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Note que, se tivéssemos usado um cubo gaussiano, em vez de respeitar a simetria esférica do problema usando uma esfera gaussiana, o módulo e o ângulo do campo elétrico seriam diferentes em cada ponto da superfície do cubo e o cálculo da integral se tornaria extremamente difícil. Exemplo 23.04 Uso da lei de Gauss para determinar uma carga elétrica Qual é a carga elétrica envolvida pelo cubo gaussiano do Exemplo 23.02? IDEIA-CHAVE A carga envolvida por uma superfície fechada (real ou imaginária) está relacionada ao fluxo elétrico total que atravessa a superfície pela lei de Gauss, dada pela Eq. 23-6 (ε0Φ = qenv). Fluxo: Para usar a Eq. 23-6, precisamos conhecer o fluxo que atravessa as seis faces do cubo. Já conhecemos o fluxo que atravessa a face direita (Φd = 36 N · m2/C), o fluxo que atravessa a face esquerda (Φe = –12 N · m2/C) e o fluxo que atravessa a face de cima (Φc = 16 N · m2/C). O cálculo do fluxo que atravessa a face de baixo é igual ao cálculo do fluxo que atravessa a face de cima, exceto pelo fato de que, agora, o vetor área d aponta para baixo, no sentido negativo do eixo y (lembre-se de que o vetor área sempre aponta para fora da superfície de Gauss). Nesse caso, d = – dAĵ e Φb = 16 N · m2/C. No caso da face dianteira, d = dA , e no caso da fase traseira, d = –dA . Quando calculamos o produto escalar do campo elétrico = 3,0xî + 4,0ĵ por esses vetores área, o resultado é zero e, portanto, o fluxo elétrico através das duas faces é nulo. O fluxo total através das seis faces é, portanto, Φ = (36 – 12 + 16 – 16 + 0 + 0) N · m2/C = 24 N · m2/C. Carga envolvida: Finalmente, usamos a lei de Gauss para calcular a carga qenv envolvida pelo cubo: Assim, o cubo envolve uma carga total positiva. 23-3 UM CONDUTOR CARREGADO Objetivos do Aprendizado A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Máquina de escrever AULA 10 Depois de ler este módulo, você será capaz de ... 23.14 Usar a relação entre a densidade superficial de carga σ e a área da superfície para calcular a carga de um condutor. 23.15 Saber que, se uma carga em excesso (positiva ou negativa) for introduzida em um condutor isolado, a carga se acumulará na superfície; o interior do condutor permanecerá neutro. 23.16 Conhecer o valor do campo elétrico no interior de um condutor isolado. 23.17 No caso de um condutor com uma cavidade que contém um objeto carregado, determinar a carga na superfície da cavidade e na superfície externa do condutor. 23.18 Explicar de que forma a lei de Gauss é usada para determinar o módulo E do campo elétrico nas proximidades da superfície de um condutor com uma densidade superficial de carga uniforme σ. 23.19 No caso de uma superfície uniformemente carregada de um condutor, conhecer a relação entre a densidade superficial de carga σ e o módulo E do campo elétrico nas vizinhanças do condutor e a relação entre o sinal da carga e o sentido do campo elétrico. Ideias-Chave • Todas as cargas em excesso de um condutor isolado se concentram na superfície externa do condutor. • O campo no interior do um condutor carregado é zero e o campo elétrico nas proximidades do condutor é perpendicular à superfície e tem um módulo proporcional à densidade superficial de carga: Um Condutor Carregado A lei de Gauss permite demonstrar um teorema importante a respeito dos condutores: Se uma carga em excesso é introduzida em um condutor, a carga se concentra na superfície do condutor; o interior do condutor permanece neutro. Esse comportamento dos condutores é razoável, já que cargas do mesmo sinal se repelem. A ideia é que, ao se acumularem na superfície, as cargas em excesso se mantêm afastadas o máximo possível umas das outras. Podemos usar a lei de Gauss para demonstrar matematicamente essa afirmação. A Fig. 23-11a mostra uma vista em corte de um pedaço de cobre, pendurado por um fio isolante, com uma carga em excesso q. Colocamos uma superfície gaussiana logo abaixo da superfície do condutor. A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo Figura 23-11 (a) Um pedaço de cobre, com uma carga q, pendurado por um fio isolante. Uma superfície gaussiana é colocada logo abaixo da superfície do condutor. (b) O pedaço de cobre agora possui uma cavidade. Uma superfície gaussiana é colocada no interior do condutor, perto da superfície da cavidade. O campo elétrico no interior do condutor deve ser nulo; se não fosse assim, o campo exerceria uma força sobre os elétrons de condução (elétrons livres), que estão sempre presentes em um condutor, e isso produziria uma corrente elétrica. (Em outras palavras, haveria um movimento de cargas no interior do condutor.) Como não pode haver uma corrente perpétua em um condutor que não faz parte de um circuito elétrico, o campo elétrico deve ser nulo. (Um campo elétrico interno existe durante certo tempo, enquanto o condutor está sendo carregado. Entretanto, a carga adicional logo se distribui de tal forma que o campo elétrico interno se anula e as cargas param de se mover. Quando isso acontece, dizemos que as cargas estão em equilíbrio eletrostático.) Se é zero em todos os pontos do interior do pedaço de cobre, deve ser zero em todos os pontos da superfície gaussiana, já que a superfície escolhida, embora esteja próxima da superfície, fica no interior do pedaço de cobre. Isso significa que o fluxo que atravessa a superfície gaussiana também é zero. De acordo com a lei de Gauss, portanto, a carga total envolvida pela superfície de Gauss deve ser nula. Como o excesso de carga não está no interior da superfície de Gauss, só pode estar na superfície do condutor. Um Condutor Carregado com uma Cavidade Interna A Fig. 23-11b mostra o mesmo condutor, agora com uma cavidade interna. É talvez razoável supor que, ao removermos o material eletricamente neutro para formar a cavidade, não mudamos a distribuição de carga nem a configuração dos campos elétricos, que continuam sendo as mesmas da Fig. 23-11a. Vamos usar a lei de Gauss para demonstrar matematicamente essa conjectura. Colocamos uma superfície gaussiana envolvendo a cavidade, próximo da superfície, no interior do condutor. Como = 0 no interior do condutor, o fluxo através dessa superfície também é nulo. Assim, a superfície não pode envolver nenhuma carga. A conclusão é que não existe carga em excesso na superfície da cavidade; toda a carga em excesso permanece na superfície externa do condutor, como na Fig. 23-11a. Remoção do Condutor Suponha que, por um passe de mágica, fosse possível “congelar” as cargas em excesso na superfície do condutor, talvez revestindo-as com uma fina camada de plástico, e que o condutor pudesse ser removido totalmente. Isso seria equivalente a aumentar a cavidade da Fig. 23-11b até que ocupasse todo o condutor. O campo elétrico não sofreria nenhuma alteração; continuaria a ser nulo no interior da fina camada de carga e permaneceria o mesmo em todos os pontos do exterior. Isso mostra que o campo elétrico é criado pelas cargas e não pelo condutor; este constitui apenas um veículo para que as cargas assumam suas posições de equilíbrio. O Campo Elétrico Externo Vimos que as cargas em excesso de um condutor isolado se concentram na superfície do condutor. A menos que o condutor seja esférico, porém, essas cargas não se distribuem de modo uniforme. Em outras palavras, no caso de condutores não esféricos, a densidade superficial de carga σ (carga por unidade de área) varia ao longo da superfície. Em geral, essa variação torna muito difícil determinar o campo elétrico criado por cargas superficiais, a não ser nas proximidades da superfície, pois, nesse caso, o campo elétrico pode ser determinado com facilidade usando a lei de Gauss. Para isso, consideramos uma região da superfície suficientemente pequena para que possamos desprezar a curvaturae usamos um plano para representar a região. Em seguida, imaginamos um pequeno cilindro gaussiano engastado na superfície, como na Fig. 23-12: Uma das bases está do lado de dentro do condutor, a outra base está do lado de fora, e o eixo do cilindro é perpendicular à superfície do condutor. Figura 23-12 (a) Vista em perspectiva e (b) vista lateral de uma pequena parte de um condutor de grande extensão com uma carga positiva na superfície. Uma superfície gaussiana cilíndrica, engastada perpendicularmente no condutor, envolve parte das cargas. Linhas de campo elétrico atravessam a base do cilindro que está do lado de fora do condutor, mas não a base que está do lado de dentro. A base que está do lado de fora tem área A e o vetor área é . O campo elétrico na superfície e logo acima da superfície também é perpendicular à superfície. Se não fosse, ele teria uma componente paralela à superfície do condutor que exerceria forças sobre as cargas superficiais, fazendo com que elas se movessem. Esse movimento, porém, violaria nossa suposição implícita de que estamos lidando com um corpo em equilíbrio eletrostático. Assim, é perpendicular à superfície do condutor. Vamos agora calcular o fluxo através da superfície gaussiana. Não há fluxo através da base que se encontra dentro do condutor, já que, nessa região, o campo elétrico é nulo. Também não há fluxo através da superfície lateral do cilindro, pois do lado de dentro do condutor o campo é nulo e do lado de fora o campo elétrico é paralelo à superfície lateral do cilindro. Assim, o único fluxo que atravessa a superfície gaussiana é o que atravessa a base que se encontra fora do condutor, em que é perpendicular ao plano da base. Supomos que a área da base, A, é suficientemente pequena para que o módulo E do campo seja constante em toda a base. Nesse caso, o fluxo através da base do cilindro é EA e esse é o fluxo total Φ que atravessa a superfície gaussiana. A carga qenv envolvida pela superfície gaussiana está na superfície do condutor e ocupa uma área A. Se σ é a carga por unidade de área, qenv é igual a σA. Quando substituímos qenv por σA e Φ por EA, a lei de Gauss (Eq. 23-6) se torna ε0EA = σA, e, portanto, A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Linha A. Heilmann Linha A. Heilmann Linha A. Heilmann Linha A. Heilmann Linha A. Heilmann Linha A. Heilmann Linha A. Heilmann Linha A. Heilmann Linha A. Heilmann Linha A. Heilmann Linha A. Heilmann Linha A. Heilmann Linha A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo Assim, o módulo do campo elétrico logo acima da superfície de um condutor é proporcional à densidade superficial de carga do condutor. Se a carga do condutor é positiva, o campo elétrico aponta para fora do condutor, como na Fig. 23-12; se é negativa, o campo elétrico aponta para dentro do condutor. As linhas de campo da Fig. 23-12 devem terminar em cargas negativas externas ao condutor. Quando aproximamos essas cargas do condutor, a densidade de carga local na superfície do condutor é modificada, o que também acontece com o módulo do campo elétrico, mas a relação entre σ e E continua a ser dada pela Eq. 23-11. Exemplo 23.05 Casca metálica esférica, campo elétrico e carga A Fig. 23-13a mostra uma seção reta de uma casca metálica esférica de raio interno R. Uma partícula com uma carga de –5,0 μC está situada com o centro a uma distância R/2 do centro da casca. Se a casca é eletricamente neutra, quais são as cargas (induzidas) na superfície interna e na superfície externa? Essas cargas estão distribuídas uniformemente? Qual é a configuração do campo elétrico do lado de dentro e do lado de fora da casca? IDEIAS-CHAVE A Fig. 23-13b mostra uma seção reta de uma superfície gaussiana esférica no interior do metal, perto da superfície interna da casca. O campo elétrico é zero no interior do metal (e, portanto, na superfície gaussiana, que está no interior do metal). Isso significa que o fluxo elétrico através da superfície gaussiana também é zero. De acordo com a lei de Gauss, portanto, a carga total envolvida pela superfície gaussiana é zero. Raciocínio: Como existe uma carga de –5,0 μC no interior da casca, deve haver uma carga de +5,0 μC na superfície interna da casca para que a carga envolvida seja zero. Se a partícula estivesse no centro de curvatura da casca, as cargas positivas estariam distribuídas uniformemente ao longo da superfície interna da casca. Como, porém, a partícula está fora do centro, a distribuição de carga positiva é assimétrica, como mostra a Fig. 23-13b; as cargas positivas tendem a se concentrar na parte da superfície interna que está mais próxima da partícula (já que a carga da partícula é negativa). Como a casca é eletricamente neutra, para que a superfície interna tenha uma carga de +5,0 μC é preciso que elétrons, com uma carga total de –5,0 μC, sejam transferidos da superfície interna para a superfície externa, onde se distribuem uniformemente, como mostra a Fig. 23-13b. A distribuição de carga negativa é uniforme porque a casca é esférica e porque a distribuição assimétrica de carga positiva na superfície interna não pode produzir um campo elétrico no interior do metal para afetar a distribuição de carga na superfície externa. A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Linha A. Heilmann Linha Figura 23-13 (a) Uma partícula com carga negativa está situada no interior de uma casca metálica esférica eletricamente neutra. (b) Em consequência, cargas positivas se distribuem de modo assimétrico na superfície interna da casca, e uma quantidade igual de carga negativa se distribui uniformemente na superfície externa. A Fig. 23-13b mostra também as linhas de campo do lado de dentro e do lado de fora da casca. Todas as linhas de campo interceptam perpendicularmente as superfícies da casca e a superfície da partícula. Do lado de dentro da casca, a configuração de linhas de campo é assimétrica por causa da assimetria da distribuição de carga positiva. Do lado de fora, o padrão é o mesmo que se a carga pontual estivesse no centro de curvatura e a casca não existisse. Na verdade, a configuração seria a mesma para qualquer posição da carga pontual no interior da casca. 23-4 APLICAÇÕES DA LEI DE GAUSS: SIMETRIA CILÍNDRICA Objetivos do Aprendizado Depois de ler este módulo, você será capaz de ... 23.20 Explicar como a lei de Gauss pode ser usada para calcular o módulo do campo elétrico do lado de fora de uma linha de carga ou do lado de fora da superfície de um cilindro de material isolante (uma barra de plástico, por exemplo) com uma densidade linear de carga uniforme λ. 23.21 Conhecer a relação entre a densidade linear de carga λ em uma superfície cilíndrica e o módulo E do campo elétrico a uma distância r do eixo central da superfície cilíndrica. 23.22 Explicar como a lei de Gauss pode ser usada para calcular o módulo E do campo elétrico no interior de um cilindro isolante (uma barra de plástico, por exemplo) com uma densidade volumétrica de carga uniforme ρ. Ideia-Chave • O campo elétrico em um ponto nas proximidades de uma linha de carga (ou barra cilíndrica), de comprimento infinito, com uma densidade linear de carga uniforme λ é perpendicular à linha, e o módulo do campo é dado por A. Heilmann Linha A. Heilmann Retângulo em que r é a distância entre o ponto e a linha. Aplicações da Lei de Gauss: Simetria Cilíndrica A Fig. 23-14 mostra uma parte de uma barra de plástico cilíndrica, de comprimento infinito, com uma densidade linear uniforme de carga positiva λ. Vamos obter uma expressão para o módulo do campo elétrico a uma distância r do eixo da barra. Poderíamos fazer isso usando o método do Capítulo 22 (usar uma carga elementar dq, que produziria um campo elementar d , etc.). Entretanto, a lei de Gauss permite resolver o problema deuma forma muito mais simples (e mais elegante). Figura 23-14 Uma superfície gaussiana cilíndrica envolvendo parte de uma barra de plástico cilíndrica, de comprimento infinito, com uma densidade linear uniforme de carga positiva. A distribuição de carga e a configuração do campo elétrico têm simetria cilíndrica. Para calcular o campo a uma distância r, envolvemos um trecho da barra com um cilindro gaussiano concêntrico, de raio r e altura h. (Para determinar o campo elétrico em um ponto, devemos fazer a superfície gaussiana passar por esse ponto.) Em seguida, usamos a lei de Gauss para relacionar a carga envolvida pelo cilindro ao fluxo total do campo elétrico através da superfície do cilindro. Para começar, observe que, por causa da simetria, o campo elétrico em qualquer ponto do espaço aponta radialmente para longe da barra (porque a carga da barra é positiva; se a carga fosse negativa, o campo elétrico apontaria radialmente para o eixo da barra). Isso significa que, nas bases do cilindro, o campo elétrico é paralelo à superfície e, portanto, o fluxo através das bases do cilindro é zero. Para calcular o fluxo através da superfície lateral do cilindro, note que, em todos os elementos de área da superfície lateral, o vetor área d aponta radialmente para longe do cilindro (para fora da superfície gaussiana), ou seja, na mesma direção e no mesmo sentido que o campo elétrico. Assim, o produto escalar que aparece na lei de Gauss é simplesmente E dA cos 0o = E dA, e podemos passar E A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Linha A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Seta para fora da integral. A integral restante é simplesmente uma receita para somar as áreas de todos os elementos de área da superfície lateral do cilindro, mas já sabemos que o resultado é o produto da altura h do cilindro pela circunferência da base, 2πr. O fluxo total através do cilindro é, portanto, Φ = EA cos θ = E(2 πrh) cos 0 = E(2 πrh). Do outro lado da lei de Gauss, temos a carga qenv envolvida pelo cilindro. Como a densidade linear de carga (carga por unidade de comprimento) é uniforme, a carga envolvida é λh. Assim, a lei de Gauss, ε0Φ = qenv, ε0E(2 πrh) = λh, nos dá Esse é o campo elétrico produzido por uma linha de carga infinitamente longa em um ponto situado a uma distância r da linha. O campo aponta radialmente para longe da linha de carga, se a carga for positiva, e radialmente na direção da linha de carga, se a carga for negativa. A Eq. 23-12 também fornece o valor aproximado do campo produzido por uma linha de carga finita em pontos não muito próximos das extremidades da linha (em comparação com a distância da linha). Se a barra possui uma densidade volumétrica de carga ρ uniforme, podemos usar um método semelhante para calcular o módulo do campo elétrico no interior da barra. Para isso, basta reduzir o raio do cilindro gaussiano da Fig. 23-14 até que a superfície lateral do cilindro esteja no interior da barra. Nesse caso, como a densidade de carga é uniforme, a carga qenv envolvida pelo cilindro será proporcional ao volume do cilindro. Exemplo 23.06 A lei de Gauss e uma descarga para cima em uma tempestade elétrica A mulher da Fig. 23-15 estava em uma plataforma de observação do Sequoia National Park quando uma grande nuvem de tempestade passou no céu. Muitos elétrons de condução do corpo da mulher foram repelidos para a terra pela base da nuvem, negativamente carregada (Fig. 23-16a), o que deixou o corpo da mulher positivamente carregado. Observando a fotografia da Fig. 23-15, é possível concluir que o corpo da mulher está carregado, já que os fios de cabelo se repelem mutuamente e se projetam para cima ao longo das linhas de campo elétrico produzidas pela carga do corpo. A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo Courtesea da NOAA Figura 23-15 Uma nuvem de tempestade deixou esta mulher positivamente carregada. A mulher não foi atingida por um relâmpago, mas estava correndo um sério risco, pois o campo elétrico estava a ponto de causar uma ruptura dielétrica no ar à sua volta. Essa ruptura teria ocorrido ao longo de uma trajetória ascendente, o que é chamado de descarga para cima. Uma descarga para cima é perigosa porque a ionização que produz nas moléculas do ar libera um grande número de elétrons. Se a mulher da Fig. 23-15 tivesse provocado uma descarga para cima, os elétrons livres do ar teriam sido atraídos para o seu corpo (Fig. 23-16b), produzindo um choque possivelmente fatal. Um choque elétrico é perigoso porque, dependendo da intensidade, pode interromper a respiração ou os batimentos cardíacos, além de causar queimaduras. Vamos modelar o corpo da mulher como um cilindro vertical estreito, de altura L = 1,8 m e raio R = 0,10 m (Fig. 23-16c). Suponha que a carga Q esteja uniformemente distribuída ao longo do cilindro e que a ruptura dielétrica ocorra quando o módulo do campo elétrico excede o valor crítico Ec = 2,4 MN/C. Para qual valor de Q o ar em volta da mulher está a ponto de sofrer uma ruptura dielétrica? IDEIAS-CHAVE Como R << L, podemos aproximar a distribuição de carga por uma linha comprida de carga. Além disso, como estamos supondo que a distribuição de carga é uniforme, o módulo do campo elétrico é dado aproximadamente pela Eq. 23-12 (E = λ/2πε0r). Cálculos: Substituindo o campo elétrico E pelo valor crítico Ec, a distância radial r pelo raio do cilindro R, e a densidade linear de carga λ pela razão Q/L, temos A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo ou Substituindo as constantes por valores numéricos, temos Figura 23-16 (a) Muitos elétrons de condução do corpo da mulher foram repelidos para a terra pela base da nuvem, negativamente carregada, o que deixou o corpo positivamente carregado. (b) Em uma descarga para cima, o ar sofre uma ruptura dielétrica, permitindo que elétrons livres criados no ar sejam atraídos para o corpo da mulher. (c) O corpo da mulher pode ser representado por um cilindro. 23-5 APLICAÇÕES DA LEI DE GAUSS: SIMETRIA PLANAR Objetivos do Aprendizado Depois de ler este módulo, você será capaz de ... 23.23 Usar a lei de Gauss para calcular o módulo E do campo elétrico nas proximidades de uma superfície plana, isolante, de grandes dimensões, com uma densidade superficial de carga uniforme σ. 23.24 No caso de pontos nas proximidades de uma superfície plana, isolante, de grandes dimensões, com uma densidade superficial de carga uniforme σ, conhecer a relação entre a densidade de carga e o módulo E do campo elétrico e a relação entre o sinal da carga e o sentido do campo elétrico. 23.25 No caso de pontos nas proximidades de duas superfícies planas, condutoras, de grandes dimensões, com uma densidade superficial de carga σ, conhecer a relação entre a densidade de carga e o módulo E do campo elétrico e a relação entre o sinal das cargas e o sentido do campo elétrico. A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo Ideias-Chave • O campo elétrico produzido por uma placa isolante infinita com uma densidade superficial de carga σ é perpendicular ao plano da placa e tem um módulo proporcional à densidade superficial de carga da placa: • O campo elétrico entre duas placas condutoras carregadas é perpendicular ao plano das placas e tem um módulo proporcional à densidade superficial de carga das placas: Aplicações da Lei de Gauss: Simetria Planar Placa Isolante A Fig. 23-17 mostra uma parte de uma placa fina,infinita, isolante, com uma densidade superficial de carga positiva σ. Uma folha de plástico, com uma das superfícies uniformemente carregada, pode ser um bom modelo. Vamos calcular o campo elétrico a uma distância r da placa. Uma superfície gaussiana adequada para esse tipo de problema é um cilindro com o eixo perpendicular à placa e com uma base de cada lado da placa, como mostra a figura. Por simetria, é perpendicular à placa e, portanto, às bases do cilindro. Além disso, como a carga é positiva, aponta para longe da placa, e, portanto, as linhas de campo elétrico atravessam as duas bases do cilindro no sentido de dentro para fora. Como as linhas de campo são paralelas à superfície lateral do cilindro, o produto . d é nulo nessa parte da superfície gaussiana. Assim, . d é igual a E dA nas bases do cilindro e é igual a zero na superfície lateral. Nesse caso, a lei de Gauss, nos dá A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Seta Figura 23-17 (a) Vista em perspectiva e (b) vista lateral de uma pequena parte de uma placa de grande extensão com uma carga positiva na superfície. Uma superfície gaussiana cilíndrica, com o eixo perpendicular à placa e uma base de cada lado da placa, envolve parte das cargas. em que σA é a carga envolvida pela superfície gaussiana. Explicitando E, obtemos Como estamos considerando uma placa infinita com uma densidade de carga uniforme, esse resultado é válido para qualquer ponto que esteja a uma distância finita da placa. A Eq. 23-13 é igual à Eq. 22-27, que foi obtida por integração das componentes do campo elétrico produzido por elementos de carga. Duas Placas Condutoras A Fig. 23-18a mostra uma vista de perfil de uma placa condutora fina, infinita, com um excesso de carga positiva. Como vimos no Módulo 23-3, a carga em excesso está na superfície da placa. Como a placa é fina e muito extensa, podemos supor que praticamente toda a carga em excesso está nas duas faces maiores da placa. Se não existe um campo elétrico externo para forçar as cargas positivas a assumirem determinada distribuição, as cargas se distribuem uniformemente nas duas faces com uma densidade superficial de carga σ1. De acordo com a Eq. 23-11, essas cargas criam, nas proximidades da superfície, um campo elétrico de módulo E = σ1/ε0. Como a carga em excesso é positiva, o campo aponta para longe da placa. A Fig. 23-18b mostra uma placa do mesmo tipo com um excesso de carga negativa e uma densidade superficial de carga com o mesmo valor absoluto σ1. A única diferença é que, agora, o campo aponta na direção da placa. Suponha que as placas das Figs. 23-18a e 23-18b sejam colocadas lado a lado (Fig. 23-18c). Como as placas são condutoras, quando as aproximamos, as cargas em excesso de uma placa atraem as cargas em excesso da outra, e todas as cargas em excesso se concentram na superfície interna das placas, como A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Linha A. Heilmann Linha mostra a Fig. 23-18c. Como existe agora uma quantidade de carga duas vezes maior nas superfícies internas, a nova densidade superficial de carga (que vamos chamar de σ) nas faces internas é 2σ1. Assim, o módulo do campo elétrico em qualquer ponto entre as placas é dado por Esse campo aponta para longe da placa positiva e na direção da placa negativa. Como não existe excesso de carga nas faces externas, o campo elétrico do lado de fora das placas é zero. Como as cargas das placas se moveram quando as placas foram aproximadas, a Fig. 23-18c não é a superposição das Figs. 23-18a e 23-18b; em outras palavras, a distribuição de carga no sistema de duas placas não é simplesmente a soma das distribuições de carga das placas isoladas. A razão pela qual nos damos ao trabalho de discutir situações tão pouco realistas como os campos produzidos por uma placa infinita carregada e um par de placas infinitas carregadas é que a análise de situações “infinitas” permite obter boas aproximações para problemas reais. Assim, a Eq. 23-13 vale também para uma placa isolante finita, contanto que estejamos lidando com pontos próximos da placa e razoavelmente distantes das bordas. A Eq. 23-14 se aplica a um par de placas condutoras finitas, contanto que não estejamos lidando com pontos muito próximos das bordas. O problema das bordas de uma placa, e o motivo pelo qual procuramos, na medida do possível, nos manter afastados delas, é que, perto de uma borda, não podemos usar a simetria planar para determinar as expressões dos campos. Perto da borda, as linhas de campo são curvas (é o chamado efeito de borda) e os campos elétricos são muito difíceis de expressar matematicamente. Figura 23-18 (a) Uma placa condutora fina, infinita, com um excesso de carga positiva. (b) Uma placa do mesmo tipo com um excesso de carga negativa. (c) As duas placas colocadas lado a lado. Exemplo 23.07 Campo elétrico nas proximidades de duas placas isolantes carregadas paralelas A Fig. 23-19a mostra partes de duas placas de grande extensão, isolantes, paralelas, com uma carga uniforme do lado esquerdo. Os valores das densidades superficiais de carga são σ(+) = 6,8 μC/m2 para a placa positivamente carregada e σ(–) = 4,3 μC/m2 para a placa negativamente carregada. Determine o campo elétrico (a) à esquerda das placas, (b) entre as placas e (c) à direita das placas. IDEIA-CHAVE Como as cargas estão fixas (as placas são isolantes), podemos determinar os campos elétricos produzidos pelas placas da Fig. 23- 19a (1) calculando o campo de cada placa como se a outra não existisse e (2) somando algebricamente os resultados. (Não há necessidade de usar uma soma vetorial porque os campos são paralelos.) Cálculos: Em qualquer ponto, o campo elétrico (+) produzido pela placa positiva aponta para longe da placa e, de acordo com a Eq. 23-13, tem o módulo dado por Em qualquer ponto, o campo elétrico (–) produzido pela placa negativa aponta na direção da placa e tem um módulo dado por A Fig. 23-19b mostra os campos criados pelas placas à esquerda das placas (E), entre as placas (C) e à direita das placas (D). Os campos resultantes nas três regiões podem ser obtidos usando o princípio de superposição. À esquerda, o módulo do campo é Figura 23-19 (a) Duas placas de grande extensão, isolantes, paralelas, com uma carga uniforme do lado esquerdo. (b) Campos elétricos criados pelas duas placas. (c) Campo total criado pelas duas placas, obtido por superposição. Como E(+) é maior que E(–), o campo elétrico total E nessa região aponta para a esquerda, como mostra a Fig. 23-19c. À direita das placas, o campo elétrico D tem o mesmo módulo, mas aponta para a direita, como mostra a Fig. 23-19c. Entre as placas, os dois campos se somam e temos O campo elétrico C aponta para a direita. 23-6 APLICAÇÕES DA LEI DE GAUSS: SIMETRIA ESFÉRICA Objetivos do Aprendizado Depois de ler este módulo, você será capaz de ... 23.26 Saber que uma casca esférica com uma distribuição uniforme de carga atrai ou repele uma partícula carregada situada do lado de fora da casca como se toda a carga da casca estivesse concentrada no centro da casca. 23.27 Saber que uma casca esférica com uma distribuição uniforme de carga não exerce nenhuma força eletrostática sobre uma partícula carregada situada no interior da casca. 23.28 No caso de um ponto situado do lado de fora de uma casca esférica com uma distribuição uniforme de carga, conhecer a relação entre o módulo E do campo elétrico, a carga q da casca e a distância r entre o ponto e o centro da casca. 23.29 No caso de um ponto situado no interior de uma casca esférica com uma distribuição uniforme de carga, conhecer o valor do módulo E do campo elétrico. 23.30 No caso de uma esfera com uma distribuição uniforme de carga, determinar o módulo e a orientação do campo elétrico em pontos no interior da esfera e do lado de fora da esfera. Ideias-Chave • Em um ponto do lado de forade uma casca esférica com uma carga q distribuída uniformemente, o campo elétrico produzido pela casca é radial (orientado para fora da casca ou na direção do centro da casca, dependendo do sinal da carga), e o módulo do campo é dado pela equação em que r é a distância entre o ponto e o centro da casca. O campo seria o mesmo se toda a carga estivesse concentrada no centro da casca. • Em todos os pontos do interior de uma casca esférica com uma distribuição uniforme de carga, o campo elétrico criado pela casca é zero. • Em um ponto do interior de uma esfera com uma distribuição uniforme de carga, o campo elétrico é radial e o módulo do A. Heilmann Retângulo campo é dado pela equação em que q é a carga da esfera, R é o raio da esfera e r é a distância entre o ponto e o centro da esfera. Aplicações da Lei de Gauss: Simetria Esférica Vamos agora usar a lei de Gauss para demonstrar os dois teoremas das cascas que foram apresentados no Módulo 21-1. O primeiro diz o seguinte: Uma partícula carregada situada do lado de fora de uma casca esférica com uma distribuição uniforme de carga é atraída ou repelida como se toda a carga estivesse situada no centro da casca. A Fig. 23-20 mostra uma casca esférica carregada, de raio R, com uma carga total q e duas superfícies gaussianas concêntricas, S1 e S2. Quando usamos o método do Módulo 23-2 e aplicamos a lei de Gauss à superfície S2, para a qual r ≥ R, o resultado é o seguinte: Figura 23-20 Vista em seção reta de uma casca esférica fina, uniformemente carregada, com uma carga total q. Duas superfícies gaussianas, S1 e S2, também são mostradas. A superfície S2 envolve a casca, e a superfície S1 envolve apenas a cavidade vazia que existe no interior da casca. Esse campo é igual ao que seria criado por uma carga pontual q localizada no centro da casca. Assim, a força que uma casca de carga q exerce sobre uma partícula carregada situada do lado de fora da casca é a mesma que a força exercida por uma partícula pontual de carga q situada no centro da casca. Fica assim demonstrado o primeiro teorema das cascas. O segundo teorema das cascas diz o seguinte: A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo A. Heilmann Retângulo Uma partícula carregada situada no interior de uma casca esférica com uma distribuição uniforme de carga não é atraída nem repelida pela casca. Aplicando a lei de Gauss à superfície S1, para a qual r < R, obtemos já que a superfície S1 não envolve nenhuma carga. Assim, se existe uma partícula carregada no interior da casca, a casca não exerce nenhuma força sobre a partícula. Fica assim demonstrado o segundo teorema das cascas. Toda distribuição de carga esfericamente simétrica, como a distribuição de raio R e densidade volumétrica de carga ρ da Fig. 23-21, pode ser substituída por um conjunto de cascas esféricas concêntricas. Para fins de aplicação dos dois teoremas das cascas, a densidade volumétrica de carga ρ deve ter um valor único para cada casca, mas não precisa ser a mesma para todas as cascas. Assim, para a distribuição de carga como um todo, ρ pode variar, mas apenas em função de r, a distância radial a partir do centro de curvatura. Podemos, portanto, caso seja necessário, examinar o efeito da distribuição de carga “camada por camada”. Na Fig. 23-21a, todas as cargas estão no interior de uma superfície gaussiana com r > R. As cargas produzem um campo elétrico na superfície gaussiana como se houvesse apenas uma carga pontual situada no centro, e a Eq. 23-15 pode ser aplicada. A Fig. 23-21b mostra uma superfície gaussiana com r < R. Para determinar o campo elétrico em pontos da superfície gaussiana, consideramos dois conjuntos de cascas carregadas: um conjunto do lado de dentro da superfície gaussiana e outro conjunto do lado de fora. De acordo com a Eq. 23-16, as cargas do lado de fora da superfície gaussiana não criam um campo elétrico na superfície gaussiana. De acordo com a Eq. 23-15, as cargas do lado de dentro da superfície gaussiana criam o mesmo campo que uma carga pontual de mesmo valor situada no centro. Chamando essa carga de q′, podemos escrever a Eq. 23- 15 na forma Figura 23-21 Os pontos representam uma esfera feita de material isolante com uma distribuição de carga de simetria esférica e raio R, cuja densidade volumétrica de carga ρ é função apenas da distância do centro. Uma superfície gaussiana concêntrica com r > R é mostrada em (a). Uma superfície gaussiana semelhante, com r < R, é mostrada em (b). Uma vez que a distribuição de carga no interior da esfera de raio R é uniforme, podemos calcular a carga q′ envolvida por uma superfície esférica de raio r (Fig. 23-21b) usando a seguinte relação: ou o que nos dá Substituindo na Eq. 23-17, obtemos Teste 4 A figura mostra duas placas de grande extensão, paralelas, isolantes, com densidades superficiais de carga iguais, uniformes e positivas, e uma esfera com uma densidade volumétrica de carga uniforme e positiva. Coloque em ordem decrescente os quatro pontos numerados, de acordo com o módulo do campo elétrico existente no local. Revisão e Resumo Lei de Gauss A lei de Gauss e a lei de Coulomb são formas diferentes de descrever a relação entre carga e campo elétrico em situações estáticas. A lei de Gauss é expressa pela equação em que qenv é a carga total no interior de uma superfície imaginária fechada (conhecida como superfície gaussiana) e Φ é o fluxo total do campo elétrico através da superfície: A lei de Coulomb pode ser demonstrada a partir da lei de Gauss. Aplicações da Lei de Gauss Usando a lei de Gauss e, em alguns casos, princípios de simetria, é possível demonstrar várias propriedades importantes de sistemas eletrostáticos, entre as quais as A. Heilmann Retângulo Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner
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