Buscar

CELSO_ANTUNES_-_O_AVESSO_DA_INCLUSÃO pdf

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 86 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 86 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 86 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

03
Publicação anual do Curso de Pedagogia da 
FAMA - Faculdade Aldete Maria Alves
Mantenedora
Instituição Ituramense de Ensino Superior
Presidente
Eva Dias de Freitas
Diretoria Acadêmica
Prof. Ana Paula Pereira Arantes
Coordenadora do Curso de Pedagogia
Prof. Naime Souza Silva
Edição e Revisão
Eduardo Barbuio
Design e Diagramação
César Bechara
Faculdade Aldete Maria Alves - FAMA
Av. Rio Paranaíba, 1295 - Centro
Iturama - MG - CEP 38280-000
Tel.: (34) 3411-9700
 www.facfama.edu.br
Índice
O AVESSO DA INCLUSÃO
Celso Antunes
RECORTES SOBRE A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE ITURAMA-
MG - OS DIFERENTES SIGNFICADOS DESTE PASSADO
Léo Huber
JOGOS E CONHECIMENTOS SISTEMATIZADOS
Luzia Magna Soares Alvarenga / Fabiana Rodrigues F. Lima / 
Francisca Eva da Silva / Maria Aparecida Lio / Maria Guilhermina 
R. D. Barbosa 
O SER INFANTIL DA LITERATURA
Ilma Rodrigues L. Alves / Rosiley Queiroz V. Portilho / Geralda 
Nair de Andrade / Glauciene B. de Oliveira / Rosania Márcia de 
Freitas
A IMPORTÂNCIA DA PRESENÇA DA FAMÍLIA NO CONTEXTO 
ESCOLAR
Elisângela Maria Cavalcante / Luciane Alves Rodrigues / Maria 
José dos Santos Dantas / Marlei Aparecida Real Arruda Faria / 
Valquíria Bernardino da Silva 
UMA RÁPIDA ANÁLISE SOBRE O PROCESSO ENSINO- 
APRENDIZAGEM
José Henrique de Oliveira
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E O CONTEXTO DO ESPORTE NA 
ESCOLA
Rodrigo Barbuio
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: RELATOS DE 
EXPERIÊNCIAS
Gilvânia Queiroz de Oliveira / Rosilene Freitas Minaré / Nêomia 
Aparecida de Urzedo Bernardo / Luzia Luiza Moreira 
PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
Aparecida Francisca da Silva / Flaviana Ribeiro Costa / Helen 
Santos de Oliveira / Nevilda Martha Dias Queiroz 
WEB 2.0 E A CONSTRUÇÃO COLETIVA DO CONHECIMENTO
César de Mello Bechara / Eduardo Barbuio
O ENSINO DA LITERATURA INFANTIL E SUAS 
CONTRIBUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Nevilda Martha Dias Queiroz 
TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO ‘CONTRIBUIÇÃO 
SOCIAL’
Kellen Cristine Almeida Mamede 
AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: PROPOSTAS PARA A 
EDIFICAÇÃO DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DE QUALIDADE
Naime Souza Silva 
07
09
22
35
40
49
53
56
61
68
76
80
30
Naime Souza Silva
Coordenadora do curso de Pedagogia da FAMA
e-mail: naimefama@hotmail.com
APRESENTAÇÃO
É com grande orgulho que lançamos mais um número da Revista 
Pedagogia em Foco, produzida pelo curso de Pedagogia da Faculdade Aldete Maria 
Alves – FAMA.
Chegamos à terceira edição. A Revista Pedagogia em Foco foi criada em 
2006, é uma revista científica anual, voltada para a Educação. Este periódico é 
dirigido à comunidade científica: estudantes de graduação, professores, pós-
graduandos e profissionais que atuam nas áreas correlatas a Pedagogia. Dessa 
maneira, a Revista Pedagogia em Foco é um veículo para a divulgação da pesquisa, 
com a finalidade de disseminar e construir o conhecimento, ampliando e 
promovendo o debate acerca de assuntos de interesse da comunidade científica e 
da sociedade dos dias de hoje. 
Esta revista pretende ser um espaço para a produção científica dentro 
de nossa faculdade, desenvolvendo a metodologia do trabalho acadêmico e 
promovendo a publicação de artigos voltados à discussão pedagógica. 
Boa leitura!
A leitura especializada é útil,
a diversificada dá prazer. 
Sêneca
PREFÁCIO
As instituições de ensino superior 
têm como função transmitir o saber 
historicamente acumulado pela huma-
nidade, produzir conhecimentos novos e 
originais, formar profissionais de que a 
sociedade necessita e contribuir para a 
evolução social e cultural. Em sintonia com 
o cumprimento dessa missão, lançamos a 
terceira edição da revista Pedagogia em 
Foco que vem sendo publicada pela 
Faculdade Maria Aldete Alves (FAMA) a fim 
de divulgar e de estimular a pesquisa e a 
reflexão referente a temas que estão em 
voga no meio pedagógico e que são de 
suma importância para a sociedade atual. 
Por conseguinte, nesta edição o tema que 
norteia os textos apresentados é: A 
educação e suas interfaces. 
Para abordar o tema em questão a 
revista contou com textos produzidos por 
discentes e docentes do curso de 
Pedagogia da FAMA e de profissionais 
convidados de outras áreas ligadas a 
educação. Iniciamos com uma crônica do 
renomado pesquisador Celso Antunes. A 
revista é composta por 13 artigos científicos 
sobre diferentes temas e uma crônica 
escrita pelo renomado pesquisador Celso 
Antunes, especialmente, para a terceira 
edição da revista Pedagogia em Foco. 
Com uma crônica intitulada “O 
Na realidade, todo leitor é, quando lê, 
leitor de si mesmo. A obra não passa 
de uma espécie de instrumento 
óptico oferecido ao leitor a fim de lhe 
ser possível discernir o que, sem ela, 
não teria certamente visto em si 
mesmo.
avesso da inclusão”, Celso Antunes inicia a 
terceira edição da revista, comentando 
sobre diversos assuntos que considera ter 
sido modismos da educação brasileira ao 
longo dos últimos anos e critica a maneira 
como a questão da inclusão de crianças 
com dificuldades e deficiências tem 
acontecido nos dias atuais.
O segundo texto intitula-se “Recortes 
sobre a história da educação de Iturama -
MG - Os diferentes signficados deste 
passado”, escrito pelo professor Léo Huber 
(FAMA), no artigo encontramos os 
significados atribuídos pelos sujeitos às 
diferentes experiências educativas 
proporcionados por propostas metodo-
lógicas que se sucederam ao longo do 
tempo no município de Iturama. 
Na seqüência, apresenta-se o texto 
“Jogos e conhecimentos sistematizados”, 
escrito pelas discentes do 6°semestre de 
Pedagogia da FAMA, Luzia Magna Soares 
Alvarenga, Fabiana Rodrigues F. Lima, 
Francisca Eva da Silva, Maria Aparecida Lio e 
Maria Guilhermina R. D. Barbosa . Esse 
artigo aborda alguns aspectos referentes à 
importância dos jogos e proporcionar 
reflexões a respeito da utilização destes na 
sala de aula, com a finalidade principal de 
funcionamento como elemento motivador 
do aluno em sua aquisição de conhe-
Marcel Proust. O tempo redescoberto
cimentos sistematizados. Faz a classificação 
dos jogos, definindo-os e identificando os 
objetivos propostos em cada uma das 
ações efetivadas e bem realizadas. 
Também produzido por discentes o 
texto das discentes do 6semestre , Ilma 
Rodrigues L. Alves, Rosiley Queiroz V. 
Portilho, Geralda Nair de Andrade, 
Glauciene B. de Oliveira e Rosania Márcia de 
Freitas, intitulado “O ser infantil da 
Literatura” apresenta uma abordagem 
sobre o valor da literatura na educação das 
crianças e leva-nos à reflexão acerca do que 
seria o termo “infantil” como qualificativo 
especificador de determinada espécie 
dentro de uma categoria mais ampla e geral 
do fenômeno literário.
A seguir, temos das alunas do 6 
semestre Pedagogia da FAMA o artigo “A 
importância da família no contexto escolar” 
, o texto escrito por Elisângela Maria 
Cavalcante, Luciane Alves Rodrigues, Maria 
José dos Santos Dantas, Marlei Aparecida 
Real A. Faria e Valquíria Bernardino da Silva 
aborda a questão do envolvimento da 
família com a escola e seu impacto sobre a 
aprendizagem e o desenvolvimento do 
aluno.
Em “Uma rápida análise sobre o 
processo ensino-aprendizagem”, José 
Henrique de Oliveira (FAMA) faz uma rápida 
a n á l i s e d e p r o c e s s o s d e e n s i n o -
aprendizagem visando verificar algumas 
possíveis deficiências e buscando levar o 
docente a rever se os objetivos perseguidos 
são realmente aqueles que darão 
qualidade ao ensinado e se este objetivo é 
ou não significativo.
“Educação Física escolar e o contexto 
do esporte na escola” é o titulo do artigo 
escrito pelo educador físico Rodrigo 
Barbuio em que comenta sobre a 
importância da disciplina de educação fí-
sica na grade curricular do ensino básico e 
relata como a disciplina vem sendo tratada 
nas escolas.
Gilvânia Queiroz de Oliveira, Rosilene 
Freitas Minaré, Nêomia Aparecida de U. 
Bernardo e Luzia Luiza Moreira, alunas do 
6°semestre de Pedagogia da FAMA, no 
artigo “Educação de Jovens e Adultos:relatos de experiências” analisam a 
Educação de Jovens e Adultos da rede 
pública municipal da cidade de Iturama, 
realidade com a qual tiveram contato por 
meio de um projeto de extensão a 
sociedade realizado pela FAMA.
Abordando a temática da avaliação 
escolar e a busca por métodos, estratégias, 
instrumentos e práticas avaliatórias mais 
adequadas é também de autoria de 
discentes do 6semestre de Pedagogia o 
a r t i g o “ P r á t i c a s d e A v a l i a ç ã o d a 
Aprendizagem Escolar”. O texto tem como 
autoras as discentes Aparecida Francisca da 
Silva, Flaviana Ribeiro Costa, Helen Santos 
de Oliveira.
César de Mello Bechara (UNILAGO) e 
Eduardo Barbuio ( FAMA), com base no fato 
de haver a inda um alto grau de 
inacessibilidade quanto às novas mídias 
digitais e seus usos educacionais, escre-
veram o artigo “ WEB 2.0 e a construção 
coletiva do conhecimento”.
Discente do 6°semestre de Peda-
gogia realizando pesquisas sobre literatura 
infantil e alfabetização para seu trabalho de 
conclusão de curso de graduação, Nevilda 
Martha Dias Queiroz discute em seu artigo 
“O ensino da literatura infantil e sua 
contribuições para o desenvolvimento 
infantil” as inúmeras contribuição que a 
l i teratura infant i l oferece para o 
desenvolvimento social, emocional e 
cognitivo de crianças em fase de 
alfabetização.
A professora Kellen Cristine Almeida 
Mamede (FAMA) produziu o artigo 
Eduardo Barbuio
Editor e Revisor Revista Pedagogia em Foco
email: edubarbuio@msn.com
intitulado “Trabalhos de conclusão de curso 
“contribuição social””, e nele comenta a 
importância dos trabalhos de conclusão de 
curso e de conhecimento cientifico e a 
necessidade de expandir os conhe-
cimentos e descobertas obtidos com essas 
pesquisas a comunidade.
Naime Souza Silva (FAMA), no texto 
“Avaliação Institucional: propostas para a 
edificação de políticas educacionais de 
qualidade”, a pedagoga aponta a enorme 
importância de que as instituições de 
ensino superior se conscientizem sobre a 
necessidade da realização da avaliação 
institucional em busca de melhorias da 
qualidade das atividades desenvolvidas em 
faculdades.
Em suma, os textos quem compõem 
a terceira edição da revista, focam a 
temática das diversas interfaces da 
educação abordando variadas temáticas 
pedagógicas e preocupações da atuali-
dade, tendo como escopo despertar novos 
olhares para questões tão relevantes, mas 
que ainda precisam ser muito pensadas. 
Assim, esperamos que os leitores 
dessa revista, desde estudantes até 
profissionais, não só da área da pedagogia, 
mas sim da educação de maneira geral, 
reflitam sobre essa questão e possam, de 
alguma maneira, contribuir para que o 
profissional pedagogo tenha seu trabalho 
reconhecido. 
O tema "inclusão" está em moda.
Lamentavelmente é assim. A expressão da 
cultura educacional por estes lados do mundo exalta 
determinados modismos, assuntos da vez, temas 
emergentes e não raramente importantes, mas que 
por algum período são falados, escritos e discutidos 
por todos em toda parte, mas que não escapam de 
um certo ciclo vital que os relega para o esqueci-
mento tempos depois, como moda passageira. Foi 
assim com o "construtivismo", logo depois com o 
"construtivismo interacionista", depois com "as 
inteligências múltiplas", apareceram os tempos das 
"competências" e agora parece ser chegada a hora 
da inclusão. O assunto aparece com destaque em 
toda reunião pedagógica, as poucas revistas peda-
gógicas abrem-lhes edição especial, congressos e 
seminários são repetitivamente organizados para 
apresentá-los. Algum tempo depois, o tema da 
moda é por outro substituído e seus fundamentos 
prosseguem apenas para alguns poucos, refletidos 
neste ou naquele lugar. Agora o tema da moda é a 
inclusão.
A inclusão, abrindo direito à educação para 
todo aluno seja qual for sua dificuldade ou deficiên-
cia, em seu sentido mais amplo parece ser idéia que 
não admite contestação. Todo ser humano, por mais 
severas que sejam suas limitações é educável e a 
O AVESSO DA INCLUSÃO
Celso Antunes
escola verdadeira é toda aquela que a todos se abre 
e a todos oferece igual possibilidade de progresso, 
ainda que trabalhando de forma profissional e 
responsável as diferenças, sejam elas quais forem. 
Mas, nem por isso, a questão inclusiva escapa de 
uma análise crítica onde é possível aplaudir seu 
"lado direito", mas criticar com rigor seus excessos, 
protestar contra seus desvios. É esta a finalidade 
crítica deste artigo.
O lado direito da inclusão é aquele que fala 
de oportunidades para todos e que identifica a 
diversidade como forma de riqueza, jamais castigo. 
Esse mesmo lado enfatiza que todos somos essenci-
almente diferentes e que não são aceitas fórmulas 
para estabelecer a normalidade e a anormalidade. 
Anormal é crer que a diferença deve ser elemento 
de discriminação e assim a falsa escola elege quem 
acolhe como plausível e discrimina e afasta todos 
quantos se distanciam dos padrões de um critério 
grotesco, perverso e exclusivista.
O triste avesso da inclusão é a tolice de se 
crer que como não existe a anormalidade é essencial 
que todos se nivelem e, dessa forma, bons e ruins 
são semelhantes, esforçados e negligentes são 
iguais. De maneira sutil, mas persistente começa se 
instituir como verdadeiro valor da escola nos 
tempos de agora a crença absurda de que exaltar o 
bom implica em denegrir o fraco, aplaudir o esforço 
é extremamente perverso e segregacionista para 
quem é indolente.
Essa tolice afasta a educação brasileira das 
melhores do mundo e gera falsos argumentos para 
defender indolentes. Temos uma educação entre as 
piores do mundo? Paciência. É mais importante ser 
feliz que ser sábio, como se pudesse existir felicida-
de autêntica sem sabedoria; demonstramos redun-
Licenciado em Geografia, Especialista em 
Inteligência e Cognição e Mestre em Ciências 
Humanas pela Universidade de São Paulo. Autor de 
cerca de 180 livros didáticos consultor e autor em 
diversas revistas especializadas em Ensino e 
Aprendizagem. Como palestrante tem participado 
desde 1963 de Simpósios, Congressos e Seminários 
ministrados em todo o Brasil, América Latina e 
Europa.
07
dante fracasso esportivo nas Olimpíadas de 
Pequim? Paciência. Deus não quis que nossos 
atletas alcançassem o pódio. Ao refletir sobre a 
arrogância da exclusão, resolvemos incluir a todos 
para que o êxito de alguns, não magoassem o 
esforço dos demais e com essa mentalidade olha-
mos nossos fracassos não mais como alerta para 
providências, mas como contingência de que 
acolhemos heróis e vagabundos com igual distinção. 
Fracassar, errar, tropeçar e abandonar-se ao lazer 
deixou de ser prova de fraqueza e medida de acomo-
dação covarde para se transformar em valor digno 
de aplauso tão expressivo quanto se dedicar com 
afinco, buscar o sucesso sempre, planejar caminhos 
viáveis para conquistas sempre maiores.
O avesso da inclusão é se acreditar que 
fraqueza, insucesso e covardia é destino, não 
indiferença, preguiça ou omissão.
08
RECORTES SOBRE A HISTÓRIA DA
EDUCAÇÃO DE ITURAMA-MG
OS DIFERENTES SIGNIFICADOS
DESTE PASSADO
Léo Huber
Resumo: Os estudos e debates sobre a História da Educação no Brasil se encontram em fase de aprofunda-
mento e uma série de novas publicações traz contribuições importantes sobre os significados dos proces-
sos educativos escolares desenvolvidos nos país. Este artigo tem o propósito de contribuir com estes 
estudos embora esteja focado na experiência particular de uma única escola, a Escola Nossa Senhora de 
Lourdes, a primeira de Iturama/MG, com meio século de existência. Embora seja somente uma escola, 
buscou reunir os entendimentos de todos os sujeitos envolvidos no processo educativo, pais, alunos, 
professores, servidores e comunidade. O entendimento é que apesar do estudo ser restrito no campo de 
abordagem é representativo dos significados que toda a comunidade atribuiexperiência esco-
lar/educacional. As fontes trabalhadas na pesquisa centraram-se especialmente em depoimentos orais, 
situação a qual fomos obrigados pela precariedade de outras fontes de pesquisa, especialmente a escas-
sez do registro escrito. O uso das fontes orais, porém, estava previsto e parte do entendimento de que a 
memória dos sujeitos é recurso importante e indispensável e cientificamente aceito nos estudos históri-
cos. No artigo encontramos os significados atribuídos pelos sujeitos às diferentes experiências educativas 
proporcionados por propostas metodológicas que se sucederam ao longo do tempo. Suas representações 
e sentidos não são consensuais, podemos dizem que são até mesmo antagônicas em diversos dos aspec-
tos analisados.
PALAVRAS-CHAVE: educação; disciplina; metodologia; aprendizagem; professor.
INTRODUÇÃO
Este artigo foi elaborado a partir da parte das fontes de pesquisa reunidas pelo Projeto de Iniciação 
Científica do Curso de Pedagogia através do programa de bolsas do PIBIC/FAMA, no qual fui orientador das 
alunas Elisângela Maria Cavalcante e Maria José dos Santos Dantas. A pesquisa e este artigo se colocam 
dentro do debate sobre a história da educação e sua relevância, pois, os pesquisadores que se dedicam ao 
tema, ressaltam a carência de estudos neste campo específico e pretende contribuir, ainda que baseado na 
Mestre em História Social pela PUC/SP é também especialista em História do Brasil e docente nos cursos 
de Pedagogia e Direito na FAMA/MG e dos cursos de História e Serviço Social na UNIJALES/SP. 
Atualmente coordena pesquisas de iniciação científica vinculadas às duas instituições em que trabalha. 
09
experiência local, em compreender as práticas efetivas da educação que se deram na Escola Estadual Nossa 
Senhora de Lourdes, Iturama/MG, como estas atenderam as determinações das políticas de educação, de 
que forma a comunidade analisa seus resultados e quais sentidos lhes atribui.
O depoimento oral foi aqui largamente utilizado como recurso de investigação. No total, foram 
colhidos vinte e sete depoimento distribuídos entre alunos, professores e servidores da educação com o 
foco voltado aos períodos das décadas de 1950/60 e outro da década de 1990/2007. No caso dos nossos 
sujeitos de pesquisa, as narrativas são entendidas como expressão das experiências vividas nos vários 
tempos, especialmente as relacionadas com a escola e a compreensão que estes têm dos processos de 
ensino. Também será exercitada a percepção do lugar do entrevistador que intervém e interpreta 
(PORTELLI, 1997).
Adotar a experiência vivida pelos sujeitos sociais como referência principal de pesquisa, cujos dados 
são base deste artigo, está vinculada à compreensão de que essa ajuda a entender as visões de mundo e as 
ações dos sujeitos, que se fazem no cotidiano. A experiência é gerada na vida material, com valores culturais 
vividos dentro de um mesmo vínculo, onde não se separam o pensamento e a cultura material 
(LOWENTAHL, 1998). As experiências são experimentadas de formas diversas, porque como afirma 
Thompson, os sujeitos “... experimentam sua experiência como sentimento e lidam com esses sentimentos 
na cultura, como normas, obrigações familiares e de parentesco, e reciprocidades, como valores ou (através 
das formas mais elaboradas) na arte ou nas convicções religiosas” (THOMPSON, 1981).
O método de pesquisa aplicado compreende a realidade dentro de uma lógica dialética que se 
transforma na ação de forças objetivas e subjetivas e onde a sucessão de fases é parte integrante de um 
processo histórico, por sua vez, resultado do confronto de “unidade dos contrários” (DEMO, 1995).
Pode-se sintetizar o objetivo da pesquisa e deste artigo como uma discussão das experiências vividas 
por diferentes sujeitos que passaram pela escola onde cumpriram papel de alunos, professores, diretores 
ou colaboradores, para analisar e interpretar a ação educativa desempenhada pela escola ao longo de seu 
tempo e as mudanças que nela ocorreram especialmente nas propostas pedagógicas, da sua relação com a 
comunidade, visto que estas são elaboradas distantes das realidades locais. 
Iniciamos o desenvolvimento desta reflexão pelo grau de realização que a atividade educacional 
promove entre os profissionais desta área. As diversas profissões promovem graus de satisfação diferentes 
àqueles que se dedicam ao trabalho. Normalmente os professores expressam graus elevados de realização 
com os resultados obtidos na execução de suas tarefas. Uma das possibilidades desta ocorrência está 
vinculada à análise dos teóricos do trabalho (MARX, 1984) que entendem que os sujeitos quando se apropri-
am do resultado do seu labor ou pelo menos conseguem identificar com clareza o que produzem isto gera 
um grau maior de satisfação, pois percebem ali a sua realização enquanto planejadores da atividade, da sua 
execução e o produto é percebido como fruto de seu trabalho, neste caso, o resultado é o nível de desenvol-
vimento alcançado por seu alunos através das ações propostas e desenvolvidas pelo professor. O mesmo 
sentimento de satisfação é dominante entre os alunos sempre que estes dominam uma habilidade ou 
conhecimento. Nos estudos sobre a história da educação de Iturama isto é percebido em diferentes tempos 
mesmo com a aplicação de métodos de ensino diferenciados.
 [...] quando a gente não sabia uma matéria, i você queria sabê... I não tinha pra onde 
perguntá, só quando chegava à sala de aula, que a gente ficava feliz, que a gente 
fazia a pergunta para professor i ele respondia na altura que você queria. (OLIVEIRA, 
10
18/06/2007). 
O depoimento mostra a satisfação do aluno quando este tem sua dúvida respondia “na altura” pelo 
professor. O que importava ao aluno era a dúvida que uma vez resolvida resultava em felicidade do aluno e 
certamente o professor, ao proporcionar, este sentimento ao seu aluno, realiza-se em seu trabalho, pois ali 
está a razão de seu labor.
Souza no depoimento que segue expressa igualmente este seu sentimento de realização no momen-
to em que aprende: “Na escola... Deixa eu vê... Ah!... Quando eu... Aprendo uma coisa assim... Uma 
matéria que o professor... Explica eu consigo passar... Passa prus meu colegas o que eu...Consegui apren-
de...Eu gosto...” (SOUSA, 19/08/2007). Souza manifesta também que o fato dele dominar um conhecimen-
to transforma-o um sujeito capaz de “passar” para os colegas aquele conteúdo. 
Além do elemento da satisfação direta gerada pelo domínio do conhecimento, sua aquisição tem 
também um sentido projetado para o futuro e que do mesmo modo gera felicidade, pois com o conheci-
mento se acredita que as portas do emprego e da inserção social se abrirão. Ortelam, um estudante, fala 
disso: 
O que me deixa mais feliz é ter condição é... Vamos supor assim... Condição financei-
ra pra podê estuda, apesar de ser uma escola pública mais é... Mais pelo fato que eu 
gosto, mais o que me deixa mais feliz é isso... É ter condição entendeu... Ter condi-
ção pra estuda, ter condição mensal, financeira... Pra sempre ta aqui estudando... 
Sempre ta comprando o material... Mais isso (ORTELAN, 28/08/2007). 
Estudar, freqüentar a escola, adquirir conhecimentos, ainda que em escola pública, representa 
também um mínimo de recursos financeiros, nem sempre acessíveis a todos, para a aquisição de material. 
Ter este recurso significa a possibilidade de freqüentar a escola e ter acesso ao conhecimento que por sua 
vez apontam para a possibilidade de uma melhor inserção no mercado de trabalho. A menção a este recurso 
financeiro necessário ao estudo indica que esta é uma dificuldade para o depoente ou no mínimo esse 
conhece pessoas que devido à falta desta condição ficam impedidos acessarem o conhecimento por meio 
da escola. 
Em outro depoimento a falta de condições financeiras, embora se refira a um tempo mais distante, 
representou o fim do sonho de freqüentar a escola e dominar o conhecimento:“Mais triste... Foi à diretora 
falar pra mim que não podia mais mi dar meus material... (triste com semblante de choro) i ai eu tive que 
abandonar a escola...” (OLIVEIRA, 03/05/2007). Oliveira não cita diretamente da frustração de expectativas 
de uma melhor inserção social se tivesse conseguido continuar seus estudos, mas podemos aceitar que a 
tristeza citada no depoimento vai além da impossibilidade de estudar mais e que esta tem vínculo também 
com as oportunidades que ela acredita ter perdido. 
A questão financeira é lembrada também na narrativa de Garrido. Esta alia a questão financeira 
como algo que atormenta a vida do aluno aliado a outras questões que igualmente dificultam os estudos 
dos alunos.
A família já não tem tempo não tem recurso é desemprego e é miséria é vício que é 
tem atormento a vida familiar e esse aluno vai para escola com tudo isso na cabeça. 
Chega encontra uma professora estressada, num colega com outros tipos de 
problema, ou às vezes com o mesmo problema, pois dificulta muito a educação... 
11
(GARRIDO, 11/04/2007). 
O destaque da narrativa está para além da questão financeira e enfoca ainda questões como vícios 
presentes no seio familiar que, possivelmente por tudo isto teria uma relação entre seus membros marcada 
por dificuldades. O depoimento chama atenção para a vida do professor, que também estaria “estressada”, 
portanto não nas condições ideais para o exercício da atividade educacional, que segundo o depoimento 
sugere exige pessoas desestressadas.
Embora as realizações sejam marca importante na história da educação há outras ocorrências que se 
destacam e entre elas está a frustração como enfatiza o depoimento de Mamede: “É uma frustração que 
acontece ao contrário quando a pessoa foi aluno que agente procurou ensinar tudo de bom; agente vê que 
ele esta fazendo tudo ao contrário então é uma decepção muito grande...” (MAMEDE, 26/04/2007). O 
professor planejou sua atividade, executou da melhor forma que lhe foi possível, acreditou ter conseguido 
transmitir seu ensinamento ao educando, mas o êxito que esperava alcançar, segundo o depoimento se 
apresenta em forma de “decepção” ao ver que todo seu esforço, todo planejamento e trabalho não alcan-
çou o objetivo planejado. 
Se uma parte da frustração do professor na execução de sua atividade se deve a resultados não 
alcançados, outra parte está vinculada à falta de valorização e reconhecimento por parte das autoridades 
que são os responsáveis pelas políticas públicas. 
O que deixa triste na realidade o profissional da educação hoje é a falta de valoriza-
ção né, porque você vê um militar hoje aí, que tem (pensou) é o segundo grau 
concluído ele tá com salário muito melhor, do o professor que tem 18 anos de 
estudo né... Só que infelizmente o governo não reconhece isso, nem o governo e 
nem a escola particular e nem nada (RIBEIRO, 24/08/2007).
Ribeiro entende que a função de professor é no mínimo comparável a de “um militar” que segundo 
ele tem apenas o “segundo grau concluído”, mas tem uma remuneração “muito melhor”. Já o professor com 
muito mais estudo, “18 anos” segundo Ribeiro, não tem o mesmo reconhecimento por parte do governo e 
nem as escolas particulares que cobram mensalidades estariam, também segundo Ribeiro, valorizando 
devidamente o professor. O depoimento não faz referência ao assunto, mas é comum também um senti-
mento de que a educação é atividade essencial na sociedade e que por isto deveria ser mais bem reconheci-
da. 
Acima já se fez referências aos sentidos que são atribuídos à educação escolar. Além daqueles já 
lembrados há outros como o apontado por Machado: “É... A gente fica com uma... Mais aguçada, pra ver as 
coisas, pra prestar atenção nas coisas... Pra prestar atenção numa revista, num jornal, nas conversas...” 
(MACHADO, 01/06/2007). O enfoque está na abertura de visão e entendimento das “coisas” em conseguir 
“prestar atenção” nelas, pois elas estariam nas revistas, nos jornais, nas conversas. Seu entendimento 
sugere que a educação ajuda a identificar os sentidos dos acontecimentos e dos valores adotados na vida 
dos sujeitos e que este entendimento ajudaria a discernir entre o que deve e o que não deve ser valorizado, 
aceito ou atribuído importância. 
Diniz enfoca outro elemento que estaria na própria civilidade promovida pela educação escolar: 
“Uai eu, a gente não era civilizado né...(sorriu)...Aí... Foi onde eu aprendi... A ler, escrever e conhecer prestar 
12
atenção... Na cabeça dos outros, das pessoas, dos professor.. Isso fez parte da minha vida” (DINIZ, 
18/05/2007). O termo civilizado citado por Diniz como resultado de sua educação escolar tem os sentidos 
de bem-educado, bem-criado, de fineza, cortesia, elementos que teria adquirido com os conhecimentos e 
convivências da escola. Diniz é de um tempo em que poucos valorizaram ou tiveram acesso a educação 
escolar por falta de vagas ou por não reconhecerem ainda sua importância e o depoimento permite deduzir 
que este, por ter freqüentado a escola e adquirido a civilidade, se compare a outros do seu tempo que não 
vivenciaram a escola e que por isso não teriam conseguido superar sua condição de “atraso”. 
Ortelam enfoca outros valores da educação escolar hoje: 
Todo mundo precisa de educação hoje, todo mundo mesmo. Não tem como você... 
Saí daqui querer viajar, você trabalhar e num ter uma educação, como é que você 
vai associar que dinheiro que você tem, como é que você vai associar a sua vida sem 
educação, num tem jeito, é em tudo (ORTELAN, 28/08/2007). 
O depoimento enfoca a possibilidade de visitar outros lugares, conhecer regiões novas e diferentes o 
que, pela falta de estudos, poderia ser prejudicado pois uma viagem exige informações e forma de lidar com 
situações novas que quem não freqüentou a escola não teria, ou pelo menos este teria mais dificuldade. 
Refere-se também a “ter uma educação” e “vida sem educação”, afirmativas que se aproximam do que Diniz 
mencionou em seu depoimento ao falar de “civilizado”. 
Ter acesso à vida escolar está ligado também à possibilidade de realização de sonhos: 
O que estimula o aluno é a mesma coisa que estimula seres humanos qualquer é o 
sonho, a possibilidade de criar a partir de. A gente precisa voltar a ter esperança, 
esperança de vencer, a esperança de crescer, a esperança de fazer acontecer e são 
isso que estamos sem. Nós todos, estamos ficando... sem esperança de acreditar 
que o mundo vai melhor, que as oportunidade de trabalho vai crescer né. ...Então o 
que se faz é exatamente a esperança de fazer os nossos sonhos a realizado 
(CÂMARA, 10/09/2007).
O depoimento sugere que você estimula o aluno para a aprendizagem quando consegue vincular 
seu sentido e validade com a possibilidade de realizar seus sonhos, de ser um sujeito criativo e integrado 
socialmente. Novamente vincula a educação escolar com a oportunidade de trabalho e o trabalho que 
permite crescer e realizar sonhos. A realidade pode ser mais complexa que isto e a educação escolar pode 
não garantir a realização dos sonhos, pois sobre estes pesam também outros e importantes fatores sociais, 
porém o que a narrativa lembra é que sem o conhecimento tudo pode ser ainda mais complicado. 
O depoimento que segue fala justamente desta realidade social e que o conhecimento escolar pode 
não ser a garantia da realização dos sonhos. 
... E hoje o que era para o aluno o futuro, hoje ele num tem aquele estímulo que ele 
tem estuda, estuda cabe de estudar e cadê o emprego não tem. Então para acaba 
13
sem, fica complica para ele onde vou trabalhar porque eu preciso disso, aí ele vê 
tanto pessoa que não tem nada e cabe dando bem. Então vem a contradição que 
deveria dirigir o nosso País né, nosso político... (ALVES, 10/09/2007).
Alves na condição de aluno preocupado com seu futuro, com sua inserção no mercado de trabalho, 
reflete sobre uma realidade que atinge a muitos sujeitos com o desemprego e falta deoportunidade de 
inserção no mercado de trabalho. O tipo de narrativa sugere que os sujeitos que são referência para sua 
avaliação têm educação escolar, mas que esta não consegue garantir um emprego para eles. Esta realidade 
desmentiria na prática a crença de que o conhecimento escolar é a chave de acesso ao emprego gerando o 
desestímulo do aluno de prosseguir seus esforços e sacrifícios normalmente envolvidos na vida de alunos 
que muitas vezes são também ao mesmo tempo trabalhadores. 
O método de ensino ao longo da história da educação em Iturama acompanha o processo de mudan-
ças estimulado pelos estudos filosóficos e pedagógicos em nível nacional e que sistematicamente propõe 
nova metodologia. Contudo as percepções sobre as validades destas alterações propostas na metodologia 
de ensino não são consensuais entre os envolvidos nos processos educativos escolares. Machado narra 
como era o método de ensino em sua época:
Então, a gente aprendia e aquilo não sai mais. Eu sei muitos fatos históricos até hoje, 
que não saiu da minha cabeça, porque eu tinha que estudar... Aquilo era assim... Era 
decorado, tá certo que hoje é tão condenado, mas num saia mais da cabeça...Era 
parece que o método silábico, mas eu, isso é hoje que eu, que eu imagino que fosse, 
né... Deve se porque a gente soletrava... (MACHADO, 01/06/2007).
Machado não tem certeza sobre qual a denominação do método utilizado na sua formação escolar, 
desconfia, por ouvir falar que se tratasse do método silábico. Mas aponta que era exigida que as lições 
fossem decoradas a tal ponto que esta fixava as lições em sua memória que “num saia mais da cabeça”. A 
narrativa destaca especialmente fatos históricos que decorou dos quais lembra de muitos “até hoje”. 
O método daquela época... Nós por exemplo estudava his... É história geral... Do... 
Do Brasil todo, nós estudava é geografia o mapa... Geográfico todinho, nós estudá-
vamos tabuada que infelizmente hoje na educação, não tem tabuada, hoje um... 
Um menino que saia naquela época da quarta série... Hoje vale pro segundo grau... 
Nós tínhamos e os professores de português e de matemática, era um só.. 
(OLIVEIRA, 18/06/2007).
O depoimento de Oliveira também nos permite deduzir que o método utilizado fosse o de memori-
zação dos conteúdos. Faz referências aos estudos de história e geografia, mas foca especialmente a tabuada 
e faz referência que hoje “não tem mais tabuada”. É provável que Oliveira tenha conhecimento que a 
tabuada continua sendo estudada no ensino de matemática, o que nos permite inferir que sua referência é a 
forma como esta era ensinada e exigida sua memorização nos tempos em que ela estudou um tempo em 
que o conteúdo tinha que ser decorado.
 
14
No depoimento de Barbosa podemos identificamos outra característica do método utilizado em seu 
tempo de escola:
E se era aula de ciências era só matéria de ciências. Explicava e depois fazia as 
perguntinhas devido a explicações, e em seguida dava um ditado de palavras, há 
tinha a ficha da escola para fazer as copias. Usava a cartilha. E depois ainda cantava 
umas músicas com as crianças. Contava historinha. As criancinhas participavam de 
tudo e obedecia. (SILVA, 18/05/2007). 
Atualmente o entendimento dominante na pedagogia é o estudo por meio de temas abordados de 
forma interdisciplinar. O foco pedagógico anterior estava na separação clara dos conteúdos das diferentes 
áreas de conhecimento. A indicação de que “aula de ciência era só aula de ciência” aponta para esta caracte-
rística, além de limitar as possibilidades de abordagens dos estudos desenvolvidos, pois estes eram orienta-
dos pela “cartilha”. O apego à cartilha certamente devia ser tão forte que originou até o ditado popular “reza 
pala cartilha” para se referir a alguém que reproduz fielmente as ordens ou normas impostas por um indiví-
duo ou empresa. Cabe também enfocar o destaque de Barbosa ao dizer que “as criancinhas participavam de 
tudo e obedecia”, sugerindo que havia disciplina e a existência de outros valores e comportamentos. 
Normalmente o emprego de métodos fechados como o da cartilha e estudos descontextualizados são 
questionados por não motivarem o aluno, contudo, o fato das crianças participarem, dá a entender que 
haviam outros elementos que geravam este comportamento, possivelmente o rigor da disciplina e da 
autoridade exercida pelo professor, abordados abaixo.
Embora o método que privilegia a memorização dos conteúdos seja considerado ultrapassado na 
pedagogia atual, professores que trabalharam com este método não estão convencidos de que ele seja 
impróprio: 
Assim à medida que ia passando os dias tava sempre modificando os métodos... 
Mas eu continuo afirmando que de todos que eu já conheci até hoje o melhor é o 
silábico. Porque ele dá a chance do aluno conhecer, memorizar... Letra por letra e 
juntar uma com a outra, formando palavras i logo em seguida sentem... . 
(RODRIGUES, 06/08/2007). 
O depoimento enfoca que memorização é também uma forma de conhecimento e por este método 
exigir que o aluno memorizasse os conteúdos escolares Rodrigues entende que era não só adequado, ma 
até mesmo mais eficiente.
Contudo os novos métodos adotados também têm seus méritos reconhecidos:
O que acontece é o seguinte, os professores... Eles até agora estão adotando os 
novos métodos de ensino, onde ta assim é... Chamando mais a atenção do, do 
aluno, pra pode aprender né... Eles usam métodos tanto é... Métodos assim... 
Como que eu vou dizer alegres né... Qui... Pode que é o qui chama bem a atenção 
dos alunos mesmo são esses métodos... (VENTURA, 03/09/2007). 
15
Ventura aponta o esforço dos professores que atualmente se empenham em estimular o aluno e 
fazer com que a atividade estudantil não seja algo que desagrade ou que exija muito sacrifício. Isto é aponta-
do em sua narrativa ao apontar que os métodos utilizados buscam a aprendizado sem o abandono da alegria 
o que sugere que a atividade estudantil pode ser prazerosa, justamente como enfoca ventura “chama bem a 
atenção dos alunos”.
As novas propostas metodológicas de ensino ainda que destaquem a atividade estudantil como uma 
atividade prazerosa não garante que a prática do professor seja adequada. O depoimento abaixo aponta 
para ações de professores que estão na contramão do que atualmente é aceito como uma ação pedagógica 
adequada: 
A forma de ensinar hoje é, é a prática, e o aluno e a professora chega na sala, faz uma 
explicação de dez minutos, passa na lousa você copia e responde.Eu acho que... Eu 
num gosto, dessa forma, porque eu acho que o aluno num, num tem a capa... Alguns 
alunos num tem a capacidade de associar nada em dez minutos... (ORTELAN, 
28/08/2007). 
Ortelan é aluno que vive esta experiência em sala de aula e da forma com discorre sobre o assunto 
sugere que esta não seja uma prática de uma professora apenas, mas uma prática recorrente das professo-
ras de diversas áreas de conhecimento visto que ele não aponta nenhuma exceção. É possível crer que 
Ortelan seja benevolente ao afirmar que “alguns alunos” não assimilam os conteúdos apresentados desta 
forma, pois, como ele fez questão de registrar esta prática, é provável que ele perceba que a dificuldade de 
assimilação seja geral. 
Mais um aspecto que chamou-nos a atenção e merece ser analisado é o controle disciplinar nas 
escolas e onde se identificam uma série representativa de mudanças. Muitos certamente já ouviram relatos 
sobre os controles disciplinares rigorosos adotados também em Iturama no final da década de 1950 e anos 
seguintes. O relato de Queiroz impressiona pela clareza e tranqüilidade com que aborda práticas que nos 
comovem hoje, mas que eram comuns em seu tempo: 
Era isso aí, e castigo... Tinha assim fazer aquelas bata... Chamadas batalhas, vamos 
fazer uma batalha de tabuada escrita. E a gente nunca que ia estudar, chegava lá o 
professor ia tomar... Quem não desse conta ia joelhar em cima de grãode milho, e se 
você tava conversando, eu lembro, que tinha uma professora ....ela pois uma vara... 
De amora... Imensa assim que alcançava cá, se agente conversava... Varada, e tudo 
era normal sabe, mãe não importava, professora podia bater, podia por de castigo... 
Era isso aí método era... (QUEIROZ, 23/04/2007) 
16
Diferentes elementos estão presentes no relato acima. Um deles fala sobre as motivações artificiais 
usadas para que os alunos se empenhassem na assimilação dos conteúdos. São o que ela denomina de 
“batalhas”, prática na qual uma classe de alunos era dividida em grupos menores de disputavam entre si 
quem obtinha maior número de acertos, muitas vezes acompanhado de premiação ou no mínimo reconhe-
cimento público da conquista. Além disso, as práticas de “joelhar em cima de grão de milho” ou “varada” “de 
amora” “imensa assim” “era normal” “podia bater, podia por de castigo”, supõe-se hoje, devem ter provoca-
do efeito aterrador e traumatizante sobre os alunos, embora Queiroz enfoque que “era normal” na época 
em que este recurso era comum. 
Rodrigues faz referência a outro instrumento disciplinador ou motivador de uso repetitivo nos 
primeiros anos da vida escolar em Iturama:
A tinha, naquele tempo era mais rebelde... Naquele tempo o professor tinha 
autonomia de bate no aluno... Se entendeu, existia um aparelhinho chamava de 
palmatória...É uma tabinha redonda assim duns três centímetros de espessura, com 
cinco buraquinho... Quando a gente num sabia tabuada... Elis batia aquela... Aquela 
palmatória na mão assim. Então a pele da mão da gente chupava naquele buraqui-
nho. Ficava as marcas na mão só que também era uma, duas veis você num queria 
mais no outro dia você tava craque... (RODRIGUES, 06/08/2007). 
Além de mencionar o uso da palmatória como instrumento disciplinador o chama a atenção é a 
narrativa clara e contundente como se fosse algo vivido há pouco tempo ou como se ainda estivesse vendo 
como “a pele da mão da gente chupava naquele buraquinho” e se ela própria não foi vítima da palmatória, 
certamente tem viva em sua memória a lembrança da dor manifestada por colegas quando usado contra 
eles. A descrição do fato também lembra o efeito produzido pela palmatória no aluno, que este, depois de 
“uma, duas veis você num queria mais no outro dia você tava craque...”. A existência da possibilidade do uso 
da palmatória, ainda que suponhamos não fosse tão comum, mesmo assim, o simples fato de a professora 
estar autorizada a fazer uso dela, provavelmente gerava um temor permanente nos alunos que os levava a 
estudar e a estar “craque” quando cobrados no domínio do conhecimento repassado. Esta é uma situação 
que mudou nas últimas décadas:
 
Não é... Hoje em dia castigo não existi né, uma até por que... Foi criada as leis né 
onde... o professor hoje num pode... discipliná um aluno, porque se o professor 
discipliná um aluno ele tá errado... Então hoje... nesse ponto de... disciplina, isso 
hoje num existe. Hoje chegou ao ponto de aluno disrespeitá professor até mesmo... 
aluno agredi professor e o professor num podê faze nada, porque senão ele tá 
errado (VENTURA, 03/09/2007). 
A observação de Ventura é de que o castigo já não existe e seu uso decaiu porque foram criadas leis, 
17
primeiramente sugere que o abandono do castigo foi imposição externa motivada por uma nova legislação 
e não uma nova compreensão do pedagogo que efetivamente atua na sala de aula. O professor não pode 
castigar pois a lei entende que, neste caso, “ele ta errado”. Por outro lado, ainda segundo o entendimento de 
Ventura, a nova situação criou problemas sérios em relação a disciplina “que isso hoje não existe”. Aponta 
para uma relação em sala de aula onde o professor é desrespeitado pelo aluno que chega a agredi-lo. 
O depoimento de Mamede segue no mesmo sentido:
Na disciplina mudou tudo hoje o aluno tem direito e o professor não pode nada... 
...O professor perdeu a autonomia de corrigir o aluno, perdeu a autoridade, a 
autonomia não pode fazer mais nada. Então os alunos não são muito bem orienta-
dos. (MAMEDE, 26/04/2007). 
A indicação é de que o professor está sem um instrumental adequado para conseguir o que ela 
chama de “corrigir o aluno”, pois a falta do recurso do castigo teria tirada a autoridade do professor. Os 
depoimentos apontam um conflito em relação às novas propostas pedagógicas que propõe uma ação 
diferenciada na educação daquela utilizado no passado, que, mesmo que esteja correta, não foi assimilado 
pelos professores o que produz resultados igualmente negativos. A lei que limitou a ação repressiva do 
professor também é percebida nos depoimentos como uma imposição de quem não vive a realidade da sala 
de aula ou no mínimo, que quem entendimento diverso daquele apontado pelos depoentes. 
Ribeiro, no testemunho abaixo aponta para uma possível falta de “gabarito” para o professor conse-
guir resultados melhores: 
Aluno tem determinada liberdade, só que ele tem que ter também obrigações né, 
que não existe. Então você dá a liberdade não tem como cobrar o que é de obriga-
ção dele então. O que eu tenho notado é justamente isso ai, então e os profissionais 
que tem realmente facilidade de comunicação que tenham certo gabarito eles 
conseguem manter certa disciplina na sala de aula, mas a maioria num tenham 
conseguido não (RIBEIRO, 24/08/2007).
Contudo, não seria somente a falta de gabarito, estaria também havendo uma falta de compreensão 
da liberdade que o aluno conquistou e que foi incorporada no sistema escolar. Segundo Ribeiro haveria um 
entendimento que ter liberdade seria também a ausência de obrigações. O depoimento a seguir aponta 
também uma dificuldade de entendimento do que representa “essa liberdade hoje”:
O que é essa liberdade hoje, o aluno acha que é tudo e não é. Liberdade também 
tem regra, tem limites. Eles acham que pode tudo. Ele só quer vantagem, ele só 
pensa em direitos ele acha que pode que pode. Mai não é bem assim, ter a liberdade 
18
quer dizer controlável, é o que ta faltando é que estamos falando, faltando talvez à 
disciplina se perca por esse acesso de liberdade, num digo acesso de liberdade. É eu 
acho que é a falta de saber a aonde... até onde vai à liberdade (ALVES, 10/09/2007).
Alves aponta não somente para um entendimento onde a liberdade estaria sendo entendida como 
uma falta de obrigações, mas também de um sentimento onde tudo é permitido, portanto sem regras nem 
limites. O depoimento sugere que uma melhor compreensão do que representa a liberdade que hoje se tem 
poderia contribuir na recuperação da disciplina na escola e uma melhoria no ensino/aprendizagem. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O artigo poderia se estender por mais uma série de outros depoimentos para a análise de outros 
aspectos apontados nos depoimentos gravados durante o projeto de iniciação científica ou presente nos 
documentos da escola Nossa Senhora de Lourdes, também analisados durante esta pesquisa. Contudo, a 
delimitação de tamanho de um artigo científico nos impõe o fechamento. O que queremos destacar final-
mente, é que o processo educativo é um processo polêmico de debates entre propostas pedagógicas 
diferentes, onde não há certeza dos resultados. Pedro Demo nos diz que em ciências sociais nunca temos a 
certeza do resultado (DEMO, 1981). Os filósofos pragmáticos americanos há muitos já nos indicavam que as 
verdades só estabelecem mediante a verificação dos resultados (WILLIAM, 1942). Podemos aqui aplicar o 
mesmo entendimento sobre as propostas pedagógicas que se podem ser efetivamente avaliadas na sua 
validade mediante os resultados que produzem. E é no debate dos resultados dos diferentes métodos 
pedagógicos que a polêmica se estabelece. Os métodos atuais são questionados por aqueles que vivencia-
ram outros métodos exatamente nos resultados. Apontam baixo aproveitamento escolar, pouca prepara-
ção para a vida social e insuficiente preparação até mesmo para sua inserçãono mercado de trabalho. 
Certamente devemos considerar também as condições em que se aplicam os métodos de ensino e que tem 
efeitos sobre os resultados. Um dos aspectos particularmente relevantes e que podem influenciar nos 
resultados obtidos por qualquer proposta metodológica está presente nos relatos e apontam para a desva-
lorização do educador na sociedade atual representado, entre outros elementos, por uma falta de reconhe-
cimento revelado principalmente pelos baixos salários percebidos pelo professor. Os sentidos das diferen-
tes propostas metodológicas presentes na história da educação escolar de Iturama, conforme apontam os 
depoimentos, ainda estão em processo de construção e se alteram conforme novas questões são colocadas 
e, entre os sujeitos envolvidos, não há consenso de que atualmente aplica-se um método escolar correto e 
adequado para os desafios dos tempos atuais.
REFERÊNCIAS 
DEMO, P. Metodologia Científica em Ciências Sociais. São Paulo: Atlas, 1981.
19
WILLIAM, James. A Filosofia de William James Seleção das Suas Obras Principais. São Paulo: Nacional, 1943.
LOWENTAHL, David. Como Conhecemos o Passado. Projeto História, nº18. São Paulo: EDUC, 1998, pp. 63-
180.
PORTELLI, Alessandro. O que faz a história oral diferente. Projeto de História nº 14, São Paulo: EDUC/FAPESP, 
1997, pp. 25-39. 
MARX, K. O Capital. 9.ed. São Paulo: DICEL, 1984.
THOMPSON, E. P. A Miséria da Teoria, Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
ORAIS
ALVES, Dedival Francisco. Recortes Sobre a História da Educação – Iturama/MG – 1954-2007. Depoimento 
gravado na residência de Alves, por Maria José Santos Dantas. Iturama, 10/09/2007. 
CÂMARA, Dulcinéia Regina. Recortes Sobre a História da Educação – Iturama/MG – 1954-2007. Depoimento 
gravado no local de trabalho de Câmara por Maria José Santos Dantas. Iturama, 10/09/2007. 
DINIZ, Arédio Pádua. Recortes Sobre a História da Educação - Iturama/MG - 1954-2007. Depoimento 
gravado na residência de Diniz por Elisângela Maria Cavalcante. Iturama, 18/05/2007.
GARRIDO, Dalva Barbosa. Recortes Sobre a História da Educação – Iturama/MG – 1954-2007. Depoimento 
gravado na residência de Garrido por Maria José Santos Dantas. Iturama, 11/04/2007. 
MACHADO, Sônia Dias Faria. Recortes Sobre a História da Educação – Iturama/MG – 1954-2007. 
Depoimento gravado na residência de Machado, por Maria José Santos Dantas. Iturama, 01/06/2007. 
MAMEDE, Maria do Carmo. Recortes Sobre a História da Educação – Iturama/MG – 1954-2007. Depoimento 
gravado na residência de Mamede por Maria José Santos Dantas. Iturama, 26/04/2007. 
OLIVEIRA, Emídio Rodrigues. Recortes Sobre a História da Educação - Iturama/MG - 1954-2007. 
Depoimento gravado no local de trabalho de Queiroz por Elisângela Maria Cavalcante. Iturama, 
18/06/2007.
ORTELAN, Yuri Piardi. . Recortes Sobre a História da Educação – Iturama/MG – 1954-2007. Depoimento 
gravado na escola onde Ortelan estuda, por Elisângela Maria Cavalcante. Iturama, 28/08/2007.
QUEIROZ, Dilá Rosa. Recortes Sobre a História da Educação - Iturama/MG - 1954-2007. Depoimento gravado 
na residência de Queiroz por Elisângela Maria Cavalcante. Iturama, 23/04/2007.
RIBEIRO, Antônio Domingos. Recortes Sobre a História da Educação – Iturama/MG – 1954-2007. 
20
Depoimento gravado na residência de Ribeiro, por Maria José Santos Dantas. Iturama, 24/08/2007. 
 
RODRIGUES, Eunice Maria Urzedo. Recortes Sobre a História da Educação - Iturama/MG - 1954-2007. 
Depoimento gravado na residência de Rodrigues por Elisângela Maria Cavalcante. Iturama, 06/08/2007.
SOUZA, Heloisa Martins. Recortes Sobre a História da Educação – Iturama/MG – 1954-2007. Depoimento 
gravado na residência de Sousa por Elisângela Maria Cavalcante. Iturama, 19/06/2007.
SILVA, Zaida Barbosa. Recortes Sobre a História da Educação – Iturama/MG – 1954-2007. Depoimento 
gravado na residência de Silva por Maria José Santos Dantas. Iturama, 18/05/2007. 
VENTURA, Wednesdey Araújo. Recortes Sobre a História da Educação – Iturama/MG – 1954-2007. 
Depoimento gravado na escola onde Ventura estuda, por Elisângela Maria Cavalcante. Iturama, 
03/09/2007.
21
JOGOS E CONHECIMENTOS
SISTEMATIZADOS
Luzia Magna Soares Alvarenga
Fabiana Rodrigues F. Lima 
Francisca Eva da Silva
Maria Aparecida Lio 
Maria Guilhermina R. D. Barbosa 
RESUMO: O presente artigo pretende apresentar aos educadores e demais interessados a importância dos 
jogos e proporcionar reflexões a respeito da utilização destes na sala de aula, com a finalidade principal de 
funcionamento como elemento motivador do aluno em sua aquisição de conhecimentos sistematizados. 
Faz a classificação dos jogos, definindo-os e identificando os objetivos propostos em cada uma das ações 
efetivadas e bem realizadas. Ele trata da importância da qualificação do professor e o seu conhecimento em 
saber distinguir qual jogo é mais adequado a determinado aluno, e/ou turmas de alunos. Contundo, ele 
considera aqui o grau de influência da modernidade e tudo que esta proporciona, focalizando a tecnologia 
como uma conquista para os indivíduos de diversas faixas etárias. Nesse sentido versa sobre os muitos 
benefícios que os jogos trazem quando usados como instrumentos de trabalho numa tentativa de lazer e 
produtividade tanto para os envolvidos no processo tanto para manter a harmonia no ambiente 
educacional. Enfim o artigo trata das ações de um bom educador e de sua disposição em reconhecer e 
revisar todas as possibilidades encontradas em determinado jogo para melhor adequar o seu trabalho 
pedagógico objetivando atingir o maior grau de sucesso no que se almeja alcançar. As idéias de Piaget e 
Vygostsky são apresentadas com o intuito de fornecer embasamento teórico aos conceitos presentes no 
artigo no que se refere à importância dos jogos e o seu caráter interativo.
PALAVRAS-CHAVE: jogos; ensino-aprendizagem; ambiente educacional.
INTRODUÇÃO
Considerando a atual situação da vida moderna e levando em conta o sufoco causado pelo acúmulo 
de informações através das constantes transformações em todos os setores e aspectos as quais o homem 
deve selecionar e analisar acredita-se que os elementos lúdicos advindos de atividades envolvendo jogos 
Alunas do 6º semestre do curso de Pedagogia da Faculdade Aldete Maria Alves de Iturama-MG.
22
funcionam como fios condutores no resgate de sensibilidades, preparando o terreno das emoções para que 
as práticas pedagógicas se transformem em sementes férteis e saudáveis, as quais, neste terreno irão 
germinar produzir frutos e conseqüentemente perpetuar os sentimentos característicos da harmonia 
humana. 
Fornecer situações prazerosas faz com que os alunos desprendam de possíveis amarras, daí o fato de 
diversos autores salientarem a importância da ludicidade no processo de construção de conhecimento. 
Snyders (1986) defende que quando se ama o mundo, esse amor ilumina e ajuda revelá-lo, a 
descobri-lo. O amor não é diferente do conhecimento, pois este pode ser sentido e tornar em alegria o 
prazer de compreender.
Afirma RIZZO (1997) não há aprendizado sem atividade intelectual e sem prazer.
Segundo MEDNICK (1983) se não há aprendizagem sem o lúdico, a motivação, através do ludicidade 
parece ser uma boa estratégia no auxilio da aprendizagem.
Fica, portanto bem evidenciado a grande necessidade que os indivíduos têm tanto de aprendizagem 
quanto de motivação para um bom desempenho ao realizar suas funções e ambas estão ligadas de modos 
intrínsecos, pois a motivação sem a aprendizagem se torna um elemento neutro ou nulo, assim como a 
aprendizagem sem a motivação pode ser adormecida tomada por um sono profundo e eterno.
O educador que propõe jogos aos seus alunos ajuda na construção de conhecimentos e ainda 
permite que tragam de suas vivências sua realidade e seus jogos, sendo assim um valorizador de bagagem 
cultural que todos possuem. Portanto o desafio maior está em enxergar as potencialidades dos alunos, dar 
asas e deixar voar aimaginação e a criatividade singular de cada um. 
Para obter maior êxito nada melhor que considerar os dizeres de Wittgenstein (apud Huizinga, 1940, 
p. 209) em seu livro “Homo Ludens”. “O jogo fornece uma chave hermenêutica excelente para o estudo da 
natureza da linguagem, a qual, em seu juízo é essencialmente um jogo de sons ou mesmo de outros signos”. 
Explicando melhor, diria que os jogos possuem capacidades comunicativas que se dão de várias 
formas, realizando atividades com jogos o homem pode ao mesmo tempo usar o corpo e as expressões 
lingüísticas, as quais estando contextualizadas fazem com que o homem possa realizar-se, e o melhor, ter a 
oportunidade de ressignificar a própria linguagem falada e escrita. 
Os jogos em geral estão presentes na vida dos seres humanos desde os tempos mais remotos, e 
estes, são amplamente aceitáveis não só na infância como em diversos momentos ao longo de suas vidas, 
pois, de algum modo influenciam todas as faixas etárias. 
Considerando tantas relevâncias diria que, jogando o ser humano estará construindo algo com 
maior ou menor intensidade, e ao contrário do que muitos pensam quem joga jamais encontra ociosidade, e 
sim, momentos positivos, que, de algum modo estarão sendo positivamente aproveitados para sua 
formação social enquanto cidadão.
Para KISHIMOTO (1999) a formação lúdica possibilita ao educador conhecer-se como pessoa, saber 
de suas possibilidades, desbloquearem resistências e ter uma visão clara sobre a importância do jogo e do 
brinquedo para a vida da criança.
É nesse sentido que se deve observar com mais atenção o que ensinar aos alunos, que tipo de 
cidadãos se pretende formar, por que é através de jogos e brincadeiras que cada um se desenvolve e tem a 
sua identidade formada.
O bom uso dos jogos em aula requer que tenhamos uma noção clara do que queremos explorar ali e 
fazê-lo. É importante direcionar para quem, onde e para qual realidade vamos aplicar os jogos. O ato 
23
de brincar proporciona a construção do conhecimento de forma natural e agradável; é um grande 
agente de socialização; cria e desenvolve a autonomia (CUNHA, 2001, p.14).
O PAPEL DO JOGO NA EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS
Com relação ao jogo Piaget (1998) acredita que ele é essencial na vida da criança. De início tem-se o 
jogo de exercício que é aquele em que a criança repete uma determinada situação por puro prazer, por ter 
apreciado seus efeitos.
Em torno dos 2-3 e 5-6 anos nota-se a ocorrência dos jogos simbólicos, que satisfazem à necessidade 
da criança de não somente relembrar mentalmente a realidade.
Em período posterior surgem os jogos de regras, que são transmitidos socialmente de criança para 
criança e por conseqüência vão aumentando de importância de acordo com o progresso de seu 
desenvolvimento social. Para Piaget, o jogo constitui-se em expressão e condição para o desenvolvimento 
infantil, já que as crianças quando jogam assimilam e podem transformar a realidade.
Segundo ROBLES (2007) foi necessário um longo período até se chegar nestas conclusões e a 
brincadeira ser levada como algo “sério”. 
Hoje, esta importância e seriedade em relação ao tema podem ser expressas através do advento das 
brinquedotecas, dos congressos cujo tema central é jogos infantil, do crescente número de artigos e 
trabalhos científicos com base no estudo de brincadeiras, etc. Na educação, não se pode deixar de se referir 
ao Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) que ressalta a importância brincadeira 
quando afirma que educar significa “propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens 
orientadas”. 
Para VYGOSTSKY (1998) o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e as funções psicológicas 
superiores são construídas ao longo dela. Ele estabelece fases para explicar o desenvolvimento como Piaget 
e para ele o sujeito não é ativo nem passivo: é interativo.
A criança usa as interações sociais como formas privilegiadas de acesso a informações: aprendem à 
regra do jogo, por exemplo, através dos outros e não como o resultado de um engajamento individual na 
solução de problemas. Desta maneira, aprende a regular seu comportamento pelas reações, quer elas 
pareçam agradáveis ou não (VYGOTSKY, 1998).
O jogo permite uma assimilação e apropriação da realidade humana pelas crianças já que este não 
surge de uma fantasia artística, arbitrariamente construída no mundo imaginário da brincadeira infantil; a 
própria fantasia da criança é engendrada pelo jogo, surgindo precisamente neste caminho pelo qual a 
criança penetra na realidade. É dentro deste contexto que se pode afirmar que o jogo constitui a primeiro 
trabalho da criança, tanto é que Henry Barbusse afirma “Os jogo infantis são graves ocupações. Apenas os 
adultos brincam.”
Além de serem considerados como agentes de diversão, motivação, agora é importante que se 
ressalve que, já é comprovado e bem divulgado seu aspecto funcional como facilitador da aprendizagem, 
pois utilizado adequadamente como ferramenta institucional pode facilitar tanto no que se refere a uma 
melhor prática por parte do docente quanto no quesito apreensão e aumento da capacidade de retenção 
dos alunos do que foi proposto, isso se dá devido os jogos oferecerem oportunidades de ação e reação 
exercitando suas devidas funções mentais e intelectuais.
24
25
Trabalhados nesse sentido, os jogos oportunizam o reconhecimento e entendimento das regras, dos 
limites, o caminhar dentro do contexto e permitindo novos juntamente com a elaboração de novas regras 
que enquadrem nestes. Através dos jogos os indivíduos adquirem autonomia, expressam sua criatividade, 
demonstram sua originalidade, além de que possibilitam a simulação e experimentação de situações 
perigosas ou proibidas que ocorram no cotidiano, já que estes participam do mundo do faz de contas, 
mundo este que traz oportunidades de enfrentarem os desafios sem se ferir e ainda encontrando espaço e 
momento para o entretenimento.
Quando estes jogos se tratam de elementos usados nas estratégias escolares para a transmissão de 
conhecimentos e saberes ou conteúdos sistematizados, são, portanto definidos como jogos educacionais, 
ou seja, instrumentos que o professor utiliza para melhor transmitir conteúdos e conseqüentemente 
melhor serem apreendidos por parte dos alunos.
Todavia (no que se referem às especificidades da educação, há muita discussão quanto às definições 
dos jogos) Dempsey, Rasmussem e Lucassem (1996), citados por Botelho, defendem que os jogos 
educacionais “se constituem por qualquer atividade de formato instrucional ou de aprendizagem que 
envolva competição e que seja regulada por regras e restrições” (BOTELHO, 2004). 
Complementando é melhor que se frise que, jogos educacionais são todos aqueles que puderem ser 
aplicados e utilizados visando atingir o alcance de algum objetivo específico na educação salientando 
também que estes devem ser bem embasados tanto teoricamente quanto pedagogicamente. Outro fator 
de suma importância é a disponibilidade do professor em analisar cuidadosamente todos os materiais que 
serão utilizados para que o objetivo que se propõe alcançar se dê da melhor forma e com maior grau de 
intensidade.
Conhece-se muito pouco de comportamentos de crianças em situações de escolha livre, muito 
embora, estas situações sejam muito freqüentes no cotidiano das escolas, uma vez que as educadoras 
disponibilizam brinquedos e sucatas e deixam as crianças brincarem livremente nas situações não 
estruturadas (MARTINEZ, 2005). 
Neste contexto, ressalta-se a importância do adulto como responsável pela escolha dos materiais 
escolares e atividades que serão desenvolvidas em sala de aula e como o responsável em gerar condições 
para que a criança possa escolher as atividades e materiais preferidos. Citado por (MARTINEZ, 2005; 
OLIVEIRA, 1990; FONSECA, 2003; PONTES 2003).
Seja qual for o jogo educacional que se pretende utilizar, a grande relevância sefaz em torno do 
desempenho e atenção do professor, pois estes materiais pedagógicos jamais deverão ser utilizados sem o 
conhecimento prévio dos mesmos por parte do professor, principalmente no que se referem aos princípios 
teórico-metodológicos, os quais devem ser claros e bem fundamentados, inclusive aqueles que são 
necessários à utilização de recursos tecnológicos. È dentro deste contexto que está o grande desafio e a 
necessidade do professor estar sempre reciclando, capacitando e atualizando para trabalhar com 
desenvoltura nos chamados jogos do momento, É responsabilidade e dever do educador identificar quais 
são os objetivos presentes em determinado jogo e quais as reais condições de alcançá-los.
Contudo, o desenvolvimento de jogos educacionais envolve a escolha de um tema, o público alvo e 
objetivos. Além disso, é preciso ter um esboço de como o material será organizado. Bittencourt e Giraffa 
(2003) definem que No planejamento de jogos e simulações é de vital importância definir e fixar os objetivos 
da atividade, a determinação do contexto desejado para a mesma, a identificação dos recursos utilizáveis 
para se alcançar os objetivos finais e a determinação da seqüência de interações. 
26
Atualmente, existem no mercado, alguns softwares que possibilitam a criação de jogos 
educacionais, com destaque para o Hot Potatoese o Macromedia Flash MX. Ambos não foram 
desenvolvidos especialmente para a criação de jogos; contudo, devido à combinação de interfaces 
intuitivas com barras de ferramentas que possibilitam a inserção de imagens, sons, vídeos e botões 
interativos, é possível a criação de jogos por alunos e professores, possibilitando que os mesmos possam ser 
criados de acordo com suas necessidades e realidade.
CLASSIFICAÇÃO DOS JOGOS
Os jogos em geral são classificados de acordo com seus objetivos e dentre os inúmeros podemos 
citar os de ação, aventura, lógico, estratégicos, rolplaying games etc. Os jogos de ação auxiliam dentre 
muitos aspectos o desenvolvimento psicomotor atuando nos reflexos e na rapidez de pensamento. Os de 
aventura são ótimos simuladores de situações em que são impossíveis de serem vivenciadas em sala de 
aula, como acontece nos experimentos químicos e nas situações de desastres ecológicos. Já os jogos lógicos 
são ótimos desafiadores da mente humana oferecendo limites para que os usuários finalizem tarefas. 
Os jogos estratégicos funcionam como excelentes facilitadores para o desenvolvimento focando na 
sabedoria e habilidades para o negócio. Com referência aos jogos de role-playing games (R P G) nestes o 
indivíduo controla um personagem em um ambiente. Através destes os jogadores interagem seus 
personagens com outros que estão no ambiente virtual, podendo ser uma situação simples ou complexa 
dependendo da escolha da tarefa o que exige dos jogadores atenção concentração e utilização de seu 
conhecimento cognitivo para que se obtenha sucesso e vitórias.
Os jogos podem ser utilizados de diferentes formas independentes do seu tipo. O que norteará o 
trabalho são os objetivos e conseqüentemente a exploração da criatividade pessoal é o que afirma e destaca 
Botelho (2004). ...para treinamento de habilidades operacionais conscientização e reforço motivacional, 
desenvolvimento de insight e percepção, treinamento em comunicação e cooperação, integração e 
aplicação prática de conceitos apreendidos e até mesmo na assement. (avaliação da aprendizagem).
Estamos vivendo na era do período pós-industrial, o qual exige uma renovação perene da sociedade 
e conseqüentemente uma transformação de conhecimentos mediante o mundo da globalização. Nessa 
sociedade, as informações multiplicam-se e distribuem-se rapidamente, tornando-se indispensável à busca 
e a seleção daquelas que podem ser relevantes para auxiliar nas respostas dos questionamentos e, 
conseqüentemente, contribuir para a construção de conhecimento. Exigem-se, assim, indivíduos com uma 
postura crítica e criativa diante da realidade.
 Esta era é também a do aprendizado permanente, que não se restringe apenas a um período de vida 
do indivíduo, mas é contínuo ao longo desta. É em meio a tal realidade que se percebe a importância de se 
pensar em estratégias de ensino para adultos que buscam qualificação dentro de suas profissões, sem a 
repetição dos modelos que vêem o aprendiz como “passivo” no processo de ensino-aprendizagem, afirma 
Liane Margarida Rockenbach Tarouco (V.3. Nº. 2, Novembro, 2005).
Com a possibilidade de mudanças no paradigma pedagógico e o surgimento das novas tecnologias, 
tais como o computador, os alunos e professores podem utilizar os recursos tecnológicos a favor de uma 
prática pedagógica que leve em conta os desejos e necessidades dos alunos. O importante dessas 
experiências foi que usando ferramentas que geram também exercícios tradicionais foi possível a inversão 
dessa lógica, fazendo com que os alunos pensem e sejam criativos. Um exemplo seria ao invés de completar 
27
uma cruzadinha, propor que eles elaborem os conceitos a partir das palavras apresentadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando a criança com um ser global, onde o afetivo, o cognitivo e o simbólico estão 
integrados, proporcionando, o pensar, o agir e a representar inteiramente o meio físico ou humano, cabe à 
escola criar espaços onde a troca de experiências, os significados, as idéias sejam construídas e partilhadas. 
A educação deve ser entendida e trabalhada de forma interdisciplinar, onde não se priorize somente uma 
área de conhecimento, mas sim sua totalidade, tornando todas as atividades prazerosas, lógica e atrativa 
para as crianças.
Nesse sentido é importante refletir com pensamentos como o do autor Josette Jolibert. “A atividade 
do sujeito aprendiz é determinante na construção do seu saber operatório. Ele nunca está sozinho, isolado. 
Ele age em integração com os meios ao seu redor.” Mediante isso é que devemos valorizar todos os 
materiais que possam oferecer um aprendizado significativo.
No contexto educacional os jogos devem ser situados corretamente, e isso só acontece através da 
utilização partindo da compreensão dos fatores que podem colaborar para uma aprendizagem ativa e não 
funcionando apenas com a passividade dos alunos em cumprir a risca o que determina as regras de tais 
jogos. Melhor do que o próprio ato de jogar em si, é a aprendizagem que só acontece por meio da dialética, 
isto é, da oportunidade de oferecer um clima de discussão, e do momento de troca, ambiente onde o 
professor permite várias tentativas e inúmeras respostas, tolerando os erros e aceitando novos desafios, 
analisando o desenvolvimento e a participação em todo o processo e não apenas o produto final. Tal 
processo faz com que o próprio educando realize a sua auto-avaliação compreenda o porquê dos desvios na 
trajetória que se segue.
Com as mudanças no paradigma pedagógico e o surgimento das novas tecnologias, tais como o 
computador e a Internet, os professores abriram as portas ao uso de recursos que extrapolam a visão 
tradicional e os métodos meramente discursivos no processo de ensino aprendizagem. Assim, com o 
crescimento da Tecnologia Educativa, os jogos educacionais se configuraram como uma ferramenta 
complementar na construção e fixação de conceitos desenvolvidos em sala de aula, e num recurso 
motivador tanto para o professor como para o aluno.
Com certeza busca-se que as escolas disponham de uma equipe de educadores que utilizem em sua 
prática pedagógica as novas tecnologias e os recursos disponibilizados por ela. É preciso valorizar não 
somente os jogos, mas a construção destes, pois não basta somente jogar, é preciso também criar e inovar. 
Quando as crianças jogam ou criam seus jogos adquirem compreensão de como o mundo funciona e como 
lidar com este mundo, sendo assim ultrapassam seus próprios limites rumo a autonomia da aprendizagem.
REFERÊNCIAS
BORGES, J. L. Henri Barbusse. In: Obras completas de Jorge LuisBorges. São Paulo: Globo, 2001, v. 4, p. 306.
B O T E L H O , L . J o g o s e d u c a c i o n a i s a p l i c a d o s a o e - l e a r n i n g . D i s p o n í v e l e m : 
http://www.elearningbrasil.com.br/news/artigos/artigo_48.asp Acessado em: setembro/2008. as 9h e 40 
min.
.
28
BITTENCOURT, J.R.; GIRAFFA, L.M.M. Modelando Ambientes de Aprendizagem Virtuais utilizando Role-
Playing Games In: XIV Simpósio Brasileiro de Informática na Educação, Rio de Janeiro: SBC, 2003. 
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de educação Fundamental, Referencial Curricular 
Nacional para a Educação Infantil. Vol.1 Brasília: MEC/SEF, 1998.
FONSECA, M. L. S. Adaptação Escolar: Como viver este momento. UEI. UFCG. In; III Encontro Nacional das 
Unidades Universitárias de Educação Infantil. UAC, Secretaria de assuntos Comunitários da Universidade 
Federal de São Carlos, (No prelo). (2003). 
HUIZINGA, Johan. 1940, apud, Homo Ludens.: O jogo como elemento cultural. São Paulo: Perspectiva, 2001.
JOLIBERT, Josette. Formando Crianças Leitoras. Belo Horizonte: Fapi, vol 8. p.5. Revista Dia a Dia do 
professor,1985
KISHIMOTO, T. M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.
MARTINEZ, Ana Paula. (2005) Experiência em contar e ouvir estórias: uma relação com os comportamentos 
de escolha escolar e atividades. Psicóloga, mestre em Educação Especial. Programa de Pós Graduação em 
Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos e atualmente Aluna Especial do Doutorado 
PPGE/UFSCar.
MEDNICK, S. A. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. 5.ª ed. Petrópolis: Vozes, 1983.
OLIVEIRA, Z. R. Jogo de Linguagem: pontos para uma reflexão a respeito do valor da interação social no 
desenvolvimento infantil. Paper apresentado na mesa redonda, do II Congresso Brasileiro de Brinquedos na 
Educação. FEUSP, julho, 1990. 
PIAGET. J, A psicologia da criança. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
PONTES, G. M. D. (2003) Vivências teatrais na escola infantil. NEI (Núcleo de Educação Infantil), UFRN. In; III 
Encontro Nacional das Unidades Universitárias de Educação Infantil. UAC, Secretaria de assuntos 
Comunitários da Universidade Federal de São Carlos, (No prelo).
RIZZO, J. P. Corpo Movimento e Educação - o desafio da criança e adolescente deficientes sociais. Rio de 
Janeiro: Sprint, 1997.
ROBLES. Heloisa Stoppa Menezes, A brincadeira na Educação Infantil: conceito, perspectiva histórica e 
possibilidade que ela oferece. Graduação em psicologia e mestrado em Educação Especial pela Universidade 
Federal de São Carlos (UFSCar). Professora no Centro Universitário Central Paulista (UNICEP – São Carlos) e 
Centro de Formação Profissional (CEFORP- Ribeirão Preto) e atua como psicóloga em consultório particular 
29
no atendimento de crianças e adultos.
SNYDER, A. C. et al. Sports Exercise. São Paulo: Rideel, 1983.
TAROUCO, Liane Margarida Rockenbach. O aluno como co-construtor e desenvolvedor de jogos 
educacionais. v.3. nº. 2, Nov., 2005. Paper escrito como exigência da Universidade Federal do Rio Grande do 
Sul.
VYGOTSKY. L, A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
 
O SER INFANTIL
DA LITERATURA
Ilma Rodrigues L. Alves
Rosiley Queiroz V. Portilho
Geralda Nair de Andrade
Glauciene B. de Oliveira
Rosania Márcia de Freitas
Alunas do 6º semestre do curso de Pedagogia da Faculdade Aldete Maria Alves de Iturama-MG.
RESUMO: O principal objetivo deste artigo é o de refletir sobre o valor da literatura na educação das crian-
ças, livros são fontes de inspiração, beleza e informação, e acrescentam mais encanto à vida da criança. 
Literatura infantil leva-nos de imediato à reflexão acerca do que seja esse “infantil” como qualificativo 
especificador de determinada espécie dentro de uma categoria mais ampla e geral do fenômeno literário. 
Como conclusão, o estudo aponta que devemos continuar a desenvolver a nossa própria apreciação da 
literatura buscando melhores técnicas.
PALAVRAS-CHAVE: literatura; educação infantil; infância.
INTRODUÇÃO 
O conceito de literatura infantil é bastante discutido entre os estudiosos do assunto. Há aqueles que 
defendem o que é o objeto escolhido pelo seu próprio leitor, outros é que o objeto de formação de um 
agente transformador da sociedade e há até aqueles que questionam o fato de existir uma literatura infantil 
ou dela ser uma questão de estilo. Apresentamos a problemática seguinte: De que forma a literatura infantil 
pode contribuir para a educação das crianças? Dentro do contexto da literatura infantil, a função pedagógi-
ca implica a ação educativa do livro sobre a criança. De um lado, relação comunicativa leitor-obra, tendo por 
intermédio o pedagogo, que dirige e orienta o uso da informação; de outro, a cadeia de mediadores que 
interceptam a relação livro-criança: família escola, biblioteca e o próprio mercado editorial, agentes contro-
ladores de usos que dificultam à criança a decisão e escolha do que e como ler. O assunto selecionado 
ocorreu através de uma pesquisa bibliográfica em livros.
A LITERATURA INFANTIL: ASPECTOS TEÓRICOS
30
Segundo Borges (1994), é inegável a importância da literatura, quando se pensa na formação com-
pleta do ser humano, num processo que busque o equilíbrio entre o desenvolvimento da inteligência e da 
afetividade, entre a razão e a emoção, entre o utilitário e o estético.
No processo de desenvolvimento pelo qual vem passando humanidade ao longo de sua história, e 
cada sujeito, em particular, pode-se perceber que a literatura esteve e está presente em nossas vidas, muito 
antes da leitura e da escrita – nas cantigas de ninar, nos brinquedos de roda, no ouvir histórias, fornecendo, 
no dizer de Cecília Meireles, “a verdadeira nutrição de que o espírito necessita”.
Com a aproximação do estágio escolar, a literatura tem o poder de constituir-se, para a criança, em 
“elo lúdico” entre o mundo do imaginário, dos símbolos subjetivos, e o mundo da escrita, dos signos conven-
cionalizados e impostos pela cultura.
Se assim compreendida, sentida e amada, a literatura passa a fazer parte da vida das crianças, 
adolescentes e adultos, gerando uma sede insaciável de ler, acompanhada da crença intuitiva de que, em 
cada novo texto literário, há sempre a possibilidade de novas descobertas, de ampliação da compreensão 
de si e do mundo, de desenvolvimento pessoal, no plano do pensar e do sentir.
Entretanto, para que a literatura possa ser “presença” na vida de uma criança, acreditamos que, 
juntamente com os exemplos e estímulos familiares, a maneira como a escola “vive” e “convive” com os 
textos literários, tem um papel fundamental, a partir da formação do professor de educação infantil que, 
necessariamente, deve apresentar uma sensibilidade a esta forma de expressão, que o leve não apenas a 
“passá-la” às crianças, mas, conforme dissemos, a “vivê-la” com as crianças. Fazendo as suas leituras de 
adulto, ao mesmo tempo em que penetra nas sutilezas e nas emoções da obra literária, mesmo aquelas 
produzidas para um público infantil, estará o professor se capacitando para transmitir essas emoções aos 
seus alunos. Quando isto ocorre em uma classe pré-escolar, o momento de se ouvir ou inventar histórias 
representa o clímax das atividades pedagógicas, tornando-se realmente o momento mágico esperado por 
todos e de inigualável valor educativo.
A literatura infantil moderna tem apresentado um enorme progresso nos últimos anos. Através de 
autores, tais como: Ana Maria Machado, Eva Furnari, Mary e Eliardo França, Ruth Rocha, Joel Rufino dos 
Santos, Ziraldo, Luís Camargo, Fernanda Lopes de Almeida, Elvira Vigna, Sylvia Orthof, Maria Mazzetti e de 
muitos outros, vamos encontrar uma narrativa literária que busca relativizar os valores e, com isto, criar um 
espaço de criticidade, sem prejuízos ao imaginário infantil.
Assim, nas suas narrativas, o “rico” nem sempre é “belo” e “feliz”, ao mesmo tempo em

Continue navegando