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Anatomia Vascular das Vísceras Abdominais 1 🧨 Anatomia Vascular das Vísceras Abdominais Bárbara Aguiar dos Santos Medicina UFMG 158 Referência teórica de imagens: Anatomia Orientada para Clínica, 8ª edição - Moore É importante saber que o tronco celíaco apresenta origem na parte abdominal da aorta no nível do hiato aórtico. Segue curto trajeto anteroinferiormente até bifurcar-se para formar as artérias esplênica e hepática comum. O tronco celíaco também dá origem à artéria gástrica esquerda. Anatomia Vascular das Vísceras Abdominais 2 Estômago A abundante irrigação arterial do estômago tem origem no tronco celíaco e em seus ramos, sendo que a maior parte do sangue provém de anastomoses formadas ao longo da curvatura menor do estômago pelas artérias gástricas direita e esquerda, e ao longo da curvatura maior pelas artérias gastromentais direita e esquerda; O fundo gástrico e a parte superior do corpo gástrico recebem sangue das artérias gástricas curtas e posteriores; As veias gástricas acompanham as artérias em relação à posição e ao trajeto, de modo que as veias gástricas direita e esquerda drenam para a veia porta, e as veias gástricas curtas e as veias gastromentais esquerdas drenam para a veia esplênica, que se une à veia mesentérica superior para formar a veia porta; A veia gastromental direita drena diretamente para a veia mesentérica superior; Existe uma veia facilmente visível em pessoas vivas e muito utilizada pelos cirurgiões para identificar o piloro chamada veia pré-pilórica. Esta veia ascende sobre o piloro até alcançar a veia gástrica direita. Anatomia Vascular das Vísceras Abdominais 3 Intestino Delgado Duodeno As artérias do duodeno originam-se do tronco celíaco e da artéria mesentérica superior; O tronco celíaco, a nível do piloro, bifurca-se em artéria gastroduodenal e artéria supraduodenal. A artéria gastroduodenal e seu ramo, artéria pancreaticoduodenal superior, suprem a parte do duodeno proximal à entrada do ducto colédoco na parte descendente do duodeno; Anatomia Vascular das Vísceras Abdominais 4 A artéria mesentérica superior, por meio do ramo denominado artéria pancreaticoduodenal inferior, supre o duodeno distal à entrada do ducto colédoco; As artérias pancreaticoduodenais situam-se na curvatura entre o duodeno e a cabeça do pâncreas e irrigam as duas estruturas; A anastomose das artérias pancreaticoduodenais superior e inferior ocorre entre a entrada do ducto colédoco e a junção das partes descendente e inferior do duodeno. A partir deste ponto ocorre uma transição na irrigação do sistema digestório: Na parte proximal, estendendo-se oralmente até a parte abdominal do esôfago, o sistema digestório é irrigado pelo tronco celíaco; Na região distal, estendendo-se aboralmente até a flexura esquerda do colo, o sangue provém da artéria mesentérica superior. As veias do duodeno acompanham as artérias e drenam para a veia porta diretamente e outras indiretamente, pelas veias mesentérica superior e esplênica; Jejuno e Íleo A artéria mesentérica superior (AMS) irriga o jejuno e o íleo via artérias jejunais e ileais; A AMS se origina geralmente da parte abdominal da aorta no nível da vértebra L1, cerca de um centímetro inferior ao tronco celíaco, e segue entre as camadas do mesentério, enviando aproximadamente 15 a 18 ramos para o jejuno e o íleo; As artérias se unem para formas alças ou arcos, chamados arcos arteriais, que dão origem a artérias retas, denominadas vasos retos; A veia mesentérica superior drena o jejuno e o íleo, e situa-se anteriormente e à direita da AMS na raiz do mesentério; A veia mesentérica superior (VMS) termina posteriormente ao colo do pâncreas, onde se une à veia esplênica para formar a veia porta; Intestino Grosso Anatomia Vascular das Vísceras Abdominais 5 Ceco e Apêndice Vermiforme A irrigação arterial do ceco é realizada pela artéria ileocólica, ramo terminal da AMS; A artéria apendicular, ramo da artéria ileocólica, irriga o apêndice vermiforme; A drenagem venosa do ceco e do apêndice vermiforme segue por uma tributária da VMS, a veia ileocólica Colo A irrigação arterial do colo ascendente e da flexura direita do colo provém de ramos da AMS, as artérias ileocólica e cólica direita. Essas artérias anastomosam-se entre si e com o ramo direito da artéria cólica média, o primeiro de uma série de arcos anastomóticos que é continuado pelas artérias cólica esquerda e sigmóidea, para formar um canal arterial contínuo, o arco justacólico (artéria ou arco marginal do colo); A artéria marginal do colo é paralela ao colo e acompanha todo seu comprimento perto de sua margem mesentérica; A drenagem venosa do colo ascendente segue por meio de tributárias da VMS, as veias cólica direita e ileocólica; A irrigação arterial do colo transverso provém principalmente da artéria cólica média, um ramo da AMS. Contudo, o colo transverso também pode receber sangue arterial das artérias cólicas direita e esquerda por meio de anastomoses, parte da série de arcos anastomóticos que coletivamente formam a artéria marginal do colo (arco justacólico); A irrigação arterial do colo descendente e do colo sigmoide provém das artérias cólica esquerda e sigmóideas, ramos da artéria mesentérica inferior (AMI); Aproximadamente na flexura esquerda do colo, há uma segunda transição na irrigação da parte abdominal do sistema digestório: A AMS irriga a parte proximal à flexura; A AMI irriga a parte distal à flexura. Anatomia Vascular das Vísceras Abdominais 6 As artérias sigmoideas descem obliquamente para a esquerda, onde se dividem em ramos descendentes e ascendentes; O ramo superior da artéria sigmoidea superior anastomosa-se com o ramo descendente da artéria cólica esquerda, formando uma parte da artéria marginal; A drenagem venosa do colo descendente e do colo sigmoide é feita pela veia mesentérica inferior, geralmente fluindo para a veia esplênica e, depois, para a veia porta em seu trajeto até o fígado; Reto A artéria retal superior, a continuação da artéria mesentérica inferior abdominal, irriga a parte proximal do reto; As artérias retais médias direita e esquerda, que normalmente originam-se das divisões anteriores das artérias ilíacas internas na pelve, irrigam as partes média e inferior do reto; As artérias retais inferiores, que se originam das artérias pudendas internas no períneo, irrigam a junção anorretal e o canal anal; Anastomoses entre as artérias retais superior e inferior podem garantir a circulação colateral em potencial, mas as anastomoses com as artérias retas médias são esparsas; Anatomia Vascular das Vísceras Abdominais 7 O sangue do reto drena pelas veias retais superiores, médias e inferiores; Existem anastomoses entre as veias que drenam para o sistema porta e as veias sistêmicas na parede do canal anal; Como a veia retal superior drena para o sistema venoso porta e as veias retais média e inferior drenam para o sistema sistêmico, essas anastomoses são áreas clinicamente importantes de anastomose portocava; O plexo venoso retal submucoso circunda o reto e comunica-se com o plexo venoso vesical nos homens e com o plexo venoso uterovaginal nas mulheres; O plexo venoso retal tem duas partes: O plexo venoso retal interno, imediatamente profundo à túnica mucosa da junção anorretal; O plexo venoso retal externo subcutâneo, externamente à parede muscular do reto; Baço A irrigação arterial do baço provém da artéria esplênica, o maior ramo do tronco celíaco. Essa artéria segue um trajeto tortuoso posterior à bolsa omental, anterior ao rim esquerdo e ao longo da margem superior do pâncreas; A artéria esplênica divide-se em cinco ou mais ramos que entram no hilo esplênico; A drenagem venosa do baço segue pela veia esplênica, formada por várias tributárias que emergem do hilo esplênico; A veia esplênica recebe a VMI e segue posteriormente ao corpo e à cauda do pâncreas na maior parte do seu trajeto; A veia esplênica une-seà VMS posteriormente ao colo do pâncreas para formar a veia porta. Anatomia Vascular das Vísceras Abdominais 8 Pâncreas A irrigação arterial do pâncreas provém principalmente dos ramos da artéria esplênica; Várias artérias pancreáticas formam diversos arcos com ramos pancreáticos das artérias gastroduodenal e mesentérica superior; As artérias pancreaticoduodenais superior anterior e posterior, ramos da artéria gastroduodenal, e as artérias pancreaticoduodenais inferiores anterior e posterior, ramos da AMS, formam arcos anteriores e posteriores que irrigam a cabeça do pâncreas; A drenagem venosa do pâncreas é feita por meio das veias pancreáticas correspondentes, tributárias das partes esplênica e mesentérica superior da veia porta. A maioria das veias pancreáticas drena para a veia esplênica; Fígado O fígado apresenta irrigação dupla: uma venosa dominante e uma arterial menor; A veia porta traz 75 a 80% do sangue para o fígado, sendo que o sangue portal contém aproximadamente 40% mais oxigênio do que o sangue que retorna ao coração pelo circuito sistêmico; O sangue portal sustenta o parênquima hepático, uma vez que a veia porta conduz praticamente todos os nutrientes absorvidos pelo sistema digestório para os sinusoides hepáticos. A exceção são os lipídios, que são absorvidos pelo sistema linfático e não passam pelo fígado; O sangue da artéria hepática representa apenas 20 a 25% do sangue recebido pelo fígado e é distribuído para estruturas não parenquimatosas, com os ductos biliares intra-hepáticos; A veia porta do fígado é curta e larga, e é formada pela união das veias mesentérica superior e esplênica, posteriormente ao colo do pâncreas; A veia porta ascende anteriormente à veia cava inferior (VCI) como parte da tríade portal no ligamento hepatoduodenal; A artéria hepática, ramo do tronco celíaco, pode ser dividida em artéria hepática comum (que vai do tronco celíaco até a origem da artéria gastroduodenal), e artéria hepática própria (que parte da origem da artéria gastroduodenal até bifurcar-se); Anatomia Vascular das Vísceras Abdominais 9 Na porta do fígado, ou perto dela, a artéria hepática própria e a veia porta terminam dividindo-se em ramos direito e esquerdo, os quais suprem as partes direita e esquerda do fígado, respectivamente; Nas partes direita e esquerda do fígado, as ramificações secundárias simultâneas da veia porta e da artéria hepática suprem as divisões medial e lateral das partes direita e esquerda do fígado, com três dos quatro ramos secundários sofrendo ramificações adicionais para suprirem independentemente sete dos oito segmentos hepáticos; As veias hepáticas, formadas pela união das veias coletoras, as quais drenam as veias centrais do parênquima hepático, abrem-se na VCI logo abaixo do diafragma; As anastomoses portossistêmicas, nas quais o sistema venoso porta comunica-se com o sistema venoso sistêmico, formam-se na tela submucosa da parte inferior do esôfago, na tela submucosa do canal anal, na região periumbilical e nas faces posteriores (áreas nuas) de vísceras secundariamente retroperitoneais; As anastomoses portossistêmicas estão disponíveis porque a veia porta e suas tributárias não têm válvulas, de modo que o sangue pode fluir em sentido inverso para a VCI. Ductos Biliares e Vesícula Biliar Ducto Colédoco A irrigação arterial do ducto colédoco provém da: Artéria cística, que irriga a parte proximal do ducto; Artéria hepática direita, que irriga a parte média do ducto; Artéria pancreaticoduodenal superior posterior e artéria gastroduodenal: que irrigam a parte retroduodenal do ducto. A drenagem venosa da parte proximal do ducto colédoco e dos ductos hepáticos geralmente entra diretamente no fígado; A veia pancreaticoduodenal superior posterior drena a parte distal do ducto colédoco e esvazia-se na veia porta ou em uma de suas tributárias. Vesícula Biliar A irrigação arterial da vesícula biliar e do ducto cístico provém principalmente da artéria cística, que frequentemente se origina da artéria hepática direita no triângulo entre o ducto hepático comum, o ducto cístico e a face visceral do fígado (trígono cisto-hepático ou triângulo de Calot); A drenagem venosa do colo da vesícula biliar e do ducto cístico flui pelas veias císticas, que são múltiplas pequenas veias que entram diretamente no fígado ou que drenam através da veia porta após se unirem às veias que drenam os ducto hepáticos e a parte proximal do ducto colédoco; As veias do fundo e do corpo da vesícula biliar seguem diretamente até a face visceral do fígado e drenam para os sinusoides hepáticos. Essa drenagem constitui um sistema porta adicional (paralelo) porque ocorre de um leito capilar para outro;
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