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Cinesiologia da articulação do quadril

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Clara Pereira
Fisioterapia - UFPE
Articulação do quadril
Anatomia funcional e
biomecânica do quadril
Osteologia da art. do quadril
Essa articulação é formada pelo
fêmur e ossos do quadril.
O fêmur é o maior e mais pesado e
possui divisões distais e proximais.
Os seus principais acidentes
ósseos são:
A cabeça do fêmur que é circulada
por uma cartilagem hialina, seu
centro que tem uma depressão
chamada fóvea que é onde se fixa o
ligamento da cabeça do fêmur. No
colo do fêmur, a única estrutura
palpável é o trocânter maior que é
uma proeminência lateral e ele é
ponto de inserção para vários
músculos rotadores do quadril.
Abaixo do trocânter menor que é
fixação do iliopsoas, há uma crista
chamada linha pectínea que é onde
se fixa o músculo pectíneo.
Na extremidade distal, há os
côndilos e epicôndilos lateral e
medial que são mais palpáveis.
Os ossos do quadril que se
relacionam com o fêmur são
formados por 3 que se unem em
uma região chamada de acetábulo
que é uma depressão profunda
formando uma superfície côncava
que é onde se instala a cabeça do
fêmur.
A região do acetábulo é revistada
por uma cartilagem articular
espessa e resistente para aguentar
as altas pressões exercidas pela
cabeça do fêmur.
Alguns ligamentos importantes
dessa região são: ligamento
redondo na fossa acetabular,
ligamento transverso na incisura
acetabular que permite a
continuidade do círculo que
envolve a cabeça do fêmur.
Alinhamento biomecânico e
angulação
Na posição anatômica, o acetábulo
e a cabeça do fêmur estão
orientados anteriormente, mas a
diferença é que o acetábulo está
voltado para a lateral e para baixo
e a superfície do fêmur está voltada
medialmente e para cima.
Com esse alinhamento
biomecânico, uma porção da
cabeça do fêmur fica exposta
anteriormente fazendo com que
sua porção póstero superior seja a
que mais sofre com as forças e
pressão, podendo passar por
maiores problemas.
Mas existem algumas posições que
permitem melhor distribuição e
compartilhamento de carga por
unidade de área e assim reduzem
as cargas aguentadas por área.
Essa melhor posição é quando o
quando está em extensão
combinada com abdução e rotação
medial que é quando os ligamentos
estão bem tensionados, enquanto
isso, a posição de maior mobilidade
e relaxamento é quando a extensão
está em 30° assim como a abdução
e a rotação é feita lateralmente. Em
condições normais, o ângulo
formado pelo colo e diáfise femoral
no plano frontal tem o nome de
ângulo de inclinação e o ângulo
entre colo do fêmur e eixo dos
côndilos no plano transversal é
chamado de ângulo de torção.
Em adultos normais, o ângulo de
inclinação é cerca de 125° mas em
crianças pode chegar até 170° mas
com o desenvolvimento natural, isso
vai sendo modificado. Quando a
pessoa chega no envelhecimento, a
tendência é de diminuir o ângulo
de inclinação e isso predispõe o
colo do fêmur a sofrer fraturas. E
essa redução faz com que haja a
tendência de abdução do quadril,
deixando a base de apoio mais
alargada, sendo chamado de coxa
vara. E o aumento no ângulo de
inclinação é chamado de coxa
valga.
No plano transverso, o colo do
fêmur e o eixo transversal dos
côndilos formam o ângulo de
torção em que o colo do fêmur se
posiciona levemente a frente dos
côndilos e por isso tem o nome de
anteversão normal do fêmur.
Normalmente esse ângulo mede em
torno de 15 a 25°. Mas após o
nascimento esse ângulo pode
chegar até a 40° e depois ele vai
diminuindo com o desenvolvimento
normal da pessoa.
O aumento desse ângulo tem o
nome de anteversão excessiva e é
associado a uma incongruência e
instabilidade da articulação
coxofemoral e quando há essa
incongruência o corpo compensa
com o quadril rotacionando
medialmente e a pessoa anda com
os pés para dentro e quando há a
redução deste ângulo
Osteocinemática e
artrocinemática
A articulação coxofemoral é
considerada sinovial esferoidal e
seus movimentos podem ser
descritos seguindo duas formas de
classificação:
Fêmur como um ponto físico,
causando movimento pélvico de
inclinação pélvica anterior e
posterior, inclinação lateral para os
dois lados e rotação para frente e
trás.
Fêmur como um ponto móvel em
relação à pelve causando os
movimentos de flexão, extensão,
abdução, adução, rotação medial e
lateral.
Falando sobre os movimentos em
que o fêmur é um ponto móvel:
Flexão é o movimento de maior
amplitude da articulação do
quadril, é feita no plano sagital e
pode chegar até 120° com o joelho
fletido e até 80° com ele estendido
sofrendo ação de limitação dos
músculos isquiotibiais.
Na extensão, os músculos flexores
do quadril e todos os ligamentos
são tensionados e partindo da
posição neutra, a extensão chega
até 20°.
No plano frontal, o movimento de
abdução do quadril varia entre 0 e
45° e é muito limitado pelos
músculos adutores e ligamento
pubofemoral.
Na adução do quadril, o movimento
varia até 25° e a limitação acontece
muito pelos músculos abdutores,
ligamento isquiofemoral e
interferência do membro
contralateral que é mantido em
abdução.
No plano medial, a rotação medial
tem uma amplitude um pouco
menor porque é limitada pelos
músculos rotadores laterais e parte
do ligamento isquiofemoral. A
rotação lateral acontece com uma
amplitude de 0 a 45° e é limitada
pelos músculos rotadores mediais e
ligamento iliofemoral.
Para compreender a
artrocinemática é preciso estar por
dentro do conhecimento de relação
côncavo/convexo porque a
articulação do quadril tem o
acetábulo como superfície articular
côncava e a cabeça femoral como
face articular convexa. Sendo assim,
durante o movimento da cabeça do
fêmur com o acetábulo como ponto
fixo, o movimento artrocinemático
vai acontecer na direção oposta do
movimento osteocinemático, e
quando o acetábulo se mover sobre
a cabeça femoral fixado, o
movimento artrocinemático vai
acontecer na mesma direção do
movimento osteocinemático. Ou
seja, em cadeia cinética aberta, o
quadril costuma mover o segmento
ósseo convexo e em cadeia cinética
fechada o movimento
predominante acontece no
segmento ósseo côncavo.
Os aspectos biomecânicos aos
movimentos pélvicos já foram
explicados mas sempre bom
resumir:
No plano sagital existe a inclinação
anterior (anteversão pélvica) que
acontece com as EIAS à frente da
sínfise púbica e abaixo das EIPS e
inclinação posterior (retroversão
pélvica) que os EIAS ficam
posteriores à sínfise púbica e acima
das EIPS.
O movimento de inclinação lateral é
realizado no plano frontal e
acontece quando as cristas ilíacas
e suas EIAS se desalinham para que
uma mova-se superiormente e a
outra inferiormente.
obs: no balanço da marcha o lado
da pelve que está sem apoio
move-se para baixo por ação da
gravidade e aí considera-se que
houve uma inclinação lateral para
esse lado e caso a hemipelve se
mova para cima, o movimento é
chamado de elevação da pelve e é
muito comum na transferência de
peso de uma tuberosidade
isquiática para outra quando se
quer ajustar o posicionamento do
corpo.
Na rotação pélvica do plano
transversal, há o deslocamento
anterior ou posterior de uma
hemipelve com relação a outra em
torno da cabeça do fêmur, que é
quem sustenta o peso corporal.
A pelve, o fêmur e coluna
lombossacral formam um complexo
articular que precisa da ação de
todos para que haja um movimento
harmônico. As inclinações da pelve
exigem que as articulações de
cima e de baixo da pelve se
movimentem de formas opostas
para manter equilíbrio ou na
mesma direção para potencializar a
funcionalidade do movimento.
Estabilização
A estabilidade é formada por
diversos fatores como: a
configuração óssea das superfícies
(bola e soquete), angulações
favoráveis a congruência, labrum
fibrocartilaginoso que ajuda na
profundidade da cavidade
acetabular e também a cápsula
que contém a articulação
isolando-a do meio externo. Além
de tudo isso, todo o complexo
músculo-ligamentar.
A cápsula articular fibrosa do
quadril é forte e reforçada por 3
ligamentos que limitam
hiperextensão do quadril e sua
combinação com movimentos de
abdução e rotação medial. Ou seja,
esses ligamentos limitam o
movimento excessivo.
O iliofemoralé o mais importante e
limita ântero lateral superiormente.
O pubofemoral reforça infero
medialmente e o isquiofemoral
reforça posteriormente.
Além deles, há mais dois que são o
ligamento transverso que preenche
a incisura do acetábulo e o
ligamento intracapsular da cabeça
do fêmur ou ligamento redondo
que ocupa a área não articular do
acetábulo e limita o excesso de
adução com movimentos de
flexo-extensão e rotação.
Miocinemática
Os músculos do quadril são
classificados quanto à localização
e quanto ao número de
articulações que atravessam.
Mas eles colaboram fortemente
para a estabilização local e em
movimentos de grande amplitude.
Os músculos que cruzam a região
anterior do quadril são
considerados flexores mas não são
os únicos e os músculos da face
medial e lateral podem exercer
influência neste movimento.
Os músculos que cruzam a região
posterior do quadril são
considerados extensores, os que
seguem lateralmente são
classificados como abdutores e os
medialmente como adutores.
Ou seja, os músculos são
classificados como o principal
movimento, mas não exclusivo.
Os músculos flexores do quadril são
os que estão localizados
anteriormente e fazem movimento
de elevação ou avanço do membro
em atividades funcionais.
Grupo muscular Nome
Anterior/ flexores Iliopsoas/ reto
femoral/ sartorio
Medial/ adutores Pectíneo/adutor
curto/adutor
longo/adutor
magno/ grácil
Posterior/extensore
s
glúteo
máximo/semimemb
ranáceo/bíceps
femoral
Lateral/abdutores glúteo
médio/gluteo
minimo/tensor da
fascia lata
Profundos/rotador
es
Piriforme/quadrad
o femoral/gêmeo
superior/gêmeo
inferior/obturador
externo/obturador
interno

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