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Universidade Estadual do Ceará Faculdade de Medicina Veterinária Disciplina de Suinocultura MANEJO REPRODUTIVO DE FÊMEAS SUÍNAS Docente: Lina Raquel Santos Araujo Discente: João Pedro Mazo Soares Cabral Fortaleza 2019 Gestação A duração média do período de gestação na espécie suína gira em torno de 115 a 120 dias, sendo concebida normalmente como de duração de 3 meses, 3 semanas e 3 dias. É uma fase de muitos desafios para a fêmea suína, visto que agora esta carrega uma prole dentro do seu corpo e passa por condições estressantes. Pode ser dividida em três períodos: Fase inicial de gestação: o objetivo é garantir o número máximo de embriões de qualidade, bem como repor as reservas corporais da fêmea que foram perdidas no período de lactação. Em fêmeas que perderam muita condição corporal, é recomendado aumentar as porções de ração oferecidas. Isto serve para alcançar e manter um correto estado metabólico e endócrino, vital para o desenvolvimento e sobrevivência embrionária e fetal. No entanto, uma vez que estas perdas sejam recuperadas e que a condição corporal melhore, os níveis normais de alimentação podem ser retomados. Meio da gestação: existe um aumento das necessidades energéticas de 2–3 MJ/dia que pode ser preenchida com um aumento de 0,15–0,20 kg/dia no alimento fornecido. A maior parte deste aumento é para a manutenção e ganho de peso maternal, desta maneira mantém-se uma correta condição corporal do animal. Final de gestação: é quando se dá o maior crescimento fetal e mamário, havendo um aumento nas necessidades nutricionais da fêmea e, normalmente, aumenta-se a quantidade de alimento em 0,5 kg/dia ou mais, dependendo da condição corporal do animal e das condições ambientais. Isto também garante que a mãe não entre em catabolismo durante este período, pois isso irá influenciar o crescimento fetal resultando em leitões com baixo peso ao nascimento e uma variação maior do peso, ao nascimento, da ninhada. Parto O corpo da fêmea suína começa a se preparar para o parto cerca de 10 a 14 dias antes do evento em si, passando por diversas modificações. Durante a última semana de gestação, as glândulas mamárias aumentam de tamanho e ficam individualmente delineadas. Cerca de 24 horas antes do parto, há um nítido edema nas glândulas, indicando a produção de leite para a leitegada vindoura. Em torno de 12 horas antes do parto, ocorre ejeção de leite em resposta a liberação de ocitocina. Entre 6 e 12 horas antes do parto, é formado o colostro na glândula. Nas 24 horas antes do parto, a fêmea começa a mudar seu comportamento e assume um estado alerta, identificado pela agitação e o constante movimento de deitar e levantar. Além disso, a fêmea reduz a ingestão de alimentos e passa a urinar e defecar mais vezes. Em torno de 12 horas antes do parto, começa o comportamento de construção de ninho, com movimento repetitivo dos membros anteriores. De 1 a 2 horas antes do parto, a mãe reduz sua agitação, deita e começa a contrair e esticar os membros na direção do abdome. De 3 a 4 dias antes do parto, a vulva fica edemaciada e hiperêmica, havendo expulsão de fluido cerca de 1 a 2 horas antes do parto. Junto com estes fluidos, podem ser eliminadas também pequenas porções do mecônio e, quando isto ocorre, o primeiro leitão é expulso em cerca de 30 minutos. Destas alterações, as mudanças na glândula mamária e na vulva são as mais confiáveis como sinais de proximidade do parto. O parto é o momento no qual a fêmea começa a expulsar os leitões, tendo duração média para a espécie suína de 2 a 5 horas, dependendo do tamanho da leitegada esperada. O ideal é que neste momento não ocorra intervenção humana, sendo o processo seguido de forma natural. A intervenção só deve ocorrer no caso de parto distócico, podendo ocorrer o seguinte: Parto iniciado, mas não continua mesmo com contrações: a intervenção manual se faz necessária pois possivelmente há um obstáculo no canal do parto. A exploração manual deve levar em consideração todos os aspectos higiênicos e cuidados que são recomendados especificamente para este auxílio, tanto para fêmea bem como de material (posterior da fêmea, limpeza da vulva, uso de luva descartável de palpação e utilização de gel lubrificante). O funcionário também deve ter atenção na própria higiene, como limpeza das mãos, cuidados com unhas e vestimenta. Intervalo longo de espera entre leitões: se houverem contrações abdominais isso indica que a fêmea está tentando expulsar os filhotes, mas por algum motivo não o consegue. Neste caso, não se indica aplicação de ocitocina pois já há contração uterina. O indicado é fazer massagem nas mamas no sentido cranial-dorsal. Segue a tentativa de fazer a fêmea levantar para deitar novamente e por último a intervenção manual obstétrica. Se não houver contração, pode ser indicativo de que nenhum dos leitões encontra-se no canal do parto, ainda que haja contração a nível de útero. Neste caso, o massageamento do complexo é a primeira atitude recomendada, seguida da tentativa de estimular a fêmea a levantar, e, caso não tenha êxito, a intervenção manual obstétrica. Ainda, no caso de insucesso nestas tentativas, não havendo, portanto obstáculos no canal do parto e havendo suspeita de mais fetos no útero, deve-se observar, através da palpação, se a fêmea apresenta contrações. Em caso negativo, a aplicação de ocitocina é indicada. Puerpério O puerpério é definido como o período de involução uterina às condições anteriores a gestação, retornando a fêmea para sua atividade reprodutiva, iniciando com a expulsão dos lóquios. Na espécie suína tem duração média (ideal) de 5 dias. Lactação e Manejo Desmame-Cio O recomendado é fornecer às matrizes em lactação ração equivalente a 1% do seu peso vivo, além de ½ kg a mais para cada leitão amamentado. Dessa forma, a fêmea em lactação não perde peso em excesso, além de o retorno do cio vir mais rápido. Da mesma fora, porcas em lactação, que recebem um bom manejo alimentar, melhoram o seu desempenho no parto. Sem falar que o desmame dos leitões ocorre em melhores condições. O período de lactação ideal de uma fêmea suína seria de 21 a 23 dias, o que permitiria uma boa involução uterina e um desgaste aceitável durante o aleitamento. De forma geral, as fêmeas retornam a apresentar cio em torno de 4 a 5 dias depois de feito o desmame, sendo o período ideal para uma nova cobrição. Após este período, agrupam-se as fêmeas desmamadas por lotes de 5 a 10 animais nas baias de pré-cobrição, que devem ser próximas às baias dos machos. Depois, as fêmeas são organizadas por tamanho para tomarem banho com creolina, visando diminuir o estresse e agressões entre os animais, mantendo um espaço de 3 metros quadrados por animal. Durante este período é indicado que se forneça ração de lactação para as fêmeas, à vontade ou ao menos cerca de 3 kg por dia, sendo do desmame até a nova cobrição. Ao final, estimula-se o cio por pelo menos duas vezes por dia, intercalando em 8 horas, ao colocar as fêmeas em contato com o macho desde o segundo dia depois do desmame.
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