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PROJETO DE PESQUISA MESTRADO

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS JURÍDICAS
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS JURÍDICAS
As Redes de Apoio Como Instrumento de Combate à Violência Contra a Mulher: Um Estudo Sobre as Carolinas de Bayeux
Projeto de Pesquisa apresentado à Comissão de Seleção do Programa de Pós-Graduação em Ciências Jurídicas (PPGCJ) da Universidade Federal da Paraíba, como requisito básico para inscrição no Processo Seletivo 2021, no curso de Mestrado, na área de concentração em Direitos Humanos, Linha 2 – Direito Internacional dos Direitos Humanos, Estado Democrático de Direito e Cidadania, Gênero e Minorias.
João Pessoa – PB
2021
APRESENTAÇÃO E JUSTIFICATIVA
	A Declaração Universal dos Direito Humanos de 1948 demonstrou uma significante conquista na evolução dos direitos humanos acerca da igualdade de gênero ante o cenário internacional, tomando por base a dignidade humana.
	Nesse sentido, destaca Flávia Piovesan:
No plano internacional, vislumbra-se a humanização do Direito Internacional e a internacionalização dos direitos humanos. Para Ruti Teitel, “The law of humanity reshapes the discourse in international relations”. Deste modo, a interpretação jurídica vê-se pautada pela força expansiva do princípio da dignidade humana e dos direitos humanos, conferindo prevalência ao human rights approach (human centered approach). (2013, p. 20)	
	Todavia, para que essa igualdade fosse promovida se fez necessário que os governos e organismos internacionais desenvolvessem inúmeras estratégias, através de pesquisas e estudos acerca das causas e consequências da desigualdade de gênero, constatando que a violência é o vetor principal desse conflito.	
A Organização Mundial da Saúde – OMS – considera violência o uso intencional de força ou poder que se perfaz por meio de ameaças ou agressões propriamente ditas contra si mesmo, outra pessoa ou grupo específico, desencadeando ferimentos, morte, prejuízos psicológicos, problemas de desenvolvimento ou privação.
	A violência contra a mulher, por sua vez, é considerada como um problema de saúde pública no âmbito internacional e a eficácia de sua resolução depende das políticas públicas de cada nação, através de estratégias eficazes para o enfrentamento adequado. 
	Ora, é ressabido que esse problema social é de extrema relevância em nosso país, de modo que, diversas políticas públicas, no sentido de enfrentar e combater tais práticas, foram desenvolvidas pelo Poder Público; principalmente, a partir do ano de 2003 com a criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres em âmbito nacional.
	Desta feita, o Brasil passou a “incorporar instrumentos internacionais de proteção dos direitos humanos (PIOVESAN; FLÁVIA, 2013, p. 64), desenvolvendo estudos especializados ampliando assim o desenvolvimento de ações nesse sentido, o que passou a chamar a atenção para o problema sistemático que nosso país enfrentava, criando, por exemplo, Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher. 
Outro marco importante se deu após a edição da Lei Nº 11.340 de 2006, conhecida como Lei Maria da Penha, a qual foi instituída justamente para desenvolver métodos eficazes de combate e prevenção à violência de gênero, principalmente, àquela sofrida no seio familiar.
Dentre eles, destaca-se a Coleção Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, principalmente, seu primeiro volume a “Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres” elaborada em 2011, que considerou os aspectos, meios, agentes, causas e consequências, resultando na implementação da “Rede de atendimento” articulada entre as instituições governamentais, instituições não-governamentais e a comunidade.
Considerando que violência contra à mulher possuía uma dimensão de gravidade bem maior do que o considerado, principalmente, porque estava enraizado culturalmente em todos os segmentos sociais, demonstrou-se que a responsabilidade deveria ser da sociedade como um todo, para isso, o Estado trouxe para o centro do problema as instituições não-governamentais e a própria comunidade. 
Surge, então, as redes de apoio às mulheres vítimas de violência com o intuito cristalino de enfrentar a violência de gênero, a quais conscientizam às comunidades acerca dos diversos meios de violência contra à mulher e informam como formalizarem as respectivas denúncias, oferecendo às vítimas apoio psicológico, emocional, financeiro, educacional (profissionalização), jurídico.
Faz-se mister destacar que os problemas pontuais que desencadeiam a violência contra mulheres persistem em nossa sociedade preocupando autoridades nacionais e internacionais. Por essa razão, as redes de apoio compõem uma necessária ferramenta para superar as desigualdades estabelecidas pela violência e certificar a autonomia e a liberdade das mulheres, garantindo-lhes a efetividade da dignidade humana. 
Como agentes jurídicos, vivenciamos diariamente inúmeros casos de violência contra a mulher, o que tem despertado uma preocupação acerca da eficácia desses mecanismos. Por isso, o presente projeto apresenta como objeto de pesquisa um estudo acerca das redes de apoio como instrumento de combate a esse tipo de violência, notadamente no que concerne à rede de proteção à mulher vítima de violência “Carolinas de Bayeux”.
A rede de apoio “Carolinas de Bayeux” é coordenada pela Pastoral dos Migrantes do Nordeste e pelo Centro de Mulheres Jardim Nova Esperança, conta com o apoio de vários representantes de órgãos públicos, dos diversos poderes, assim como de representantes da sociedade civil, imbuídos no intuito de desenvolver ações de enfrentamento desse tipo de violência no âmbito do município de Bayeux.
PROBLEMA E PROBLEMÁTICA
De acordo com o Mapa da Violência de 2015, o Brasil ocupa a 5ª posição no ranking mundial de violência contra a mulher, trata-se de um trabalho desenvolvido a partir de dados fornecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS)/Organização Pan-Americana de saúde (Opas), ONU Mulheres e Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).
É notório que diariamente mulheres são vítimas de violência de gênero, caracterizada pela cultura machista impregnada em nossa sociedade através das gerações, contribuindo ativamente para que essa problemática se acentue no ambiente familiar, subjugando a mulher aos critérios violentos de seu agressor.
 Também é indiscutível que mesmo após a promulgação da Lei Nº 11.340 de 2006, as desigualdades ainda persistem em nosso país, gerando dados alarmantes de violência e discriminação contra as mulheres.
Conforme pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), estima-se que teriam ocorrido no Brasil 5,82 óbitos para cada 100 mil mulheres entre os anos de 2009 e 2011. Portanto, considerando uma média de 5.664 (cinco mil, seiscentas e sessenta e quatro) mulheres assassinadas a cada ano, uma mulher foi a óbito a cada uma hora e meia vítima de violência.
Já de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 4.519 (quatro mil, quinhentas e dezenove) mulheres foram assassinadas em 2018, representando uma taxa de 4,3 homicídios para cada 100 mil habitantes do sexo feminino.
Destaque-se que no ano de 2018 uma mulher foi assassinada a cada 2 horas no Brasil, ou seja, mesmo após anos de implementação de políticas públicas, contando com o apoio de organizações não-governamentais e da comunidade, ainda constata-se um dado grave e acentuado de violência contra às mulheres.
Diante desses dados preocupantes, faz-se necessário estudar os resultados das ações de enfrentamento implementadas, a fim de avaliar seus efeitos e averiguar se correspondem com os objetivos pretendidos, nesse caso, no que diz respeito às redes de apoio de caráter não-governamentais, precisamente, as Carolinas de Bayeux.
O Mapa da Violência 2015 também divulgou um “ordenamento dos 100 municípios com mais de 10.000 habitantes do sexo feminino, com as maiores taxas médias de homicídio de mulheres (por 100 mil)” (https://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2016/04/MapaViolencia_2015_mulheres.pdf),apresentando o município de Bayeux/PB na 72º (septuagésimo segundo) posição.
Ora, a cidade de Bayeux compõe o rol dos 100 (cem) municípios no Brasil com mais de 10.000 (dez mil) mulheres, que possui os maiores índices de homicídios de mulheres, com uma taxa média de 11,5 homicídios para cada 100 mil habitantes do sexo feminino, isso é um dado extremamente preocupante.
Sendo assim, a rede de proteção à mulher vítima de violência Carolinas de Bayeux iniciou suas atividades em julho de 2020, frise-se em meio ao ano pandêmico, com apoio do Ministério Público da Paraíba objetivando por meio de suas ações prevenir e combater o alto índice de violência por desigualdade de gênero presente no município.
Ao acompanhar as atividades dessa rede de proteção, o estudo em questão pretende observar os resultados obtidos, ao passo que avaliará se os mecanismos utilizados correspondem às orientações da Coleção Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres no âmbito nacional e se enquadra-se na sistemática internacional de universalização dos direitos humanos.
Há uma perceptível necessidade de avaliar a eficácia dos mecanismos que integram o sistema de enfrentamento à violência contra mulheres no Brasil, no que concerne à legislação especializada vinculada às políticas públicas implementadas, sejam elas de caráter governamental ou não-governamental.
Nas palavras de Luís Carlos dos Santos Lima Sobrinho, é imprescindível que as normas positivadas corroborem com os valores dos direitos humanos, por conseguinte, as ações implementadas a partir da lei aplicada na prática estariam condicionadas à força simbólica dos direitos humanos.
Constituindo os direitos humanos um programa de recuperação de atitudes valorativas dependente da solidariedade em relação a seu programa axiológico, sua retórica implicaria na reinvenção e justificativa de seu próprio conceito, transcendendo as fronteiras dos sistemas de direito ao criar distinções em termos de justiça e injustiça no espaço internacional, marcado por tratados e sistemas de proteção que influenciam diretamente os ordenamentos jurídico-constitucionais. (2013, p. 37-38)
Nesse diapasão, é de extrema relevância avaliar os mecanismos que atuam na prevenção e combate da violência de gênero, a fim de constatar se o programa de recuperação de atitudes valorativas, nas palavras de Lima Sobrinho, é eficaz em nossa realidade, considerando sua relação com nosso sistema legal.
Analisar a eficácia de nosso sistema de enfrentamento à violência contra mulheres comparado ao conjunto valorativo dos direitos humanos não é uma tarefa fácil, pois os fatores internos que constituem a causa desse problema estão intimamente ligados à cultura machista e à impunidade histórica, todavia, o confronto é deveras essencial para superação da desigualdade de gênero.
Decerto, esta abordagem específica da rede de apoio Carolinas de Bayeux servirá para confrontar mecanismos/resultados e sua relação com a proposta dos organismos internacionais de direitos humanos, compreendendo o impacto obtido por meio de suas ações.
O presente projeto parte do pressuposto de que os resultados positivos, quais sejam dirimir a discriminação de gênero, através das ações de enfrentamento da rede de apoio Carolinas de Bayeux precisam condicionar-se às orientações dos organismos internacionais de direitos humanos, bem como, ao programa de políticas públicas proposto no âmbito nacional.
OBJETIVOS
	Em geral, objetivamos conhecer e analisar os resultados das ações implementadas pela rede de apoio às mulheres vítimas de violência “Carolinas de Bayeux” para avaliar os efeitos das ações implementadas e sua correspondência com a Coleção Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres no âmbito nacional e com as orientações internacionais dos direitos humanos voltados para a igualdade de gênero. Para isso, esta pesquisa terá como norte os seguintes objetivos específicos:
· Analisar a rede de proteção às mulheres vítimas de violência “Carolinas de Bayeux”;
· Verificar se as expectativas iniciais da rede de apoio “Carolinas de Bayeux” estão sendo concretizadas;
· Averiguar as possíveis perspectivas das políticas públicas voltadas para a mulher vítima de violência;
· Identificar os resultados das ações implementadas pela rede de apoio para enfrentar a violência sofrida por este público;
· Levantar informações dos órgãos de segurança pública municipal e estadual sobre os casos registrados de violência de gênero;
· Obter indicadores socioeconômicos e socioculturais que permitam caracterizar quem são as mulheres atendidas pela rede de apoio;
· Identificar os benefícios individuais e coletivos propiciados pela rede de apoio “Carolinas de Bayeux”.
METODOLOGIA E PLANO DE TRABALHO
Esta proposta de pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso de um processo observacional, partindo da premissa predita por Demo (2011, p. 50) “Sem pesquisa não há ensino. A ausência de pesquisa degrada o ensino a patamares típicos da reprodução imitativa”.
Estudo de caso porque nosso objeto de estudo é as “Carolinas de Bayeux”, ou seja, uma rede de apoio às mulheres vítimas de violência no município de Bayeux/PB. Transversal, porque o universo desta investigação consiste numa pesquisa observacional que se realizará durante os anos de 2021 e 2022. 
A abordagem utilizada nesse estudo de caso é qualitativa, caracterizada pelo critério interpretativista, pois possibilita a compreensão dos seres envolvidos em relação aos aspectos analisados, considerando o contexto histórico, social e à cultura em que está inserido, conforme defende Minayo (2012).
O procedimento científico adotado, baseia-se na procura de respostas para um determinado problema, através de um estudo intensivo, preocupando-se com o assunto investigado, onde todos os aspectos do caso são analisados e investigados, de tal forma que a sua conclusão está atenta a constante reformulação dos seus pressupostos, levando em consideração o ambiente em que acontece, os fatores externos, que podem auxiliar na interpretação da problemática estudada e ratificando a sua importância nessa pesquisa.
Conforme predito, a amostra deste estudo de caso é a rede de apoio Carolinas de Bayeux, a fim de analisar a eficácia de suas ações através dos resultados obtidos durante o processo de investigação, espera-se, portanto, trabalhar com a colaboração de seus integrantes e de boa parte do seu público alvo, sendo suficiente para permitir inferências significativas.
Pretende-se contar também com os dados dos órgãos de segurança pública municipal e estadual, comparando-os com os dados anteriores à instituição da rede de apoio analisada, no intuito de asseverar à luz do proposto pela Coleção Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, bem como, da sistemática internacional de universalização dos direitos humanos e legislações específicas voltadas para esse problema. 
Quanto aos instrumentos, utilizaremos questionário e entrevista estruturados em quatro blocos analíticos, sendo eles: (1) caracterização dos mecanismos utilizados; (2) continuidade das ações; (3) impactos das ações sobre os casos de violência no município de Bayeux/PB; (4) benefícios propiciados pela rede de apoio e o sistema de enfrentamento à violência contra mulheres como um todo. O questionário será composto por questões fechadas e de múltiplas escolhas e por escalas do tipo rating, respectivamente ranking, cada uma contendo dez itens para as variáveis: expectativas, impactos e benefícios. A entrevista será composta por questões pertinentes para o aprofundamento e detalhamento das informações quantitativas, metodologicamente fundamentada na análise sociológica à escala individual de Bernard Lahire (2004), a qual consiste na produção de ‘retratos sociológicos’. Para tal finalidade selecionaremos, de modo aleatório, um número limitado de sujeitos (n≈10) para trabalhar em profundidade. 
Para o tratamento e a análise dos dados quantitativos utilizaremos o programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS 20), no qual efetuaremoscálculos correspondentes à estatística descritiva e inferencial, tais como: comparação de médias, coeficientes de contingência e classificação de elementos (BISQUERRA, 2004). Os dados qualitativos serão transcritos no Microsoft Office Word e transformados em forma de corpus e analisados a partir da análise categorial, uma técnica da análise de conteúdo de Laurence Bardin (2009). Esta técnica consiste em cinco fases: organização da análise; codificação; categorização; inferência e tratamento informático. 
Quanto ao cronograma de desenvolvimento da pesquisa e da tese, considero as seguintes etapas pertinentes a sua consecução:
	Ano
	Etapa
	2021.2
	Revisão da Literatura (As Redes de Apoio Como Instrumento de Combate à Violência Contra a Mulher)
	
	Localização dos sujeitos amostrais
	
	Coleta e tabulação de dados secundários
	
	Análise dos dados secundários
	2022.1
	Elaboração do questionário
	
	Coleta e construção da matriz de dados quantitativos
	
	Análise de dados quantitativos
	2022.2
	Qualificação
	
	Elaboração do roteiro de entrevista
	
	Coleta e transcrição das entrevistas
	
	Análise de dados qualitativos
	
	Elaboração da Dissertação para Qualificação
	2023.1
	Defesa
QUADRO NORMATIVO
	Para uma pesquisa científica dessa natureza é imperioso descrever as normas embasadoras de sua pesquisa para fomentar a problemática a ser analisada. Desta feita, passa a descrever o quadro normativo desse projeto de pesquisa com as principais normas ensejadoras desse estudo.
Tomando por base a Declaração Universal dos Direito Humanos de 1948, compreenderemos a importância desse marco internacional na luta pela igualdade de gênero, a qual tomou por fundamento a dignidade inerente ao ser humano, garantindo-lhe a liberdade. Vejamos:
Artigo 2º
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídica ou internacional do país ou território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.
	A referida declaração trata-se da orientação de princípios que norteiam seus termos, assim como, o monitoramento da implementação desses princípios pelos governos internacionais, na busca da efetivação dos direitos humanos.
	Ainda no cenário internacional, destacamos a Declaração para a Eliminação da Discriminação Contra as Mulheres proclamada pela Assembleia Geral da ONU em 1967, quando defende em seu art. 1º “A discriminação contra a mulher, porque nega ou limita sua igualdade de direitos com o homem, é fundamentalmente injusta e constitui uma ofensa à dignidade humana.”.
	A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher - "Convenção de Belém do Pará" em 1994 se sobressai aos pactos e tratados internacionais nesse sentido quando assim reconhece:
Artigo 1
Para os efeitos desta Convenção deve-se entender por violência contra a mulher qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado.
	
Esse tratado internacional despertou o entendimento para afirmação das diversas formas de violências praticadas contra às mulheres, resultando num impacto social relevante para a formação das legislações especializadas no Brasil, por exemplo.
No âmbito nacional, é necessário destacar que o Brasil é signatário dos mais importantes tratados internacionais de direitos humanos voltados para a mulher, bem como, faz parte de diversos pactos internacionais nesse mesmo sentido, o que contribuiu ativamente para instituição da nossa Carta Magna.
 A Constituição Federal de 1988 é a norma basilar e norteadora dos direitos humanos no Brasil juntamente com os princípios jurídicos, formando a fundamentação do conjunto de normas infraconstitucionais, cujo teor deve obedecer fielmente às suas cláusulas.
No que diz respeito à violência contra a mulher, a Carta Magna segue às orientações e normas internacionais, promovendo a dignidade da pessoa humana como fundamento e garantindo a isonomia aos seus cidadãos.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
	Outro ponto forte da CF/1988, é a previsão constitucional da responsabilidade estatal no sentido de assegurar “a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.” (§ 8º do art. 226 da Constituição Federal).
Por força constitucional e principiológica do direito, as demais normas passaram a se adequar à Constituição, de modo que, as mudanças mais significativas foi primeiramente com o novo Código Civil em 2002, eliminando qualquer norma de caráter discriminatório em detrimento da mulher, seguida pelas mudanças no Código Penal brasileiro em 2005 e 2009, que também modificou qualquer previsão legal que caracterizasse desigualdade de gênero.
Sem dúvida, um dos maiores destaques na adequação do Código Penal foram as mudanças no capítulo que prevê os crimes contra a dignidade e liberdade sexual, garantindo maior proteção às mulheres quanto à violência sexual.
	O marco mais relevante nesse processo de construção legal brasileiro é a Lei Nº 11.340 promulgada em 07 de agosto de 2006, nomeada de a “Lei Maria da Penha”, que tipificou os diversos tipos de violência doméstica e previu penas mais severas para o agressor, resultando num grande avanço das discussões acerca da prevenção e combate da violência de gênero. Senão vejamos:
Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar.
	Outrossim, também serve de base para o presente estudo de caso os PNM’s, ou seja, o Pacto Nacional Pelo Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, produzido em duas edições de iniciativa do Governo federal, definindo eixos estruturantes para o enfrentamento de todas as formas de violência contra a mulher.
	Por fim, embora não tenha caráter legal, citamos a “Coleção Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres” como uma das normas basilares para o presente projeto, a qual foi produzida pela Secretaria de Políticas para as Mulheres e publicada em 2011.
	A referida coleção contou com 6 volumes que definiram parâmetros para prevenir e combater esse problema sistemático em nosso país, caracterizados como prioritários no campo das políticas públicas voltadas para mulheres (REVISTA GESTÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS – DE TILIO, 2012, p. 85).
	Os referidos volumes foram produzidos na seguinte sequência: Volume I - Política Nacional de Enfretamento à Violência Contra as Mulheres; Volume II - Rede de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres; Volume 3 - Pacto Nacional Pelo Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres; Volume 4 - Diretrizes Nacionais Para o Abrigamento de Mulheres em Situação de Risco e de Violência; Volume 5 - Mulheres do Campo e da Floresta – Diretrizes e Ações Nacionais; e, Volume 6: Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Mulheres.Todos os volumes são relevantes para compor o quadro normativo da pesquisa pretendida, por fazer parte do conjunto de mecanismos desenvolvidos pelas instituições governamentais e não-governamentais no enfrentamento à violência de gênero.
	 
 
	
REFERÊNCIAS
AZAMBUJA MPR, Nogueira C. Introdução à violência contra as mulheres como um problema de direitos humanos e de saúde pública. Saúde e Sociedade 2008, 17(3):101-112. 
BANDEIRA L. A contribuição da crítica feminista à ciência. Estudos Feministas 2008, 16(1):207-228.
BRASIL. Coleção Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres. Vol.1: Política Nacional; Vol.2: Rede de enfrentamento; Vol. 3: Pacto Nacional; Vol.4: Diretrizes para o abrigamento; Vol.5: Mulheres do campo e da floresta; Vol.6: Tráfico de mulheres. Brasília: SPM, 2011.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988.
BRASIL. Lei Nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.
BRASIL. Lei Nº 13.104, de 9 de março de 2015. Altera o art. 121 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, para incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos.
DEBERT GG, Gregori MF. Violência de gênero: Novas propostas, velhos dilemas. Revista Brasileira de Ciências Sociais 2008, 23(66):165-185.
DE TILIO, Rafael. Marcos legais internacionais e nacionais para o enfrentamento à violência contra as mulheres: Um percurso histórico. Revista Gestão e Políticas Públicas, RGPP 2(1):68-93, 2012.
IPEA. Atlas da Violência 2020. 2020. https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2020/08/atlas-da-violencia-2020.pdf, acessado em jan/2021. 
LIMA SOBRINHO, Luis Carlos dos Santos. Controle de Convencionalidade sob a Abordagem da Transjuridicidade. 1 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018.
OPAS/OMS. https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=4734:a-opas-oms-apoia-os-16-dias-de-movimento-pelo-fim-da-violencia-contra-as-mulheres&Itemid=820, acessado em jan/2021.
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
WAISELFISK, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres. 2015. https://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2016/04/MapaViolencia_2015_mulheres.pdf, acessado em jan/2021.

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