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C BIOLOGIA N 1 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias Joaquim Matheus Santiago Coelho e Larissa Beatriz Torres Ferreira Biologia para vestibular medicina 5ª edição • São Paulo 2019 © Hexag Sistema de Ensino, 2018 Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2019 Todos os direitos reservados Autores Joaquim Matheus Santiago Coelho Larissa Beatriz Torres Ferreira Diretor geral Herlan Fellini Coordenador geral Raphael de Souza Motta Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica Hexag Sistema de Ensino Diretor editorial Pedro Tadeu Batista Editoração eletrônica Arthur Tahan Miguel Torres Claudio Guilherme da Silva Souza Eder Carlos Bastos de Lima Fernando Cruz Botelho de Souza Matheus Franco da Silveira Raphael de Souza Motta Raphael Campos Silva Projeto gráfico e capa Raphael Campos Silva Foto da capa pixabay (http://pixabay.com) Impressão e acabamento Meta Solutions ISBN: 978-85-9542-130-1 Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto, a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições. O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não representando qual- quer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora. 2019 Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino. Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP CEP: 04043-300 Telefone: (11) 3259-5005 www.hexag.com.br contato@hexag.com.br CARO ALUNO O Hexag Medicina é referência em preparação pré-vestibular de candidatos à carreira de Medicina. Desde 2010, são centenas de aprovações nos principais vestibulares de Medicina no Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e em todo Brasil. O material didático foi, mais uma vez, aperfeiçoado e seu conteúdo enriquecido, inclusive com questões recentes dos relevantes vestibulares de 2019. Esteticamente, houve uma melhora em seu layout, na definição das imagens, criação de novas seções e também na utilização de cores. No total, são 103 livros, 24 cadernos de Estudo Orientado e 6 cadernos de aula. O conteúdo dos livros foi organizado por aulas. Cada assunto contém uma rica teoria, que contempla de forma objetiva e clara o que o aluno realmente necessita assimilar para o seu êxito nos principais vestibulares do Brasil e Enem, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Todo livro é iniciado por um infográfico. Esta seção, de forma simples, resumida e dinâmica, foi desenvolvida para indicação dos assuntos mais abordados nos principais vestibulares, voltados para o curso de medicina em todo território nacional. O conteúdo das aulas está dividido da seguinte forma: TEORIA Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos, de cada coleção, tem como principal objetivo apoiar o estudante na resolução de questões propos- tas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, completos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam as explicações dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados, e compõem um conjunto abrangente de informações para o estudante, que vai dedicar-se à rotina intensa de estudos. TEORIA NA PRÁTICA (EXEMPLOS) Desenvolvida pensando nas disciplinas que fazem parte das Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias. Nesses compilados nos deparamos com modelos de exercícios resolvidos e comentados, aquilo que parece abstrato e de difícil compreensão torna-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos do estudante. Através dessas resoluções é possível rever a qualquer momento as explicações dadas em sala de aula. INTERATIVIDADE Trata-se do complemento às aulas abordadas. É desenvolvida uma seção que oferece uma cuidadosa seleção de conteúdos para complementar o repertório do estudante. É dividido em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas e livros para o aprendizado do aluno. Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos temas estudados. Há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, sendo conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica. Tudo é selecionado com finos critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso estudante. INTERDISCIPLINARIDADE Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é elaborada, a cada aula, a seção interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares de hoje não exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos conteúdos de cada área, de cada matéria. Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como biologia e química, história e geografia, biologia e matemática, entre outros. Neste espaço, o estudante inicia o contato com essa realidade por meio de explicações que relacio- nam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o estudante consegue entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas sim, fazendo parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive. APLICAÇÃO NO COTIDIANO Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana no desenvolver do dia a dia, dificultando o contato daqueles que tentam apreender determinados conceitos e aprofundamento dos assuntos, para além da superficial memorização ou “decorebas” de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios de aprendizagem com os conteúdos, foi desenvolvida a seção "Aplicação no Cotidiano". Como o próprio nome já aponta, há uma preocupação em levar aos nossos estudantes a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo que eles têm contato em seu dia a dia. CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES Elaborada pensando no Enem, e sabendo que a prova tem o objetivo de avaliar o desempenho ao fim da escolaridade básica, o estudante deve conhecer as diversas habilidades e competências abordadas nas provas. Os livros da “Coleção vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Construção de Habilidades”, há o modelo de exercício que não é apenas resolvido, mas sim feito uma análise expositiva, descre- vendo passo a passo e analisado à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a apurá-las na sua prática, identificá-las na prova e resolver cada questão com tranquilidade. ESTRUTURA CONCEITUAL Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Geramos aos estudantes o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um deles é a estrutura conceitual, para aqueles que aprendem visualmente a entender os conteúdos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita sua organização de estudos e até a resolução dos exercícios. A edição 2019 foi elaborada com muito empenho e dedicação, oferecendo ao aluno um material moderno e completo, um grande aliado para o seu sucesso nos vestibulares mais concorridos de Medicina. Herlan Fellini SUMÁRIO BIOLOGIA EVOLUÇÃO E ECOLOGIA DIVERSIDADE DA VIDA CITOLOGIA Aulas 1 e 2: Origem da vida 7 Aulas 3 e 4: Evidências evolutivas 25 Aulas 5 e 6: Teorias evolutivas 37 Aulas 7 e 8: Especiação 53 Aulas 9 e 10: Introdução à ecologia 73 Aulas 1 e 2: Taxonomia e reinos 91 Aulas3 e 4: Vírus 109 Aulas 5 e 6: Reino Monera 125 Aulas 7 e 8: Reino protoctista I: protozoários 143 Aulas 9 e 10: Reino protoctista II: algas 157 Aulas 1 e 2: Composição química celular I 175 Aulas 3 e 4: Composição química celular II 191 Aulas 5 e 6: Composição química celular III 203 Aulas 7 e 8: Código genético e síntese proteica 217 Aulas 9 e 10: Introdução à citologia 231 FUVEST As questões se concentram principalmente na área de ecologia, sendo cadeia e teia alimentar assuntos recorrentes. Dessa forma, as primeiras aulas referentes a esta frente são extremamente importantes para a compreensão desses temas. Compreender a origem da vida e a evolução dos seres vivos é a base para o entendimento da interação entre os organismos. UNESP Uma prova muito bem elaborada e interdisciplinar, que exige conhecimentos básicos de ecologia para resolver questões de cadeia e teia alimentar. Apesar de o assunto tratado ser de caráter intermediário, a múltipla interação entre as áreas pode aumentar o nível de dificuldade. UNICAMP Possui um caráter muito interdisciplinar, com vários gráficos, os quais podem apresentar a resposta da questão (atenção!!). Muito similar com o que ocorre na Fuvest, a ecologia aparece como área de destaque, onde temas como interações ecológicas e teias alimentares são corriqueiros. Além disso, evidências e teorias evolutivas, como seleção natural, costumam aparecer com certa frequência. UNIFESP Normalmente usa casos atuais de impactos ambientais para abordar assuntos básicos de ecolo- gia. Saber relacionar problemas ecológicos com conteúdos simples é essencial. ENEM/UFMG/UFRJ Compreensão de teias e cadeias ecológicas, assim como a interação entre os seres vivos é fun- damental para resolver as questões de ecologia, as quais são interdisciplinares e pedem temas atuais com relação aos impactos ambientais. UERJ Uma prova similar a do Enem, e, assim como nos demais vestibulares, quem se destaca sempre no quadro de conteúdos pedidos também é a área de ecologia, com suas interações entre os indivíduos. FA CU LD ADE DE MEDICINA BOTUCATU 1963 Abordagem de EVOLUÇÃO e de ECOLOGIA nos principais vestibulares. W ik iIm ag es /P ixa ba y 01 02 C BIOLOGIA N Origem da vida Competência 4 Habilidades 15 e 16 Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade. H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos. H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico. H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas. H4 Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável da biodiversidade. Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos. H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano. H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum. H7 Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do trabalhador ou a qualidade de vida. Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen- tos ou ações científico-tecnológicos. H8 Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos. H9 Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações nesses processos. H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais. H11 Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló- gicos. H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios. Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais. H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos. H14 Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros. H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos. H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos. Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos. H17 Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica. H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam. H19 Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica ou ambiental. Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico- -tecnológicas. H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes. H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo. H22 Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais. H23 Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou econômicas. Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico- -tecnológicas. H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas H25 Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou produção. H26 Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos. H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios. Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico tecnológicas. H28 Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em ambientes brasileiros. H29 Interpretar experimentosou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas ou produtos industriais. H30 Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do ambiente. 9 Introdução à bIologIa A biologia é uma ciência, pois apresenta um objeto de estudo representado pelos seres vivos e todos os seus des- dobramentos. Mas o modo de estudar pressupõe um método científico, caracterizado pela observação, levantamento de hipóteses testáveis, planejamento e execução de experimentos, sistematização e registro de dados, discussão de resultados e conclusão. Dessa maneira, constrói-se conhecimento, que poderá sempre ser questionado, ampliado e alterado ao longo do tempo. Mas nunca se esqueça de que a ciência e a pesquisa são feitas pelo homem e, portanto, são direcionadas, sem- pre terão um olhar parcial e serão influenciadas pela época, sociedade e cultura às quais o pesquisador pertence. Para iniciarmos o estudo da biologia, é necessário fazer algumas reflexões e considerações sobre essa ciência que estuda a vida, pois existem várias subdivisões com objetos diferentes. Por exemplo, a zoologia estuda os animais e os seus desdobramentos; do mesmo modo, as plantas são estudadas pela botânica; as estruturas e funcionamento celulares são discutidos pela citologia; as interações entre os seres vivos e desses com o meio em que vivem são a bordadas pela ecologia; os mecanismos e padrões de herança do material genético são abordados pela genética; e o processo adaptativo e as relações de parentesco entre as diversas espécies são responsabilidade da evolução. Ao ler isso, fica a impressão de que a biologia é uma ciência com conteúdo fragmentado. Essas divisões facilitam o estudo, a pesquisa e a construção do conhecimento biológico. Mas integrar essas subáreas em nosso estudo é fundamental, pois esse olhar amplo garante entender a complexidade dos seres vivos e dos ambientes em todos os seus níveis de orga- nização, ou seja, organismos, populações, comunidades biológicas, ecossistemas, biomas, biocoras, biociclos e biosfera. bIg bang Nesta unidade, vamos tratar mais profundamente da origem da vida. Para isso, vamos procurar entender antes qual é a origem da Terra. A origem da Terra ocorreu há, aproximadamente, 4 560 bilhões de anos. Toda a matéria que compõe o Universo atual estava comprimida em uma esfera extremamente pequena, do tamanho da ponta de uma agulha. Há cerca de 14 bilhões de anos, essa esfera teria subitamente expandido essa matéria, formando, assim, de uma só vez, o Universo. A essa grande explosão dá-se o nome científico de Big Bang. A expansão do Universo continua sendo observada até hoje, o que reforça as hipóteses a favor do Big Bang. A origem e formação do nosso Sistema Solar é resultado direto dessa explosão. Ao longo desse processo, e desses milhões de anos até hoje, houve muitíssimas mudanças na superfície terrestre, que interferiram e influenciaram significativamente a vida neste planeta. Houve movimentos de massas continentais, mudanças climáticas, formação e destruição de cadeias de montanhas, extinção e origem de espécies, por exemplo. Escala e eventos do tempo geológico Representa a linha do tempo, do presente à formação da Terra. Ela organiza essa evolução marcando a se- quência de eventos. O tempo geológico compreende a história da Terra marcada no tempo por determinado evento geológico, tempo este que pode ser calculado por métodos absolutos ou relativos. Os estudos da evolução da vida dividem hierarquicamente esse período em eons, que, por sua vez, é subdividido em eras; as eras, em períodos e os períodos, em épocas. Na tabela a seguir, discorre-se sobre os principais períodos, suas características e a fase de evolução da vida manifestada neles. Esses dados têm o objetivo de informá-lo e apresentar-lhe uma visão geral de como a vida manifestou-se e manifesta-se no planeta em que habitamos. 10 Era Período Início (milhões de anos) Eventos Ce no zo ic a Quaternário 1,6 Clima flutuando entre frio e ameno. Avanços e recuos glaciais. Extinção de muitos mamí- feros e aves de grande porte. Primeiros humanos modernos do gênero Homo. Neogeno 23 Vários surgimentos e formações de montanhas. Início da glaciação nos hemisférios Norte e Sul. Elevação do Panamá e consequente união das Américas do Norte e do Sul. Primei- ros macacos do Velho Mundo. Mamíferos pastadores em abundância. Primeiros hominí- deos eretos e grandes carnívoros. Aves e mamíferos marinhos diversificam-se. Paleogeno 65 Clima ameno a frio. Mares continentais largos e rasos. Elevação dos Alpes e Himalaia. A América do Sul separa-se da Antártica. Clima ameno a muito quente no final do período. Primeiros mamíferos insetívoros e primatas. Expansão extensiva de mamíferos e aves. Irradiação de famílias de mamíferos placentários. Primeiros macacos do Novo Mundo. Formação inicial de pradarias. Aves carnívoras gigantes, incapazes de voar, eram preda- dores comuns. M es oz oi ca Cretácio 135 Clima ameno em todo o período. Níveis dos mares elevados. A África e a América do Sul se separam. Clímax dos dinossauros e répteis marinhos, seguido da extinção destes gru- pos. Início da irradiação de mamíferos marsupiais e placentários. Primeiras angiospermas. Declínio das gimnospermas. Aparecimento de muitos grupos de insetos. Jurássico 205 Clima ameno. Os níveis dos continentes são baixos com grandes áreas cobertas pelos mares. Primeiras aves. Abundância de dinossauros. Crescimento exuberante de florestas. Triássico 250 Continentes montanhosos, unidos em um supercontinente (Pangeia). Extensas áreas áridas. Primeiros dinossauros. Primeiros mamíferos. Crescimento exuberante de florestas com predomínio de coníferas. Pa le oz oi ca Permiano 290 Glaciação extensiva do Hemisfério Sul no início do período. Elevação dos Apalaches. Ari- dez marcante em algumas áreas. Origem das coníferas, cicadófitas e ginkgos. Desapa- recem os tipos anteriores de florestas. Irradiação dos répteis. O período termina com extinção em massa. Carbonífero 355 Clima quente com pequena variação sazonal nos trópicos. Níveis das terras baixos. Áreas pantanosas com a formação de depósitos de carvão. Irradiação dos anfíbios. Abundância de tubarões. Samambaias com esporos e árvores com “casca”. Primeiros répteis. Insetos gigantes. Grandes florestas de pteridófitas. Devoniano 410 Mares na maior parte das terras, com montanhas locais. Primeiros peixes com nadadeiras raiadas e nadadeiras lobadas. Primeiros tetrápodes terrestres. Siluriano 438 Clima ameno. Topografia em geral plana. Primeiros peixes com maxilas. Primeiros inver- tebrados terrestres. Ordoviciano 510 Clima ameno. Mares rasos. Continentes em geral com topografia plana. Os mares cobrem boa parte do atual território dos Estados Unidos. Glaciação no final do período. Primei- ros vertebrados (peixes sem maxila). Invertebrados marinhos em abundância. Primeiras plantas terrestres. Cambriano 570 Extensos mares invadindo os continentes existentes. Origem de vários filos e classes de invertebrados. Primeiros cordados. Moluscos com conchas. Abundância de trilobitas. Pr ot er oz oi ca - 2.500 Extensivo bombardeamento de meteoritos e instabilidade geológica nas primeiras fases des- ta era. Os primeiros organismos eucariontes aparecem há cerca de 2 bilhões de anos. Grande diversificação da vida há 1 bilhão de anos, surgindo os organismos pluricelulares, inclusive algas. Os primeiros metazoários aparecem há mais ou menos 600 milhões de anos, logo após uma grande glaciação. A rq ue an a - 4.600 Formação da crosta terrestre e início dos movimentos continentais. Os primeiros fósseis (seres unicelulares) são conhecidos de 3,5 bilhões de anos atrás. Origem da vida. 11 A Terra foi habitada pelos primeiros microorga- nismos há carca de 3,5 bilhões de anos. Osprimeiros peixes primitivos surgiram no final do período Cambriano. Os oceanos de então eram largos rasos e cálidos. Registros fósseis indicam que esses peixes, bem diferentes dos que conhecemos hoje, possuíam apenas duas barbatanas rudimentares e eram privados de maxilares. No período Devoniano, conhecido como Idade dos Peixes, ocorreu uma grande irradiação de peixes, havendo proliferação de peixes com maxilares adaptados a diversas dietas alimentares. O ambiente dessa época era bastante diferente daquele em que surgiram os primeiros peixes. Ma- res haviam avançado e retrocedido das terras continentais várias vezes, e as plantas vasculares terrestres, que ha- viam surgido no Siluriano, eram então abundantes. Ao final da Idade dos Peixes, um grupo de pei- xes de água doce iniciou a adaptação à vida terrestre, dando origem aos primeiros anfíbios. No período se- guinte, apareceram os répteis, primeiros vertebrados terrestres, assim como os primeiros insetos alados. Os primeiros mamíferos primitivos surgiram, como os primeiros dinossauros, no período Triássico. No período seguinte, surgem as primeiras aves. No Cretáceo ocorre a extinção dos dinossauros. No final desse período, os mamíferos tiveram grande ir- radiação adaptativa, tendo aparecido várias das ordens de animais superiores hoje conhecidas. Alguns mamí- feros insetívoros deram origem a um grupo de animais com polegares oponíveis e com unhas no lugar de gar- ras denominados primatas. A lenta movimentação dos continentes da ter- restres do tempo, denominada deriva continental, há 250 milhões de anos originou a Pangeia, o super- continente. Há aproximadamente 200 milhões de anos, começou a divisão da Pangeia. Há 90 milhões de anos, a América do Sul separava-de da África. A Índia uniu- -se à Ásia há 50 milhões de anos, e, 5 milhões de anos depois, a Austrália separava-se da Antártida. Isolados, os primatas passaram por processos evolutivos distintos nos dois lados do mundo. No con- tinente americano, eles restringiram-se ao ambiente arbóreo, tendo desenvolvido adaptações morfológicas altamente eficientes para este tipo de hábito, entre elas uma cauda com grande capacidade preensil. Já no Ve- lho Mundo, os prossímios deram origem a uma imensa quantidade de novas formas de primatas, entre eles uma linha evolutiva caracterizada pelo hábito terrestre, que originou, há cerca de 5 milhões de anos, os primei- ros hominídeos. Os primeiros hominídeos fazem parte do gênero Australopithecus, os primeiros a apresentarem nos regis- tros fósseis uma morfologia dos membros inferiores com- pletamente adaptada à bipedia. O aparecimento do Homo sapiens ocorreu há aproximadamente 400 mil anos. teorIas sobre a orIgem da vIda Desde a Antiguidade, o mistério da origem da vida e dos seres vivos intriga o ser humano. Antigas doutrinas da Índia, da Babilônia e do Egito ensinavam que rãs, cobras e crocodilos eram gerados pelo lodo dos rios. Esses seres, que apareciam inexplicavelmen- te no lodo e no lixo, eram encarados como manifestações da vontade dos deuses, gerados espontaneamente. Mesmo filósofos importantes, como Platão e Aristó- teles, aceitavam tal explicação sobre a origem dos seres vi- vos. Dessa interpretação, surgiu a teoria da geração espon- tânea, ou teoria da abiogênese, segundo a qual todos os seres vivos originam-se da matéria bruta de modo contínuo. Essa teoria, entretanto, foi contestada por vários cientistas, que através de seus experimentos provaram que um ser vivo só se origina de outro ser vivo. Surgiu, então, a atualmente aceita teoria da biogênese. § Teoria da abiogênese: os seres vivos origi- nam-se da matéria bruta de maneira contínua (geração espontânea). Principais defensores: Aristóteles, Platão, Needhan, Virgílio, Aldovan- dro, Kricher e Van Helmont. § Teoria da biogênese: os seres vivos originam- -se de outros seres vivos. Principais defensores: Redi, Spallanzani e Pasteur. Von Helmont Von Helmont (1600), o maior fisiologista de seu tempo, dá várias receitas para a abiogênese. Uma de- las é a fórmula para se obter ratos: ‘’Enche-se de trigo e fermento um vaso, que é fe- chado com uma camisa suja, de preferência de mulher. Um fermento vindo da camisa, transformado pelo odor dos grãos, transforma em ratos o próprio trigo’’. Como já se sabe, os ratos que aparecem não se formam a partir da receita dada por Von Helmont, mas são atraídos pela mistura. 12 Redi Por volta de 1660, Francesco Redi começou a combater a teoria da geração espontânea. Para isso, colocou pedaços de carne crua dentro de frascos, deixando alguns abertos e outros fechados com gaze. Veja esquema do experimento. De acordo com a teoria da abiogênese, após al- guns dias, deveriam surgir moscas e outros insetos, nasci- dos da carne. Isso, entretanto, não aconteceu nos frascos fechados com gaze. Redi constatou a presença de numerosos ovos e larvas de insetos sobre a gaze que fechava o recipiente e a ausência deles sobre a carne ali contida. Esse expe- rimento demonstrou que os insetos eram atraídos pela carne e que o aparecimento de larvas era proveniente dos numerosos ovos colocados por esses animais. Os resultados de Redi fortaleceram a teoria da biogênese, mas, apesar disso, muitos ainda continuavam aceitando a teoria da geração espontânea. Experimento realizado por Redi, cujo resultado reforçou a teoria da biogênese. Needham Por volta de 1745, o cientista inglês John T. Nee- dham mostrou, através de vários experimentos, que, em re- cipientes contendo vários tipos de infusões e submetidos à fervura, mantidos fechados ou não, apareciam micro-orga- nismos. Needham afirmou que esse fenômeno ocorria devi- do à presença, nas partículas orgânicas da infusão, de uma “força vital’’ especial, responsável pelo aparecimento das formas vivas microscópicas. Assim, com esses experimentos, Needham contribuía para a teoria da geração espontânea. Spallanzani Em 1770, entretanto, o cientista italiano Abbey La- zzaro Spallanzani criticou seriamente os experimentos de Needham. Spallanzani realizou experimentos provando que o aquecimento prolongado de substâncias orgâni- cas acondicionadas em recipientes fechados, providos de válvula de escape, não propiciava o desenvolvimento de micro-organismos. Needham respondeu às críticas de Spallanzani afirmando que se ao ferver substâncias em recipientes fechados, estava-se destruindo a “força vital” e tornando o ar desfavorável ao aparecimento da vida. Spallanzani realizou novos experimentos, mos- trando que havia o aparecimento de vida quando os re- cipientes fechados e submetidos à fervura eram abertos, entrando em contato com o ar, provando que a “força vital’’ não tinha sido destruída. Apesar disso, Spallanzani não conseguiu provar que o aquecimento de material or- gânico em recipientes fechados não alterava a qualidade do ar. Nessa polêmica, Needham saiu favorecido, refor- çando ainda mais a teoria da geração espontânea. Pasteur Louis Pasteur, por volta de 1860, através de seus célebres experimentos com balões do tipo “pescoço de cisne”, conseguiu provar definitivamente que os seres vivos originavam-se de outros seres vivos. Além disso, constatou, através de outros experimentos, a presença de micróbios no ar atmosférico. Baseado nisso e consi- derando as críticas dos seguidores da abiogênese sobre a formação de ar viciado – que seria impróprio para o desenvolvimento da vida em recipientes hermeticamen- te fechados, quando submetidos à fervura –, Pasteur realizou os seguintes experimentos, esquematizados, utilizando frascos com gargalos longos e curvas. 13 Experimento realizado por Louis Pasteur, responsável pela derrubada da teoria da abiogênese. Este experimento mostra que um líquido, ao ser fervido, não perde a “força vital”, como defendiam os adeptos da abiogênese, pois quando o pescoço do balão é quebrado, após a fervura do líquido, há aparecimento de seres vivos. O experimento rebateainda outro argu- mento dos adeptos da abiogênese: a formação de ar vi- ciado impróprio para a vida. O líquido fervido fica, neste caso, em contato com o ar atmosférico através do pesco- ço do balão e não ocorre o aparecimento de seres vivos, pois as gotículas de água que se acumulam nesse pes- coço retêm os micróbios contidos no ar que penetra no balão. A partir dos experimentos de Pasteur, a teoria da biogênese passou a ter preferência nos meios científicos. Com isto, o problema da origem da vida come- çou a preocupar cada vez mais os cientistas, pois, se os organismos surgem a partir de outros, como foi que se originou o primeiro? Várias hipóteses foram formuladas para explicar a origem da vida, como a panspermia (vida vinda de outra parte do universo através de meteoros, porém essa teoria não explica a origem da vida, apenas transfere para outro lugar), e a criação divina. Porém a mais aceita atualmen- te é a hipótese da evolução gradual dos sistemas químicos, desenvolvida pelo russo Aleksandr Oparin e pelo inglês John Burdon Sanderson Haldane, na década de 1920. A compreensão da teoria de Oparin e Haldane exige o conhecimento das condições da Terra primitiva. A atmosfera devia ter, logo após a formação da Terra, com- posição bem diferente da atual, sendo formada provavel- mente por metano (CH4), amônia (NH3), hidrogênio (H) e vapores de água (H2O). A atmosfera primitiva não apresentava oxigênio (O2), o que permitia que a radiação ultravioleta proveniente do Sol atingisse a superfície terrestre de forma intensa. Na atmosfera atual, essa radiação também atinge a Terra, mas em quantidade menor, pois é filtrada pela camada de ozônio (O3) existen- te na atmosfera e que não existia nos tempos primitivos. Pasteurização: mais uma importante contribuição de Pasteur A pasteurização, criada em 1864 por Louis Pasteur, químico francês, é um procedimento industrial em- pregado no tratamento do leite, de bebidas, sorve- tes, cervejas, entre outros alimentos. In natura, o leite é um produto elevadamente perecível, propício ao desenvolvimento de micro- -organismos que o acidificam e azedam. A fim de evitar esses problemas, tomam-se alguns cuidados, da captação ao consumo do leite. Dentre eles, des- taca-se a pasteurização, que, no Brasil, é obrigatória. Esse procedimento consiste em submeter o leite a um grau de aquecimento suficiente para destruir os micro-organismos patogênicos presentes nele. O melhor cuidado nesse procedimento é não causar alterações físico-químicas e organolépticas ao alimento, bem como não alterar o valor nutriti- vo do produto. O leite pasteurizado, portanto, deve apresentar características semelhantes, ao máximo, ao produto in natura, bem como garantir a ele mais tempo e condições de conservação, uma vez que a pausterização destrói aproximadamente 99% da mi- crobiota presente no leite. Mas esse procedimento também traz desvanta- gens, embora superadas pelos benefícios. Ele reduz ou mesmo elimina as bactérias lácticas benéficas para o organismo, altera o sabor do leite, bem como provoca desnaturação da proteína do leite, dificul- tando, por exemplo, a produção de alguns queijos. Se o leite for submetido a temperaturas eleva- das por tempo prolongado, seu sabor e cor podem alterar-se. Em razão disso, há limites de tempera- tura e de tempo para que suas características se mantenham. Existem três tipos de pasteurização: § Pasteurização lenta: também conhecida como LTLT (low temperature long time, bai- xa temperatura por longo tempo), mantém a temperatura a 63 °C por 30 minutos. § Pasteurização rápida: HTST (high tempera- ture and short time, alta temperatura por pouco tempo), mantém a temperatura a 72 °C por 15 segundos. § Pasteurização muito rápida: UHT (ultra high temperature, temperatura ultraeleva- da), mantém a temperatura entre 130 °C e 150 °C, por um período de 3 a 5 segundos. Fonte: <http://infoescola.com/microbiologia/pasteurização>. Acesso em: 6 fev. 2015. http://infoescola.com/microbiologia/pasteuriza“‰o>. 14 As condições da Terra primitiva A teoria mais aceita atualmente sobre a formação do Sistema Solar é a de que ele se formou de uma só vez, a partir da concentração de uma massa gasosa, há aproxi- madamente 4,6 bilhões de anos. Os átomos agruparam-se, em cada planeta, sendo que os mais pesados ficaram no centro e os mais leves, na superfície. No caso da Terra, os elementos mais pesados, lo- calizados no centro, foram o ferro (Fe) e o níquel (Ni), e os mais leves, localizados na superfície, foram: carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O) e nitrogênio (N). A tempe- ratura na superfície do planeta era provavelmente muito alta, tendo ocorrido resfriamento em virtude do contato com o espaço cósmico, que é muito frio. O resfriamento tornou possíveis ligações químicas entre os elementos, que ocorreram principalmente nas camadas superficiais da Terra. A água foi uma dessas substâncias formadas. Como a temperatura da superfície da Terra era muito elevada, toda substância líquida era evaporada. Os va- pores de água, entretanto, ao entrar em contato com as camadas mais frias da atmosfera, sofriam resfriamento, provocando violentas tempestades e muitas descargas elétricas (raios). Essa água, ao entrar em contato com a superfície quente da Terra, tornava a sofrer evaporação, impedindo seu acúmulo sobre a superfície terrestre. So- mente com o resfriamento progressivo da Terra é que foi possível acumular água líquida sobre a superfície, origi- nando, assim, os mares primitivos. A hipótese da evolução gradual dos sistemas químicos Essa hipótese sugere que moléculas orgânicas complexas foram formadas a partir de moléculas simples nas condições da Terra primitiva, antes do aparecimento dos seres vivos. Os prováveis gases componentes da at- mosfera primitiva, ao sofrerem os efeitos das fortes descar- gas elétricas provenientes das frequentes tempestades e da influência acentuada dos raios ultravioleta do Sol, reagi- ram entre si, formando moléculas orgânicas simples (ami- noácidos, açúcares, álcoois). Essas moléculas teriam sido, então, arrastadas pelas águas da chuva e se acumulado nos mares primitivos, onde outras reações teriam ocorrido. A formação de grande número de substâncias orgânicas, simples e complexas, transformou os mares primitivos em verdadeira “sopa nutritiva’’. Moléculas de proteína dispersas em água formaram uma solução coloi- dal com características próprias. Nos coloides, cada molécula de proteína encontra- -se envolvida por várias moléculas de água atraídas pela diferença de carga elétrica. Se há alteração no grau de aci- dez da solução coloidal, as moléculas de proteína aproxi- mam-se, formando vários aglomerados proteicos envoltos por várias moléculas de água. Esses aglomerados foram chamados por Oparin de coacervados. Esses coacervados não eram seres vivos, mas uma primitiva organização das substâncias orgânicas, principalmente de proteínas – em um sis- tema isolado do meio. Apesar de isolados, os coacervados podiam trocar substâncias com o meio externo, sendo que em seu interior houve possibilidade de ocorrer inúmeras reações químicas. Com as constantes reações químicas, alguns coacervados tornaram-se mais complexos, chegando inclusive a apresentar capacidade de duplicação. Nesse mo- mento, teriam surgido os primeiros seres vivos, que, apesar de muito primitivos, eram capazes de reproduzir-se, dando origem a outros seres vivos. Essa longa evolução gradual dos sistemas químicos teve a duração provável de 2 bilhões de anos. O esquema a seguir representa essa hipótese. Componentes da atmosfera primitiva Esses componentes sofrem influência de fortes descargas elétricas e de raios ultravioleta, formando moléculas orgânicas Sol Inúmeras reações químicas ocorrem, sendo algumas altamente vantajosas, pois originam sistemas químicos capazes de reprodução: os primeiros seres vivos. Alteração de acidez do meio propicia a formaçãode aglomerados proteicos isolados do meio (coacervados) A chuva arrasta essas moléculas para a superfície da Terra. Formação de moléculas orgânicas complexas Mares quentes. Moléculas orgânicas simples na atmosfera Hipótese da evolução gradual dos sistemas químicos - proposta por Oparin 15 O experimento de Miller A hipótese da evolução gradual dos sistemas químicos foi testada pela primeira vez pelo químico americano Stanley L. Miller, em 1953. Ele construiu um aparelho que simulava as condições da Terra primitiva e introduziu nele os gases que provavelmente constituíam a atmosfera naquela época. Esses gases foram: amônia (NH3), hidrogênio (H), metano (CH4) e vapor de água. Experimento de Miller: formação de aminoácidos na terra primitiva A figura anterior ilustra o arranjo experimental utilizado. A água, ao ferver, forma vapor e promove a circulação em todo o sistema, de acordo com o sentido indicado pelas setas. No balão em que se encontra a mis- tura gasosa, ocorrem descargas elétricas, simulando os raios que, naquela época, deviam ocorrer com frequência. Após as descargas elétricas, os materiais são submetidos a um resfriamento, para simular a conden- sação nas altas camadas da atmosfera, que provoca as chuvas. A parte em “U” desse sistema simula os mares primitivos, que recebiam as chuvas e os compostos for- mados na atmosfera. Pela análise da água contida nessa parte em “U”, pôde-se verificar a formação de moléculas orgâ- nicas, dentre elas alguns aminoácidos, substâncias que formam as proteínas. Então, o experimento de Miller demonstrou que moléculas orgânicas (aminoácidos) poderiam ter-se formado nas condições da Terra primitiva, o que reforça a hipótese da evolução gradual dos siste- mas químicos. A hipótese autotrófica Como todo ser vivo necessita de alimento para sobreviver, parece lógico admitir que os primeiros seres vivos tenham sido capazes de produzi-lo, isto é, tenham sido autótrofos. Alguns cientistas não acreditam que a vida tenha surgido nos mares rasos e quentes, já que a superfície do planeta era bombardeada constante por meteoros gigantes. Dessa forma, a crosta terrestre não teria a estabilidade necessária para manutenção da vida. Esses cientistas acreditam que a vida se originou nos assoalhos oceânicos, perto de fontes térmicas, onde existiam bactérias capazes de utilizar compostos quími- cos para obter energia e produzir seu próprio alimento. Atualmente essas bactérias quimiossintetizantes vivem realmente em fontes térmicas sulfurosas em uma pro- fundidade onde a luz solar não consegue chegar. Esse fato corrobora a hipótese que os primeiros seres vivos eram autótrofos. Contra essa hipótese, existe uma ob- jeção muito séria: os autótrofos sintetizam alimentos orgânicos (a partir de substâncias inorgânicas) à custa de uma série extremamente complexa de reações quí- micas, exigindo que o organismo também seja comple- xo. Aceitando a hipótese autotrófica, somos obrigados a acreditar que, repentinamente, surgiu um ser vivo já muito complicado logo de início. Acontece, porém, que a teoria da evolução biológica, contra a qual não há objeções sérias, afirma que os primeiros seres vivos devem ter sido bastante simples, levando muito tempo para se tornarem complexos; portanto, os biologistas não aceitam a hipótese autotrófica, porque ela vai contra a teoria da evolução. A hipótese heterotrófica Supõe que a forma mais primitiva de vida se de- senvolveu de matéria não viva, formando-se em um am- biente complexo um ser muito simples, incapaz de fabricar seu alimento. Não se trata de geração espontânea, uma vez que esta afirma que seres complexos podem surgir repentinamente de matéria bruta todos os dias, enquanto a hipótese heterotrófica supõe que um ser muito simples evolui vagarosamente, da matéria inanimada, e que isso aconteceu há milhões de anos, mas não ocorre mais. 16 De acordo com a hipótese heterotrófica, a vida teria surgido por meio das seguintes etapas, ilustradas abaixo: FORMAÇÃO DE AMINOÁCIDOS FORMAÇÃO DE PROTEÍNAS FORMAÇÃO DE COACERVADOS SURGIMENTO DE HETERÓTROFOS OBTENÇÃO DE ENERGIA CAPACIDADE DE REPRODUÇÃO APARECIMENTO DE AUTÓTROFOS PREDOMÍNIO DE AUTÓTROFOS APARECIMENTO DE AERÓBIOS Formação de aminoácidos Os geólogos e outros cientistas constataram a evidência de que a atmosfera da Terra primitiva era cons- tituída de hidrogênio, metano, amônia e vapor de água. A elevada temperatura da crosta terrestre determinava o vapor de água, que, condensando-se nas camadas altas e frias, provocava violentas tempestades acompanhadas de descargas elétricas. O dispositivo construído por Ha- rold Urey e Stanley Miller, no qual foi inserida uma mis- tura com a mesma composição de gases da atmosfera primitiva exposta a descargas elétricas, originou, após uma semana, aminoácidos como a glicina e alanina. A experiência de Miller, realizada em 1953, indica que um processo semelhante poderia ter acontecido na atmosfe- ra primitiva. Formação de proteínas lnicialmente, recapitularemos o processo de combinação de dois aminoácidos constituindo um di- peptídeo. Como se observa, a formação de um dipeptí- deo é um exemplo de síntese por desidratação. Sidney W. Fox aqueceu uma mistura seca de ami- noácidos e, após o resfriamento, verificou a união destes para compor moléculas maiores e mais complexas seme- lhantes a proteínas e designadas por proteinoides. Na Terra primitiva, os aminoácidos teriam chega- do às rochas carregados pelas chuvas. A evaporação da água teria deixado os aminoácidos secos sobre a superfí- cie das rochas quentes. Em tais condições, teria ocorrido a formação de ligações peptídicas pela evaporação de água e a consequente formação de proteínas; posteriormente, tais proteínas seriam levadas aos oceanos pelas chuvas. Formação de coacervados Os aminoácidos e proteínas formados na era pré-biogênica da Terra teriam chegado aos mares, pro- duzindo o que Haldane descreveu como “caldo quente e diluído”. Segundo Oparin, as proteínas teriam forma- do aglomerados designados por coacervados. camada de solvatação Sabemos que os coacervados são aglomerados de proteínas que se mantêm unidos em pequenos gru- mos circundados por uma camada líquida, chamada camada de hidratação ou de solvatação. Surgimento dos heterótrofos Sabendo que o ar da Terra primitiva era compos- to por amônia, metano, hidrogênio e vapores de água, e tinha ausência de nitrogênio e oxigênio, pode-se afir- mar que não havia camada de ozônio; portanto, a tem- peratura da superfície terrestre era muito alta, além de constantemente atingida por raios ultravioleta. Nesse cenário, diversas combinações de elementos simples levavam à formação de aminoácidos, açúcares sim- ples, ácidos graxos e nucleotídeos, como uma sopa nutriti- va. Assim, foi possível, em algum momento, a formação de seres unicelulares heterótrofos. A única fonte de energia disponível era a própria sopa nutritiva (sem O2); portanto, eram heterótrofos fermentadores – liberavam CO2. Com o passar do tempo, mais mutações foram ocorrendo e surgiram organismos aptos a usar CO2 e ener- gia luminosa como fontes de energia. Assim, surgiram os seres autótrofos fermentadores e fotossintéticos, que começaram a liberar O2 para a atmosfera terrestre. 17 Obtenção de energia Um sistema de coacervados, para manter-se e desenvolver-se, teria que dispor de uma fonte de ener- gia constante e controlável. Qual teria sido essa fonte de energia? A hipótese heterotrófica admite que teria sido a energia das ligações químicas existentes nas imensas quantidades de substâncias compostas, produ- zidas durante milhares de anos no mar primitivo, por processo abiogenético. Nos seres vivos mais recentes, a energia para a sobrevivência das células é obtida, em geral, da glico- se. Para conseguir obter essa energia, a célula precisa diminuir a energia de ativação necessária, paraque a molécula de glicose possa ser quebrada e a energia de suas ligações, liberada; o que ela faz utilizando enzimas e ATP (adenosina trifosfato). Em certos casos, como na ausência de oxigênio, a célula consegue retirar energia da glicose pelo processo de fermentação. Será que tal processo poderia ter ocorrido com os coacervados? O americano Melvin Calvin realizou experiências do mesmo tipo de Miller, misturando gases suposta- mente da atmosfera primitiva e bombardeando-os com raios ultravioleta. Como resultado, obteve misturas de compostos orgânicos, entre os quais a glicose. Como as enzimas são sempre proteínas, elas já poderiam ter existido (experiência de Fox). Por outro lado, todos os elementos necessários para formar o ATP poderiam ter estado presentes no mar primitivo, inclusive fosfatos. Portanto, se tudo tivesse sido realmente como pensa- mos que tenha sido, os coacervados poderiam ter retira- do glicose, enzimas e ATP do meio ambiente e fermen- tado a glicose, e, com isso, obtido a energia necessária para a sobrevivência. Logo, os primeiros seres vivos te- riam sido heterótrofos anaeróbios. Capacidade de reprodução Graças a sua capacidade de retirar alimentos e energia do meio, e organizar as moléculas em padrões definidos, os heterótrofos-anaeróbios primitivos teriam crescido gradativamente, a tal ponto que teriam surgido novos problemas na luta pela sobrevivência: com o au- mento volumétrico do indivíduo, a difusão do alimento do meio exterior para o interior do coacervado teria sido mais lenta, devido a maior distância a percorrer dentro do heterótrofo; desse modo, o coacervado teria come- çado a sofrer fome. Nessas condições, ou ele teria perecido ou teria de se ter dividido, como meio de reduzir seu volume. En- tretanto, qualquer mecanismo de divisão teria gerado um novo problema; ao dividir-se, o coacervado teria corrido o risco de desorganizar-se e, portanto, perder as caracte- rísticas de sistema complexo adquiridas em muito tempo de evolução. Nos organismos bem-sucedidos, teriam surgido os ácidos nucleicos, moléculas que controlam os proces- sos básicos de reprodução e organização. Em tais condi- ções, o organismo primitivo que tivesse DNA teria encon- trado o meio para se duplicar exatamente, transmitindo aos seus descendentes o mesmo padrão de organização adquirido após todo o tempo de evolução transcorrido. Aparecimento dos autótrofos O DNA, ao duplicar-se, geralmente dá origem a cópias exatamente iguais; porém, às vezes ocorrem mu- tações, isto é, alterações na sequência de bases existente na molécula e, com isto, a molécula que controla as ativi- dades vitais passa a não ser mais a mesma. Portanto, as células-filhas que receberam a mutação terão uma altera- ção no seu comportamento, serão diferentes. Se a mudança for vantajosa, conforme o meio am- biente, será mantida pela seleção natural – mecanismo pelo qual as características mais vantajosas para a sobrevivência, em dado ambiente, permanecem e são transmitidas aos des- cendentes. Passando à hipótese heterotrófica: em milhares de anos, pode ter havido um número imenso de mutações, quando incontáveis moléculas de DNA se duplicaram. É pos- sível que tais mutações eventualmente tenham passado a exercer um controle benéfico sobre o organismo e, com isso, tenham-se acumulado de modo que os indivíduos tenham obtido, aos poucos, conjuntos de moléculas de DNA diferen- tes, resultando em vários tipos de comportamento. Assim, por ação mutagênica, teriam surgido organismos autótrofos. Predomínio dos autótrofos Com o passar do tempo, é possível que os heteró- trofos tenham sido obrigados a enfrentar um novo pro- blema: a quantidade relativa de alimento teria começado a diminuir; a “sopa” orgânica teria se diluído progres- sivamente por dois motivos: aumento de consumo de substâncias orgânicas existentes no ar primitivo, devido ao crescimento contínuo da população, e diminuição da produção de tais substâncias pelo processo abiogenético. 18 Aparecimento dos aeróbios Os primeiros autótrofos – a partir de um supri- mento de CO2, enzimas de ATP e aparecimento de uma molécula, talvez a clorofila – capazes de absorver a energia luminosa, teriam realizado uma primitiva fotos- síntese. No processo de fotossíntese, liberam-se molé- culas de oxigênio. Portanto, podemos supor que uma certa quantidade de gás tenha-se acumulado gradati- vamente, durante milhares de anos, como consequência do aparecimento dos autótrofos. Todavia, a utiliza- ção de oxigênio para a obtenção de energia a partir da glicose libera muito mais energia do que aquela obtida na ausência de oxigênio, pois a fermentação fornece um saldo energético de apenas 2 ATP, enquanto, na reação com o oxigê- nio, o saldo é de 38 ATP. Teriam, então, levado van- tagem os organismos capazes de executar respiração aeróbia, porque, assim, teriam retirado mais energia do alimento disponível. Teorias atuais Fósseis, datação radiométrica, filogenia, cons- tituição química de organismos modernos, bem como experimentos acenam para linhas de evidência que jo- gam luz a respeito da origem da vida. No entanto, essas hipóteses são sempre vulneráveis a mudanças graças ao avanço tecnológico e ao conhecimento científico. Mudanças nessas hipóteses fazem parte essencial da pesquisa científica, considerando que elas não afrontam a base da teoria evolutiva. Há evidências de que a vida tenha se manifestado há 3,5 bilhões de anos com a descoberta de microfósseis (fósseis invisíveis a olho nu) da vida celular procariótica, frequentemente na forma de estruturas rochosas encon- tradas no sul da África e na Austrália, chamadas estro- matólitos, produzidos por micróbios (maioria cianobacté- rias fotossintetizantes), que se formam quando as células crescem na superfície marinha, e sedimentos se depositam entre as células ou sobre elas. Assim, uma camada minera- lizada fica abaixo delas, pois as células crescem na direção da luz. Com o passar do tempo e a repetição do processo, camadas mineralizadas vão formar uma estrutura rochosa estratificada dessas, o estromatólito. Ainda hoje, micróbios produzem estromatólitos modernos que são incrivelmente similares aos antigos. Vistos em corte transversal, ambos mostram a mesma estrutura de camadas produzidas por bactérias. Micro- fósseis de cianobactérias anciãs são eventualmente identificadas nessas camadas. Poças de maré e fontes termais vem sendo explo- radas por cientistas em busca de outras possibilidades para o surgimento da vida. Recentemente, a propósito, cientistas levantaram a hipótese de que a vida se ori- ginou junto a uma fonte hidrotermal no fundo do mar. Substâncias químicas encontradas nessas regiões e a energia fornecida por elas abasteceriam diversas rea- ções químicas indispensáveis à evolução da vida. Fósseis estromatólitos em secções transversais. Modernos estromatólitos, em Shark Bay, Austrália. INTERATIVIAA DADE Vídeo Sites Vídeo ASSISTIR ACESSAR 19 A origem do planeta terra documentário COMPLETO Fonte: Youtube Hipóteses sobre a origem da vida Fonte: Youtube Origem da Vida www.infoescola.com/evolucao/origem-da-vida/ www.infoescola.com/evolucao/hipotese-heterotrofica/ www.infoescola.com/evolucao/hipotese-autotrofica/ 20 APLICAÇÃO NO COTIDIANO A partir dos experimentos de Pasteur realizados para provar a teoria da biogênese, criou-se o processo de pasteurização. Pasteurização é o processo usado para conservar alimentos, pois elimina microrganismos patogênicos que causam azedamento ou acidificação, sem causar alteração físico-químicas nem no valor nutritivo dos alimentos. Consiste basicamente em elevar a temperatura do alimento, por um determinado tempo, e, em seguida, resfriá-lo a uma temperatura inferior a de antes, com finalidade de eliminar os microrganismos. Por ser um processo rápido e brando, não elimina 100% dos microrganismos, não sendo essa a finalidade, pois existem micro-organismos nesses alimentos que precisamser ingeridos. Para remover 100% dos microrganismos o alimento deverá passar por um processo de esterilização e posteriormente ser lacrado para evitar novas contaminações. A pasteurização é muito usada na indústria alimentícia principalmente em leite, sucos, cerveja, polpas de frutas, entre outros. INTERDISCIPLINARIDADE No famoso experimento de Miller e Urey aplica-se conceitos de química, já que envolve reações químicas que transformavam compostos inorgânicos em compostos orgânicos precursores da vida. Assim, compreender como os átomos e íons se conectam e como se comportam ao fornecimento de energia, baseado na geometria das moléculas, para formarem pequenas moléculas orgânicas, como aminoácidos, e, posteriormente, moléculas orgânicas maiores como as proteínas, é essencial para entender como foi possível o início da vida a partir de mo- léculas inorgânicas simples, como o metano, nitrogênio, hidrogênio e vapor de água, as quais estavam presentes na atmosfera primitiva. 21 CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES Habilidade 15 - Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos. Esta questão irá testar a capacidade de interpretação de hipóteses científicas através de experi- mentos e como os resultados desses experimentos irão apoiar ou refutar a hipótese. Resultados dentro do esperado podem tornar a hipótese em uma lei científica. Habilidade 16 - Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos bioló- gicos ou na organização taxonômica dos seres vivos. Essa questão sobre análise filogenética irá testar se o aluno consegue observar os padrões evolutivos envolvidos (ancestralidade em comum) e como isso interfere direta- mente nas relações taxonômicas entre as espécies apresentadas, ou seja, quais serão as espécies mas relacionadas entre si. modelo 1 (Enem) Em certos locais, larvas de moscas, criadas em arroz cozido, são utilizadas como iscas para pesca. Alguns criadores, no entanto, acreditam que essas larvas surgem espontaneamente do arroz cozido, tal como preconizado pela teoria da geração espontânea. Essa teoria começou a ser refu- tada pelos cientistas ainda no século XVII, a partir dos estudos de Redi e Pasteur, que mostraram experimentalmente que a) seres vivos podem ser criados em laboratório. b) a vida se originou no planeta a partir de micro-organismos. c) o ser vivo é oriundo da reprodução de outro ser vivo preexistente. d) seres vermiformes e micro-organismos são evolutivamente aparentados. e) vermes e micro-organismos são gerados pela matéria existente nos cadáveres e nos caldos nutritivos, respectivamente. 22 análIse exposItIva 1 Habilidade 15 Os experimentos de Redi e Pasteur demonstraram que não é possível o surgimento de ver- mes e nem de microrganismos por geração espontânea. Nessa situação é importante saber analisar o procedimento experimental adotado pelos cientistas e como os resultados obtidos refutaram a teoria da abiogênese. O experimento de Redi foi realizado com a utilização de dois frascos com um pedaço de carne cada. Um frasco permaneceu aberto e o outro foi fechado com gaze. Ao passar dos dias ele ob- servou que haviam vermes somente no frasco que permaneceu aberto, refutando a hipótese da abiogênese. Já Pasteur provou que microrganismos não podem surgir espontaneamente. Ao ferver o meio de cultura em um recipiente com pescoço de cisne, ele esterilizava o meio e o acúmulo de líquido no pescoço do recipiente impedia que bactérias do ar entrassem no meio. Com isso o meio de cultura permanecia estéril. Essa condição se invertia quando o pes- coço de cisne era retirado, promovendo a entrada de ar e consequentemente o crescimento bacteriano no meio de cultura, que ficava com cor turva. Alternativa C modelo 2 (Enem) O assunto na aula de Biologia era a evolução do Homem. Foi apresentada aos alunos uma árvore filogenética, igual à mostrada na ilustração, que relacionava primatas atuais e seus ances- trais. Milhões de anos atrás 0 Australopithecus Ramapithecus Dryopithecus Símios do novo mundo Símios do velho mundo Gibão Orangotango Hilobatídeos Pongídeos Hominídeos Gorila Chimpanzé Homem Mamíferos Insetívoros 5 10 15 25 35 50 23 Após observar o material fornecido pelo professor, os alunos emitiram várias opiniões, a saber: I. os macacos antropoides (orangotango, gorila e chimpanzé e gibão) surgiram na Terra mais ou menos contemporaneamente ao Homem. II. alguns homens primitivos, hoje extintos, descendem dos macacos antropoides. III.na história evolutiva, os homens e os macacos antropoides tiveram um ancestral comum. IV. na história evolutiva, não existe relação de parentesco genético entre macacos antropoides e homens. Analisando a árvore filogenética, você pode concluir que: a) todas as afirmativas estão corretas. b) apenas as afirmativas I e III estão corretas. c) apenas as afirmativas II e IV estão corretas. d) apenas a afirmativa II está correta. e) apenas a afirmativa IV está correta. análIse exposItIva 2 Habilidade 16 Na figura é observada uma filogenia, que é uma representação da história evolutiva dos seres vivos que envolve o seu grau de parentesco. Indivíduos com o mesmo ancestral em comum mais recente irão apresentar um maior grau de parentesco e portanto serão considerados mais proximamente relacionados. De acordo com a filogenia temos um ancestral em comum a todos os primatas, um ancestral em comum entre os Símios do velho mundo com todo o restante dos primatas, um ancestral em comum entre os Símios do velho mundo e todo o resto dos primatas, um ancestral em comum entre gibão e todo o resto dos primatas e um ancestral em comum entre o gorila e o grupo formado por chimpanzé e homens. Também podemos observar que homens e chimpanzés compartilham um ancestral em comum mais recente. Com isso podemos concluir que as afirmações: I. Verdadeira, pois de acordo com a filogenia, os macacos antropoides e os homens surgiram entre 0 e 2 milhões de anos. II. Falsa pois os homens primitivos compartilham um ancestral em comum com os macacos antropoides. III. Verdadeira, de acordo com a filogenia os homens e os antropoides (orangotango, gorila e chimpanzé e gibão) possuem um ancestral em comum. IV. Falso. Compartilham ancestral em comum. Alternativa B 24 estrutura ConCeItual Aeróbicos Autotróficos fermentadores fotossintetizantes Prática Origem da vida Panspermia Abiogênese ( IV A.C.) Seres vivos ou substâncias precussoras, vindas de outros locais do cosmo Vida a partir de algo vivo Compostos inorgânicos originam moléculas orgânicas Vida a partir da matéria bruta - Aristóteles - J.B. Von Helmont - F. Redi (1660) frascos com carne - L. Pasteur (1860) pescoço de cisne Panspermia Teoria da evolução Química (XX) Oparin e Haldane Miller Biogênese (XVII)Biogênese (XVII) Abiogênese ( IV A.C.) Teoria Autotrófica Primeiro ser vivo capaz desintetizar seu próprio alimento Teoria Heterotrófica Heterotróficos fermentadores Moléculas orgânicas Coacervados Primeiro ser vivo nutria-se da matéria orgânica do meio Teoria Moléculas orgânicas Coacervados Atmosfera com CH4, NH3, H2, H2O + Descarga elétrica © Ju liu sK iel ait is/ Sh ut ter sto ck 03 04 C BIOLOGIA N Evidências evolutivas Competência 4 Habilidades 15 e 16 Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade. H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos. H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico. H3 Confrontar interpretações científicascom interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas. H4 Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável da biodiversidade. Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos. H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano. H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum. H7 Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do trabalhador ou a qualidade de vida. Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen- tos ou ações científico-tecnológicos. H8 Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos. H9 Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações nesses processos. H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais. H11 Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló- gicos. H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios. Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais. H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos. H14 Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros. H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos. H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos. Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos. H17 Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica. H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam. H19 Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica ou ambiental. Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico- -tecnológicas. H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes. H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo. H22 Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais. H23 Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou econômicas. Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico- -tecnológicas. H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas H25 Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou produção. H26 Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos. H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios. Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico tecnológicas. H28 Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em ambientes brasileiros. H29 Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas ou produtos industriais. H30 Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do ambiente. 27 A ideiA de evolução A evolução biológica consiste no conjunto de modificações (mutações) sofridas pelas espécies ao longo do tempo. Essas modificações podem permitir à espécie uma melhor adaptação ao meio em que vive, ou seja, realizar com mais eficiência seus comportamentos reprodutivo, alimentar e de exploração de seu habitat. Portanto, uma espécie evoluída é adaptada ao meio em que vive, não importando o seu grau de comple- xidade. Por exemplo, um organismo procarionte, unicelular e heterótrofo, como uma bactéria que vive em nossos intestinos, pode ser considerado tão adaptado ao seu habitat quanto um organismo eucarionte, pluricelular com tecidos e um autótrofo, como um abacateiro, que é uma árvore frutífera. O mesmo raciocínio pode ser feito quando a comparação é feita com o homem. Logo, é interessante observar que tanto os organismos simples, como as bactérias, quanto os complexos, como os mamíferos, estão adaptados ao ambiente em que vivem simplesmente porque as características que apresentam permitem a realização de todas as suas funções vitais básicas, ou seja, seus metabolismos energético, plástico e de controle. Os primeiros pensamentos e conceitos O homem sempre se interessou pelos seres vivos que o rodeiam. Os caçadores silvícolas, os filósofos gregos, os monges da Idade Média, assim como qualquer outro homem de qualquer época. Todos eles têm o discernimento de que os indivíduos, animais ou vegetais, ainda que diferentes uns dos outros em muitos pormenores, tendem a organizar-se em grupos ou tipos naturais com características comuns. As espécies Atualmente, esses tipos naturais são denominados espécies, que consistem em um conjunto de indivíduos, semelhantes anatômica, fisiológica e filogeneticamente, capazes de realizar fluxo gênico entre si por mecanismos reprodutivos diversos, com produção de descendentes com as mesmas propriedades de transmissão hereditária. Duas grandes controvérsias correntes: Igreja e Ciência Durante muito tempo, acreditou-se que os seres vivos que conhecemos hoje, quase 2 milhões de espécies, fossem exatamente iguais à época de sua criação. Essa teoria, conhecida como Fixismo, começou a ser questio- nada com maior vigor a partir do século XVIII, quando se passou a acreditar que uma espécie poderia modificar-se com o tempo, originando uma ou mais espécies diferentes da anterior. O Fixismo, defendido pela Igreja, prega que todas espécies foram criadas por uma divindade, ao mesmo tempo e uma únicavez, do modo como são hoje, sem a capacidade de modificar-se – espécies imutáveis; en- quanto que o transformismo propõe que as espécies são mutáveis, ou seja, modificam-se ao longo do tempo para melhor se adaptarem ao meio em que vivem. Entre os transformistas está Jean-Baptiste de Lamarck (1744-1829), cuja teoria foi publicada em 1809, que acreditava que as espécies não são imutáveis, mas que descendem de outras, e, por meio de mudanças graduais que se processam através de muitas gerações, apresentam diferenças em relação aos ancestrais. 28 evidênciAs evolutivAs A expressão “evidência evolutiva” sugere a ideia de comprovação de um fato. Logo, a partir de agora, passaremos a encarar a Evolução Biológica como um fato, visto que apresenta evidências ou provas. É importante perceber que Lamarck e, mais tarde, Darwin, ambos evolucionistas, apenas procuraram elucidar o fato, portanto, o fazem por meio de hipóteses e teorias. A seguir, apresentaremos as evidências evolutivas mais importantes descritas pela ciência ao longo dos anos. Fósseis Correspondem à principal e mais notável evidência a favor do Transformismo e, portanto, da teoria evolucio- nista. São, por definição, restos ou vestígios de organismos de épocas remotas conservados até a atualidade. Repre- sentam uma evidência evolutiva pois mostram-nos que os organismos não foram criados simultaneamente, ou seja, há fósseis de diferentes idades. Os diferentes fósseis não são encontrados juntos nos mesmos estratos geológicos, o que mostra que as espécies não apareceram ao mesmo tempo e que sofreram modificações, pois não há fósseis com as mesmas características das espécies atuais. Fósseis de Teleósteo (peixe ósseo). Processo de fossilização A análise de fezes de organismos já extintos pode levar a diversas conclusões sobre os seus hábitos alimentares. Na foto, um coprólito (massa fossilizada de fezes animal) de um Ichthyosaurus. Para que um fóssil se forme, são necessárias condi- ções especiais. Não se esqueça que cadáveres são decom- postos. Se, no entanto, os restos mortais ou os vestígios de um organismo morto ficarem a salvo da ação de agentes decompositores e das intempéries naturais – como o ven- to, o sol e a chuva – estão criadas as condições adequadas para a formação de fósseis. As condições mais favoráveis à fossilização ocorrem quando o corpo de um ser vivo é imediatamente coberto por sedimentos após a morte. Infelizmente, a fossilização é um processo raro. Em razão disso, a paleontologia padece com as “bre- chas” de fósseis de todas as formas de vida. A grande maioria dos seres vivos do passado não foi fossilizada. Em razão disso, existe a dificuldade de relacionar dife- rentes grupos de seres vivos. Faltam elos (registro de organismos) que liguem esses grupos. Processo de fossilização. Desde a morte do animal até a descoberta dos restos fósseis. 29 Tipos de fossilização Dentre os muitos tipos de fossilização, destacam-se: § Fossilização por âmbar: permite a preservação de partes moles de um ser vivo. O âmbar é uma resina liberada por árvores que acaba aprisionando um indivíduo vivo. § Fossilização por mumificação e congela- mento: a ocorre em regiões desérticas e áridas; já o congelamento ocorre em locais glaciais, como a Sibéria, onde foram encontrados mamutes em per- feito estado de preservação. § Fossilização por carbonificação: ocorre mais comumente com restos vegetais e organismos com partes moles. São comprimidos pelo peso ou pela compactação das rochas. Durante o processo são liberados os gases como hidrogênio, oxigênio e ni- trogênio em razão do calor e da compressão. Ao final, resta apenas uma película de carbono do organismo. Preservação por âmbar, muito comum na preservação de insetos, pólen e répteis. Datação radioativa dos fósseis A idade de um fóssil pode ser estimada pela me- dição de elementos radioativos presentes nele ou na ro- cha em que está fossilizado. Em princípio, quanto mais profundo o terreno, mais antigo é o fóssil. Caso o fóssil apresente substâncias orgânicas em sua constituição, sua idade pode ser calculada com razo- ável precisão pelo método do carbono-14 (14C), um isótopo radioativo do carbono (12C). Há uma determinação científica de que a meia- -vida do carbono-14 é de 5730 anos. Isso significa que, nesse período, metade do carbono-14 de uma amostra desintegra-se. Ao morrer, um organismo que se fossiliza contém determinada quantidade de 14C. De acordo com os cientistas, estima-se que o isótopo encontrado nos seres atualmente é o mesmo. Passados 5730 anos, restará no fóssil apenas metade da quantidade de 14C presente no ser vivo que morreu. Passados mais 5730 anos, a metade do que restou também será desintegrada, e assim por diante, até o último vestígio de isótopo radioativo na matéria or- gânica remanescente. Fóssil de mamute Exemplo de carbonificação recorrente em uma planta licófita. Perceba a cor preta que o vegetal adquiriu. Por meio da medição da quantidade residual de car- bono-14 em um fóssil, é possível calcular quanto tempo se passou desde a morte do ser vivo que o originou. Um fóssil que apresente 1/8 do carbono radioativo estimado para um organismo vivo indica que a morte daquele ser vivo deve ter ocorrido há aproximadamente 22-23 mil anos. Como a meia-vida do carbono-14 é relativamen- te curta, a datação por meio desse isótopo serve apenas para fósseis com menos de 50 mil anos. Para datar fósseis mais antigos, empregam-se isótopos com meia-vida mais longa, como é o caso das rochas fossilíferas. Rochas for- madas há alguns milhões de anos podem ser datadas por meio do isótopo urânio-235 (235U), cuja meia-vida é de 700 milhões de anos. Para rochas mais antigas ainda, com cen- tenas de milhões de anos de idade, usa-se o potássio-40, cuja meia-vida é de 1,3 bilhão de anos. 30 Anatomia comparada No estudo dos vertebrados, é evidente que existe um padrão esquelético: um crânio ligado a uma coluna vertebral que apresenta uma cintura escapular, onde se conectam os membros anteriores e uma cintura pélvi- ca, na qual estão conectados os membros posteriores. Portanto, é óbvio que todos os vertebrados, apesar de diferentes, apresentam características em comum, o que mostra parentesco e indica um ancestral comum que, por evolução, deu origem a todos os subgrupos. Réptil Permiano. Réptil Permiano. Réptil Permiano. Réptil Permiano. Réptil Permiano. Estudo comparativo entre os ossos craniais de um réptil (a), uma forma intermediária entre répteis (b) e um mamífero moderno (c). BRAÇO DE Rádio HUMANO PATA DE GATO NADADEIRA DE BALEIA ASA DE MORCEGO Rádio RádioRádio BRAÇO DE Rádio HUMANO PATA DE GATO NADADEIRA DE BALEIA ASA DE MORCEGO Rádio RádioRádio Estudo comparativo ósseo entre membros anteriores (da esquerda para a direita) de homem, gato, baleia e morcego. Embriologia comparada O estudo embriológico dos animais mostra que quanto mais inicial é a fase de desenvolvimento do em- brião, maiores são as dificuldades de diferenciação e identificação do grupo estudado. Isso quer dizer que o desenvolvimento embriológico dos animais é extrema- mente semelhante nas suas fases iniciais, ocorrendo a diferenciação só mais tardiamente. Logo, entre espécies ou grupos evolutivamente próximos existe uma seme- lhança embriológica muito grande quanto às fases ini- ciais do desenvolvimento. 31 Bioquímica, biologia e genética molecular Recentemente, estudos nas áreas da bioquímica, biologia e genética molecular têm mostrado que a pre- sença das mesmas proteínas em organismos de grupos diferentes indica semelhança no aparato metabólico e hereditário, o que, sem dúvida nenhuma, evidencia pa- rentesco e, portanto, ancestralidade comum. O esquema abaixo, ilustra os processos básicos e universais que en- volvem o material genético e a sua expressão. Mecanismos para expressão do material genético. Homologias e analogias Estruturas
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