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Texto 1: WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In: SILVA, Tomaz Tadeu da; HALL, Stuart; WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000.
Texto complementar: SILVA, Tomaz Tadeu da. A produção social da identidade e da diferença. In: SILVA, Tomaz Tadeu da; HALL, Stuart; WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000.
SÍNTESE 
O texto em discussão aborda essencialmente identidade e diferença, mas como discutir sobre esses conceitos sem antes defini-los? Nesse sentido se faz necessário responder primeiro ao questionamento: Como conceituar o termo identidade? 
A identidade pode ser entendida como o resultado provisório da junção entre a história da pessoa, seu contexto histórico e social e seus projetos. Ou seja, é uma metamorfose, isso porque está em constante transformação. A identidade tem caráter dinâmico e seu movimento pressupõe uma personagem. Personagem essa que é a vivência pessoal de um papel previamente padronizado pela cultura.  As diferentes maneiras de se estruturar as personagens resultam diferentes modos de construção identitária (construção da identidade social perante as várias identidades que assumimos na socialização, com diferentes grupos). Portanto, identidade é a articulação entre igualdade e diferença (FARIA & SOUZA, 2011[endnoteRef:1]). [1: FARIA, Ederson de & SOUZA, Vera Lúcia Trevisan de. Sobre o conceito de identidade: apropriações em estudos sobre formação de professores. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, SP. Volume 15, Número 1, 35-42; janeiro/junho, 2011.
] 
O texto referência corrobora com essa ideia e até mesmo a complementa ao apresentar a identidade como o encontro do passado com as relações sociais, culturais e econômicas vivenciadas no agora. Para os autores a identidade é a soma das vidas cotidianas com as relações econômicas e políticas, ou seja, a identidade se forma a partir de tudo aquilo que o indivíduo vivencia, no âmbito social, econômico, político e todas as demais relações possíveis entre diferentes grupos.
Dessa forma, é aceitável pensar a identidade a partir dos laços que unem ou separam os grupos, onde é possível ter a sensação de pertencimento ou diferença, ou seja, é o processo de identificação. Portanto, a identidade descreve o processo pelo qual as pessoas se identificam umas com as outras, devido a ausência de uma consciência da diferença ou da separação ou percepção de supostas similaridades. 
Nesses termos, a identidade pode ser vista tanto como tendo algum núcleo essencial que distingue um grupo de outro. Quanto, como contingente; isto é, como o produto de uma união de diferentes componentes, de discursos políticos e culturais e de histórias particulares.
Admite-se assim afirmar que as identidades são construídas quando relacionadas a outras identidades, ou seja, a identidade é formada relativamente ao “forasteiro” ou ao “outro”, isto é, relativamente ao que não é. Essa construção aparece, mais comumente, sob a forma de oposições binárias (oposições cristalinas - natureza/cultura, corpo/mente, paixão/razão). Ressalta-se, porém, que essas oposições binárias não expressam uma simples divisão do mundo em duas classes simétricas: normalmente em uma oposição binária, um dos termos é sempre privilegiado, recebendo um valor positivo, enquanto o outro recebe uma carga negativa. 
Logo, a diferença pode ser construída negativamente - por meio da exclusão ou da marginalização daquelas pessoas que são definidas como “outros” ou “forasteiros”. Por outro lado, ela pode ser celebrada como fonte de diversidade, heterogeneidade e hibridismo, sendo vista como enriquecedora: é o caso dos movimentos sociais que buscam resgatar as identidades sexuais dos constrangimentos da norma e celebrar a diferença (afirmando, por exemplo, que “sou feliz em ser gay”). 
Dessa forma é possível considerar que as identidades são fabricadas por meio da marcação da diferença. Essa marcação da diferença ocorre tanto por meio de sistemas simbólicos de representação de cada grupo quanto por meio de formas de exclusão social. A identidade, então, não é o oposto da diferença: a identidade depende da diferença. 
Nesse momento surge outro questionamento: de que modo a identidade se relaciona à diferença? É possível dizer que a identidade é, na verdade, relacional, e a diferença é estabelecida por uma marcação simbólica relativamente a outras identidades (na afirmação das identidades nacionais, por exemplo, os sistemas representacionais que marcam a diferença podem incluir um uniforme, uma bandeira nacional ou mesmo os cigarros que são fumados). Ou seja, elas se relacionam a partir do momento em que uma depende da outra para existir.
Mas, porque a identidade se relaciona a diferença? Isso acontece pelo fato que a identidade brasileira, por exemplo, depende, para existir, de algo fora dela: a saber, de outra identidade (argentina, por exemplo), de uma identidade que ela não é, que difere da identidade brasileira, mas que, entretanto, fornece as condições para que ela exista. A identidade brasileira se distingue por aquilo que ela não é. Ser um brasileiro é ser um “não argentino”. A identidade é, assim, marcada pela diferença. Assim, é possível afirmar que a diferença é sustentada pela exclusão: se uma pessoa é brasileira, ela não pode ser argentina, e vice-versa. 
Partindo desse pressuposto que a identidade é simplesmente aquilo que se é: “sou brasileiro”, “sou negro”, “sou heterossexual”, “sou jovem”, “sou mulher”. A diferença em oposição à identidade, também é aquilo que o outro é: “ele é argentino”, “ele é branco”, “ele é homossexual”, “ele é velho”, “ela é homem”. A identidade assim concebida se apresenta como uma positividade (“aquilo que sou”), uma característica independente, um “fato” autônomo. Nessa perspectiva, a identidade só tem como referência a si própria: ela é autocontida e autossuficiente. Na mesma linha de raciocínio, a diferença também é concebida como uma entidade independente. Apenas, neste caso, em oposição à identidade. Assim, da mesma forma que a identidade, a diferença é, nesta perspectiva, concebida como auto referenciada, como algo que remete a si própria. A diferença, tal como a identidade, simplesmente existe. 
No entanto, se sabendo da forte relação entre identidade e diferença se faz necessário, também, pensar argumentos que salientem ou, melhor expliquem essa relação entre identidade e diferença. No entanto, ao que parece, é fácil compreender que identidade e diferença estão em uma relação de estreita dependência. 
No entanto, a forma afirmativa como a identidade é expressada tende a esconder essa relação. Quando é dito “sou brasileiro” parece que está sendo feita referência a uma identidade que se esgota em si mesma. Entretanto, só é preciso fazer essa afirmação porque existem outros seres humanos que não são brasileiros.  Em um mundo imaginário totalmente homogêneo, no qual todas as pessoas partilhassem a mesma identidade, as afirmações de identidade não fariam sentido. A afirmação “sou brasileiro”, na verdade, é parte de uma extensa cadeia de “negações”, de expressões negativas de identidade, de diferenças. Por trás da afirmação “sou brasileiro” deve-se ler: “não sou argentino”, “não sou chinês”, “não sou japonês” e assim por diante, numa cadeia, neste caso, quase interminável. 
Da mesma forma, as afirmações sobre diferença só fazem sentido se compreendidas em sua relação com as afirmações sobre a identidade. As afirmações sobre diferença também dependem de uma cadeia, em geral oculta, de declarações negativas sobre (outras) identidades. Assim como a identidade depende da diferença, a diferença depende da identidade. Identidade e diferença são, pois, inseparáveis. 
Ainda assim, quando a identidade é vista como tendo algum núcleo essencial que distingue um grupo de outro. Ela surge traduzindo o desejo dos diferentes grupos sociais, assimetricamentesituados, de garantir o acesso privilegiado aos bens sociais. O que mostra que a identidade e a diferença estão, em estreita conexão com relações de poder. O poder de definir a identidade e de marcar a diferença não pode ser separado das relações mais amplas de poder. A identidade e a diferença não são, nunca, inocentes. Admite-se dizer, então, que onde existe diferenciação, ou seja, identidade e diferença, está presente o poder. A diferenciação é o processo central pelo qual a identidade e a diferença são produzidas. 
Então, a afirmação da identidade e a marcação da diferença implicam, sempre, as operações de incluir e de excluir. Como já mencionado, dizer “o que você é” significa também dizer “o que você não é”. A identidade e a diferença se traduzem, assim, em declarações sobre quem pertence e sobre quem não pertence, sobre quem está incluído e quem está excluído. Assim, afirma-se que a identidade significa demarcar fronteiras, significa fazer distinções entre o que fica dentro e o que fica fora. A identidade está sempre ligada a uma forte separação entre “nós” e “eles”. Essa demarcação de fronteiras, essa separação e distinção, supõem e, ao mesmo tempo, afirmam e reafirmam relações de poder. 
Dessa forma, salienta-se que a identidade e a diferença estão estreitamente relacionadas às formas pelas quais a sociedade produz e utiliza classificações. As classificações são sempre feitas a partir do ponto de vista da identidade. 
Nesse sentido surge o último questionamento pertinente ao texto de referência: porque diferenças tendem a produzir desigualdades? 
Acredita-se que a partir do momento em que categorias sociais distintas, portadoras de identidades diferentes se veem colocadas em presença umas das outras pode surgir a possibilidade de domínio de umas sobre as outras, ou seja a desigualdade (REIS, 2009[endnoteRef:2]). [2: REIS, Fábio Wanderley. Desigualdade, identidade e cidadania. Sociedade e Cultura, Goiânia, v. 12, n. 1, p. 117-126, janeiro/junho, 2009.  
] 
Isto é, a partir do momento que a identidade e a diferença apresentam oposições binárias, onde um dos termos é sempre privilegiado e que são praticadas operações de inclusão e de exclusão, sempre haverá a presença da desigualdade devido as oportunidades distintas que cada um desses grupos vão vivenciar, as formas distintas que cada grupo será tratado,  ou seja, oportunidades desiguais.
No entanto o que deve ser levado em consideração é que independente de existir “o outro”, o diferente, deve haver respeito e tolerância. Respeitar a diferença não pode significar “deixar que o outro seja como eu sou” ou “deixar que o outro seja diferente de mim tal como eu sou diferente (do outro)”, mas deixar que o outro seja como eu não sou, deixar que ele seja esse outro que não pode ser eu, que eu não posso ser, que não pode ser um (outro) eu; significa deixar que o outro seja diferente, deixar ser uma diferença que não seja, em absoluto, diferença entre duas identidades, mas diferença da identidade, deixar ser uma outridade que não é outra “relativamente a mim” ou “relativamente ao mesmo”, mas que é absolutamente diferente, sem relação alguma com a identidade ou com a mesmidade (p. 70).
Enfim, apesar da diferença gerar desigualdade o que precisa ficar claro na formação das identidades é que existe uma ampla heterogeneidade, física, psíquica, pessoal, social, econômica e outras e cabe a todas as pessoas aceitarem o pluralismo, bem como serem solidárias ao outro. Pessoas conscientes da realidade do outro e que o respeitam não perceberão as oposições binárias como relações de poder, ou possibilidade de marginalizar o outro, ou seja as desigualdades tornam-se pura e simplesmente diferenças.
Enfim, a identidade e a diferença são interdependes e possibilitam a socialização, a formação de grupos de pessoas com ideias e ideais semelhantes e faz com a que a realidade de cada um seja expressada no “seu eu”.

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