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Mensagens Curtas 6 Para Meditação Diária Silvio Dutra Set/2016 2 A474 Alves, Silvio Dutra Mensagens curtas 6./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016. 205.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Graça 3. Fé. I. Título. CDD 230 3 Sumário Falando no Espírito a um Filho Amado.... 10 Morreu... Acabou? .............................................. 12 Verdades Ocultas na Parábola do Filho Pródigo...................................................................... 14 Consciência Aperfeiçoada pela Liberdade................................................................. 17 Nunca Haverá o Comprimido do Amor... 19 É Difícil Ser Misericordioso Segundo a Graça.......................................................................... 20 Vivendo sem Focar a Eternidade................ 21 A Busca de Consolação..................................... 24 Necessitamos Sempre Aumentar a Fé..... 26 Um Consolador Paciente, Incansável e Amoroso................................................................... 28 Um Pai Amoroso.................................................. 30 Porque o Corpo do Homem Morre............ 32 Bem-Aventurados os Que Morrem no Senhor....................................................................... 36 4 O Perigo da Interpretação Fora de Contexto................................................................... 38 Não Há Bondade Como a de Deus.............. 40 Escrito na Mente e no Coração.................... 45 Santificação não é Justificação..................... 49 Prescrevendo Apenas o Remédio............... 51 Julga com Amor Segundo a Reta Justiça. 54 Deus Será Glorificado ao Julgar o Mal...... 56 Como Saber se Sou Abençoado por Deus? ......................................................................... 57 O Espírito de Mártir............................................ 58 Mais do que Lei de Diamante........................ 60 O Plano é Perfeito Embora Sejamos Imperfeitos............................................................. 62 Almas que Se Perdem e Almas que se Ganham.................................................................... 65 Células Espirituais que Vivem...................... 67 A Esperança que Nunca Morre.................... 69 5 Viver Pela Fé.......................................................... 72 A Mensagem Central do Evangelho.......... 74 Espiritualizar......................................................... 77 O Homem é Inimigo de Deus....................... 78 Porque Caminha Mal o Nosso Mundo..... 81 O Segredo da Frutificação............................... 84 Não Havia o Mal no Princípio, na Criação...................................................................... 86 A União que Dá Vida Eterna........................... 88 Nossa Necessidade do Espírito Santo....... 90 Por que Mudar pela Fé? .................................. 93 Num Morremos e Noutro Vivemos.......... 95 A Única Palavra Viva.......................................... 96 O Orgulho Mata.................................................... 97 Não Comparecer com o Coração Vazio... 98 Sem Cristo Não Dá.............................................. 100 A Graça Supera a Aflição................................. 102 6 O Motivo Real da Nossa Alegria................... 104 A Relação da Fé com a Bíblia......................... 106 O Preparo para a Obra do Ministério........ 109 Sempre Há uma Saída....................................... 115 "Dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto...” ............................................................... 116 Paciência na Tribulação (Rom 12.12) ........ 120 Admoestação dos Insubmissos.................... 122 Retorno à Vitalidade Original....................... 125 O Evangelho Exige Moderação..................... 129 Porque Necessitamos Converter o Nosso Coração...................................................... 131 Tal Caminho, Tal Pessoa................................. 133 A Ênfase Deve Estar no Amor....................... 135 Concessão de Maior Capacitação mas não de Menor Amor........................................... 138 Não se Condenar no que Aprova................. 140 7 O Ponto Mais Difícil da Vida Cristã............ 142 Lições em Ziclague............................................. 146 Não Recusar o Consolo Disponível............. 149 Vede como Andais.............................................. 152 Não Tenho Pressa................................................ 153 Paciência com os Que Não Têm Paciência.................................................................. 154 Mais do Que Vencedores................................ 156 Deve Bater Repetidamente como o Martelo..................................................................... 157 Quebrado para Ser Levantado...................... 158 Um Passo Muito Além...................................... 160 Quem Ama as Trevas Odeia a Luz............... 161 A Paz é Fruto do Andar em Justiça............. 163 Navegando com Segurança no Mar da Vida............................................................................. 165 Removendo o Mal da Fonte........................... 168 Afligidos na Luta Espiritual............................ 169 8 As Faculdades do Espírito............................... 171 Conhecimento Real do Deus Vivo.............. 173 Semeando com Lágrimas............................... 174 Dando a Vida Pelos Irmãos............................. 175 Sempre Chegará a Hora da Paz e da Alegria....................................................................... 177 Rochas Inabaláveis............................................. 178 Não se Cumpre em Nenhum Outro........... 179 A Grande Perda.................................................... 182 O Altar do Coração Quebrantado................ 184 Sodoma e Gomorra que Respondam........ 186 Perdão Infinito de uma Culpa Infinita...... 188 Quando Há a Necessidade de se Envergonhar? ....................................................... 189 Ser e Existir............................................................. 191 Paz e Alegria na Hora da Morte................... 193 A Oração e as Promessas................................. 194 9 Somente o Bem é e Será para Sempre...... 195 Lutando por Algo Superior e Melhor....... 197 Abatidos mas não Destruídos........................ 199 Indestrutível.......................................................... 200 Uma Palavra de Conforto................................ 201 Os Puritanos e Nós.............................................. 204 Sossega Coração! ................................................ 205 10 Falando no Espírito a um Filho Amado Deus é a fortaleza das nossas vidas. Devemos sempre crescer na graça e no conhecimento de Jesus para que nossas vidas estejam inteiramente absorvidas nele e somente nele. Deus nos criou para aumentar a Sua própria glória. Por isso devemos viver para Ele, porque somente pode tersatisfação em nós quando cumprimos este propósito para o qual fomos criados. Principalmente o de conhecer e viver o fruto do Espírito Santo, por meio da fé, e somente da fé, que deve ser exercitada continuamente pela oração e prática da Palavra. Pena que tão poucos entendem e vivem a linguagem e a realidade das coisas espirituais e celestiais. Por isso louvo ao Senhor por tua vida, que podes compreendê-las bem. E esta é toda a alegria dele e nossa, porque nos sentimos muito solitários pela falta de alguém com quem possamos ter plena comunhão no Espírito. Temos aprendido, pelo poder da graça, a nos gloriarmos nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas ofensas sofridas, nas ingratidões, enfim, em tudo o que antes nos oprimia, agora nos leva a exultar no poder do Senhor Jesus, que nos dá paz, alegria e longanimidade em meio a tudo isto. E o poder do Espírito Santo se aperfeiçoa na nossa fraqueza quando nos dispomos a perdoar a todos e a dilatar o nosso coração para viver na 11 mesma humildade que habitou e habita no Senhor Jesus. Ele é o Criador, o Todo Poderoso, o Senhor de tudo e de todos, e ainda assim não se envergonha de nos chamar de irmãos. E tudo tem suportado de nós e por amor de nós, para nos aperfeiçoar à sua própria imagem, para aquele grande dia que se aproxima no qual seremos juntamente arrebatados com palmas nas mãos, com vestes brancas, cantando o novo cântico de Moisés e do Cordeiro. A quem compararemos o Senhor? Para o qual vivemos ou morremos? Não importa o quanto sofremos aqui neste mundo. Tudo será contado para o nosso galardão, em ter suportado com paciência, no poder do Espírito Santo, toda sorte de tribulações, nas quais nos gloriamos, porque é por elas que temos sido transformados, e aprendido a paciência, a perseverança e a experiência, que não confunde, porque sabemos que toda a nossa esperança está no Senhor Jesus, no qual vivemos e viveremos para sempre pelo poder sustentador da Sua própria vida divina. Ele é a Videira Verdadeira, a Árvore da Vida, o Príncipe da paz, o Deus Forte, o Pai da Eternidade, o Senhor de todos os senhores da terra e do céu, o Rei dos reis cujo reino é para sempre e de justiça e amor perfeitos. Fica na paz do Senhor, meu filho amado! 12 Morreu... Acabou? Se assim fora, no caso de seres morais, que têm plena consciência do valor do que é certo e do que é errado, e principalmente da sua existência, não haveria qualquer razão para temer um possível juízo futuro da parte de Deus. Qual vantagem teria o que faz o bem sobre aquele que vive para praticar o mal? Afinal, as vicissitudes da vida não atingem tanto a um quanto o outro? Todavia, a nossa própria constituição moral e o tribunal instalado por Deus na nossa consciência, são os indicadores de um acerto de contas final, no qual haverá um julgamento de caráter eterno para recompensar os que praticam o bem com galardões e a vida eterna, e os que praticam o mal com castigos e uma condenação também eternos. Concluímos então que não haveria qualquer sentido em sermos o que somos (seres morais) caso houvesse uma aniquilação total da nossa existência depois da morte física. O espírito prossegue eternamente e comparecerá perante Deus para que suas obras sejam julgadas pela justiça perfeita divina. Se não houvesse um juízo final de um Juiz perfeito, poderíamos dizer que isto configuraria a maior injustiça do universo, porque mesmo em nós, que somos imperfeitos, há uma clamor para que haja justiça tanto para recompensar o bem, quanto para punir o mal. 13 Por isso o próprio Deus puniu o pecado com um castigo de valor eterno e infinito, para que pudéssemos ser perdoados e satisfazer à demanda da justiça divina, quando Ele levou o seu próprio filho amado, Jesus Cristo, à cruz, para morrer no nosso lugar. 14 Verdades Ocultas na Parábola do Filho Pródigo A Parábola do Filho Pródigo é realmente uma bela e profunda parábola, mas Jesus não a apresentou para ser uma espécie de resumo do que seja a vida cristã, mas para ilustrar uma parte do que significa esta vida. Por exemplo: ela não faz qualquer alusão à expiação do pecado pelo sangue de Cristo, mas sabemos que foi esta expiação que possibilitou que o pai, que representa Deus na parábola, corresse para o filho e pudesse perdoá-lo e recebê-lo para estar reconciliado com ele, apesar de toda a sua dívida de faltas e pecados cometidos contra o seu pai. Fazer portanto, desta parábola um resumo de todo o cristianismo é incorrer em grande erro, porque o amor de Deus pelos pecadores perdidos não se fundamenta em mero sentimento ou emoção. Seu amor se funda na eleição incondicional na qual não conta qualquer mérito da nossa parte. O pai não recebeu o filho pelo fato de reconhecer que havia algo de valor no rapaz, ou então porque houvesse da sua parte bons atos praticados no passado que deveriam ser recompensados com o seu acolhimento. Ele fora filho no coração do pai antes mesmo de ter sido criado, mas importava que esta filiação se confirmasse pelo arrependimento e busca do pai para compartilhar da sua intimidade. 15 Isto a parábola revela, ainda que não de modo direto. Esta verdade está ali nela contida, sublinhada com a declaração do pai de que o pródigo se achava morto e perdido, antes de retornar ao lar. E o que permitiu o seu acolhimento foi o arrependimento e fé na bondade e misericórdia do seu pai. Outro ponto essencial do cristianismo que não é citado nesta parábola é a ação do Espírito Santo na nossa conversão e transformação, e o esforço empreendido por Deus na sua busca incansável dos perdidos. Por isso, temos nas duas outras parábolas que nosso Senhor apresentou na mesma ocasião (Ovelha Perdida e Dracma Perdida), o esforço anteriormente citado. Sem o todo da revelação que temos em outras partes das Escrituras, e caso nosso Senhor tivesse contado a Parábola do Filho Pródigo para ser um resumo do cristianismo, o que não é o caso, nós poderíamos afirmar que se alguém está afastado de Deus, por sua própria iniciativa, como foi o caso do pródigo, então estaríamos autorizados a não fazer qualquer esforço com nossas orações intercessórias, e outros meios, para trazer o perdido de volta à vida. Todavia, sabemos claramente que não temos nenhuma autorização das Escrituras para adotarmos este tipo de comportamento. Por isso o propósito da parábola é exatamente o de demonstrar que há grande alegria no céu 16 pela conversão dos pecadores, e que Deus está plenamente disposto a receber todos os perdidos que vierem a Ele em busca de reconciliação. A parábola tem este grande objetivo de incentivar os pecadores a buscarem refúgio em Deus, com plena confiança de que não serão rejeitados. Nosso Senhor havia afirmado em outra ocasião que não rejeitaria a qualquer pessoa que viesse a Ele em busca de salvação, e que jamais a lançaria fora. Nada e ninguém poderá impedir que o pai receba o filho no lar celestial, nem mesmo os que tentarem impedi-lo sob a alegação de estarem servindo a Deus fielmente, como se destaca na parábola no procedimento do irmão mais velho do pródigo. Um pecador pode ser muito vil para toda e qualquer outra coisa, mas ele não pode ser muito vil para a salvação. Estas verdades podem ser vistas de modo muito claro na Parábola do Filho Pródigo. 17 Consciência Aperfeiçoada pela Liberdade Sem o devido conhecimento da justificação e da consequente liberdade cristã que dela decorre, não é possível ter uma boa consciência que não somente não nos acuse mais, e que também não hesite quanto às coisas que devem ser feitas sem hesitação e com constância, pela plena certeza de que somos aprovados por Deus, na liberdade que temos em Cristo Jesus. É portanto crucialconhecer o que significa esta liberdade para que possamos adquirir a citada consciência por meio da educação recebida da graça. Antes de tudo é necessário saber que há uma grande diferença entre justiça legal e justiça evangélica. A justificação que recebemos em Cristo não é de caráter segundo a lei, mas segundo o perdão e misericórdia do evangelho. Os cristãos devem observar a lei, mas não é dela que obtêm a sua liberdade, mas por simplesmente olharem para Cristo. Porque o assunto em questão, quanto à liberdade que alcançamos pela fé, não é como podemos ser justos, mas como, embora indignos e injustos, podemos ser considerados justos. Para o cristão a lei serve apenas para lembrá-lo do seu dever de ser santo e puro diante de Deus e dos homens. 18 Mas isso não lhe virá pelo mero esforço em cumprir os mandamentos, mas em andar com constância no Espírito Santo, em submissão ao poder da graça operante em seu coração. A lei exige total perfeição e condena qualquer imperfeição, mas a graça nos liberta porque se baseia na promessa de Deus, na dispensação do evangelho, de nos perdoar e ser misericordioso para com todos os nossos pecados e iniquidades. Não por nos dar licença para vivermos em pecado, mas por compreender que não há quem não peque, enquanto estiver neste mundo, porque o pecado está ligado à nossa velha natureza, e dali pode ser removido somente pelo poder de Cristo. Por isso se afirma em Romanos 7, que em Cristo, morremos para a lei, porque não estamos mais debaixo das exigência da lei, para agradarmos a Deus, mas da graça. Na lei, consideraríamos tudo o que somos e fazemos, como sendo uma transgressão, mas em Cristo, somos libertados das severas exigências da lei, e podemos alegremente responder ao chamado de Deus. 19 Nunca Haverá o Comprimido do Amor “É só tomar um comprimido destes a cada 12 horas, e você amará a Deus e ao próximo!” Nunca se ouviu isto e certamente nunca será ouvido. E por que podemos fazer esta afirmação? Porque todo o arsenal medicamentoso, e entre este, as drogas prescritas para a normalização das funções do cérebro, podem atuar somente no que é somático, e jamais sobre o espírito. E o amor é uma propriedade do espírito humano, senão a mais importante delas. Sequer podemos explicar o amor como um simples ato da vontade. Se assim fosse, jovens não recusariam se casar com pretendentes que sejam do agrado dos seus pais, por falta de amor. Não se pode forçar o amor, nem mesmo com os melhores argumentos. O amor é voluntário. E nunca saberemos explicar porque alguns amam a Deus e outros não. Porque alguns chegam a amar a Sua vontade, e outros a rejeitam por toda a vida. 20 É Difícil Ser Misericordioso Segundo a Graça Quando se é misericordioso com as faltas alheias, e quando não se tem um espírito crítico para se comparar com outros, achando-se superior a eles, quando se vive de forma mundana e carnal, é muito fácil. O grande desafio é ser assim quando se está santificado pela graça de Cristo. Aqui, a tentação para se tornar fariseu e hipócrita é infinitamente maior, por conta da tendência que há para se descambar para a defesa da justiça divina considerando-a como mera honestidade moral ou adequado relacionamento interpessoal. Todavia, a par de não ser desconsiderada a importância da honestidade moral, a justiça do evangelho, que nos é oferecida juntamente com a pessoa de Cristo, é a real expressão do perdão, graça e misericórdia de Deus, que estão sendo oferecidos aos pecadores. Importa então, aprender, enquanto cristão a não tentar se tornar a régua de medida do comportamento alheio. Isto não promove a glória de Cristo, e nem a do evangelho, e não é nada agradável ter um “juiz” sempre pronto a nos condenar por tudo que em nós lhe incomode, mesmo que não estejamos errados aos olhos do Senhor. 21 Vivendo sem Focar a Eternidade É alarmante o fato de haver não poucas pessoas que nunca se indagaram, senão teológica, ao menos ontologicamente, de onde vieram ou para onde irão depois da morte física. O resultado da falta da referida indagação conduz geralmente a um modo de viver negligente e descompromissado com todas as assertivas bíblicas relativas ao propósito da nossa existência, e do modo de se acessar a vida do céu. É no evangelho que temos não apenas todas as respostas satisfatórias, como também o convite que nos conduzirá à transformação de nossas vidas, tornando-as úteis para os objetivos do nosso Criador. Por que e para o que existimos? Para onde podemos ir depois que sairmos do mundo pela morte? Alguns afirmam: “para que se preocupar com isto, se nada existe depois da morte?”. Contudo Deus afirma que não apenas existe, como também que não haveria qualquer sentido vivermos por apenas um tempo, tendo consciência de que existimos, e depois esta consciência ficar perdida para sempre, e é por isso que nos faz o convite do evangelho para a solução de todos os aspectos envolvidos na questão vida e morte. 22 Mas, há diferentes maneiras de responder ao convite do Evangelho quando você tem intenção de recusá-lo. Elas são todas, na melhor das hipóteses, ruins. Nós vemos isto na parábola das Bodas em Lucas 14.16-24: Luc 14:16 Ele, porém, respondeu: Certo homem deu uma grande ceia e convidou muitos. Luc 14:17 À hora da ceia, enviou o seu servo para avisar aos convidados: Vinde, porque tudo já está preparado. Luc 14:18 Não obstante, todos, à uma, começaram a escusar-se. Disse o primeiro: Comprei um campo e preciso ir vê-lo; rogo-te que me tenhas por escusado. Luc 14:19 Outro disse: Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las; rogo-te que me tenhas por escusado. Luc 14:20 E outro disse: Casei-me e, por isso, não posso ir. Luc 14:21 Voltando o servo, tudo contou ao seu senhor. Então, irado, o dono da casa disse ao seu servo: Sai depressa para as ruas e becos da cidade e traze para aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos. Luc 14:22 Depois, lhe disse o servo: Senhor, feito está como mandaste, e ainda há lugar. Luc 14:23 Respondeu-lhe o senhor: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para que fique cheia a minha casa. 23 Luc 14:24 Porque vos declaro que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia. Deus chama todas as pessoas a se unirem espiritual a Jesus Cristo, mas muitos estão ocupados demais com seus próprios interesses para se preocuparem com isto, sem saberem que a rejeição do convite significa morte espiritual e eterna, porque é um convite para a vida eterna. 24 A Busca de Consolação Todas as pessoas buscam naturalmente por consolação. Consequentemente, a melhor e mais útil parte da psicologia consiste na prescrição de meios para confortar e apoiar as suas mentes contra coisas nocivas e dolorosas para a sua natureza, com as tristezas que resultam disso. Assim, não há qualquer coisa mais útil neste mundo que descobrir qualquer consideração racional que possa acalmar as tristezas ou aliviar as mentes dos que estão desconsolados, porque as coisas que são realmente dolorosas para a maioria do gênero humano excedem toda real satisfação que este mundo possa proporcionar. Mas quais são as fontes da consolação racional? Qual é o tipo de refrigério que ela pode gerar para os aflitos? E como tudo isso pode ser comparado a este privilégio dos cristãos na provisão que é trazida sobrenaturalmente a eles pelo Espírito? Este é um alívio que nunca penetrou no coração do homem quanto a pensar nisto ou concebê-lo. Nem pode ser entendido por alguém a não ser somente por aqueles por quem é desfrutado, porque o mundo, como testificou nosso Salvador, não conhece o Espírito e nem mesmopode recebê-lo; e então, para os que são do mundo, este trabalho do Espírito é considerado como uma fantasia ou um sonho dos cristãos. 25 Mas aqueles que são participantes deste privilégio sabem em alguma medida o que eles desfrutam, embora eles não possam compreender isto em toda a sua extensão, nem avaliá-lo da maneira devida, porque como pode o coração do homem, ou nossa pobre e fraca compreensão conceber completamente este mistério glorioso do envio do Espírito Santo para ser um Consolador? Então o que é falado deste trabalho do Espírito somente aqueles que o recebem por fé, podem ter experiência disto em seus efeitos, e ainda, se permanecerem na fé, porque sem o exercício da fé não é possível se experimentar e receber a consolação. A consolação não é o primeiro trabalho do Espírito Santo nas almas dos homens. A regeneração e a santificação sempre precedem a consolação. Se os homens não são santificados primeiro pelo Espírito, eles nunca poderão ser confortados por Ele, porque esta consolação se refere principalmente aos ataques que são recebidos dos espíritos das trevas, pelo empenho na obra do evangelho. 26 Necessitamos Sempre Aumentar a Fé Deus dispôs a criação de tal forma para que exibisse o Seu poder infinito. Ele tem prazer em manifestar a Sua graça, amor, misericórdia, condescendência num mundo que ficou sujeito à miséria do pecado, mas também é Seu prazer exibir o Seu grande poder contra todo o mal, e especialmente contra os poderes que se levantam contra Ele e contra o Seu povo. E este poder se manifestará aonde quer que se encontrem aqueles que esperam e confiam na força do Seu braço, enfim aqueles que como Davi, não ficam assombrados com os gigantes que atravessam o caminho deles, porque a sua fé não está depositada no seu próprio poder e capacidade, mas somente em Deus. Mas, quando nós olhamos para o estado e condição da igreja no mundo, nós vemos quão fraca é a fé da maioria dos cristãos, com seus grandes temores e desânimos, por causa das grandes tentações, oposições e perseguições que lhes sobrevêm. Quão vigorosamente e nitidamente estas coisas impressionam os seus espíritos, dando vantagens a seus adversárias espirituais - então será sempre manifesta a necessidade de aumentar a fé nAquele em quem podemos todas as coisas por causa do Seu poder infinito. Assim, se a nossa paz interior ou exterior parecer enfraquecer quanto à necessidade 27 desta consideração de que o Espírito Santo é um Consolador Onipotente, nós devemos pelo exercício da fé nesta verdade, fazer provisão para o futuro, considerando que nós não sabemos o que pode nos acontecer no mundo. E se nós viveremos para ver a igreja em tempestades, como certamente ela terá que enfrentar, então o nosso principal amparo e suporte deve ser o Consolador todo-poderoso. 28 Um Consolador Paciente, Incansável e Amoroso Nós lemos no texto de Is 57.19 o seguinte: "Eu crio os frutos dos lábios: paz, paz, para o que está longe; e para o que está perto, diz o Senhor, e eu o sararei.". Este é o método do Espírito Santo ao administrar consolação. E sem este método nenhuma alma seria refrigerada espiritualmente debaixo dos seus abatimentos, porque nós somos dados a transgressões, ainda que sob o trabalho do Espírito Santo por nós. Mas Ele é um Consolador incansável, paciente, amoroso e perseverará até que sejamos sarados. Somente amor e compaixão infinitos, trabalhando em paciência e longanimidade, podem continuar isto até a perfeição. Sejamos gratos ao Espírito Santo de todo o nosso coração por um tal trabalho de amor por pecadores imperfeitos como nós. Mas se nós não somente somos transgressores em ocasiões e tentações particulares, enquanto ficamos com nossa visão presente nublada quanto ao trabalho do Espírito Santo, mas também somos habitualmente descuidados e negligentes sobre isto, e nunca trabalhamos para ser achados numa condição adequada e satisfatória perante Deus, mas permanecemos indefinidamente em nosso mau procedimento 29 até o ponto disto se tornar um vício e ficando endurecidos em incredulidade, com um coração ingrato e impuro, é certo que Deus não pode se agradar de uma tal condição. Por isso somos exortados a sermos cuidadosos em não entristecer o Espírito (Ef 4.30). Mas nisto também se comprova o amor do Espírito por nós, porque somente aqueles que nos amam ficam entristecidos com as nossas faltas. Aqueles que não nos amam ficam simplesmente irados ou contrariados. Um professor severo pode ser mais provocado com a falta do seu aluno do que o pai dele, mas o pai fica entristecido com isto enquanto o professor não. Então, considerando que o Espírito Santo fica entristecido conosco porque nos ama como um pai a seu filho, nós devemos nos acautelar em não entristecê-lo, aprendendo com que amor e compaixão ele executa o Seu trabalho em nós e para nós. Esta é a razão da promessa de Deus de consolar apenas aqueles que choram, porque são estes que se entristecem com o fato de saberem que o Espírito fica triste com os seus pecados e transgressões. E esta nossa tristeza pelo pecado, assim como a do Espírito, comprova em certa medida que de fato também nós amamos a Deus. E é nesta condição que a cura é prometida por Deus a nós. 30 Um Pai Amoroso "15 Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos. 16 Porque não contenderei para sempre, nem continuamente me indignarei; porque o espírito perante a minha face se desfaleceria, e as almas que eu fiz. 17 Pela iniquidade da sua avareza me indignei, e o feri; escondi-me, e indignei-me; contudo, rebelde, seguiu o caminho do seu coração. 18 Eu vejo os seus caminhos, e o sararei, e o guiarei, e lhe tornarei a dar consolação, a saber, aos que dentre eles choram.". O propósito de Deus é o de reavivar o espírito do humilde, e o coração do arrependido (verso 15), e Ele apresenta a razão disto, a saber que se Ele não agisse com amor infinito e condescendência em relação a eles, mas lidasse com eles lhes dando a justa retribuição às suas transgressões, eles seriam totalmente consumidos (verso 16). Porém, na realização deste trabalho de cura, Ele tem que usar alguns remédios amargos para a recuperação espiritual deles. Por causa da iniquidade da cobiça deles (verso 17) que era a sua principal doença, eles foram 31 feridos pelo Senhor e Ele escondeu a Sua face deles, porque isto seria necessário para que fossem curados. Mas como eles se comportaram debaixo deste procedimento de Deus em relação a eles? Rebelaram-se e continuaram seguindo a perversidade do seu coração. Então como faz este Consolador Santo para lidar agora com eles? Ele os deixa entregues à sua enfermidade? Ele os abandona? Não, porque um pai amoroso não lidará assim com os seus filhos. E a promessa feita por Deus é que Ele agiria conosco tal como um pai consolando seus filhos. Ele realizará o Seu trabalho com tal amor infinito, ternura e compaixão, que isso superará todas as transgressões, e não cessará até que Ele tenha efetivamente administrado a necessária consolação a eles (verso 18). Ele agirá nos termos da aliança que fez com eles por meio de Jesus Cristo de ser o Deus e Pai deles para sempre. Então os corrigirá em amor para participarem da Sua santidade. Ele os aperfeiçoará no Seu amor. E tudo fará para conduzi-los a isto. 32 Porque o Corpo do Homem Morre “Portanto, assimcomo por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.” (Rom 5.12) Se Deus é espírito, por que criou um corpo para o homem, o qual é também espírito? Por que Deus criou a morte para o corpo do homem por causa do pecado? Se Deus disse que o homem morreria caso comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, isto significa que o corpo do homem não morreria caso ele não tivesse pecado. Então nós temos nisto um ponto de partida para responder a ambas as perguntas que formulamos anteriormente. Lembremos que não foi Deus quem desejou que houvesse morte, não apenas de homens, como também de anjos. Dizemos também morte de anjos, porque foi esta a condição a que ficaram sujeitos Satanás e os anjos que caíram juntamente com ele, mas como eles não têm corpos, não ficou patentemente claro para os anjos eleitos a 33 condição de mortos tanto de Satanás quanto dos demônios que com ele também caíram. Então com a criação do homem, e dando ao homem um corpo natural, Deus pôde mostrar claramente qual é a condição a que ficaram sujeitos os anjos caídos, desde a queda deles, por meio da morte do corpo dos homens. De modo que não somente os ímpios, como também os justos, têm a destruição deste corpo que foi corrompido por causa do pecado. Afinal, a corrupção não pode herdar a corrupção do céu, de maneira que mesmo aqueles que foram arrebatados (Enoque e Elias), e os que forem arrebatados por ocasião da volta de Jesus, tiveram e terão os corpos transformados em corpos de glória, porque este corpo que temos está sujeito à sentença de morte que foi dada por Deus sobre ele, por causa do pecado, para mostrar que o pecado realmente mata. E certamente, um dos motivos de Deus ter dado ao homem um corpo que morre por causa do pecado, teve entre outros muitos propósitos, o de mostrar de modo visível qual é o estado de separação que há entre Ele e aqueles que Lhe desobedecem, porque na morte, o espírito do homem fica separado do seu corpo, e este vem a se dissolver, e a deixar de executar as suas 34 funções vitais em consonância com a sua alma e espírito. O corpo do homem é a habitação do seu espírito. E o homem foi criado para ser habitação de Deus. Então o espírito do homem está para Deus, assim como o corpo do homem está para o seu próprio espírito. E a lição aqui é a de que quando o espírito que habita no corpo do homem se separa deste, o corpo do homem morre. De igual modo, quando Deus se separa do homem, o homem morre. Então Satanás e os anjos morreram quando foram expulsos da presença de Deus. E Deus não é mais o Deus deles, porque não é Deus de mortos, mas de vivos. E o mesmo se aplica aos homens caídos no pecado, quando não são redimidos por Cristo. Eles permanecem mortos porque estão separados de Deus. E este é o modo que Deus estabeleceu para comprovar tanto a anjos, quando a homens, que a consequência do pecado é a morte, porque é o pecado que é a 35 causa desta separação de Deus, que produz a morte. Assim, o grande causador e criador da morte não foi Deus, mas o pecado. Deus somente tratou de revelar de um modo visível, com a morte do corpo físico, aquilo que ocorre na esfera espiritual, porque tanto homens quanto anjos desobedientes a Deus, continuam existindo, mas não têm mais a vida de Deus em si mesmos. E quem não tem esta vida que procede dAquele que é a fonte da verdadeira vida eterna, está morto. Uma outra grande lição da morte física do corpo é a de que aquilo que era para durar para sempre, acabou durando uns pouco cem anos, quando chega a isto, porque como se pode comparar menos de cem anos com aquilo que é eterno? Então o tempo de vida do corpo foi também abreviado para este propósito de demonstrar que o pecado matou o homem, porque ele não somente envelhece, enfraquece, enferma, perde progressivamente o vigor à medida que avançam os seus poucos anos de vida neste mundo, para que possa aspirar por aquela vida duradoura e melhor que Deus projetou para ele, que é uma vida sem pecado por toda a eternidade. 36 Bem-Aventurados os Que Morrem no Senhor "Bem-aventurados os mortos que morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham "(Apocalipse 14:13). Temos aqui o testemunho de Deus Pai e o do Espírito Santo, ambos atestando que é uma coisa boa morrer no Senhor. Aqui estão duas testemunhas declarando que a morte perdeu seu aguilhão, e que a sepultura foi vencida. O mundo diz: "Bem-aventurados são os vivos", mas Deus diz:" Bem-aventurados os mortos. O mundo julga as coisas pelos seus sentidos, pela sua aparência exterior, mas Deus julga segundo o verdadeiro valor e pelo prisma da eternidade. Por isso bem-aventurados são os mortos, mas não todos os mortos, mas apenas "aqueles que morrem no Senhor." Estreito é o caminho que conduz à vida eterna, e são poucos os que andam por ele. Assim disse Jesus Cristo. Nem todos os que parecem ramos são ramos da videira verdadeira. A seiva da vida que é experimentada enquanto estamos neste mundo é a mesma seiva espiritual que nos manterá vivos em espírito na presença de Deus, depois que deixarmos este corpo de carne e osso. 37 Aqueles que morrem em Cristo são bem- aventurados porque serão consolados, recompensados, e descansarão de todas as suas obras neste mundo. O que faz com que tudo aqui se torne trabalhoso e difícil é o pecado, a oposição de Satanás e do mundo e o peso da nossa velha natureza. A vida do cristão fiel é uma vida de muita luta e trabalho. Mas quando morre no Senhor, descansa dos seus labores. A oposição de Satanás e a luta com o pecado, cessa, e um viver plenamente abençoado e venturoso começa. Partir e estar com Cristo é estar para sempre livre de toda forma de luta e tribulação. 38 O Perigo da Interpretação Fora de Contexto “1Co 2:4 A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, 1Co 2:5 para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus.” Lembro-me ainda hoje das palavras de um dos meus professores de teologia, Pr Israel Moreira, na década de 80, que sempre dizia que interpretação fora de contexto é para servir de pretexto. Ele o dizia com muita propriedade porque é justamente o que sucede, seja por ignorância, seja para fins escusos. Por exemplo: não raro as palavras do apóstolo Paulo em nosso texto, são usadas por muitos para justificarem a não necessidade de se aplicar ao estudo da Palavra de Deus, porque, segundo eles, somente é necessário agir como o apóstolo, que sempre fazia demonstrações do poder do Espírito Santo em todas as suas pregações. Num outro texto, intitulado “Prescrevendo Apenas o Remédio”, expusemos a interpretação desta afirmação de Paulo no seu respectivo contexto imediato (I Coríntios 2.1-8). Agora, gostaríamos apenas de enforcar que não podemos esquecer que na mesma epístola que dirigiu aos Coríntios, o apóstolo estava 39 justamente combatendo o mau uso dos dons sobrenaturais do Espírito Santo, e enfatizou a necessidade absoluta de ordem e decência em tudo o que se fizesse na Igreja de Cristo, e apontou o caminho sobremodo excelente do amor, como sendo a prioridade número para a fé e prática de todos os cristãos. Ele combateu os desvios de comportamento e afirmou a necessidade de santificação pela Palavra de Deus, em todos os deveres que são nela ordenados. O poder do Espírito Santo acompanha sempre a prática da Palavra do Senhor. Jesus disse aos saduceus que eles erravam por não conhecerem a ambos.Não somos portanto desobrigados por Deus de um viver segundo a Sua Palavra, a pretexto de bastar-nos ter o poder do Espírito Santo. Ninguém é menos cristão por não profetizar, por não falar em outras línguas, por não ter dons de curar, ou qualquer outro dom espiritual, que a par de muito importantes são adventícios, não estão ligados à nossa nova natureza, e haverão de desaparecer, enquanto o amor permanecerá para sempre. 40 Não Há Bondade Como a de Deus Em Rom 1.18 a 21 lemos: A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Nesta porção das Escrituras, o Espírito Santo, falou pela boca do apóstolo Paulo, nos versículos 20 e 21 qual é o motivo de Deus se irar contra os homens ímpios, a saber: eles não glorificam a Deus e nem são gratos a Ele, por tudo que percebem dos Seus atributos invisíveis e do Seu eterno poder, desde o princípio do mundo, atributos e poder estes que podem ser observados através das coisas que Deus criou. Veja que o texto fala de atributos e de poder. E nisto destacamos especialmente o amor, a misericórdia, a paciência, a longanimidade, a graça, a onipotência, e todos os demais atributos correlatos a estes, que fazem com que Deus seja 41 bom até mesmo para com pecadores como são todos os homens. Afinal, não há um único justo sequer no mundo, desde que o primeiro homem pecou e virou as costas para o Senhor. Deus seria totalmente justo caso julgasse e mantivesse a todos os homens do mundo, e de todas as épocas, debaixo das sucessivas manifestações do Seu desagrado e ira contra tal ingratidão e falta de glorificação do Senhor por causa da falta de um procedimento santo em suas vidas. Todavia, não somente é longânime Ele próprio com todos os homens, como também ordena aos que se tornaram Seus filhos por meio da fé em Jesus Cristo, que O imitem especialmente nos seus atributos de amor e de misericórdia, amando o próximo como a si mesmos. Como? Deus ordena que aqueles que Lhe são gratos e que o glorificam, amem os Seus inimigos? Sim. Ele ordena que se dê alimento e bebida para matar a fome e a sede de quem persegue os que andam retamente? Sim. Porventura não o registrou em Sua Palavra? Agora, veja que o argumento bíblico diz que isto tem o propósito de tornar tais pessoas ingratas e irreverentes, indesculpáveis no dia do grande Juízo de Deus. E não serão indesculpáveis por causa de uma única manifestação de bondade para com elas em face de todo o mal que praticam. 42 Serão indesculpáveis, porque, na verdade, Deus lhes tem dado um longo tempo para se arrependerem e se converterem em face de toda a bondade e longanimidade, que não apenas Ele, como todos os Seus filhos amados, têm demonstrado por elas por toda e uma longa vida na terra. E são mais indesculpáveis ainda, porque o que se lhes pede para que tal quadro seja alterado, é que simplesmente reconheçam a sua iniquidade e que confiem em Jesus Cristo para ser o Senhor e Salvador de suas vidas. Tudo o que fizeram de mau, e por um longo tempo, lhes seria perdoado instantaneamente, no momento mesmo em que se convertessem a Deus. Todavia, como não se arrependem, não se convertem, não são gratos a Deus e nem o glorificam, então, apesar dEle não desistir de continuar sendo bom para com eles, não poderá ter qualquer amor de intimidade e comunhão com os tais, e nada poderá fazer, por causa da sua incredulidade, senão deixá-los entregues a si mesmos, e isto fará com que aumentem ainda mais a sua cota de pecados contra os céus e contra Deus. Olhem para o ministério de Jesus aqui na terra, conforme o relato dos evangelhos. Por acaso não mostrou tal amor, bondade, misericórdia e poder de curar, até mesmo a ingratos e maus? Ele revelou em pessoa, que o caráter do evangelho é realmente o de misericórdia, perdão, amor e bondade, para com todos os pecadores. E isto está sendo manifestado no 43 mundo, desde então, até agora, e até o último instante da vida de cada pessoa que tem passado por aqui. Ora, em face de tudo isto, o que devemos pensar, quanto ao juízo eterno de fogo a que ficarão sujeitos todos os que permanecem ingratos e maus, perante o Senhor, e perante o seu próximo? Haverá porventura qualquer injustiça ou maldade da parte de Deus nisto? Todos os males que tais pessoas praticam e têm praticado, é a melhor resposta para esta pergunta. Portanto, os que são do Senhor, devem continuar na prática do bem, inclusive para com os seus muitos ofensores, porque, afinal, há um Deus poderoso e amoroso que cuida deles e haverá de cuidar por toda a eternidade, ainda que os ímpios não se arrependam e se convertam de todos os males que praticam contra eles. Lembremos sempre, nas perseguições que sofremos, das seguintes palavras proferidas pelo apóstolo Pedro, em I Pe 3.13-17: Ora, quem é que vos há de maltratar, se fordes zelosos do que é bom? Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois. Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados; antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, 44 com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo, porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal. 45 Escrito na Mente e no Coração Quando lemos o Sermão do Monte, em Mateus 5 a 7, costumamos pensar que estamos diante de um novo código de leis, que nos foram dadas por Jesus Cristo para cumprirmos em complemento aos mandamentos da Lei de Moisés. Todavia, a intenção de nosso Senhor Jesus Cristo não foi esta, mas a de revelar quais são as características pessoais e circunstâncias que acompanharão aqueles que foram tornados cidadãos do reino dos céus, por meio da fé nEle, e por terem nascido de novo do Espírito Santo. Ali está descrito sobretudo, quais são as atitudes, pensamentos, ações e o programa de vida de um cristão amadurecido. Dizemos amadurecido, porque ninguém amará seus inimigos, perdoará seus ofensores, orará pelo bem dos que lhe perseguem, e bendirá os que lhe amaldiçoam, ou ainda, não reclamará o que se considera seus direitos legítimos quando sofrer injustiças, caso não tenha feito progresso no crescimento na fé, na graça e no conhecimento pessoal de Jesus Cristo, sendo e agindo como o Seu Mestre. A glória de Deus é ser amoroso, misericordioso, longânimo, bondoso, perdoador, para com todos, inclusive para com os piores pecadores. E assim como Ele é, importa que sejam aqueles que se tornaram seus filhos amados, por meio da fé em Cristo. 46 Então o Senhor delineou no Sermão do Monte, quais são as características essenciais que estarão presentes naqueles que se converterem a Ele, como resultado do fruto do Espírito Santo, que operou neles a regeneração (novo nascimento espiritual) e a santificação (mortificação das obras da carne e revestimento das suas virtudes divinas). Cristãos amadurecidos não são dominados por amarguras, iras, contendas,gritarias, glutonarias, e todas as demais obras da carne que são nomeadas na Bíblia. Cristãos amadurecidos são longânimos, como Deus é completamente longânimo. São amorosos, como Deus é amoroso. São misericordiosos, como Deus é misericordioso. Não são legalistas, moralistas, acusadores, mas promotores do amor, da paz, do perdão, da oferta da justiça de Cristo para a justificação dos que se encontram presos às amarras do pecado. São tardios para se irar e para falar, e prontos para ouvir, porque sabem que a ira do homem não promove a justiça de Deus, mesmo quando esta ira é motivada pela defesa dos princípios de Deus contra o pecado. A propósito, era justamente isto o que Tiago queria ensinar quando escreveu a epístola que leva o Seu nome. Ele indicou a necessidade de se aprender a ser paciente e longânime, debaixo das mais variadas provações, porque estas visam ao aperfeiçoamento espiritual do cristão, para que seja conformado ao caráter amoroso, 47 longânime, bondoso e paciente do próprio Deus. Não estava portanto escrevendo uma cartilha de bons modos, ou de procedimentos sociológicos e psicológicos para sermos bem sucedidos em possíveis demandas e disputas com o nosso próximo, por nos mantermos serenos e calados. O que ele tinha em foco, tal como o Seu Senhor no Sermão do Monte, era muito mais profundo e significativo do que isto. A semelhança com Jesus Cristo em tudo. Este é o alvo principal. A vida de Cristo manifestada no comportamento do cristão. Este é o ponto central. E isto não é obtido por mero conhecimento intelectual da vontade revelada de Deus nas Escrituras. Tem a ver com experiências reais transformadoras da graça de Jesus, do poder do Espírito Santo, dando-nos um novo coração e um crescimento progressivo na obtenção das virtudes espirituais do próprio Deus. Foi para esta exata imagem e semelhança com o caráter santo de Deus que o homem foi criado por Ele. De modo que saberemos que temos sido aperfeiçoados em tal caráter, quando virmos as realidades afirmadas no Novo Testamento, sendo implantadas no nosso viver diário, especialmente pela forma como agimos nas situações que nos são adversas. Então temos estas leis, se é assim que devemos considerá-las (porque são inscritas por Deus na nossa mente e coração, ou seja, farão parte da nova natureza recebida pela fé), como as leis principais que devemos observar e praticar: a do amor a Deus, 48 à Sua Palavra e ao próximo; a da paciência na tribulação; a da longanimidade na provocação; a da fé e do ânimo constante nas aflições; a da mansidão, da paz de mente e coração nas perturbações. Na verdade, nada disto se obtém por uma simples vontade de cumprir a lei ou o mandamento, mas por uma andar constante no Espírito Santo, debaixo de um temor e amor real a Cristo. Gál 5:16-25: Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei. Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam. Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito. 49 Santificação não é Justificação A santidade é imanente em Deus porque Ele é santo em si mesmo. Isto é, Ele é santo em Sua própria natureza. A santidade é o estado mesmo da Sua natureza. Nós dizemos que esta santidade é evangélica porque ela é o resultado da nossa fé no evangelho, e é infundida em nós no trabalho do Espírito Santo tanto na regeneração quanto no processo progressivo da santificação. Na epístola aos Romanos Paulo discorre no sexto capítulo sobre o dever da santificação, que é um trabalho diferente da justificação e que deve se seguir a ela, e então aqui ele destaca a necessidade das obras juntamente com a fé e o trabalho da graça, para a santificação: “12 Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para obedecerdes às suas concupiscências; 13 nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado como instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como redivivos dentre os mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça. 14 Pois o pecado não terá domínio sobre vós, porquanto não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. 15 Pois quê? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum. 50 16 Não sabeis que daquele a quem vos apresentais como servos para lhe obedecer, sois servos desse mesmo a quem obedeceis, seja do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça? 17 Mas graças a Deus que, embora tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues; 18 e libertos do pecado, fostes feitos servos da justiça. 19 Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Pois assim como apresentastes os vossos membros como servos da impureza e da iniquidade para iniquidade, assim apresentai agora os vossos membros como servos da justiça para santificação..” (Rom 6.12-19). Em toda esta passagem ele está falando de santificação e não de justificação, e demonstra claramente que além da justiça de Cristo que nos foi imputada, atribuída para justificação, nós precisamos desta justiça que é infundida, implantada pelo trabalho progressivo do Espírito Santo, no qual há também o concurso das nossas obras de justiça, sem as quais não haverá nenhum trabalho da graça em santificação, porque esta graça será derramada por Deus conforme a nossa disposição em obedecer a Sua vontade, e que o apóstolo define pela expressão de apresentar nossos membros a Deus para serem usados por Ele para o fim da nossa santificação. 51 Prescrevendo Apenas o Remédio É de se supor que o médico tenha estudado profundamente os tratados de medicina, e que se mantenha atualizado em suas leituras, para que possa exercer adequadamente a sua profissão. Todavia, não se espera o mesmo dos seus pacientes. Isto se aplica ao estudo de todas as demais áreas do saber humano, especialmente no que tange à formação profissional. Não se deve esperar menos daqueles que são chamados por Deus para o exercício do ministério da Sua Palavra. Como seriam bons ministros sem conhecê-la da forma pela qual convém ser conhecida? Por isso deles se espera que sejam aplicados no estudo da Bíblia e de tudo o mais que se refira ao exercício do seu ministério. Contudo, como no respeita aos ofícios seculares, não seria de se esperar o mesmo dos cristãos que foram chamados para estarem sob o ministério destes que foram constituídos bispos de suas almas (Atos 20.28). Por isso nos diz o apóstolo Paulo que não usava de sublimidade das palavras e nem da sabedoria humana que ele bem conhecia, na ministração do evangelho. Afinal o médico apenas diagnostica o mal e prescreve o remédio, mas não exige do doente o 52 conhecimento de todos os fundamentos da ação que ele bem conhece. Mas, quando reunido com outros médicos, sente-se à vontade para trocar informações sobre aquelas coisas que aprendeu por longo tempo e com muita dedicação. E isto também fazia o apóstolo, quando se encontrava entre outros mestres do evangelho como ele. Peçamos entãosabedoria a Deus para ministrarmos o evangelho, sem nos valermos de especulações filosóficas, argumentos persuasivos humanos, ou qualquer outro expediente no qual o foco fosse a mera exposição do nosso conhecimento, e não o esforço para conduzirmos pessoas a terem um encontro pessoal com Cristo. “1Co 2:1 Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. 1Co 2:2 Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. 1Co 2:3 E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. 1Co 2:4 A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, 1Co 2:5 para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus. 53 1Co 2:6 Entretanto, expomos sabedoria entre os experimentados; não, porém, a sabedoria deste século, nem a dos poderosos desta época, que se reduzem a nada; 1Co 2:7 mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória; 1Co 2:8 sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória;” (I Coríntios 2.1-8) 54 Julga com Amor Segundo a Reta Justiça Quando recebemos palavras de crítica ácida contra as coisas que escrevemos, temos a oportunidade de reavaliar a forma como temos apresentado a verdade, para que não deixemos lacunas que possam ser mal interpretadas, e induzirmos, involuntariamente, alguma (s) pessoas (as) a um julgamento errado. Por isso temos sempre falado da morte de Jesus Cristo para a cobertura do pecado, e transformação de vidas, o que está disponível a todos pela graça e misericórdia de Deus. Mas, quando apresentamos um texto, como o que destacamos abaixo, intitulado “Deus Será Glorificado ao Julgar o Mal”, sobre o juízo de Deus sobre a maldade, daqueles que não se arrependerem de viver na sua prática, e quando lido, isoladamente, sem que se tenha alguma noção do conjunto de escritos que temos postado, é possível que ocorra o que citamos no primeiro parágrafo. Longe de nós servir de pedra de tropeço para quem quer que seja, porque almas são muito preciosas para Deus, a ponto de ter morrido na cruz na pessoa de Seu filho amado, para nos resgatar da condenação eterna. Isto vemos em textos como o de João, no qual Jesus diz as seguintes palavras: “João 5:24 Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que 55 me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida. João 5:25 Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão. João 5:26 Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo. João 5:27 E lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do Homem. João 5:28 Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: João 5:29 os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.” Ao lermos estas palavras nos disporíamos a chamar a Bíblia de “livrinho maldito”, conforme alguns costumam fazer? Que os que a amam são pessoas de mente estreita e escravizadas que necessitam de libertação? 56 Deus Será Glorificado ao Julgar o Mal Quando o rei Ciro conquistou Babilônia, foi aplaudido pelo próprio povo babilônico, porque já não suportavam mais a tirania do rei deles. Quanto maior louvor nosso Senhor Jesus Cristo receberá da parte daqueles que amam a justiça, quando o virem retornando a este mundo com poder e grande glória para subjugar a todos os tiranos. Quão grande conforto será isto para nós, quanto a todas as injustiças e tribulações que aqui sofremos. Deus permite que o mal impere por algum tempo na Terra, porque isto trará grande honra e glória ao Seu nome quando daqui desarraigar os ímpios, para estabelecer para sempre o Seu reino de justiça e paz. São vários os registros bíblicos que afirmam esta verdade, especialmente nos Salmos e Profetas. 57 Como Saber se Sou Abençoado por Deus? Muitos declaram serem íntimos e amados de Deus, pela apresentação como evidência dessa intimidade e amor, a sua riqueza, fama, saúde perfeita, e toda sorte de bens terrenos que possuem, e que afirmam terem recebido de Deus, em razão do referido amor. Todavia, não têm nenhuma outra evidência para apresentarem. Outros há, em não tão grande número como os do primeiro grupo, que apresentam como evidência de serem amados, a paciência e paz sobrenatural que recebem para enfrentarem as suas muitas tribulações, perdas e aflições. E se regozijam pelo fato de terem a graça de Deus acompanhando todo o curso de suas vidas, dando-lhes a capacidade de estarem contentes em toda e qualquer situação, com gratidão ao Senhor em seus corações. Esta satisfação não depende das coisas que possuam ou não possuam, porque estão sempre alegres no Senhor, em razão do poder que o Espírito Santo lhes supre. Identificados os dois grupos, qual deles você acha que possui a melhor e maior evidência do amor de Deus? 58 O Espírito de Mártir Se alguém não for dotado deste espírito não poderá ser bombeiro, guarda-costas, ou exercer qualquer outra profissão que demande o risco de perder a nossa própria vida, para que outros possam ser salvos. Deste mesmo espírito está dotado todo cristão autêntico, e é o Espírito Santo que o impulsiona a isto, e assim se dispõe a dar a própria vida, se necessário for, para que outros possam ser salvos por Cristo. Quando os mártires morriam nos primeiros dias do evangelho, pregados em cruzes, ou sendo entregues aos leões, isto sucedia porque não recuavam no testemunho que davam de Cristo, porque sem o referido testemunho não é possível haver salvação. Ofereciam suas vidas como holocausto por amor a Deus e ao próximo. Eram ofertas de amor inclusive pelos seus próprios algozes, porque também eram necessitados de salvação. A propósito o significado da palavra mártir no original grego, significa dar testemunho mesmo em presença da morte. Jesus derramou o seu sangue na cruz por amor de nós, e de igual modo, o sangue dos mártires dá testemunho deste mesmo amor de Cristo que neles habita. Não dão, portanto, testemunho do evangelho, para fazer prevalecer uma determinada 59 religião, mas o fazem por amor às almas perdidas, necessitadas de salvação. 60 Mais do que Lei de Diamante Foi de tão grande significado e alegria a lei que decretou a libertação dos escravos, que ela foi chamada de Lei Áurea, ou seja, lei de ouro. Agora, como deveria ser classificada a lei de Deus que decretou a nossa libertação do cativeiro ao pecado e aos espíritos das trevas? Lei de diamante? Não. Seria muito pouco. Afinal, trata-se de um decreto que pôde ser promulgado somente em razão de Jesus Cristo ter pago o preço exigido pela justiça divina, morrendo por nós na cruz, carregando sobre Si os nossos pecados e culpa. E quanto vale a vida de Jesus? A vida de um Deus eterno, amoroso e infinito? O nosso cativeiro ao pecado acabou naquela morte de cruz. Por isso a mensagem desta lei de libertação é chamada de evangelho, que vem do original grego do Novo Testamento, “euanguelion”, que literalmente traduzido significa anúncio de coisas boas. E quão boas são estas coisas que nos estão sendo anunciadas, e também oferecidas, relativamente à pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, e Sua obra em favor da humanidade, e que carregamem si a força do mandamento que produz em nós a libertação que nos transporta das trevas para a luz. 61 Na verdade não são apenas coisas muito boas, são maravilhosas, miraculosas, misericordiosas, gloriosas. Têm a ver com a coisa impossível a qualquer pessoa, e que está sendo oferecida e realizada em Jesus Cristo. Mudança de natureza? Não conheço nenhuma, senão da metamorfose da lagarta em borboleta. Morre a lagarta e nasce a borboleta. Mas isto sucede no plano natural. Lagartas não necessitam de salvação. Este não é o caso de todas as pessoas, que se encontram debaixo de uma terrível condenação. A condenação eterna por Deus, em razão do pecado que reina absoluto na nossa natureza. Se não for destronado pelo poder de Jesus Cristo, este rei perverso... Pecado, permanecerá no seu trono. O trono do nosso coração perdido e desesperado. Então, quando soou a notícia, que tinha vindo ao mundo, o Rei dos reis, e o Senhor dos senhores, o pecado tremeu e gemeu, sabia que os seus dias de governo já estavam contados. Ah amado Jesus! Muito obrigado! Por ter morrido na cruz, para matar em Si mesmo a nossa natureza terrena pecaminosa, e nos tornar participantes da Sua natureza divina, para podermos ser reconciliados com Deus. 62 O Plano é Perfeito Embora Sejamos Imperfeitos Muitos pensam que Deus errou ao ter criado o homem, porque a perfeição moral original que existiu no primeiro casal foi perdida, e a maior parte da humanidade tem sempre sido desobediente a Deus e aos Seus mandamentos. Como um Deus perfeito e Todo-Poderoso criaria seres que poderiam vir a se tornar imperfeitos? Primeiro os anjos que caíram juntamente com Satanás, transformando-se em demônios, e depois o homem na terra, que passou a ser pecador. Todavia, a queda no pecado, que conduz a um viver contrário ao de Deus, e à não subordinação à Sua vontade, comprova, por si só, que o Criador deu à criatura moral a liberdade de escolher o seu destino, de imitá-lO ou não, de amá-lO ou não, de servi-lO ou o contrário, enfim, de caminhar rumo à perfeição, ou à destruição. No que tange à humanidade, que foi totalmente encerrada no pecado, isto ensejou que Deus pudesse manifestar a grandeza do Seu amor, misericórdia e perdão, que tem estendido a todos, sem qualquer exceção, que se arrependem desta condição de escravidão ao pecado, para serem libertados e reconciliados com Ele por meio da fé em Jesus. O amor e a misericórdia de Deus não são meros sentimentos de empatia e compaixão por seres 63 que se tornaram de nenhum valor para ele, e que viviam somente para os seus próprios prazeres egoístas, indiferentes à Sua Pessoa e vontade, e agindo como seus inimigos. A extensão disto não pode ser avaliada por nenhum de nós, senão somente pelo próprio Senhor, cujo julgamento e conhecimento do estado do nosso coração são perfeitos. Contudo, podemos deduzir por nossos sentimentos, imaginações, ações e pensamentos o quanto estamos longe da santidade, bondade, amor, misericórdia, justiça e todos os demais atributos infinitos e perfeitos de Deus, o quão distante estamos de ser aquilo que Ele é em Sua própria natureza. Desde que o pecado entrou no mundo todos os homens ficaram desprovidos da graça de Deus. Esta é a razão de estarem caídos diante dEle. Somente pela graça de Jesus é que poderão ser levantados e permanecerem firmes em Sua presença pela mesma graça que os levantou. Mas tendo encerrado a todos debaixo da desobediência, Deus revelou qual era o Seu propósito de usar de misericórdia com todos, e demonstrou fartamente tanto a anjos quanto a homens o quanto é um Deus misericordioso. Ele demonstrou com isto que não é bom somente para com aqueles que são perfeitos como Ele, mas para com todos os que desejam obedecer-Lhe, fazer Sua vontade e viver para Ele, ou seja, viverem segundo o propósito para o qual foram criados. 64 Vemos portanto que não houve qualquer falha em Deus ou no Seu plano eterno de criar o homem para ser conforme à Sua própria imagem e semelhança. Os que não buscam isto não frustram o plano da criação, porque Deus sabia desde o princípio que entre seres criados para serem livres, não seriam poucos os que escolheriam viver em escravidão à própria vontade e à dos inimigos da santidade de Deus. Por outro lado, sabia também que seriam muitos, conforme se declara na Bíblia, que seriam pela verdade eterna que foi manifestada na pessoa de Jesus. 65 Almas que Se Perdem e Almas que se Ganham “Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?” (Mat 16:26) Nosso Senhor Jesus Cristo proferiu estas palavras para afirmar o perigo que há na atitude de se negligenciar a necessidade de salvar a nossa alma, e se interessar apenas pelas coisas que são deste mundo. Em todo o seu ensino, bem como em toda a Bíblia, somos alertados quanto a termos uma alma que pode ser perdida ou salva. Então é muito importante que saibamos o real significado bíblico do que seja esta salvação. É comum se pensar em salvação como sendo apenas o perdão dos pecados e o livramento da condenação do juízo futuro e do inferno. Todavia, a salvação é muito mais do que isto, porque ela é o cumprimento do propósito de Deus, que Ele determinou antes mesmo da fundação do mundo, de formar para Si um povo santo, exclusivamente Seu, zeloso de boas obras de justiça; povo este que Ele chamaria do meio de pecadores, e que deveria portanto, ser justificado, regenerado, renovado e santificado. A salvação não é apenas um ato que nos livra do juízo condenatório de Deus, mas um conjunto completo, tanto de declarações legais quanto de operações sobrenaturais para conduzir pecadores ao arrependimento e ao completo 66 cumprimento de tudo o que Ele planejou para o povo que deu a Jesus Cristo, para que fosse livrado, lavado, purificado, santificado e aperfeiçoado por Ele. A salvação é uma caminhada. É algo que deve crescer diariamente. Como a realização plena do plano divino. Como um programa que está sendo desenvolvido na nossa vida pelo Espírito Santo até que cheguemos a ser maduros em nossa vida espiritual, de modo que sejamos úteis para os propósitos divinos. Lembre-se que salvação não é apenas uma promessa de Deus para você de que irá para o céu um dia, depois da morte, mas que é também o viver a vida de Cristo aqui na terra, porque o reino de Deus já está entre nós e em nós. E que esta salvação é inteiramente por graça e mediante a fé em Jesus. 67 Células Espirituais que Vivem As células que compõem um organismo complexo são individuais, mas não teriam vida caso fossem isoladas umas das outras. O mesmo sucede com as pessoas que fazem parte do Corpo de Cristo. Foram criadas por Deus como indivíduos, mas não para a independência ou individualidade. São células vivas de um corpo vivo que demanda que estejam ligadas em unidade umas às outras. Jesus é a cabeça que comanda este corpo, e quem o gera e mantém em vida. Como acerca disso se referiu o apóstolo Paulo em I Cor 1.30: “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção.” Além de sabedoria, santificação e redenção, é afirmado também no texto que nosso Senhor se tornou justiça, da parte de Deus, para nós. Esta justiça que o próprio Senhor Jesus se tornaria para os cristãos foi prometida por Deus e profetizada no Velho Testamento, especialmente pelo profeta Isaías. E o propósito de tal justiça tem a ver principalmente com a nossa salvação. Deus Pai tem oferecido livre e gratuitamente a justiça de Seu Filho, para a salvação de todo aquele que nEle crê. 68 Não há nenhum outro modoou possibilidade de salvação a não ser por este modo que foi determinado por Deus Pai. É pela aceitação desta justiça que há em nosso Senhor Jesus Cristo, que uma pessoa é salva. Qualquer outro meio no qual se confie para a salvação, manterá a pessoa tão perdida quanto se encontrava antes, porque Deus somente perdoará e receberá como seus filhos àqueles que receberam a Cristo para ser a justiça deles. Por isso o fim da própria lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê. Deus somente fica satisfeito quando aceitamos esta justiça que Ele está nos oferecendo. E nós, quando cremos, ficamos também plenamente satisfeitos, e não gostaríamos de ser salvos por nenhum outro modo, senão, que reconhecemos que não há qualquer justiça própria em nós que nos recomende a Deus, pois estamos cheios de pecados e que, portanto, Cristo nos satisfaz plenamente, e Lhe amamos muito, e Lhe somos muito gratos por nos ter justificado somente pela Sua graça e mediante a fé. É somente pelo novo nascimento sobrenatural por meio do Espírito Santo, que somos gerados células espirituais para viverem no corpo de Cristo. 69 A Esperança que Nunca Morre Há um dito popular que afirma que há solução para tudo, menos para a morte. Entretanto, a maior solução que existe é justamente a para a morte, porque foi preparada por Deus desde antes da fundação do mundo. Antes que houvesse o sol, a lua, as estrelas, o homem, esta solução havia sido adrede preparada. A única solução eficaz para a morte é simplesmente ouvir a voz de Cristo, como Ele mesmo o tem afirmado: “João 5:25 Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão. João 5:26 Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo. João 5:27 E lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do Homem. João 5:28 Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: João 5:29 os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.” 70 É portanto algo muito esperançoso que mortos ouçam a voz do Senhor e se tornem vivos. Isto é feito pela pregação do evangelho. Esteja morto em delitos e pecados, nas trevas da incredulidade, ou então morto espiritualmente, por ter se afastado de Deus depois de ter recebido a vida de Cristo, não importa, é o mesmo poder do Espírito Santo que vivificará tanto a um quanto ao outro, pela simples fé no senhorio de Cristo. Foi muita misericórdia da parte de Deus, ter dado ao homem a possibilidade de ouvir a voz de Cristo para a salvação, apesar de toda a humanidade que está sem Cristo, se encontrar naturalmente morta em espírito, corrompida na alma e com um corpo físico que caminha para a morte e que está sujeito a tantas fraquezas e enfermidades. Como podem os mortos ouvirem a mensagem do evangelho pregada no poder do Espírito, e responderem ao convite da salvação, ninguém sabe, mas sabemos que isto é certamente concedido pelo poder do Deus Altíssimo. “Ef 2:1 Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, 71 Ef 2:2 nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; Ef 2:3 entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. Ef 2:4 Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, Ef 2:5 e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos,” (Efésios 2.1-5) 72 Viver Pela Fé “Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé.” (Hab 2:4) Esta foi a revelação que Deus fez ao profeta Habacuque em sua perplexidade em razão de que muitos morreriam em Israel sob o poder dos babilônios, e o restante do povo de Deus seria levado em cativeiro. Onde, quando e como se cumpririam as boas promessas de paz e de vida da parte de Deus para Israel? Habacuque não podia entendê-lo, até que lhe veio a resposta da parte do Senhor. Vida e paz é algo que está associado à justiça divina, que é obtida por fé. Aquele que a possui viverá para sempre, ainda que morra fisicamente. É para este propósito que o pecador é justificado pela fé em Cristo. Daí o apóstolo ter afirmado em Romanos 6: “Oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça.” “E, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.” Como Deus poderia se comprazer, se agradar de quem anda de modo contrário à verdade revelada nas Escrituras? 73 Como poderia aprovar tal comportamento que é contrário à Sua vontade? Por exemplo: o que Deus espera de uma mãe em relação a seus filhos, senão que seja exemplo para eles e lhes ensine a caminhar na justiça do evangelho. Isto demandará sobretudo que os corrija, discipline e repreenda, segundo a doutrina da Palavra de Deus, com amor e longanimidade. Em suma, ela deve se esforçar através da oração e do ensino, até ver Cristo formado neles. Este é o principal aspecto da prática justiça que Deus espera ver numa mãe que é cristã. O mesmo se aplica aos deveres dos esposos, dos filhos, dos líderes, dos servos. O cristão não recua na fé para a perdição da alma. Mas se diz que, Deus não se compraz nele, caso venha a recuar, ou seja, a não perseverar na prática da Palavra, pois foi justificado para ser justo, para viver pela fé na verdade e na justiça. Daí nosso Senhor afirmar no Sermão do Monte que são bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça. Estes são saciados por Deus em sua fome e sede para poderem viver segundo o padrão da justiça divina, revelada no Evangelho. 74 A Mensagem Central do Evangelho O apóstolo Paulo afirma em Romanos 1.16,17 que é o evangelho o poder de Deus para a salvação de todo o que crê. E por que somente o evangelho tem este poder de conduzir os que creem à salvação? O apóstolo diz que isto decorre do fato de a justiça de Deus ser revelada no evangelho de fé em fé. Devemos confiar então, que o evangelho verdadeiro é poderoso para salvar a nós pecadores, porque ao pregá-lo, Deus abrirá os olhos da fé dos que serão salvos para aceitarem e receberem a justiça que Ele está oferecendo gratuitamente. Justiça esta que os salvará. O próprio Senhor Jesus Cristo é a justiça que devemos receber para sermos justificados e salvos. Por isso se diz nos profetas que é Ele que a nossa justiça. Sendo chamado por Senhor Justiça Nossa no livro do profeta Jeremias. É somente por se estar em Cristo pela fé, que alguém poderá ser salvo. Porque este é o único modo de sermos participantes da Sua justiça que nos justifica. A justiça prometida por Deus para a nossa justificação, e que passou a se manifestar na dispensação da graça, à qual Paulo chama de 75 tempo presente, com a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo a este mundo para morrer na cruz, foi profetizada nas Escrituras do Velho Testamento, porque Paulo diz que ela foi testemunhada pela Lei e pelos profetas, modo comum de se designar as Escrituras no passado. Esta justiça de Deus prometida seria manifestada sem lei, conforme dizer do apóstolo, isto é, ela não consistiria num novo conjunto de leis para serem observadas pelo povo da nova aliança, conforme havia se dado com Israel desde os dias de Moisés, mas num ato de justiça que seria cumprido por Cristo morrendo no lugar do pecador, carregando
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