uma tumoração; Pode ser: ● Cística: Bexiga cheia, cistos no ovário, vesícula biliar distendida e abcessos hepáticos. ● Borrachosa: Fígado gorduroso (esteatose hepática). ● Dura ou pétrea: Neoplasias. A consistência pode variar a depender do órgão ou da massa; 5. Mobilidade: Observar se: ● Ocorre com os movimentos respiratórios: Observadas nas tumorações intraperitoneais do andar superior do abdome; ○ Tumorações retroperitoneais são fixas. ○ Tumorações intraperitoneais tornam-se fixas quando há aderências entre elas e as estruturas vizinhas. ● Depende da palpação; NATÁLIA INGRID - MEDICINA Palpação pr�funda do Abd�me ○ Grande mobilidade à palpação: Indica a presença de um pedículo que possibilita o deslocamento da massa. 6. Pulsatilidade: Inicialmente, deve-se diferenciar pulsações próprias e pulsações transmitidas; Tumorações superpostas à aorta ou a seus grandes ramos tornam-se pulsáteis pela transmissão da pulsações desse vasos . Massas palpáveis, quase sempre tumores, podem ser confundidas com rim palpável, principalmente o rim direito, isso porque o rim desloca-se de sua posição retroperitoneal com a respiração. Em pessoas idosas é comum palpar a bexiga distendida, indicando retenção urinária. Palpação do Fígado, da Vesícula Biliar, do Ceco, do Cólon transverso, do Sigmóide e dos Rins. FÍGADO Paciente: Decúbito dorsal, relaxando a parede abdominal; Procedimento fundamental: Palpar o hipocôndrio direito, o flanco direito e o epigástrio, partindo do umbigo até o rebordo costal. Em seguida: Palpar junto à reborda costal, coordenando com os movimentos respiratórios da seguinte forma: Na expiração o examinador ajusta as mãos na parede abdominal sem fazer pressão e sem movimentar; Na inspiração a mão do examinador comprime e movimenta para cima ao mesmo tempo, a fim de detectar a borda hepática. Técnicas para aproximar o fígado da parede anterior do abdome: 1. Colocar a mão esquerda no nível da loja renal direita, forçando-a para cima. 2. Coloca-se o paciente em decúbito semilateral esquerdo e o examinador fica do lado direito voltado para os pés do paciente. O examinador coloca as mãos no hipocôndrio direito com os dedos no formato em garra e coordena a palpação com os movimentos respiratórios: Na inspiração, quando o fígado desce, tenta-se reconhecer sua borda. Semiotécnica que facilita o exame: 1. Realizar a palpação com a face radial do indicador ou com a face ventral dos dedos e polpas digitais do mínimo, médio e anelar. Em ambas as posições, a mão do examinador se posiciona transversalmente, acompanhando o rebordo costal direito, coordenando a palpação com os movimentos respiratórios. Características semiológicas da análise da borda e da superfície hepática: 1. Quanto à borda, analisar: Distância do rebordo costal: Em centímetros ou em dedos transversos (Ponto de referência: LHCD). NATÁLIA INGRID - MEDICINA Palpação pr�funda do Abd�me Espessura: Fina ou Romba; Superfície: Lisa ou nodular; Consistência: Diminuída, normal ou aumentada; Sensibilidade: Indolor ou Dolorosa; 2. Quanto à superfície: Pode ser lisa ou nodular; Se nodular, observar: Número; Consistência: Dura ou Cística; Sensibilidade: Dolorosa ou indolor. As formações nodulares podem ser: Nódulos, cistos ou abcessos: Nódulos: São formações arredondadas e endurecidas; isolados, esparsos ou difusos por toda a superfície hepática. Cirrose: Nódulos difusos; Metástases: Esparsos; Câncer primitivo do fígado: Único. Quanto ao diâmetro podem ser micronódulos (<2 cm) ou macronódulos (>2 cm). Cistos e Abcessos: Não são endurecidos e causam sensação de flutuação à palpação. Sensibilidade dolorosa na superfície hepática é causada pelo estiramento agudo e rápido da cápsula de Glisson (cápsula de tecido conjuntivo que recobre o fígado e o hilo). Exemplos clássicos: Aumento do fígado na insuficiência cardíaca e o surgimento de metástases que crescem rapidamente. OBS.: Nas hepatomegalias crônicas não há dor, apenas um desconforto, pois a cápsula se adapta à medida que o fígado aumenta de volume. Hepatomegalia: É o aumento do volume hepático; Graduação das hepatomegalias: 1. Pequenas hepatomegalias: Fígado ultrapassa o rebordo costal em até dois dedos transversos no fim da inspiração; 2. Hepatomegalias médias: Fígado ultrapassa o rebordo costal mais de 4 dedos, podendo alcançar a cicatriz umbilical ou o quadrante inferior direito. Toda hepatomegalia é palpável, mas nem todo fígado palpável tem hepatomegalia; Pessoas magras: Fígado palpável no fim da inspiração em até 1 cm do rebordo costal; Pacientes visceropitóticos: fígado palpável. Causas mais frequentes: 1. Insuficiência cardíaca direita; 2. Colestase extra-hepática (obstrução dos ductos biliares); 3. Cirrose; 4. Fibrose Esquistossomótica; 5. Hepatite; 6. Esteatose; 7. Neoplasia; 8. Linfoma. NATÁLIA INGRID - MEDICINA Palpação pr�funda do Abd�me VESÍCULA BILIAR Só é palpável em condições patológicas. Precisa ocorrer: 1. Alteração na consistência das suas paredes, como no câncer vesicular; 2. Aumento da tensão no seu interior por dificuldade de escoar em consequência da obstrução do ducto cístico ou do ducto colédoco; A obstrução do ducto cístico geralmente tem natureza calculosa ou inflamatória, e a vesícula fica distendida pelo acúmulo da sua própria secreção, constituindo a vesícula hidrópica. A obstrução do ducto colédoco pode ser calculosa ou tumoral. Geralmente, não provoca um aumento da vesícula a ponto de torná-la palpável, principalmente pelas pessoas idosas. Regra de Curvoisier: Vesícula biliar palpável em paciente ictérico sugere neoplasia pancreática maligna, geralmente na cabeça do pâncreas. Sinal de Murphy: Vesícula impalpável com paciente apresentando dor à compressão sob a reborda costal direita, nos casos de colelitíase e colecistite crônica . BAÇO Região examinada: Quadrante superior esquerdo; Paciente na Posição de Schuster: 1. Decúbito lateral direito; 2. Perna Direita estendida; 3. Coxa esquerda fletida sobre o abdome em um ângulo de 90º; 4. Ombro esquerdo elevado, colocando o braço correspondente sobre a cabeça. Semiotécnica: Mão esquerda com uma leve pressão sobre a área de projeção do baço como se quisesse deslocar para baixo. Mão direita faz a palpação se coordenando com os movimentos respiratórios do paciente, avançando a mão em direção ao rebordo costal durante a inspiração do paciente. OBS.: Cuidado para não confundir a última costela flutuante com o baço. Característica semiológica importante: Distância do rebordo costal à extremidade inferior do baço, em centímetros ou dedos transversos, usando como referência a LHCE. Em geral: Aumentado: Quando torna-se palpável (esplenomegalia); para isso ele deve alcançar o dobro de seu tamanho. Esplenomegalia: Pequenas: É possível palpar o polo inferior abaixo do rebordo costal esquerdo; Grandes: A extremidade inferior alcança a cicatriz umbilical. Causam abaulamentos no flanco esquerdo,vistos à inspeção, principalmente por sua NATÁLIA INGRID - MEDICINA Palpação pr�funda do Abd�me mobilidade com os movimentos respiratórios. Causadas por: Esquistossomose mansoni, cirrose hepática, calazar (causada por protozoário) e leucemia mielóide crônica. OBS.: Todo baço aumentado é percutível, mas nem sempre palpável. A esplenomegalia pode levar a alterações no hemograma, como anemia, leucopenia e trombocitopenia. Hiperesplenismo: Ação do baço sobre os componentes do sangue periférico. Pode ser: Seletivo: Acomete apenas um dos elementos sanguíneos; Global: Quando há pancitopenia (diminuição de todas as três linhagens de células sanguíneas). É confirmado por meio do mielograma (exames para avaliação da medula óssea), que mostra hiperplasia celular e aumento dos reticulócitos. Periesplenite desperta sensação dolorosa à palpação do baço. OBS.: Na maioria dos casos, a esplenomegalia está associada à hepatomegalia, formando a hepatoesplenomegalia. CECO Localização: Fossa Ilíaca Direita. Semiotécnica: Deslizar as polpas digitais da mão palpadora ao longo da linha que une a cicatriz umbilical e a espinha ilíaca anterossuperior. A borda interna do ceco possui uma súbita elevação. Para analisar a mobilidade: Deslizar as polpas digitais da borda interna do ceco até a espinha ilíaca anterossuperior, sem retirar a mão, examinador encurva os dedos e repete o movimento contrário, tentando deslocar o ceco para dentro. Essa manobra deve ser feita mais de uma vez. Borborigmos: São ruídos hidroaéreos produzidos à palpação dessa área. Indivíduos obesos ou paredes abdominais espessas: Dificultam a palpação. Se houver dificuldade na palpação, utiliza-se a manobra auxiliar: Palpar com a mão direita e pressionar o cólon ascendente com a mão esquerda, a fim de preencher o ceco. Sensibilidade ou presença de massas palpáveis na região podem indicar processos inflamatórios crônicos da região ileocecal ou tumores do ceco. CÓLON TRANSVERSO Pode ser reconhecido à palpação, principalmente em pessoas magras ou com parede abdominal flácida. Semiotécnica: Deslizar uma ou as duas mãos de cima para baixo e de baixo para cima do abdome. Localização: Variável, porém mais reconhecido no mesogástrio, como uma corda de direção transversal que rola sob os dedos do examinador. SIGMÓIDE Segmento mais fácil de palpar. Localização: Quadrante inferior esquerdo. NATÁLIA INGRID - MEDICINA Palpação pr�funda do Abd�me Assemelha-se a uma corda de consistência firme e pouco móvel. Megassigmóide: A alça dilatada se alonga e se desloca para a direita e para cima. A consistência varia de pastosa à pétrea se contiver fezes. RINS Polo inferior do rim direito é facilmente palpável em pessoas magras e mulheres delgadas com parede abdominal flácida. Semiotécnica: Preferencialmente, utilizar o método bimanual - Uma mão transversalmente na região lombar exercendo uma pressão suave, para projetar o rim para frente, e a outra longitudinalmente sobre a parede abdominal na altura do flanco. Pode ser feita em decúbito lateral sobre o lado oposto ao que se vai examinar e com os membros inferiores em semiflexão. Mão palpadora deve ser a mesma do lado que está sendo palpado. Ex.: Rim direito - Mão direita. Paciente deve respirar tranquila e profundamente; Procedimento de “Captura do Rim”: Na inspiração procura-se sentir a descida do rim com as pontas dos dedos - superfície lisa, consistência firme e contorno arredondado. No fim da inspiração e início da expiração deve-se aumentar a pressão feita pelas duas mãos - percebe-se a subida do rim. Manobra do “Choque Lomboabdominal”: Impulsiona com a extremidade dos dedos da mão que comprime a lombar em direção à mão palpadora, que recebe a sensação de choque do rim ao ser empurrado para frente. Rins palpáveis sem uso de técnicas nos casos de: Nefroptose, tumor renal, hidronefrose, malformações congênitas e ectopia renal. MANOBRAS ESPECIAIS 1. Palpação Bimanual para avaliar defesa localizada da parede do abdome: Indicação: Em suspeita de maior resistência em uma área do abdome; Semiotécnica: Examinador colocar as duas mãos longitudinal e paralelamente e palpa com uma mão a região suspeita e com a outra mão a região homóloga alternadamente, no sentido craniocaudal. Quando uma mão comprime a outra descomprime. Assim, é feita a comparação das áreas examinadas. Presença de defesa localizada pode indicar afecção na parede ou na cavidade abdominal (peritonite localizada). 2. Manobra de Rechaço Semiotécnica: Comprime a parede abdominal com a palma da mão e faz uma impulsão rápida com a face ventral dos dedos e com as polpas digitais sem descomprimir a parede. NATÁLIA INGRID - MEDICINA Palpação pr�funda do Abd�me Há rechaço quando logo depois da impulsão percebe-se um choque na mão, que significa a presença de um órgão ou tumor sólido flutuando em um meio líquido (ascite). Indicação: Abdome globoso em ascite de grande volume. 3. Manobra de descompressão súbita Semiotécnica: Comprime vagarosamente e progressivamente uma região do abdome que na palpação geral tenha se mostrado dolorido. Na compressão a dor aumenta, mas o paciente tolera. Ao chegar em um limite é feita a descompressão rápida e a dor se exacerba ainda mais. Sinal de Blumberg: Dor exacerbada à descompressão rápida de uma região. Constitui um sinal de peritonite. 4. Pesquisa de Vascolejo: Pode ser feita de duas maneiras: 1ª) Prende o estômago com a mão direita, movimenta de um lado para o outro e procura-se ouvir ruídos hidroaéreos. 2ª) Patinhação: Repousa a mão na região epigástrica e faz rápidos movimentos compressivos com a face ventral dos dedos e as polpas digitais, sem deslocar a palma da mão. Se for possível ouvir líquido balançando diz-se que há vascolejo. Indica: Presença de líquido no interior do estômago. Levanta suspeita de: Estase líquida em um estômago atônico ou quando há estenose pilórica Desaparece quando o paciente vomita. 5. Sinal de Gersuny Encontrado em casos de fecaloma (massa de fezes endurecida e seca que pode ficar acumulada no reto ou na porção final do intestino, impedindo a saída das fezes e resultando em inchaço abdominal, dor e obstrução crônica do intestino). Semiotécnica: Palpar o “tumor” fecal no sigmóide. Quando positivo ouve-se ligeira crepitação por causa do ar entre a parede intestinal e o fecaloma.
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