Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Mensagens Curtas 7 Para Meditação Diária Silvio Dutra Set/2016 2 A474 Alves, Silvio Dutra Mensagens curtas 7./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016. 207.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Graça 3. Fé. I. Título. CDD 230 3 Sumário Como Estar Sempre Animados.................... 10 Manejando a Espada do Espírito.................. 12 Como Não Ser Enganado................................. 14 Os Que Causam Divisão no Corpo de Cristo.......................................................................... 17 Desde Já Aperfeiçoados.................................... 19 Abençoados para Sempre............................... 21 Cobre como as Águas do Dilúvio................ 24 Resgatados da Ira e da Maldição................ 26 O Único Salvador Eficaz.................................... 27 Aceitos por Causa da Justificação............... 28 Unidos para Sempre........................................... 30 Reconciliados pela Justificação................... 32 Segurança Eterna................................................ 34 O Atalaia................................................................... 36 Melhor do Que Comida e Bebida................ 41 4 Por que se Torna Difícil se é Tão Fácil?.... 43 Deus nos Guarda do Mal.................................. 46 Consagração........................................................... 48 Amar a Deus Acima de Tudo......................... 50 Não de Tristeza Mas de Alegria.................... 52 Orar sem Cessar................................................... 54 Fugindo do Evangelho do Terror................ 55 Ama Pecadores Mesmo! ................................. 57 Amor Restaurador.............................................. 59 A Graça não Condena........................................ 60 Dar a Outra Face................................................... 63 Restaurando Almas Quebradas................... 65 Efeito da Palavra no Coração......................... 66 Amor em Submissão......................................... 67 Estar em Cristo..................................................... 68 A Prova da Amizade............................................ 69 5 Um Plano Perfeito Para Produzir Perfeição.................................................................. 70 Remando contra a Maré.................................. 71 O Excessivo Cuidado da Vida......................... 73 A Recompensa do Contentamento............ 75 Já Não Morre Mais.............................................. 77 Aprendendo a Vencer no Tempo de Deus............................................................................ 78 Servindo em Pureza........................................... 81 A Forma de Culto que É Aceita..................... 84 A Inquestionável Bondade de Deus........... 86 Partindo do Ponto Correto............................. 88 Quem é o Homem Bom e Quem é o Mau? ......................................................................... 90 Contente em Qualquer Circunstância..... 96 Limpando e Alimentando a Fonte.............. 98 O Tesouro que Nunca se Esgota.................. 99 6 Pensamentos como Flores............................. 103 Perigo: Satisfeitos com Pouco ou Nada.... 105 Um Hábito Que Significa Vida Plena........ 107 O Motivo da Existência do Mal..................... 109 Sem Jesus Nada Podemos Ser ou Fazer.... 111 Qual é a Regra da Obediência do Cristão? .................................................................... 112 Lei da Vida Operada pelo Espírito Santo. 114 Salvos Pela Esperança do Que Seremos.. 116 O Pecado Por Fim Destruirá Quem Não For Justificado....................................................... 118 Corações Diferentes e Respostas Diferentes................................................................ 120 Muito Mais se Exige de Nós Nesta Época 122 O Poder Vem Pela Fé.......................................... 124 Sem o Espírito Santo Não Há Vida Cristã 125 Os Dons e o Fruto do Espírito........................ 126 Buscar o Bem Para Receber o Perdão....... 128 7 O Alicerce da Nossa Fé..................................... 130 Curvar a Cerviz para Ser Curado................. 132 Identificando o Carnal e o Espiritual........ 133 Retratos da Alma................................................. 134 Uma Sábia Constatação.................................... 135 O Pendor do Espírito Santo............................. 136 Colheita Segundo a Semeadura................... 138 Um Reino Espiritual Que Não É Deste Mundo....................................................................... 139 A Expiação Possibilita a Ação do Espírito 141 O Motivo Correto para a Santificação....... 143 Primeiro Libertação, Depois Purificação 145 A Necessidade de se Purificar Diariamente........................................................... 147 Aproximar-se para Ser Limpo....................... 150 Ser Espiritual para Amar e Viver................ 152 Sem Amor Não Há Valor................................. 155 8 É Coisa Séria........................................................... 157 Ousadia e Confiança na Aproximação...... 158 Não se Atrai Abelhas com Fel....................... 160 Nada Lavaria Senão Somente o Sangue... 162 Sem Medo de Ser Santo................................... 164 Um Deus Sempre Criterioso.......................... 166 O Velho e o Novo Homem............................... 168 O Trabalho do Espírito Santo......................... 170 O Alvo é O Fruto Maduro................................. 173 Avanços Cada Vez Maiores e Infindos..... 176 Decadências não Significam o Fim............ 178 Criando Novos Canais Para o Fluir da Graça.......................................................................... 180 Uma Vitória Mais do que Certa.................... 182 Espírito Bem Alimentado................................ 184 O Amor é Gentil e Generoso......................... 186 Paciência, Esperança, Perseverança......... 188 9 Uma Afirmação Corajosa sem Hipocrisia................................................................ 190 Não se acha a Deus Casualmente................ 192 Meros Caçadores de Milagres...................... 195 Significados da Palavra Amor....................... 197 O Senhor Pelejará por nós se Tivermos Fé.................................................................................. 200 O Perigo de Uma Fé Apenas Contemplativa....................................................... 203 O Que Caiu Pode Ser Levantado.................. 206 10 Como Estar Sempre Animados Nossos desânimos não vêm da parte de Deus porque Ele entrou em aliança conosco assim como um pai que se compadece dos seus filhos (Sl 103.13) e deste modo nunca agiria no sentido de desanimá-los. Nem vêm de Cristo nossos desânimos porque Ele não apagará o pavio que fumega. Nem tampouco vêm do Espírito Santo porque ele nos ajuda nas nossas fraquezas e é o Consolador. Não são portanto nossos desânimos e fraquezas que podemquebrar nossa aliança com Deus, assim como está bem tipificado no caso da nação de Israel que se encontrava assolada e em opróbrio em Judá nos dias de Neemias. A aliança que temos com o Senhor é de caráter matrimonial e por isso Ele nos assiste com Sua misericórdia em nossas fraquezas e não nos desamparará por causa delas. Agora, consideremos o perigo que há naqueles que lançam, eles próprios, água para apagar o pavio fumegante de suas vidas que o próprio Cristo não apagaria. Não é sem razão que o apóstolo nos alerta quanto ao perigo de apagarmos o Espírito com os nossos pecados deliberados. A Igreja de Laodiceia está sempre pronta a ser vomitada da boca do Senhor porque é morna. Ela tipifica bem aqueles cristãos que vivem perigosamente provocando sempre a ira de Deus por um viver deliberado no pecado. 11 Se a graça é fortalecida no seu exercício, como poderão estar fortalecidos com graça aqueles que a rejeitam e confiam nos seus próprios méritos e obras? E como poderemos permanecer nesta graça se não nos santificarmos? Jesus nos convida a ter bom ânimo na aflição porque, como Ele próprio afirmou, jamais apagará o pavio fumegante, mas lembremos que vivendo deliberadamente no pecado será impossível ter este bom ânimo que Ele próprio nos concederia pela Sua graça. Não confundamos fraqueza com prática deliberada do pecado, porque isto não é fraqueza mas rebelião e traição ao Filho de Deus que morreu justamente para não vivermos mais praticando o pecado e procurando estar deliberadamente debaixo do seu domínio. Há muitos inimigos a serem vencidos, a carne, o diabo e o mundo, e é importante estarmos conscientes de nossa condição de canas quebradas e pavios fumegantes para que nunca tenhamos a presunção de tentar vencer estes inimigos na energia da carne, senão por nos fortalecermos na graça que está em Cristo Jesus e na força do Seu poder. Mas não fazendo isto por imposição de um espírito arrogante, mas pela humilde súplica de um espírito quebrantado que reconhece que depende totalmente de Deus. 12 Manejando a Espada do Espírito Nunca será demais afirmar a importância de se confirmar toda a Palavra de Deus, pelo seu pleno conhecimento e prática, nada lhe acrescentando ou retirando, porque este é o melhor meio de não apenas de se prevenir dos enganos satânicos, como também é o melhor meio de se atacar o reino das trevas, e não é por acaso que na armadura espiritual de Efésios 6 a Palavra é designado como sendo a espada do Espírito Santo. Cristãos que se afastam da confirmação desta ou daquela doutrina das Escrituras, estarão expostos ao engano de Satanás, e serão conduzidos por ele a formas falsificadas de culto e de adoração a Deus. O Espírito Santo nunca manifestará a sua aprovação senão à exata Palavra revelada, e não será pela desonra dela que poderemos ter garantida uma obra verdadeira do Espírito Santo sendo realizada entre nós. Isto demonstra o quanto é importante que sejamos instruídos na Palavra e que especialmente os cristãos indolentes e os novos convertidos sejam incentivados a fazerem progresso no conhecimento e prática da Palavra, assim como são exortados constantemente pelo próprio Deus em toda a Bíblia. O erro não é somente prevenido com a verdade, como também é atacado e destruído por ela. 13 Esta é a razão porque Satanás procura por todos os meios afastar os cristãos do conhecimento e da prática da Palavra de Deus. Ela e somente ela é o meio da nossa santificação pelo Espírito, e sem a referida santificação não podemos prevalecer nas lutas que temos que empreender contra os poderes das trevas. Esta é a garantia de mantermos os espíritos imundos amarrados e a atmosfera espiritual liberada da ação deles pela poderosa presença do Senhor entre nós. Assim não é nenhuma garantia bíblica para qualquer cristão apoiar a sua segurança de que está de fato tendo experiências sobrenaturais com o Espírito Santo baseado apenas em seus sentimentos e emoções. Muito pelo contrário, ele estará aberto para se tornar um orgulhoso espiritual pelo sentimento de ocupar um lugar favorecido diante de Deus e destacado no Seu reino, baseado nas suas experiências sobrenaturais, que poderão até mesmo estar sendo produzidas pela sua própria imaginação ou por espíritos enganadores. O amor próprio é profundamente alimentado e fortalecido por isto, e a segurança deste cristão está apoiada na sua própria experiência, e não no próprio Deus e na Sua Palavra escrita. 14 Como Não Ser Enganado Quando o cristão aceita as falsificações de Satanás, em sua ignorância, ele pensa e crê que está obedecendo às condições divinas para subir a uma vida espiritual mais elevada; e considerando que na verdade ele está obedecendo condições satânicas na sua vida, em vez de subir, ele desce num abismo de engano e sofrimento. Satanás usa ciladas contra os cristãos porque ele sabe que nunca obterá o consentimento voluntário de um cristão para a entrada e controle de espíritos malignos. Então ele sabe que somente pode esperar ter este consentimento através de engano fingindo ser o próprio Deus ou um dos seus mensageiros. Ele sabe também que um cristão está determinado a obedecer a Deus a todo custo e deseja o conhecimento de Deus acima de qualquer outro na terra. Então não há nenhum outro modo de enganar senão o tentar obter a cooperação do cristão através de enganos. É sumamente essencial um grande preparo nas Escrituras, especialmente dos líderes da Igreja, de maneira que firmados na Palavra possam resistir às tentações e enganos de Satanás tal como Jesus o venceu no deserto usando simplesmente a Palavra de Deus. Nenhum cristão que esteja faltoso neste conhecimento da Palavra deveria se aventurar 15 numa experiência sobrenatural profunda com as realidades espirituais para não ficar à mercê do engano do diabo. Não admira portanto o quanto Jesus se esforçou para primeiro purificar os discípulos pela Palavra para que fossem somente depois, batizados com poder pelo Espírito Santo, de maneira a não ficarem expostos a uma falsificação do diabo. O cristão não deve imaginar como deve ser o mundo sobrenatural e nem tentar “sentir” o que seja este mundo espiritual em conformidade com aquilo que tenha montado em sua mente por sua imaginação ou por influência de outros, mas deve crer no que está contido na Palavra de Deus em relação a tais realidades espirituais, de maneira que saiba discernir entre aquilo que procede verdadeiramente de Deus e aquilo que é falso, produzido pelo diabo, pela mente, pela alma ou espírito humanos. As falsificações do diabo chegarão a um tal ponto que muitos afirmarão ser o próprio Cristo, e falsos profetas e mestres farão sinais e maravilhas por toda a parte em Seu nome. Daí ser ordenado na Bíblia aos cristãos que sejam cheios do Espírito Santo e que façam a obra de Deus debaixo do poder do Espírito. A ordenança bíblica é que nos sujeitemos a Deus e que resistamos pela fé ao diabo, e assim ele fugirá de nós. 16 Esta é a única forma de nos guardarmos das suas operações enganosas. E não seria lícito ou aprovado por Deus que temêssemos nos aproximar em espírito do Santo dos Santos para adorá-Lo, para não ficarmos expostos a qualquer aproximação do Inimigo. Ele sempre tentará fazer isto quando achar oportuno, tal como fez nos dias de Jó quando se aproximou do céu quando os filhos de Deus foram ter com Ele. O diabo anda em derredor buscando a quem possa tragar. Esta é a verdade bíblica do que temos que experimentar neste mundo. Não adianta portanto tentar fugir desta realidade, senão enfrentá-la revestidos com toda a armadura de Deus, e depois de tudo vencermos, permanecermos firmes e inabaláveis. 17 Os Que Causam Divisão no Corpo de CristoA unidade da Igreja pela qual nosso Senhor Jesus Cristo intercedeu com as palavras de João 17, é de santificação na verdade, verdade esta que Ele definiu como sendo a Palavra de Deus. E na Palavra aprendemos que esta unidade é sobretudo de amor, de fé, do Espírito Santo, e de doutrina dos apóstolos (Ef 4.13-18). Então quando se fala em divisões no Corpo de Cristo (Igreja), que unidade está sendo dividida do ponto de vista de Deus? A de formação de novas denominações ou de congregações cristãs? É evidente que não, porque o Cristianismo conta com milhares de denominações e congregações espalhadas em todo o mundo, e o seu caráter é expansionista, em obediência à ordem do Senhor de os cristãos fazerem discípulos em todas as nações. A unidade de uma igreja mundial é possível, mas nas bases do modo como ela é definida pelo Senhor da Igreja, e não pela conveniência dos homens ou de instituições que atuem fora dos critérios bíblicos. Dizemos que é possível uma unidade mundial, mas somente entre aqueles que estão unidos a Cristo e guardam os seus mandamentos, porque todos que seguem a norma bíblica, formam um só espírito entre si, e com o Senhor Jesus Cristo, num só corpo do qual Ele é a Cabeça. 18 Agora, unidade pela via institucional, organizacional, ou mesmo local, nunca foi e jamais será possível, porque, como dissemos, há milhões de congregações locais espalhadas por todo o mundo, e como poderia ser obtida uma unidade baseada em convivência com todos e em todas as partes? Nem mesmo de forma virtual pela Internet isto seria possível. E isto não é possível até mesmo em cada denominação, uma vez que é formada por várias congregações. A unidade da Igreja é de caráter de união na diversidade, e como se vê na Palavra: em bases espirituais (porque o espírito não está sujeito a tempo e a espaço), de amor, que é o cimento que nos une como membros de Cristo num só corpo; e é também de fé e de doutrina (por obediência aos mandamentos de Cristo, conforme revelados na Bíblia). Os que são contra isto, estão divididos, e causam divisões no Corpo de Cristo, independentemente de estarem associados a uma congregação local ou por frequentarem regularmente as reuniões de culto público, seja em congregações institucionais, ou em lares, ou seja onde for, porque pecam contra a forma de unidade que foi estabelecida por Deus. 19 Desde Já Aperfeiçoados Jesus nosso grande Sumo Sacerdote está trabalhando agora para manter a paz e a aplicação da graça em nós. Observe que Rom 5.10 afirma que agora, muito mais, já tendo sido reconciliados, seremos salvos pela vida de Jesus. Fomos reconciliados pela morte so Senhor e estamos sendo salvos pela Sua vida. Se a morte do Salvador pôde nos redimir quanto mais a Sua vida não poderá nos guardar? Este é o grande trabalho sacerdotal de Jesus. Ele intercede continuamente em nosso benefício junto ao Pai. Paulo afirma em II Tim 1.12 que estava persuadido de que Deus é poderoso para guardar o seu depósito até o dia da sua chamada à glória celestial. Lemos em Heb 10.14: “com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados.”. Esta oferta referida é o sacrifício que fez de si mesmo, na cruz, por nós. E em Heb 10.10: “Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.”. Por uma única oferta temos sido santificados para sempre. Ele nos aperfeiçoou para sempre. Nele estamos aperfeiçoados como se diz em Col 2.10. 20 Isto é verdadeiro mesmo aqui na terra, onde estamos sujeitos ainda a muitas imperfeições, porque nossa justificação e regeneração foram atos perfeitos e completos de Deus. A nova natureza que recebemos na conversão está perfeita em todas as suas partes, é uma nova vida que deve ser desenvolvida. Não está perfeita no desenvolvimento, mas é perfeita na sua condição de incorruptibilidade e santidade. O perdão dos nossos pecados foi também perfeito e completo. Por isso se diz o que encontramos em Rom 8.31 a 39. O texto é longo e por isso não o estamos citando aqui, mas é muito importante que você o leia e veja ali apontadas as consequências da justificação, de não podermos mais ser acusados, condenados e separados do nosso relacionamento com Deus através de Jesus Cristo. 21 Abençoados para Sempre A salvação não é somente para este tempo, mas sobretudo para a perfeição em glória na eternidade. Foi para isto que Deus nos salvou. Como deixaria pois de concluir a Sua obra iniciada na justificação e na regeneração? (Fp 1.6). Como poderia o Criador de todas as cousas, para o qual tudo é possível, ser frustrado naquilo que planejou no Pacto, feito antes da fundação do mundo? Nem o pecado foi impedimento para a realização de Sua vontade de ter muitos filhos semelhantes a Cristo. Isto não depende de nós, de modo algum e também não é por meio de nós, mas exclusiva e totalmente por meio da Sua soberana vontade que tem sido cumprida através de Cristo. Este é o verdadeiro evangelho, porque está em conformidade com o ensino de Jesus e dos apóstolos. O modernismo evangélico adulterou a mensagem e ofendeu a soberania divina na salvação, e não são poucos por isso, que pregam que a salvação é conquistada pelas obras do homem, em cooperação com a vontade de Deus. Somos salvos para as boas obras, não pelas boas obras. 22 Não é a santificação que cobre a multidão dos meus pecados. Mas o ato de Deus em Jesus Cristo da redenção dos meus pecados na cruz. Não é o meu esforço que me torna justo aos olhos de Deus, mas a justiça de Cristo com a qual fui vestido na justificação. Deus se agrada do nosso esforço na prática da justiça, mas não é isto de modo nenhum o que nos justifica, e nem o que nos torna agradáveis e aceitáveis a Ele, isto decorre simplesmente dos méritos de Cristo. É simplesmente por causa de Jesus e da justificação que obtivemos por meio dEle, pela graça, mediante a fé, que somos agradáveis a Deus. É pela fé nEle, que podemos nos aproximar do Senhor e sermos santificados. É o sangue dEle que nos perdoa os pecados e purifica de toda injustiça. É por ser nosso Advogado e Sumo Sacerdote que temos paz com Deus, que podemos sentir a Sua Santa presença. Maldito sentimento portanto, é o de justiça própria que acaba nos afastando de Deus, tanto quanto o fariseu da parábola. Tenhamos a mesma atitude do publicano para o bem das nossas almas e progresso verdadeiro em santificação. A graça é concedida a quem se humilha, que reconhece que tudo está em Cristo, e que tudo procede dEle em relação à nossa salvação, 23 crescimento espiritual, paz no relacionamento com Deus, santificação etc. Lembremos que Deus não somente deixa de conceder graça ao soberbo, como também lhe resiste. 24 Cobre como as Águas do Dilúvio Lemos em Judas 24: “Ora, aquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória,”. Deus é poderoso para guardar o cristão de tropeços e conduzi-lo em segurança à Sua glória eterna. É isto que o texto de Judas afirma. O fato de a graça ter superabundado onde abundou o pecado é a verdade por meio da qual somos salvos. Porque mesmo depois de convertidos, ainda estamos sujeitos ao pecado, e se não houvesse uma graça superabundante para cobrir os nossos pecados, nenhum de nós poderia ser salvo. Isto é como as águas do dilúvio nos dias de Noé que cobriram todos os montes. A graça cobre nossas montanhas de pecados, que pode não ser aos nossos olhos, mas aos olhos de Deus são verdadeiras montanhas, porque Ele considera pecado o que fazemos e o que deixamos de fazer, seja grande ou pequeno, e mais do que isso leva em conta a intenção do nossocoração, nossos pensamentos, imaginação etc. O cristão, por mais consagrado que seja, aos olhos de Deus está cheio de pecados. Mas, de onde lhe vem a santidade em que vive, a paz que sente no seu coração, a alegria em sua 25 alma, senão da graça de Jesus, que o purifica de tudo o que desagrada a Deus. 26 Resgatados da Ira e da Maldição Lemos em Ef 2.14: “Porque ele é a nossa paz”. Jesus mesmo é a nossa paz. Enquanto Ele viver, Ele manterá este relacionamento de paz. Deus ficou satisfeito com o sacrifício de Cristo pelos nossos pecados. Sua ira em relação aos justificados se foi, eles têm paz e nada pode mudar este relacionamento. Lemos em Hb 8.12: “Pois, para com as suas iniquidades usarei de misericórdia, e dos seus pecados jamais me lembrarei.”. E por quanto tempo isto durará? Para sempre. Por que? Porque Cristo satisfez a ira de Deus. Dizer a qualquer cristão verdadeiro que ele pode perder sua salvação é dizer uma de duas coisas ou ambas: o trabalho de Cristo na cruz não foi suficiente ou o presente sumo sacerdócio de Cristo também não é suficiente. Todavia não há nada de maior suficiência em todo o universo, porque é por meio de Cristo que tudo o que existe permanece sustentado pela palavra do Seu poder, que jamais passará. A salvação não vem de nós, ela é um dom gratuito e imerecido que recebemos por causa de Cristo. É por meio dEle, e dEle somente que tivemos acesso a essa graça maravilhosa e profunda que nos salva (Rom 5.17). 27 O Único Salvador Eficaz Todos nascemos debaixo da condenação divina por causa do pecado original. Ninguém precisa fazer qualquer coisa boa ou má para ir para o inferno, porque já nasce condenado. Um só pecado sujeitou todo universo à maldição e à morte. Quem pois pode ser salvo pela sua própria capacidade e poder de permanecer firme diante de Deus, sem cometer um só pecado? Pois esta seria a condição exigida para alguém ir para o céu sem necessitar da salvação que é pela fé em Cristo Jesus. Devemos abominar todo tipo de pecado, devemos mortificar o pecado, mas não podemos ser ingênuos a ponto de pensarmos que há um grau de santidade que é o que nos dá a salvação, porque, como bem sabemos, não há quem não peque, e se dissermos que não temos pecado, como afirma o apóstolo João, mentimos e a verdade não está em nós. Necessitamos portanto, desesperadamente, de um Salvador eficaz, que nos livre da ira de Deus contra o pecado, e que nos leve a satisfazer inteiramente a exigência da Sua perfeita justiça. E temos este Salvador somente em nosso Senhor Jesus Cristo. 28 Aceitos por Causa da Justificação A Bíblia ensina claramente que a carne é inimizade contra Deus. Que aquele que ama o mundo é inimigo de Deus. Éramos seus inimigos porque não éramos justos aos seus olhos de perfeita justiça e santidade. E mesmo nos cristãos, que vivem na carne, há guerras, lutas, divisões, contendas, porque a falta de santificação impede um relacionamento pacífico, harmonioso, em unidade em amor. Mas, mesmo nestes, por causa de Jesus Cristo, a guerra relativa à sua inteira aceitação por Deus acabou, porque são completamente justos aos seus olhos pela salvação que obtiveram em Cristo e que lhes deu acesso à glória da perfeição que terão no céu. Podem portanto viver e agir como inimigos de Deus, amando o mundo e dispondo suas energias para a carne, e certamente serão por Ele disciplinados, mas são agora filhos amados, por causa da justificação gratuita que receberam pela misericórdia de Deus em Cristo Jesus. Foi por conhecer isto e por viver isto, que Paulo se dirigia aos cristãos carnais coríntios, chamando-os de filhos amados, mesmo quando muitos deles estavam sendo disciplinados com enfermidades e até a morte física, que procedia de Deus, em razão da sua carnalidade ostensiva, 29 e que renitentemente, muitos deles se recusavam a abandonar. O nosso coração está corrompido e é ele a fonte do pecado. Pecadinhos ou pecadões cheiram mal nas narinas perfeitamente santas de Deus. Todos somos condenáveis sob a Sua perfeita e inflexível justiça. Somos livrados desta condição somente por causa de Jesus Cristo. 30 Unidos para Sempre Muitos têm noções vagas sobre o assunto da eleição, da justificação, da regeneração e da santificação, conforme são na verdade, e já revelados na Palavra, mas ao mesmo tempo têm também um parecer final sobre o modo de se obter ou de se manter a salvação. Todos de uma forma ou de outra, têm sua própria opinião sobre o assunto. Mas a nossa opinião não pode mudar em nada a verdade que foi estabelecida por Deus, relativa à nossa salvação, antes mesmo que houvesse mundo, no Pacto eterno havido na Trindade. O elo que nos liga a Cristo está citado em Rom 5.1: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;” Podemos ler em outras palavras: “tendo sido declarados justificados por Deus, mediante a fé em Cristo, nos encontramos reconciliados com Deus, exclusivamente por causa da mesma fé em Jesus.” Assim, pela santificação mantemos nossa comunhão com Deus, mas não a nossa reconciliação, porque já estamos reconciliados com Ele por causa da justificação. 31 É importante que saibamos isto: somos aceitos, amados e tornados filhos de Deus pela justificação que recebemos em nossa conversão, quando nos arrependemos e cremos em Cristo. E isto de uma vez para todo o sempre. 32 Reconciliados pela Justificação Em Romanos 5 Paulo apresenta grandes elos da corrente que ligam o cristão ao Salvador. Se estudamos e compreendemos realmente estes elos, percebemos que estamos ligados a Jesus para sempre. Isto é uma coisa maravilhosa para se saber. Deus não nos chamou para vivermos em eterna insegurança, pois se tememos perder a salvação na terra, pelo argumento do livre arbítrio, continuaríamos a temer então, para sempre também no céu. O amor lança fora o medo. Somos chamados à certeza, à convicção, de outro modo, a paz com Deus referida em Romanos 5.1, que obtivemos pela justificação não poderia ser perfeita. Por isso, a justificação é uma obra acabada e perfeita. A nossa santificação sempre será uma obra inacabada neste mundo. É por ela que estamos sendo tornados semelhantes a Cristo. É um contínuo caminhar. É um progresso em despojar-se do velho homem e revestir-se do novo. Não há portanto, um padrão definido de santificação estabelecido por Deus para que em sendo atingido, poderíamos dizer que estamos salvos. Por isso que se diz que a reconciliação com Deus foi obtida e será mantida pela nossa justificação, e não pela santificação (Romanos 5.1). 33 Uma das coisas que Satanás costuma atacar no cristão é este ponto da segurança da sua salvação. Satanás adora lançar dúvidas sobre nossa redenção. É por isso que se diz em Efésios 6, que se coloque o capacete da salvação, e em I Tessalonicenses 5.8 refere-se à couraça da fé e como capacete a esperança da salvação, e no verso 9 afirma a razão disto: porque o cristão não foi destinado por Deus para a ira, mas para alcançar a salvação por meio de Jesus. Em outras palavras, o cristão não será condenado, mas salvo por Deus. Não está mais sujeito à ira de Deus, por causa de Jesus. A esperança da salvação não é incerta, mas segura. É algo em que o cristão deve confiar inteiramente, qual capacete que protege sua cabeça dos dardos inflamados de dúvidas que lhes são lançados por Satanás. 34 Segurança Eterna Satanás trabalha para que o cristão não saiba ou duvide que se encontra firme para sempre nas mãos de Deus, como se afirma em Romanos 5.2 e em muitas outras passagensbíblicas. É impressionante como ele consegue cegar o cristão para as afirmações feitas pelo próprio Jesus, tais como esta que encontramos em Jo 10.27-29: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, eternamente, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar.”. Ah, como isso fere ao diabo, saber que Ele não poderá ter no inferno a nenhum dos que Jesus genuinamente justificou e regenerou. Por isso ele trabalha para infundir a dúvida no cristão, de que pertence realmente a Deus para sempre, e que Deus o aceita completamente como filho, apesar de suas imperfeições e limitações. O diabo deseja que você creia que de alguma forma, você pode perder sua redenção e ele soprará sobre você para que se sinta inseguro e intimidado. Por isso você deve colocar o capacete da esperança da salvação. Esta esperança significa que você pode aguardá- la como coisa segura e certa, porque Deus é fiel 35 para cumprir a promessa de salvá-lo eternamente e de que ninguém tirará você das mãos de Jesus e das mãos do Pai, como se lê em Jo 10.27-29. A própria igreja pode disciplinar um cristão excluindo-o da comunhão, e assim ficará sujeito aos ataques de Satanás que visarão à destruição da sua carne, mas este não poderá causar qualquer dano ao seu espírito, que será salvo no dia do Senhor, porque a Palavra afirma que um genuíno cristão (justificado e regenerado) não pode ser mais tocado pelo maligno. Isto é, o diabo não o terá consigo no inferno. 36 O Atalaia Se o atalaia de Deus não pregar o evangelho e não der o sonido certo da trombeta para alertar os pecadores do juízo que lhes aguarda e caso não se convertam dos seus pecados para Deus, ele será considerado responsável pelo sangue dos que perecerem pela falta do atalaia no cumprimento do seu ministério. Ainda que tais pessoas que se perdem não estivessem marcadas para a vida eterna, o atalaia será considerado culpado da perda delas caso pereçam sem terem ouvido a verdade que cabia a ele lhes anunciar. Certamente com isto, Deus quis deixar garantida a necessidade de esforço para a pregação do evangelho, porque é por meio disto que os eleitos são salvos. Se não houvesse este peso de responsabilidade de responder até mesmo pelas vidas daqueles que se perderiam ainda que debaixo da pregação, é possível que muitos cristãos se acomodassem na sua obrigação de pregar o evangelho a todos. Assim Deus lhes impôs este peso de responsabilidade, na consideração da culpa deles de se omitirem deste dever, de maneira, que tenham temor e se apliquem a cumprir a sua missão de atalaia no mundo. Em Atos 20.26,27 nós lemos: “26 Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos. 27 Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus.” 37 Crisóstomo disse que somente alguém como Paulo poderia fazer uma declaração como esta, e daí nós percebemos o peso da grande responsabilidade que está sobre os ombros dos servos de Deus em anunciar a verdade do evangelho a todos os homens. O sangue tipifica a vida nas Escrituras, e o fato de ser culpado do sangue seria então um modo de se referir à culpa pela perda da vida de alguém. A expressão em sentido evangélico aponta para o fato de se omitir no dever de dar testemunho do evangelho, condição esta que será considerada por Deus como sujeita ao Seu juízo quanto a ser atalaia infiel julgado como culpado por aqueles que se perdem sem que tivessem sido avisados por ele da necessidade de conversão para ser livrado da condenação eterna. Paulo disse que não veria mais os efésios porque havia cumprido totalmente o trabalho de pregar o evangelho a eles, indo de casa em casa anunciando a Cristo, e que agora, ele sabia, pelo Espírito que deveria cumprir o mesmo dever em outras localidades porque já havia cumprido a sua missão em Éfeso, e nada mais tinha que fazer junto a eles, pessoalmente. Nós devemos pensar frequentemente nisto, que aqueles que agora estão pregando para nós o reino de Deus serão removidos brevemente e nós não veremos nunca mais as faces deles. Os profetas vivem para sempre? Ainda que por breve tempo a luz deles esteja conosco; nós 38 devemos nos empenhar para melhorar aquilo que nós já possuímos e as graças e os dons espirituais que eles compartilharam conosco, de maneira que embora não os vejamos mais aqui na terra, nós podemos esperar contemplar as faces deles com conforto naquele grande dia em que todos estaremos reunidos com o Senhor na glória. Que todo cristão portanto, e especialmente os ministros do evangelho sigam o exemplo de Paulo quanto a não serem achados culpados diante de Deus pela ruína de qualquer alma preciosa, de maneira que sejam achados limpos do sangue de todos os homens, ou seja, da vida das almas. Este dever de dar testemunho da verdade foi imposto por Deus a todos os seus servos desde o princípio do mundo, conforme podemos ver nas palavras de Ezequiel 33.6: “Mas, se quando o atalaia vir que vem a espada, e não tocar a trombeta, e não for avisado o povo, e a espada vier, e levar uma vida dentre eles, este tal foi levado na sua iniquidade, porém o seu sangue requererei da mão do atalaia.” (Ez 33.6). O atalaia fiel poderá dizer aos que se perderam debaixo do seu testemunho: “você se recusou a se converter, mas eu dei o aviso, de maneira que o sangue de qualquer homem não pode ser posto na minha conta.”. Um ministro fiel do evangelho deve portanto se aplicar à pregação e ensino da genuína Palavra de Deus, de forma que esteja puro do sangue de 39 todos os homens, por ter dado testemunho da verdade. Ele sabe que lhe está imposto o dever de pregar o evangelho, e sabe que o sangue daqueles que perecem cai sobre as próprias cabeças deles porque apesar de terem sido advertidos eles não lhe deram ouvidos. Foi exatamente isto o que se deu com Paulo quando pregou aos judeus de Corinto que haviam rejeitado o evangelho. Ele lhes disse: “ Mas, resistindo e blasfemando eles, sacudiu as vestes, e disse-lhes: O vosso sangue seja sobre a vossa cabeça; eu estou limpo, e desde agora parto para os gentios.” (At 18.6). Paulo declarou a eles ter cumprido o seu dever para com eles e que os deixaria perecer na incredulidade deles. Paulo tinha sido impulsionado em seu espírito a pregar Cristo a eles (v.5), mas eles não somente O rejeitaram como também blasfemaram (v.6), motivo pelo qual Paulo lhes disse que se voltaria para os gentios. Paulo tinha feito a sua parte e estava limpo do sangue das almas deles, porque tinha, como um atalaia fiel, advertido a todos eles, e assim, livrou a sua própria alma de qualquer juízo de Deus. Os judeus não podem reclamar porque a oferta da graça do evangelho foi feita primeiramente a eles. E de igual modo não podem reclamar todos aqueles que tanto entre judeus e gentios, ainda hoje recusam aceitar a salvação que está sendo pregada pelos atalaias fiéis do Senhor. Não importa quantos sejam os recusadores, porque 40 estamos avisados que os últimos dias seriam como os dias de Noé, em que as pessoas se recusavam a dar ouvidos à verdade e se arrependerem de seus pecados, mas Noé cumpriu fielmente o seu ministério de pregoeiro da justiça, mesmo em face do endurecimento de toda aquela geração que pereceu no dilúvio. Cumpramos portanto fielmente o nosso dever de atalaias de Deus e estaremos com isto livrando a nós mesmos de sermos achados culpados diante de Deus pelos que se perderam sem que ouvissem dos nossos lábios o testemunho da verdade. 41 Melhor do Que Comida e Bebida O trabalho que Jesus fazia para o Pai era a Sua comida e bebida. Não há nenhum prato mais saborosode comida deste mundo que possa sequer ser comparado à delícia que é a salvação de almas e poder dar testemunho da Palavra no poder do Espírito. Na verdade, enquanto estamos debaixo desta influência e poder não temos qualquer interesse no mais fino dos manjares ou qualquer outro bem deste mundo, porque nada se iguala à manifestação do poder do Espírito em nossas próprias vidas, e na daqueles que podem participar disto em comunhão conosco. E foi por este motivo que Jesus incentivou os discípulos a terem o mesmo prazer e diligência no trabalho dEle, que era também o trabalho deles. Eles, tal como nós estamos incumbidos de pregar o evangelho e tornar o Messias conhecido nos corações, pela conversão dos pecadores. E assim como o lavrador espera pela colheita, de igual modo os que são cooperadores de Deus na Sua lavoura, também devem semear e ceifar. E neste trabalho de evangelização um é o que semeia e outro é o que colhe. Muitos semeiam com orações e pregações, e outros colhem com o ensino da Palavra e organização dos discípulos na igreja visível de maneira que eles possam cumprir os seus deveres de adoração e prática da Palavra. 42 A mulher samaritana havia feito o trabalho de evangelização que os próprios discípulos não haviam feito em Samaria, e agora, cabia a eles, firmar aqueles discípulos na verdade e orientá- los sobre o modo como deveriam viver para o inteiro agrado de Deus. Assim, eles estariam ceifando as almas que a mulher samaritana havia plantado com o seu testemunho e evangelização. E para esta colheita de almas não há necessidade de se esperar meses como ocorre com a colheita de cereais. O campo estará sempre pronto para ser ceifado porque Deus não somente nos prometeu uma colheita todos os anos, mas todos os meses, semanas e dias. Sempre é tempo de se colher na Sua lavoura espiritual de Deus. 43 Por que se Torna Difícil se é Tão Fácil? “Romanos 3:10 como está escrito: Não há justo, nem um sequer,” “Eclesiastes 7:16 Não sejas demasiadamente justo, nem exageradamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo?” Concentremos nossa maior atenção nestas duas citações bíblicas acima destacadas. As duas se complementam quanto à advertência de Deus para nós, para que possamos ser justificados e salvos. A primeira afirma expressa e categoricamente qual é a condição natural de qualquer pessoa perante a exigência da santa e perfeita justiça de Deus: “não há justo, nem um sequer”. A segunda, é expressada em forma de ordenança para que evitemos o único e grande mal que pode nos impedir de sermos justificados e salvos por Deus, a saber, nos considerarmos justos e sábios, em demasia, perante ele, ou seja, julgarmos que lhe somos aceitáveis em razão da nossa própria justiça e sabedoria. Assim, apesar de a salvação, a justificação, serem oferecidas gratuitamente, e mediante o 44 arrependimento e a fé, não sendo impostas por Deus quaisquer outras exigências ou possíveis dificuldades, a sua obtenção se torna muito difícil, não da parte de Deus, mas das próprias pessoas, que se recusam a crer que não possam ser salvas por sua justiça própria. Por natureza, não amamos a Deus e nem os seus mandamentos. E não há em nenhuma pessoa, a capacidade de passar todo o curso de sua vida neste mundo, sem cometer um único pecado que seja, porque por um único pecado a justiça de Deus demanda a nossa condenação eterna. Não podemos esquecer que a maldição da terra foi decorrente de uma só transgressão do primeiro casal criado. Mas não serão argumentos verdadeiros da Bíblia, que poderão, de per si, remover o endurecimento do pecado que nos cega, e que nos impede que, por nós mesmo sejamos convencidos da nossa real condição diante da justiça de Deus. Por isso necessitamos do trabalho de convencimento do Espírito Santo, sem o qual não podemos aceitar e confessar que somos pecadores que necessitam da justiça de Cristo, para que, pela fé nele, possamos ser salvos. 45 Estou escrevendo tudo isto, não em forma de dissertação teológica, mas por estar contemplando este comportamento em pessoas amadas, que se encontram em idade muito avançada, e que não confessaram a Cristo como Senhor e Salvador de suas vidas, justamente por terem vivido de forma honesta, caridosa, amigável, e que por isso, consideram que não necessitam de qualquer outra justiça, além da própria, para irem para o céu, depois da morte. Importa viver de modo justo e santo, mas sempre reconhecendo que não há em nós mesmos, qualquer justiça que possa nos recomendar à salvação eterna. 46 Deus nos Guarda do Mal Para o propósito de se prevenir do grande mal do mistério da iniquidade, que pelos séculos vem assolando a Igreja e que tem se intensificado nos nossos dias, o apóstolo nos mostra o antídoto no terceiro capítulo de 2 Tessalonicenses. Primeiro de tudo orando para que a Palavra do Senhor, isto é a palavra da verdade do evangelho, seja propagada e glorificada, tal como Paulo havia pedido aos tessalonicenses para que orassem por ele para tal propósito (v. 1). O erro e a mentira são vencidos com a verdade. Também orando para que sejamos livres da ação dos homens que são perversos e maus, sabendo que a fé não é de todos, isto é, há pessoas que sempre estarão neste mundo a serviço do mistério da iniquidade, e devemos não somente nos acautelar deles, como também pedir a Deus que nos livre da ação deles, que possa neutralizar o nosso testemunho, ou nos conduzir ao engano (v. 2). Nós devemos orar para que as oposições à pregação do evangelho sejam removidas, e ele tenha livre curso aos ouvidos e às consciências e aos corações das pessoas. Deus é poderoso para nos confirmar na fé e nos guardar do maligno, assim como estava confirmando e guardando os tessalonicenses (v. 3). 47 É sabendo isto e confiando nisto que devemos nos entregar à prática da oração incessante em favor dos santos. Além da oração, nos preveniremos do mal que se multiplica ao nosso redor no mundo à medida que o tempo avança, obedecendo as ordenanças que encontramos na Palavra de Deus, especialmente aquelas que nos foram passadas pelos apóstolos de Cristo (v. 4). 48 Consagração Não fomos salvos por Cristo para vivermos para nós mesmos, senão para Ele, para fazer a Sua vontade, mas não poderemos fazer isto caso não nos neguemos a nós mesmos pela permissão voluntária do trabalho da cruz sobre as nossas vontades, sentimentos, emoções e tudo o mais que se refira às faculdades da alma. Se não houver consagração da vida ao Senhor, pouco ou nada adiantará conhecer estas verdades, porque elas são descobertas e vividas somente quando decidimos viver inteiramente para o agrado do Senhor, fazendo a Sua vontade. O Senhor jamais revelará a beleza da Sua santidade, e as coisas maravilhosas que existem no Seu tesouro espiritual escondido, àqueles que vivam contrariamente às Suas ordenanças. Alguém que nunca almejou ser santificado, purificado, impulsionado pelo Espírito ao serviço do Senhor, jamais sentirá sequer o cheiro destas coisas celestiais, espirituais e divinas. O mistério do Senhor é revelado àqueles que andam segundo o Espírito, e não segundo a carne. Os que andam no Espírito farão proezas em Deus, verão as coisas invisíveis do Seu reino, e alcançarão bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo, e serão capacitados a fazer a Sua obra da maneira correta, ainda que debaixo das maiores fraquezas e aflições. 49 Onde os valentes deste mundo teriam desistido e parado, o cristão fiel prosseguirá com firmeza e poder até mesmo em face da morte, porque não é na sua própria força e capacidade que fará o que lhe for determinado por Deus, mas na forçaque o Espírito supre aos que colocaram suas vidas no altar do Senhor. Então, crescer e amadurecer, espiritualmente, é um imperativo necessário para todos os cristãos que pretendam serem achados vivendo de modo agradável a Deus. 50 Amar a Deus Acima de Tudo Jó foi dado a nós como exemplo de perseverança, de paciência nas tribulações, para que não desmaiemos e desistamos de seguir ao Senhor e de fazer a Sua vontade, ainda que venhamos a perder tudo o que prezamos como sendo coisas de valor necessárias a nós, como nossos filhos, bens, saúde, amizades, e tudo o mais que se possa referir. Se Deus permitir que sejamos despojados destas coisas nós devemos tal como Jó, perseverar em amar ao Senhor e a depender e a confiar nEle, ainda que se levante para nos demandar a nossa própria vida. Então a vida cristã é uma chamada não para vivermos segundo a sabedoria deste mundo, mas uma renúncia de nós mesmos, de nossas vontades, para que Cristo faça a Sua vontade através de nossas vidas. Daí a necessidade da auto negação que Ele nos impõe, para que possamos segui-lO e ser usados por Ele. A única e verdadeira vida que há de permanecer para toda a eternidade, em alegria indizível, é conquistada pela perda da vida segundo a carne, segundo a mente do homem natural, segundo nossas próprias deliberações. Jesus disse que aquele que não renunciar a tudo quanto tem não pode ser Seu discípulo, porque enquanto estiver apegado a qualquer pessoa ou bem deste mundo, não poderá estar disponível 51 para segui-lO e fazer a Sua vontade, porque estas coisas haverão de prendê-lo e impedirão que obedeça àquilo que lhe está sendo pedido pelo Senhor. Em seus sofrimentos, como justo sofredor, Jó aprendeu ainda mais a viver pela fé. Ele percebeu que todas as coisas do mundo são passageiras, e que somente em Deus existe a verdadeira eternidade. Os seus olhos espirituais foram abertos para poderem enxergar esta grande verdade, e a viver, desde então somente para o inteiro agrado do Senhor. Ele conheceu de modo prático, em sua aflição, o que é a longanimidade, a paciência, o amor, a bondade, a fidelidade, o domínio próprio, conforme se encontram na natureza de Deus, em sua própria experiência pessoal, em tudo o que aprendeu e incorporou ao seu próprio caráter, em tudo o que sofreu. 52 Não de Tristeza Mas de Alegria Alguém disse apropriadamente que somente falar da virtude não é ser virtuoso. Se o Logos fosse apenas palavra, seria possível pensar que não houvesse uma correspondência entre o que se afirma e a realidade. Por isso, ao ter falado que o Verbo se fez carne, o apóstolo se apressou em apresentar uma definição mais clara daquilo que havia afirmado dizendo que Deus é luz e que não há nEle qualquer treva (I João 1.5). O verdadeiro conhecimento de Deus é feito na luz. Não numa luz exterior, mas na luz que é o próprio Deus. O apóstolo quis mostrar o caráter deste conhecimento de Deus, que é obrigatoriamente em comunhão com Ele, porque é nEle que temos a luz necessária para conhecê-lo pessoalmente. Fora dEle há trevas espirituais. Não há qualquer possibilidade de um verdadeiro conhecimento de Deus sem a iluminação do Espírito Santo, portanto é preciso que permaneçamos nEle, para que Ele também permaneça em nós. É na união do Espírito Santo com o nosso espírito que podemos ter o conhecimento por Sua revelação ao nosso espírito, das coisas espirituais que estão na pessoa de Deus, e que se discernem somente espiritualmente. 53 Uma das principais coisas que os apóstolos viram em relação à manifestação da vida eterna, por meio de Cristo, é que a comunhão com Ele e com Deus Pai gera a mais pura alegria espiritual (Jo 1.4). Todos os que andarem na luz e que tiverem comunhão com Deus haverão de experimentar esta alegria. A dispensação do evangelho não é uma dispensação de terror e de tristeza, mas de paz e de alegria. O terror que havia no Monte Sinai não existe para aqueles que se aproximam do monte Sião, porque aqui não se recebe a Lei escrita em tábuas de pedra, mas escrita no novo coração, recebido na regeneração pelo Espírito Santo. 54 Orar sem Cessar A ordenança bíblica de orar sem cessar, refere- se a algo como reter o espírito de oração e contentamento no Senhor, conforme ele nos ensinou a fazer, e como o confirma o apóstolo Paulo em I Tes 5.17. Tenho feito assim ao longo dos anos, e não consigo ficar sem ter o meu pensamento sempre elevado a Deus, colocando diante dele, a revista de tudo aquilo que penso e faço, e até mesmo o que deixo de fazer. É como escovar os dentes. Adquirimos o hábito, e não conseguimos mais viver sem aquilo com que nos habituamos. Mas todo hábito precisa ser exercitado até que seja consolidado. Era isto que nosso Senhor queria nos ensinar com o "sem cessar". Ou seja: sem interromper o hábito que estávamos adquirindo, porque uma vez que ele for formado, dificilmente o deixaremos. Se deixarmos de alimentar a fogueira espiritual com a lenha da oração, o fogo se apagará. Então sem cessar é também não parar. Não interromper esta atitude de sempre orarmos, ao longo de todo o curso de nossa vida neste mundo. Sem isto, será impossível estarmos empenhados em alguma obra de Deus (ministério, serviço, dons). 55 Fugindo do Evangelho do Terror Se meus filhos se aproximassem de mim, sempre tremendo de medo, por causa de possíveis castigos que poderiam receber de minha parte, por me desobedecerem em algo... Se sempre se apresentassem cabisbaixos, tristes, preocupados, e temendo se aproximarem de mim por causa do grande medo que a minha pessoa lhes infundisse... qualquer pessoa com um mínimo de bom senso poderia concluir que algo de muito estranho estava ocorrendo neste tipo de relacionamento paternal e filial. Todavia é o que sucede a muitos cristãos em relação ao seu Pai comum que é o Senhor, porque vivem debaixo de um evangelho que consiste basicamente em ameaças, atos legalistas, e toda sorte do que poderíamos classificar de teologias nervosas e desesperadas, de pregadores que sentem por si mesmos, que servem a um Deus implacável e cruel, pronto a retribuir prontamente a qualquer pecado que for cometido, ainda que involuntariamente. Justificam ao Senhor condenando a si mesmos e a todos os demais pecadores. Afligem suas almas com o chicote da flagelação, pensando que com isto poderão agradar a Deus. O temor e tremor com o qual devemos andar diante do Senhor, é de respeito reverente à Sua elevada, honrada e exaltada Pessoa Divina. 56 É um temor de admiração, de adoração, de amor que nos constrange a buscar viver de modo santo na Sua presença. Sabedores que, ainda que por mais que tentemos viver de modo aprovado em tudo (ações, pensamentos, palavras), sempre haverá alguma fumaça no nosso fogo santo, todavia, pela sinceridade de nosso arrependimento e confissão, o Deus de amor que servimos, preservará, pela Sua exclusiva graça, a nossa comunhão de amor, alegria e paz com Ele, em todas as circunstâncias. 57 Ama Pecadores Mesmo! O Espírito Santo se compraz em habitar em almas ofensivas como as nossas, e disso deveríamos aprender a ter a mesma disposição que a dele. A graça não reside em almas perfeitas neste mundo. Lembremos sempre disto. Como nenhum cristão se encontra em estado de perfeição absoluta deste outro lado do céu, então nós temos que nos exercitar sempre em espírito de misericórdia, de perdão e mansidão. Por isso, nunca devemos nos julgar, de acordo com os nossos sentimentos presentes, porque nas tentações nós veremos muita fumaça desprendendo de pensamentos incorretos. Nós devemos nos precaver do falso raciocínio, porque nosso fogo não é como o dosdemais, ou então por parecer que não há qualquer fogo em nós. As portas de Jerusalém estavam queimadas, mas Deus providenciou para que fossem restauradas através de Neemias, de forma que erraram todos aqueles que pensavam que Jerusalém permaneceria sem portas para sempre. Devemos lembrar que estamos na Aliança da Graça, em que nem toda medida é como fogo pleno, pois há muita faísca, que deve ser também vista como chama. 58 Todos os cristãos têm a mesma fé preciosa (II Pe 1.1) por meio da qual obtiveram a perfeita justiça de Cristo. O evangelho é uma moderação misericordiosa, em que a obediência de Cristo é estimada como sendo a nossa (Rom 5.19). 59 Amor Restaurador Cristo desceu do céu e se esvaziou de Sua majestade, para se oferecer a nós, como oferta suave de amor. E não desceremos de nossas elevadas vaidades para fazermos o bem a qualquer alma necessitada de salvação? Devemos portanto, nos guardar daquele espírito que em vez de exibir paciência, longanimidade, mansidão e misericórdia aos homens, demonstra fúria, exaltação e ira obstinada, ainda que em nome de fazer prevalecer a verdade. Devemos lembrar que não podemos fazer prevalecer a verdade agindo contra a verdade. E devemos nos lembrar sempre que o fruto da justiça é semeado em meio à paz, sobretudo, a paz interior dos nossos corações, enquanto ministramos. No exercício da disciplina na Igreja devemos nos acautelar para não tentar matar uma mosca na testa de alguém com um martelo. O poder que é dado à Igreja é para edificação e não para destruição. O amor cobre uma multidão de transgressões. Não foi exatamente isto que Deus fez conosco ao perdoar todos os nossos pecados, quando nos salvou em Cristo? 60 A Graça não Condena Deus não está condenando a qualquer pessoa na presente dispensação da graça, conforme afirmação de Jesus de que não veio condenar, mas salvar. A natureza de Deus é longânima, perdoadora, misericordiosa, amorosa, e por isso uma das características do amor destacada em I Cor 13.5 é que ele não é facilmente provocado, ou seja, ele não se exaspera. Deus se ira contra o pecado, mas não tem qualquer prazer na morte dos ímpios, ou seja, de todos aqueles que não Lhe amam e aos Seus mandamentos. A ira pode ser definida como uma oposição séria e violenta de espírito contra qualquer mal, real ou suposto, ou devido a qualquer falta ou ofensa, porque isto está contra a natureza do amor. Nós somos chamados por Cristo a desejar o bem e a orar para o bem de todos, até mesmo de nossos inimigos, e até daqueles que zombam de nós e nos perseguem (Mat 5:44); e a regra dada pelo apóstolo é: “Abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis.” (Rom 12.14), quer dizer, nós devemos desejar o bem e orar para o bem de todos, e em nenhum caso desejar o mal. Porque como imitadores de Deus, na busca da sua imagem e semelhança, é justamente o que 61 devemos fazer, porque isto é parte da essência divina. Dizemos que é um dever porque o evangelho veio trazer a restauração em nós, da imagem e semelhança, não com Adão, antes da queda no pecado, mas a do próprio Cristo, conforme se afirma amplamente na Bíblia. E o que temos em Cristo, quanto ao trato com as imperfeições que há na humanidade? Graça, amor, bondade, misericórdia, perdão, reconciliação, e justiça (a sua justiça que nos justifica). Os próprios juízos divinos na presente dispensação, têm em vista contribuir para a continuidade da referida restauração, e são corretivos e decorrentes da rejeição obstinada da graça que nos está sendo oferecida. As obras más ou boas de todas as pessoas serão somente passadas em revista no grande dia do Juízo Final. Por isso toda vingança é proibida por Deus, já que Ele afirma que toda a vingança lhe pertence. A regra é: “Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo: Eu sou o Senhor.” (Lev 19.18); e o apóstolo diz: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu retribuirei, diz o Senhor.” (Rom 12.19), de forma que toda a ira que contém um desejo de vingança, é contrária ao cristianismo e proibida por Deus. 62 Disto Cristo falou em Mat 5.22: “Eu, porém vos digo que todo aquele que (sem motivo) se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento;”. Se uma pessoa se permitir ficar muito tempo irada com uma outra, logo esta ira se transformará em ódio. E assim nós achamos que na verdade acontece com aqueles que retêm um rancor nos seus corações contra outros, durante semana depois de semana, e mês depois de mês, e ano depois de ano. Eles virão no fim, a odiar verdadeiramente as pessoas contra as quais se deixaram irar assim deste modo. E este é um pecado mais terrível à vista de Deus. Então, não é de se admirar que esta seja a principal estratégia do diabo para nos afastar de Deus, e para nos manter sob julgamentos em nossas almas, e ainda a ficarmos à mercê de sermos oprimidos por ele. Assim, toda vigilância e sabedoria é ainda pouco para ter um coração manso, sofredor, paciente, perdoador. E mais do que isto, necessitamos do derramar abundante do amor de Deus nos nossos corações que é operado sobrenaturalmente pelo Espírito Santo. 63 Dar a Outra Face Em I Cor 13.4 se afirma que o amor é longânimo. Com isto se afirma que o amor nos dispõe a suportar com paciência os danos e ofensas recebidos de outros. O amor cristão nos convoca a suportar danos humildemente. Então, os danos deveriam ser suportados sem fazermos qualquer coisa para nos vingarmos. Então, aquele que exercita longanimidade para com o seu próximo, suportará os danos recebidos dele sem se vingar ou retaliar, seja por meio de ações prejudiciais ou palavras amargas. Nós não deveríamos deixar de amar nosso próximo porque ele nos prejudicou. Quando permitimos que os danos que nós sofremos perturbem a nossa tranquilidade de mente, e nos coloquem num estado de excitação e tumulto, então nós deixamos de aguentá-los no verdadeiro espírito de longanimidade. Se permitimos que o dano nos descomponha e inquiete, e que nos afaste de nosso descanso interior, nós não podemos desfrutar, nem estar num estado de nos desencarregarmos corretamente de nossos vários deveres, e especialmente no que se refere aos nossos deveres para com Deus, sobretudo a oração e a meditação. 64 E tal estado de mente é o contrário do espírito de longanimidade que suporta humildemente os danos que são citados no texto. A longanimidade é uma parte essencial da natureza de Deus, e por isso somos chamados a ser também longânimos, ou seja, tardios em se irar, que é o significado desta palavra. Deste modo, nós devemos não somente suportar um dano pequeno humildemente, mas também um tratamento bastante prejudicial de outros. 65 Restaurando Almas Quebradas Quando se diz que estamos vivendo na dispensação da graça, ou da paciência de Deus, isto não significa somente que Deus esteja sendo longânimo para com os pecadores, não trazendo os seus pecados imediatamente sob juízo, como também, e sobretudo, que Ele está fazendo um trabalho paciente de restauração de pecadores, para transformá-los em pessoas santas, amorosas e justas. Isto não é um trabalho que somente Deus executa, mas todos os que têm tido um encontro pessoal com Cristo, devem aprender a realizá-lo com a mesma paciência, misericórdia e atitude perdoadora do Senhor. Trata-se de pegar os ossos quebrados das almas dos que se arrependem, e juntá-los pacientemente num trabalho longo e minucioso, que exige de nós toda paciência em amor e tolerância, e disposição para suportar tristezas, agressões, ingratidões,por parte destes que estão sendo ajudados, até vermos Cristo sendo formado neles, por uma mudança significativa do seu comportamento anterior. 66 Efeito da Palavra no Coração A Palavra de Cristo é uma palavra distintiva que separa o precioso do vil, e foi por esta Palavra que Judas ficou separado dos demais apóstolos, porque não se firmou nela. É por esta Palavra que os cristãos são santificados (João 17.17). Esta Palavra é quem purifica os nossos corações (At 15.9). É pela Palavra que o Espírito refina os cristãos de toda escória do mundo e da carne, e remove deles todo fermento dos escribas e fariseus. Quando a Palavra de Cristo habita ricamente no coração do cristão ele fica santificado por esta Palavra. Seus pensamentos são direcionados para Deus, seus objetivos de vida são centrados em Cristo, a carnalidade e todo comportamento mundano são despojados, e o lugar deles é ocupado pelo revestimento das virtudes de Cristo, em pensamentos espirituais, celestiais e divinos. O Espírito Santo se move num coração que está assim tomado pelo amor de Deus, e por sentimentos puros e elevados. O contrário disto produz uma porta aberta para as operações do Inimigo, porque ele acha um repouso seguro num coração impuro que seja dominado pelo ódio, pela inveja, ciúme, sensualidade e toda forma de obra da carne. Nós comprovamos que somos limpos pela Palavra, quando nós produzirmos fruto de santidade. 67 Amor em Submissão Jesus declarou várias vezes que todo o Seu prazer era fazer a vontade do Pai. Há na própria Trindade um belo exemplo da submissão que é exigida dos cristãos. O princípio do verdadeiro amor é submissão. Onde há o desejo de prevalecer sobre o outro já não pode mais existir o amor. A natureza do amor mesma chama por esta submissão implícita, este desejo de ouvir, atender e servir ao outro. E nisto Jesus nos deixou um exemplo perfeito do caráter desta obediência em amor. Estamos muito acostumados a ver submissão pelo modelo autoritário que há no mundo, mas a submissão em amor nada tem a ver com isto, e a este respeito Jesus havia alertado os discípulos que aquele que quisesse ser o maior entre eles, deveria ser o servo de todos. A grandeza do reino dos céus está em se fazer pequeno diante de seus próprios olhos, perante aqueles que devemos nos colocar numa posição de serviço. 68 Estar em Cristo Devemos permanecer (estar) em Cristo, em comunhão espiritual, para que Ele permaneça (esteja) em nós. Veja que esta palavra foi dirigida aos que já eram cristãos. Exige-se constância nesta permanência no Senhor para a frutificação. Aqueles que são de Cristo têm que permanecer nEle. Ele nos convoca a estarmos nEle por fé, e Ele estará em nós pelo Espírito. Ele promete que da parte dEle nunca falhará nesta união, pois tem dito que permanecerá em nós caso permaneçamos nEle. Esta permanência será real na medida que tiver a evidência de estarmos cumprindo os mandamentos de Cristo, permanecendo na Sua Palavra que será luz para os nossos pés em nossa caminhada neste mundo. O ramo não pode ter vida separado da videira; de igual modo a vida espiritual que está em Cristo só pode ser experimentada se estivermos unidos a Ele permanentemente. A necessidade de estar em Cristo tem a ver com a nossa fertilidade (v. 4, 5). Ele diz que sem Ele nada podemos fazer, mas se estivermos nEle e suas Palavras em nós, daremos muito fruto. Aquele que é constante no exercício da fé e amor a Cristo, aquele que vive nas Suas promessas e é dirigido pelo Seu Espírito, dará muito fruto, e será muito útil à glória de Deus. 69 A Prova da Amizade O Senhor não nos trata como escravos, mas como amigos. Ele nos revelou toda a verdade que está no seio do Pai. Ele não age de maneira reservada com nenhum daqueles que guardam os Seus mandamentos. Ao contrário, faz com que privem da Sua intimidade, pelo fato de guardarem os Seus mandamentos. É pela nossa obediência ao Senhor que provamos a nossa amizade a Ele. Na verdade é impossível estar em relação de amizade com Ele sem esta obediência que Lhe é devida em tudo. Assim como foi Ele que tomou a iniciativa de se revelar a nós, ao nos ter escolhido para privar da Sua amizade, de igual maneira continuamos dependendo sempre que Ele tome a iniciativa de manifestar a nós as provas patentes da Sua amizade, quando derrama o Seu amor nos nossos corações por meio do Espírito Santo. 70 Um Plano Perfeito Para Produzir Perfeição Para sempre saberemos porque devemos ser humildes, gratos, bondosos, amorosos, longânimos e misericordiosos. Porque aprendemos a duras penas aqui na terra, pelo plano perfeito de Deus, o quanto ele é isto tudo em sua própria natureza, pelo quanto podemos aprender em todos os sofrimentos que aqui passamos. Os anjos no céu também aprendem acerca desta verdade. Diferentemente de nós, eles nunca souberam o que é o sofrimento por causa do pecado. Mas nós o temos conhecido, temos pago o preço do sofrimento juntamente com Cristo, para que jamais esqueçamos, e todas as criaturas do céu, por toda a eternidade, que nada somos sem a sua graça divina. Deus jamais terá que convencer a qualquer daqueles que alcançarem a glória eterna, o que eles devem ser, porque a lição já tem sido dada na prática. Não faria qualquer sentido, se tudo sempre fosse um céu perfeito de glória, Deus nos dizer, em estado de perfeição absoluta, que deveríamos ser humildes, longânimos e misericordiosos. Certamente lhe perguntaríamos sem nada entender: “o que é isto Senhor?” Mas, pelo plano perfeito de Deus, nós agora o sabemos. 71 Remando contra a Maré A palavra, "aprendi", é uma palavra que significa dificuldade; mostra que a satisfação, o contentamento do apóstolo Paulo não foi criado por aquilo que é natural, ou seja, não se encontrava em sua própria natureza. Paulo não chegou a isto naturalmente, mas o havia aprendido do alto. Isto lhe custou muitas orações e lágrimas. Isto lhe foi ensinado pelo Espírito Santo. Porque coisas celestiais, espirituais e divinas são difíceis de se obter. Estamos inclinados naturalmente para o mal, e é uma coisa fácil ser mau. O inferno pode ser atingido sem dificuldades, mas céu somente por esforço. As coisas celestiais e espirituais estão contra a natureza. A autonegação é contra a natureza, porque ela exige que nos entreguemos à vontade de Deus; enquanto nos esforçamos para nos despojar do pecado. 72 Então, isto deve ser aprendido, e sem disciplina e o autoexame no Espírito, não pode ser aprendido, ou seja, nunca será visto em nós como um comportamento permanente. Somente o Espírito Santo pode acender nossa lâmpada enquanto neste mundo. Paulo chama a isto de as coisas profundas, insondáveis e inescrutáveis de Deus (Rom 11.33), porque as coisas espirituais estão acima da natureza. Roguemos então ao Espírito de Deus para nos ensinar; nós devemos ser "divinamente ensinados". "Todos os teus filhos serão ensinados do Senhor". (Is 54.13). 73 O Excessivo Cuidado da Vida "Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?” (Mt. 6. 25). Neste sentido, quanto às palavras do Senhor, deveria ser o cuidado de um cristão não ter nenhum cuidado. A palavra cuidadoso no grego primitivo, significa “cortar o coração em pedaços". Devemos portanto ter o cuidado de não estar sobrecarregados com o tipo de cuidados que dividem a nossa alma. Tenhamos cuidado com isto. Somos exortados a entregar os nossos cuidados ao Senhor:"Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará." (Sl 37.5). A palavra hebraica para entregar é lançar. 74 Deste modo, o nosso trabalho consiste em jogar o nosso cuidado fora (I Pe 5.7), porque o trabalho de cuidar não é nosso, mas de Deus. “lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.”(I Pe 5.7). É por causa da nossa falta de domínio próprio que tiramos o trabalho de Deus das Suas mãos. E fazer isto é desonrar a Deus, isto é, tentar tomar a providência que cabe a Ele e não a nós, como se Ele estivesse sentado no céu e não prestasse atenção às coisas aqui embaixo. 75 A Recompensa do Contentamento Se há um céu na terra, você é este céu. Lembre sempre que quando a graça estiver lhe coroando não é tanto para você ficar contente, mas para confirmar a sua aprovação nas tentações, nas agonias, nas cruzes que tem que carregar. E é esta aprovação divina a causa do seu contentamento. Deus irá recompensar o cristão contente, que como Paulo, aprendeu a viver contente em toda e qualquer circunstância, nunca deixando de fazer a vontade do Seu Senhor, e dando-Lhe a prova de um testemunho vivo de estar satisfeito com a porção (alegrias ou tristezas) que tem recebido de Deus neste mundo. Um cristão contente é um cristão fiel, e ao cristão fiel Deus tem feito a promessa de conduzi-lo a um grau cada vez maior de santidade, e de honra, e de bênçãos, enquanto prossegue para o alvo da perfeição cristã no seu combate contra os poderes das trevas, contra a carne e contra o mundo. O prazer que um cristão sente no Senhor, em ser-Lhe fiel a toda a Sua vontade, jamais deixará de ser recompensado por Ele, e o Senhor fará 76 isto, principalmente, colocando contentamento no seu coração em todas as circunstâncias. 77 Já Não Morre Mais O hábito de santidade é preservado em nós pelas ações poderosas e constantes do Espírito Santo. E a razão e a fonte deste trabalho do Espírito estão em Cristo, a nossa cabeça, da qual emana toda virtude e poder a nós pelo Espírito. E se isto não fosse de fato sempre continuado, tudo o que está em nós, de si mesmo, morreria e murcharia. “15 Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, 16 Do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor.” (Ef 4.15,16). “Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.” (Col 3.3). 78 Aprendendo a Vencer no Tempo de Deus “Vou resolver logo este problema. Sou prático e imediato. Nada deixo para fazer amanhã.” Esta é uma norma sábia e necessária para resolver emergências naturais, e outros assuntos de caráter natural, mas pode ser que até mesmo nestas situações sejamos chamados, como em todas as situações espirituais, a esperar o tempo determinado por Deus, para agirmos, se for o caso. Dizemos se for o caso, porque Ele poderá resolver o problema mesmo sem a nossa intermediação. A Bíblia está repleta de exemplos quanto ao fato de que, sobretudo nas batalhas espirituais contra os principados e potestades do mal, sempre teremos que aguardar o tempo e os métodos de guerrear de Deus, para cada situação específica, para que sejamos bem sucedidos. Esta lição foi passada ao povo de Israel desde que tiveram que empreender a primeira grande batalha para conquistarem a terra de Canaã. Foi nosso Senhor que traçou a estratégia daquela guerra e a revelou a Josué, quando veio à sua presença, quando lhe ordenou para tirar as sandálias de seus pés. Os israelitas teriam que rodear as grandes e fortificadas muralhas de Jericó por sete dias seguidos, carregando a arca da aliança diante deles. 79 Por que o Senhor não derrubou as muralhas no primeiro dia, como bem poderia fazê-lo? Sete simboliza perfeição. Dias, tempo. Então aquilo deveria ser feito no tempo perfeito de Deus. Um dos grandes motivos de não ter feito imediatamente, tinha em vista ensinar aos israelitas que nas batalhas espirituais, somente devemos agir no tempo indicado pelo Senhor, e não quando o desejarmos. Outro exemplo sacado das Escrituras, encontramos numa das batalhas empreendida por Davi contra os filisteus. Foi-lhe ordenado que aguardasse por um grande barulho que o Senhor produziria acima do grande arvoredo que separava os israelitas e os filisteus, o qual seria semelhante ao tropel de um grande exército, que produziria grande pavor nos filisteus. Davi aguardou, e foi bem sucedido. Agora temos um exemplo de insucesso que custou o reinado a Saul, e a morte de muitos israelitas, porque ficou ansioso e atemorizado pela demora de Samuel. Deus lhe disse que aguardasse por sete dias a chegada do profeta e sacerdote para apresentar o holocausto que lhe daria sucesso na batalha. Ele esperou os sete dias, mas não até o final do sétimo dia. Fez o que lhe era vedado pela Lei, no lugar de Samuel. E, mal terminara de cometer seu desatino, Samuel chegou, antes de findar o prazo estabelecido. 80 Então, oremos, vigiemos, sejamos pacientes em nossa espera pelo sinal que o Senhor nos dará para agirmos, porque é poderoso para nos auxiliar nas nossas batalhas espirituais para termos paz e alegria em nossos corações, em toda e qualquer circunstância. E também para que sejamos ajudados a não sucumbirmos ao o mal que o Inimigo de nossas almas tiver forjado contra nós. 81 Servindo em Pureza “10 Disse também o Senhor a Moisés: Vai ao povo, e santifica-os hoje e amanhã, e lavem eles as suas roupas, 11 E estejam prontos para o terceiro dia; porquanto no terceiro dia o Senhor descerá diante dos olhos de todo o povo sobre o monte Sinai.” (Ex 19.10,11). Vemos que foi exigido nesta e em muitas outras passagens do Antigo Testamento que o povo de Israel se santificasse antes que se lançasse à execução de qualquer tarefa determinada por Deus, ou para a recepção de qualquer bênção prometida por Ele. A razão de ser exigida esta santidade anterior ao ato de obediência ao mandamento, é porque todo ato de verdadeira santidade tem que ter algo sobrenatural nisto, de um princípio renovador interno da graça. Nós fomos criados para viver para Deus. E este propósito da criação divina cumpre-se naqueles que o amam e que lhe obedecem. Todavia, não pode haver verdadeira obediência, no que se refere à vontade de Deus, sem que estejamos sendo santificados. Aquele que diz que obedece a Deus deve estar em comunhão com Ele, deve andar com Ele, assim como se diz na Bíblia desde o princípio, nos exemplos de Enoque, Noé e Abraão. Eles tinham prazer em Deus e na Sua vontade. 82 Eram Seus amigos verdadeiros porque amavam fazer a Sua vontade e cumprir os Seus mandamentos. É a isto que Jesus se refere quando diz que somos Seus amigos se fizermos o que Ele nos manda fazer. E é de fato assim, porque no que se refere a obedecer a Deus, nós provamos que somos de fato Seus amigos pelo modo com que amamos e fazemos a Sua vontade. Nós não obedecemos os Seus mandamentos de modo interesseiro, com vistas a sermos considerados Seus amigos, mas o fazemos espontaneamente, de livre escolha e vontade porque Ele é todo o nosso prazer e razão de ser da nossa vida. E quem implantou este sentimento, esta disposição interior no nosso coração, esta amizade sincera por Deus, foi o Espírito Santo, porque todos nós, antes da nossa conversão, éramos inimigos de Deus, por causa do pecado que dominava de modo absoluto a nossa natureza terrena. E o Espírito Santo operou este trabalho em nós em cumprimento ao desígnio do próprio Deus que havia determinado trocar
Compartilhar