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DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR

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PROFESSORA 
SILVIA CRISTINA DA SILVA 
2019 
DOCÊNCIA DO ENSINO 
SUPERIOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disciplina: Docência do Ensino Superior 
 
Professor/autor: Silvia Cristina da Silva 
 
Data da atualização: 10/10/2019 
 
Revisão Ortográfica: Fabiana Miraz de Freitas Grecco – Novembro/2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
 
 
 
Embora o conceito de Educação à Distância não seja novo, é verdade que, 
com a extensão e a implementação de novas tecnologias no setor educacional, 
esse formato assumiu uma nova dimensão, razão pela quais indivíduos, 
governos e as instituições voltaram-se, de maneira especial, para explorar o 
potencial oferecido pela educação à distância. Inserem-se, nesta unidade, os 
desafios e oportunidades de ensino a distância no ensino superior. O autor 
trabalha em estreita colaboração com os alunos no ensino a distância há 
muitos anos e ficou interessado pela maneira que os alunos lidam com os 
desafios em comparação às oportunidades oferecidas pelo ensino a 
distância. O principal objetivo deste capítulo é investigar as oportunidades e os 
desafios do ensino a distância. Nos últimos anos, tem havido um interesse 
crescente nessa modalidade, no ensino superior. 
 
Palavras-chave: Tecnologia; Formação Continuada; Ensino. 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO DA UNIDADE 
 
 
 6 
 
 
 
 
 
 
RESUMO DA UNIDADE ....................................................................................................... 5 
ÍNDICE ................................................................................................................................. 6 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ......................................................................................... 8 
CAPÍTULO 1 ........................................................................................................................10 
ASPECTOS DO ENSINO SUPERIOR ................................................................................10 
CAPÍTULO 1 – ASPECTOS DO ENSINO SUPERIOR .......................................................11 
1.1 A Universidade na sociedade .....................................................................................11 
1.2 O Ensino Superior no Brasil .......................................................................................12 
1.3 Ensino Superior: Finalidades ......................................................................................14 
1.4 Organização Interna e seu funcionamento (Ensino, pesquisa e extensão) ................16 
CAPÍTULO 1 – RECAPITULANDO (APENAS PARA ESTUDO) .........................................25 
CAPÍTULO 2 ........................................................................................................................31 
DIDÁTICA E PRATICAS PEDAGOGICAS NO ENSINO SUPERIOR..................................31 
CAPÍTULO 2 – DIDÁTICA E PRATICAS PEDAGOGICAS NO ENSINO SUPERIOR .........32 
2.1 Didática como Ciência no Ensino Superior ................................................................32 
2.2 A Metodologia na Docência Universitária ...................................................................36 
2.3 A Metodologia Dialética ..............................................................................................37 
2.4 Educação Universitária ..............................................................................................40 
2.5 Planejamentos do Ensino ...........................................................................................41 
2.6 Avaliação e Aprendizagem na Educação Superior ....................................................44 
CAPÍTULO 2 – RECAPITULANDO (APENAS PARA ESTUDO) .........................................46 
CAPÍTULO 3 ........................................................................................................................51 
ÍNDICE 
 
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 7 
TECNOLOGIAS E RECURSOS DIDÁTICOS ......................................................................51 
CAPÍTULO 3 – TECNOLOGIAS E RECURSOS DIDÁTICOS .............................................52 
3.1 Ensino a Distância ......................................................................................................52 
3.2 Ambiente Virtual de Aprendizagem e Tecnologias para o Ensino ..............................54 
3.3 Interações em sala de aula EAD e Presencial: o papel dos professores e dos alunos
 .........................................................................................................................................56 
3.4 Desafios do Ensino a Distância ..................................................................................57 
3.5 Tecnologias e Mídias Educacionais ...........................................................................60 
3.6 Formação de Professor no Ensino Superior...............................................................62 
CAPÍTULO 3 – RECAPITULANDO (APENAS PARA ESTUDO) .........................................67 
COMO FUNCIONA O EAD? ............................................................................................70 
EAD .....................................................................................................................................71 
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................72 
FECHANDO A UNIDADE ....................................................................................................73 
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................74 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 8 
 
 
Abordaremos, nesta Unidade, o ensino superior no Brasil. Até o final do século XIX 
existiam apenas 24 estabelecimentos de ensino superior no Brasil com cerca de 10.000 
estudantes. A partir daí, a iniciativa privada criou seus próprios estabelecimentos de ensino 
superior graças à possibilidade legal disciplinada pela Constituição da República (1891). 
As instituições privadas surgiram da iniciativa das elites locais e confessionais católicas 
(Teixeira, 1969). 
O sistema educacional paulista surgiu nessa época e representou a primeira grande 
ruptura com o modelo de escolas submetidas ao controle do governo central. Dentre os 
cursos criados em São Paulo, nesse período, constam os de Engenharia Civil, Elétrica e 
Mecânica (1896), da atual Universidade Mackenzie, que é confessional presbiteriana. Nos 
30 anos seguintes, o sistema educacional apresentou uma expansão considerável, 
passando de 24 escolas isoladas a 133, 86 das quais criadas na década de 1920 (Teixeira, 
1969). 
A partir da Lei nº 4.024/60 – a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional –, começou a se delinear um modelo federativo da administração da educação 
nacional. Nas legislações que a sucederam – Leis nº 5.692/71 e nº 5.540/78 – esse modelo 
veio se
consolidando num sistema em que o ensino superior ficou sob a tutela da União e 
o ensino de 1º e 2º graus a cargo dos Estados. 
Com a Lei nº 9.394/96, verificou-se uma ampliação do princípio federativo, 
aumentando a responsabilidade da administração municipal na gerência e condução da 
educação básica da sua população, bem como, transferindo para os sistemas estaduais a 
supervisão e a gerência dos Conselhos Estaduais de Educação sobre as Instituições de 
Ensino Superior mantida pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios. 
A formação do professor e a busca pela melhoria na qualidade do trabalho que 
realiza vêm sendo discutida há algum tempo, mas uma discussão sistemática sobre o tema 
é recente e emergiu com mais força, no cenário nacional, somente na década de 1980. No 
que concerne ao ensino superior, o que se propunha, era uma ampla reforma do sistema, 
substituindo escolas autônomas por universidades, com espaço para o desenvolvimento 
das ciências básicas e da pesquisa, além de formação profissional. Nesse mesmo 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO 
 
 
 9 
contexto, insere-se a discussão sobre a expansão e o papel da educação superior e da 
docência nesse nível de ensino (Durham, 2005). 
Quando falamos em formação de professores, a primeira coisa que nos vem à 
cabeça é a formação de professores para a docência na Educação Básica. A formação 
exigida para a docência no ensino superior tem sido restrita ao conhecimento aprofundado 
da disciplina a ser ensinada, sendo este conhecimento prático decorrente do exercício 
profissional ou teórico, resultante do exercício acadêmico. 
Pouco se tem exigido dos docentes de ensino superior em termos de 
conhecimentos pedagógicos. A cada dia, ampliam-se mais as exigências de que o 
professor universitário tenha títulos de mestre e doutor, no entanto, há ainda um grande 
questionamento: se esta titulação, da maneira como vem acontecendo nos cursos stricto - 
sensu, contribui efetivamente para a melhoria da qualidade didática do professor no ensino 
superior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 1 
ASPECTOS DO ENSINO SUPERIOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
 
CAPÍTULO 1 – ASPECTOS DO ENSINO SUPERIOR 
 
1.1 A Universidade na sociedade 
 
Toda sociedade precisa se desenvolver para sobreviver. Na medida em que o 
desenvolvimento deve ter por base a sustentabilidade, ele deve atender às necessidades 
do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às delas; ele 
deve ser economicamente eficiente, socialmente equitativo e ecologicamente tolerável. 
Todadia, ditas necessidades nem sempre são econômicas, sociais ou ecológicas. Elas 
podem relacionar-se ao conhecimento científico, daí a importância da Universidade na 
sociedade e seu papel no desenvolvimento nacional. 
 A universidade tem sua origem na da Idade Média. Segundo Nunes (1979), as 
Universidades com seus estatutos, organização jurídica e os graus acadêmicos surgiram, 
espontaneamente, no seio da cristandade medieval. Nesse sentido, impossível dissociar a criação 
da universidade da igreja, no seu contexto instituição, eis que era o grupo historicamente 
dominante naquele período, sendo autorizadas por bulas papais. Seguindo este entendimento, 
ressalta o autor que o processo de instrumentalização do conhecimento ocorre quando essa 
cosmovisão dominante, esse ideal de homem – aliado à nobreza – transfere-se para as 
instituições de ensino, eis que o currículo das escolas medievais culminava com o estudo 
da Sagrada Escritura e a convicção de que só a Bíblia continha a verdadeira e salutar 
sabedoria. 
 Não obstante, tornaram-se substanciais para a construção do conhecimento 
ocidental porque havia estudiosos nelas preocupados, prioritariamente, com o 
desenvolvimento da ciência nos currículos e eram encontradas nas sete artes liberais, 
notadamente, Aritmética, Geometria, Astronomia, Lógica, Gramática, Música e Retórica, 
responsabilizadas pela formação profissional nas áreas de Teologia, Direito e Medicina. 
 O surgimento das universidades modernas datam do período de 1500-1800, na 
Europa, o que possibilitou a dissipação do pensamento crítico e acabou por originar o 
Renascimento e, tempos após, o tarde o Iluminismo. 
 A despeito da imprecisão dos registros, historicamente, credita-se que o início na 
difusão das universidades pela Europa ocorreu no século XII, com a fundação da 
Universidade de Paris. Embora já sem vínculos com a Igreja (não católicas), necessitavam 
receber o aval do clero ou do governo para o funcionamento, dedicando-se originariamente 
 
 
 12 
ao ensino da medicina, das leis, da astronomia e da lógica. Em 1700, as mais conhecidas 
destacavam-se por divulgar suas revistas científicas. Considerada a melhor Universidade 
da Europa e a 2ª melhor universidade do Mundo, fundada em 1909, Oxford é a 
universidade mais antiga de língua inglesa. 
 Como um lugar também de liberdade, independência e reflexão, a Universidade é 
um instrumento de mudança que, respeitando os valores que promove, estimula todas as 
formas de inovação, sejam elas tecnológicas ou sociais. Ao fazer isso, presta imensurável 
serviço à sociedade. 
 A junção entre o mercado profissional e o universo acadêmico se faz substancial 
ao estímulo de profissionais com espírito de inovação, partindo-se da premissa que é a 
contribuição de vários agentes econômicos e sociais, com diferentes tipos de informações 
e conhecimentos, permitam a sua materialização. 
 
1.2 O Ensino Superior no Brasil 
 
No Brasil colônia desenvolveu-se apenas atividades escolares de catequese de 
indígenas, conduzidas por sacerdotes Jesuítas, por quase 300 anos, até 1792, quando 
veio a ocorrer a expulsão dos Jesuítas do Brasil. Membros de famílias brasileiras 
abastadas eram enviados para obter educação em outros países, principalmente Portugal. 
O primeiro colégio jesuíta foi fundado na Bahia em 1550, servindo de modelo e 
inspiração para os outros colégios a serem criados pelo país posteriormente e os cursos 
oferecidos eram segundo Paim (1987): 
 
Chegava tão-somente ao que hoje se denomina de ensino médio de tipo clássico. 
Apenas nos colégios de Bahia e do Rio de Janeiro ministrava-se o curso de artes, 
intermediário entre o de humanidades e os superiores. Para as carreiras 
eclesiásticas, entretanto, existiam cursos superiores de teologia e ciências 
sagradas, tanto no Colégio Central da Bahia como nos seminários maiores. Para os 
que não se destinavam ao sacerdócio só restava o caminho das universidades 
europeias. (p. 214) 
 
 
De acordo com França (2008), foi com a Proclamação da República (1889) que a 
educação começou a ser prioridade para o Estado. Com o regime republicano, cada 
Estado da Federação passou a ter sua própria Constituição, com governos eleitos e forças 
políticas autônomas. As transformações ocorridas na área educacional durante esse 
período foram positivas. 
 
 
 13 
 Na Reforma Antônio Carlos (1841), a pesquisa científica passou a ter mais 
importância. A investigação científica era realizada por institutos de pesquisa sem vínculo 
com o ensino superior (França, 2008). 
 A criação do ensino superior no Brasil ocorreu no período Imperial, com a 
transferência da sede do poder no ano de 1808, época em que cursos de ensino superior 
foram instalados no Rio de janeiro e na Bahia a fim de atender a formação das pessoas 
que compunham as classes dominantes, para qualifica-las ao exercício do poder, formação 
de especialistas para a produção de bens, e a formação de profissionais liberais. 
 Foi criado, em 1808, o curso Médico de Cirurgia na Bahia e no mesmo ano é 
instituído no Rio de Janeiro o Hospital Militar, uma escola Anatômica, Cirúrgica e Médica. 
Após, tem-se a instalação, na Bahia e Rio de Janeiro,
dois centros médicos cirúrgicos, 
matrizes das atuais Faculdades de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro e 
da Universidade Federal da Bahia. Em 1810, é instituída a Academia Real Militar na qual 
se implantou o início da atual Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio de 
Janeiro. (Villanova, 1948) 
O sistema universitário é composto por instituições públicas (federais ou estaduais), 
católicas e privadas. A estrutura compreende universidades, faculdades e instituições 
isoladas. O objetivo do ensino superior, no Brasil, é implantar ensino, pesquisa e extensão, 
embora a pesquisa seja principalmente realizada em instituições federais. As 
universidades também oferecem cursos de curta duração em diversas disciplinas, 
atendendo a população universitária e a comunidade. 
 As carreiras do ensino superior são integradas em blocos, como: 
 
 Ciências Biológicas e Saúde (Ciências Biológicas e da Saúde); 
 Ciências Exatas da Terra (Ciências Exatas); 
 Ciências Humanas e Sociais (Ciências Humanas e Sociais); 
 Ciências Sociais Aplicadas (Ciências Sociais Aplicadas) e 
 Engenharias e Tecnologias (Engenharia e Tecnologias). 
 
O Conselho Federal de Educação (CFE) determina o currículo mínimo e a 
alocação de tempo para os diferentes cursos. Cada instituição tem a liberdade de incluir 
assuntos adicionais. No ano de 1998, foi criado o Exame Nacional do Ensino Médio 
(Enem), com a finalidade de avaliar o desempenho do estudante ao fim da escolaridade 
básica, podendo participar do referido exame alunos que estão concluindo ou que já 
 
 
 14 
concluíram o ensino médio em anos anteriores. O Enem é utilizado como critério de 
seleção para os estudantes que pretendem concorrer a uma bolsa no Programa 
Universidade para Todos (ProUni). Aproximadamente, 500 (quinhentas) universidades já 
utilizam o resultado desse exame como critério para selecionar o ingresso no ensino 
superior, seja complementando ou até substituindo o vestibular. 
Na Constituição de 1988, foi determinado que os empréstimos estudantis, 
anteriormente financiados pelo Fundo de Assistência Social, seriam alocados a partir dos 
recursos do Ministério da Educação e administrados pela Caixa Econômica Federal. Os 
empréstimos são usados principalmente pelos estudantes para pagar as mensalidades em 
universidade ou faculdades particulares, que se utilizam de um programa de financiamento 
chamado Financiamento Estudantil (FIES), que foi criado no ano de 1999. 
A pós-graduação já se destacou como uma referência na educação brasileira. Nos 
anos 50, por exemplo, as Fundações Ford e Rockefeller concederam bolsas para levar 
estudantes brasileiros para os Estados Unidos para seus estudos de pós-
graduação. Fundos foram concedidos por vários órgãos públicos para financiar estudos de 
pós-graduação no exterior e internamente, órgão esses nos quais se incluíam a FINEP, 
FAPESP, CNPQ e CAPES. 
Muitas universidades têm seus próprios programas de mestrado e doutorado. Os 
programas de pós-graduação são avaliados e, de acordo com seu desempenho, recebem 
recursos públicos em quantidades maiores ou menores para promover pesquisas e pagar 
bolsas de estudo para seus alunos. 
 
 
1.3 Ensino Superior: Finalidades 
 
 A educação, acima de qualquer lei que lhe venha a reger, é matéria com disciplina 
constitucional. A constituição federal (BRASIL, 1988), elenca a educação como um direito 
social e, como os demais, têm por premissa garantir uma melhor condição de vida e 
trabalho à população. 
 Segundo leciona Moraes (2009): 
 
Direitos sociais são direitos fundamentais do homem, caracterizando-se como 
verdadeiras liberdades positivas, de observância obrigatória em um Estado Social 
de Direito, tendo por finalidade a melhoria de condições de vida aos 
hipossuficientes, visando à concretização da igualdade social, e são consagrados 
como fundamentos do Estado democrático, pelo art. 1º, IV, da Constituição Federal. 
(p. 195). 
 
 
 15 
 
 As normas que não são auto executáveis exigem providências legislativas 
ulteriores para sua aplicabilidade. Assim explicava Rui Barbosa (apud BONAVIDES, 2012): 
Não há, numa Constituição, cláusulas a que se deva atribuir meramente o valor 
moral de conselhos, avisos ou lições. Todas têm a força imperativa de regras. 
Muitas, porém, não revestem dos meios de ação essenciais ao seu exercício, os 
direitos, que outorgam, ou os encargos, que impõem: estabelecem competências, 
atribuições, poderes, cujo uso tem de aguardar que a Legislatura segundo seu 
critério, os habilite a exercer. A Constituição não se executa a si mesma: antes 
requer a ação legislativa, para lhe tornar efetivos os preceitos (p. 216). 
 
 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (BRASIL, 1996) ressalta, 
em seu conteúdo, a figura do educando como sendo a de maior relevância na atividade 
educacional, dispondo que a educação, na condição de dever da família e do Estado, 
possui inspiração nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana. 
 Estabelece finalidades específicas, a saber: 
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do 
pensamento reflexivo; 
II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção 
em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade 
brasileira, e colaborar na sua formação contínua; 
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o 
desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, 
desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive; 
IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicações ou de outras formas de comunicação; 
V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e 
possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão 
sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de 
cada geração; 
VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os 
nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer 
com esta uma relação de reciprocidade; 
VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão 
das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica 
e tecnológica geradas na instituição. 
VIII - atuar em favor da universalização e do aprimoramento da educação básica, 
mediante a formação e a capacitação de profissionais, a realização de pesquisas 
pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão que aproximem os 
dois níveis escolares. (art. 43). 
 
 A última finalidade foi inserida pela Lei nº 13.174/2015 (BRASIL, 2015), contudo, 
se contradiz ao que foi estabelecido nos artigos 10 e 11, porquanto a oferta adequada de 
educação básica, compreendendo a educação infantil e os ensinos fundamental e médio, é 
atribuição legal dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
 A Educação superior contempla tão somente a educação escolar, sendo 
justificável por conter objetivos específicos e voltados para a cultura de transformação, 
trabalhando conhecimentos, atitudes e valores. Em síntese, é uma educação destinada a 
 
 
 16 
aperfeiçoar competências voltadas ao mundo do trabalho, além da perspectiva de 
pesquisa. 
 
1.4 Organização Interna e seu funcionamento (Ensino, pesquisa e extensão) 
 
 De acordo com a Constituição Federal (BRASIL, 1988), as universidades gozam 
de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e 
obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão (art.207, 
caput). Nesse contexto, cabe a elas a criar, organizar e extinguir cursos; elaborar estatutos; 
atribuir graus,
expedir e registrar diplomas; fixar currículos de cursos e seus programas; 
fixar o número de vagas; celebrar contratos, acordos e convênios; administrar rendimentos; 
programar pesquisas e atividades de extensão; contratar e dispensar de professores; 
definir planos de carreira. 
 A LDB define que as universidades são instituições pluridisciplinares de formação 
dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e 
cultivo do saber humano. E ainda, que devem atender a três requisitos: um terço do corpo 
docente com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado; igual percentual enquadrado 
em regime de tempo integral; produção intelectual institucionalizada. 
A avaliação é considerada fundamental. Nesse sentido, dispõe que se deve buscar 
a implementação de processos com vistas à melhoria do ensino e à qualidade, sob a 
responsabilidade da União, assegurar processo de avaliação de instituições em todo 
território nacional. 
Pelo Decreto n.º 3.860 (BRASIL, 2001), o Ministério da Educação é órgão 
responsável pela coordenação da avaliação de cursos, programas e 
instituições de ensino superior. A avaliação de cursos e instituições de ensino superior está 
sob a organização e execução do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais 
(INEP). 
O último Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), a que 
submetidos os formandos dos cursos de graduação, foi aplicado pela instituição no ano de 
2017. Das 2.066 instituições de ensino superior em avaliação, apenas 35 – o equivalente a 
1,6% do total – obtiveram a nota máxima, em uma escala que varia de 1 a 5. Das 
instituições restantes, 278 receberam notas 1 ou 2, ficando abaixo do limite de qualidade 
estabelecido pelo Sinaes. 
 
 
 17 
 
Figura 1 - Instituições por faixa do IGC 2017 
 
Fonte: UOL (2018) 
 
À legislação permitiu-se uma maior flexibilização do ensino superior, ao ceder 
espaço à iniciativa privada, resultando posteriormente na edição do Decreto nº 9.057, de 
25 de maio de 2017, regulamentando o ensino a distância não presencial – EaD, sob o 
credenciamento e autorização do MEC. 
O contexto socioeconômico do mundo globalizado exige a profissionalização, 
fazendo surgir também à especialização, como fruto da integração com as inovações e 
tecnológicas que se apresentam em constante movimento: 
 
...a ampliação da demanda também é resultante de outras forças, como a 
necessidade de aquisição de competências essenciais para enfrentar um mercado 
de trabalho instável e cada vez mais seletivo e excludente, as transformações no 
conteúdo das ocupações e nas profissões, trazendo de volta para os bancos 
escolares uma população adulta, as facilidades que o desenvolvimento das 
tecnologias de informação e comunicação apresentam para o campo do ensino em 
termos de aumento da capacidade de atendimento das instituições (estimulando as 
experiências com ensino a distância) e, finalmente, no campo cultural, a 
combinação de todos estes vetores que incidem sobre os anseios e expectativas 
dos estudantes e de suas famílias: “em cada faixa de renda familiar, um número 
maior de jovens aspira a prosseguir seus estudos além do secundário” (Porto e 
Régnier, 2003, p. 17). 
 
 
A representação da UNESCO, no Brasil, articula permanente diálogo com o poder 
público, universidades e instituições de ensino e pesquisa e, em decorrência dessa 
parceria com o CNE – Conselho Nacional de Educação publicou, em 2012, uma coletânea 
de artigos sob o título de “Desafios e perspectivas da educação superior brasileira 
para a próxima década 2011/2020”, assentando que o compromisso social da 
 
 
 18 
universidade com o avanço do conhecimento e com a inovação precisa alcançar as suas 
salas de aula de graduação e pós-graduação. 
O processo de ensino-aprendizagem não pode desvincular-se dos processos de 
investigação acadêmica e, por consequência, é necessário que seja compreendido como 
um desafio à inovação. Os meios tecnológicos contemporâneos viabilizam essas relações 
em novas bases, mas o desafio é maior ainda: 
 
O sentido da relação educação-comunicação vai além das possibilidades 
oferecidas pelas mídias contemporâneas e dos níveis segmentados dos sistemas 
educacionais atuais. Ultrapassa a tentativa de ordenação dos conteúdos escolares 
e a profusão/confusão dos dados disponíveis em múltiplas bases. O ato 
comunicativo com fins educacionais realiza-se na ação precisa que lhe dá sentido: 
o diálogo, a troca e a convergência comunicativa, a parceria e as múltiplas 
conexões entre as pessoas, unidas pelo objetivo comum de aprender e de conviver 
(Kenski, 2008). 
 
 
Para fins de estatística, o Ministério de Educação do Brasil define que as instituições 
de Ensino Superior estão classificadas da seguinte forma: 
 
 Públicas (federais, estaduais e municipais); 
 Privadas (podendo ser comunitárias, que incluem em sua entidade mantenedora 
representantes da comunidade; confessionais, que atendem a uma orientação 
ideológica; filantrópicas, que prestam serviços à população, em caráter 
complementar às atividades do Estado e particulares). 
 
 De acordo com Decreto nº 5.773 (BRASIL, 2006), faculdades e centros 
universitários são entidades com enfoque na oferta de graduação, mediante a supervisão 
do Ministério da Educação (MEC), enquanto as universidades possuem mais autonomia e 
ofertam, não apenas graduação, mas também pesquisa e extensão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 19 
Figura 2 - Estrutura da Educação Brasileira 
 
Fonte: SlideShare (2011) 
 
 A graduação: são cursos que conferem o diploma do ensino superior, com 
duração média de 4 a 5 anos e oferece a maior quantidade de conhecimento teórico e 
prático. Uma vez concluído, é possível fazer cursos de pós-graduação e MBA. As formas 
de ingresso são através de vestibular, Enem e Sisu. 
 Oferecem a titulação de: 
 Bacharelado: forma profissionais e pesquisadores para o mercado de trabalho; 
 Licenciatura: forma professores para o ensino fundamental e médio; 
 Tecnólogo: cursos com tempo de duração menor se comparados ao bacharelado e 
licenciatura, que forma profissionais em áreas específicas do mercado. 
 
Existem formas de conseguir cursar a graduação com desconto. São elas: 
 Quero Bolsa (bolsas de estudo sem processo seletivo); 
 Prouni (bolsas de estudo para os melhores no Enem); 
 Fies (financiamento para os melhores no Enem). 
 
Não há dúvidas de que a educação superior possui considerável relevância no 
currículo de um indivíduo, quer em razão da exigência do mercado ou de trabalho, quer 
 
 
 20 
pelo próprio desenvolvimento pessoal. Contudo, ocorrem circunstâncias em que um curso 
de bacharelado no formato tradicional possa não atender às expectativas e necessidades 
apresentadas. Enquanto a graduação tradicional possui foco mais amplo em elementos 
teóricos e conceituais, a tecnológica privilegia o desenvolvimento de competências 
profissionais, de acordo com as demandas do mercado. 
Uma das vantagens dos cursos superiores de tecnologia é a redução no tempo em 
o aluno faz uma graduação e garante lugar no mercado de trabalho. Os tecnólogos foram 
pensados para atender à demanda por mão de obra qualificada dos mais diversos setores 
da economia brasileira. Em apenas dois anos e meio de estudos, em média, é possível a 
obtenção de um diploma de nível superior e, com maior perspectiva, uma vaga de 
emprego tão logo ocorra à conclusão e a formatura. 
A especialização é um curso de pós-graduação lato sensu que informa, atualiza e 
capacita o profissional que está no mercado de trabalho. Diferentemente da graduação, 
generalista por excelência, a especialização define habilidades técnicas específicas a 
determinado tema, com programas nas mais diversas áreas de conhecimento, sendo 
recomendado aos alunos que almejam seguir uma carreira acadêmica, quer lecionando ou 
atuando
em projetos, pesquisas, etc. 
 Segundo o Ministério da Educação (MEC), as pós-graduações também incluem os 
cursos designados como MBA (Master Business Administration). É um curso lato sensu 
voltado para quem quer aprimorar conhecimentos de administração e obter uma visão 
aprofundada e global do mundo corporativo, sendo geralmente procurado por empresários, 
executivos e gestores. Com duração mínima de 360 horas, ao final do curso, o aluno 
obterá certificado e não diploma. São abertos a candidatos diplomados em cursos 
superiores e que atendam às exigências das instituições de ensino, consoante a LDB. As 
aulas à distância não devem exceder 20% da carga horária. 
Neste curso o profissional vai aprender como administrar uma empresa, que 
poderá ser seu negócio próprio ou trabalhar em um grande grupo. O MBA é um curso 
oneroso, e varia de acordo com a matéria escolhida, a escola, a duração e a qualidade do 
mesmo. Existe um ranking anual onde são apresentadas as melhores escolas e 
universidade de MBA no mundo, sob o título de "Global MBA Ranking". 
O MEC permite que os cursos latu sensu sejam ministrados em cursos presenciais 
ou à distância, de modo que o certificado será o mesmo, tanto para quem frequentou uma 
instituição física como para quem concluiu o ensino a distância (cursos online). 
 
 
 21 
O mestrado é um curso analítico e de pesquisa. O mestrado tradicional é voltado 
para áreas de interesse acadêmico e é considerado um passo para quem tem interesse 
em seguir a carreira docente. Atualmente, já é possível encontrar o mestrado profissional, 
que tem como foco a formação de profissionais com uma visão analítica, conhecimentos 
teóricos e atuação prática sobre uma determinada área. A duração é de cerca 24 meses, 
exigindo pesquisa consistente que será transformada em uma dissertação sobre um tema 
específico, trabalho que será defendido, ao final do curso, por uma banca rigorosa. 
 Para se candidatar a uma vaga de mestrado, seja no Brasil ou em outro país, é 
comum ao processo seletivo à realização das seguintes etapas: 
1. Inscrição 
2. Provas 
3. Currículo acadêmico e profissional 
4. Pré-Projeto ou Memorial 
5. Entrevista Resultado 
 
Para conseguir um bom curso, e bolsa de estudos, o candidato deve apresentar 
ótimo histórico escolar e, de preferência, ter realizado, durante a graduação, programa de 
iniciação científica. A prova de proficiência em inglês geralmente apresenta características 
peculiares e as instituições que preparam os testes, com o objetivo de fazer uma triagem 
efetiva entre os candidatos, inserem estruturas complexas de gramática e interpretação de 
textos de nível avançado. 
 Além de assistir às aulas, cabe ao aluno reservar o seu tempo para a leitura e 
participação em palestras, conferências e congressos. O estudante é acompanhado por 
um orientador, que o introduz num grupo de pesquisa já desenvolvida pela instituição, 
ajuda-o a selecionar as disciplinas e acompanha a redação da dissertação de conclusão 
do curso. 
 O Doutorado é o passo seguinte ao mestrado, denominado PhD, Doctor of 
Philosophy. É um grau acadêmico conquistado por quem demonstra a capacidade de 
desenvolver novo conhecimento científico. Enquanto no mestrado o estudante tem contato 
com os principais caminhos teóricos e a produção intelectual, no doutorado ele vai dedicar-
se ao trabalho de criar conhecimento e adicionar novas descobertas ao que é discutido na 
academia. A duração de um doutorado é de 4 a 5 anos, com uma carga horária de aulas 
bem reduzida, já que a maior parte do trabalho é realizar as leituras necessárias, pesquisar 
e escrever a tese, geralmente com dedicação de modo exclusivo. 
 
 
 22 
 É permitido cursar o doutorado após a graduação, sem passar pelo mestrado, caso 
a instituição de ensino considerar relevante a proposta de pesquisa do candidato a aluno. 
Na maioria das instituições, contudo, a preferência é que se tenha o título de mestre. A 
seleção inclui análise do currículo, aprovação do projeto de pesquisa e entrevista. Pode 
haver uma prova de conhecimentos específicos e gerais. Os programas mais conceituados 
exigem o domínio de, pelo menos, dois idiomas estrangeiros. 
 A extensão universitária é um meio de interação que deve existir entre a 
universidade e a comunidade na qual está inserida. É uma espécie de ponte permanente 
entre a universidade e os diversos setores da sociedade. Funciona como uma via de duas 
mãos, em que a Universidade leva conhecimentos e/ou assistência à comunidade, e 
recebe dela influxos positivos como retroalimentação tais como suas reais necessidades, 
seus anseios, aspirações e também aprendendo com o saber dessas comunidades. 
 Ocorre, em realidade, uma troca de saber, em que a universidade também 
aprende com a comunidade sobre os valores e a cultura dessa comunidade. Assim, a 
universidade pode planejar e executar as atividades de extensão respeitando e não 
violando esses valores e cultura. Por meio da Extensão, a universidade influencia e 
também é influenciada pela própria comunidade, significando dizer que permite uma troca 
de valores entre a universidade e o meio. 
 Além dos cursos de graduação e pós-graduação, a Universidade oferece, também, 
cursos de formação, capacitação e qualificação para o público, bem como elabora e 
administra projetos sociais e ambientais articulados para a comunidade. Outra função 
social importante da Universidade é a elaboração e articulação de políticas públicas por 
meio da participação em fóruns, consultorias e núcleos específicos de atuação. Assim, 
além da sua importância como geradora de políticas públicas, a Extensão Universitária 
deve servir como instrumento de inserção social, aproximando a academia das 
comunidades adjacentes. 
 O artigo 207 da Constituição, ao preceituar que “... as universidades obedecerão 
ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão", propõe que as 
universidades sejam conduzidas, associando e integrando as atividades de ensino, 
extensão e pesquisa de maneira que se complementem, para bem formar seus 
profissionais universitários. 
Como detém o conhecimento, o transmite, por meio do ensino, aos educandos. 
Através da pesquisa faz aprimorar os conhecimentos então existentes, são produzidos 
novos saberes. Pelo ensino, são conduzidos esses aprimoramentos e os novos 
 
 
 23 
conhecimentos aos educandos. Por meio da extensão, é fomentada a difusão, socialização 
e democratização do conhecimento, bem assim, das novas descobertas à comunidade. A 
Extensão também propicia a complementação da formação dos universitários, dada nas 
atividades de ensino, com a aplicação prática. 
De maneira geral, as universidades têm um departamento específico para gestão 
das atividades e projetos de extensão universitária. Ali, os alunos podem obter informações 
sobre tudo que está sendo realizado pela instituição nesse sentido e, inclusive, candidatar-
se para participar. 
 Todos os projetos de extensão universitária são coordenados e acompanhados por 
professores e profissionais das respectivas áreas do conhecimento a qual se destinam. 
Qualquer aluno universitário pode participar das atividades de extensão; dependendo do 
projeto, há, inclusive, a possibilidade de receber uma bolsa-auxílio. Os requisitos para se 
candidatar variam bastante e dependem de cada projeto. Dentre outras, podemos elencar 
as seguintes ações de extensão: 
- Cursos, palestras e conferências; 
- Cursos de ensino a distância; 
- Cursos de verão, ou sazonais; 
- Colônia de férias; 
- Viagens de estudo; 
- Campus avançados; 
- Associações de ex-alunos; 
- Apresentações musicais, teatrais e feiras; 
- Programas e eventos culturais e esportivos; 
- Universidades volantes; 
- Escolas e hospitais flutuantes, etc. 
 
Seu caráter mais prático, naturalmente, funciona para enriquecer o currículo de 
quem participa e serve
de base para eventualmente conseguir uma vaga de estágio ou em 
uma iniciação científica. Existem projetos de extensão que complementam o ensino em 
algumas unidades. 
Faculdades de engenharia mecânica, como exemplo, não contam com aulas 
aprofundadas de automobilística ou aeronáutica, mas possuem grupos de extensão 
ligados às competições da SAE de fabricação de automóveis ou aviões de rádio controle, o 
que ajuda os alunos envolvidos a direcionarem seus estudos para essas áreas. 
 
 
 24 
Com base nessa diretriz conclui-se que a educação superior tem como um de seus 
princípios formarem cidadãos conscientes, capazes de contribuir ativamente para melhoria 
de nossa sociedade. Para que isso ocorra, as Universidades, segundo a legislação, deve 
estar apoiada sobre o tripé, ensino, pesquisa e extensão, que juntos constituem o eixo 
fundamental da Universidade Brasileira e de forma alguma pode ser compartimentado 
(Moita; Andrade, 2009). 
 Infelizmente, os dados mostram que muitos pós-graduados estão sem um lugar no 
mercado de trabalho. Mesmo os mais bem qualificados profissionais têm dificuldades para 
encontrar um emprego no país. Por isso, não é exagero afirmar que o Brasil está formando 
mestres e doutores para o desemprego. A frase é de Silvio Meira, professor do Centro de 
Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Escola de Direito do Rio 
da FGV. Os números demonstram isso friamente: enquanto no mundo a taxa de 
desocupação desse grupo gira em torno de 2%, por aqui, a média é de 25%. Os mestres 
estão em situação ainda pior: 35% fora do mercado de trabalho (Soares, 2019). 
Pesquisa promovida pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE, do 
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), publicada em 2014, consta 
que já havia 445.562 mestres titulados contra 293.381 empregados. Neste mesmo 
intervalo, formaram-se 168.143 contra 126.902 empregados. 
Segundo o último levantamento organizado pela Coordenação de Aperfeiçoamento 
de Pessoal de Nível Superior (Capes, do governo federal), no ano de 2017, foram titulados 
no país 50.306 mestres, 21.591 doutores e 10.841 no mestrado profissional. Segundo a 
assessoria, nos últimos anos, a Capes tem mantido o orçamento em cerca de R$ 4 
bilhões, e o número de bolsas seguiu estável. Logo, a título de última informação, são 93,5 
mil bolsistas na pós-graduação no Brasil e no exterior, número que também tem se 
mantido estável nos últimos anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 25 
 
 
CAPÍTULO 1 – RECAPITULANDO (APENAS PARA ESTUDO) 
 
QUESTÕES DE CONCURSOS 
 
Questão 1 
Ano: 2014 Banca: COSEAC Órgão: UFF Prova: COSEAC - 2014 - UFF - Técnico em 
Assuntos Educacionais 
Na década de 1990, frente aos desafios que se impunham no final do século XX, a 
universidade enfrentava crises que demonstravam a necessidade de reforma. As crises 
são: 
I da hegemonia. 
II da legitimidade. 
III institucional. 
IV de infraestrutura. 
 
Dentre as afirmativas acima descritas: 
(A) somente I e II estão corretas. 
(B) somente I, II e III estão corretas. 
(C) todas estão corretas. 
(D) somente II e III estão corretas. 
Questão 2 
Ano: 2014 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: IF-SP Prova: FUNDEP - 2014 - 
IF-SP - Professor - Pedagogia 
 
Considerando-se as reflexões de Silva Júnior e Sguissardi (2001) sobre a educação 
superior no Brasil, analise as seguintes afirmativas. 
 
I. Ocorreu uma mercantilização do saber e do ensino superior nas últimas décadas. 
 
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/coseac
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/uff
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/coseac-2014-uff-tecnico-em-assuntos-educacionais
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/coseac-2014-uff-tecnico-em-assuntos-educacionais
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/fundep-gestao-de-concursos
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/if-sp
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/fundep-gestao-de-concursos-2014-if-sp-professor-pedagogia
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/fundep-gestao-de-concursos-2014-if-sp-professor-pedagogia
 
 
 26 
II. A qualidade dos cursos está relacionada à dedicação de preferência integral do corpo 
docente e aos altos níveis de qualificação profissional. 
 
III. A autonomia universitária é vista como indissociável da democracia interna dos 
Institutos de Ensino Superior. 
 
A partir dessa análise, conclui-se que estão CORRETAS 
 
(A) I e II apenas. 
(B) I e III apenas. 
(C) II e III apenas. 
(D) I, II e III. 
Questão 3 
Ano: 2017 Banca: CCV-UFC Órgão: UFC Prova: CCV-UFC - 2017 - UFC - Psicólogo - 
Escolar e Educacional 
 
A Educação Superior tem como finalidade central a formação para a vida em sociedade, o 
que implica em uma inserção ativa de seus indivíduos no sentido de transformá-la, para 
superar as limitações que lhe impedem de ser um espaço de crescimento coletivo e 
individual. Analise as proposições abaixo e marque a opção incorreta. 
 
(A) Podem ser considerados tipos de intervenção da Psicologia Escolar no ensino 
superior uma assessoria ao Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e aos 
Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPCs). 
(B) O processo educativo tem como objetivo norteador colocar-se como instrumento de 
organização, reorganização e ressignificação de valores e conceitos que permitirão 
aos estudantes uma atuação consciente e intencional no contexto em que estão 
inseridos. 
(C) Podem ser consideradas dimensões de intervenção institucional da Psicologia 
Escolar na Educação Superior a gestão de políticas, programas e processos 
educacionais na IES. Também as propostas pedagógicas e funcionamento do curso 
e o perfil do estudante. 
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/ccv-ufc
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/ufc
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/ccv-ufc-2017-ufc-psicologo-escolar-e-educacional
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/ccv-ufc-2017-ufc-psicologo-escolar-e-educacional
 
 
 27 
(D) Embora se apresente a importância do campo de atuação da Psicologia Escolar nas 
IESs, seu reconhecimento como importante colaboradora diante dos atuais desafios 
que enfrentam é praticamente inexistente nos principais centros urbanos brasileiros. 
Questão 4 
Ano: 2015 Banca: COMPERVE Órgão: UFRN Prova: COMPERVE - 2015 - UFRN - 
Técnico em Assuntos Educacionais 
Leia as afirmações a seguir, relacionadas ao funcionamento das instituições da educação 
superior. 
I O ano letivo regular, independente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias de 
trabalho acadêmico efetivo. 
II Antes de cada período letivo, as instituições devem informar aos interessados os 
programas dos cursos e demais componentes curriculares. 
III Os cursos de graduação, no período noturno, devem ter padrões de qualidade diferentes 
do período diurno. 
IV Nas instituições públicas de educação superior, o professor fica obrigado ao mínimo de 
quatro horas semanais de aula. 
 
Das afirmações, estão corretas. 
 
(A) I e II. 
(B) I e IV. 
(C) II e III. 
(D) III e IV. 
Questão 5 
Ano: 2010 Banca: IFC Órgão: IFC-SC Provas: IFC - 2010 - IFC-SC - Professor - Geografia 
 
Tendo por base a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, assinale a 
alternativa INCORRETA sobre a formação dos profissionais da educação: 
 
(A) A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, 
inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita 
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/comperve
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/ufrn
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/comperve-2015-ufrn-tecnico-em-assuntos-educacionais
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/comperve-2015-ufrn-tecnico-em-assuntos-educacionais
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/ifc
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/ifc-sc
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/ifc-2010-ifc-sc-professor-geografia
 
 
 28 
em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da 
instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. 
(B) A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, 
em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos 
superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do 
magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino 
fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. 
(C) A formação docente, exceto para a educação superior, incluirá prática de ensino de, 
no mínimo, duzentas horas. 
(D) Os institutos superiores de educação manterão cursos formadores de profissionais 
para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado à formação de 
docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental. 
 
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE 
Sabendo que a lei federal de número 9235/17 dispõe sobre o exercício das funções de 
regulação, supervisão e avaliação das instituições de educação superior e dos cursos 
superiores de graduação e de pós-graduação no sistema federal de ensino, especifique 
quais são as funções do CNE. 
 
TREINO INÉDITO 
Assunto: INEP 
Assinale a alternativa correta que indica adequadamente uma das funções do INEP. 
a. conceber, planejar, coordenar e operacionalizar as ações destinadas à avaliação de IES, 
de cursos de graduação e de escolas de governo; 
b. conceber e planejar, apenas as ações destinadas à avaliação de IES, de cursos de 
graduação e de escolas de governo; 
c. conceber, apenas as ações destinadas à avaliação de IES, de cursos de graduação e de 
escolas de governo; 
d. conceber e operacionalizar, apenas as ações destinadas à avaliação de IES, de cursos 
de graduação e de escolas de governo; 
e. NDE 
 
 
 29 
 
NA MÍDIA 
DECRETO Nº 9.235, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2017 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 
84, caput , inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 9º, caput , incisos 
VI, VIII e IX, e no art. 46, da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, na Lei nº 9.784, de 
29 de janeiro de 1999, na Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004.DA EDUCAÇÃO 
SUPERIOR NO SISTEMA FEDERAL DE ENSINO 
Art. 1º Este Decreto dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e 
avaliação das instituições de educação superior - IES e dos cursos superiores de 
graduação e de pós-graduação lato sensu, nas modalidades presencial e a distância, no 
sistema federal de ensino. 
§ 1º A regulação será realizada por meio de atos autorizativos de funcionamento de 
IES e de oferta de cursos superiores de graduação e de pós-graduação lato sensu no 
sistema federal de ensino, a fim de promover a igualdade de condições de acesso, de 
garantir o padrão de qualidade das instituições e dos cursos e de estimular o pluralismo de 
ideias e de concepções pedagógicas e a coexistência de instituições públicas e privadas 
de ensino. 
 
Fonte: BRASIL 
Data: 2017 
Leia na íntegra em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9235.htm 
 
NA PRÁTICA 
EDUCAÇÃO INFANTIL: LEGISLAÇÃO E PRÁTICA PEDAGÓGICA 
Dados preliminares mostram que 75% das professoras que responderam à pesquisa 
disseram alfabetizar seus alunos, o que nos leva a inferir que há uma preocupação em 
preparar as crianças para o ensino fundamental, o que não constitui, segundo a LDB, 
finalidade da educação infantil. Um aspecto interessante apresentado nos resultados é que 
a preocupação em alfabetizar está presente mesmo entre as professoras que possuem 
formação em Pedagogia. 
 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.235-2017?OpenDocument
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9235.htm
 
 
 30 
OLIVEIRA, Maria Izete de. Educação infantil: legislação e prática pedagógica. Psicol. educ. 
São Paulo, n. 27, p. 53-70, dez. 2008. Disponível em 
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
69752008000200004&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 09 out. 2019. 
 
PARA SABER MAIS 
Filme: Sociedade dos poetas mortos 
Peça de teatro: Vida de professor 
Acesse os links: https://youtu.be/l7L5rve1IEA 
https://youtu.be/uASK8hkxHDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 2 
DIDÁTICA E PRATICAS PEDAGOGICAS NO 
ENSINO SUPERIOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 32 
CAPÍTULO 2 – DIDÁTICA E PRATICAS PEDAGOGICAS NO ENSINO 
SUPERIOR 
 
2.1 Didática como Ciência no Ensino Superior 
 
A dialética aplicada à metodologia científica tem a finalidade de analisar, de modo 
crítico, os acontecimentos descritos através de um fenômeno, de forma mais aprofundada, 
descrevendo o fenômeno e suas causas e suas consequências, a fim de entender a 
realidade em sua totalidade. 
Nesse sentido, através do método dialético podemos rever o passado diante dos 
acontecimentos ocorridos no presente, facilitando o questionamento sobre o futuro em 
relação aos repetidos assuntos estudados. 
Considerada uma ciência que estuda os saberes necessários á prática docente a 
Didática é um dos principais instrumentos para a formação do professor, pois é nela que se 
baseiam para adquirir os ensinamentos necessários para a prática. De acordo com 
Libâneo (1990, p. 26) “a didática trata da teoria geral do ensino”. Como disciplina é 
entendida como um estudo sistematizado, intencional, de investigação e de prática 
(LIBÂNEO, 1990). 
Ainda, nesta mesma linha de pensamento, Pimenta et al, diz que: 
 
A didática, como área da pedagogia, estuda o fenômeno ensino. As recentes 
modificações nos sistemas escolares e, especialmente, na área de formação de 
professores configuram uma “explosão didática”. Sua ressignificação aponta para 
um balanço do ensino como prática social, das pesquisas e das transformações 
que têm provocado na prática social de ensinar (2013, p.146). 
 
No entendimento de Luzuriaga (2001), a Didática originariamente significou a arte 
de ensinar. Durante muito tempo, ensinou-se conforme certas regras e normas, porém 
estas tinham mais um caráter empírico, pessoal ou procediam da tradição de modelos ou 
da habilidade pessoal. Somente a partir do século XVII, Comenius estabeleceu a Didática 
sobre as bases gerais, denominando precisamente de Didática Magna, que era uma 
espécie de manual escrito em um livro elaborado com a pretensão de ensinar tudo a todos. 
A Didática Magna foi a principal obra de Comenius, que compreendia não apenas os 
métodos e regras de ensinar, mas também a totalidade ação educativa. 
 Segundo Gil (2010, p.2) didática é a “arte de ensinar”. Ele segue citando 
Comenius, que afirmava que didática é a “arte de ensinar tudo a todos” e Masetto, que diz 
 
 
 33 
que didática “é o estudo do processo de ensino-aprendizagem em sala de aula e de seus 
resultados”. Falando acerca de didática Libâneo diz: 
 
A didática é uma disciplina que estuda o processo de ensino no seu conjunto, no 
qual os objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas da aula se 
relacionam entre si de modo a criar as condições e os modos de garantir aos 
alunos uma aprendizagem significativa. Ela ajuda o professor na direção e 
orientação das tarefas do ensino e da aprendizagem, fornecendo-lhe segurança 
profissional. (LIBÂNEO, 2002, p.5). 
 
 
A palavra Didática refere-se à ordem, clareza, simplificação e costuma, portanto, 
também conotar rigor, bitolamento, limitação, quadratura. Se ela adquiriu significados
negativos, supõe-se que a origem deles esteja na práxis, ou seja, no exercício regular da 
Didática, em todos os níveis de ensino, seria responsável pelo seu desprestígio ou má 
fama. Realmente, muitos manuais de Didática estão cheios de itens e subitens, regras e 
conselhos: o professor deve o professor não deve e ficam, portanto, muito próximos dos 
receituários ou listagens de permissões e proibições, tentando inutilmente disfarçar o seu 
vazio atrás de excessivo formalismo. 
A Didática associa-se à ciência desde o momento em que os homens passaram a 
questionar, de forma exaustiva, todas as formas possíveis de se ensinar algo a alguém. De 
modo que, ela passou a estar presente quando o homem organizou a maneira de transmitir 
seus conhecimentos ao exercitar uma prática pedagógica – uma Didática. 
 
Libâneo (2007) aponta que a Didática tem como objeto de estudo o processo de 
ensino, finalidades, pedagogias, condição e meios de direção e organização do ensino e 
aprendizagem, pelos quais se asseguram a mediação docente de objetivos, os conteúdos 
e os métodos para atingir a efetivação da assimilação dos conhecimentos. 
Apesar da discussão de como ensinar e como sistematizar o ensino ter sido uma 
preocupação dos educadores desde que se organizou a relação pedagógica, a Didática é 
considerada uma teoria do ensino apenas a partir do século XVII: 
 
A história da Didática está ligada ao aparecimento do ensino – no decorrer do 
desenvolvimento da sociedade, da produção e das ciências - como atividade 
planejada e intencional dedicada à instrução.[...] Na chamada Antiguidade Clássica 
( gregos e romanos) e no período medieval também se desenvolvem formas de 
ação pedagógicas, em escolas, mosteiros, igrejas, universidades. Entretanto, até 
meados do século XVII não podemos falar de Didática como teoria do ensino, que 
sistematize o pensamento didático e o estudo científico das formas de ensinar 
(LIBÂNEO, 1994, p. 54- 55). 
 
 
 
 34 
Não há dúvidas sobre a complexidade do trabalho docente frente às atribuições 
que lhe são exigidas. Neste contexto Veiga (2006, p. 2), menciona que a “[...] docência 
universitária exige a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, faz parte dessa 
característica integradora a produção do conhecimento bem como sua socialização”. A 
indissociabilidade aponta para a atividade reflexiva e problematizada do futuro profissional. 
A autora salienta, ainda, que formar professores universitários implica 
compreender a importância do papel da docência, proporcionando um aprofundamento 
científico aliado ao conhecimento pedagógico, que os capacite a responder questões 
fundamentais da universidade como instituição social, uma prática social que implica as 
ideias de formação, reflexão, e crítica. 
Com os levantamentos que são realizados ao longo dos cursos fica claro as 
deficiências na formação do professor universitário. É comum que a maioria das críticas 
nesses cursos em relação aos professores refere-se à falta de didática, por esse razão 
muito professor vem realizando cursos de didática do ensino superior. 
A prática pedagógica no Ensino Superior passa por diversos desafios, visto que, 
precisa sempre articular ensino, pesquisa e extensão e, por outro lado, a ausência de 
preocupação explícita das autoridades educacionais com a preparação de professores 
para o Ensino Superior. As autoridades acreditam que o corpo discente das escolas 
superiores é constituído por adultos, não precisando tanto de dedicação quanto no corpo 
discente do ensino básico, constituído por crianças e adolescentes. Os alunos do ensino 
superior, por já possuírem uma “personalidade formada” e por saberem o que pretendem, 
não exigiriam de seus professores mais do que competência para transmitir os 
conhecimentos e para sanar suas dúvidas, caso esse muito controverso quando posto em 
prática. 
Segundo ALTHAUS (2004), a ação didática no ensino superior é pautada pelas 
tensões enfrentadas no cotidiano universitário e consolida-se pelo o que é inerente à 
extensão: “A autêntica ação de estender o conhecimento, via extensão universitária, 
operacionaliza-se por meio de umas práxis dialética (mediadora entre universidade-
sociedade-universidade) de produção/reprodução crítica do conhecimento” (RAYS, 2003, 
p.3). Segundo BORBA e SILVA ([s.d]): 
 
Quando nos referimos às necessidades dos estudos didáticos dirigidos ao ensino 
de nível superior, a sua aplicação e investigação aos problemas pedagógicos deve 
levar cada docente a fazer uma autocrítica e a tomar consciência de suas 
responsabilidades, e principalmente buscar a melhor forma de desempenhar suas 
 
 
 35 
funções e por sua vez fazer experiências pedagógicas que vise aperfeiçoar os 
diversos tipos de atividades que caracterizam tais funções, em particular podemos 
citar as voltadas à sistematização e transmissão do conhecimento, sem deixar em 
segundo plano ou de lado as responsabilidades propriamente educativas. 
 
Frente a esse cenário, Cunha, Brito e Cicillini (2006) afirmam que a formação 
pedagógica para o professor da educação superior é quase inexistente e isto recai na 
grande dificuldade de o docente enfrentar os desafios de sua profissão. Assim, 
evidenciamos que o professor da atualidade precisa alargar seu repertório de 
conhecimentos, visto que ter o título acadêmico apenas não garante uma atuação 
qualificada em sala de aula. 
A “Didática do Ensino Superior” volta-se para aos alunos dos cursos de graduação 
e pós-graduação, com o objetivo de analisar, minuciosamente, e refletir sobre o panorama 
da educação nacional, a fim de capacitar os docentes e interessados em atuar nas áreas 
de ensino, pesquisa ou gestão, sendo possível uma melhor compreensão das 
competências, habilidades e atividades necessárias para atuação no ensino. A partir 
dessas disposições, Nóvoa (2009) recomenda fatores importantes para alicerçar 
programas de formação de professores: 
 
 A formação de professores precisa articular teoria e prática, a partir da 
análise de situações concretas do cotidiano escolar, à procura de um 
conhecimento pertinente na reelaboração desse conhecimento, traduzindo 
um processo de inovação; 
 É relevante que a formação de professores passe para “dentro da 
formação”, isto é, ser conduzida e planejada pelos próprios professores, de 
forma que os principiantes aprendam com os mais experientes; 
 A formação de professores necessita valorizar o trabalho em equipe, pois a 
reflexão e o trabalho coletivo transformam-se em conhecimento profissional, 
instigando processos de mudança e práticas concretas de intervenção. 
 A formação precisa incentivar os professores a darem visibilidade social ao 
seu trabalho, a aprenderem a se comunicar com o público, “a ter uma voz 
pública, a conquistar a sociedade para o trabalho educativo, comunicar para 
fora da escola” (NÓVOA, 2009, p. 43). 
 
Considera-se a docência, independentemente do nível de ensino em que ela 
aconteça, uma ação humana. Reconhecer a dimensão humana da docência é admitir e 
 
 
 36 
assumir que ela se constitui histórica e socialmente e, por conseguinte, a formação é parte 
integrante da identidade profissional do professor; é a “humana docência, onde ser 
educador é ser o mestre de obras do projeto arquitetado para sermos humanos”. (NÓVOA, 
2009) 
Veiga (2006) defende a formação do futuro professor universitário articulando 
conhecimento da área especifica e conhecimentos pedagógicos para que eles possam 
compreender e realizar, efetivamente, um trabalho que contemple a indissociabilidade 
entre o ensino, a pesquisa e a extensão, condição, segundo a autora, indispensável à 
atividade reflexiva, problematizadora e inerente à docência. 
Faz parte dessa característica integradora a produção do conhecimento bem como 
sua socialização. Articulam componentes curriculares e projetos de pesquisa e de 
intervenção,
levando em conta que a realidade social não é objetivo de uma disciplina, e 
isso exige o emprego de uma pluralidade metodológica. 
Ainda que pese, as discussões e proposições advindas de inúmeras pesquisas, as 
entrevistas com os pós-graduandos que tinham experiência docente no ensino superior 
evidenciaram que eles se consideravam pouco capazes de articular o ensino, a pesquisa e 
a extensão nas instituições públicas de ensino superior onde trabalhavam, em função das 
inúmeras exigências administrativas, burocráticas e, principalmente nas instituições da 
rede particular, pois o trabalho docente é exclusivo ao ensino. 
Contudo, o que fica evidenciado, no mais das vezes, nesses processos de 
capacitação, ainda é uma didática pautada no domínio que o professor tem da sua área de 
formação e especialização. Os próprios concursos de ingresso à carreira universitária 
exigem este domínio, embora tal proficiência no conhecimento científico não garanta a sua 
tradução adequada em saber acadêmico, por parte do aluno e da comunidade. E, sem 
negar a importância desse conhecimento, consideramos que a didática universitária 
precisa ir, além disso. 
 
2.2 A Metodologia na Docência Universitária 
 
A Metodologia nos dá juízos de realidade, e a Didática nos dá juízos de valor. 
Juízos de realidade são juízos descritivos e constatativos. Juízos de valor são juízos que 
estabelecem valores ou normas. A partir dessa diferenciação, concluímos que podemos 
ser metodologistas sem sermos didáticos, mas não podemos ser didáticos sem sermos 
metodologistas, pois não podemos julgar sem conhecer. Por isso, o estudo da Metodologia 
 
 
 37 
é importante por uma razão muito simples: para escolher o método mais adequado de 
ensino precisamos conhecer os métodos existentes. 
Para efetivação do ensino e aprendizagem deve-se destacar que é muito 
importante a interação do aluno e professor. Além disso, é possível ocorrer uma relação 
dialética, na qual os papéis do professor e do aluno se unam e estimulem a aprendizagem, 
através das tarefas contínuas dos sujeitos, de tal forma que o processo interligue o aluno 
ao objeto de estudo. 
Assim, espera-se do professor: 
Que tenha conhecimento de várias técnicas ou estratégias, bem como o domínio do 
uso destas para poder utilizá-las em aula; Que desenvolva capacidade de 
adaptação das diversas técnicas, modificando-as naquilo que for necessário para 
que possam ser usadas com aproveitamento pelos alunos individualmente ou em 
grupos; Que, pelo conhecimento e domínio prático de muitas técnicas e por sua 
capacidade de adaptação das técnicas existentes, se torne capaz de criar novas 
técnicas que melhor respondam às necessidades de seus alunos. Afinal, técnicas 
são instrumentos e como tais podem ser criadas por aqueles que vão usá-las 
(MASETTO, 2012, p. 103). 
 
 
2.3 A Metodologia Dialética 
 
Sobre a metodologia dialética entende-se o conhecimento não pode ser 
transferido, porém construído nas suas ligações com o outro e com o mundo. Nesse 
diapasão: 
Quando o estudante se confronta com um tópico de estudo, o professor pode 
esperar que ele apresente, a respeito do mesmo, apenas uma visão inicial, caótica, 
não elaborada ou sincrética, e que se encontra em níveis diferenciados entre os 
alunos. Com a vivência de sistemáticos processos de análise a respeito do objeto 
de estudo, passa a reconstruir essa visão inicial, que é superada por uma nova 
visão, ou seja, uma síntese. A síntese, embora seja qualitativamente superior à 
visão sincrética inicial, é sempre provisória, pois o pensamento está em constante 
movimento e, consequentemente, em constante alteração. Quanto mais situações 
de análises forem experiências, maiores chances o aluno terá de construir sínteses 
mais elaboradas. O caminho da síncrese para a síntese, qualitativamente superior, 
via análise, é operacionalizado nas diferentes estratégias que o professor organiza, 
visando sistematizar o saber escolar. É um caminho que se processa no 
pensamento e pelo pensamento do aluno, sob a orientação e acompanhamento do 
professor, possibilitando o concreto pensado. (ANASTASIOU, 2005, p. 09, grifos no 
original). 
 
Uma metodologia na perspectiva dialética baseia-se em outra concepção de 
homem e de conhecimento. Entende o homem como um ser ativo e de relações. Assim, 
entende que o conhecimento não é "transferido" ou "depositado" pelo outro (conforme a 
concepção tradicional), nem é "inventado" pelo sujeito (concepção espontaneísta), mas 
 
 
 38 
sim que o conhecimento é construído pelo sujeito na sua relação com os outros e com o 
mundo. 
Isso significa que o conteúdo que o professor apresenta precisa ser trabalhado, 
refletido, reelaborado pelo aluno, para se constituir em conhecimento dele. Caso contrário, 
o educando não aprende, podendo, quando muito, apresentar um comportamento 
condicionado, baseado na memória superficial. 
O professor, ao organizar sua aula e propor uma avaliação, tem que considerar as 
etapas que o aluno irá percorrer, a partir de sua vivência social, de seu conhecimento 
prévio. Esse processo tem que ser entendido de forma dinâmica e não estática ou como 
um ritual burocrático que todos devem, necessariamente, cumprir, tendo como parâmetro 
um modelo ideal. Assim, a teoria dialética do conhecimento nos aponta que o 
conhecimento se dá, basicamente, em três grandes momentos: a Síncrese, a Análise e a 
Síntese. 
A mobilização para o conhecimento – a síncrese da teoria dialética - procura 
estabelecer um vínculo inicial entre o aluno e o objeto de estudo através de uma 
provocação, de uma pergunta instigadora. Vasconcellos (2002) acredita que realizar uma 
tarefa sem saber o porquê é uma situação típica do trabalho alienado que acaba por exigir 
do aluno memorização e não inteligência. Nesta etapa, é preciso resgatar a realidade 
concreta do aluno, seja ela coletiva ou pessoal e considerar que os alunos já possuem 
uma concepção, ainda que não científica, sobre o conteúdo abordado. 
Vasconcellos (2002, p. 39) considera que “o papel específico do educador não se 
restringe à informação que oferece, mas exige sua inserção num projeto social (...) para 
que o educando possa continuar autonomamente a elaboração do conhecimento”. Neste 
processo, cabe ao professor provocar a abertura para a aprendizagem e colocar meios que 
possibilitem e direcionem esta etapa. 
Uma metodologia dialética poderia ser expressa através de três grandes 
momentos que, na verdade, devem corresponder mais a três grandes dimensões ou 
preocupações do educador no decorrer do trabalho pedagógico, já que não os podemos 
separar de forma absoluta, a não ser para fins de melhor compreensão da especificidade 
de cada um. Como superação da metodologia tradicional, exige-se pois: 
 Mobilização para o Conhecimento. 
 Construção do Conhecimento. 
 Elaboração da Síntese do Conhecimento. 
 
 
 39 
 
A mobilização se coloca como um momento especificamente pedagógico, em 
relação à teoria dialética do conhecimento, uma vez que esta supõe o interesse do sujeito 
em conhecer. De modo geral, na situação pedagógica este interesse tem que ser 
provocado. Visa possibilitar o vínculo significativo inicial entre sujeito e o objeto 
("approche"), provocar, acordar, desequilibrar, fazer a "corte". O trabalho inicial do 
educador é tornar o objeto em questão, objeto de conhecimento para aquele sujeito. Aqui é 
necessário todo um esforço para dar significação inicial, para que o sujeito leve em conta o 
objeto como um desafio. Trata-se de estabelecer um primeiro nível de significação, em que 
o sujeito chegue a elaborar as primeiras representações mentais do objeto a ser 
conhecido. 
Construção do Conhecimento é possibilitar o confronto de conhecimento entre o 
sujeito e o objeto, onde o educando possa penetrar no objeto, compreendê-lo em suas 
relações internas e externas, captar-lhe a essência.
Trata-se aqui de um segundo nível de 
interação, onde o sujeito deve construir o conhecimento através da elaboração de relações 
o mais totalizantes possível. Conhecer é estabelecer relações; quanto mais abrangentes e 
complexas forem às relações, melhor o sujeito estará conhecendo. O educador deve 
colaborar com o educando na decifração, na construção da representação mental do 
objeto em estudo. 
Elaboração da Síntese do Conhecimento é ajudar o educando a elaborar e 
explicitar a síntese do conhecimento. É a dimensão relativa à sistematização dos 
conhecimentos que vêm sendo adquiridos, bem como da sua expressão. O trabalho de 
síntese é fundamental para a compreensão concreta do objeto. Por seu lado, a expressão 
constante dessas sínteses (ainda que provisórias) é também fundamental, para possibilitar 
a interação do educador com o caminho de construção de conhecimento que o educando 
está fazendo. 
Acreditar que tais notas ou conceitos possam, por si só, explicar o rendimento do 
aluno e justificar uma decisão de aprovação ou retenção, sem que sejam analisados o 
processo de ensino-aprendizagem, as condições oferecidas para promover a 
aprendizagem do aluno, a relevância deste resultado na continuidade de estudos, é, 
sobretudo, tornar o processo avaliativo extremamente reducionista, reduzindo as 
possibilidades de professores e alunos tornarem-se detentores de maiores conhecimentos 
sobre aprendizagem e ensino. (ZACHARIAS, s/d, p.2). 
 
 
 40 
De uma forma geral, o método dialético está aplicado de uma forma mais presente 
nas ciências humanas, que buscam entender de uma forma mais intensa o porquê, para 
quê e como os fatos se apresentam, e como o seu acontecimento se torna uma questão de 
interesse científico e social (DINIZ; SILVA, 2008). 
 
2.4 Educação Universitária 
 
Um conjunto de normas tem de ser formulado para regular esse sistema, 
aplicando-se a todas as universidades, públicas ou privadas, e incorporando todas as 
universidades que fazem parte do sistema de produção do conhecimento superior, como 
institutos de pesquisa, empresas, hospitais, repartições públicas e entidades de formação 
de nível superior. O sistema brasileiro deve atuar no sentido de garantir autonomia a cada 
entidade, devendo, entretanto, criar um conjunto harmônico, capaz de funcionar com 
sinergia, evitando as dispersões características do momento atual (Buarque, 2003). 
Zabalza (2004) atribui três funções aos professores universitários: o ensino 
(docência), a pesquisa e a administração em diversos setores da instituição. Acrescento 
ainda a função de orientação acadêmica: monografias, dissertações e teses. Novas 
funções agregam-se a estas, tornando mais complexo o exercício profissional: 
o que alguns chamaram de business (busca de financiamento, negociação de 
projetos e convênios com empresas e instituições, assessorias, participação como 
especialistas em diversas instâncias científicas, etc.). E as relações institucionais 
(que são entendidas de diferentes maneiras: da representação da própria 
universidade nas inúmeras áreas em que é exigida até a criação e a manutenção 
de uma ampla rede de relações com outras universidades, empresas e instituições 
buscando reforçar o caráter teórico e prático da formação e, em alguns casos, seu 
caráter internacional). (Ibidem, p.109). 
 
A docência universitária requer a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e 
extensão. Essa característica integra a produção do conhecimento bem como sua 
socialização. A indissociabilidade direciona-se para atividade reflexiva e problematizadora 
do futuro profissional. A Articulação dos componentes curriculares e projetos de pesquisa 
e de intervenção deve levar em conta que a realidade social não é objetivo de uma 
disciplina e isso exige o emprego de uma pluralidade metodológica. 
A pesquisa e a extensão devem ser inseridas na docência, visto a necessidade de 
interrogar o que se encontra fora do ângulo imediato de visão. Não se trata de pensar na 
extensão como diluição de ações - para uso externo - daquilo que a “universidade produzir 
 
 
 41 
de bom”. O conhecimento científico produzido pela universidade não é para mera 
divulgação, mas é para a melhoria de sua capacidade de decisão. 
 
 
2.5 Planejamentos do Ensino 
 
O planejamento é essencial para qualquer organização e também é a maneira 
mais segura de atingir metas. Mas também pode ser um pesadelo institucional quando, em 
vez de ser um facilitador do trabalho, torna-se um obstáculo para o desempenho e o 
crescimento organizacional. Basicamente, porque a maioria das pessoas dentro da 
universidade não sabe como usá-lo (implementação sem treinamento adequado), não 
sabe por que elas precisam usá-lo (falta de comunicação interna) e, pior ainda, não 
querem usá-lo isto. 
Gandin (1997) defende a ideia de que existem planejadores, executores e 
avaliadores. Contudo, ele acredita que nesse grupo há poucos planejadores e muitos 
executores. Há pessoas dispostas apenas em mandar, estão sempre apontando a direção 
a ser seguida segundo seu pensamento. O sujeito dotado de consciência crítica, não se 
deixa levar por essa situação, ao contrário da pessoa ingênua ou mítica que vai se deixar 
manipular. 
Planejar não se limita apenas ao ato de fabricar planos, vai além do colocar ideias 
no papel, preparar atividade para serem executadas dentro ou fora da sala de aula. Com o 
planejamento não se reduz à elaboração, estende-se também à execução e à avaliação. 
Existem fatores mais importantes que determinam o sucesso do planejamento 
estratégico no superior. A competência dos funcionários, a cultura do campus, o orçamento 
e os regulamentos também são elementos essenciais que podem ajudar as universidades 
a cumprir seus objetivos e - ainda mais importante - a sustentar esse sucesso a tempo de 
serem reconhecidos pela sociedade como uma instituição fundamental para o bem-estar 
comum. 
O planejamento estratégico é um processo sistemático para projetar o futuro das 
instituições de ensino superior. Em geral, espera-se que o plano estratégico envolva uma 
abordagem coerente, consistente e cuidadosa para garantir as aspirações de longo prazo 
da organização. 
 
 
 42 
De acordo com Santana, (1986. P. 26) o planejamento é dividido em três etapas: A 
primeira é a preparação ou estruturação do plano de Trabalho Docente. Esta etapa é onde 
o professor prevê como será desenvolvido o seu trabalho durante certo período. O 
professor relaciona os conteúdos que serão trabalhados e como serão trabalhados, ou 
seja, busca uma metodologia adequada, recursos didáticos e tecnológicos que contribuam 
para melhor desenvolvimento dos conteúdos. Na sequência é determinado os objetivos a 
serem alcançados, viabilizando estratégias para que no decorrer do trabalho os objetivos 
sejam atingidos. 
Kourganoff entre outros autores, vem chamando a nossa atenção sobre a 
necessidade de um estudo sistemático dos problemas didáticos em nível superior. 
Segundo ele: 
“A aplicação do espírito de investigação aos problemas pedagógicos deve levar 
cada docente a fazer uma autocrítica, a tomar consciência de suas 
responsabilidades, a repensar a maneira como desempenha suas funções e a fazer 
experiências pedagógicas que visem aperfeiçoar os diversos tipos de atividades 
que caracterizam tais funções, em particular, as voltadas à sistematização e 
transmissão do saber, sem esquecer das responsabilidades propriamente 
educativas. Por esta razão, é particularmente urgente melhorar o preparo 
pedagógico dos docentes... O número de seminários e outras atividades similares 
sobre o ensino universitário é pequeno quando comparado com o número de outras 
iniciativas da mesma natureza dirigidas às diferentes especialidades da 
investigação. Como recomenda o “Rapport of Berkeley”, alguns seminários 
pedagógicos apropriados aos diferentes tipos de disciplinas deveriam

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