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Piedade Genuína

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Piedade Genuína 
 
 
Título original: Genuine Piety 
 
 
 
Por: Archibald Bonar (1753—1816) 
 
Traduzido, Adaptado e 
Editado por Silvio Dutra 
 
 
 
 
Mai/2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 B699 
 Bonar, Archibald – 1753 -1816 
 Piedade Genuína / Archibald Bonar 
 Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra – Rio de 
 Janeiro, 2017. 
 106p.; 14,8 x 21cm 
 Título original: Genuine Piety 
 
 1. Teologia. 2. Vida Cristã 2. Graça 3. Fé. 4. Alves, 
 Silvio Dutra I. Título 
 CDD 230 
 
3 
 
 Sumário 
 
PREFÁCIO................................................... 4 
Introdução pelo Tradutor.............................. 7 
Os Princípios da Verdadeira Religião.............. 13 
A EXPERIÊNCIA da Verdadeira Religião...... 38 
A Influência Prática da Verdadeira Religião... 49 
A importância da verdadeira religião para a 
utilidade e felicidade do povo comum........... 
 
65 
 
Os MEIOS que parecem mais bem calculados 
para promover o Conhecimento e o Espírito 
da Religião entre as Pessoas Comuns............. 
 
 
82 
 
Conclusão pelo Tradutor................................. 97 
 
 
 
 
 
4 
 
PREFÁCIO 
Aliviar as ansiedades dos pobres laboriosos, e 
aumentar a felicidade do povo comum, é o objetivo 
sincero do escritor deste Tratado. Como método mais 
eficaz para realizar este objetivo desejável, ele deseja 
recomendar a eles e a suas famílias - o conhecimento 
e o amor da religião real; totalmente persuadido, de 
que só isso pode apoiar suficientemente suas mentes 
sob os vários males a que são expostos diariamente. 
Muitas são as armadilhas da pobreza e severas as 
dificuldades experimentadas por aqueles que são 
colocados nas posições inferiores da vida. Quando 
sofrendo sob agonizante solicitude, ou negligência 
cruel, ou todas as circunstâncias humilhantes de 
dependência arrogante; quando a vasilha de farinha 
é consumida, e as crianças choram pelas provisões 
que seus pais necessitados são incapazes de 
comunicar; quando a doença une-se à pobreza para 
tornar as suas habitações sombrias; quando aquele 
em cujo trabalho suas esperanças estavam centradas, 
é perfurado pelas flechas da morte - como é 
lamentável então o estado de tais famílias! Mas 
muito mais lamentáveis ainda, se, sob essas 
calamidades, eles permanecem estranhos às alegrias 
satisfatórias, e às esperanças animadoras do 
cristianismo; se viveram nos tristes hábitos da 
impiedade, ou cresceram em todas as misérias da 
5 
 
ignorância; se, em meio a suas complicadas 
provações, sentidas e lamentadas, eles estão 
destituídos das consolações que permitem aos 
crentes triunfar no meio da adversidade. 
Tal ignorância da verdadeira religião dificilmente 
pode deixar de ser produtora de prodigalidade e 
miséria. Aqueles que nunca foram ensinados a 
buscar a felicidade nos caminhos de Deus, ainda 
estão ansiosos por conforto, e são naturalmente 
levados a colocar todas as suas expectativas de 
desfrutá-lo nas intoxicações do vício; sua pobreza, 
unida à sua ignorância, os envolve em muitas 
armadilhas, os apressa a todos os terríveis excessos 
da iniquidade, e afoga-os finalmente na culpa e 
eterna perdição! Ao passo que, se tivessem sido 
treinados nos caminhos da piedade e da justiça, 
poderiam ter mantido um caráter honrado em meio 
a todas as armadilhas da pobreza e desfrutado de 
serenidade interior em meio a todas as adversidades 
da vida. 
Tentar, portanto, a libertação de muitos desta 
miséria, e procurar dirigi-los para a frente nos 
caminhos da sabedoria e da paz, não pode ser um 
objeto não apto a uma mente benevolente. Com este 
desígnio, e de um desejo ardente de promover um 
objeto tão importante - um amigo apresenta ao povo 
comum em nossa terra, um diretório simples e 
monitor, escrito para sua instrução, e enviado ao 
6 
 
mundo com súplicas fervorosas ao Pai de todos, pelo 
seu sucesso na promoção dos melhores interesses da 
humanidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Introdução pelo Tradutor: 
Nós vemos o apóstolo Paulo se dirigindo a Timóteo 
para que se exercitasse pessoalmente na piedade (I 
Tim 4.7), uma vez que viriam tempos trabalhosos em 
que os homens teriam a forma de piedade, mas 
negariam o seu poder (II Tim 3.5), dos quais ordenou 
a Timóteo que se afastasse deles. 
Os dias seriam difíceis por causa desta aparência de 
piedade religiosa sem que a fosse de fato, de maneira 
que muitos seriam enganados e conduzidos a um 
modo de vida cristã que não poderia de modo algum 
agradar a Deus. 
Com o intuito de fundamentar os crentes na verdade 
todos os apóstolos dirigem sérias advertências em 
suas epístolas quanto ao dever de se crescer na graça 
e no conhecimento de Jesus para que se tenha um 
testemunho de vida cristã verdadeiro e maduro, apto 
para o serviço de Deus e para a comunhão entre os 
crentes em amor. 
É a isso que o apóstolo Pedro se refere em sua 
segunda epístola quando, com vistas a tal 
crescimento espiritual rumo à necessária 
maturidade, aponta os degraus de graças nos quais 
o crente deve avançar rumo à citada maturidade: 
8 
 
“5 E vós também, pondo nisto mesmo toda a 
diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude 
a ciência, 
6 E à ciência a temperança, e à temperança a 
paciência, e à paciência a piedade, 
7 E à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a 
caridade. 
8 Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, 
não vos deixarão ociosos nem estéreis no 
conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.” (II 
Pedro 1.5-8) 
Como não poderia deixar de ser, ele começa com o 
degrau da fé, pelo qual os crentes tiveram acesso à 
conversão, com a justificação e a regeneração, e com 
a qual devem também prosseguir na santificação 
progressiva durante toda a sua jornada espiritual. 
À fé deve ser seguida por um viver segundo as 
excelências de Cristo, ao qual ele chama 
resumidamente de virtude (erete no grego), palavra 
que designa aquele que sabe distinguir o vil do 
precioso. 
Mas, há ainda outros degraus na vida espiritual que 
devem ser acessados com o tempo de nossa 
caminhada no Senhor. E o próximo citado pelo 
apóstolo é a ciência, ou conhecimento da vontade de 
9 
 
Deus, especialmente a revelada na Palavra, que o 
instrumento da nossa santificação pelo Espírito. 
Tendo alcançado estes degraus, o próximo em ordem 
é a temperança, ou domínio próprio, um fruto do 
Espírito Santo, obtido pelo exercício da negação do 
nosso ego, para sermos conduzidos pela mente de 
Cristo, segundo instrução e direção do Espírito. 
Alcançado este ponto, estamos em condições de 
avançar para exercer o próximo degrau que se refere 
à paciência cristã, e sobre a qual todo um compêndio 
poderia ser escrito, mas que podemos resumir como 
sendo particularmente a imitação da longanimidade 
de Deus, sendo tardios para nos irarmos, e para falar, 
e prontos para ouvir, conforme o dizer do apóstolo 
Tiago. Está em foco aqui, a capacidade aprendida em 
diversas provações e exercícios espirituais, a 
suportar ofensas, ingratidões e toda sorte de danos e 
perseguições, sem perder a paz e alegria de Cristo no 
coração. 
Este já é um grau de crescimento espiritual bastante 
recomendável, mas falta ainda ser-lhe acrescentado 
os degraus da piedade e do amor, que são 
apresentados pelo apóstolo Pedro, nesta ordem. A 
piedade está relacionada à vida de devoção a Deus, 
não apenas externa, mas sobretudo interna, de 
coração, quanto à adoração, louvor, oração, ações e 
reações cristãs especialmente na comunhão dos 
10 
 
santos. E amor, cujas características essenciais sãodestacadas pelo apóstolo Paulo em I Coríntios 13, 
dispensa maiores comentários. 
Concluímos então que a plenitude do amor de Cristo 
não poderá ser vista no crente ou na congregação de 
crentes em que tais degraus anteriormente citados 
não tiverem sido alcançados na experiência da 
prática da vida cristã. 
Na verdade, todas estas graças são alcançadas e 
aperfeiçoadas mediante exercício, ou seja, por serem 
praticadas, por nos empenharmos em agir de acordo 
com o que a Palavra nos ensina e exige de nós em 
relação a elas. 
O apóstolo Paulo se expressa a respeito desta forma 
de Pedro definir o crescimento espiritual à estatura 
de varão perfeito (amadurecido), usando outras 
formas de expressão, como a que encontramos por 
exemplo em Efésios 4.11-16: 
“11 E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para 
profetas, e outros para evangelistas, e outros para 
pastores e mestres, 
12 Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a 
obra do ministério, para edificação do corpo de 
Cristo; 
13 Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao 
conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à 
medida da estatura completa de Cristo, 
11 
 
14 Para que não sejamos mais meninos inconstantes, 
levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo 
engano dos homens que com astúcia enganam 
fraudulosamente. 
15 Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em 
tudo naquele que é a cabeça, Cristo, 
16 Do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo 
auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação 
de cada parte, faz o aumento de si mesmo, para sua 
edificação em amor.” 
Ou ainda: 
“3 E não somente isso, mas também gloriemo-nos 
nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a 
perseverança, 
4 e a perseverança a experiência, e a experiência a 
esperança; 
5 e a esperança não desaponta, porquanto o amor de 
Deus está derramado em nossos corações pelo 
Espírito Santo que nos foi dado.” (Rom 5.3-5). 
Aqui, pretendemos, com a tradução deste livro de 
Archibald Bonar, focarmos apenas no assunto da 
piedade, principalmente com o propósito de 
aprendermos que a par de o crente ter recebido todo 
o aparato da graça em semente na conversão, é 
necessário fazer crescer e aparecer tudo o que se 
12 
 
refere a Cristo, para que o propósito eterno de Deus 
se cumpra em sua vida. 
Alguns crentes entraram pela porta da fé, e sequer 
avançaram na da virtude e do conhecimento, e não 
tendo avançado nestas, muito menos terão avançado 
nas portas do domínio próprio, da paciência e da 
piedade, as quais tendo sido percorridas, são o 
caminho normal para a grande porta do amor em sua 
plenitude em maturidade. 
Os apóstolos lutaram e deixaram escrito para nós em 
suas epístolas tudo quanto nos convém, e se 
esforçavam para que fosse aprendido e praticado por 
todos os crentes. A falta da mesma diligência no 
ensino e aplicação de tais coisas, explica a grande 
carnalidade que campeia uma grande parte da igreja 
atual em todo o mundo. 
 
 
 
 
 
 
13 
 
Os Princípios da Verdadeira Religião 
A VERDADEIRA RELIGIÃO consiste em três 
partes: princípios apropriados, disposições 
apropriadas e conduta apropriada. A união destes 
três, forma o caráter de uma pessoa piedosa; e se 
algum deles faltar, os outros dois devem ser 
grandemente deficientes; porque os princípios em 
que você deve estar imbuído darão uma direção aos 
afetos de seu coração; e ambos, ao unirem sua 
influência, determinarão o teor geral de sua conduta. 
Portanto, será necessário apresentar-lhes uma 
simples descrição dos princípios sagrados, ou 
doutrinas, que os cristãos reais consideram 
essenciais para suas esperanças e felicidade; que são 
claramente revelados na Palavra de Deus; e que, 
portanto, são do seu maior interesse bem 
compreender, firmemente acreditar e 
constantemente lembrar. Depois de termos visto os 
princípios passaremos à descrição das disposições ou 
afetos, e finalmente à conduta. 
(Nota do tradutor: Vemos assim que é possível que 
um crente genuíno pode estar destituído de um viver 
piedoso, ou seja, sem ter a piedade acrescentada à 
sua vida religiosa, desde que lhe falte a prática da 
Palavra, refletida pela sua plena vivência em sua 
conduta. E isto não é recebido como um dom 
14 
 
instantâneo como é o caso da justificação e da 
regeneração, antes é alcançada por exercício, e 
exercício continuado em grande disciplina na 
aplicação da Palavra à vida pelo poder do Espírito 
Santo, como vemos o apóstolo instruindo Timóteo 
em 1 Tim 4.7. Assim, mesmo que haja conhecimento 
da Palavra, e uma disposição afetuosa por Deus e 
pela Sua vontade, e todavia houver esta falta de 
prática da verdade na vida, não pode ser dito que o 
crente é piedoso, ou que alcançou a piedade.) 
As doutrinas essenciais da Escritura referem-se 
principalmente aos seguintes detalhes: 
1. O caráter e a providência de Deus. 
2. As circunstâncias originais e presentes da 
humanidade. 
3. O amor de Cristo, como exposto em sua 
encarnação, sofrimentos, morte e ressurreição; e 
ainda exibido em seu cuidado ininterrupto de sua 
igreja e pessoas. 
4. A aplicação deste amor através das influências do 
Espírito Santo. 
5. O estado eterno. 
15 
 
Vamos discorrer um pouco sobre o que as Sagradas 
Escrituras revelam a respeito de cada um desses 
artigos. 
1. O fundamento de todo conhecimento religioso é 
estabelecido em concepções justas do SER DIVINO. 
Que há um Deus, toda a natureza proclama em voz 
alta, e quase todas as nações admitiram 
prontamente. Assumindo, portanto, o Ser de Deus 
como um princípio consentido, a interessante 
indagação segue naturalmente: Quem é Deus? Quais 
são seus atributos? Que atenção ele tem para suas 
criaturas racionais aqui embaixo? Qual é a extensão 
de seu domínio e providência? Se aqueles que 
arrogantemente se vangloriam de que a razão não 
iluminada pode guiar os homens para a felicidade, 
são incapazes de resolver essas perguntas com 
satisfação para si ou para os outros; se eles só podem 
conjecturar; e se suas conjecturas são passíveis de 
controvérsias; então que eles não pensem mais do 
que deveriam da luz da natureza, mas deixem que 
eles escutem os ditames da revelação bíblica, e 
aprendam a partir daí o que a razão humana nunca 
poderia ter descoberto. (Nota do tradutor: porque 
Deus não nos deixou sem respostas quanto ao que é 
essencial para adorá-lo e servi-lo, conforme a 
revelação que fez nas Escrituras para tal propósito.) 
16 
 
Das Escrituras aprendemos que o Deus com quem 
temos de lidar é sobre todos, e antes de tudo, 
infinitamente e independentemente, abençoado em 
si mesmo; de eternidade a eternidade, sem qualquer 
variação, ou mesmo sombra de mudança. Como 
ninguém pode resistir ao seu poder, assim todas as 
coisas são possíveis com ele, porque ele é o Senhor 
Deus onipotente, que era, e é, e está para vir. Ele é 
glorioso em santidade; e não pode olhar para a 
iniquidade sem aborrecimento. Diante dele todas as 
coisas são abertas e manifestas; porque as trevas não 
nos podem esconder dele, porque é como a luz. Mais, 
ele procura os pensamentos e corações dos homens, 
e conhece todos os seus feitos secretos. 
Grandes e maravilhosas são suas obras. Ele fez os 
céus, e todas as suas hostes, o mundo e todos os seus 
habitantes. Ele os sustenta pela palavra do seu poder, 
e faz todo o seu prazer entre os filhos dos homens. 
Seu reino governa sobre todos, e seus olhos 
contemplam as nações. Ele fere e cura. Ele abate e 
eleva; e ninguém pode livrar de suas mãos. O que ele 
propôs, ele realizará; porque o conselho do Senhor 
permanecerá para sempre, e os pensamentos do seu 
coração por todas as gerações. Portanto, bem irá para 
os justos; porque de fato há um Deus que governa a 
terra, e ele punirá os ímpios com destruição eterna! 
A linguagem do volume sagrado, ao descrever o 
caráter de Deus, é inimitavelmente sublime; e dirigir17 
 
sua atenção para algumas dessas descrições, é sem 
dúvida o método mais apropriado de transmitir 
visões justas de sua grandeza e glória. 
"1 Eu te exaltarei, ó Deus, rei meu; e bendirei o teu 
nome pelos séculos dos séculos. 
2 Cada dia te bendirei, e louvarei o teu nome pelos 
séculos dos séculos. 
3 Grande é o Senhor, e mui digno de ser louvado; e a 
sua grandeza é insondável. 
4 Uma geração louvará as tuas obras à outra geração, 
e anunciará os teus atos poderosos. 
5 Na magnificência gloriosa da tua majestade e nas 
tuas obras maravilhosas meditarei; 
6 falar-se-á do poder dos teus feitos tremendos, e eu 
contarei a tua grandeza. 
7 Publicarão a memória da tua grande bondade, e 
com júbilo celebrarão a tua justiça. 
8 Bondoso e compassivo é o Senhor, tardio em irar-
se, e de grande benignidade. 
9 O Senhor é bom para todos, e as suas misericórdias 
estão sobre todas as suas obras. 
18 
 
10 Todas as tuas obras te louvarão, ó Senhor, e os 
teus santos te bendirão. 
11 Falarão da glória do teu reino, e relatarão o teu 
poder, 
12 para que façam saber aos filhos dos homens os 
teus feitos poderosos e a glória do esplendor do teu 
reino. 
13 O teu reino é um reino eterno; o teu domínio dura 
por todas as gerações. 
14 O Senhor sustém a todos os que estão caindo, e 
levanta a todos os que estão abatidos. 
15 Os olhos de todos esperam em ti, e tu lhes dás o 
seu mantimento a seu tempo; 
16 abres a mão, e satisfazes o desejo de todos os 
viventes. 
17 Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, e 
benigno em todas as suas obras. 
18 Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de 
todos os que o invocam em verdade. 
19 Ele cumpre o desejo dos que o temem; ouve o seu 
clamor, e os salva. 
19 
 
20 O Senhor preserva todos os que o amam, mas a 
todos os ímpios ele os destrói. 
21 Publique a minha boca o louvor do Senhor; e 
bendiga toda a carne o seu santo nome para todo o 
sempre." (Salmo 145) 
Para o mesmo propósito você lê no Salmo 104: 
 "1 Bendize, ó minha alma, ao Senhor! Senhor, Deus 
meu, tu és magnificentíssimo! Estás vestido de honra 
e de majestade, 
2 tu que te cobres de luz como de um manto, que 
estendes os céus como uma cortina. 
3 És tu que pões nas águas os vigamentos da tua 
morada, que fazes das nuvens o teu carro, que andas 
sobre as asas do vento; 
4 que fazes dos ventos teus mensageiros, dum fogo 
abrasador os teus ministros. 
5 Lançaste os fundamentos da terra, para que ela não 
fosse abalada em tempo algum. 
6 Tu a cobriste do abismo, como dum vestido; as 
águas estavam sobre as montanhas. 
7 À tua repreensão fugiram; à voz do teu trovão 
puseram-se em fuga. 
20 
 
8 Elevaram-se as montanhas, desceram os vales, até 
o lugar que lhes determinaste. 
9 Limite lhes traçaste, que não haviam de 
ultrapassar, para que não tornassem a cobrir a terra. 
10 És tu que nos vales fazes rebentar nascentes, que 
correm entre as colinas. 
11 Dão de beber a todos os animais do campo; ali os 
asnos monteses matam a sua sede. 
12 Junto delas habitam as aves dos céus; dentre a 
ramagem fazem ouvir o seu canto. 
13 Da tua alta morada regas os montes; a terra se 
farta do fruto das tuas obras. 
14 Fazes crescer erva para os animais, e a verdura 
para uso do homem, de sorte que da terra tire o 
alimento, 
15 o vinho que alegra o seu coração, o azeite que faz 
reluzir o seu rosto, e o pão que lhe fortalece o coração. 
16 Saciam-se as árvores do Senhor, os cedros do 
Líbano que ele plantou, 
17 nos quais as aves se aninham, e a cegonha, cuja 
casa está nos ciprestes. 
21 
 
18 Os altos montes são um refúgio para as cabras 
montesas, e as rochas para os querogrilos. 
19 Designou a lua para marcar as estações; o sol sabe 
a hora do seu ocaso. 
20 Fazes as trevas, e vem a noite, na qual saem todos 
os animais da selva. 
21 Os leões novos, os animais bramam pela presa, e 
de Deus buscam o seu sustento. 
22 Quando nasce o sol, logo se recolhem e se deitam 
nos seus covis. 
23 Então sai o homem para a sua lida e para o seu 
trabalho, até a tarde. 
24 Ó Senhor, quão multiformes são as tuas obras! 
Todas elas as fizeste com sabedoria; a terra está cheia 
das tuas riquezas. 
25 Eis também o vasto e espaçoso mar, no qual se 
movem seres inumeráveis, animais pequenos e 
grandes. 
26 Ali andam os navios, e o leviatã que formaste para 
nele folgar. 
27 Todos esperam de ti que lhes dês o sustento a seu 
tempo. 
22 
 
28 Tu lho dás, e eles o recolhem; abres a tua mão, e 
eles se fartam de bens. 
29 Escondes o teu rosto, e ficam perturbados; se lhes 
tiras a respiração, morrem, e voltam para o seu pó. 
30 Envias o teu fôlego, e são criados; e assim renovas 
a face da terra. 
31 Permaneça para sempre a glória do Senhor; 
regozije-se o Senhor nas suas obras; 
32 ele olha para a terra, e ela treme; ele toca nas 
montanhas, e elas fumegam. 
33 Cantarei ao Senhor enquanto eu viver; cantarei 
louvores ao meu Deus enquanto eu existir. 
34 Seja-lhe agradável a minha meditação; eu me 
regozijarei no Senhor. 
35 Sejam extirpados da terra os pecadores, e não 
subsistam mais os ímpios. Bendize, ó minha alma, ao 
Senhor. Louvai ao Senhor." 
Não menos simples, e não menos sublime, é a 
descrição do Deus Altíssimo nas profecias de Isaías, 
no capítulo quarenta: 
"1 Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus. 
23 
 
2 Falai benignamente a Jerusalém, e bradai-lhe que 
já a sua malícia é acabada, que a sua iniquidade está 
expiada e que já recebeu em dobro da mão do Senhor, 
por todos os seus pecados. 
3 Eis a voz do que clama: Preparai no deserto o 
caminho do Senhor; endireitai no ermo uma estrada 
para o nosso Deus. 
4 Todo vale será levantado, e será abatido todo monte 
e todo outeiro; e o terreno acidentado será nivelado, 
e o que é escabroso, aplanado. 
5 A glória do Senhor se revelará; e toda a carne 
juntamente a verá; pois a boca do Senhor o disse. 
6 Uma voz diz: Clama. Respondi eu: Que hei de 
clamar? Toda a carne é erva, e toda a sua beleza como 
a flor do campo. 
7 Seca-se a erva, e murcha a flor, soprando nelas o 
hálito do Senhor. Na verdade o povo é erva. 
8 Seca-se a erva, e murcha a flor; mas a palavra de 
nosso Deus subsiste eternamente. 
9 Tu, anunciador de boas-novas a Sião, sobe a um 
monte alto. Tu, anunciador de boas-novas a 
Jerusalém, levanta a tua voz fortemente; levanta-a, 
não temas, e dize às cidades de Judá: Eis aqui está o 
vosso Deus. 
24 
 
10 Eis que o Senhor Deus virá com poder, e o seu 
braço dominará por ele; eis que o seu galardão está 
com ele, e a sua recompensa diante dele. 
11 Como pastor ele apascentará o seu rebanho; entre 
os seus braços recolherá os cordeirinhos, e os levará 
no seu regaço; as que amamentam, ele as guiará 
mansamente. 
12 Quem mediu com o seu punho as águas, e tomou 
a medida dos céus aos palmos, e recolheu numa 
medida o pó da terra e pesou os montes com pesos e 
os outeiros em balanças, 
13 Quem guiou o Espírito do Senhor, ou, como seu 
conselheiro o ensinou? 
14 Com quem tomou ele conselho, para que lhe desse 
entendimento, e quem lhe mostrou a vereda do 
juízo? quem lhe ensinou conhecimento, e lhe 
mostrou o caminho de entendimento? 
15 Eis que as nações são consideradas por ele como a 
gota dum balde, e como o pó miúdo das balanças; eis 
que ele levanta as ilhas como a uma coisa 
pequeníssima. 
16 Nem todo o Líbano basta para o fogo, nem os seus 
animais bastam para um holocausto. 
25 
 
17 Todas as nações são como nada perante ele; são 
por ele reputadas menos do que nada, e como coisa 
vã. 
18 A quem, pois, podeis assemelhar a Deus? ou que 
figura podeis comparar a ele? 
19 Quanto ao ídolo, o artífice o funde, e o ourives o 
cobre de ouro, e forja cadeias de prata para ele. 
20 O empobrecido, que não pode oferecer tanto, 
escolhe madeira que não apodrece; procura para si 
um artífice perito, para gravar uma imagem que não 
se pode mover. 
21 Porventuranão sabeis? porventura não ouvis? ou 
desde o princípio não se vos notificou isso mesmo? 
ou não tendes entendido desde a fundação da terra? 
22 E ele o que está assentado sobre o círculo da terra, 
cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele 
o que estende os céus como cortina, e o desenrola 
como tenda para nela habitar. 
23 E ele o que reduz a nada os príncipes, e torna em 
coisa vã os juízes da terra. 
24 Na verdade, mal se tem plantado, mal se tem 
semeado e mal se tem arraigado na terra o seu 
tronco, quando ele sopra sobre eles, e secam-se, e a 
tempestade os leva como à pragana. 
26 
 
25 A quem, pois, me comparareis, para que eu lhe 
seja semelhante? diz o Santo. 
26 Levantai ao alto os vossos olhos, e vede: quem 
criou estas coisas? Foi aquele que faz sair o exército 
delas segundo o seu número; ele as chama a todas 
pelos seus nomes; por ser ele grande em força, e forte 
em poder, nenhuma faltará. 
27 Por que dizes, ó Jacó, e falas, ó Israel: O meu 
caminho está escondido ao Senhor, e o meu juízo 
passa despercebido ao meu Deus? 
28 Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o 
Senhor, o Criador dos confins da terra, não se cansa 
nem se fatiga? E inescrutável o seu entendimento. 
29 Ele dá força ao cansado, e aumenta as forças ao 
que não tem nenhum vigor. 
30 Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os 
mancebos cairão, 
31 mas os que esperam no Senhor renovarão as suas 
forças; subirão com asas como águias; correrão, e 
não se cansarão; andarão, e não se fatigarão." 
Tudo o que diz respeito à natureza, ao caráter e ao 
domínio divinos, revelados nas Escrituras, excede em 
muito o que a razão natural descobriu. A razão nos 
diz que Deus é o Criador de todas as coisas; mas 
27 
 
nunca descobriu que ele criou todas as coisas do 
nada, e arranjou e estabeleceu-as meramente por sua 
palavra soberana. A razão pode nos dizer que Deus é 
sábio e poderoso; mas não sabia, até que foi ensinado 
por revelação, que ele tem estas, e todas as 
propriedades da Deidade, independente de todo ser, 
em um grau infinito, através dos séculos eternos. A 
razão supõe que há uma providência geral 
governando as nações; mas nunca sugeriu, que esta 
providência de nosso Deus se estende às 
preocupações de cada homem, para seus propósitos 
mais secretos e aparentemente para as misericórdias 
mais acidentais. 
Mas, a informação insuficiente que a razão não-
assistida transmite de Deus, é peculiarmente 
manifestada pelas descobertas que nos são dadas nas 
Escrituras da adorável Trindade. Aprendemos que o 
Senhor nosso Deus é o único Senhor; que nesta 
unidade de Deus há três pessoas; que o Pai, o Filho e 
o Espírito Santo possuem a mesma natureza, os 
mesmos atributos e a mesma essência; que, portanto, 
em perfeita coerência com a razão, assim como a 
Escritura, podemos afirmar que o objeto glorioso de 
nossa adoração é o vivo e verdadeiro JEOVÁ. Essas 
são verdades, que, enquanto confundem a sabedoria 
humana para entender, estão essencialmente 
conectadas a cada parte do grande plano de nossa 
redenção; e são bem calculadas para silenciar toda a 
arrogância humana, para exaltar nossas ideias da 
28 
 
natureza divina, e para nos fazer dizer, com os 
exércitos adoradores acima, "Quem pode revelar a 
perfeição do Todo-Poderoso!" 
2. A natureza do HOMEM. Como as Escrituras nos 
favoreceram com informações satisfatórias sobre o 
mais sublime e importante de todos os assuntos, a 
natureza e o caráter de Deus; elas igualmente 
satisfazem nossas perguntas sobre um assunto 
intimamente relacionado com o primeiro, e 
altamente interessante para todos. O que é o 
homem? Para que fim ele recebeu a existência? E que 
perspectivas de futuro, é permitido a ele para 
entreter? 
Esse homem, em muitos aspectos, se assemelha aos 
animais que perecem, é inegável. Como eles - ele 
come, e dorme, e adoece, e morre! O homem é de 
poucos dias, e estes incertos e cheios de problemas. 
Mas esse homem é também mais excelente do que a 
criação animal, é abundantemente evidente, das 
capacidades mais nobres que possui; uma 
capacidade de adorar o Ser supremo, de contemplar 
coisas invisíveis e espirituais, de manter uma 
conversa racional com outras criaturas e de fazer 
uma parte na vida, como o seu entendimento e 
reflexão se unem para ditar. 
Estes vários poderes, que marcam a dignidade 
superior do homem acima das bestas do campo, 
29 
 
derivam do Pai de nossos espíritos; e são 
inteiramente dependentes para sua preservação, em 
seu prazer soberano. Permaneceu, portanto, com ele 
revelar, se ele fez ou não o homem imortal. Nenhum 
raciocínio filosófico poderia ter determinado 
completamente essa questão; mas a página sagrada 
colocou este assunto fora de toda dúvida, e 
claramente testifica que, como o homem possui um 
espírito vivo, totalmente distinto do seu corpo 
material - assim Deus tem se agradado em selar a 
imortalidade sobre a alma racional e disse sobre o 
homem, que ele existirá para sempre. 
A Escritura nos informa ainda, que Deus criou o 
homem à sua própria imagem; adornou-o com todas 
as belezas do perfeito conhecimento, justiça e 
santidade; investiu-o com a dignidade de ser Senhor 
desta criação inferior, e o tornou completamente 
abençoado, pelo conhecimento e gozo, pela 
contemplação e imitação de seu Deus. 
Mas, infelizmente! Este estado original de inocência, 
dignidade e felicidade, foi de curta duração! A 
humanidade logo violou as leis mais justas de seu 
Criador todo-poderoso, e se afastou do Deus vivo. 
Por isso, justamente, foram punidos como rebeldes 
contra seu governo; banidos do paraíso e condenados 
à dor, à morte e à miséria eterna! 
30 
 
Tal é o estado atual do homem; um estado de 
apostasia da santidade e de Deus; um estado de 
ignorância e dificuldade, de degeneração e culpa, de 
incerteza e medos. Tais sentimo-lo ser - e tais as 
Escrituras o descrevem. Eles também revelam o 
resultado melancólico: que em Adão todos caíram; 
que pela desobediência desse homem, toda a 
humanidade foi feita pecadora; e que a condenação 
passou para todos os homens, porque todos estão 
destituídos da glória de Deus. 
O coração do homem não mais permanece ereto ou 
não corrompido; nem é a suprema consideração para 
a vontade de Deus agora natural para os homens: 
pois a sua mente carnal é inimizade contra ele, e se 
recusa a sujeição à sua lei; o seu coração é enganoso 
e ímpio; abandonaram a fonte das águas vivas, 
seguiram as imaginações vãs, e se desviaram cada um 
em seus próprios caminhos. 
O temperamento, as perseguições e a conduta de 
cada homem, desde os dias de Adão até a hora 
presente; a experiência de cada nação, seja bárbara 
ou civilizada; evidencia diariamente a depravação 
voluntária, em oposição a todas as influências da 
educação, ameaças e recompensas. A prevalência 
universal da ingratidão, da desconfiança e da 
desobediência a Deus, unindo sua evidência com o 
testemunho da Escritura, que todos são por natureza 
31 
 
filhos da ira, e que é por causa das misericórdias do 
Senhor que não somos consumidos. 
3. O REMÉDIO de Deus para o pecado do homem. À 
medida que a Palavra de Deus manifesta a origem, a 
natureza e as evidências da depravação humana, 
revela graciosamente o remédio que o próprio Deus 
providenciou: é, portanto, conveniente lembrar-nos 
que outra distinta Doutrina da revelação, é a 
Redenção dos homens através do Senhor Jesus 
Cristo. 
A Escritura nos informa que, desde o princípio, o 
onisciente Jeová previu a apostasia da humanidade; 
e, com a mais terna piedade, viu-os envolvidos em 
circunstâncias de miséria, das quais nenhum poder 
humano poderia resgatar: que, com a mais rica 
misericórdia, ele colocou a sua ajuda em alguém 
capaz de nos livrar; e entregou o seu Filho unigênito 
aos sofrimentos e à morte. O Filho de Deus 
prontamente se empenhou para salvar os homens da 
ruína, morrendocomo sua garantia; e que o que ele 
livremente empreendeu, ele realizou plenamente; 
porque quando a plenitude do tempo chegou, ele foi 
manifestado na carne, foi contado com 
transgressores, e morreu pelos injustos; para redimir 
os perdidos, para expiar a culpa, e para trazer muitos 
filhos e filhas para a glória. 
32 
 
Para auxiliar nossas concepções do amor deste 
Redentor, a Escritura nos assegura que a culpa do 
pecado não poderia ser expiada, nem os homens 
redimidos, sem um sacrifício de valor infinito; e que 
aquele que se humilhou até a morte da cruz por nós, 
não foi senão o Senhor da glória, Emanuel, Deus 
conosco, em quem habita toda a plenitude da 
Divindade! Este é aquele que inclinou a cabeça no 
Calvário, e disse que estava consumado! O Messias 
morreu, embora não para si mesmo; mas para acabar 
com as ofertas do pecado, para fazer a reconciliação 
dos transgressores e para trazer a justiça eterna. 
Precisamos então nos admirar que os escritores 
inspirados falem na linguagem do arrebatamento 
neste tema glorioso; e que eles parecem trabalhar por 
expressões ao tentar exaltar o amor do Pai eterno, ao 
dar o seu Filho unigênito à morte pelos pecadores; e 
o amor do Redentor adorado, em derramar seu 
precioso sangue para a remissão dos pecados de 
muitos! 
As Escrituras ainda nos informam que o mesmo 
amor sem paralelo, que levou o Filho de Deus a sofrer 
e a morrer, permanece até hoje tão ardente como 
sempre, e permanecerá inalterado e imutável 
durante os séculos eternos. Tendo, por seu próprio 
sangue, expiado os pecados de seu povo, levantou-se 
em triunfo da sepultura para sua justificação, 
ascendeu às mansões no alto como seu representante 
e sentou-se à direita do Pai; lá ele sustenta o caráter 
33 
 
cativante do Sumo Sacerdote compassivo de seu 
povo, e Advogado justo! Intercede com sucesso em 
seu favor; torna seus serviços aceitáveis pelo mérito 
de sua própria mediação; dá-lhes graça para ajudar 
em cada momento de necessidade! Ele escolhe a 
porção de sua herança; faz bondade e misericórdia 
para segui-los através da vida; e os leva finalmente a 
seu reino celestial, para sempre, para o Senhor. Estas 
são partes do grande amor com que ele ama seus 
redimidos. Mas a altura e a profundidade, a largura e 
o comprimento do amor redentor excedem em muito 
todos os poderes da descrição e todas as concepções 
dos homens ou dos anjos! 
Sob este artigo, o amor de Cristo, estão incluídos 
todas as incríveis descobertas feitas na Escritura, o 
que o Redentor fez, e está agora transacionando e 
ainda fará pela felicidade do seu povo. Seu 
compromisso compassivo para sua redenção; seu 
constante cuidado condescendente de sua igreja nos 
períodos do Velho Testamento, o número e variedade 
indizível de seus sofrimentos, quando se dignou 
morar com o homem na terra; o valor inestimável das 
bênçãos que sua morte meritória obteve; as 
manifestações de sua graça a todos os seus 
escolhidos, em sua conversão, confirmação e 
conforto. Sua comunicação a seu povo de todas as 
bênçãos espirituais, como seu glorioso Senhor e 
cabeça; e preparando para todos os seus redimidos 
um estado de glória indizível, ininterrupta e infinita! 
34 
 
Mas nenhuma linguagem ou concepção é adequada a 
este mais nobre dos temas - o amor de Cristo aos 
homens caídos. 
4. O ESPÍRITO SANTO. Outra doutrina distintiva da 
nossa santa religião é a agência do Espírito Divino, 
na preparação dos homens para o reino dos céus. O 
glorioso sujeito deste ramo da revelação divina é 
denominado na Escritura de Espírito de Deus, o 
Espírito Eterno, o Terceiro na Trindade sagrada que 
dá testemunho no céu, o Espírito Santo, o 
Consolador, o Espírito de glória. Em seu nome somos 
batizados; e para ele, com o Pai e o Filho, a suprema 
adoração é tributada no céu e na terra. 
As operações do Espírito Santo, na mente daqueles 
homens que são escolhidos para a salvação, são estas: 
Ele convence do pecado, da justiça e do juízo. Ele 
ressuscita aqueles que estão mortos em pecados, e os 
torna vivos para Deus. Ele os purifica de todos os 
seus ídolos e purifica o seu coração por meio da fé em 
Cristo. Ele derrama o amor de Cristo, fazendo a 
vontade e o que é agradável aos olhos de Deus. Ele 
lhes ensina como orar e intercede por eles. Ele os sela 
para o dia da redenção, e os mantém por seu próprio 
poder. Ele testemunha com seus espíritos que eles 
são filhos de Deus, e permanece com eles como um 
Consolador. Ele os enche de esperança e paciência, 
fortalece-os com todo o poder e os leva à glória 
eterna. 
35 
 
Tão necessárias são as influências do Espírito para 
nos constituir verdadeiros cristãos, que a Escritura 
frequentemente nos assegura, que se alguém não tem 
o Espírito de Cristo, o tal não é dele; e que somente 
aqueles que são guiados pelo Espírito são filhos de 
Deus. A evidência de ser assim conduzido, é 
progresso na graça; para os frutos do Espírito, que 
são fé, paz, amor, alegria, longanimidade, mansidão, 
bondade, mansidão e temperança. 
Eu expressei estes sentimentos a respeito da 
influência do Espírito na mente dos crentes, nas 
palavras precisas da Escritura, para que se possa ver 
que lugar importante esta doutrina sustenta no 
esquema cristão. Ao considerar estes testemunhos 
unidos da Escritura, como eles se relacionam com a 
agência do Espírito, você será capaz de rastrear o 
progresso gradual da vida divina, desde as primeiras 
convicções salvadoras do Espírito Santo, através de 
sua futura iluminação, renovação, santificação e 
consolo. Mas este assunto você encontrará mais 
amplamente ilustrado no capítulo seguinte, sob o 
título de Experiência em Religião. 
5. O estado eterno. A última doutrina distintiva de 
nossa santa religião, que eu propus mencionar, é o 
Estado de Retribuição além da Sepultura. Isso pode 
ser justamente chamado, uma doutrina peculiar ao 
evangelho: pois, embora os sábios, em diferentes 
épocas e nações, desejassem alegrias futuras, e 
36 
 
conjeturaram, que certamente um futuro estado de 
bem-aventurança ou de aflição está preparado para 
os homens, de acordo com seu caráter e conduta na 
terra; contudo é somente pela revelação que Deus fez 
em sua Palavra, que a imortalidade foi trazida 
claramente à luz. 
Como o Antigo e o Novo Testamento são partes de 
uma revelação gradual feita à humanidade; como 
ambos testemunham de um Deus, e um Salvador, e 
um evangelho; assim eles se unem para revelar o 
futuro e o estado eterno das coisas, embora com 
graus muito diferentes de clareza. Eles nos mostram 
o que será a seguir; e solenes e sublimes são as cenas 
que eles representam: a abertura das nuvens do céu; 
a descida do grande Deus, nosso Salvador, para 
julgar os vivos e os mortos; a grandeza de sua 
manifestação, em sua própria glória e de seu Pai, com 
dez milhares de seus anjos; a ressurreição dos 
mortos, ao som da trombeta de Deus; a aparição de 
mundos reunidos diante do tribunal de Cristo; a 
separação dos ímpios dos justos; a sentença 
irreversível sobre os ímpios, denunciando a eterna 
destruição da presença do Senhor; a mudança dos 
corpos dos santos em um momento, e tornando-os 
espirituais e imortais; os arrebatamentos dos 
redimidos, quando reconhecidos, absolvidos e 
honrados, diante de toda a criação inteligente; a 
conflagração geral, sob o comando do juiz soberano, 
e a dissolução destas obras estupendas que ele agora 
37 
 
sustenta; a abertura das portas eternas da glória, 
para admitir os resgatados do Senhor; sua inclinação 
diante do trono; sendo apresentados ao Pai com 
grande alegria; seus cânticos celestiais ao que está 
assentado no trono, e ao Cordeiro que foi morto; 
vendo Deus como ele é; lembrando-se de todo o 
caminho pelo qual os conduzia; estar com Jesus, para 
contemplar a sua glória; sendo feitos reis e 
sacerdotes para o nosso Deus para todo o sempre! 
Estas são asrealidades futuras que a revelação 
bíblica desenvolveu; estas são as tuas gloriosas 
esperanças, ó crente em Jesus! E estas gloriosas 
esperanças devemos ao Vosso Sacrifício Expiatório, ó 
bendito e bem-aventurado Emanuel! 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
A EXPERIÊNCIA da Verdadeira Religião 
Tendo falado do conhecimento religioso como 
respeitando às doutrinas da Escritura; passo agora a 
considerá-lo como respeitando ao relato bíblico da 
experiência dos cristãos; o agir de suas mentes para 
objetos divinos; e a influência do que eles acreditam 
em seus temperamentos e afetos. 
Toda a verdadeira piedade está assentada no 
coração; e daí, como boa semente semeada em boa 
terra, produz os frutos da justiça que são para a glória 
de Deus. Não há formas externas de devoção; 
nenhuma profissão externa de piedade, por mais 
fervorosa, regular e notável; nenhum esforço para o 
bem da humanidade, por mais bem sucedido e 
aplaudido; nenhuma emoção súbita de tristeza ou 
alegria, sob a pregação da Palavra; não, nenhum 
sofrimento por causa de Cristo, ou zelo pela sua 
causa, pode dar-nos direito ao caráter de verdadeiros 
cristãos, enquanto estamos destituídos do 
arrependimento, da fé e da conversão a Deus, que 
têm seu lugar no coração, que são os sopros da vida 
espiritual, e que as Escrituras descrevem como partes 
essenciais da verdadeira piedade. 
Esse DEUS a quem temos de prestar contas, procura 
o coração, e exige a verdade no interior. Essa lei pela 
qual seremos julgados, exige a sujeição de todo o 
39 
 
homem interior, e impõe o amor a Deus com todo o 
nosso coração e mente. Que JESUS, de quem 
depende todas as nossas esperanças de felicidade, 
distingue seus verdadeiros discípulos por seu 
nascimento de novo, pela renovação de suas mentes, 
e que colocam suas afeições nas coisas de cima. Esse 
EVANGELHO que publica as boas-novas da paz ao 
homem, testemunha a indispensável necessidade de 
se converter e nascer de novo. 
Uma nova criatura em Cristo; com as coisas antigas 
passadas; o reino de Deus dentro de você; Cristo 
formado em você; fortalecido com todo poder no 
homem interior; crendo com o coração para a 
salvação - estas são expressões familiares aos 
escritores inspirados; e eles nos lembram que os 
homens não são mais piedosos aos olhos de Deus do 
que quando sua religião está assentada no coração e 
é influenciada por aqueles princípios divinos de fé 
sincera em Cristo e supremo amor a ele, e ao que o 
Espírito de Deus inspira. 
Estas observações destinam-se a evidenciar este 
importante sentimento de que, para que mereçamos 
o caráter de verdadeiros cristãos, devemos 
experimentar a energia da religião vital em nossas 
próprias almas. De que maneira essa influência 
exerce-se, vem em seguida a ser considerada. Aqui, 
no entanto, devemos pisar com passos cautelosos, 
para que não substituamos os delírios de entusiasmo, 
40 
 
pelas comunicações da graça divina; ou ainda, que 
em nosso zelo contra o entusiasmo, condenemos as 
operações mais nobres do Espírito sagrado. 
No que diz respeito à natureza dos poderes e 
operações da mente, os homens eruditos sempre 
diferiram, e provavelmente continuarão a divergir 
enquanto durar o mundo. Eles não concordam de 
que maneira o entendimento opera sobre a vontade, 
a vontade sobre os afetos, e uma afeição sobre outra; 
muito menos podem compreender ou explicar as 
operações da graça divina no entendimento, na 
vontade e nos afetos, como unidos e cooperando. 
Mas, embora as pesquisas filosóficas possam nos dar 
pouca ajuda para traçar o progresso da vida divina na 
alma, contudo desfrutamos de uma palavra de 
profecia mais segura e de um método de ilustração 
mais óbvio, o qual iremos agora apresentar. 
Que a mente do homem é capaz de receber 
impressões de Deus é um princípio consentido por 
sábios pagãos, bem como por teólogos. Que nenhum 
homem pode purificar sua mente de toda a 
iniquidade, é a doutrina da experiência universal. 
Mas, a Escritura inculca ainda que, sem o Espírito de 
Cristo, não podemos fazer nada de verdadeiramente 
bom; e que só Deus trabalha no homem para querer 
e para fazer o que é certo. Toda visão justa, portanto, 
de objetos espirituais; todo sentimento piedoso 
impresso na mente; todas as emoções divinas da 
41 
 
alma que surgem desses sentimentos; todos os 
desejos celestiais; todas as disposições santas; todos 
os temperamentos divinos e todas as conquistas 
progressivas na pureza interior - são os frutos do 
Espírito e as evidências de suas operações divinas. 
Ligado a este princípio, segue-se outro, igualmente 
necessário para ser mencionado sobre este assunto - 
que as operações do Espírito na mente são 
geralmente por meio da Escritura, e sempre em 
perfeita coerência com ela. A revelação das 
Escrituras é completa e contém toda a informação 
necessária para guiar nossos pés nos caminhos da 
paz. O Espírito, portanto, em sua agência na mente 
dos crentes não faz nenhuma nova revelação do céu, 
nem descobre objetos despercebidos na Palavra da 
verdade. Seu ofício gracioso é fazer-nos perceber o 
significado, a importância e a glória do que a 
Escritura testifica; e trazer para casa, por uma 
aplicação particular, essas verdades sagradas para 
nosso entendimento e nosso coração. Aqui, 
naturalmente, somos levados a examinar como as 
sublimes e importantes verdades da Escritura, 
anteriormente enumeradas, afetam a mente, quando 
aplicadas de modo salvífico pelo Espírito. 
A primeira evidência de tal aplicação, é auto-
humilhação, e solicitude sobre a paz com Deus. 
Quando o Espírito vier, disse o Salvador, ele vai 
convencer o mundo do pecado. Com essas 
42 
 
convicções, suas operações de salvamento 
geralmente começam. Ele desperta os homens de sua 
insensibilidade anterior para as coisas divinas. Ele 
chama sua atenção para as futuras cenas solenes e 
eternas reveladas nas Escrituras. Ele coloca diante 
deles a majestade, a justiça, a autoridade soberana e 
a santidade infinita do Senhor Deus Onipotente. Ele 
desenvolve a perfeição da lei divina, suas exigências 
de obediência constante, seu espírito, sua extensão 
ampla e suas sanções solenes. Ele os convence de que 
Deus será honrado e obedecido, ou punirá os 
desobedientes com a destruição; que ao exigir 
sujeição ilimitada, ele é justo para si mesmo, e bom 
para a sua prole racional; e que, ao detê-la, se tornem 
acusáveis de ingratidão e rebelião, em todas as suas 
circunstâncias agravantes. Essas verdades sagradas 
são impressas no coração em caráter duradouro, 
através do poder do Espírito; elas são contempladas, 
acreditadas e reconhecidas. A sua tendência para 
humilhar, e gerar temor, e alarmar, pode facilmente 
ser observada. É este o Deus que tem a cada 
momento nos sustentado; mas que não temos 
temido, nem amado, nem honrado como 
deveríamos! 
São estas as exigências invariáveis do onipotente 
Legislador? Sua lei imutável tem um conhecimento 
imparcial de nossos pensamentos, nossos 
temperamentos, nossos motivos, nossas palavras e 
nossos caminhos? E ameaça com indignação e aflição 
43 
 
contra toda a injustiça dos homens? Que faremos 
então para sermos salvos? Como podemos escapar da 
ira vindoura? Nossos corações nos condenam, Deus 
é maior do que nossos corações, e conhece todos os 
nossos pecados secretos. Como, então, estaremos 
diante dele? Ou como podemos responder por uma 
de nossas muitas transgressões? Senhor, tem 
misericórdia de nós pecadores! Senhor, abominamo-
nos à tua vista; a nós pertence a tristeza, porque 
pecamos, e desprezamos a tua glória. 
Há uma grande diferença entre estas convicções 
auto-humilhantes do Espírito, que estão conectadas 
com a salvação, e as remontagens de uma consciência 
natural em homens não renovados. Estes últimos são 
excitados principalmente pela comissão dos pecados 
grosseiros, ou exteriores, que sujeitam o transgressorao inconveniente presente, à desonra ou à aflição. Os 
primeiros são promovidos por uma descoberta da 
oposição que o coração sente à autoridade de Deus, 
sua insensibilidade à sua amabilidade infinita e sua 
ingratidão por sua bondade imerecida; e levam-nos a 
rever nossa vida passada com pesar e contrição; 
excitam sincera solicitude pela reconciliação com um 
Deus ofendido; e, enquanto nos obrigam a confessar, 
que merecemos perecer, eles nos fazem dispostos a 
ser salvos de qualquer maneira que um Deus santo e 
gracioso se agrade em designar. 
44 
 
O bendito Espírito de iluminação e de graça, tendo 
humilhado estes homens despertos sob a poderosa 
mão de Deus, os conduz a uma aceitação crível e 
alegre da misericórdia oferecida no Evangelho. Ele 
lhes dá a conhecer que Deus está em Cristo, 
reconciliando um mundo culpado consigo mesmo; 
que ele estabeleceu Jesus como um sacrifício 
expiatório para a remissão dos pecados; que não há 
condenação para os que estão em Cristo; e para que, 
quem quer que seja, beba livremente das águas da 
vida. Ora, Deus não só é glorioso em santidade, mas 
rico em misericórdia, justo Deus e Salvador, Deus em 
Cristo, justificando os ímpios que creem e dizem em 
seu favor: "Livrai-nos de descer à cova; resgata-nos." 
Agora, a alvorada do amanhecer da esperança surge 
na mente do pecador desperto. Iluminado pelo 
Espírito, vejo uma fonte aberta para as minhas 
muitas iniquidades; e tenho certeza de que Jesus 
morreu, o justo para os injustos, para trazer 
pecadores a Deus; seu sangue limpa de toda culpa; 
seu poder salva até o fim; seus convites são gratuitos 
e ilimitados; e sua promessa me diz, que ele nunca 
expulsará qualquer um que realmente crer. Agora 
chega a hora solene e memorável - de importância 
infinita para esses homens despertos, quando, 
através do grande Mediador, aproximam-se do trono 
do Deus da paz, quando entregam as armas da 
rebelião, quando se entregam sinceramente à Graça 
e ao governo do Rei Todo-Poderoso de Sião, e 
45 
 
confiam os eternos interesses de suas almas imortais 
a este Salvador, que é todo-suficiente. E agora são 
feitos participantes felizes daquela fé que é pela 
operação do Espírito - eles recebem o testemunho 
que Deus deu de seu próprio Filho; eles confiam na 
grande expiação pelo perdão de sua culpa; eles 
dependem da perfeita justiça de Cristo para sua 
justificação, à vista de um Deus ofendido e 
infinitamente santo; eles alegam a experiência de sua 
graça vivificante e santificadora; e se prendem ao 
pacto da promessa, como a sua segurança para o gozo 
de todas as bênçãos espirituais. 
Logo que os homens são assim levados a confiar no 
Salvador para a justiça e a redenção, tornam-se novas 
criaturas em Cristo: as coisas velhas são eliminadas, 
e o tempo passado parece muito mais do que 
suficiente para ter feito a vontade da carne; as altas 
imaginações são baixas, e as afeições cativadas ao 
amor de Cristo; seu amor os constrange; a influência 
do pecado é resistida; Deus é supremamente 
adorado; e as coisas do tempo, por mais alegres que 
sejam, são contadas como pequeno pó, quando 
comparado com os prazeres que estão à direita de 
Deus. 
Essa mudança surpreendente, que na hora da 
reconciliação passa sobre suas mentes, é 
denominada - a renovação do Espírito Santo. Os 
efeitos abençoados deste novo nascimento, estão 
46 
 
crescendo em consolo e santidade; e ambos em todo 
o progresso gradual até a perfeição; são 
invariavelmente atribuídos à residência do Espírito 
nas almas dos regenerados. Ele os enche de paz e de 
alegria, dando testemunho de que Deus os aceitou 
por meio de seu Filho amado; que a Sua ira se 
desviou; que ele os adotou em sua família, e lhes deu 
não só o título honorável, mas todos os inestimáveis 
privilégios de filhos. Para que a esperança da glória 
possa acompanhar a alegria de crer, o Espírito 
testifica ainda mais que, se filhos, somos herdeiros, 
herdeiros de uma herança incorruptível, imaculada e 
implacável, que Deus, que não pode mentir, 
prometeu e que é reservada no céu para todos os que 
amam o Salvador. Assim, através das visões de Deus 
como um Pai reconciliado, através da perspectiva de 
alegrias imortais, e através de uma elevação nobre 
acima deste mundo miserável - eles vão se 
regozijando no seu caminho. 
Mas, essas influências confortáveis do Espírito são 
diminuídas ou retiradas, quando o povo de Deus se 
entrega à conformidade pecaminosa com o mundo, 
quando agem como uma parte indomável do Pai 
celeste ou não adornam a doutrina de Deus, seu 
Salvador. Por isso é evidente que as influências 
santificadoras da graça são tão necessárias para a 
nossa paz e conforto, como as mais satisfatórias 
garantias de nosso interesse pelo favor divino. 
47 
 
Santificação significa a continuação e o progresso 
daquela vida espiritual que foi iniciada nos crentes, 
quando foram renovados no espírito de sua mente no 
novo nascimento. 
Um bebê tem todas as partes e faculdades de que 
gozará quando chegar à idade adulta; mas estes, 
enquanto na infância, são imperfeitos e fracos: eles 
se desenvolvem com o seu crescimento, e se 
fortalecem com o passar dos anos. Assim é com o 
homem de Deus: a santificação não confere novos 
princípios, capacidades e inclinações; mas revigora 
aqueles que a nova criatura já possui e nutre-os 
gradualmente, até chegar à plenitude da estatura de 
um homem maduro em Cristo. Sendo renovado em 
sua mente, ele coloca suas afeições nas coisas de 
cima; ele avança para a frente para o prêmio de sua 
alta vocação; ele vive sob o poder do mundo 
vindouro; ama o Salvador com todo o ardor do 
supremo deleite, e consagra os seus talentos à honra 
de Deus. Na submissão filial, ele renuncia seus 
interesses à disposição divina, dizendo: "Pai, não a 
minha vontade, mas seja feita a Tua". Ele estuda 
através da graça, para andar humildemente com 
Deus; e é seu esforço diário para desfrutar de uma 
comunhão mais próxima e mais constante com o Pai, 
e o Filho, através do Espírito. Este companheirismo 
delicioso, enquanto eleva seus pontos de vista para o 
céu, nem leva à presunção, nem enche de arrogância; 
pelo contrário, promove a humildade mais sincera, 
48 
 
sob vivas impressões de sua própria indignidade; e 
excita uma prudente circunspecção, para que não 
provoque o Santo de Israel a retirar as suas graciosas 
comunicações. 
Tal é o progresso gradual da obra da graça nos 
corações dos crentes, e tais são os sentimentos da 
alma quando conduzidos pelo Espírito. Eles unem o 
ardor da alegria triunfante em Deus, com a mais 
profunda humilhação por delitos passados; a 
confiança dos filhos, com a reverência do temor 
piedoso; o conforto de agradar a Deus, com os 
conflitos de abnegação; a esperança da glória a ser 
revelada, com o temor de parecer retroceder na 
viagem celestial. Ó vida feliz, embora escondida! Que 
eu viva a vida dos justos! Que eu possa sentir 
diariamente sua aversão ao pecado; sua gratidão ao 
amor redentor; sua alegria no Salvador; seu medo de 
ofender; seu zelo sobre si mesmos; sua mortificação 
das afeições terrenas; sua ânsia de glorificar a Deus; 
sua estima dos santos; sua elevação acima do mundo, 
e seus anseios ardentes para o céu! Seus corações 
respondem: Amém! Deixem que deleitemo-nos 
também em Deus. 
 
 
 
49 
 
A Influência Prática da Verdadeira Religião 
Unidos com os princípios e a experiência certos, a 
religião consiste na conformidade do nosso 
temperamento e da vida com a vontade de Deus. 
Até agora vimos os santos sentados aos pés de seu 
Salvador, ouvindo suas palavras graciosas e sentindo 
a energia vivificante de suas promessas: ali 
permaneceriam sempre, em comunhão de felicidade 
com seu Senhor. "É bom para nós estarmos aqui!" É 
a sua linguagem. "Aqui ficaríamos, e passaríamos 
nossos dias de paz na admirável contemplação e 
experiência satisfatóriado que nos ensinaram!" 
Mas, aquele adorado Redentor, a cuja direção e 
disposição eles se submetem voluntariamente, envia-
os de volta para seus amigos e famílias, para dizer 
que grandes coisas ele tem feito por eles; e os honra 
com esta importante comissão: "Assim brilhe a vossa 
luz diante dos homens, para que eles, vendo as vossas 
boas obras, glorifiquem a vosso Pai que está nos 
céus". Com este sentimento e objetivo, eles vão para 
o mundo, para atuar sua parte na vida, e para exibir 
esse caráter e estilo de vida que corresponde ao 
evangelho de Cristo. 
Honrar a Deus diante dos homens, é o objetivo 
principal para o qual eles procuram apontar, em 
50 
 
todas as suas perseguições e ações. Eles sabem que 
suas obrigações são infinitas; e a gratidão os 
constrange a viver para aquele, que os redimiu da 
destruição eterna! Animados com este desejo 
celestial de glorificar a Deus, sua primeira indagação 
é por algum padrão permanente de obediência e uma 
regra de conduta perfeita, à qual eles possam 
recorrer, em meio a toda a variedade de situações em 
que possam ser colocados. A linguagem de seus 
corações é: "Senhor, o que queres que façamos?" "O 
que devemos tributar-lhe por todos os seus 
benefícios para nós?" Fala, Senhor, porque os teus 
servos estão escutando, mostra-nos o teu caminho, e 
andaremos por ele. 
Em resposta a estes pedidos sinceros, a lei moral, 
explicada e exemplificada por Cristo Jesus, é posta 
em suas mãos, como a lei do seu reino espiritual, 
vinculando todos os seus súditos, perpétua em suas 
obrigações, justa em todas as suas exigências, do 
caráter humano, produtiva da mais alta felicidade, e 
dirigida aos crentes com esta inscrição cativante: "Se 
me amais, guardareis os meus mandamentos". 
A piedade para com Deus e a benevolência para com 
o homem - são as principais características do caráter 
formado sobre esta lei pura e perfeita; porque nisto 
somos lembrados, que o Senhor Deus onipotente é 
nosso Deus e que somos seus filhos. Quando, 
portanto, nossa conduta é regulada por esses 
51 
 
princípios infalíveis e inalteráveis, cada dever 
imposto aos cristãos é acolhido por nós, sabiamente 
calculado para nosso bem-estar pessoal, e fundado 
nas relações afetuosas em que estamos diante de 
Deus e da humanidade. Nós então mais facilmente 
subscrevemos ambos à justiça e bondade de cada 
preceito nesta lei sagrada - e bem nos convém fazê-
lo; pois todos esses preceitos surgem naturalmente 
desse amor a Deus e ao homem, que é o fundamento 
e o cumprimento da lei. Se o amamos supremamente 
como nosso Deus, adoraremos a Ele somente e 
reverenciaremos Seu nome. 
Se considerarmos toda a humanidade como nossos 
vizinhos próximos de nós, participando de uma 
mesma natureza comum - se esta lei está escrita em 
nosso coração, e se agirmos invariavelmente sob sua 
influência, não feriremos seu caráter por falsos 
testemunhos nem suas circunstâncias, por fraude, 
nem invejaremos seu conforto doméstico e o que 
possuem. Não cobiçaremos, nem odiaremos, nem 
roubaremos. 
Mas, embora o verdadeiro cristão deseje ser guiado e 
governado por esta perfeita regra de justiça, ele ainda 
experimenta a influência dolorosa e poderosa dessa 
mente carnal que o levou cativo em seu estado não 
regenerado e que é inimizade contra a lei de Deus. 
Pode, portanto, tender a explicar tanto as partes 
como o progresso da religião prática, se, em conexão 
52 
 
com os vários deveres ordenados, notarmos as 
DIFICULDADES que os cristãos encontram, quando 
se esforçam, por meio da graça, para fazer a vontade 
de seu Pai celestial . 
A primeira prova de obediência que eles são 
chamados a dar é a oposição às suas próprias 
disposições corruptas, a fim de alcançar esse 
autogoverno, sem o qual nenhuma obediência pode 
ser disposta ou uniforme. As paixões e os apetites 
malignos estão profundamente enraizados em todos 
os homens pela natureza; e a indulgência repetida 
fortalece seu domínio em muitos; mas eles devem ser 
resolutamente resistidos pelo cristão, porque sua 
gratificação é inconsistente com o seu progresso na 
graça, e prejudicial aos interesses da piedade. A 
ordem é, portanto, se o teu olho direito te ofende, ou 
te faz ofender - arranca-o; se a tua mão direita te 
ofende, corta-a; antes sofre a perda e sofre a dor do 
que pecar contra o seu Deus. Põe à morte tudo o que 
em ti é mundano: imoralidade sexual, impureza, 
luxúria, desejo maligno e avareza, que é idolatria. 
Como povo eleito de Deus, santo e amado, revista-se 
de compaixão, bondade, humildade, mansidão e 
paciência. 
O afastamento de pecados antes assediados, é apenas 
uma realização fraca, a menos que também 
estejamos vestidos com as belezas da santidade e os 
ornamentos de um temperamento cristão. Os 
53 
 
principais ramos deste temperamento são 
humildade, temperança, paciência, mansidão e 
abnegação. Para ter estes neles e abundantemente, é 
a oração, e objetivo, e, em certa medida, a realização 
dos crentes. 
Conscientes de sua indignidade, e fraqueza, e 
imperfeições diárias, eles estimam outros mais 
altamente do que eles mesmos. Eles admiram essa 
paciência de Deus, que poupa tais vermes da terra 
como eles são. Eles adoram essa graça que estende a 
salvação a tais criaturas indignas. Confessam-se 
menos do que o menor de todos os santos; e sob a 
impressão de humildade sincera, atribuem a Deus a 
inigualável glória de toda a sua felicidade e 
esperanças. 
Ao avançar para a terra da promessa, lembrando que 
esta terra não é o seu repouso, e declarando-se 
apenas peregrinos neste mundo tenebroso, eles se 
esforçam, por meio da graça, para serem temperados 
em todas as coisas, para serem satisfeitos e 
resignados em cada situação, viverem sem avareza, e 
usarem este mundo como não abusando dele, 
sabendo que este mundo e tudo o que ele contém 
passará. 
Abrangidos com muitos cuidados e tribulações, 
permanecem em Deus, e procuram pacientemente 
possuir seus espíritos; para se proteger de todo 
54 
 
murmúrio e desconfiança; para suportar a 
indignação do Senhor, até que ele pleiteie a sua 
causa; e humilhar-se sob a sua poderosa mão, até que 
ele os exalte no tempo oportuno. 
A mansidão sob as afrontas é da mais alta 
importância em um mundo como este, em que 
abundam homens turbulentos e irracionais; cujas 
injúrias e ofensas diárias estão tão prontas a arruinar 
o temperamento, e provocar vingança. Mas aprenda 
de seu Redentor, ó cristão! A ser manso e humilde. 
Quando ele foi insultado, ele não insultou 
novamente; quando sofreu, não ameaçou, mas se 
entregou àquele que julga com justiça. Portanto, 
caríssimo, não dê ouvido à ira, e não se vingue; antes, 
ame aqueles que te odeiam, e ore por aqueles que te 
desprezam. 
A abnegação tão fortemente instigada nas Escrituras 
sobre todos os discípulos de Cristo, implica uma 
guarda com cuidado habitual, contra aquelas altas 
imaginações que se opõem arrogantemente ao 
esquema humilhante do evangelho; e mortifica essa 
ambição vã para aplausos humanos, o que leva 
muitos a se importar com suas próprias coisas, mais 
do que com as coisas de Cristo. Mas, isso significa 
principalmente o oposto desses desejos 
intemperados e impuros, que levam os homens do 
mundo cativos, que são destrutivos de toda a 
serenidade interior, e são denominados justamente 
55 
 
os "caminhos da amargura e da morte". Para 
proteger o regenerado contra esses caminhos fatais, 
as injunções à abnegação são muitas, e simples e 
fortes. "Vigiai e orai, para que não entreis em 
tentação, para que não sejais sobrepujados com 
facilidade e embriaguez, e com os cuidados desta 
vida: Abstende-vos das concupiscências carnais que 
guerreiam contra a alma. Andem com circunspecção, 
não como tolos, mas não amem o mundo, nem as 
coisas do mundo, porque tudo o que há no mundo - 
a concupiscência da carne, a concupiscência dos 
olhose a soberba da vida, não é do Pai. O mundo 
passa, e a sua concupiscência, mas aquele que faz a 
vontade de Deus permanece para sempre." 
Assim, ao descrever a conversa que se torna o 
evangelho, temos sido necessariamente levados a 
considerar o temperamento da mente do cristão e a 
operação de suas disposições internas: pois, embora 
esses temperamentos interiores sejam apenas 
manifestos a Deus, seus frutos são visíveis em tudo à 
volta; de modo que o cultivo cuidadoso dos 
temperamentos celestiais, já mencionado, constitui 
um ramo essencial da religião prática. Promover o 
crescimento desses temperamentos sagrados, e seu 
progresso rumo à perfeição, é talvez um dos 
trabalhos mais difíceis do cristão neste solo 
mundano não-convencional. Numerosas e poderosas 
são as más inclinações do seu coração enganador. 
Essas corrupções naturais que ele pensava terem sido 
56 
 
totalmente expulsas pelo poder da graça 
regeneradora, ainda têm sua raiz de amargura 
remanescente; e muitas vezes recupera o vigor 
inesperadamente, espalha sua influência nociva, e 
ameaça a destruição de todas as graças do Espírito. 
Daí surge outro importante dever cristão, que é o de 
revigorar e nutrir essas plantas celestiais por meio de 
ordenanças religiosas. Assim, os crentes são 
descritos nas Escrituras, como árvores de justiça, 
plantadas pelos rios de água, que dão fruto na sua 
estação; e estão florescendo mesmo na velhice, 
quando os outros se desvanecem. A Palavra de Deus; 
o santuário e suas solenidades impressionantes; as 
devoções secretas do quarto e na família - esses são 
os riachos pacíficos que regam a vinha do Senhor! 
Estes são os canais sagrados pelos quais o Espírito 
todo-poderoso transmite aos crentes renovados 
suprimentos de vida, força e fecundidade. 
A Palavra de Deus é sua Conselheira, e companheira 
na peregrinação da vida. Muitos, em todas as épocas, 
podem dizer com o salmista: "Quando nossas dores 
abundassem, teríamos perecido, a menos que 
tivéssemos encontrado conforto em sua mais perfeita 
Palavra". Pela oração da fé, eles são fortalecidos com 
todo poder no homem interior; e mantidos em paz, 
estando em Deus. Em seus tabernáculos, eles 
contemplam o seu poder e glória, e são trazidos para 
perto de Deus como sendo sua alegria excessiva. Em 
57 
 
sua Ceia, eles se deleitam em seu amor, e os frutos da 
morte de seu Redentor são doces a seu gosto. Com 
gratidão acolhem cada retorno do dia que o próprio 
Deus consagrou; e que lhes traz a evidência 
renovada, que seu Senhor está ressuscitado, e 
triunfou sobre a morte e o sepulcro. Com Simeão, 
subiram ao templo para adorar; com Lídia, atendem 
às coisas que são ditas pelo Senhor; com Asafe 
meditam nas obras de Deus, e recordam os anos da 
destra do Altíssimo; com o devoto Cornélio, adoram 
a Deus em sua casa; com os discípulos indo para 
Emaús, eles tomam doutamente conselho juntos, e 
falam daquele que redime Israel; e com os primeiros 
cristãos, eles continuam firmes na doutrina dos 
apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas 
orações. 
A negligência deliberada dessas instituições da 
religião cristã não só prejudica o progresso da graça 
na alma, mas indica impiedade para com Deus; e é 
prova de consequências perniciosas para os 
indivíduos, famílias e sociedades, colocando diante 
deles um exemplo de desprezo às instituições 
divinas. Enquanto uma atenção regular e reverente 
ao culto religioso, no quarto, na família e no 
santuário - é um dos vários métodos pelos quais os 
fiéis em Cristo adornam sua doutrina e fazem sua luz 
brilhar diante dos homens. 
58 
 
Tendo exposto os ramos mais pessoais da religião 
prática, vamos agora dirigir sua atenção para os 
deveres que devemos aos outros, e que são, portanto, 
denominados deveres relativos. Eles estão 
compreendidos sob estes dois mandamentos 
principais, de amar o próximo como a nós mesmos; e 
fazer aos outros como gostaríamos que eles, em 
situações semelhantes, nos fizessem. 
Essas proposições gerais são explicadas por preceitos 
particulares da Escritura. "Ele te mostrou, ó homem, 
o que é bom, e o que o Senhor requer de ti: que ames 
a justiça, ames a misericórdia e caminhes 
humildemente com o teu Deus.” Que nenhum de 
vocês imagine o mal contra o seu próximo. E devem 
praticar o juízo da verdade, confortar e apoiar os 
fracos, ser pacientes com todos os homens, carregar 
os fardos uns dos outros e cumprir a lei de Cristo, 
alegrar-se com os que se alegram e chorar com os que 
choram. Filhos, não amemos de palavra, nem de 
língua, mas de obra e de verdade; por isso, 
manteremos firme o nosso coração diante dele. Mas 
quem tem os bens deste mundo e vê o seu irmão 
necessitado, e fecha a sua compaixão, como pode 
permanecer o amor de Deus nele? 
Nessas exortações aos deveres relativos - 
sinceridade, justiça e bondade - são particularmente 
recomendados, como artigos importantes na 
conversação que convém ao evangelho. 
59 
 
A verdade e a sinceridade da fala são de tanta 
importância na sociedade, que sem ela, a 
humanidade não poderia ter conforto uns nos outros, 
e nenhuma confiança na comunhão social; portanto, 
a religião exige que as palavras de um cristão 
indiquem os sentimentos sinceros de seu coração e 
sejam seguidas pela conformidade de suas ações com 
o que ele disse ou prometeu. Uma conduta contrária 
está tratando em desconsiderar a onisciência de 
Deus, e substituindo o engano, pela sinceridade 
divina que convém aos cristãos. 
A justiça e a integridade da conduta devem sempre 
acompanhar a sinceridade na fala; e levará o cristão 
a prestar a todas as pessoas o que elas têm direito a 
esperar: homenagem aos superiores, gratidão aos 
benfeitores, obediência aos governantes, sujeição aos 
pais, atenção afetuosa aos vizinhos e constância de 
amizade com parentes e companheiros. Portanto, 
não é suficiente abster-se de contenção, debate, 
opressão, crueldade ou fraude; os cristãos também 
devem ser o sal da terra e as luzes do mundo; para 
fazer o bem como eles têm oportunidade; para 
alimentar os famintos, para vestir os nus, para apoiar 
os aflitos e para honrar o Senhor com os seus bens. 
Porque aqueles que ele prosperou no mundo, são 
mordomos das dádivas da providência; e estão 
realmente vinculados pela Escritura para suprir os 
necessitados - para não roubar; dar e não reter; 
confortar e não ferir. 
60 
 
Mas, esta extensa lei de justiça tem um particular 
respeito à situação relativa da humanidade, 
regulando a extensão da autoridade nos superiores e 
a medida da sujeição nos inferiores. Tal é, portanto, 
a sua linguagem, como testemunhado na Escritura. 
Aquele que governa sobre os homens - deve ser justo, 
governando no temor do Senhor. Que cada alma 
esteja sujeita às autoridades superiores – porque as 
que existem são ordenadas por Deus, para o castigo 
dos malfeitores, e o louvor daqueles que fazem o 
bem. 
Maridos, amai a vossas mulheres, assim como Cristo 
também amou a igreja e se entregou por ela; assim 
também os homens devem amar as suas esposas 
como seus próprios corpos; porque aquele que ama a 
sua esposa ama a si mesmo. 
Esposas, submetei-vos a vossos maridos como ao 
Senhor. Sejam sóbrias, discretas, castas, guardiãs em 
casa, sujeitas a seus próprios maridos. Seu 
ornamento seja o ornamento de um espírito manso e 
quieto, que é de grande valor aos olhos de Deus. 
Os pais não devem provocar os seus filhos à ira, mas 
criá-los na educação e admoestação do Senhor. 
Coloque estas minhas palavras em seu coração, e 
ensine-as a seus filhos, falando delas ao sentar-se em 
casa, ao caminhar pelo caminho, ao se deitar e ao se 
levantar. 
61 
 
Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor; pois isso é 
bom e aceitável para Deus. Honra teu pai e tua mãe, 
que é o primeiro mandamento com promessa. 
Que todos os servos que estão sob o jugo, considerem 
seus próprios senhoresdignos de toda honra, e 
agradem-lhes bem em tudo: não sendo respondões, 
não furtando; mas mostrando toda a boa fidelidade, 
para que possam adornar a doutrina de Deus nosso 
Salvador em todas as coisas. 
Vós, mestres, dai aos vossos servos o que é justo e 
igual, retendo as ameaças; sabendo que vocês têm 
um Mestre no céu. 
A essas regras de justiça mais razoáveis, que brotam 
das situações relativas dos cristãos, o Redentor deles 
acrescentou o novo mandamento do Amor aos 
irmãos. Como sua cabeça de influência e privilégio, 
ele os une em uma família espiritual; e os obriga a 
amar uns aos outros com pureza, constância e afeto 
dignos de seus companheiros devedores à graça 
soberana, e companheiros viajantes à glória celestial. 
Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se 
amardes uns aos outros. Este amor é puro e pacífico, 
longânimo e amável; perdoa até setenta vezes sete; 
não se regozija na iniquidade, mas alegra-se na 
verdade; adverte o ingovernável, e restaura o caído, 
no espírito de mansidão; ele conforta os fracos de 
espírito, e confirma os fracos. Somos irmãos, é sua 
62 
 
linguagem, não discutamos ao longo do caminho. 
Temos uma só fé, um só Senhor, uma só esperança 
de nosso chamado, um Pai e um só céu; edificamo-
nos uns aos outros na nossa santíssima fé, edificamo-
nos uns aos outros e regozijamo-nos na esperança da 
glória a ser revelada. 
Por outro lado, se, entre os parentes ou 
companheiros do cristão, parecem estranhos ou 
inimigos daquela graça que traz salvação, o seu dever 
é não irritá-los por acusações, por altivez, 
negligência, indignação ou desprezo; mas instruir 
com mansidão; na delicadeza do conselho para 
recomendar piedade; na circunspecção de uma 
conduta exemplar, para mostrar sua poderosa 
influência; e, em toda a importunidade da oração, 
implorar ao Deus de toda graça que, por sua graça 
imerecida, onipotente e soberana, os arranque como 
tições do fogo e os chame das trevas para a sua 
maravilhosa luz, e os torne alegres com a sua 
herança. (Nota do tradutor: é para a prática desta 
conduta cristã, como aqui descrita, e que é segundo a 
revelação das Escrituras, que se faz necessário o 
crescimento e amadurecimento espiritual, pelo 
crescimento na graça e no conhecimento de nosso 
Senhor Jesus Cristo, pois a regularidade e constância 
de tais ações procedem somente daqueles que são 
crentes espirituais e não carnais.) 
63 
 
Tal é a natureza da religião prática, como delineado 
nas Sagradas Escrituras: andando em todos os 
mandamentos e ordenanças do Senhor de modo 
irrepreensível; vivendo sem manchas do mundo; 
levando vidas tranquilas e pacíficas, em toda piedade 
e honestidade; fazendo o bem a todos quando temos 
oportunidade, especialmente aos que são da família 
da fé; crescendo em graça; seguindo as coisas puras 
e adoráveis, e de boa fama; acrescentando à nossa fé, 
virtude, conhecimento, temperança, paciência, 
piedade, bondade fraterna e amor. (Nota do 
tradutor: veja a progressão marcada pelo autor que é 
consoante o ensino do apóstolo Pedro, conforme ele 
o havia aprendido de Jesus Cristo, de crescer de 
experiência de graça a experiência de graça, 
conforme elas vão sendo delineadas em nosso caráter 
pela prática. Pela mesma razão é dito pelo apóstolo 
Paulo que somos transformados à imagem do Senhor 
de graça sobre graça ou de fé em fé, referindo-se ao 
mesmo modo de crescimento espiritual - por 
acréscimo destas virtudes apontadas.). 
Os motivos para essa conduta cristã são numerosos, 
poderosos e cativantes. Assim, glorificamos nosso 
Pai nos céus, e adornamos a doutrina de Deus nosso 
Salvador; e andamos perante ele em todo o bem 
agradável. Assim, vivemos para o Senhor, e, como ele 
deu mandamento, e de acordo com o exemplo que ele 
nos deixou. Assim, a vida de Cristo é manifestada em 
nós, e nossa luz brilha diante do mundo, e o caminho 
64 
 
da verdade não é infamado por nossa causa. Assim, 
nossa paz flui como um rio, e crescemos em aptidão 
para herdarmos com os santos na luz. 
Examinemos então nosso próprio caráter e 
perguntemos: que influência nossa religião teve 
sobre nossos corações e temperamentos, sobre 
nossas palavras e sobre nossa conduta? 
Busquemos nobremente as realizações mais elevadas 
possíveis, naquela vida de santidade uniforme e 
exemplar recomendada pelo evangelho. E, para isso, 
ao mesmo tempo em que confiamos diariamente na 
justiça do Redentor para a aceitação, e nos 
dedicamos diariamente a seu serviço, também 
sejamos fortes em seu poder e, no exercício da 
oração, esperemos as influências prometidas do 
Espírito Santo, para sustentar nossas coisas, para 
que nossos passos nunca escorreguem; para nos 
guardar na hora da tentação; para nos conduzir no 
caminho eterno; para nos santificar inteiramente; 
para preservar a alma, corpo e espírito 
irrepreensíveis para a vinda do Senhor; e para fazer 
nosso caminho brilhar mais e mais brilhante até o dia 
perfeito! 
 
 
65 
 
A importância da verdadeira religião para a 
utilidade e felicidade do povo comum 
Deve-se entender que esta expressão, o povo 
comum, longe de implicar o menor grau de 
desrespeito, é usada para distinguir apenas as 
pessoas aqui endereçadas, daqueles que, por sua 
posição superior, fortuna ou influência, são, em 
linguagem comum, denominados os grandes deste 
mundo. Mas, embora nem as classes médias da vida, 
nem as classes mais baixas da sociedade, sejam 
excluídas por este termo geral do povo comum, o 
escritor deste tratado tem principalmente em vista a 
classe numerosa e valiosa de pessoas que são 
empregadas como comerciantes, trabalhadores, 
empregados ou aprendizes. Para seu benefício, tracei 
alguma descrição da natureza e influência da religião 
real; e agora desejo despertar sua atenção para este 
assunto profundamente interessante e recomendar 
esta religião à sua escolha, por argumentos que 
possam ser adequados às suas situações, e aplicados 
em seus corações. 
Conheça a si mesmo, ó homem! E respeite a si 
mesmo - são máximas aplaudidas pelos sábios e 
dignas da contínua lembrança de todos. Elas são 
particularmente aplicáveis a vocês que são colocados 
em circunstâncias dependentes; e cuja inferioridade 
pode muitas vezes expô-los à falta de estima, e às 
66 
 
vezes pode colocar em perigo de subestimar o seu 
próprio caráter. Para promover este conhecimento e 
respeito, suplico para pensar seriamente sobre os 
poderes exaltados que você possui, e olhar ao redor 
com atenção para a época em que vive. Em outras 
palavras, vejam-se tanto em sua capacidade pessoal 
quanto em sua capacidade relativa. A esses dois 
pontos o raciocínio sobre este ramo do assunto deve 
ser confinado. 
1. Então, pensem em si mesmos em sua capacidade 
pessoal, como seres racionais e imortais. Embora 
seja obscurecida a sua porção na vida, você possui os 
mesmos poderes espirituais, que são formados para 
os mesmos propósitos nobres, e são chamados para 
as perspectivas exaltadas - com os mais honrados ou 
ricos na terra. 
As circunstâncias mais baixas de serviço, ou 
dependência, ou pobreza, com todos os seus 
assistentes humilhantes e tristes, não podem em 
nada diminuir a excelência intrínseca do pobre. Ele é 
filho da providência, o expectante da imortalidade. 
Estas honras que o seu Criador gracioso confere a ele, 
em comum com o potentado mais rico na terra. Um 
miserável Lázaro, alimentado com migalhas da mesa 
do rico; um cego Bartimeu, que estava sentado ao 
lado do caminho implorando, eram realmente 
objetos da atenção divina, tanto quanto Salomão, 
quando vestido em toda a sua glória. Homens 
67 
 
desconhecidos, filhos e filhas da pobreza; vocês são 
igualmente com os outros, criaturas de Deus; 
formados por seu poder, sustentados por sua 
visitação misericordiosa, e colocados nas mesmas 
circunstâncias que sua sabedoria infalível julgou 
mais conveniente.

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