Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Piedade Genuína Título original: Genuine Piety Por: Archibald Bonar (1753—1816) Traduzido, Adaptado e Editado por Silvio Dutra Mai/2017 2 B699 Bonar, Archibald – 1753 -1816 Piedade Genuína / Archibald Bonar Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra – Rio de Janeiro, 2017. 106p.; 14,8 x 21cm Título original: Genuine Piety 1. Teologia. 2. Vida Cristã 2. Graça 3. Fé. 4. Alves, Silvio Dutra I. Título CDD 230 3 Sumário PREFÁCIO................................................... 4 Introdução pelo Tradutor.............................. 7 Os Princípios da Verdadeira Religião.............. 13 A EXPERIÊNCIA da Verdadeira Religião...... 38 A Influência Prática da Verdadeira Religião... 49 A importância da verdadeira religião para a utilidade e felicidade do povo comum........... 65 Os MEIOS que parecem mais bem calculados para promover o Conhecimento e o Espírito da Religião entre as Pessoas Comuns............. 82 Conclusão pelo Tradutor................................. 97 4 PREFÁCIO Aliviar as ansiedades dos pobres laboriosos, e aumentar a felicidade do povo comum, é o objetivo sincero do escritor deste Tratado. Como método mais eficaz para realizar este objetivo desejável, ele deseja recomendar a eles e a suas famílias - o conhecimento e o amor da religião real; totalmente persuadido, de que só isso pode apoiar suficientemente suas mentes sob os vários males a que são expostos diariamente. Muitas são as armadilhas da pobreza e severas as dificuldades experimentadas por aqueles que são colocados nas posições inferiores da vida. Quando sofrendo sob agonizante solicitude, ou negligência cruel, ou todas as circunstâncias humilhantes de dependência arrogante; quando a vasilha de farinha é consumida, e as crianças choram pelas provisões que seus pais necessitados são incapazes de comunicar; quando a doença une-se à pobreza para tornar as suas habitações sombrias; quando aquele em cujo trabalho suas esperanças estavam centradas, é perfurado pelas flechas da morte - como é lamentável então o estado de tais famílias! Mas muito mais lamentáveis ainda, se, sob essas calamidades, eles permanecem estranhos às alegrias satisfatórias, e às esperanças animadoras do cristianismo; se viveram nos tristes hábitos da impiedade, ou cresceram em todas as misérias da 5 ignorância; se, em meio a suas complicadas provações, sentidas e lamentadas, eles estão destituídos das consolações que permitem aos crentes triunfar no meio da adversidade. Tal ignorância da verdadeira religião dificilmente pode deixar de ser produtora de prodigalidade e miséria. Aqueles que nunca foram ensinados a buscar a felicidade nos caminhos de Deus, ainda estão ansiosos por conforto, e são naturalmente levados a colocar todas as suas expectativas de desfrutá-lo nas intoxicações do vício; sua pobreza, unida à sua ignorância, os envolve em muitas armadilhas, os apressa a todos os terríveis excessos da iniquidade, e afoga-os finalmente na culpa e eterna perdição! Ao passo que, se tivessem sido treinados nos caminhos da piedade e da justiça, poderiam ter mantido um caráter honrado em meio a todas as armadilhas da pobreza e desfrutado de serenidade interior em meio a todas as adversidades da vida. Tentar, portanto, a libertação de muitos desta miséria, e procurar dirigi-los para a frente nos caminhos da sabedoria e da paz, não pode ser um objeto não apto a uma mente benevolente. Com este desígnio, e de um desejo ardente de promover um objeto tão importante - um amigo apresenta ao povo comum em nossa terra, um diretório simples e monitor, escrito para sua instrução, e enviado ao 6 mundo com súplicas fervorosas ao Pai de todos, pelo seu sucesso na promoção dos melhores interesses da humanidade. 7 Introdução pelo Tradutor: Nós vemos o apóstolo Paulo se dirigindo a Timóteo para que se exercitasse pessoalmente na piedade (I Tim 4.7), uma vez que viriam tempos trabalhosos em que os homens teriam a forma de piedade, mas negariam o seu poder (II Tim 3.5), dos quais ordenou a Timóteo que se afastasse deles. Os dias seriam difíceis por causa desta aparência de piedade religiosa sem que a fosse de fato, de maneira que muitos seriam enganados e conduzidos a um modo de vida cristã que não poderia de modo algum agradar a Deus. Com o intuito de fundamentar os crentes na verdade todos os apóstolos dirigem sérias advertências em suas epístolas quanto ao dever de se crescer na graça e no conhecimento de Jesus para que se tenha um testemunho de vida cristã verdadeiro e maduro, apto para o serviço de Deus e para a comunhão entre os crentes em amor. É a isso que o apóstolo Pedro se refere em sua segunda epístola quando, com vistas a tal crescimento espiritual rumo à necessária maturidade, aponta os degraus de graças nos quais o crente deve avançar rumo à citada maturidade: 8 “5 E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, 6 E à ciência a temperança, e à temperança a paciência, e à paciência a piedade, 7 E à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade. 8 Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.” (II Pedro 1.5-8) Como não poderia deixar de ser, ele começa com o degrau da fé, pelo qual os crentes tiveram acesso à conversão, com a justificação e a regeneração, e com a qual devem também prosseguir na santificação progressiva durante toda a sua jornada espiritual. À fé deve ser seguida por um viver segundo as excelências de Cristo, ao qual ele chama resumidamente de virtude (erete no grego), palavra que designa aquele que sabe distinguir o vil do precioso. Mas, há ainda outros degraus na vida espiritual que devem ser acessados com o tempo de nossa caminhada no Senhor. E o próximo citado pelo apóstolo é a ciência, ou conhecimento da vontade de 9 Deus, especialmente a revelada na Palavra, que o instrumento da nossa santificação pelo Espírito. Tendo alcançado estes degraus, o próximo em ordem é a temperança, ou domínio próprio, um fruto do Espírito Santo, obtido pelo exercício da negação do nosso ego, para sermos conduzidos pela mente de Cristo, segundo instrução e direção do Espírito. Alcançado este ponto, estamos em condições de avançar para exercer o próximo degrau que se refere à paciência cristã, e sobre a qual todo um compêndio poderia ser escrito, mas que podemos resumir como sendo particularmente a imitação da longanimidade de Deus, sendo tardios para nos irarmos, e para falar, e prontos para ouvir, conforme o dizer do apóstolo Tiago. Está em foco aqui, a capacidade aprendida em diversas provações e exercícios espirituais, a suportar ofensas, ingratidões e toda sorte de danos e perseguições, sem perder a paz e alegria de Cristo no coração. Este já é um grau de crescimento espiritual bastante recomendável, mas falta ainda ser-lhe acrescentado os degraus da piedade e do amor, que são apresentados pelo apóstolo Pedro, nesta ordem. A piedade está relacionada à vida de devoção a Deus, não apenas externa, mas sobretudo interna, de coração, quanto à adoração, louvor, oração, ações e reações cristãs especialmente na comunhão dos 10 santos. E amor, cujas características essenciais sãodestacadas pelo apóstolo Paulo em I Coríntios 13, dispensa maiores comentários. Concluímos então que a plenitude do amor de Cristo não poderá ser vista no crente ou na congregação de crentes em que tais degraus anteriormente citados não tiverem sido alcançados na experiência da prática da vida cristã. Na verdade, todas estas graças são alcançadas e aperfeiçoadas mediante exercício, ou seja, por serem praticadas, por nos empenharmos em agir de acordo com o que a Palavra nos ensina e exige de nós em relação a elas. O apóstolo Paulo se expressa a respeito desta forma de Pedro definir o crescimento espiritual à estatura de varão perfeito (amadurecido), usando outras formas de expressão, como a que encontramos por exemplo em Efésios 4.11-16: “11 E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, 12 Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; 13 Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, 11 14 Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. 15 Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, 16 Do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento de si mesmo, para sua edificação em amor.” Ou ainda: “3 E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança, 4 e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança; 5 e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.” (Rom 5.3-5). Aqui, pretendemos, com a tradução deste livro de Archibald Bonar, focarmos apenas no assunto da piedade, principalmente com o propósito de aprendermos que a par de o crente ter recebido todo o aparato da graça em semente na conversão, é necessário fazer crescer e aparecer tudo o que se 12 refere a Cristo, para que o propósito eterno de Deus se cumpra em sua vida. Alguns crentes entraram pela porta da fé, e sequer avançaram na da virtude e do conhecimento, e não tendo avançado nestas, muito menos terão avançado nas portas do domínio próprio, da paciência e da piedade, as quais tendo sido percorridas, são o caminho normal para a grande porta do amor em sua plenitude em maturidade. Os apóstolos lutaram e deixaram escrito para nós em suas epístolas tudo quanto nos convém, e se esforçavam para que fosse aprendido e praticado por todos os crentes. A falta da mesma diligência no ensino e aplicação de tais coisas, explica a grande carnalidade que campeia uma grande parte da igreja atual em todo o mundo. 13 Os Princípios da Verdadeira Religião A VERDADEIRA RELIGIÃO consiste em três partes: princípios apropriados, disposições apropriadas e conduta apropriada. A união destes três, forma o caráter de uma pessoa piedosa; e se algum deles faltar, os outros dois devem ser grandemente deficientes; porque os princípios em que você deve estar imbuído darão uma direção aos afetos de seu coração; e ambos, ao unirem sua influência, determinarão o teor geral de sua conduta. Portanto, será necessário apresentar-lhes uma simples descrição dos princípios sagrados, ou doutrinas, que os cristãos reais consideram essenciais para suas esperanças e felicidade; que são claramente revelados na Palavra de Deus; e que, portanto, são do seu maior interesse bem compreender, firmemente acreditar e constantemente lembrar. Depois de termos visto os princípios passaremos à descrição das disposições ou afetos, e finalmente à conduta. (Nota do tradutor: Vemos assim que é possível que um crente genuíno pode estar destituído de um viver piedoso, ou seja, sem ter a piedade acrescentada à sua vida religiosa, desde que lhe falte a prática da Palavra, refletida pela sua plena vivência em sua conduta. E isto não é recebido como um dom 14 instantâneo como é o caso da justificação e da regeneração, antes é alcançada por exercício, e exercício continuado em grande disciplina na aplicação da Palavra à vida pelo poder do Espírito Santo, como vemos o apóstolo instruindo Timóteo em 1 Tim 4.7. Assim, mesmo que haja conhecimento da Palavra, e uma disposição afetuosa por Deus e pela Sua vontade, e todavia houver esta falta de prática da verdade na vida, não pode ser dito que o crente é piedoso, ou que alcançou a piedade.) As doutrinas essenciais da Escritura referem-se principalmente aos seguintes detalhes: 1. O caráter e a providência de Deus. 2. As circunstâncias originais e presentes da humanidade. 3. O amor de Cristo, como exposto em sua encarnação, sofrimentos, morte e ressurreição; e ainda exibido em seu cuidado ininterrupto de sua igreja e pessoas. 4. A aplicação deste amor através das influências do Espírito Santo. 5. O estado eterno. 15 Vamos discorrer um pouco sobre o que as Sagradas Escrituras revelam a respeito de cada um desses artigos. 1. O fundamento de todo conhecimento religioso é estabelecido em concepções justas do SER DIVINO. Que há um Deus, toda a natureza proclama em voz alta, e quase todas as nações admitiram prontamente. Assumindo, portanto, o Ser de Deus como um princípio consentido, a interessante indagação segue naturalmente: Quem é Deus? Quais são seus atributos? Que atenção ele tem para suas criaturas racionais aqui embaixo? Qual é a extensão de seu domínio e providência? Se aqueles que arrogantemente se vangloriam de que a razão não iluminada pode guiar os homens para a felicidade, são incapazes de resolver essas perguntas com satisfação para si ou para os outros; se eles só podem conjecturar; e se suas conjecturas são passíveis de controvérsias; então que eles não pensem mais do que deveriam da luz da natureza, mas deixem que eles escutem os ditames da revelação bíblica, e aprendam a partir daí o que a razão humana nunca poderia ter descoberto. (Nota do tradutor: porque Deus não nos deixou sem respostas quanto ao que é essencial para adorá-lo e servi-lo, conforme a revelação que fez nas Escrituras para tal propósito.) 16 Das Escrituras aprendemos que o Deus com quem temos de lidar é sobre todos, e antes de tudo, infinitamente e independentemente, abençoado em si mesmo; de eternidade a eternidade, sem qualquer variação, ou mesmo sombra de mudança. Como ninguém pode resistir ao seu poder, assim todas as coisas são possíveis com ele, porque ele é o Senhor Deus onipotente, que era, e é, e está para vir. Ele é glorioso em santidade; e não pode olhar para a iniquidade sem aborrecimento. Diante dele todas as coisas são abertas e manifestas; porque as trevas não nos podem esconder dele, porque é como a luz. Mais, ele procura os pensamentos e corações dos homens, e conhece todos os seus feitos secretos. Grandes e maravilhosas são suas obras. Ele fez os céus, e todas as suas hostes, o mundo e todos os seus habitantes. Ele os sustenta pela palavra do seu poder, e faz todo o seu prazer entre os filhos dos homens. Seu reino governa sobre todos, e seus olhos contemplam as nações. Ele fere e cura. Ele abate e eleva; e ninguém pode livrar de suas mãos. O que ele propôs, ele realizará; porque o conselho do Senhor permanecerá para sempre, e os pensamentos do seu coração por todas as gerações. Portanto, bem irá para os justos; porque de fato há um Deus que governa a terra, e ele punirá os ímpios com destruição eterna! A linguagem do volume sagrado, ao descrever o caráter de Deus, é inimitavelmente sublime; e dirigir17 sua atenção para algumas dessas descrições, é sem dúvida o método mais apropriado de transmitir visões justas de sua grandeza e glória. "1 Eu te exaltarei, ó Deus, rei meu; e bendirei o teu nome pelos séculos dos séculos. 2 Cada dia te bendirei, e louvarei o teu nome pelos séculos dos séculos. 3 Grande é o Senhor, e mui digno de ser louvado; e a sua grandeza é insondável. 4 Uma geração louvará as tuas obras à outra geração, e anunciará os teus atos poderosos. 5 Na magnificência gloriosa da tua majestade e nas tuas obras maravilhosas meditarei; 6 falar-se-á do poder dos teus feitos tremendos, e eu contarei a tua grandeza. 7 Publicarão a memória da tua grande bondade, e com júbilo celebrarão a tua justiça. 8 Bondoso e compassivo é o Senhor, tardio em irar- se, e de grande benignidade. 9 O Senhor é bom para todos, e as suas misericórdias estão sobre todas as suas obras. 18 10 Todas as tuas obras te louvarão, ó Senhor, e os teus santos te bendirão. 11 Falarão da glória do teu reino, e relatarão o teu poder, 12 para que façam saber aos filhos dos homens os teus feitos poderosos e a glória do esplendor do teu reino. 13 O teu reino é um reino eterno; o teu domínio dura por todas as gerações. 14 O Senhor sustém a todos os que estão caindo, e levanta a todos os que estão abatidos. 15 Os olhos de todos esperam em ti, e tu lhes dás o seu mantimento a seu tempo; 16 abres a mão, e satisfazes o desejo de todos os viventes. 17 Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, e benigno em todas as suas obras. 18 Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade. 19 Ele cumpre o desejo dos que o temem; ouve o seu clamor, e os salva. 19 20 O Senhor preserva todos os que o amam, mas a todos os ímpios ele os destrói. 21 Publique a minha boca o louvor do Senhor; e bendiga toda a carne o seu santo nome para todo o sempre." (Salmo 145) Para o mesmo propósito você lê no Salmo 104: "1 Bendize, ó minha alma, ao Senhor! Senhor, Deus meu, tu és magnificentíssimo! Estás vestido de honra e de majestade, 2 tu que te cobres de luz como de um manto, que estendes os céus como uma cortina. 3 És tu que pões nas águas os vigamentos da tua morada, que fazes das nuvens o teu carro, que andas sobre as asas do vento; 4 que fazes dos ventos teus mensageiros, dum fogo abrasador os teus ministros. 5 Lançaste os fundamentos da terra, para que ela não fosse abalada em tempo algum. 6 Tu a cobriste do abismo, como dum vestido; as águas estavam sobre as montanhas. 7 À tua repreensão fugiram; à voz do teu trovão puseram-se em fuga. 20 8 Elevaram-se as montanhas, desceram os vales, até o lugar que lhes determinaste. 9 Limite lhes traçaste, que não haviam de ultrapassar, para que não tornassem a cobrir a terra. 10 És tu que nos vales fazes rebentar nascentes, que correm entre as colinas. 11 Dão de beber a todos os animais do campo; ali os asnos monteses matam a sua sede. 12 Junto delas habitam as aves dos céus; dentre a ramagem fazem ouvir o seu canto. 13 Da tua alta morada regas os montes; a terra se farta do fruto das tuas obras. 14 Fazes crescer erva para os animais, e a verdura para uso do homem, de sorte que da terra tire o alimento, 15 o vinho que alegra o seu coração, o azeite que faz reluzir o seu rosto, e o pão que lhe fortalece o coração. 16 Saciam-se as árvores do Senhor, os cedros do Líbano que ele plantou, 17 nos quais as aves se aninham, e a cegonha, cuja casa está nos ciprestes. 21 18 Os altos montes são um refúgio para as cabras montesas, e as rochas para os querogrilos. 19 Designou a lua para marcar as estações; o sol sabe a hora do seu ocaso. 20 Fazes as trevas, e vem a noite, na qual saem todos os animais da selva. 21 Os leões novos, os animais bramam pela presa, e de Deus buscam o seu sustento. 22 Quando nasce o sol, logo se recolhem e se deitam nos seus covis. 23 Então sai o homem para a sua lida e para o seu trabalho, até a tarde. 24 Ó Senhor, quão multiformes são as tuas obras! Todas elas as fizeste com sabedoria; a terra está cheia das tuas riquezas. 25 Eis também o vasto e espaçoso mar, no qual se movem seres inumeráveis, animais pequenos e grandes. 26 Ali andam os navios, e o leviatã que formaste para nele folgar. 27 Todos esperam de ti que lhes dês o sustento a seu tempo. 22 28 Tu lho dás, e eles o recolhem; abres a tua mão, e eles se fartam de bens. 29 Escondes o teu rosto, e ficam perturbados; se lhes tiras a respiração, morrem, e voltam para o seu pó. 30 Envias o teu fôlego, e são criados; e assim renovas a face da terra. 31 Permaneça para sempre a glória do Senhor; regozije-se o Senhor nas suas obras; 32 ele olha para a terra, e ela treme; ele toca nas montanhas, e elas fumegam. 33 Cantarei ao Senhor enquanto eu viver; cantarei louvores ao meu Deus enquanto eu existir. 34 Seja-lhe agradável a minha meditação; eu me regozijarei no Senhor. 35 Sejam extirpados da terra os pecadores, e não subsistam mais os ímpios. Bendize, ó minha alma, ao Senhor. Louvai ao Senhor." Não menos simples, e não menos sublime, é a descrição do Deus Altíssimo nas profecias de Isaías, no capítulo quarenta: "1 Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus. 23 2 Falai benignamente a Jerusalém, e bradai-lhe que já a sua malícia é acabada, que a sua iniquidade está expiada e que já recebeu em dobro da mão do Senhor, por todos os seus pecados. 3 Eis a voz do que clama: Preparai no deserto o caminho do Senhor; endireitai no ermo uma estrada para o nosso Deus. 4 Todo vale será levantado, e será abatido todo monte e todo outeiro; e o terreno acidentado será nivelado, e o que é escabroso, aplanado. 5 A glória do Senhor se revelará; e toda a carne juntamente a verá; pois a boca do Senhor o disse. 6 Uma voz diz: Clama. Respondi eu: Que hei de clamar? Toda a carne é erva, e toda a sua beleza como a flor do campo. 7 Seca-se a erva, e murcha a flor, soprando nelas o hálito do Senhor. Na verdade o povo é erva. 8 Seca-se a erva, e murcha a flor; mas a palavra de nosso Deus subsiste eternamente. 9 Tu, anunciador de boas-novas a Sião, sobe a um monte alto. Tu, anunciador de boas-novas a Jerusalém, levanta a tua voz fortemente; levanta-a, não temas, e dize às cidades de Judá: Eis aqui está o vosso Deus. 24 10 Eis que o Senhor Deus virá com poder, e o seu braço dominará por ele; eis que o seu galardão está com ele, e a sua recompensa diante dele. 11 Como pastor ele apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos, e os levará no seu regaço; as que amamentam, ele as guiará mansamente. 12 Quem mediu com o seu punho as águas, e tomou a medida dos céus aos palmos, e recolheu numa medida o pó da terra e pesou os montes com pesos e os outeiros em balanças, 13 Quem guiou o Espírito do Senhor, ou, como seu conselheiro o ensinou? 14 Com quem tomou ele conselho, para que lhe desse entendimento, e quem lhe mostrou a vereda do juízo? quem lhe ensinou conhecimento, e lhe mostrou o caminho de entendimento? 15 Eis que as nações são consideradas por ele como a gota dum balde, e como o pó miúdo das balanças; eis que ele levanta as ilhas como a uma coisa pequeníssima. 16 Nem todo o Líbano basta para o fogo, nem os seus animais bastam para um holocausto. 25 17 Todas as nações são como nada perante ele; são por ele reputadas menos do que nada, e como coisa vã. 18 A quem, pois, podeis assemelhar a Deus? ou que figura podeis comparar a ele? 19 Quanto ao ídolo, o artífice o funde, e o ourives o cobre de ouro, e forja cadeias de prata para ele. 20 O empobrecido, que não pode oferecer tanto, escolhe madeira que não apodrece; procura para si um artífice perito, para gravar uma imagem que não se pode mover. 21 Porventuranão sabeis? porventura não ouvis? ou desde o princípio não se vos notificou isso mesmo? ou não tendes entendido desde a fundação da terra? 22 E ele o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e o desenrola como tenda para nela habitar. 23 E ele o que reduz a nada os príncipes, e torna em coisa vã os juízes da terra. 24 Na verdade, mal se tem plantado, mal se tem semeado e mal se tem arraigado na terra o seu tronco, quando ele sopra sobre eles, e secam-se, e a tempestade os leva como à pragana. 26 25 A quem, pois, me comparareis, para que eu lhe seja semelhante? diz o Santo. 26 Levantai ao alto os vossos olhos, e vede: quem criou estas coisas? Foi aquele que faz sair o exército delas segundo o seu número; ele as chama a todas pelos seus nomes; por ser ele grande em força, e forte em poder, nenhuma faltará. 27 Por que dizes, ó Jacó, e falas, ó Israel: O meu caminho está escondido ao Senhor, e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus? 28 Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos confins da terra, não se cansa nem se fatiga? E inescrutável o seu entendimento. 29 Ele dá força ao cansado, e aumenta as forças ao que não tem nenhum vigor. 30 Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os mancebos cairão, 31 mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças; subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; andarão, e não se fatigarão." Tudo o que diz respeito à natureza, ao caráter e ao domínio divinos, revelados nas Escrituras, excede em muito o que a razão natural descobriu. A razão nos diz que Deus é o Criador de todas as coisas; mas 27 nunca descobriu que ele criou todas as coisas do nada, e arranjou e estabeleceu-as meramente por sua palavra soberana. A razão pode nos dizer que Deus é sábio e poderoso; mas não sabia, até que foi ensinado por revelação, que ele tem estas, e todas as propriedades da Deidade, independente de todo ser, em um grau infinito, através dos séculos eternos. A razão supõe que há uma providência geral governando as nações; mas nunca sugeriu, que esta providência de nosso Deus se estende às preocupações de cada homem, para seus propósitos mais secretos e aparentemente para as misericórdias mais acidentais. Mas, a informação insuficiente que a razão não- assistida transmite de Deus, é peculiarmente manifestada pelas descobertas que nos são dadas nas Escrituras da adorável Trindade. Aprendemos que o Senhor nosso Deus é o único Senhor; que nesta unidade de Deus há três pessoas; que o Pai, o Filho e o Espírito Santo possuem a mesma natureza, os mesmos atributos e a mesma essência; que, portanto, em perfeita coerência com a razão, assim como a Escritura, podemos afirmar que o objeto glorioso de nossa adoração é o vivo e verdadeiro JEOVÁ. Essas são verdades, que, enquanto confundem a sabedoria humana para entender, estão essencialmente conectadas a cada parte do grande plano de nossa redenção; e são bem calculadas para silenciar toda a arrogância humana, para exaltar nossas ideias da 28 natureza divina, e para nos fazer dizer, com os exércitos adoradores acima, "Quem pode revelar a perfeição do Todo-Poderoso!" 2. A natureza do HOMEM. Como as Escrituras nos favoreceram com informações satisfatórias sobre o mais sublime e importante de todos os assuntos, a natureza e o caráter de Deus; elas igualmente satisfazem nossas perguntas sobre um assunto intimamente relacionado com o primeiro, e altamente interessante para todos. O que é o homem? Para que fim ele recebeu a existência? E que perspectivas de futuro, é permitido a ele para entreter? Esse homem, em muitos aspectos, se assemelha aos animais que perecem, é inegável. Como eles - ele come, e dorme, e adoece, e morre! O homem é de poucos dias, e estes incertos e cheios de problemas. Mas esse homem é também mais excelente do que a criação animal, é abundantemente evidente, das capacidades mais nobres que possui; uma capacidade de adorar o Ser supremo, de contemplar coisas invisíveis e espirituais, de manter uma conversa racional com outras criaturas e de fazer uma parte na vida, como o seu entendimento e reflexão se unem para ditar. Estes vários poderes, que marcam a dignidade superior do homem acima das bestas do campo, 29 derivam do Pai de nossos espíritos; e são inteiramente dependentes para sua preservação, em seu prazer soberano. Permaneceu, portanto, com ele revelar, se ele fez ou não o homem imortal. Nenhum raciocínio filosófico poderia ter determinado completamente essa questão; mas a página sagrada colocou este assunto fora de toda dúvida, e claramente testifica que, como o homem possui um espírito vivo, totalmente distinto do seu corpo material - assim Deus tem se agradado em selar a imortalidade sobre a alma racional e disse sobre o homem, que ele existirá para sempre. A Escritura nos informa ainda, que Deus criou o homem à sua própria imagem; adornou-o com todas as belezas do perfeito conhecimento, justiça e santidade; investiu-o com a dignidade de ser Senhor desta criação inferior, e o tornou completamente abençoado, pelo conhecimento e gozo, pela contemplação e imitação de seu Deus. Mas, infelizmente! Este estado original de inocência, dignidade e felicidade, foi de curta duração! A humanidade logo violou as leis mais justas de seu Criador todo-poderoso, e se afastou do Deus vivo. Por isso, justamente, foram punidos como rebeldes contra seu governo; banidos do paraíso e condenados à dor, à morte e à miséria eterna! 30 Tal é o estado atual do homem; um estado de apostasia da santidade e de Deus; um estado de ignorância e dificuldade, de degeneração e culpa, de incerteza e medos. Tais sentimo-lo ser - e tais as Escrituras o descrevem. Eles também revelam o resultado melancólico: que em Adão todos caíram; que pela desobediência desse homem, toda a humanidade foi feita pecadora; e que a condenação passou para todos os homens, porque todos estão destituídos da glória de Deus. O coração do homem não mais permanece ereto ou não corrompido; nem é a suprema consideração para a vontade de Deus agora natural para os homens: pois a sua mente carnal é inimizade contra ele, e se recusa a sujeição à sua lei; o seu coração é enganoso e ímpio; abandonaram a fonte das águas vivas, seguiram as imaginações vãs, e se desviaram cada um em seus próprios caminhos. O temperamento, as perseguições e a conduta de cada homem, desde os dias de Adão até a hora presente; a experiência de cada nação, seja bárbara ou civilizada; evidencia diariamente a depravação voluntária, em oposição a todas as influências da educação, ameaças e recompensas. A prevalência universal da ingratidão, da desconfiança e da desobediência a Deus, unindo sua evidência com o testemunho da Escritura, que todos são por natureza 31 filhos da ira, e que é por causa das misericórdias do Senhor que não somos consumidos. 3. O REMÉDIO de Deus para o pecado do homem. À medida que a Palavra de Deus manifesta a origem, a natureza e as evidências da depravação humana, revela graciosamente o remédio que o próprio Deus providenciou: é, portanto, conveniente lembrar-nos que outra distinta Doutrina da revelação, é a Redenção dos homens através do Senhor Jesus Cristo. A Escritura nos informa que, desde o princípio, o onisciente Jeová previu a apostasia da humanidade; e, com a mais terna piedade, viu-os envolvidos em circunstâncias de miséria, das quais nenhum poder humano poderia resgatar: que, com a mais rica misericórdia, ele colocou a sua ajuda em alguém capaz de nos livrar; e entregou o seu Filho unigênito aos sofrimentos e à morte. O Filho de Deus prontamente se empenhou para salvar os homens da ruína, morrendocomo sua garantia; e que o que ele livremente empreendeu, ele realizou plenamente; porque quando a plenitude do tempo chegou, ele foi manifestado na carne, foi contado com transgressores, e morreu pelos injustos; para redimir os perdidos, para expiar a culpa, e para trazer muitos filhos e filhas para a glória. 32 Para auxiliar nossas concepções do amor deste Redentor, a Escritura nos assegura que a culpa do pecado não poderia ser expiada, nem os homens redimidos, sem um sacrifício de valor infinito; e que aquele que se humilhou até a morte da cruz por nós, não foi senão o Senhor da glória, Emanuel, Deus conosco, em quem habita toda a plenitude da Divindade! Este é aquele que inclinou a cabeça no Calvário, e disse que estava consumado! O Messias morreu, embora não para si mesmo; mas para acabar com as ofertas do pecado, para fazer a reconciliação dos transgressores e para trazer a justiça eterna. Precisamos então nos admirar que os escritores inspirados falem na linguagem do arrebatamento neste tema glorioso; e que eles parecem trabalhar por expressões ao tentar exaltar o amor do Pai eterno, ao dar o seu Filho unigênito à morte pelos pecadores; e o amor do Redentor adorado, em derramar seu precioso sangue para a remissão dos pecados de muitos! As Escrituras ainda nos informam que o mesmo amor sem paralelo, que levou o Filho de Deus a sofrer e a morrer, permanece até hoje tão ardente como sempre, e permanecerá inalterado e imutável durante os séculos eternos. Tendo, por seu próprio sangue, expiado os pecados de seu povo, levantou-se em triunfo da sepultura para sua justificação, ascendeu às mansões no alto como seu representante e sentou-se à direita do Pai; lá ele sustenta o caráter 33 cativante do Sumo Sacerdote compassivo de seu povo, e Advogado justo! Intercede com sucesso em seu favor; torna seus serviços aceitáveis pelo mérito de sua própria mediação; dá-lhes graça para ajudar em cada momento de necessidade! Ele escolhe a porção de sua herança; faz bondade e misericórdia para segui-los através da vida; e os leva finalmente a seu reino celestial, para sempre, para o Senhor. Estas são partes do grande amor com que ele ama seus redimidos. Mas a altura e a profundidade, a largura e o comprimento do amor redentor excedem em muito todos os poderes da descrição e todas as concepções dos homens ou dos anjos! Sob este artigo, o amor de Cristo, estão incluídos todas as incríveis descobertas feitas na Escritura, o que o Redentor fez, e está agora transacionando e ainda fará pela felicidade do seu povo. Seu compromisso compassivo para sua redenção; seu constante cuidado condescendente de sua igreja nos períodos do Velho Testamento, o número e variedade indizível de seus sofrimentos, quando se dignou morar com o homem na terra; o valor inestimável das bênçãos que sua morte meritória obteve; as manifestações de sua graça a todos os seus escolhidos, em sua conversão, confirmação e conforto. Sua comunicação a seu povo de todas as bênçãos espirituais, como seu glorioso Senhor e cabeça; e preparando para todos os seus redimidos um estado de glória indizível, ininterrupta e infinita! 34 Mas nenhuma linguagem ou concepção é adequada a este mais nobre dos temas - o amor de Cristo aos homens caídos. 4. O ESPÍRITO SANTO. Outra doutrina distintiva da nossa santa religião é a agência do Espírito Divino, na preparação dos homens para o reino dos céus. O glorioso sujeito deste ramo da revelação divina é denominado na Escritura de Espírito de Deus, o Espírito Eterno, o Terceiro na Trindade sagrada que dá testemunho no céu, o Espírito Santo, o Consolador, o Espírito de glória. Em seu nome somos batizados; e para ele, com o Pai e o Filho, a suprema adoração é tributada no céu e na terra. As operações do Espírito Santo, na mente daqueles homens que são escolhidos para a salvação, são estas: Ele convence do pecado, da justiça e do juízo. Ele ressuscita aqueles que estão mortos em pecados, e os torna vivos para Deus. Ele os purifica de todos os seus ídolos e purifica o seu coração por meio da fé em Cristo. Ele derrama o amor de Cristo, fazendo a vontade e o que é agradável aos olhos de Deus. Ele lhes ensina como orar e intercede por eles. Ele os sela para o dia da redenção, e os mantém por seu próprio poder. Ele testemunha com seus espíritos que eles são filhos de Deus, e permanece com eles como um Consolador. Ele os enche de esperança e paciência, fortalece-os com todo o poder e os leva à glória eterna. 35 Tão necessárias são as influências do Espírito para nos constituir verdadeiros cristãos, que a Escritura frequentemente nos assegura, que se alguém não tem o Espírito de Cristo, o tal não é dele; e que somente aqueles que são guiados pelo Espírito são filhos de Deus. A evidência de ser assim conduzido, é progresso na graça; para os frutos do Espírito, que são fé, paz, amor, alegria, longanimidade, mansidão, bondade, mansidão e temperança. Eu expressei estes sentimentos a respeito da influência do Espírito na mente dos crentes, nas palavras precisas da Escritura, para que se possa ver que lugar importante esta doutrina sustenta no esquema cristão. Ao considerar estes testemunhos unidos da Escritura, como eles se relacionam com a agência do Espírito, você será capaz de rastrear o progresso gradual da vida divina, desde as primeiras convicções salvadoras do Espírito Santo, através de sua futura iluminação, renovação, santificação e consolo. Mas este assunto você encontrará mais amplamente ilustrado no capítulo seguinte, sob o título de Experiência em Religião. 5. O estado eterno. A última doutrina distintiva de nossa santa religião, que eu propus mencionar, é o Estado de Retribuição além da Sepultura. Isso pode ser justamente chamado, uma doutrina peculiar ao evangelho: pois, embora os sábios, em diferentes épocas e nações, desejassem alegrias futuras, e 36 conjeturaram, que certamente um futuro estado de bem-aventurança ou de aflição está preparado para os homens, de acordo com seu caráter e conduta na terra; contudo é somente pela revelação que Deus fez em sua Palavra, que a imortalidade foi trazida claramente à luz. Como o Antigo e o Novo Testamento são partes de uma revelação gradual feita à humanidade; como ambos testemunham de um Deus, e um Salvador, e um evangelho; assim eles se unem para revelar o futuro e o estado eterno das coisas, embora com graus muito diferentes de clareza. Eles nos mostram o que será a seguir; e solenes e sublimes são as cenas que eles representam: a abertura das nuvens do céu; a descida do grande Deus, nosso Salvador, para julgar os vivos e os mortos; a grandeza de sua manifestação, em sua própria glória e de seu Pai, com dez milhares de seus anjos; a ressurreição dos mortos, ao som da trombeta de Deus; a aparição de mundos reunidos diante do tribunal de Cristo; a separação dos ímpios dos justos; a sentença irreversível sobre os ímpios, denunciando a eterna destruição da presença do Senhor; a mudança dos corpos dos santos em um momento, e tornando-os espirituais e imortais; os arrebatamentos dos redimidos, quando reconhecidos, absolvidos e honrados, diante de toda a criação inteligente; a conflagração geral, sob o comando do juiz soberano, e a dissolução destas obras estupendas que ele agora 37 sustenta; a abertura das portas eternas da glória, para admitir os resgatados do Senhor; sua inclinação diante do trono; sendo apresentados ao Pai com grande alegria; seus cânticos celestiais ao que está assentado no trono, e ao Cordeiro que foi morto; vendo Deus como ele é; lembrando-se de todo o caminho pelo qual os conduzia; estar com Jesus, para contemplar a sua glória; sendo feitos reis e sacerdotes para o nosso Deus para todo o sempre! Estas são asrealidades futuras que a revelação bíblica desenvolveu; estas são as tuas gloriosas esperanças, ó crente em Jesus! E estas gloriosas esperanças devemos ao Vosso Sacrifício Expiatório, ó bendito e bem-aventurado Emanuel! 38 A EXPERIÊNCIA da Verdadeira Religião Tendo falado do conhecimento religioso como respeitando às doutrinas da Escritura; passo agora a considerá-lo como respeitando ao relato bíblico da experiência dos cristãos; o agir de suas mentes para objetos divinos; e a influência do que eles acreditam em seus temperamentos e afetos. Toda a verdadeira piedade está assentada no coração; e daí, como boa semente semeada em boa terra, produz os frutos da justiça que são para a glória de Deus. Não há formas externas de devoção; nenhuma profissão externa de piedade, por mais fervorosa, regular e notável; nenhum esforço para o bem da humanidade, por mais bem sucedido e aplaudido; nenhuma emoção súbita de tristeza ou alegria, sob a pregação da Palavra; não, nenhum sofrimento por causa de Cristo, ou zelo pela sua causa, pode dar-nos direito ao caráter de verdadeiros cristãos, enquanto estamos destituídos do arrependimento, da fé e da conversão a Deus, que têm seu lugar no coração, que são os sopros da vida espiritual, e que as Escrituras descrevem como partes essenciais da verdadeira piedade. Esse DEUS a quem temos de prestar contas, procura o coração, e exige a verdade no interior. Essa lei pela qual seremos julgados, exige a sujeição de todo o 39 homem interior, e impõe o amor a Deus com todo o nosso coração e mente. Que JESUS, de quem depende todas as nossas esperanças de felicidade, distingue seus verdadeiros discípulos por seu nascimento de novo, pela renovação de suas mentes, e que colocam suas afeições nas coisas de cima. Esse EVANGELHO que publica as boas-novas da paz ao homem, testemunha a indispensável necessidade de se converter e nascer de novo. Uma nova criatura em Cristo; com as coisas antigas passadas; o reino de Deus dentro de você; Cristo formado em você; fortalecido com todo poder no homem interior; crendo com o coração para a salvação - estas são expressões familiares aos escritores inspirados; e eles nos lembram que os homens não são mais piedosos aos olhos de Deus do que quando sua religião está assentada no coração e é influenciada por aqueles princípios divinos de fé sincera em Cristo e supremo amor a ele, e ao que o Espírito de Deus inspira. Estas observações destinam-se a evidenciar este importante sentimento de que, para que mereçamos o caráter de verdadeiros cristãos, devemos experimentar a energia da religião vital em nossas próprias almas. De que maneira essa influência exerce-se, vem em seguida a ser considerada. Aqui, no entanto, devemos pisar com passos cautelosos, para que não substituamos os delírios de entusiasmo, 40 pelas comunicações da graça divina; ou ainda, que em nosso zelo contra o entusiasmo, condenemos as operações mais nobres do Espírito sagrado. No que diz respeito à natureza dos poderes e operações da mente, os homens eruditos sempre diferiram, e provavelmente continuarão a divergir enquanto durar o mundo. Eles não concordam de que maneira o entendimento opera sobre a vontade, a vontade sobre os afetos, e uma afeição sobre outra; muito menos podem compreender ou explicar as operações da graça divina no entendimento, na vontade e nos afetos, como unidos e cooperando. Mas, embora as pesquisas filosóficas possam nos dar pouca ajuda para traçar o progresso da vida divina na alma, contudo desfrutamos de uma palavra de profecia mais segura e de um método de ilustração mais óbvio, o qual iremos agora apresentar. Que a mente do homem é capaz de receber impressões de Deus é um princípio consentido por sábios pagãos, bem como por teólogos. Que nenhum homem pode purificar sua mente de toda a iniquidade, é a doutrina da experiência universal. Mas, a Escritura inculca ainda que, sem o Espírito de Cristo, não podemos fazer nada de verdadeiramente bom; e que só Deus trabalha no homem para querer e para fazer o que é certo. Toda visão justa, portanto, de objetos espirituais; todo sentimento piedoso impresso na mente; todas as emoções divinas da 41 alma que surgem desses sentimentos; todos os desejos celestiais; todas as disposições santas; todos os temperamentos divinos e todas as conquistas progressivas na pureza interior - são os frutos do Espírito e as evidências de suas operações divinas. Ligado a este princípio, segue-se outro, igualmente necessário para ser mencionado sobre este assunto - que as operações do Espírito na mente são geralmente por meio da Escritura, e sempre em perfeita coerência com ela. A revelação das Escrituras é completa e contém toda a informação necessária para guiar nossos pés nos caminhos da paz. O Espírito, portanto, em sua agência na mente dos crentes não faz nenhuma nova revelação do céu, nem descobre objetos despercebidos na Palavra da verdade. Seu ofício gracioso é fazer-nos perceber o significado, a importância e a glória do que a Escritura testifica; e trazer para casa, por uma aplicação particular, essas verdades sagradas para nosso entendimento e nosso coração. Aqui, naturalmente, somos levados a examinar como as sublimes e importantes verdades da Escritura, anteriormente enumeradas, afetam a mente, quando aplicadas de modo salvífico pelo Espírito. A primeira evidência de tal aplicação, é auto- humilhação, e solicitude sobre a paz com Deus. Quando o Espírito vier, disse o Salvador, ele vai convencer o mundo do pecado. Com essas 42 convicções, suas operações de salvamento geralmente começam. Ele desperta os homens de sua insensibilidade anterior para as coisas divinas. Ele chama sua atenção para as futuras cenas solenes e eternas reveladas nas Escrituras. Ele coloca diante deles a majestade, a justiça, a autoridade soberana e a santidade infinita do Senhor Deus Onipotente. Ele desenvolve a perfeição da lei divina, suas exigências de obediência constante, seu espírito, sua extensão ampla e suas sanções solenes. Ele os convence de que Deus será honrado e obedecido, ou punirá os desobedientes com a destruição; que ao exigir sujeição ilimitada, ele é justo para si mesmo, e bom para a sua prole racional; e que, ao detê-la, se tornem acusáveis de ingratidão e rebelião, em todas as suas circunstâncias agravantes. Essas verdades sagradas são impressas no coração em caráter duradouro, através do poder do Espírito; elas são contempladas, acreditadas e reconhecidas. A sua tendência para humilhar, e gerar temor, e alarmar, pode facilmente ser observada. É este o Deus que tem a cada momento nos sustentado; mas que não temos temido, nem amado, nem honrado como deveríamos! São estas as exigências invariáveis do onipotente Legislador? Sua lei imutável tem um conhecimento imparcial de nossos pensamentos, nossos temperamentos, nossos motivos, nossas palavras e nossos caminhos? E ameaça com indignação e aflição 43 contra toda a injustiça dos homens? Que faremos então para sermos salvos? Como podemos escapar da ira vindoura? Nossos corações nos condenam, Deus é maior do que nossos corações, e conhece todos os nossos pecados secretos. Como, então, estaremos diante dele? Ou como podemos responder por uma de nossas muitas transgressões? Senhor, tem misericórdia de nós pecadores! Senhor, abominamo- nos à tua vista; a nós pertence a tristeza, porque pecamos, e desprezamos a tua glória. Há uma grande diferença entre estas convicções auto-humilhantes do Espírito, que estão conectadas com a salvação, e as remontagens de uma consciência natural em homens não renovados. Estes últimos são excitados principalmente pela comissão dos pecados grosseiros, ou exteriores, que sujeitam o transgressorao inconveniente presente, à desonra ou à aflição. Os primeiros são promovidos por uma descoberta da oposição que o coração sente à autoridade de Deus, sua insensibilidade à sua amabilidade infinita e sua ingratidão por sua bondade imerecida; e levam-nos a rever nossa vida passada com pesar e contrição; excitam sincera solicitude pela reconciliação com um Deus ofendido; e, enquanto nos obrigam a confessar, que merecemos perecer, eles nos fazem dispostos a ser salvos de qualquer maneira que um Deus santo e gracioso se agrade em designar. 44 O bendito Espírito de iluminação e de graça, tendo humilhado estes homens despertos sob a poderosa mão de Deus, os conduz a uma aceitação crível e alegre da misericórdia oferecida no Evangelho. Ele lhes dá a conhecer que Deus está em Cristo, reconciliando um mundo culpado consigo mesmo; que ele estabeleceu Jesus como um sacrifício expiatório para a remissão dos pecados; que não há condenação para os que estão em Cristo; e para que, quem quer que seja, beba livremente das águas da vida. Ora, Deus não só é glorioso em santidade, mas rico em misericórdia, justo Deus e Salvador, Deus em Cristo, justificando os ímpios que creem e dizem em seu favor: "Livrai-nos de descer à cova; resgata-nos." Agora, a alvorada do amanhecer da esperança surge na mente do pecador desperto. Iluminado pelo Espírito, vejo uma fonte aberta para as minhas muitas iniquidades; e tenho certeza de que Jesus morreu, o justo para os injustos, para trazer pecadores a Deus; seu sangue limpa de toda culpa; seu poder salva até o fim; seus convites são gratuitos e ilimitados; e sua promessa me diz, que ele nunca expulsará qualquer um que realmente crer. Agora chega a hora solene e memorável - de importância infinita para esses homens despertos, quando, através do grande Mediador, aproximam-se do trono do Deus da paz, quando entregam as armas da rebelião, quando se entregam sinceramente à Graça e ao governo do Rei Todo-Poderoso de Sião, e 45 confiam os eternos interesses de suas almas imortais a este Salvador, que é todo-suficiente. E agora são feitos participantes felizes daquela fé que é pela operação do Espírito - eles recebem o testemunho que Deus deu de seu próprio Filho; eles confiam na grande expiação pelo perdão de sua culpa; eles dependem da perfeita justiça de Cristo para sua justificação, à vista de um Deus ofendido e infinitamente santo; eles alegam a experiência de sua graça vivificante e santificadora; e se prendem ao pacto da promessa, como a sua segurança para o gozo de todas as bênçãos espirituais. Logo que os homens são assim levados a confiar no Salvador para a justiça e a redenção, tornam-se novas criaturas em Cristo: as coisas velhas são eliminadas, e o tempo passado parece muito mais do que suficiente para ter feito a vontade da carne; as altas imaginações são baixas, e as afeições cativadas ao amor de Cristo; seu amor os constrange; a influência do pecado é resistida; Deus é supremamente adorado; e as coisas do tempo, por mais alegres que sejam, são contadas como pequeno pó, quando comparado com os prazeres que estão à direita de Deus. Essa mudança surpreendente, que na hora da reconciliação passa sobre suas mentes, é denominada - a renovação do Espírito Santo. Os efeitos abençoados deste novo nascimento, estão 46 crescendo em consolo e santidade; e ambos em todo o progresso gradual até a perfeição; são invariavelmente atribuídos à residência do Espírito nas almas dos regenerados. Ele os enche de paz e de alegria, dando testemunho de que Deus os aceitou por meio de seu Filho amado; que a Sua ira se desviou; que ele os adotou em sua família, e lhes deu não só o título honorável, mas todos os inestimáveis privilégios de filhos. Para que a esperança da glória possa acompanhar a alegria de crer, o Espírito testifica ainda mais que, se filhos, somos herdeiros, herdeiros de uma herança incorruptível, imaculada e implacável, que Deus, que não pode mentir, prometeu e que é reservada no céu para todos os que amam o Salvador. Assim, através das visões de Deus como um Pai reconciliado, através da perspectiva de alegrias imortais, e através de uma elevação nobre acima deste mundo miserável - eles vão se regozijando no seu caminho. Mas, essas influências confortáveis do Espírito são diminuídas ou retiradas, quando o povo de Deus se entrega à conformidade pecaminosa com o mundo, quando agem como uma parte indomável do Pai celeste ou não adornam a doutrina de Deus, seu Salvador. Por isso é evidente que as influências santificadoras da graça são tão necessárias para a nossa paz e conforto, como as mais satisfatórias garantias de nosso interesse pelo favor divino. 47 Santificação significa a continuação e o progresso daquela vida espiritual que foi iniciada nos crentes, quando foram renovados no espírito de sua mente no novo nascimento. Um bebê tem todas as partes e faculdades de que gozará quando chegar à idade adulta; mas estes, enquanto na infância, são imperfeitos e fracos: eles se desenvolvem com o seu crescimento, e se fortalecem com o passar dos anos. Assim é com o homem de Deus: a santificação não confere novos princípios, capacidades e inclinações; mas revigora aqueles que a nova criatura já possui e nutre-os gradualmente, até chegar à plenitude da estatura de um homem maduro em Cristo. Sendo renovado em sua mente, ele coloca suas afeições nas coisas de cima; ele avança para a frente para o prêmio de sua alta vocação; ele vive sob o poder do mundo vindouro; ama o Salvador com todo o ardor do supremo deleite, e consagra os seus talentos à honra de Deus. Na submissão filial, ele renuncia seus interesses à disposição divina, dizendo: "Pai, não a minha vontade, mas seja feita a Tua". Ele estuda através da graça, para andar humildemente com Deus; e é seu esforço diário para desfrutar de uma comunhão mais próxima e mais constante com o Pai, e o Filho, através do Espírito. Este companheirismo delicioso, enquanto eleva seus pontos de vista para o céu, nem leva à presunção, nem enche de arrogância; pelo contrário, promove a humildade mais sincera, 48 sob vivas impressões de sua própria indignidade; e excita uma prudente circunspecção, para que não provoque o Santo de Israel a retirar as suas graciosas comunicações. Tal é o progresso gradual da obra da graça nos corações dos crentes, e tais são os sentimentos da alma quando conduzidos pelo Espírito. Eles unem o ardor da alegria triunfante em Deus, com a mais profunda humilhação por delitos passados; a confiança dos filhos, com a reverência do temor piedoso; o conforto de agradar a Deus, com os conflitos de abnegação; a esperança da glória a ser revelada, com o temor de parecer retroceder na viagem celestial. Ó vida feliz, embora escondida! Que eu viva a vida dos justos! Que eu possa sentir diariamente sua aversão ao pecado; sua gratidão ao amor redentor; sua alegria no Salvador; seu medo de ofender; seu zelo sobre si mesmos; sua mortificação das afeições terrenas; sua ânsia de glorificar a Deus; sua estima dos santos; sua elevação acima do mundo, e seus anseios ardentes para o céu! Seus corações respondem: Amém! Deixem que deleitemo-nos também em Deus. 49 A Influência Prática da Verdadeira Religião Unidos com os princípios e a experiência certos, a religião consiste na conformidade do nosso temperamento e da vida com a vontade de Deus. Até agora vimos os santos sentados aos pés de seu Salvador, ouvindo suas palavras graciosas e sentindo a energia vivificante de suas promessas: ali permaneceriam sempre, em comunhão de felicidade com seu Senhor. "É bom para nós estarmos aqui!" É a sua linguagem. "Aqui ficaríamos, e passaríamos nossos dias de paz na admirável contemplação e experiência satisfatóriado que nos ensinaram!" Mas, aquele adorado Redentor, a cuja direção e disposição eles se submetem voluntariamente, envia- os de volta para seus amigos e famílias, para dizer que grandes coisas ele tem feito por eles; e os honra com esta importante comissão: "Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que eles, vendo as vossas boas obras, glorifiquem a vosso Pai que está nos céus". Com este sentimento e objetivo, eles vão para o mundo, para atuar sua parte na vida, e para exibir esse caráter e estilo de vida que corresponde ao evangelho de Cristo. Honrar a Deus diante dos homens, é o objetivo principal para o qual eles procuram apontar, em 50 todas as suas perseguições e ações. Eles sabem que suas obrigações são infinitas; e a gratidão os constrange a viver para aquele, que os redimiu da destruição eterna! Animados com este desejo celestial de glorificar a Deus, sua primeira indagação é por algum padrão permanente de obediência e uma regra de conduta perfeita, à qual eles possam recorrer, em meio a toda a variedade de situações em que possam ser colocados. A linguagem de seus corações é: "Senhor, o que queres que façamos?" "O que devemos tributar-lhe por todos os seus benefícios para nós?" Fala, Senhor, porque os teus servos estão escutando, mostra-nos o teu caminho, e andaremos por ele. Em resposta a estes pedidos sinceros, a lei moral, explicada e exemplificada por Cristo Jesus, é posta em suas mãos, como a lei do seu reino espiritual, vinculando todos os seus súditos, perpétua em suas obrigações, justa em todas as suas exigências, do caráter humano, produtiva da mais alta felicidade, e dirigida aos crentes com esta inscrição cativante: "Se me amais, guardareis os meus mandamentos". A piedade para com Deus e a benevolência para com o homem - são as principais características do caráter formado sobre esta lei pura e perfeita; porque nisto somos lembrados, que o Senhor Deus onipotente é nosso Deus e que somos seus filhos. Quando, portanto, nossa conduta é regulada por esses 51 princípios infalíveis e inalteráveis, cada dever imposto aos cristãos é acolhido por nós, sabiamente calculado para nosso bem-estar pessoal, e fundado nas relações afetuosas em que estamos diante de Deus e da humanidade. Nós então mais facilmente subscrevemos ambos à justiça e bondade de cada preceito nesta lei sagrada - e bem nos convém fazê- lo; pois todos esses preceitos surgem naturalmente desse amor a Deus e ao homem, que é o fundamento e o cumprimento da lei. Se o amamos supremamente como nosso Deus, adoraremos a Ele somente e reverenciaremos Seu nome. Se considerarmos toda a humanidade como nossos vizinhos próximos de nós, participando de uma mesma natureza comum - se esta lei está escrita em nosso coração, e se agirmos invariavelmente sob sua influência, não feriremos seu caráter por falsos testemunhos nem suas circunstâncias, por fraude, nem invejaremos seu conforto doméstico e o que possuem. Não cobiçaremos, nem odiaremos, nem roubaremos. Mas, embora o verdadeiro cristão deseje ser guiado e governado por esta perfeita regra de justiça, ele ainda experimenta a influência dolorosa e poderosa dessa mente carnal que o levou cativo em seu estado não regenerado e que é inimizade contra a lei de Deus. Pode, portanto, tender a explicar tanto as partes como o progresso da religião prática, se, em conexão 52 com os vários deveres ordenados, notarmos as DIFICULDADES que os cristãos encontram, quando se esforçam, por meio da graça, para fazer a vontade de seu Pai celestial . A primeira prova de obediência que eles são chamados a dar é a oposição às suas próprias disposições corruptas, a fim de alcançar esse autogoverno, sem o qual nenhuma obediência pode ser disposta ou uniforme. As paixões e os apetites malignos estão profundamente enraizados em todos os homens pela natureza; e a indulgência repetida fortalece seu domínio em muitos; mas eles devem ser resolutamente resistidos pelo cristão, porque sua gratificação é inconsistente com o seu progresso na graça, e prejudicial aos interesses da piedade. A ordem é, portanto, se o teu olho direito te ofende, ou te faz ofender - arranca-o; se a tua mão direita te ofende, corta-a; antes sofre a perda e sofre a dor do que pecar contra o seu Deus. Põe à morte tudo o que em ti é mundano: imoralidade sexual, impureza, luxúria, desejo maligno e avareza, que é idolatria. Como povo eleito de Deus, santo e amado, revista-se de compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. O afastamento de pecados antes assediados, é apenas uma realização fraca, a menos que também estejamos vestidos com as belezas da santidade e os ornamentos de um temperamento cristão. Os 53 principais ramos deste temperamento são humildade, temperança, paciência, mansidão e abnegação. Para ter estes neles e abundantemente, é a oração, e objetivo, e, em certa medida, a realização dos crentes. Conscientes de sua indignidade, e fraqueza, e imperfeições diárias, eles estimam outros mais altamente do que eles mesmos. Eles admiram essa paciência de Deus, que poupa tais vermes da terra como eles são. Eles adoram essa graça que estende a salvação a tais criaturas indignas. Confessam-se menos do que o menor de todos os santos; e sob a impressão de humildade sincera, atribuem a Deus a inigualável glória de toda a sua felicidade e esperanças. Ao avançar para a terra da promessa, lembrando que esta terra não é o seu repouso, e declarando-se apenas peregrinos neste mundo tenebroso, eles se esforçam, por meio da graça, para serem temperados em todas as coisas, para serem satisfeitos e resignados em cada situação, viverem sem avareza, e usarem este mundo como não abusando dele, sabendo que este mundo e tudo o que ele contém passará. Abrangidos com muitos cuidados e tribulações, permanecem em Deus, e procuram pacientemente possuir seus espíritos; para se proteger de todo 54 murmúrio e desconfiança; para suportar a indignação do Senhor, até que ele pleiteie a sua causa; e humilhar-se sob a sua poderosa mão, até que ele os exalte no tempo oportuno. A mansidão sob as afrontas é da mais alta importância em um mundo como este, em que abundam homens turbulentos e irracionais; cujas injúrias e ofensas diárias estão tão prontas a arruinar o temperamento, e provocar vingança. Mas aprenda de seu Redentor, ó cristão! A ser manso e humilde. Quando ele foi insultado, ele não insultou novamente; quando sofreu, não ameaçou, mas se entregou àquele que julga com justiça. Portanto, caríssimo, não dê ouvido à ira, e não se vingue; antes, ame aqueles que te odeiam, e ore por aqueles que te desprezam. A abnegação tão fortemente instigada nas Escrituras sobre todos os discípulos de Cristo, implica uma guarda com cuidado habitual, contra aquelas altas imaginações que se opõem arrogantemente ao esquema humilhante do evangelho; e mortifica essa ambição vã para aplausos humanos, o que leva muitos a se importar com suas próprias coisas, mais do que com as coisas de Cristo. Mas, isso significa principalmente o oposto desses desejos intemperados e impuros, que levam os homens do mundo cativos, que são destrutivos de toda a serenidade interior, e são denominados justamente 55 os "caminhos da amargura e da morte". Para proteger o regenerado contra esses caminhos fatais, as injunções à abnegação são muitas, e simples e fortes. "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação, para que não sejais sobrepujados com facilidade e embriaguez, e com os cuidados desta vida: Abstende-vos das concupiscências carnais que guerreiam contra a alma. Andem com circunspecção, não como tolos, mas não amem o mundo, nem as coisas do mundo, porque tudo o que há no mundo - a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhose a soberba da vida, não é do Pai. O mundo passa, e a sua concupiscência, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre." Assim, ao descrever a conversa que se torna o evangelho, temos sido necessariamente levados a considerar o temperamento da mente do cristão e a operação de suas disposições internas: pois, embora esses temperamentos interiores sejam apenas manifestos a Deus, seus frutos são visíveis em tudo à volta; de modo que o cultivo cuidadoso dos temperamentos celestiais, já mencionado, constitui um ramo essencial da religião prática. Promover o crescimento desses temperamentos sagrados, e seu progresso rumo à perfeição, é talvez um dos trabalhos mais difíceis do cristão neste solo mundano não-convencional. Numerosas e poderosas são as más inclinações do seu coração enganador. Essas corrupções naturais que ele pensava terem sido 56 totalmente expulsas pelo poder da graça regeneradora, ainda têm sua raiz de amargura remanescente; e muitas vezes recupera o vigor inesperadamente, espalha sua influência nociva, e ameaça a destruição de todas as graças do Espírito. Daí surge outro importante dever cristão, que é o de revigorar e nutrir essas plantas celestiais por meio de ordenanças religiosas. Assim, os crentes são descritos nas Escrituras, como árvores de justiça, plantadas pelos rios de água, que dão fruto na sua estação; e estão florescendo mesmo na velhice, quando os outros se desvanecem. A Palavra de Deus; o santuário e suas solenidades impressionantes; as devoções secretas do quarto e na família - esses são os riachos pacíficos que regam a vinha do Senhor! Estes são os canais sagrados pelos quais o Espírito todo-poderoso transmite aos crentes renovados suprimentos de vida, força e fecundidade. A Palavra de Deus é sua Conselheira, e companheira na peregrinação da vida. Muitos, em todas as épocas, podem dizer com o salmista: "Quando nossas dores abundassem, teríamos perecido, a menos que tivéssemos encontrado conforto em sua mais perfeita Palavra". Pela oração da fé, eles são fortalecidos com todo poder no homem interior; e mantidos em paz, estando em Deus. Em seus tabernáculos, eles contemplam o seu poder e glória, e são trazidos para perto de Deus como sendo sua alegria excessiva. Em 57 sua Ceia, eles se deleitam em seu amor, e os frutos da morte de seu Redentor são doces a seu gosto. Com gratidão acolhem cada retorno do dia que o próprio Deus consagrou; e que lhes traz a evidência renovada, que seu Senhor está ressuscitado, e triunfou sobre a morte e o sepulcro. Com Simeão, subiram ao templo para adorar; com Lídia, atendem às coisas que são ditas pelo Senhor; com Asafe meditam nas obras de Deus, e recordam os anos da destra do Altíssimo; com o devoto Cornélio, adoram a Deus em sua casa; com os discípulos indo para Emaús, eles tomam doutamente conselho juntos, e falam daquele que redime Israel; e com os primeiros cristãos, eles continuam firmes na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. A negligência deliberada dessas instituições da religião cristã não só prejudica o progresso da graça na alma, mas indica impiedade para com Deus; e é prova de consequências perniciosas para os indivíduos, famílias e sociedades, colocando diante deles um exemplo de desprezo às instituições divinas. Enquanto uma atenção regular e reverente ao culto religioso, no quarto, na família e no santuário - é um dos vários métodos pelos quais os fiéis em Cristo adornam sua doutrina e fazem sua luz brilhar diante dos homens. 58 Tendo exposto os ramos mais pessoais da religião prática, vamos agora dirigir sua atenção para os deveres que devemos aos outros, e que são, portanto, denominados deveres relativos. Eles estão compreendidos sob estes dois mandamentos principais, de amar o próximo como a nós mesmos; e fazer aos outros como gostaríamos que eles, em situações semelhantes, nos fizessem. Essas proposições gerais são explicadas por preceitos particulares da Escritura. "Ele te mostrou, ó homem, o que é bom, e o que o Senhor requer de ti: que ames a justiça, ames a misericórdia e caminhes humildemente com o teu Deus.” Que nenhum de vocês imagine o mal contra o seu próximo. E devem praticar o juízo da verdade, confortar e apoiar os fracos, ser pacientes com todos os homens, carregar os fardos uns dos outros e cumprir a lei de Cristo, alegrar-se com os que se alegram e chorar com os que choram. Filhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de obra e de verdade; por isso, manteremos firme o nosso coração diante dele. Mas quem tem os bens deste mundo e vê o seu irmão necessitado, e fecha a sua compaixão, como pode permanecer o amor de Deus nele? Nessas exortações aos deveres relativos - sinceridade, justiça e bondade - são particularmente recomendados, como artigos importantes na conversação que convém ao evangelho. 59 A verdade e a sinceridade da fala são de tanta importância na sociedade, que sem ela, a humanidade não poderia ter conforto uns nos outros, e nenhuma confiança na comunhão social; portanto, a religião exige que as palavras de um cristão indiquem os sentimentos sinceros de seu coração e sejam seguidas pela conformidade de suas ações com o que ele disse ou prometeu. Uma conduta contrária está tratando em desconsiderar a onisciência de Deus, e substituindo o engano, pela sinceridade divina que convém aos cristãos. A justiça e a integridade da conduta devem sempre acompanhar a sinceridade na fala; e levará o cristão a prestar a todas as pessoas o que elas têm direito a esperar: homenagem aos superiores, gratidão aos benfeitores, obediência aos governantes, sujeição aos pais, atenção afetuosa aos vizinhos e constância de amizade com parentes e companheiros. Portanto, não é suficiente abster-se de contenção, debate, opressão, crueldade ou fraude; os cristãos também devem ser o sal da terra e as luzes do mundo; para fazer o bem como eles têm oportunidade; para alimentar os famintos, para vestir os nus, para apoiar os aflitos e para honrar o Senhor com os seus bens. Porque aqueles que ele prosperou no mundo, são mordomos das dádivas da providência; e estão realmente vinculados pela Escritura para suprir os necessitados - para não roubar; dar e não reter; confortar e não ferir. 60 Mas, esta extensa lei de justiça tem um particular respeito à situação relativa da humanidade, regulando a extensão da autoridade nos superiores e a medida da sujeição nos inferiores. Tal é, portanto, a sua linguagem, como testemunhado na Escritura. Aquele que governa sobre os homens - deve ser justo, governando no temor do Senhor. Que cada alma esteja sujeita às autoridades superiores – porque as que existem são ordenadas por Deus, para o castigo dos malfeitores, e o louvor daqueles que fazem o bem. Maridos, amai a vossas mulheres, assim como Cristo também amou a igreja e se entregou por ela; assim também os homens devem amar as suas esposas como seus próprios corpos; porque aquele que ama a sua esposa ama a si mesmo. Esposas, submetei-vos a vossos maridos como ao Senhor. Sejam sóbrias, discretas, castas, guardiãs em casa, sujeitas a seus próprios maridos. Seu ornamento seja o ornamento de um espírito manso e quieto, que é de grande valor aos olhos de Deus. Os pais não devem provocar os seus filhos à ira, mas criá-los na educação e admoestação do Senhor. Coloque estas minhas palavras em seu coração, e ensine-as a seus filhos, falando delas ao sentar-se em casa, ao caminhar pelo caminho, ao se deitar e ao se levantar. 61 Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor; pois isso é bom e aceitável para Deus. Honra teu pai e tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa. Que todos os servos que estão sob o jugo, considerem seus próprios senhoresdignos de toda honra, e agradem-lhes bem em tudo: não sendo respondões, não furtando; mas mostrando toda a boa fidelidade, para que possam adornar a doutrina de Deus nosso Salvador em todas as coisas. Vós, mestres, dai aos vossos servos o que é justo e igual, retendo as ameaças; sabendo que vocês têm um Mestre no céu. A essas regras de justiça mais razoáveis, que brotam das situações relativas dos cristãos, o Redentor deles acrescentou o novo mandamento do Amor aos irmãos. Como sua cabeça de influência e privilégio, ele os une em uma família espiritual; e os obriga a amar uns aos outros com pureza, constância e afeto dignos de seus companheiros devedores à graça soberana, e companheiros viajantes à glória celestial. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se amardes uns aos outros. Este amor é puro e pacífico, longânimo e amável; perdoa até setenta vezes sete; não se regozija na iniquidade, mas alegra-se na verdade; adverte o ingovernável, e restaura o caído, no espírito de mansidão; ele conforta os fracos de espírito, e confirma os fracos. Somos irmãos, é sua 62 linguagem, não discutamos ao longo do caminho. Temos uma só fé, um só Senhor, uma só esperança de nosso chamado, um Pai e um só céu; edificamo- nos uns aos outros na nossa santíssima fé, edificamo- nos uns aos outros e regozijamo-nos na esperança da glória a ser revelada. Por outro lado, se, entre os parentes ou companheiros do cristão, parecem estranhos ou inimigos daquela graça que traz salvação, o seu dever é não irritá-los por acusações, por altivez, negligência, indignação ou desprezo; mas instruir com mansidão; na delicadeza do conselho para recomendar piedade; na circunspecção de uma conduta exemplar, para mostrar sua poderosa influência; e, em toda a importunidade da oração, implorar ao Deus de toda graça que, por sua graça imerecida, onipotente e soberana, os arranque como tições do fogo e os chame das trevas para a sua maravilhosa luz, e os torne alegres com a sua herança. (Nota do tradutor: é para a prática desta conduta cristã, como aqui descrita, e que é segundo a revelação das Escrituras, que se faz necessário o crescimento e amadurecimento espiritual, pelo crescimento na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, pois a regularidade e constância de tais ações procedem somente daqueles que são crentes espirituais e não carnais.) 63 Tal é a natureza da religião prática, como delineado nas Sagradas Escrituras: andando em todos os mandamentos e ordenanças do Senhor de modo irrepreensível; vivendo sem manchas do mundo; levando vidas tranquilas e pacíficas, em toda piedade e honestidade; fazendo o bem a todos quando temos oportunidade, especialmente aos que são da família da fé; crescendo em graça; seguindo as coisas puras e adoráveis, e de boa fama; acrescentando à nossa fé, virtude, conhecimento, temperança, paciência, piedade, bondade fraterna e amor. (Nota do tradutor: veja a progressão marcada pelo autor que é consoante o ensino do apóstolo Pedro, conforme ele o havia aprendido de Jesus Cristo, de crescer de experiência de graça a experiência de graça, conforme elas vão sendo delineadas em nosso caráter pela prática. Pela mesma razão é dito pelo apóstolo Paulo que somos transformados à imagem do Senhor de graça sobre graça ou de fé em fé, referindo-se ao mesmo modo de crescimento espiritual - por acréscimo destas virtudes apontadas.). Os motivos para essa conduta cristã são numerosos, poderosos e cativantes. Assim, glorificamos nosso Pai nos céus, e adornamos a doutrina de Deus nosso Salvador; e andamos perante ele em todo o bem agradável. Assim, vivemos para o Senhor, e, como ele deu mandamento, e de acordo com o exemplo que ele nos deixou. Assim, a vida de Cristo é manifestada em nós, e nossa luz brilha diante do mundo, e o caminho 64 da verdade não é infamado por nossa causa. Assim, nossa paz flui como um rio, e crescemos em aptidão para herdarmos com os santos na luz. Examinemos então nosso próprio caráter e perguntemos: que influência nossa religião teve sobre nossos corações e temperamentos, sobre nossas palavras e sobre nossa conduta? Busquemos nobremente as realizações mais elevadas possíveis, naquela vida de santidade uniforme e exemplar recomendada pelo evangelho. E, para isso, ao mesmo tempo em que confiamos diariamente na justiça do Redentor para a aceitação, e nos dedicamos diariamente a seu serviço, também sejamos fortes em seu poder e, no exercício da oração, esperemos as influências prometidas do Espírito Santo, para sustentar nossas coisas, para que nossos passos nunca escorreguem; para nos guardar na hora da tentação; para nos conduzir no caminho eterno; para nos santificar inteiramente; para preservar a alma, corpo e espírito irrepreensíveis para a vinda do Senhor; e para fazer nosso caminho brilhar mais e mais brilhante até o dia perfeito! 65 A importância da verdadeira religião para a utilidade e felicidade do povo comum Deve-se entender que esta expressão, o povo comum, longe de implicar o menor grau de desrespeito, é usada para distinguir apenas as pessoas aqui endereçadas, daqueles que, por sua posição superior, fortuna ou influência, são, em linguagem comum, denominados os grandes deste mundo. Mas, embora nem as classes médias da vida, nem as classes mais baixas da sociedade, sejam excluídas por este termo geral do povo comum, o escritor deste tratado tem principalmente em vista a classe numerosa e valiosa de pessoas que são empregadas como comerciantes, trabalhadores, empregados ou aprendizes. Para seu benefício, tracei alguma descrição da natureza e influência da religião real; e agora desejo despertar sua atenção para este assunto profundamente interessante e recomendar esta religião à sua escolha, por argumentos que possam ser adequados às suas situações, e aplicados em seus corações. Conheça a si mesmo, ó homem! E respeite a si mesmo - são máximas aplaudidas pelos sábios e dignas da contínua lembrança de todos. Elas são particularmente aplicáveis a vocês que são colocados em circunstâncias dependentes; e cuja inferioridade pode muitas vezes expô-los à falta de estima, e às 66 vezes pode colocar em perigo de subestimar o seu próprio caráter. Para promover este conhecimento e respeito, suplico para pensar seriamente sobre os poderes exaltados que você possui, e olhar ao redor com atenção para a época em que vive. Em outras palavras, vejam-se tanto em sua capacidade pessoal quanto em sua capacidade relativa. A esses dois pontos o raciocínio sobre este ramo do assunto deve ser confinado. 1. Então, pensem em si mesmos em sua capacidade pessoal, como seres racionais e imortais. Embora seja obscurecida a sua porção na vida, você possui os mesmos poderes espirituais, que são formados para os mesmos propósitos nobres, e são chamados para as perspectivas exaltadas - com os mais honrados ou ricos na terra. As circunstâncias mais baixas de serviço, ou dependência, ou pobreza, com todos os seus assistentes humilhantes e tristes, não podem em nada diminuir a excelência intrínseca do pobre. Ele é filho da providência, o expectante da imortalidade. Estas honras que o seu Criador gracioso confere a ele, em comum com o potentado mais rico na terra. Um miserável Lázaro, alimentado com migalhas da mesa do rico; um cego Bartimeu, que estava sentado ao lado do caminho implorando, eram realmente objetos da atenção divina, tanto quanto Salomão, quando vestido em toda a sua glória. Homens 67 desconhecidos, filhos e filhas da pobreza; vocês são igualmente com os outros, criaturas de Deus; formados por seu poder, sustentados por sua visitação misericordiosa, e colocados nas mesmas circunstâncias que sua sabedoria infalível julgou mais conveniente.
Compartilhar