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PROJETO DE PESQUISA CAROL

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2
ERYCA CAROLYNA SILVESTRE DE ALENCAR
PROJETO DE PESQUISA
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: atuação da delegacia da mulher em Teresina-Pi
Teresina, Março /2021
SUMÁRIO
RESUMO	03
INTRODUÇÃO	04
JUSTIFICATIVA	06
PROBLEMÁTICA	07
HIPÓTESES	08
OBJETIVOS	09
Geral	09
Específicos	09
METODOLOGIA	10
Riscos	10
Benefícios	10
Metodologia de Análise de Dados	11
REFERENCIAL TEÓRICO	12
A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E OS MEIOS DE COMBATE..........................18
A violência contra a mulher como um problema social..............................................18
A violência doméstica.................................................................................................18
A delegacia da mulher no Brasil.................................................................................18
A importância da Lei Maria da Penha........................................................................21
DESFECHO PRIMÁRIO	25
CRONOGRAMA	25
REFERÊNCIAS	26
ANEXOS	
Carta de Anuência	00
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido	29
Orçamento	30
Instrumental de Coleta de Dados	00
Sugestão de Sumário de TCC	00
RESUMO 
O objetivo geral do trabalho: conhecer e compreender a atuação da Delegacia da Mulher na cidade de Teresina – PI, além de caracterizar a instituição, avaliando seus benefícios para a sociedade. A Constituição Federal de 1988 representou um grande avanço no que se refere à conquista dos direitos individuais e coletivos, civis e sociais, ampliando os direitos da cidadania para as mulheres. As Delegacias da Mulher representam um instrumento policial, uma parte integrante do sistema de justiça brasileiro, voltada para garantir os direitos de cidadania da mulher e dar um atendimento jurídico policial às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. A Lei Maria da Penha apresenta uma estrutura adequada e específica para atender à complexidade do fenômeno da violência doméstica ao prever mecanismos de prevenção, assistência às vítimas, políticas públicas e punição mais rigorosa para os agressores. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, cuja coleta de dados ocorrerá através da realização de uma entrevista semiestruturada com os sujeitos, representados por: 1 delegada, 1 escrivão e 1 agente policial, que compõem o quadro funcional da referida instituição, além de 2 mulheres, usuárias da Delegacia da Mulher de Teresina/PI, no mês de setembro/2011. Espera-se confirmar que o aumento de denúncias de violência contra a mulher, sem o correspondente aumento de policiais para atender, o que gerou a deficiência no atendimento às vítimas e o comprometimento dos objetivos da delegacia.
Palavras-chave: Violência doméstica. Delegacia da Mulher. Lei Maria da Penha.
INTRODUÇÃO 
A violência de gênero é um problema mundial ligado ao poder, privilégios e controle masculinos. Atinge as mulheres independentemente de idade, cor, etnia, religião, nacionalidade, opção sexual ou condição social. O efeito é, sobretudo, social, pois afeta o bem-estar, a segurança, as possibilidades de educação e desenvolvimento pessoal e a autoestima das mulheres.
A violência contra a mulher se caracteriza enquanto violência doméstica, reafirmando a ideia do poder do homem sobre a mulher. Esta forma de vivenciar relações sociais encontra-se impregnada na sociedade brasileira e constrói índices de transgressões intrafamiliares de dimensões assustadoras.
Atualmente, no Brasil, existem leis que avançam no campo dos direitos humanos, mas outras ainda são tão anacrônicas que precisam ser alteradas com urgência. A incompatibilidade entre a lei e a prática social, assim como os esforços insuficientes dos governos para fazer valer os acordos internacionais nesta questão constituem-se em negação dos direitos humanos.
O Brasil passou a ser um país com atuação destacada na defesa dos direitos da mulher, principalmente quanto aos casos de violência doméstica e familiar, a partir da Lei Maria da Penha e da criação das Delegacias de Defesa da Mulher. O avanço observado na legislação desperta para a busca em entender sua operacionalização junto à sociedade, ou seja, se os resultados estão sendo alcançados; se as mulheres estão satisfeitas com o atendimento; e quais as principais problemáticas que dificultam a melhoria da prestação dos serviços.
Com a evolução da sociedade, observam-se acentuadas mudanças nas inter-relações familiares e sociais, originadas por questões culturais, políticas, econômicas e educacionais que acabam por atenuar gradativamente as desigualdades entre homens e mulheres, passando assim a própria sociedade a determinar papéis de submissão e passividade com relação ao gênero, principalmente ao feminino. 
Os identificadores da violência contra a mulher ainda são duvidosos, equivocados, devido à instabilidade e incerteza de pesquisa, colaborando para que este critico e doloroso acontecimento social seja um problema com pouca notoriedade, isto porque, nem incessantemente, a vítima vai atrás para delatar o agressor, e por várias causas, as quais não são partes deste estudo. Como decorrência, existe a falta de punição para os agressores e a variação da vítima em ré. Acontece, nesta passagem, uma inversão de funções e de valores. O agressor, com a sua função de “aquele que fornece o necessário à família” é favorecido pela contemporização da cultura machista, no período em que a mulher, produto e mártir desta mesma tradição, durante vários anos se refugiou na familiaridade e intimidade do lar e nos mistérios, sombras da cultura que a sujeitou-se ao ambiente doméstico, sem querer ser a atriz principal da sua própria história.
JUSTIFICATIVA 
O trabalho adquire relevância em função de buscar obter dados a respeito da realidade da Delegacia da Mulher na cidade de Teresina/PI, que possibilitem melhor compreensão sobre as ações desenvolvidas e as dificuldades existentes, avaliando sua contribuição para o efetivo controle da violência doméstica e familiar contra a mulher no contexto estudado.
A violência contra a mulher ocorre no convívio social há milhares de anos. Por longo período, no entanto, não se tornou notório pelo evento de ocorrer, sobretudo, em espaço privado. Neste significado, o ambiente doméstico familiar, lugar onde ocorrem afinidades conflitantes, tumultuosas e de domínio, tem se desvendado favorável para a prática da violência. 
Neste ambiente, institui-se um espaço corrompido para o agressor que, na maior parte das vezes, é componente da família, busca desempenhar uma influência social e reiterar seu domínio a respeito da mulher. Como conhecemos, pelo período de muito tempo, a mulher foi tida como objeto, um subordinado social com precário ou nem um direito e que, assim, suporta, tolera vários tipos de violência.
A inquietude, o cuidado com a violência põem-se atualmente como um tema fundamental para várias sociedades, sendo disseminado de várias maneiras. O vocábulo violência é ordinariamente coligado a abusos físicos ou sexuais, prosseguindo em danos, detrimentos corporais, traumatismos psicológicos ou mortes, entretanto é de suma importância dar atenção para o acontecimento de que a violência compreende do mesmo modo agressões que comprometem a autoestima e a idoneidade de relação de disposição da pessoa atacada. 
Entretanto, o tipo de violência mais evidente na atualidade para os registros de delegacias de polícia, como também para a mídia é a violência física. O espaço social que emprega a violência como formato de prevenção do poder é um espaço de discriminação e não de cidadania.
A escolha da temática deu-se a partir de observações acerca do crescente aumento de denúncias na referida delegacia e da identificação com o tema por ter vivenciado expressões desse fenômeno durante a infância da discente e isso despertou na mesma o desejo de procurar entender o porquê, de pessoas que se unem na maioria das vezes objetivando a construção de uma família acabam por viver, em sua união conjugal situações de violência. 
PROBLEMÁTICAA Constituição Federal, a maior lei do país, prevê direito de igualdade a todos, independentes de raça, cor, etnia, orientação sexual ou religião, e mesmo assim ainda hoje é buscada a tão sonhada igualdade para as mulheres em relação aos homens.
 A busca pela igualdade de direitos percorre um grande caminho, que vai desde o Período da Pedra Lascada aos dias atuais, direitos esses que vão desde o direito de votar, sendo garantido no Brasil apenas em 1933, ao direito de escolher seus próprios parceiros.
 A posição da mulher perante a sociedade, estava sempre ligada a um ser que era incapaz de tomar suas próprias decisões, era vista como mero objeto de procriação, além de seguirem normas postas pela igreja. Buscavam o matrimônio apenas para garantir sua própria segurança e estabilidade financeira.
 Alguns dos direitos foram conquistados aos poucos, e apesar dos grandes avanços as mulheres ainda buscam igualdades reais, tais como: igualdade de salários, divisão igualitária nas tarefas domésticas, mais espaços na área de trabalho e acesso ao poder político.
 A maior e mais preocupante luta das mulheres está no âmbito da violência sofrida por muitas cidadãs. A mulher ainda hoje é o ser que mais sofre na questão da violência doméstica, que representa um sério problema social no Brasil. No entanto, as mulheres hoje podem contar com uma lei própria para protegê-las quando vítimas de violência doméstica: é a Lei Maria da Penha, grande conquista alcançada. Ante o exposto o problema de pesquisa se caracteriza como: Quais as contribuições da Delegacia da Mulher em Teresina, na luta contra violência doméstica?
HIPÓTESES 
H0 – A delegacia da mulher contribui efetivamente para diminuir os casos de violência doméstica.
H1 – A violência doméstica não apresenta diminuição após o funcionamento da Delegacia da Mulher em Teresina/PI
H2 – A atuação da Delegacia da Mulher inibe a atuação do agressor nas situações de violência doméstica.
OBJETIVOS
 
Geral 
· Conhecer a atuação da Delegacia da Mulher na cidade de Picos – PI, além de caracterizar a instituição, avaliando seus benefícios para a sociedade.
Específicos
· Caracterizar a Delegacia da Mulher de Picos/PI
· Avaliar os efeitos da atuação da Delegacia da Mulher desde o seu surgimento
· Analisar os benefícios da Delegacia da mulher para a aplicação da Lei Maria da Penha, nos casos de mulheres agredidas.
METODOLOGIA 
Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, cuja coleta de dados ocorreu através da realização de uma entrevista semiestruturada com os sujeitos, representados por: 1 delegada, 1 escrivão e 1 agente policial, que compõem o quadro funcional da referida instituição, além de 2 mulheres, usuárias da instituição. A coleta de dados ocorreu durante o mês de setembro do ano de 2011 e para realização dos trabalhos foram feitas visitas à instituição, que serviu também para a observação do contexto pesquisado. Foram encontradas várias dificuldades para condução dos trabalhos, principalmente no contato com os funcionários da delegacia, por falta de tempo deles para responder aos questionamentos.
Riscos 
O Conselho Nacional de Saúde/CNS, através da Resolução 466/12, especificamente o item IV, que trata das definições relacionadas aos seres humanos, evidencia que todo e qualquer tipo de pesquisa traz algum tipo de risco, em maior ou menor grau. No caso da presente pesquisa, considera-se a inexistência de riscos ou uma possibilidade mínima e previsível, em função da participação ocorrer por meio de questionário. Neste sentido, o pesquisador pode deixar o participante totalmente à vontade para responder aos questionamentos, evitando qualquer tipo de constrangimento durante o processo.
Benefícios
Em razão da importância adquirida pela Lei Maria da Penha na luta contra a violência doméstica, considera-se que sejam vários os benefícios para o processo educacional, principalmente para a atuação dos assistentes sociais, contexto no qual a Delegacia da Mulher pode ser fundamentais para expandir as possibilidades de êxito no propósito de reduzir a violência contra a mulher. Os benefícios observados não se limitam ao contexto pesquisado, mas também a todo o cenário nacional, onde são verificadas as dificuldades para coibir a violência doméstica.
Metodologia de Análise de Dados 
Depois da tabulação dos dados coletados proceder-se-á a sua análise e interpretação, com vista ao alcance dos resultados propostas para a investigação, considerando o referencial teórico que serviu de embasamento para sua realização.
REFERENCIAL TEÓRICO 
CARACTERIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E MEIOS DE COMBATE
	O processo de construção social da violência contra a mulher como problema público vem ocorrendo na sociedade brasileira nos últimos 20 anos em meio a vários obstáculos socioculturais. Neste período, operou-se uma politização do discurso em relação às práticas de violência contra a mulher, que se disseminou pela sociedade, formando-se correntes de opinião com fortes apelos para a criminalização e a punição dessas formas de violência.
A violência contra a mulher como um problema social
Com o advento da tecnologia e as modificações econômicas, impostas pela Revolução Industrial, configura-se um novo perfil da mulher e a sua participação mais efetiva na manutenção econômica do lar. É importante citar que o papel da mulher nas relações econômicas foi determinante para a evolução do capital. Com uma mão-de-obra mais barata e visão de submissão diante do homem, esta entrará como operária no contexto do capital. 
Esse contexto em que se insere o processo de dominação da mulher pelo homem deve ser estudado a partir das relações de produção existentes da sociedade.
Dessa forma, Pascal e Schwartz (2009, p. 7) afirmam que:
 
Os estudos histórico-antropológicos constatam que, na maioria das sociedades, a situação da mulher foi de submissão, dependência e confinamento no mundo privado. Falar da história, dos direitos humanos e da cidadania das mulheres implica em discutir as relações entre indivíduos, Estado e o conjunto das nações, mas também em abordar o domínio do sexo masculino sobre o feminino. 
Para os autores, o caráter quase universal dessa submissão teria se originado no interesse masculino pelo controle dos excedentes de produção e, portanto, da própria sociedade. Ao analisar os estudos relacionados a esta questão, percebe-se que, desde a antiguidade até o período contemporâneo, a construção social do masculino e do feminino correspondeu aos interesses políticos, sociais e ideológicos de cada época. 
Segundo Pascal e Schwartz (2009), as relações sociais existentes entre o gênero masculino e feminino perpassam todo um conjunto de interesses políticos e ideológicos, que se materializavam durante toda a antiguidade até a sociedade contemporânea, ou seja, as relações entre homens e mulheres sempre foram permeadas por interesses políticos e ideológicos e mais especificamente pelo poder, onde o homem se coloca acima da mulher em todos os setores que atuem.
Já a partir dos estudos de Marx (1983) é preciso entender que as relações sociais são determinadas a partir das relações de produção uma vez que o modo de vida do homem volta-se à produção para fins de sua sobrevivência. Essa forma de organização social será construída a partir de bases ideológicas que contribuam para reprodução do capital. 
Nesta perspectiva, segundo Iamamoto e Carvalho (2002), a formação de processo sociais influenciam na formação do homem e expõe formas de dominação. Essas formas de dominação visam explorar ao homem com fim de obter lucro do trabalhador. 
Essa exploração da força de trabalho se dará de forma desigual visto que o excedente produzido ou mais valia, não é pago ao trabalhador, deixando o mesmo com mínimas condições econômicas para a sua sobrevivência. Esse contexto contraditório de exploração da sociedade capitalista será denominado de questão social, que é definidacomo:
O conjunto de expressões das desigualdades da sociedade da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade (IAMAMOTO e CARVALHO, 2002, p. 27). 
A questão social vai se manifestar dentro do processo histórico da sociedade, obtendo múltiplas transformações a partir das mudanças ocorridas no modo de produção. Nesse processo de transformações do modo de produção, autores como Castel (1998) abordaram a exclusão como principal problemática social advinda das transformações econômicas recentes.
A exclusão social vai se estabelecer pela falta de acesso da população pobre a bens e serviços, segurança, trabalho, justiça e cidadania. Segundo Fischer e Marques (2001), ao tratar do gênero e da exclusão social, este último vai se materializar em diferentes setores, atingindo diversos atores sociais, idosos, crianças e em especial a mulher.
O fenômeno da exclusão social nas relações de gênero serão traçadas dentro de relações de poder, não se limitando apenas a dominação e a questão da inferioridade de sexo, logo, segundo Pascal e Schwatz (2009), a mulher deve ser vista dentro do histórico social, buscando compreender as correlações existentes entre conhecimento produzido e poder existentes junto às questões de gênero. Para as autoras, é no movimento historicamente determinado que percebe-se comportamentos e relações sociais que são construídos através de instrumentos políticos. 
Seguindo essa mesma linha de análise, fora apresentado no capitulo anterior vários estereótipos da mulher ao longo da história e, a partir destes estudos, pode-se perceber que a evolução da mulher deu-se dentro das manifestações da exclusão social. Pascal e Schawartz (2009) ainda afirmam que a mulher fora vista dentro de grupos sociais excluídos das relações de saber e poder, entendendo que existe a necessidade de recuperar as trajetórias femininas nesse contexto histórico. 
Assim, entende-se que o processo de expressão de desigualdade das classes será apresentado pelas manifestações dos grupos subalternizados e dos segmentos da sociedade excluídos socialmente que reivindicam por melhores condições de vida e trabalho. 
Além disso, observa-se que a mulher participa da história como protagonizadora de lutas sociais obtendo grandes conquistas sociais através dos movimentos feministas, destacam-se várias reivindicações no contexto da cidadania em busca da igualdade de direitos, no campo do trabalho, da opção sexual, e a luta contra a violência. É na busca da cidadania que a violência contra a mulher vai se apresentar no cenário nacional e internacional como uma das principais formas de exclusão que perpassa esse segmento social. 
Neste contexto, Cavalcanti (2008) aponta como violência contra a mulher qualquer forma de discriminação, coerção, omissão e agressão realizada pelo fato da vitima ser mulher, levando a formação de danos como a morte, constrangimento, físico, sexual, moral, psicológico, social, político, patrimonial. 
Em termos conceituais, a violência contra a mulher obtém nova definição na I Convenção sobre a Eliminação de Todas as formas de Discriminação contra a Mulher realizada em 1º de Fevereiro de 1984 em Granada, que definia a violência contra a mulher como: 
Qualquer ato de violência baseado em sexo, que ocasione algum prejuízo ou sofrimento físico, sexual ou psicológico às mulheres, incluídas as ameaças de tais atos, coerção ou privação arbitrarias da liberdade que ocorram na vida pública ou privada (CAVALCANTI, 2008, p. 37).
E teve uma nova reformulação na Convenção Interamericana para Prevenir, Punir, Erradicar a violência contra a Mulher em 09 de julho de 1994 na cidade de Belém do Pará, os quais afirmam que a violência contra a mulher é qualquer ato ou conduto baseada no gênero, que cause morte, dano físico, sexual ou psicológico à tanto na esfera pública como na esfera privada (CAVALCANTI, 2008, p. 37).
Os conceitos apresentados divergem em alguns aspectos sobre o que seja a violência contra a mulher. O primeiro limita esse tipo de violência em qualquer ato de violência que tem como base o sexo levando há outros tipos de danos. O segundo conceito abrange os termos destacando o gênero, ou seja, qualquer ato realizado pelo fato de ser mulher, causados por vários tipos de violência. Porém, será na IV Conferência Mundial da Mulher, realizada em Beijim na China no ano de 2005, citada por Cavalcanti (2008), que será apresentado conceito mais completo sobre violência contra mulher, que afirma:
(...) Qualquer ato de violência que tem por base o gênero e que resulta ou pode resultar em dano ou sofrimento de natureza física, sexual ou psicológica, inclusive ameaças, a coerção ou a privação arbitrária da liberdade que se produzem na vida pública ou privada (CAVALCANTI,2008, p.39).
O conceito apresentado em Beijim na Conferência Mundial tem como destaque não apenas a realização do ato de violência, mas também contempla qualquer forma de ameaça e privação de liberdade. 
A partir das definições ora apresentadas, a violência contra a mulher toma destaque. Os tipos de violência apontados com frequência por vários autores expõem a violência sexual, a física, a psicológica, a moral, a patrimonial, a espiritual, a institucional, a de gênero ou raça e violência doméstica e familiar.
Frisa-se que as mais variadas formas de violência praticas na sociedade, surgem do processo de costumes locais que estabelecem padrões culturais que personalizam as atitudes discriminatórias se materializando em formas de agressão ao sexo tido como inferior. 
Comprova-se essas afirmações a partir dos relatos das culturas orientais que estabelecem uso e costumes específicos para a inferiorização da mulher, tais como as roupas, o andar, a separação de locais públicos, como shoppings e restaurantes só para homens, fato que ocorre na Arábia Saudita.
Segundo cita Cavalcanti (2008 p. 42):
(...) Não há lugar no mundo em que as mulheres sejam privadas de liberdade do que na Arábia Saudita. Elas têm que usar a Abaya o manto negro, quando saem de casa. Não podem dirigir carros, nem freqüentar as mesmas academias e shoppings centers que os homens. 
No caso brasileiro, autores como Cavalcanti (2008) e Pascal e Schawartz (2009) apontam como os principais casos de violência contra a mulher os ligados aos crimes sexuais, que referem-se ao estupro, atentado violento ao pudor, assédio sexual e exploração sexual. As autoras ainda colocam que o Direito brasileiro avançou na sua legislação penal ao estabelecer leis que fixam penas aos crimes de violência sexual, apontando para o combate dessa prática ilícita. 
No entanto, o que chama a atenção é o alto índice de violência doméstica cometido em sua maioria pelos próprios companheiros e/ou familiares. Segundo pesquisa realizada no ano de 2002 pela Federação Internacional de Planejamento da Família na Região do hemisfério ocidental, 45% a 59% das mulheres que sofreram algum tipo de violência são mães de crianças que recebem agressões e que 25% das mulheres que já tentaram suicídio foram agredidas. Outro dado alarmante apresentado pela Organização Mundial de Saúde é que, na ultima década, 70% das mulheres que morrem no mundo foram assassinadas pelos próprios maridos (CAVALCANTI, 2008).
Contudo, o alto índice de mulheres agredidas em seu próprio lar remete à busca de uma análise mais acurada sobre a violência doméstica e familiar, suas causas e consequências e formas de manifestação. 
A violência doméstica
	A violência doméstica é caracterizada como aquela que ocorre no seio familiar e que envolve pessoas com vínculos familiares natural, civil ou afetivo. Segundo Cavalcanti (2008), a ação ou comportamento realizado por familiares que provoque dano físico, ou psicológico é violência doméstica. Esta forma de violência se desenvolve como teia na sociedade de forma rápida e invisível, ultrapassando fronteiras territoriais,culturais, de escolaridade, de etnia, de idade, de classe, de raça e de religião.
Segundo a mesma autora, a violência doméstica se caracteriza como uma violência de gênero, o que significa que é especificamente ligado à mulher e ao seu meio de vida, social, cultural, familiar e profissional, favorecendo uma constante busca científica por parte de vários teóricos. Sua permanência nas práticas cotidianas das relações sociais, ou seja, sua perpetuação ao longo dos séculos remete essa questão como um problema oriundo do processo de formação educacional dos sujeitos. 
Diante disso, observa-se que todos os tipos de violência praticados contra a mulher ocorrem ao longo de muitos séculos, a partir do sentido de inferioridade, tornando mais difíceis ainda suas lutas para conquistar direitos e igualdade.
Fischer e Marques (2001) destacam que a violência é fruto de uma educação errônea estabelecida pela sociedade que se inicia na infância e que se verifica, por exemplo, a partir do uso de brinquedos. Carros e revólver que são colocados como brinquedos masculinos, estabelecendo uma separação de personalidade onde o homem é forte, brigão e deve ser o chefe; já a mulher recebe brinquedos tais como bonecas, fogões, casinhas, formando uma personalidade frágil e de auxiliadora doméstica. 
Dessa forma, entende-se que a formação preconceituosa perpetuada de geração a geração aponta o que são as funções do homem e as funções da mulher, fornecendo o caminho que desvela a contínua prática discriminatória no seio da família. Os costumes passados de pais para filhos são de certa uma das molas propulsoras da violência doméstica.
Segundo Cavalcanti (2008), no tocante ao agressor, em sua maioria são homens que possuem sentimento possessivo sobre a mulher. São homens que foram agredidos ou viram o pai agredir, são dependentes de álcool ou outro tipo de droga, e possuem transtorno de personalidade, histérico e em sua maioria tem receios com a independência da mulher e consequentemente medo de perder a posição de chefe do lar. 
Observa-se que o homem demonstra sua dupla personalidade diante da companheira. Na presença de todos, um bom esposo e pai de família, em casa apresenta atitudes agressivas e altamente possessivas. Nesta realidade, o lar passa ser um lugar de opressão onde se manifesta as mais diversas formas de violência, destacando-se a física, a sexual, a psicológica, a patrimonial, e moral, que é qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. 
Cavalcanti (2008) destaca que o número de denúncias é inferior ao número de casos de violência doméstica que acontecem todos os dias. Verifica-se que nem todos os casos de violência doméstica são denunciados pelas vítimas, o que fortalece a impunidade e leva os agressores a reincidir no crime, dificultando ações voltadas para a prevenção e coibição da violência contra a mulher no ambiente doméstico.
Em sua maioria, a violência doméstica praticada na sociedade brasileira, segundo pesquisa do Data Senado (2005) apresentado por Cavalcanti (2008), dentre suas formas de manifestação, 54% da violência doméstica é seguida de agressão física; 24% violência psicológica; 14% de violência moral; 7% de violência sexual. 
Os altos índices de manifestação da violência doméstica no Brasil demonstram a necessidade de novas conquistas feministas pela sua cidadania e defesa da vida. Dentre as respostas apresentadas pelo Estado para a preservação dos direitos da mulher, a criação de uma delegacia especializada no atendimento de mulheres, se constituiu na mais importante.
A delegacia da mulher no Brasil 
	Para entender a aplicação da Lei Maria da Penha é necessário compreender sua operacionalização, que se dá junto aos órgãos do poder judiciário, como os juizados especiais e junto aos órgãos do poder executivo, que compreende as delegacias especializadas de Defesa da Mulher. 
O fenômeno da violência exercida contra as mulheres do mundo inteiro, nas suas mais diversas formas, tem-se constituído como objeto de impacto e visibilidade social, sendo tratado como questão relativa aos Direitos Humanos.
Segundo Amaral, Letelier e Góis (2001, p. 118):
Especificamente na década de 1980, ações do Movimento Feminista no Brasil voltaram-se para ampliar a visibilidade e tomar reconhecida como violação dos Direitos Humanos pelo menos três tipos de violência mais freqüentes contra a mulher: violência física, violência psicológica ou simbólica e violência sexual. Há bem pouco tempo, estas violências não se caracterizavam, no âmbito da subjetividade humana, como atos de delito passíveis de punição. No espaço público ou na esfera política, a violência contra a mulher ainda se mantém, como um acordo social tácito de aceitação do poder irrestrito do homem sobre a mulher. Questionar esta dominação masculina, ou o simbólico da figura do macho dominador, tem sido um processo de verdadeira revolução de valores culturais.
Dessa forma, observa-se que o processo de implantação das delegacias especializadas de defesa da mulher deu-se dentro de uma conjuntura de luta social do movimento feminista que exigia do Estado um espaço de defesa da mulher vítima de violência. 
Izumino (2004) expõe que a delegacia de mulheres foi um marco diferencial na história internacional do movimento de mulher, ao ser fruto de um movimento de reivindicação da década de 80. Segundo a autora, antes da criação da primeira delegacia de defesa da Mulher existiam os centros de atendimento SOS-MULHER, que era voltado para o recebimento de denúncias por partes das mulheres vítimas de violência. 
Porém, a autora relata que as mulheres, na sua maioria, não desejavam denunciar seus maridos ou namorados e sim solicitar que os funcionários do serviço conversassem com os seus companheiros com o fim de viverem em harmonia. Com tamanha divergência entre os feministas e as vítimas, as últimas não conseguindo solucionar o problema, dirigiam-se para as delegacias de polícia. 
(...) Ao procurar a policia para denunciar seus agressores as mulheres eram submetidas a humilhações e constrangimentos que acabavam por desestimular novas denuncias. A característica do atendimento policial era a falta de interesse em registrar a ocorrência e processá-la criminalmente, tanto nos casos de violência conjugal, quando as mulheres eram aconselhadas pelos delegados a refletirem sobre o que havia a acontecido e pensar se “elas não o haviam provocado aquela agressão (...) (IZUMINO, 2004, p. 34). 
As mulheres vítimas de violência não recebiam o tratamento adequado nas delegacias de polícia civil. Estas por serem formadas em sua maioria de homens, incentivam as mulheres a não realizar a ocorrência, sem falar do constrangimento de expor sua vida e ser acusada de culpada de ter incentivado o companheiro de espancá-la. 
Conforme relatam Amaral, Letelier e Góis (2001), no Brasil, a linha de atuação do Movimento Feminista centrou-se na luta pela implantação de Delegacias Especializadas a partir do final da década de 1970. Em 1985 foi criada, em São Paulo, a primeira Delegacia da Mulher. Até o final da década de 1990 havia, apenas, 141 Delegacias em todo o país. Do ano da criação da primeira Delegacia até o ano 2000 não houve crescimento do número de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher, apesar das legislações estaduais que as criaram preverem sua ampliação conforme o aumento do número de habitantes.
Tendo em vista a importância das delegacias para preservar os direitos e a integridade das mulheres, observa-se que a sua criação e expansão pelo país representam realmente uma conquista, pois a criação das mesmas no início foi lenta e sempre contando com muitas dificuldades.
A delegacia de defesa da mulher, segundo Izumino (2004 p.35), foi apresentada pelos seus criadores “como um espaço de denúncia e repressão à violência contra a mulher, com um atendimento diferenciado e como apoio para as mulheres realizarem as denúncias contra seus agressores”.
Vale salientar que quando a Delegacia de defesa da mulher foi concebida, sua estrutura deveria conter agentes dosexo feminino, com o apoio de outros profissionais para oferecer o melhor atendimento possível à mulher vitimizada.
As delegacias de defesa da mulher foram idealizadas como espaço institucional de combate e prevenção a violência contra a mulher, com quadros formados por mulheres (delegadas, escrivãs, investigadoras), apoiadas por uma equipe de profissionais como assistentes sociais e psicólogas (IZUMINO, 2004 p. 35).
De acordo com a mesma autora, na proposta de criação das delegacias, esta instituição é apresentada não apenas com um papel repressor, mas também almejava-se uma ação preventiva para a questão da violência contra a mulher. Mas, é de salutar que a delegacia em si não assume essa visão preventiva, seu papel centra-se em combater o crime, dificultando o planejamento de ações de cunho educativo. 
Outra questão apresentada por Izumino (2004) é a formação do quadro de profissionais das delegacias. No primeiro momento de sua criação, os profissionais que se deslocaram para atuarem nas delegacias de defesa da mulher não recebiam nenhum atendimento sobre questões de gênero, o que favoreceu a permanência de práticas discriminatórias dentro das instituições. Para a autora, como os policiais não podem escolher a divisão que querem trabalhar, quando deslocados para estas delegacias especializadas, eles consideravam a lotação uma espécie de castigo, pois estavam sendo enviados para a “cozinha da polícia”. 
Observa-se que existiam diferenças na forma de conduzir os assuntos relacionados com a mulher até dentro da própria polícia, pois havia o caráter de punição para aqueles que eram destacados para servirem nas referidas instituições, denotando um certo preconceito em relação ao trabalho com a violência doméstica e familiar.
Entende-se que, além das enormes dificuldades para criação das Delegacias de Defesa da Mulher, enquanto instituição direcionada para o seu atendimento específico, houve também sérios problemas para o seu funcionamento, quando o atendimento inicial era realizado por policiais não preparados para o exercício do trabalho.
Segundo Amaral, Letelier e Góis (2001, p. 28), “os principais tipos de violência cometidos contra a mulher são: ameaça, agressão física, danos materiais, expulsão do lar, injúria e difamação, maus tratos, saída do lar, violação de domicílio, etc”. As autoras acrescentam que o homem, sob o enfoque de gênero, utiliza sua "força social" para massacrar a mulher e, como desculpa, afirmar que o responsável por tal atitude foi o ciúme, a suspeita de traição, a embriaguez, isto é, que não foi ele, esquivando-se em parte da responsabilidade e da culpa. Com este jogo, a mulher pode passar de vítima a culpada por tê-lo "induzido" ao ato agressivo.
Nesse contexto, as delegacias de defesa da mulher promoveram um grande avanço na luta contra a violência doméstica, porque através destas instituições foi possível publicizar essa problemática social, desvelando um contexto estatístico verdadeiro sobre os índices de mulheres agredidas que antes não era possível, possibilitando novas conquistas. Porém, o grande desafio de sua implantação vai desde as dificuldades de natureza estrutural à realidade social e cultural do País, o que impede a eficácia da operacionalização das Delegacias de defesa da Mulher. 
No último século, o Brasil avança na sua legislação no que tange à defesa dos direitos da mulher e promulga a Lei 11.340/2006, que trata do combate à violência doméstica. Entender sua origem histórica e diretrizes normativas faz-se necessário para a compreensão das formas de combate a esse fenômeno da violência.
A importância da lei Maria da Penha
	Em abril de 2001 o Centro de Justiça pelo Direito Internacional (CEJIL) e o Comitê Latino Americano de Defesa dos Direitos da Mulher (CLADERM), encaminharam uma denúncia formal para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Esta comissão da OEA tem como função promover o combater à violência aos direitos previstos no pacto São José da Costa Rica e da Convenção do Belém do Pará (CAVALCANTI, 2008). 
A Convenção Americana de Direitos Humanos (também chamada de Pacto de San José da Costa Rica e sigla CADH) é um tratado internacional entre os países-membros da Organização dos Estados Americanos e que foi subscrita durante a Conferência Especializada Interamericana de Direitos Humanos, de 22 de novembro de 1969, na cidade de San José da Costa Rica, e entrou em vigência a 18 de julho de 1978. É uma das bases do sistema interamericano de proteção dos Direitos Humanos
Conforme os registros da AGENDE – Ações em Gênero Cidadania e Desenvolvimento (2004), adotada pela Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), no dia 09 de junho de 1994, a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, Convenção de Belém do Pará, constitui-se em importante ferramenta de promoção da emancipação das mulheres. Ratificada pelo Brasil em 27 de novembro de 1995, promove um grande avanço para a compreensão e visibilização da temática, ao dispor, entre outros, sobre a definição de violência contra as mulheres.
O resultado da denúncia feita pelo CEJIL e o CLADERM para a comissão da Organização dos Estados Americanos (OEA), que resultou na publicação do relatório nº 54 que autuou o Brasil por flagrante violação dos direitos humanos devido o caso da Biofarmaceutica Maria da Penha Maia Fernandes. 
Segundo Cavalcanti (2008), Maria da Penha fora vítima de duas tentativas de assassinato realizadas pelo próprio marido. A primeira vez que este tentou contra sua vida foi com um tiro de espingarda que a deixou paraplégica e a segunda tentativa ocorreu durante um banho onde ele tentou eletrocutá-la. A punição de seu esposo pelos crimes cometidos só ocorreu dezenove anos e seis meses depois dos fatos, tendo este permanecido apenas dois anos em reclusão. 
A impunidade da justiça brasileira sobre o caso de Maria da Penha levou organizações não governamentais e organismos internacionais a se manifestarem contra o governo brasileiro, exigindo providências quanto ao fato da violência praticada contra a vítima citada. 
Segundo Cavalcanti (2008, p. 76), o Brasil foi multado pela comissão interamericana da OEA por não cumprir o art. 7º da Convenção de Belém do Pará e os artigos 1º, 8º e 25º do Pacto de San José da Costa Rica recebendo as seguintes recomendações: 
(....) o prosseguimento e intensificação do processo de reforma que evite a tolerância estatal e o tratamento discriminatório com respeito à violência doméstica contra a mulher no Brasil, e, em especial recomendou “simplificar os procedimentos judiciais penais a fim de que possa ser reduzido o tempo processual, sem afetar os direitos e as garantias do devido processo” e o estabelecimento de novas formas alternativas às judiciais, rápidas, e efetivas de solução de conflitos intrafamiliares, bem como de sensibilização com respeito à sua gravidade e às conseqüências penais que gera (CAVALCANTI, 2008, p. 76). 
A exigência por novos dispositivos judiciais no combate à violência contra a mulher foi proclamada por segmentos da sociedade civil, representados por Organizações Não Governamentais (ONGs) e movimentos sociais de mulheres, levando o tomar sérias medidas sobre essa problemática social, em especial o caso de Maria da Penha. 
Assim, em 08 de Agosto de 2006 é aprovada a lei 11. 340 que recebeu o nome de Lei Maria da Penha em homenagem a essa mulher que lutou até o último momento por justiça. A referida lei foi criada única e exclusivamente para o combate e prevenção à violência doméstica praticado contra a mulher. 
Cavalcanti (2008) ainda expõe que muitos juristas colocam que a Lei Maria da Penha rompe com o princípio constitucional da isonomia entre os sexos, ao propor uma lei específica para as mulheres.
Mas, vale ressaltar que a referida lei não promove a perda do princípio constitucional, haja visto que a mulher faz parte dos segmentos das minorias excluídas socialmente e que a especificidade apenas traz destaque maiorem razão da visão machista da sociedade brasileira. 
 A lei Maria da Penha contém 07 Títulos e 152 Artigos. As disposições preliminares destacam em seu artigo 6º que a violência doméstica e familiar é uma violação dos direitos humanos. A referida lei ainda conceitua a violência doméstica e familiar como também aponta as suas diversas formas, que são praticadas contra a mulher. Os tipos de violência praticados no seio familiar contra a mulher em destaque é a física, psicológica, sexual, a patrimonial e a violência moral. 
Segundo Cavalcanti (2008, p. 76): 
Quanto à assistência à mulher em situação de violência doméstica, incluindo as medidas de prevenção, a Lei Maria da Penha vai colocar a política pública como proposta de prevenção e combate sendo de responsabilidade dos entes da federação: União, Estados e Municípios propondo ação articulado com os princípios e diretrizes da Lei Orgânica da Assistência Social, do Sistema Único de Saúde e Sistema Único de Segurança; a promoção de pesquisa cientifica, estatísticas sobre a questão de gênero e outras formas de educativas para prevenção é exposto no art. 8º incisos, II, IV, V, VII, VIII e IX; a integração operacional do poder judiciário; e o respeito a princípios éticos e morais da família nos meio de comunicação. 
Neste contexto, é possível encontrar formas de normatização do procedimento policial para o caso de medida protetiva de urgência. 
No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências:
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário;
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal;
III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida;
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar;
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis. (Art. 11, da Lei 11.340/06). 
Estes procedimentos de urgência propõem fim ao descaso da polícia e maior agilidade do aparato policial. Um dos pontos positivos é o encaminhamento da ocorrência ao Juiz no prazo máximo de 48 horas, promovendo a agilidade do processo. 
Em relação ao agressor, a Lei estabelece várias medidas protetivas de urgência para a vítima, que vai desde a suspensão do porte de arma do agressor, proibições de condutas e pedido de pensão para a vítima e filhos menores (art. 22 da Lei 11.340/2006). 
Um dos instrumentos mais aguardados, sem dúvida é o Juizado Especial de Violência doméstica e familiar, instituído através do artigo 14º da Lei. Os juizados deverão ter uma equipe multidisciplinar, tendo em sua composição profissionais de equipe psicossociais que irão acompanhar a vítima e, em especial, as crianças e adolescentes e elaborar pareceres conforme solicitação do Juiz. 
Nas disposições finais, a Lei busca apontar as responsabilidades do Estado quanto à formação de políticas públicas para as mulheres, afirmando que os entes federativos devem promover no limite de suas competências, a criação de centros de atendimento integral à mulher; casas-abrigos, centro de reabilitação para os agressores e a criação de delegacias especializadas no combate à violência contra a mulher (art. 35 da Lei 11.340/06).
Assim, a busca por instrumentos eficazes que respondam aos problemas sociais que perpassam a mulher demonstra o desafio constante da luta contra a violência doméstica e familiar. A Lei Maria da Penha defende os direitos da mulher na sociedade, sendo hoje uma marco de luta dos movimentos feministas no Brasil e no mundo. 
DESFECHO PRIMÁRIO 
Com a realização da investigação, espera-se:
· Verificar a existência de muitas dificuldades para operacionalização da delegacia da mulher e estas comprometem os objetivos da Delegacia, no que se refere a prestar um atendimento digno às mulheres vítimas de violência. A deficiência no quadro pessoal, em especial de policiais, é um problema grave da delegacia, agravado pelo aumento da demanda desde a criação da delegacia, o que demanda que mais desses profissionais sejam contratados. 
· Verificar a inexistência de equipe multidisciplinar para atendimento e acompanhamento das vítimas que procuram a delegacia. Entende-se que a presença de outros profissionais como assistentes sociais e psicólogas seria fundamental para melhor atender os casos de violência contra mulheres, pois os danos causados não se limitam apenas ao aspecto físico, mas também ao psicológico e às relações familiares. Um espaço multidisciplinar na Delegacia da Mulher possibilitaria um maior alcance de resultados quanto à melhoria das condições emocionais das vítimas e garantia de seus direitos.
CRONOGRAMA 
	Fases/Meses
	2021
	
	JAN
	FEV
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	Levantamento Bibliográfico
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	Análise e Revisão do Material
	
	
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	Leituras e Fichamentos
	
	
	
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	Redação 
(1º Capítulo)
	
	
	
	
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	Redação 
(2º Capítulo)
	
	
	
	
	
	
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	Aplicação das Entrevistas
	
	
	
	
	
	
	
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	Redação 
(3º Capítulo)
	
	
	
	
	
	
	
	
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	Revisão
	
	
	
	
	
	
	
	
	
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	Redação Final
	
	
	
	
	
	
	
	
	
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	Defesa pública
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
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	Entrega da Redação Final
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
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REFERÊNCIAS 
AMARAL, Célia Chaves Gurgel do; LETELIER, Celinda Lílian, GÓIS, Ivoneide Lima e 
AQUINO, Sílivia de. Dores Visíveis: Violência em Delegacias da Mulher no Nordeste. Edições REDOR/NEGIF/UFC, 2001.
CASTEL, Robert. Metamorfoses da questão social. Petrópolis: Vozes, 1998.
CAVALCANTI, Stela Valeria Soares. F. A Violência Contra a Mulher no Brasil: análise artigo por artigo da Lei Maria da Penha, Nº 11.340/2006. 2. ed. Salvador. Podivm. 2008.
FISCHER, Izaura Rufino; MARQUES, Fernanda. Gênero e Exclusão Social. Fundação J. Nabuco. Mossoró, RN. n. 1. Agosto de 2001.
IAMAMOTO. Marilda Vilela; CARVALHO, Raul. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação Histórico - Metodológica. 22. ed. São Paulo. Cortez. 2002.
IZUMINO, Wânia Pasinato. Justiça e Violência Contra a Mulher: o papel do sistema judiciário na solução dos conflitos de Gênero. 2. ed. São Paulo. FAPESP. 2004.
MARX, Karl, Contribuição a Critica da Economia Política. 2. ed. São Paulo. Martins Fontes. 1983.
PASCAL, Maria Aparecida; SCHWARTZ, Rosana. Mulheres Brasileiras: cotidiano, história e conquistas. Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo, SP. Setembro de 2005.
ANEXOS
CARTA DE ANUÊNCIA 
Declaramos para os devidos fins, que aceitaremos (o) a pesquisador (a) Eryca Carolyna Silvestre de Alencar, a desenvolver o seu projeto VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: atuação da delegacia da mulher e Teresina-PI, que está sob a coordenação/orientação do(a) Prof. (a) Maria Isabele Duarte de Souza cujo objetivo é conhecer a atuação da Delegacia da Mulher na cidade de Tereseina– PI, além de caracterizar a instituição, avaliando seus benefícios para a sociedade., nesta Instituição .Esta autorização está condicionada ao cumprimento do (a) pesquisador (a) aos requisitos da Resolução 466/12 e suas complementares, comprometendo-se o/a mesmo/a a utilizar os dados pessoais dos sujeitos da pesquisa, exclusivamente para os fins científicos, mantendo o sigilo e garantindo a não utilização das informações em prejuízo das pessoas e/ou das comunidades. Antes de iniciar a coleta de dados o/a pesquisador/a deverá apresentar a esta Instituição o Parecer Consubstanciado devidamente aprovado, emitido por Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, credenciado ao Sistema CEP/CONEP. 
 
 TERESINA /PI, em _____/ ________/ __________.
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Você está sendoconvidado a participar da pesquisa “VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: atuação da delegacia da mulher em Picos” de responsabilidade de Welyda Simone Ramos de Carvalho Rocha aluno(a) Curso de Graduação em Serviço Social do Instituto Superior de Teologia Aplicada – INTA. O objetivo desta pesquisa é conhecer a atuação da Delegacia da Mulher na cidade de Picos – PI, além de caracterizar a instituição, avaliando seus benefícios para a sociedade. Assim, gostaria de consultá-lo(a) sobre seu interesse e disponibilidade de cooperar com a pesquisa.
Você receberá todos os esclarecimentos necessários antes, durante e após a finalização da pesquisa, e lhe asseguro que o seu nome não será divulgado, sendo mantido o mais rigoroso sigilo mediante a omissão total de informações que permitam identificá-lo(a). Os dados provenientes de sua participação na pesquisa, tais como questionários, entrevistas e fitas de gravação. 
A coleta de dados será realizada por meio de entrevista. É para estes procedimentos que você está sendo convidado a participar. Sua participação na pesquisa não implica em nenhum. 
Espera-se com esta pesquisa Verificar a existência de muitas dificuldades para operacionalização da delegacia da mulher e estas comprometem os objetivos da Delegacia, no que se refere a prestar um atendimento digno às mulheres vítimas de violência; Verificar a inexistência de equipe multidisciplinar para atendimento e acompanhamento das vítimas que procuram a delegacia.
Sua participação é voluntária e livre de qualquer remuneração ou benefício. Você é livre para recusar-se a participar, retirar seu consentimento ou interromper sua participação a qualquer momento. A recusa em participar não irá acarretar qualquer penalidade ou perda de benefícios. 
Se você tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa, para qualquer outra informação. O (a) Sr (a) poderá entrar em contato com a Faculdades INTA, na Rua Coronel Antônio Rodrigues Magalhães, 359; Bairro: Dom Expedito Lopes CEP: 62050-100; Telefax: (88)3614-3232 ou com a pesquisadora principal Maria Isabele Duarte de Sousa no endereço: Rua Manoel Albino Dantas, Nº 385, Bloco B, Ap. 304, Bairro Derby Club CEP 62041-620, telefone: (88) 998465665 e o pesquisador no endereço Rua São Sebastião, 798, Picos/PI , pelo telefone (89) 99912-4909.
A equipe de pesquisa garante que os resultados do estudo serão devolvidos aos participantes, podendo ser publicados posteriormente na comunidade científica. 
Este projeto foi revisado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do _________________________. As informações com relação à assinatura do TCLE ou os direitos do sujeito da pesquisa podem ser obtidos através do e-mail do __________________________
Este documento foi elaborado em duas vias, uma ficará com o(a) pesquisador(a) responsável pela pesquisa e a outra com o senhor(a).
 ____________________________				_____________________________
 Assinatura do (a) participante                                            	 Assinatura do (a) pesquisador (a)
Sobral, ___ de __________de _________
Orçamento
	Especificação
	Quantidade
	Valor Unitário
	Valor Total
	
Material Consumo
	
01 papel A4 (resma)
	R$ 13,00
	R$ 13,00
	
	
04 Cartuchos para impressora
	R$ 15,00
	R$ 60,00
	
	04 Canetas Esferográficas
	R$ 1,00
	R$ 4,00
	
	01 Caderneta
	R$ 8,00
	R$ 8,00
	Material Permanente
	01 Notebook
	R$ 1.200,00
	R$ 1.200,00
	
	01 Impressora HP
	R$ 350,00
	R$ 350,00
	
	01 pen drive 4 GB
	R$ 32,00
	R$ 32,00
	
	02 CD regravável 
	R$ 3,50
	R$ 7,00
	
Outros Serviços
	
 150 Cópias/ Impressões
	R$0,05
	R$ 7,50
	TOTAL
	R$1.681,50
QUESTIONÁRIO PARA OS FUNCIONÁRIOS
1 – Localização da delegacia
2 – Quantidade de servidores lotados na delegacia (cargos/funções)
3 – Condições de trabalho – prédio, móveis etc.
4 – Principais dificuldades da delegacia para atuar.
5 – Quantidade de casos registrados em 2010.
6 – Existe equipe multidisciplinar para atuar nos casos de violência?
7 – Demanda atual – aumentou/diminuiu?
8 - Faixa etária das mulheres agredidas.
9 – As vítimas sempre denunciam o agressor?
10 – Como ocorrem os trâmites legais da denúncia?
11 – Quantidade de boletins de ocorrência, por mês?
2010
		Mês 
	Boletins de ocorrências 
	Janeiro 
	
	Fevereiro 
	
	Março 
	
	Abril 
	
	Maio 
	
	Junho 
	
	Julho 
	
	Agosto
	
	Setembro 
	
12 – Principais tipos de violência contra a mulher e quantidade.
	Tipos de violência 
	 Ocorrências 
	Ameaças 
	
	Lesão corporal 
	
	Difamação e injúria 
	
	Estupro 
	
	Total
	
13- Como você caracteriza a atuação da Delegacia frente a violência domestica?
QUESTIONÁRIO PARA AS VÍTIMAS
1- Quantas vezes comunicou à policia sobre as violências das quais você foi vitima?
2 - Em sua opinião qual a importância da delegacia da mulher do município de picos no enfrentamento a violência contra a mulher? 
3- Quais os encaminhamentos ofertados pela delegacia da mulher a você?
4- Quais medidas além da delegacia da mulher você conhece que possam assegurar sua proteção? 
5- Como você ver a violência contra a mulher a partir da lei Maria da Penha?
6- Ao procurar a delegacia da mulher do município de picos você nota que ela está cumprindo devidamente o seu papel?

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