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Livro Texto - Unidade I


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Autor: Prof. Cassio Marcos Vilicev
Colaboradores: Prof. Emerson Sousa Cardoso
 Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano
Anatomia
Professor conteudista: Cassio Marcos Vilicev
Possui graduação em Educação Física pela Universidade de Mogi das Cruzes (1989) e em Fisioterapia (1998) pela 
Universidade Bandeirante de São Paulo. É doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade 
de São Paulo (2013) e mestre em Ciências pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (2005). 
Possui especialização em Educação a Distância pela Universidade Paulista – UNIP (2012) e em Didática do Ensino 
Superior pela Universidade Sant’Anna (1999). É professor titular na Universidade Paulista.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
V586a Vilicev, Cassio Marcos.
Anatomia. / Cassio Marcos Vilicev. São Paulo: Editora Sol, 2021.
316 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Aparelho locomotor. 2. Artrologia. 3. Sistema nervoso. I. Título.
CDU 611
U512.03 – 21
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Lucas Ricardi
 Kleber Nascimento
Sumário
Anatomia
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 10
Unidade I
1 BREVE HISTÓRIA DA ANATOMIA ............................................................................................................... 11
1.1 Período Pré-Científico ........................................................................................................................ 14
1.2 Período Científico ................................................................................................................................. 14
1.2.1 Mesopotâmia e Egito ............................................................................................................................ 14
1.2.2 Grécia Antiga ............................................................................................................................................ 15
1.2.3 Roma ............................................................................................................................................................ 20
1.2.4 A contribuição do povo islame ......................................................................................................... 24
1.2.5 O Renascimento ...................................................................................................................................... 25
1.2.6 As ciências contemporâneas .............................................................................................................. 32
2 BASES GERAIS DA ANATOMIA ................................................................................................................... 35
2.1 Divisão da Anatomia: o(s) estudo(s) da Anatomia ................................................................. 36
2.1.1 Anatomia Macroscópica ...................................................................................................................... 36
2.1.2 Anatomia Microscópica ........................................................................................................................ 36
2.1.3 Anatomia Artística ................................................................................................................................. 37
2.1.4 Anatomia Comparativa ........................................................................................................................ 38
2.1.5 Anatomia do Desenvolvimento ou Embriologia ........................................................................ 38
2.1.6 Anatomia Nepiológica ou Nepionatomia ..................................................................................... 39
2.1.7 Anatomia do Adulto .............................................................................................................................. 40
2.1.8 Anatomia Gerontológica ..................................................................................................................... 40
2.1.9 Anatomia Radiológica ......................................................................................................................... 40
2.1.10 Anatomia de Superfície ..................................................................................................................... 41
2.2 Conceitos gerais .................................................................................................................................... 42
2.2.1 Conceitos gerais de Anatomia Sistêmica e Topográfica ......................................................... 42
2.2.2 Terminologia anatômica ...................................................................................................................... 46
2.2.3 Conceito de normal e variações anatômicas .............................................................................. 47
2.2.4 Fatores gerais de variação anatômica ............................................................................................ 48
2.2.5 Anomalias .................................................................................................................................................. 57
2.2.6 Monstruosidade ....................................................................................................................................... 61
2.2.7 Divisão do organismo humano ......................................................................................................... 62
2.2.8 Posição anatômica ................................................................................................................................. 63
2.2.9 Planos de delimitação do organismo humano ........................................................................... 64
2.2.10 Planos de secção do organismo humano ................................................................................... 65
2.2.11 Termos de posição e direção ............................................................................................................ 67
2.2.12 Eixos de movimento ............................................................................................................................ 69
2.2.13 As cavidades corporais ....................................................................................................................... 70
2.2.14 Princípios gerais de construção do organismo humano ...................................................... 71
Unidade II
3 APARELHO LOCOMOTOR .............................................................................................................................. 79
3.1Osteologia................................................................................................................................................ 82
3.1.1 Os principais papéis do esqueleto e dos ossos ........................................................................... 83
3.1.2 Arquitetura óssea .................................................................................................................................... 86
3.1.3 O periósteo e o endósteo ..................................................................................................................... 89
3.1.4 Vascularização óssea ............................................................................................................................. 90
3.1.5 Inervação óssea ....................................................................................................................................... 90
3.1.6 Morfologia óssea..................................................................................................................................... 91
3.1.7 Características anatômicas de superfície dos ossos ................................................................. 97
3.1.8 Fatores de variação anatômica no número de ossos ............................................................... 99
4 DIVISÃO DO ESQUELETO .............................................................................................................................100
4.1 O esqueleto da cabeça .....................................................................................................................102
4.1.1 Os ossos do neurocrânio ....................................................................................................................104
4.1.2 Os ossos da face ....................................................................................................................................104
4.1.3 Os ossos do esqueleto da cabeça em conjunto ........................................................................105
4.2 O esqueleto do pescoço ...................................................................................................................109
4.3 O esqueleto do tronco ......................................................................................................................109
4.3.1 O esterno .................................................................................................................................................. 110
4.3.2 As costelas ................................................................................................................................................111
4.4 A coluna vertebral ..............................................................................................................................112
4.4.1 Regiões e curvaturas ........................................................................................................................... 113
4.4.2 Elementos das vértebras .................................................................................................................... 114
4.4.3 Os discos intervertebrais .................................................................................................................... 116
4.4.4 Variações no número das vértebras .............................................................................................. 118
4.5 A cintura escapular ............................................................................................................................118
4.6 O membro superior ............................................................................................................................119
4.7 A cintura pélvica .................................................................................................................................121
4.8 O membro inferior .............................................................................................................................123
Unidade III
5 ARTROLOGIA ...................................................................................................................................................131
5.1 Articulações fibrosas .........................................................................................................................132
5.1.1 Suturas ..................................................................................................................................................... 132
5.1.2 Sindesmoses ........................................................................................................................................... 133
5.1.3 Gonfoses .................................................................................................................................................. 134
5.1.4 Esquindilese ............................................................................................................................................ 134
5.2 Articulações cartilagíneas ...............................................................................................................135
5.3 Articulações sinoviais .......................................................................................................................137
5.3.1 Classificação das articulações sinoviais ...................................................................................... 143
5.3.2 Denominação dos movimentos em articulações .................................................................... 145
6 MIOLOGIA .........................................................................................................................................................147
6.1 Tipos de músculos ..............................................................................................................................147
6.2 Papéis dos músculos ........................................................................................................................149
6.3 Componentes macroscópicos dos músculos estriados esqueléticos.............................149
6.4 Nomenclatura dos músculos estriados esqueléticos ...........................................................152
6.5 Agonistas, sinergistas e antagonistas ........................................................................................160
6.6 Anatomia dos músculos ..................................................................................................................161
Unidade IV
7 ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO E SISTEMA NERVOSO CENTRAL ...............................187
7.1 Organização do sistema nervoso .................................................................................................188
7.1.1 Introdução à terminologia da Neuroanatomia ....................................................................... 189
7.1.2 Divisão do SN .........................................................................................................................................191
7.1.3 Papéis do SN ...........................................................................................................................................201
7.1.4 O tecido nervoso ...................................................................................................................................202
7.2 Sistema nervoso central ..................................................................................................................211
7.2.1 Generalidades sobre o encéfalo ...................................................................................................... 211
7.2.2 Morfogênese do SN .............................................................................................................................214
7.2.3 Anatomia da medula espinal .......................................................................................................... 220
7.2.4 Anatomia do bulbo .............................................................................................................................227
7.2.5 Anatomia da ponte ............................................................................................................................. 229
7.2.6 Anatomia do mesencéfalo ............................................................................................................... 230
7.2.7 Anatomia do diencéfalo .................................................................................................................... 233
7.2.8 Anatomia do telencéfalo .................................................................................................................. 242
7.2.9 Anatomia do cerebelo ........................................................................................................................ 249
7.2.10 O sistema ventricular ....................................................................................................................... 250
7.2.11 Barreiras encefálicas ......................................................................................................................... 253
7.2.12 A nutrição sanguínea do encéfalo ............................................................................................ 254
8 SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO E PERIFÉRICO ................................................................................257
8.1 Sistema nervoso autônomo ...........................................................................................................257
8.1.1 As diferenças anatômicas e fisiológicas relevantes entre as partes simpática 
e parassimpática do SNA ............................................................................................................................. 258
8.1.2 Papéis do SNA ....................................................................................................................................... 260
8.1.3 Reações do SNA ....................................................................................................................................261
8.1.4 Sistema nervoso entérico ................................................................................................................. 263
8.2 Sistema nervoso periférico .............................................................................................................264
8.2.1 Os nervos periféricos .......................................................................................................................... 264
8.2.2 Os gânglios ............................................................................................................................................. 266
8.2.3 As terminações nervosas .................................................................................................................. 267
9
APRESENTAÇÃO
Caro aluno,
Esta disciplina tem como objetivo servir de alicerce e recurso aos universitários que buscam profissões 
relacionadas à área da saúde. Preparado para enriquecer cursos de Anatomia Humana, este livro traduz 
uma introdução indispensável para a disciplina aos universitários. O enfoque de Anatomia Humana é 
beneficiar as informações aplicadas das estruturas anatômicas do organismo humano e as noções sobre 
as bases para o aproveitamento de outras disciplinas básicas. Retratamos, neste texto, experiências 
práticas que permitirão aos universitários da área a utilização de episódios referentes às situações 
fidedignas com as quais poderão se deparar na profissão pela qual optaram. 
Este material contempla a corporeidade e a motricidade humana, a filosofia e as dimensões históricas, 
a biomecânica, os primeiros socorros, a biologia, a genética, o crescimento e o desenvolvimento, a 
aprendizagem e o desenvolvimento motor e a fisiologia do exercício. 
A primeira parte deste livro oferece, de maneira bem abreviada, informações essenciais para um 
melhor entendimento do conteúdo posterior que será apresentado. Será oferecido ao universitário 
um breve histórico da Anatomia e de como esta ciência se desenvolveu no transcorrer dos séculos. 
Além disso, serão descritas as características anatômicas que definem os seres humanos como uma 
espécie distinta. Também serão enfatizados os diversos níveis de organização do corpo humano e 
introduzida uma linguagem essencial para a compreensão das estruturas e do seu funcionamento.
Na sequência, será apresentada uma visão ampla do aparelho osteoarticular e do sistema muscular. 
O movimento é possível nas articulações do esqueleto quando os músculos unidos ao esqueleto se 
contraem. Assim, o aparelho osteoarticular é minudenciado com vistas a facilitar o entendimento e a 
compreensão da função muscular. No sistema muscular, apresentaremos separadamente os músculos 
mais relevantes. De tal modo, gera-se concomitantemente uma ponte entre a teoria “sombria” e a 
prática esportiva.
Por fim, dentro da Neuroanatomia, estudaremos os órgãos que são formados por tecido nervoso, 
como o encéfalo, a medula espinal e os nervos. Além disso, estudaremos, também, as divisões 
anatômicas do sistema nervoso, bem como a divisão fisiológica. Do ponto de vista anatômico, 
veremos o sistema nervoso central e o sistema nervoso periférico, enfatizando as características 
morfofuncionais de cada estrutura.
A revisão terminológica, relevante num livro dessa natureza, compreendendo a versão dos epônimos 
muito usados na clínica médica, está protegida tecnicamente pela terminologia anatômica. Há, ainda, 
notas explicativas com termos e expressões definidos, facilitando sobremodo a compreensão do texto, 
mesmo para os principiantes, ainda não familiarizados com a terminologia da área.
Escrever um livro demanda não só concentração como também uma análise crítica permanente 
sobre a sua filosofia e o seu conteúdo. Portanto, ele foi destinado a facilitar o estudo da anatomia para 
alunos da área da saúde.
10
Assim, descrevo as palavras editadas pelo meu adorado orientador em minha tese de Doutorado, 
o professor Renato Paulo Chopard (in memoriam): “alunos que são um estímulo permanente para que 
continuemos nossos estudos, mais aprendendo do que ensinando, pois é com a vitalidade dos jovens 
que nós professores, aperfeiçoamos o nosso conhecimento” (VILICEV, 2013).
Estamos nos direcionando aos universitários, lembrando que a ciência moderna traz consigo 
um conjunto de particularidades que pode ser muito bem figurado no conhecimento metodológico 
abordado pelas ciências da natureza, tais como a ideia de neutralidade científica, o afastamento radical 
entre o sujeito e o objeto, a ideia de objetividade e a fragmentação do saber. 
INTRODUÇÃO
A disciplina Anatomia objetiva servir como base e recurso aos estudantes que buscam carreiras 
relacionadas à área da saúde.
Este livro-texto representa uma introdução imprescindível à Anatomia Humana para os estudantes. 
O foco é favorecer os conhecimentos aplicados das estruturas anatômicas do organismo humano 
e noções sobre as bases para outras disciplinas básicas. Retratamos, neste material, conhecimentos 
práticos que possibilitarão aos estudantes da área o uso de fatos concernentes às circunstâncias reais 
com as quais poderão se deparar na profissão que escolheram.
O período pré-científico e a Antiguidade até a Idade Média apresentaram a contribuição do povo 
islame para a Anatomia Humana, o mesmo acontecendo posteriormente com o Renascimento e as 
Ciências Contemporâneas. 
Quanto às suas bases gerais, a Anatomia subdivide seu estudo nos conceitos de normalidade, variação 
anatômica, anomalias e monstruosidades, assim como a posição anatômica, os planos de cortes e os 
princípios de construção do corpo humano. A área trata também dos aspectos anatômicos, funcionais e 
clínicos do aparelho locomotor e da neuroanatomia.
É na Anatomia que você descobre a linguagem científica básica que o conduzirá ao longo de toda a 
sua carreira profissional e possibilitará a você dialogar com seus colegas de uma equipe multidisciplinar.
11
ANATOMIA
Unidade I
1 BREVE HISTÓRIA DA ANATOMIAA parte interna do nosso corpo é “secreta” para nós. O que ocorre debaixo da nossa pele é enigmático 
e assombroso. Na Antiguidade, a estrutura interna do corpo foi o elemento de indagação e fábula, 
porém houve poucos esforços para simbolizá-la em imagens. A invenção da imprensa no século XV 
e a cascata de tecnologias de impressão que a acompanhou auxiliaram a surgir uma nova ciência 
sensacional, a Anatomia, e inovações espetaculares do corpo. Imagens anatômicas proliferaram de 
modo minudenciado e informativo, mas “maluco”, “surreal”, “majestoso” e “grotesco” – uma anatomia 
sonhadora que desponta tanto sobre o mundo exterior como sobre o eu interior. Ao longo da história, a 
Anatomia tornou-se uma linguagem visual de realismo.
A etimologia da palavra dissecar origina-se do verbo latino disseco, are, que também se redige deseco, 
are, cujo significado é o de cortar dividindo, separando as partes. Do grego aναλúστε, quer dizer corte, 
fatia, secção. O substantivo correspondente, desectio, onis, traduz-se por corte, talho. Dissecare, como 
termo médico, fora já utilizado por Plínio, no século I d.C. Desectio, onis foi adaptado para dissección, 
em espanhol; dissezione, em italiano, e dissecção, em português. Os léxicos da língua portuguesa têm 
manifestado dúvida entre dissecção e dissecação. No conhecido compêndio de Anatomia de Gardner, 
traduzido para o português, lê-se: 
Do ponto de vista etimológico, o termo dissecação: dis - significa 
separadamente e secare, cortar é o equivalente latino do grego anatomé. 
Portanto, a anatomia sendo uma ciência estuda o corpo humano por meio 
de cortes realizados pelos anatomistas. Quando os indivíduos compreendem 
alguns dos mistérios que o corpo humano esconde, é iniciado um 
conhecimento sobre o todo (GARDNER; GRAY; O’RAHILLY, 1988, p. 3).
 Lembrete
Dissecção ou dissecação significa a ação de dissecar, de separar as partes 
de um corpo ou de um órgão. Utiliza-se tanto em Anatomia (dissecação de 
um cadáver ou parte dele) como em cirurgia (dissecação de uma artéria ou 
de uma veia).
Dessa maneira, o ser humano estuda atividades relacionadas ao corpo humano em toda 
ocasião, pois fazem parte de seu âmago essas atividades que se remetem ao movimento. Com 
isso, foi edificando e fazendo a sua própria história. Do mesmo modo, isso se caracteriza com uma 
autoexpressão do homem. Na história, a percepção materialista-dialética profere que o homem 
12
Unidade I
se usou do movimento para proporcionar valor a sua vida, e ao se realizar esse elo acabou não 
transformando apenas a natureza, mas a “natureza” de si próprio. A partir disso, foi se formando 
cada vez mais e com o uso de gestos, habilidades e movimentos garantiu a sua sobrevivência na 
natureza, gerando algo cultural e expressivo para a história da humanidade.
A partir de um conhecimento enraizado e posteriormente obtido, o futuro profissional estará 
mais assegurado para com o seu trabalho, pois poderá, na maioria das vezes, a partir de uma 
ciência internalizada por meio do estudo, impedir que existam lesões e/ou sequelas por parte de 
seus alunos a partir de uma prática imprópria ou execução equivocada de movimentos.
O texto que se segue, a Oração ao cadáver desconhecido, de Karel Rabistansky, é direcionado aos 
estudantes de Anatomia Humana. Portanto, caros alunos, leiam, releiam e reflitam.
Ao te curvares com a rígida lâmina de teu bisturi sobre o cadáver 
desconhecido, lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas almas, 
cresceu embalado pela fé e pela esperança daquela que em seu seio o 
agasalhou. Sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens. 
Por certo amou e foi amado, esperou e acalentou um amanhã feliz e sentiu 
saudades dos outros que partiram. Agora jaz na fria lousa, sem que por ele 
se tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. Seu 
nome, só Deus sabe. Mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza 
de servir à humanidade. A humanidade que por ele passou indiferente 
(RABISTANSKY, 1976). 
A história da Anatomia Humana é análoga à da Medicina. De fato, a preocupação pela estrutura 
do corpo foi estimulada pelo anseio dos profissionais da área da Saúde em esclarecer uma disfunção 
orgânica do corpo. Em contrapartida, diversas religiões reprimiram o estudo da Anatomia Humana por 
meio das restrições atribuídas à dissecação humana e das evidências nas explanações não científicas 
para as doenças e fraquezas.
Durante séculos, o interesse inato dos indivíduos nos seus próprios corpos e capacidades físicas 
deparou várias maneiras de demonstração. Os gregos estimulavam as provas atléticas e apregoavam a 
perfeição do corpo nas suas esculturas, conforme ilustra a figura a seguir:
13
ANATOMIA
Figura 1 – Discóbolo de Mirón. É uma célebre estátua do escultor grego Mirón produzida em torno de 455 a.C. que representa um 
atleta momentos antes de lançar um disco. Os gregos antigos já tinham o conhecimento do nu artístico e apreciavam a boa forma 
física, logo davam destaque ao retratar a musculatura dos corpos, principalmente o corpo masculino
Muitos dos grandes mestres do Renascimento retrataram figuras humanas em suas artes. 
Realmente, alguns desses artistas eram magníficos anatomistas porque a apreensão deles com as 
minúcias pedia que fossem. Michelangelo foi um artista genial que captou o luxo da forma humana em 
esculturas como David, conforme ilustra a figura a seguir, e em pinturas como as da Capela Sistina. O 
estudo da história da Anatomia nos auxilia a contemplar a ciência importante que é atualmente.
Figura 2 – David, de Michelangelo Buonarroti
14
Unidade I
1.1 Período Pré‑Científico
É possível que um tipo de anatomia comparada prática seja a ciência mais antiga. Os primórdios 
do conhecimento anatômico mediante elementos e inscrições datam da Pré-história, e é provável 
deduzir que já nesse período havia algumas informações anatômicas. Elas foram eternizadas ao longo 
da história, por exemplo, através de desenhos que representam a anatomia humana encontrados nas 
montanhas de Tassili-n-Ajjer, no Saara argelino, e datados de aproximadamente 3 mil anos antes da Era 
Cristã, conforme ilustra a figura a seguir:
Figura 3 – Pinturas rupestres
1.2 Período Científico
O Período Científico inicia com os registros de observações anatômicas feitas na antiga Mesopotâmia 
cerca de 3.000 anos atrás em blocos de argila e em escrita cuneiforme e segue até os nossos dias. De 
modo óbvio, todas as colaborações do passado para a ciência da Anatomia não podem ser especificadas; 
contudo, certos indivíduos e culturas tiveram um extraordinário impacto e serão comentados rapidamente 
nesta unidade.
1.2.1 Mesopotâmia e Egito
Na Mesopotâmia, o olho é a parte constituinte do corpo humano que se dialoga com o mundo, fato 
destacado nas pinturas. Em exceção ao tronco, que ficava de forma frontal, a cabeça, as pernas e os pés 
encontravam-se de perfil. As esculturas que eram produzidas não incluíam muitas minúcias anatômicas; 
entretanto, demonstravam um corpo rígido.
No Antigo Egito, o progresso das técnicas de embalsamamento obrigou, e motivou, o estudo da 
anatomia humana. Apesar de suas carências, os médicos egípcios julgavam que o coração era o centro 
motor do corpo humano, pois descreviam que ele falava, batia e pulsava. Eis como os egípcios referiam 
o papel do coração:
15
ANATOMIA
Começo do segredo do médico: conhecimento da anatomia do coração. Há 
neles vasos (indo) a todos os membros. Quando qualquer médico da deusa 
Sekhmet, ou qualquer mágico coloca seus dedos na testa, na nuca, ou nas 
mãos ou sobre o próprio coração, ou sobre os dois braços, ou sobre as duas 
pernas, ou em qualquer parte, sente qualquer coisa do coração, porque os 
vasos deste vão a todos os membros (PAULA, 1962). 
Os grandes discípulos dos egípcios serão os gregos, que irão se saciar nos conhecimentos daqueles 
que habitam as regiões do Nilo desde Hipócrates até Galeno.
Figura 4 – A deusa Sekhmet
1.2.2 Grécia Antiga
Para os gregos, o conhecer(o espetáculo, a inteligência) tem prioridade sobre o operar (a ação, o 
prático). A propriedade básica do pensamento grego está no dualismo das relações entre a realidade 
empírica e um absoluto que a esclareça, na separação entre Deus e o mundo. O resultado desse dualismo 
é o irracionalismo, que produz sustentação à serena compreensão grega do mundo e da vida. O mundo 
real dos indivíduos depende de Deus, porém nunca pode chegar até ele, porque dele não dimana. Deus é 
o absoluto racional, todavia não cuida do mundo e da humanidade, que não criou, não distingue e nem 
governa. Para os gregos, a humanidade era governada pelo acaso, isto é, pela necessidade irracional. 
Esta concepção de mundo era, assim, marcada pelo pessimismo, um pessimismo desesperado, razão pela 
qual foi considerado como período trágico.
Aristóteles, conforme ilustra a figura a seguir, ao longo da vida, escreveu mais de mil obras. Do ponto 
de vista de nosso mérito, seus maiores trabalhos são História dos animais, As partes dos animais e 
A geração dos animais. Nesses trabalhos, desenvolveu teorias coesas sobre geração e hereditariedade 
e sugeriu a Anatomia Comparada, embora ele nunca tenha dissecado um corpo humano.
16
Unidade I
Figura 5 – O pintor renascentista Rafael demonstrou seu domínio da perspectiva 
linear na Escola de Atenas. O ponto central de fuga fica entre Platão e Aristóteles
Conforme mencionamos anteriormente, Aristóteles dá belas descrições de alguns órgãos, sob 
o ponto de vista da Anatomia Comparada. Essas descrições foram fortuitamente ilustradas com 
desenhos, que são as primeiras figuras anatômicas de que se tem conhecimento. Entre seus erros 
anatômicos, merece destaque sua rejeita em dar grande relevância ao cérebro. A superioridade, 
segundo ele, reside no coração, sede também da inteligência, conceito contrário à da maioria dos 
médicos escritores de seu período.
Não é de todo incerto que Aristóteles tenha efetuado experimentos sobre o cérebro e observado tal 
falta de sensibilidade. Assim, considerou-o simplesmente um meio para resfriar o coração e impedir seu 
superaquecimento. Segundo ele, esse processo de resfriamento era motivado pela secreção da fleuma. 
Aristóteles era, via de regra, muito mais fraco em Fisiologia do que em Anatomia. Portanto, não sabia as 
diferenças entre artérias e veias, e cria que as artérias contivessem ar, além de sangue. Por mais de dois 
mil anos, a filosofia aristotélica, de forma mais ou menos modificada, estabeleceu a principal referência 
intelectual da humanidade.
Foi Alcmaéon, retratado na figura a seguir, quem escreveu a primeira obra de Anatomia. Ele dissecou 
a trompa de Eustáquio, os nervos ópticos e o olho, que propunha ser feito de água (oriunda do cérebro 
e com facilidade encontrada ao dissecá-lo) e fogo (notado quando o olho é ferido). Assim, sugeriu uma 
teoria da visão, segundo a qual existiria no olho um “fogo interno”.
17
ANATOMIA
Figura 6 – O busto de Alcmaéon é um produto de cerâmica datada do século XIX. Faz parte 
da coleção Pazzini do Museu de História da Medicina, na Universidade de Roma
 Observação
Vários anatomistas imortalizaram seus nomes criando uma série de 
epônimos, ou seja, diversas estruturas anatômicas receberam denominações 
em homenagem aos primeiros anatomistas que as descreveram. Assim, 
nós temos, como exemplos, o polígono de Willis e a trompa de Eustáquio. 
Quando consultadas pelos seus ginecologistas, caso ele comente sobre as 
glândulas de Bartholin, o fundo de saco de Douglas e as trompas de Falópio, 
nada mais passará do que as seguintes estruturas anatômicas: as glândulas 
vestibulares, a escavação retouterina e as tubas uterinas, respectivamente.
 Lembrete
Epônimo é o termo anatômico gerado a partir do nome de uma pessoa. 
O epônimo visava homenagear o cientista que descobrisse ou primeiro 
descrevesse determinada estrutura anatômica.
Alcmaéon considerava o cérebro a sede das sensações e o centro da vida intelectual, informações 
que mais tarde se consumiram. Todos os órgãos do sentido estariam ligados ao cérebro, o centro 
da memória e o centro do saber. Cria que também o espermatozoide aí se originava a partir dos 
14 anos de idade.
Hipócrates, retratado na figura a seguir, é considerado o pai da Medicina ocidental, entretanto na 
área da Anatomia nada alcançou de importante. Provavelmente foi o precursor do estudo da anatomia 
constitucional. Ele acreditava que o encéfalo não apenas estava compreendido nas sensações, como 
seria a sede da inteligência. Hipócrates foi o primeiro a estabelecer uma relação entre o cérebro e a 
doença sagrada, a epilepsia.
18
Unidade I
Figura 7 – Escultura facial de Hipócrates, Museu Arqueológico de Atenas
Embora Hipócrates, supostamente, tivesse restrita orientação em dissecações humanas, ele foi 
bem conduzido na afamada Teoria Humoral de organização do corpo. Através dessa teoria eram 
identificados quatro humores no corpo, e cada um deles era agregado a um órgão em especial: sangue 
com o fígado; cólera, ou bile amarela, com a vesícula biliar; fleuma com os pulmões; e melancolia, 
ou bile preta, com o baço. Acreditava-se que um indivíduo teria um equilíbrio dos quatro humores, 
conforme ilustra a figura a seguir:
Figura 8 – Esquema do sistema cardiovascular de 
acordo com os gregos antigos. Note a presença 
de dois vasos paralelos oriundos no fígado 
e no baço, interligados ao coração no tórax, 
aos membros inferiores e à cabeça. Repare o 
coração com um poro no septo interventricular 
conectando ao VD e o VE, dois vasos conectados 
ao VD e um vaso conectado ao VE vindo dos 
pulmões. O VD é maior do que o esquerdo, ao 
passo que o VE é mais espesso do que o direito. 
O VD contém sangue, ao passo que o VE é 
preenchido com ar e bile amarela, de acordo 
com o Corpus Hippocraticum. VE: ventrículo 
esquerdo; VD: ventrículo direito; SIV: septo 
interventricular
 Observação
Você sabia que os quatro humores fazem parte de nossa linguagem 
e da clínica médica nos dias atuais? Melancolia é um termo utilizado 
para descrever depressão ou desânimo de um indivíduo, enquanto 
melano se alude a um semblante obscuro ou pálido. O prefixo melano 
significa preto. Cólera é uma patologia intestinal que causa diarreia e 
vômito. Fleuma no interior do sistema respiratório é sinal de diversas 
doenças pulmonares.
19
ANATOMIA
Quando Atenas perdeu sua liberdade, o centro científico passou para Alexandria, no Egito, onde, 
pela primeira vez, a Anatomia tornou-se uma disciplina. Os dois primeiros e maiores professores foram 
Herófilo e Erasístrato, que principiaram o denominado período alexandrino da Anatomia.
Herófilo, representado na figura a seguir, é visto como o “açougueiro de homens”, pois ele realizava 
vivissecção em criminosos da prisão real. Estima-se que ele dissecou mais de 6 mil seres humanos, 
muitas vezes em demonstrações públicas (“sem dúvida, o melhor método para aprender”, escreveu 
Celsius, consentindo). Fez a primeira distinção clara entre artérias e veias e ampliou os estudos sobre 
a pulsação, que considerava um processo ativo das próprias artérias. Herófilo reconheceu o cérebro, 
definitivamente, como o órgão central do sistema nervoso e sede da inteligência. Dividiu os nervos em 
motores e sensitivos, e descreveu as meninges. Ampliou, ainda, o conhecimento sobre outras partes 
do cérebro, distinguindo o cérebro, o cerebelo e o IV ventrículo. Os termos próstata e duodeno são 
derivados dos empregados por ele. Fez também a primeira descrição dos vasos quilíferos do intestino.
Figura 9 – Herófilo, a primeira dissecação. Entrada Principal da Nouvelle Faculté de Médecine Paris
 Observação
Vivissecção é a dissecação ou operação cirúrgica em animais vivos, para 
estudo de alguns fenômenos anatômicos e fisiológicos.
Erasístrato, representado na figura a seguir, atentava-se mais às funções do corpo humano do que 
à estrutura e é muitas vezes chamado de Pai da Fisiologia. Aperfeiçoou os dados sobre o cérebro e o 
cerebelo, os quais consideroua sede da alma. Entre suas diversas descrições ele determinou a substância 
cerebral, e não a dura-máter como a origem dos nervos cranianos; estabeleceu o cérebro e o cerebelo 
como órgãos parenquimatosos; e descreveu os ventrículos encefálicos. Juntamente com Herófilo, 
determinou que o número de giros está relacionado com a inteligência humana. Era um racionalista e 
se declarava inimigo de todo misticismo. Teve, todavia, que usar a ideia de Natureza como força externa, 
a moldar os objetivos para os quais o corpo age. Erasístrato compreendeu a ação dos músculos na 
produção do movimento. Atribuiu o encurtamento dos músculos à sua distensão pelo espírito animal. 
20
Unidade I
Figura 10 – Erasístrato
Entretanto, o esplendor das descobertas anatomopatológicas de Herófilo e Erasístrato tombou em 
infortúnio com a suspeita de que escravos e condenados à morte haviam sido dissecados vivos após a 
autorização de Ptolomeu I. Uma passagem de Machado de Assis em Contos alexandrinos cita a história 
de dois filósofos: Stroibus e Pítias.
Tinham sido escalpelados cerca de cinquenta réus, quando chegou a vez de 
Stroibus e Pítias. Vieram buscá-los; eles supuseram que era para a morte 
judiciária, e encomendaram-se aos deuses. De caminho, furtaram uns 
figos, e explicaram o caso alegando que era um impulso da fome; adiante, 
porém, subtraíram uma flauta, e essa outra ação não a puderam explicar 
satisfatoriamente. Todavia, a astúcia do larápio é infinita, e Stroibus, para 
justificar a ação, tentou extrair algumas notas do instrumento, enchendo de 
compaixão as pessoas que os viam passar, e não ignoravam a sorte que iam 
ter. A notícia desses dois novos delitos foi narrada por Herófilo, e abalou a 
todos os seus discípulos (MACHADO DE ASSIS, 1884, p. 6). 
 Observação
Os anatomistas pretendiam saber se “nervo do furto” residia na palma 
das mãos. Pelo que se diz, Herófilo dissecou primeiro Stroibus e a seguir 
Pítias durante oito dias.
1.2.3 Roma
O interesse do estado em Roma fundamentava-se em sua arte, que era caracterizada como sendo 
objetiva, e para a representação do poder de forma realista esculpiam-se rostos de autoridades, conforme 
ilustra a figura a seguir. Para que os corpos fossem mitificados e divinizados em paredes de casas era 
usada a pintura mural.
21
ANATOMIA
Figura 11 – Júlio César, busto no Museu Arqueológico Nacional de Nápoles
Em muitos aspectos, Roma inclui os progressos científicos e as bases para a Idade das Trevas. 
O questionamento científico perfaz a teoria pela prática durante esse período. Foram realizadas 
algumas dissecações de cadáveres humanos, tendendo mais a determinar a razão da morte em 
casos criminais. A medicina não era preventiva, contudo confinava-se, quase sem exceção, ao 
tratamento de soldados lesados em combates. Nos últimos tempos da história romana, as leis eram 
postas evidenciando a autoridade da Igreja na prática médica. De acordo com as leis romanas, 
por exemplo, nenhuma gestante morta poderia ser sepultada sem a retirada do feto do útero de 
maneira que pudesse ser batizado. 
 
As circunstâncias que cercam a morte de Agripina são duvidosas por causa dos 
contrassensos nas fontes e pelo viés anti-Nero que elas apresentam. Nero arquitetou um 
navio cujo fundo se afastaria quando estivesse no mar, e Agripina foi colocada a bordo. 
Quando o fundo se abriu, ela caiu no mar, mas conseguiu nadar até a margem e, por isso, Nero 
enviou um assassino para matá-la. O imperador afirmou que ela havia tentado assassiná-lo 
e depois se suicidou. Suas hipotéticas palavras finais ao assassino quando estava prestes a 
matá-la foram “Ataque meu útero!”, insinuando que ela almejava ver destruída primeiro a 
parte de seu corpo que tinha gerado um “filho tão abominável”, conforme ilustra a figura 
a seguir, em uma associação de ideias entre as palavras de Agripina e a xilogravura de 
Guilherme de Lorris:
22
Unidade I
Figura 12 – Imperador Nero assistindo à dissecação de sua mãe Aggrippina. 
Ela ainda está viva e suas mãos estão amarradas com uma corda
Considerado o príncipe dos médicos, Galeno, representado na figura a seguir, foi uma figura 
fundamental na história da Medicina. Como a dissecação humana era banida, ele não dissecava cadáveres 
humanos, porém humanizava por aproximação, talvez a causa de seus erros anatômicos.
Figura 13 – Galeno. Fotografias do busto do Museu Nacional de Nápoles, Itália (à esquerda) e 
de gravura na Biblioteca Nacional de Medicina, Washington, DC (à direita)
Em seres humanos, Galeno usufruía para fazer pesquisas vendo feridas profundas ou estudando 
cadáveres de indigentes encontrados eventualmente. As principais descrições dele encontram-se no 
campo do sistema nervoso, do esqueleto humano, do sistema muscular e do sistema circulatório, 
conforme ilustra a figura a seguir:
23
ANATOMIA
Figura 14 – Livro de Galeno. Ossibus doctissima et expertissima commentaria. 
Ossículos da orelha (círculo branco)
Galeno descreveu o esterno com sete peças, assim como as costelas com as quais se articula. Descreveu 
também a cartilagem tireóidea, com o nome de Chondros Thyreoides, semelhante ao escudo cretense. 
Em nenhum tempo, o status de um homem prevaleceu de maneira tão profunda em uma ciência como o 
de Galeno na Medicina. Suas inspirações prorrogam-se pelos próximos 13 séculos através da Idade Média até 
o século XVI, sendo que as obras de Galeno determinam os princípios dos dados anatômicos. 
 
Era uma obrigação religiosa entre os gregos e os romanos cobrir com terra qualquer osso humano 
encontrado por casualidade. Apenas os condenados e os suicidas poderiam ficar sem enterro. 
Entre os gregos existia a crença de que as almas dos mortos haviam de vagar pelas margens rio Estige, o 
“rio da imortalidade”, conforme ilustra a figura a seguir, até que seus corpos tivessem sido enterrados.
Figura 15 – Caronte é o clássico barqueiro dos mortos na mitologia grega. Ele estava encarregado de realizar a travessia do rio Estige 
e só transportava almas que tivessem sido enterradas com uma moeda debaixo da língua, com a qual poderiam pagar a travessia. 
Dentro do rio estão os condenados pelo pecado da ira. Ilustração de Gustave Doré (século XIX) 
24
Unidade I
 Saiba mais
Se você quiser aprofundar suas leituras sobre esses temas, leia:
KICKHÖFEL, E. H. P. A lição de anatomia de Andreas Vesalius e a ciência 
moderna. Scientiæ Zudia, v. 1, n. 3, p. 389-404, 2003. Disponível em: https://
bit.ly/3vpjQIu. Acesso em: 5 jun. 2018. 
ALVES, M. V. A medicina e a arte de representar o corpo e o mundo 
através da anatomia. In: BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL. Arte médica 
e imagem do corpo: de Hipócrates ao final do século XVIII. Lisboa: Biblioteca 
Nacional de Portugal, 2010. p. 31-50. 
CHEREM, A. J. Medicina e arte: observações para um diálogo 
interdisciplinar. Revista Acta Fisiátrica, v. 12, n. 1, p. 26-32, 2005. Disponível 
em: <http://www.actafisiatrica.org.br/detalhe_artigo.asp?id=240>. Acesso 
em: 5 jun. 2018. 
CHIARELLO, M. Sobre o nascimento da ciência moderna: estudo 
iconográfico das lições de anatomia de Mondino a Vesalius. Scientiae 
Studia, v. 9, n. 2, p. 291-317, 2011. Disponível em: https://bit.ly/3vtXp53. 
Acesso em: 5 jun. 2018. 
1.2.4 A contribuição do povo islame
O período entre a morte de Galeno e a primeira tradução de uma obra de material médico no século XI, 
no Mosteiro de Monte Cassino, sul da Itália, estabeleceu a “Idade das Trevas” da Anatomia. Crê-se que 
tanto o estilo de vida quanto os sentimentos nutridos pela sociedade medieval frente ao corpo humano 
teriam movido ao processo de redução da edificação de saberes que abrangeu a Anatomia, a Medicina 
e outras áreas do saber.
Os séculos X e XI foram marcados pelo aumento demográfico associado à expansão territorial 
empreendida pelas Cruzadas Religiosas, o que possibilitou o renascimento comercial. Com a retomada 
das atividades comerciais e a instauração de espaços urbanos, as universidades multiplicaram, com 
a finalidade de acatar às necessidadesde conhecimentos por parte dos comerciantes, no processo 
de expansão de seus negócios. Do mesmo modo, a própria maneira de organização social que nascia 
bradava por certos serviços, como aqueles relativos à jurisprudência e à medicina.
Em um clima essencialmente escolástico, o ensino das universidades, assim como o ensino da 
Anatomia, era comumente abalizado nas traduções de textos árabes, como os tratados de Avicena, 
retratado na figura a seguir. Como a observação da natureza ainda era inadvertida nessa época, não 
existia instrumentação prática em Anatomia. 
25
ANATOMIA
Figura 16 – Estátua de Avicena 
Avicena organizou e sistematizou os saberes de Hipócrates e Galeno – os três estão retratados na 
figura a seguir – em um compêndio de Medicina considerado uma obra majestosa que ficou marcada 
como Cânon. Este foi publicado pela primeira vez apenas em 1492 e é uma mistura de saberes médicos 
islâmicos e gregos. O Cânon foi o primeiro livro médico a mostrar a reparação de tendões em um período 
em que esse tratamento era equivocadamente contraindicado. 
Figura 17 – Os três maiores professores da antiguidade em Medicina 
1.2.5 O Renascimento
A fase conhecida como Renascimento foi determinada pela vida nova das ciências. O Renascimento 
foi introduzido nas grandes universidades europeias localizadas em Bolonha, Salerno, Pádua, 
Montpellier e Paris. Apenas no Renascimento seriam aceitos, ainda que com certa cautela e dignidade, 
os procedimentos de violação do corpo por meio de estudos de cadáveres.
Com o aumento pelo mérito na anatomia durante o Renascimento, a aquisição de cadáveres para 
a dissecação se tornou um problema grave. Estudantes médicos cometiam repetidamente a invasão de 
26
Unidade I
sepulturas para saqueá-los, até que um decreto oficial foi expedido, possibilitando utilizar os corpos 
de criminosos executados com espécimes. As aulas de Anatomia aconteciam num teatro anatômico, 
conforme ilustra a figura a seguir:
Figura 18 – Teatro anatômico de Pádua, vista panorâmica
O teatro anatômico deveria ser vasto e arejado, com bancos organizados em círculos, como os do 
Coliseu Romano, possibilitando a posição de muitos alunos sem importunar os movimentos do maestro, 
o cirurgião. O cadáver era colocado em uma mesa no centro do teatro e os instrumentos em outra, 
próxima à primeira. Os professores de Anatomia pronunciavam as suas aulas de cátedras um pouco 
distante do local do cadáver. A frase: “Eu não devo tocá-lo com uma vara de 10 pés” possivelmente 
originou-se durante esse período em menção ao odor de um cadáver em deterioração.
 Saiba mais
Você gostaria de saber um pouco mais sobre o tema teatro anatômico? 
Pois bem, leia o artigo a seguir:
PIAZZA, M. J. Palazzo del Bò e o teatro anatômico. Femina, v. 40, n. 5, 
p. 235-236, 2012.
Do século XIII ao início do século XVI, os progressos no conhecimento anatômico foram morosos, 
fundamentados na contínua revisão e extensão de tratados preexistentes. A Anatomia Macroscópica 
foi privilegiada nessa época; contudo, para seu desenvolvimento foi imprescindível o aperfeiçoamento 
das técnicas de observação, de dissecação, de descrição e de ilustração, assim como o gradual 
refinamento terminológico, processo para o qual Mondino de Luzzi, retratado na ilustração a seguir, 
é considerado o precursor.
27
ANATOMIA
Figura 19 – Anatomia de Mondino, xilogravura
Do século XIII ao século XVI, o desenvolvimento da Anatomia concentrou-se no cenário italiano 
e ampliou-se para outros países, em agravo do decreto pontifício propagado em 1300. Sua inserção 
enquanto disciplina nas universidades foi regularizada também pelo refinamento das formas de 
representação das estruturas corporais concebidas pelo processo de ilustração do corpo, o que se tornou 
possível devido à influência do naturalismo na arte italiana.
Assim, artistas como Leonardo da Vinci e Michelangelo estavam entre os primeiros a efetuar o estudo 
científico da anatomia humana, devido ao seu interesse na forma humana. Além disso, a invenção da 
impressão tornou os livros facilmente acessíveis, e as ilustrações necessárias para anatomia poderiam 
naquele momento ser mais naturalmente reproduzidas e distribuídas.
A escrita invertida é uma característica das observações do canhoto Leonardo da Vinci em seus 
desenhos. Da Vinci foi sem dúvida o artista mais astuto, produzindo centenas de desenhos anatômicos 
feitos a partir de dissecações. Suas contribuições, do ponto de vista anatômico, só podem ser elencadas 
retrospectivamente, mas a precisão e a objetividade de suas ilustrações inspiram, ainda nos dias atuais, 
a construção de novos esquemas anatômicos.
Ele ponderou o homem como o centro do universo, distendendo a figura humana em duas formas 
geométricas, uma em relação ao quadrado e a outra em relação ao círculo, sendo que a unidade 
melodiosa seria dada pelo conjunto. Seu ponto de partida foram os escritos do arquiteto e do engenheiro 
militar Marco Vitrúvio, o qual constituíra no século I antes de Cristo a doutrina que relacionava a 
proporcionalidade da soberba arquitetura com as do homem de boa conformação, conforme ilustra 
a figura a seguir:
28
Unidade I
Figura 20 – O homem de Vitrúvio, de Leonardo da Vinci
Uma das mais apreciadas imagens plásticas do Renascimento, pintada na Capela Sistina por 
Michelangelo entre 1508 e 1512, apresenta entre elas A criação de Adão, conforme ilustra a 
figura a seguir. Nesse afresco observamos que os membros superiores são simétricos e têm uma 
composição muito semelhante, fazendo referência à passagem bíblica “Deus criou o homem à 
sua imagem e semelhança” (Gênesis, 1:27). De tal modo, através dessa simetria, Michelangelo põe um 
equilíbrio entre os dois lados do afresco, entre a figura divina e a figura humana.
Figura 21 – A criação de Adão, de Michelangelo Buonarroti
29
ANATOMIA
 Saiba mais
Em meio aos afrescos que pintou no teto da Capela Sistina, 
Michelangelo espalhou ossos, nervos, músculos, vísceras, artérias e órgãos 
humanos que ficaram escondidos desde 1512, quando o gênio renascentista 
concluiu o trabalho encomendado pelo Papa Júlio II. Você irá se deliciar com 
a leitura recomendada dos segredos ignorados durante quase cinco séculos 
e desvendados por dois pesquisadores da Unicamp, que conseguiram 
identificar e decifrar um código criado pelo artista para revelar as peças 
anatômicas pintadas de forma disfarçada nas imagens principais. Para isso, 
acesse o link a seguir e boas descobertas!
LEVY, C. Pesquisadores dissecam lição de anatomia de Michelangelo. 
Jornal da Unicamp, p. 21-27, jun. 2004. Disponível em: https://bit.ly/3bBeZfu. 
Acesso em: 6 jun. 2018.
Na história da Anatomia, o século XVI mostra-se de grande relevo em razão da obra do anatomista 
Andreas Vesalius, considerado o Pai da Anatomia. No cenário italiano, Vesalius revelou-se um ferrenho 
defensor da técnica da dissecação, que considerava como a única forma de se conhecer realmente o 
corpo humano. O intuito de sua obra era, a partir da dissecação sistemática de cadáveres, abandonar 
o caráter “revisionista” que prevalecia nas investigações anatômicas. Seu estudo intitulado De humani 
corporis fabrica foi concluído em 1543 (veja as figuras a seguir). O impacto que causou se deveu 
tanto ao nível de apuração dos detalhes anatômicos abarcados por suas ilustrações quanto pelo 
veio artístico de sua obra, de caráter tipicamente renascentista, acrescida de influências galênicas, 
naturalistas e escolásticas. 
Figura 22 – Ilustração da obra De humani corporis fabrica
30
Unidade I
Figura 23 – Ilustração da obra De humani corporis fabrica
Figura 24 – Ilustração da obra De humani corporis fabrica
O grande valor das práticas e das informações preconizadas por Vesalius prosseguiu no século 
seguinte, sendo que os seus estudos ganharam evidência em telas. Um exemplo é a Lição de Anatomia 
do Dr. Tulp, pintada por Rembrandt em 1632 (veja a figura a seguir). 
Figura 25 – A lição de Anatomia do Dr. Tulp, de Rembrandt
31
ANATOMIAEm A Lição de Anatomia do Dr. Tulp, o morto retratado era Adriaen Adriaansz, conhecido 
como o “Garoto”, um deficiente mental com grave dismorfismo corporal, correspondendo 
quase a um anão, que após roubar várias vezes, foi enforcado. Personagens ilustres 
assistiram à dissecação do cadáver de Adriaen, como o anatomista amador e filósofo René 
Descartes e o médico inglês Thomas Brown. Sabendo que os artistas pós-renascentistas já 
não recorriam às dissecações, embora reconhecessem a importância de tais conhecimentos, 
é valido enfatizar que essa aula com sete alunos anatomistas é de demonstração. Portanto, 
não ocorre uma dissecação anatômica, e a tela contém alguns erros anatômicos, descritos 
a seguir:
• O comprimento do membro superior esquerdo é bem maior que o do direito.
• Os músculos flexores superficiais do antebraço estão originando erradamente do 
epicôndilo lateral em vez do epicôndilo medial, o que sugere o desconhecimento de 
Rembrandt sobre Anatomia, conforme ilustra a figura a seguir:
Figura 26 – Detalhe dos tendões bifurcados dos músculos flexores superficial e profundo dos dedos
• O raio X da pintura indica que inicialmente a mão direita do cadáver não tinha 
dedos. Rembrandt pintou-a posteriormente com base na mão de outra pessoa. 
Entretanto, consiste em uma mão delicada, com unhas bem cortadas, nada 
lembrando a de um ladrão. 
 
32
Unidade I
 Saiba mais
Momento para relaxar! Aproveite e leia o livro a seguir:
SIEGAL, N. A lição de Anatomia. Rio de Janeiro: Rocco, 2017.
Nele você saboreará uma porção da história e perceberá como a arte e 
a ciência muitas vezes embarram seus caminhos na brutalidade.
1.2.6 As ciências contemporâneas
As contribuições para a ciência anatômica durante o século XX não foram tão magníficas quanto o 
eram no período em que pouco se sabia sobre a estrutura do corpo humano. O estudo da Anatomia se 
aperfeiçoa cada vez mais por meio das especializações, e as pesquisas se tornaram mais minudenciadas 
e mais complexas. 
Podemos afirmar que, infelizmente, um ponto negativo ocorreu no período da Segunda Grande 
Guerra Mundial, momento em que as polêmicas bioéticas, abrangendo as experiências com seres 
humanos, tomavam corpo com o processo de Nuremberg, em que anatomistas alemães foram 
denunciados de utilizar corpos de vítimas do holocausto para as pesquisas anatômicas, assim 
como foram realizadas diversas acusações da presença da suástica nazista nas páginas de alguns 
atlas anatômicos do período.
 
Joseph Mengele talvez tenha sido o “cientista” mais carniceiro de Hitler: seus experimentos 
custaram a vida de cerca de 400 mil pessoas em Auschwitz. Mengele injetou tinta azul em 
olhos de crianças, uniu as veias de gêmeos, amputou membros de prisioneiros e dissecou 
anões vivos em seu laboratório.
“Sou, sem dúvida, o único que conhece por completo a fisiologia humana, porque faço 
experiências em homens e não em ratos”. Era o que proferia com ar de orgulho Sigmund 
Rascher, responsável pelo campo de concentração de Dachau. Lá ele se utilizava de cobaias 
humanas vivas para seus experimentos.
O médico da renomada Universidade de Estrasburgo, August Hirt, utilizou cerca de 80 
corpos em estudos anatômicos para determinação da superioridade do povo ariano.
Para muitos especialistas em Anatomia, o Atlas Pernkopf (veja a figura a seguir), produzido 
com base na dissecação de corpos de 1.377 prisioneiros, é o melhor trabalho ilustrado sobre 
Anatomia Humana já efetuado na história. Para outros, é um livro questionável e póstumo 
que, ao lado de suásticas, traz a seguinte frase: “feliz conjunção de ilustradores brilhantes e 
corpos de criminosos executados”.
33
ANATOMIA
Figura 27 – Capa do Atlas Pernkopf
 
A partir de 1977, uma nova técnica de preparação de peças anatômicas foi elaborada. Essa descoberta 
foi realizada pelo médico e professor da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, Gunther Von Hagens, 
o qual se intitula “Vesalius do século XXI”, que inventou e desenvolveu o processo batizado por Gunther 
de plastinação, conforme ilustra a figura a seguir, que incide numa maneira moderna de mumificação, 
fazendo com que os cadáveres tenham uma elevada resistência.
A plastinação é outro aspecto que envolve polêmicas bioéticas. A partir dela, os “espécimes” inodoros, 
secos e quase eternos estão sendo vastamente utilizados como modelos de anatomia em exposições e 
faculdades de Medicina. Milhões de desconhecedores já testemunharam corpos dissecados em uma das 
“fantásticas” exposições de anatomia pelo mundo, e um novo mercado on-line de “espécimes” humanos 
plastinados está aumentando. 
Figura 28 – Cadáver plastinado, musculatura e pele
34
Unidade I
 Saiba mais
Para conhecer as novas técnicas de preservação de peças anatômicas, 
leia os artigos a seguir:
ANDREOLI, A. T. et al. O aprimoramento de técnicas de conservação de 
peças anatômicas: a técnica inovadora de plastinação. Revista EPeQ/Fafibe, 
4. ed., p. 81-85, 2012. Disponível em: https://bit.ly/3oUYuQO. Acesso em: 
31 mar. 2018.
KIM, J. H. Exposição de corpos humanos: o uso de cadáveres como 
entretenimento e mercadoria. Mana, v. 18, n. 2, p. 309-348, 2012. Disponível 
em: https://bit.ly/3uqtMQz. Acesso em: 31 mar. 2018.
Os artigos apresentam uma nova técnica de preparação de peças 
anatômicas desenvolvidas e criadas por Gunther Von Hagens, processo 
batizado por ele de plastinação. A técnica consiste numa forma moderna 
de mumificação que faz com que os corpos tenham uma alta durabilidade. 
A Anatomia Humana sempre será uma ciência relevante. Ela não apenas aperfeiçoa nosso 
entendimento individual do funcionamento do corpo humano como também é fundamental no 
diagnóstico clínico e no tratamento das doenças. A Anatomia Humana já não está mais restringida 
à observação e à descrição das estruturas isoladamente, pois se ampliou para compreender as 
complexidades de como o corpo humano age como um todo integrado. A ciência da Anatomia é 
dinâmica e permanecerá ativa porque os dois aspectos do corpo humano, a estrutura e a função, 
são inseparáveis. 
 Saiba mais
Você gostaria de ler um pouco mais sobre o tema? 
GORDON, R. A assustadora história da medicina. Rio de Janeiro: 
Ediouro, 1996. 
A obra conta os eventos e as revelações que auxiliaram no 
desenvolvimento daquilo que se entende como Medicina e mostra seus 
pioneiros e precursores, como Hipócrates, o Pai da Medicina. Porém, não 
deixa de registrar todas as vezes que a ciência e as crendices geraram 
tratamentos que atualmente parecem ficção ou comédia.
35
ANATOMIA
2 BASES GERAIS DA ANATOMIA
A Anatomia Humana é conceituada a disciplina mais antiga da Medicina, tanto que, no começo, 
ambas se confundiam. Pelo menos no princípio, em tempos antiquíssimos, era possível saber Anatomia 
ou, pelo menos, ter alguns conhecimentos anatômicos para poder praticar a Medicina. Desde aquele 
tempo começou a ser oportuno o pensamento “Nulla Medicina sine Anatomia!”, ou seja, “Não há 
Medicina sem Anatomia!”. 
Ramo seco da Biologia, Ciência dos mortos, Ciência dos fósseis, A Anatomia 
morreu! Esses são os “versos” cantados aos quatro ventos por aqueles que 
julgam – quase – desnecessário o estudo da Anatomia. Para demonstrar 
este mal um caso pitoresco ocorreu no Brasil, quando um laureado com 
prêmio Nobel foi convidado a fazer conferências científicas e educacionais 
sobre “Atualização do Currículo Médico” o famoso professor, com toda a 
autoridade que um ganhador de prêmio Nobel pode ter, brindou a plateia 
com a seguinte mimosidade: “uma grande redução no currículo poderia 
ser feita à custa da Anatomia, pois para conhecer a anatomia dos homens, 
bastaria conhecer a anatomia do rato”. A grande vantagem que ele antevia 
era que a dissecação de um mamífero pequeno poderia ser feita em três 
dias, e não nos três anos necessários para dissecar o homem. Na discussão 
que se seguiu, um dos participantes da plateia perguntou: “se o orador fosse 
acometido por uma apendicite aguda, ele escolheria o cirurgião que tivessedissecado um rato, ou um que tivesse dissecado um cadáver humano?” O 
orador fez uma longa pausa e honestamente confessou que ele escolheria o 
cirurgião que tivesse estudado anatomia no homem. O professor que fizera 
a pergunta retomou a palavra e parabenizou o orador pela sua excelente 
escolha, acrescentando: principalmente por que o rato não tem apêndice 
vermiforme (DI DIO, 1998, p. 28). 
A Anatomia divulga as bases da forma e da estrutura do corpo humano e de seus órgãos. A 
forma descreve a morfologia externa do indivíduo, de seus membros e órgãos. A estrutura respeita 
a organização interna dos órgãos e de seus componentes nos níveis macroscópico, microscópico, 
submicroscópico e molecular; o termo estrutura inclui a função. A Anatomia determina, ao lado 
da Fisiologia e da Bioquímica, a base para a profilaxia, o diagnóstico, a terapia e a reabilitação 
de patologias.
 Observação
Homeostase é a preservação de um ambiente interno moderadamente 
contínuo e adaptado para a sobrevivência das células e dos tecidos do 
corpo. Defeitos na preservação das circunstâncias homeostáticas indicam 
patologias. Os processos das patologias podem atingir primeiramente um 
tecido, um órgão ou um sistema específico, porém em última instância 
36
Unidade I
conduzirão a modificações de função ou na estrutura das células do 
corpo. Algumas patologias podem ser recuperadas pelas defesas corporais, 
outras exigem tratamento. Por exemplo, quando acontece um trauma e 
existe sangramento excessivo ou lesão de órgãos internos, o tratamento 
cirúrgico pode ser indispensável para resgatar a homeostase e impossibilitar 
problemas potencialmente letais. 
2.1 Divisão da Anatomia: o(s) estudo(s) da Anatomia
Além dos aproveitamentos na Medicina e das diversas formas de estudo da Anatomia, há uma 
leitura anatômica nas várias áreas da atividade humana. 
2.1.1 Anatomia Macroscópica
Refere as estruturas com dimensões maiores do que um milímetro, isto é, as estruturas que podem ser 
identificadas a olho nu ou com auxílio de uma lupa. A figura a seguir mostra a anatomia macroscópica 
de cadáver conservado com técnica MAR V.
Figura 29 – Métodos do Museo de Anatomía de Rosario
2.1.2 Anatomia Microscópica
Vai além das estruturas analisadas a olho nu e permite uma subdivisão mais detalhada do corpo. 
Visualiza estruturas com dimensões menores do que um milímetro. A Anatomia Microscópica divide-se 
em Citologia, estudo da estrutura e função da célula, e Histologia, estudo dos tecidos e anatomia 
microscópica dos órgãos.
37
ANATOMIA
 Lembrete
A Anatomia Macroscópica estuda as estruturas do corpo humano a 
olho nu, enquanto a Anatomia Microscópica se utiliza de equipamentos 
como os microscópios.
2.1.3 Anatomia Artística
A Anatomia Artística se presta ao estudo das proporções dos segmentos naturais do corpo humano, à 
configuração exterior, relacionando-a principalmente com ossos e músculos, estática e dinamicamente, 
para finalidades de escultura e pintura. Como exemplo de Anatomia Artística, a pintura de Mona Lisa, 
também conhecida como A Gioconda, é a mais notável e conhecida obra de Leonardo da Vinci.
Figura 30 – Mona Lisa, de Leonardo da Vinci
38
Unidade I
2.1.4 Anatomia Comparativa
A Anatomia Comparativa compara e inclui os planos estruturais de diferentes representantes 
do reino animal e busca regras relacionadas à forma. Outra função da Anatomia Comparativa é o 
confronto entre seres humanos e outros animais, com o intuito de encontrar formas homólogas, ou 
seja, iguais entre as espécies, e as heterólogas, ou seja, diferentes entre as espécies. 
2.1.5 Anatomia do Desenvolvimento ou Embriologia
A Anatomia do Desenvolvimento é o estudo do conjunto de episódios que vão da fecundação de 
um ovócito secundário por um espermatozoide à formação de um organismo adulto. A gravidez é o 
conjunto de episódios que inicia com a fertilização, prossegue durante a implantação, desenvolvimento 
embrionário e desenvolvimento fetal, e, de modo ideal, termina com o nascimento de uma criança 
depois de aproximadamente 38 semanas, ou 40 semanas, depois da última menstruação. As figuras a 
seguir mostram os períodos embrionário e fetal, respectivamente.
A fecundação ou fertilização consiste no encontro dos gametas feminino e masculino (ovócito 
secundário e espermatozoide) que acontece na ampola da tuba uterina.
Embrião 52 dias
Orelha
Olho
Nariz
Membro superior
Cordão umbilical
Membro inferior
Figura 31 – Período embrionário
O período embrionário corresponde às primeiras nove semanas a partir do dia da fertilização. 
É aquele em que todos os órgãos e sistemas se formam (organogênese).
39
ANATOMIA
Feto de 26 semanas
Orelha
Olho
Nariz
Membro superior
Boca
Membro inferior
Figura 32 – Período fetal
O período fetal inicia-se a partir da 10ª semana pós-fertilização e vai até o nascimento. 
Nessa fase o “nenê” será chamado de feto e os órgãos já constituídos sofrerão um processo de 
crescimento e amadurecimento, até se apresentarem em totais condições de funcionamento no 
final da gravidez.
 Saiba mais
Acesse os links a seguir e estude os efeitos da gestação sobre o exercício 
e do exercício sobre a gestação:
TORTORA, G. J. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2016.
GODINHO, J. M. et al. Prevalência de desconfortos musculoesqueléticos 
no puerpério. CONGRESSO DE PESQUISA E EXTENSÃO DA FACULDADE 
DA SERRA GAÚCHA, 5, 2017. Anais... Caxias do Sul, 2017. Disponível em: 
<http://ojs.fsg.br/index.php/pesquisaextensao/article/view/2828>. Acesso 
em: 1º abr. 2018. 
2.1.6 Anatomia Nepiológica ou Nepionatomia
Anatomia Nepiológica ou Nepionatomia – do grego nepio ou nípio e latim infans, que significa o 
que não fala – é o estudo da anatomia da primeira infância. Constitui uma ligação entre o estudo de 
embriologia e o da anatomia de crianças, adolescentes e adultos jovens.
40
Unidade I
2.1.7 Anatomia do Adulto
Estuda a estrutura do corpo humano após o seu completo desenvolvimento. É subdividida em 
masculina (entre 25 e 60 anos de idade) e feminina (entre 21 e 50 anos de idade).
2.1.8 Anatomia Gerontológica
É o estudo da morfofisiologia do indivíduo idoso (acima de 60 anos de idade). Não deve ser 
confundida a Anatomia Gerontológica, que corresponde ao estudo do idoso normal, com a Geriátrica, 
pois esta estuda o idoso doente e faz parte, portanto, da Anatomia Patológica.
2.1.9 Anatomia Radiológica 
Existem diversas técnicas e procedimentos para obter imagens do corpo humano. Vários tipos de 
imagem permitem a observação de estruturas anatômicas no interior do nosso corpo e são cada vez 
mais benéficas para o diagnóstico exato de um amplo espectro de distúrbios anatômicos e fisiológicos. 
A “vovó” de todas as técnicas de imagem é a radiografia convencional (com raios X), em utilização desde 
o final da década de 1940. As tecnologias de imagem mais modernas, conforme ilustram as figuras a 
seguir, não apenas aperfeiçoam a capacidade diagnóstica como também elevaram nosso conhecimento 
da anatomia e da fisiologia normais. 
Figura 33 – Densitometria óssea da região lombar da coluna vertebral
41
ANATOMIA
Figura 34 – Angiograma de um adulto apresentando obstrução da artéria coronária (seta)
 Saiba mais
Leia as páginas 55 a 57 do livro: 
MARTINI, F. H.; TIMMONS, M. J.; TALLITSCH, R. B. Anatomia humana. 
Porto Alegre: Artmed, 2009. 
2.1.10 Anatomia de Superfície
A Anatomia de Superfície é a anatomia do indivíduo e limita a superfície do corpo humano. 
A experiência adquirida durante o estudo anatômico é aplicada aos métodos clássicos do 
exame clínico. A Anatomia de Superfície proporciona uma sensacional relevância nos cursos de 
investigação clínica. Os métodos clássicos de investigação clínica abrangem a inspeção, eficaz 
para a percepção de mudanças patológicas externas que insinuem a patologia do paciente ou 
até aceitem um “diagnóstico visual”; a palpação, isto é, a percepção pelo tato e que consente 
a avaliação de alterações estruturaisou volumétricas, especialmente de órgãos internos, e da 
42
Unidade I
sensibilidade à dor de alguma região, que indicam processos patológicos; a percussão, ou seja, 
golpes leves e desferidos pelos dedos sobre a superfície do corpo que provocam uma sonoridade 
na projeção dos órgãos internos. O som gerado difere, dependendo da consistência (conteúdo 
aéreo ou líquido), dos tecidos postos abaixo da pele e provê dados para a avaliação da posição e 
da projeção dos órgãos. A ausculta normalmente é realizada com o auxílio de um estetoscópio 
e permite a percepção de sons originados pela respiração e pelos batimentos cardíacos e os 
movimentos intestinais. As provas funcionais adicionais são, notadamente, executadas durante 
o exame do aparelho locomotor e do sistema nervoso.
2.2 Conceitos gerais
2.2.1 Conceitos gerais de Anatomia Sistêmica e Topográfica
2.2.1.1 Anatomia Sistêmica
Para os estudantes que se principiam no estudo da Anatomia Humana, é justificável dar ideia da 
construção do corpo dos animais, adicionando a espécie humana, comparando-a à construção de 
um edifício. Em linhas gerais, seria a simples relação entre a Anatomia e a Arquitetura, saindo das 
“unidades” como as menores partes e chegando, pela sua agregação progressiva ao todo, corpo e 
edifício, concomitantemente. 
A comparação entre a construção de um animal e de um edifício inicia pelas suas unidades. As 
unidades de um edifício são os tijolos e as de um animal, no caso, o ser humano, são as unidades 
biológicas ou células (microscópicas).
Tijolos semelhantes são arranjados de maneira a formar uma parede, e células semelhantes são 
arranjadas de maneira a formar um tecido. Cada tecido pode ser interpretado como um conjunto de 
células idênticas para exercer a mesma função geral.
As paredes são arranjadas de maneira a compor uma sala ou um quarto, e os tecidos são agrupados 
de maneira a compor um órgão. Cada órgão é interpretado como “um instrumento de função”, sendo 
diferenciado pela origem, sede (situação), forma, estrutura e pelas suas relações. Além do mais, o corpo 
pode ser chamado de organismo, e a sua fábrica, sendo constituída de órgãos, é chamada de organização. 
Os quartos são compostos de maneira a formar um apartamento, e os órgãos estão agrupados para 
estabelecer um sistema.
Cada sistema é interpretado como um conjunto de órgãos que têm as mesmas origens e estrutura, 
cujas funções especiais são unidas para a atuação de funções complexas. Os apartamentos são adjacentes 
ou verticalmente superpostos para constituir um edifício, e os sistemas estão agrupados de maneira a 
formar o organismo.
43
ANATOMIA
 Lembrete
O estudo do organismo pode ser realizado por sistemas ou regiões. 
O organismo é assim interpretado como uma união de sistemas (orgânicos), podendo-se concluir, com 
as devidas notas, que a vida básica é a somatória das funções dos sistemas integrados. Por conseguinte, a 
Anatomia Sistêmica envolve o estudo indutivo macroscópico dos sistemas orgânicos analisados separadamente. 
Portanto, podemos enumerar os seguintes sistemas, do ponto de vista da Anatomia Sistêmica:
• o sistema esquelético, que compreende o estudo dos ossos, as cartilagens, as uniões entre os ossos 
e as articulações; 
• o sistema muscular, composto de músculos esqueléticos e cutâneos, tendões, aponeuroses, 
retináculo e fáscias musculares; 
• o sistema cardiovascular, que abrange o coração, vasos sanguíneos, vasos linfáticos, baço, 
timo e linfonodos; 
• o sistema respiratório, constituído pelos pulmões e as vias aéreas (faringe, laringe, traqueia 
e brônquios); 
• o sistema digestório, representado pelo canal alimentar (boca, faringe, esôfago, intestino delgado, 
intestino grosso, reto e ânus) e órgãos anexos (glândulas da boca, dentes, língua, fígado, vesícula 
biliar e pâncreas); 
• o sistema urinário, cujos constituintes são os rins, os ureteres, a bexiga urinária e a uretra; 
• o sistema genital masculino, composto de genitália externa (pênis e escroto) e a genitália 
interna (testículos, epidídimo, ducto deferente, ducto ejaculatório, glândula seminal, glândulas 
bulbouretrais e próstata); 
• o sistema genital feminino, composto de genitália externa (vulva ou pudendo) e a genitália interna 
(ovários, tubas uterinas, útero e vagina); 
• o sistema nervoso, cujos componentes são o encéfalo, a medula espinal, os nervos, os gânglios e 
os órgãos dos sentidos; 
• o sistema tegumentar, representado pelo tegumento (pele), os seus anexos (unhas, pelos e 
glândulas) e a tela subcutânea; 
• os órgãos endócrinos, representados pelo conjunto de órgãos sem ductos, isto é, órgãos de 
secreção interna. 
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Unidade I
Átomos
Organismos
Núcleo
Rim
Ureter
Uretra
Mitocondrias
Molécula
(DNA)
Célula muscular lisa
Tecido muscular liso
Tecidomuscular liso
Bexiga urinária
Bexiga urinária
Sistema urinário
Parede da bexiga urinária
Tecido conectivo
Tecido conectivo
Epitélio
Figura 35 – O estudo da anatomia em diferentes escalas
 Saiba mais
Leia o capítulo 1 da obra a seguir:
TORTORA, G. J. Princípios de Anatomia Humana. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2013. 
Nesse capítulo, as informações contidas no quadro 1.2 levarão o leitor a 
compreender os componentes e as funções dos sistemas do corpo humano.
Os aparelhos são formados por grupos de dois ou mais sistemas com funções semelhantes. 
Assim, temos:
• o aparelho osteoarticular, formado pelos sistemas esquelético e articular; 
• o aparelho locomotor, constituído pelos sistemas esquelético, articular e muscular; 
• o aparelho da nutrição, composto de sistemas respiratório, digestório e endócrino; 
45
ANATOMIA
• o aparelho urogenital, que compreende os sistemas urinário e genital masculino;
• o aparelho reprodutor, formado pelos sistemas genital masculino, genital feminino e tegumentar; 
• o aparelho neuroendócrino, constituído pelo sistema nervoso e os órgãos endócrinos; 
• o aparelho cardiorrespiratório, constituído pelos sistemas cardiovascular e respiratório; 
• o aparelho gastropulmonar, formado pelos sistemas digestório e respiratório; 
• o aparelho mastigador, composto de músculos, língua e dentes; 
• o aparelho lacrimal, que compreende a glândula lacrimal, saco conjuntival palpebral, papila e os 
canalículos lacrimais, saco lacrimal e ducto nasolacrimal; 
• o aparelho neurossensorial, formado pelo sistema nervoso e os órgãos dos sentidos. 
 Observação
Como verificamos, vários aparelhos formam o organismo. O aparelho 
reprodutor é composto de sistema tegumentar, além dos sistemas genitais. 
O sistema tegumentar está envolvido com a reprodução, pois as mamas 
pertencem a esse sistema, sendo que a sua justificativa consiste da ejeção 
de leite materno estimulada pela ação do hormônio ocitocina, fornecendo, 
assim, alimento para o bebê. 
2.2.1.2 Anatomia Topográfica
A Anatomia Topográfica ou Regional é o estudo das características anatômicas e das relações entre 
os diversos órgãos em cada região do organismo, como as regiões do crânio e da pelve. 
 Saiba mais
Recomendamos que você assista ao filme:
VIAGEM fantástica. Dir. Richard Fleischer. EUA: 20th Century Fox, 1966. 
100 minutos.
A obra faz uma viagem submarina através do organismo em direção 
ao cérebro para a realização de uma perigosa cirurgia. Para derrotar os seres 
destruidores, a equipe é miniaturizada antes de começar essa aventura fantástica. 
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Unidade I
2.2.2 Terminologia anatômica
Ao estudar Anatomia, o aluno vai se defrontar com uma variedade de palavras novas. Essas palavras 
são as terminologias usadas para designar as partes do organismo e dos órgãos. A terminologia anatômica, 
conforme ilustra a figura a seguir, é um documento oficial que deve ser cumprido precisamente pelos 
professores e alunos.
Figura 36 – A importância de um vocabulário correto. Você gostaria de ser este paciente?
Para facilitar a descrição anatômica, podemos usar abreviaturas. As seguintes estão entre as mais 
utilizadas em Anatomia: 
• a. – artéria; 
• fasc. – fascículo;