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Curso de Redação Augusto Comte - @predocomte 1 | P á g i n a INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO • A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que: • tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada texto “insuficiente”. • fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo. • apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto. TEXTOS MOTIVADORES TEXTO I O Brasil é o país onde existe a maior quantidade de crianças entre 10 e 15 anos ligadas à exploração sexual infantil. A Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) fala entre 250 a 500 mil, enquanto as fontes menos otimistas dizem que o número pode chegar a 2 milhões. A exploração sexual infantil talvez seja a pior forma de degradação de uma criança. Mais triste ainda é saber que, além dos aliciadores, as crianças muitas vezes são levadas a essa condição por quem teria a obrigação de protegê-las: seus próprios pais. (...) Embora a legislação seja pesada, ela não inibe a criminalidade, pois, sem efetividade por conta da ausência de fiscalização, nosso país é um dos mais atrativos ao turismo sexual voltado à criança e ao adolescente. (...). https://jus.com.br/artigos/36941/nao-e-prostituicao-infantil-e-exploracao-sexual-da- crianca 01/11/2020 TEXTO II Texto III O Brasil registrou ao menos 32 mil casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes em 2018, o maior índice de notificações já registrado pelo Ministério da Saúde, segundo levantamento obtido pelo GLOBO. O índice equivale a mais de três casos por hora - quase duas vezes o que foi registrado em 2011, ano em que agentes de saúde passaram a ter a obrigação de computar atendimentos. De lá para cá, os números crescem ano a ano, e somam um total de 177,3 mil notificações em todo o país. Disponível em: http://crianca.mppr.mp.br/2020/03/231/ESTATISTICAS-Tres-criancas-ou-adolescentes-sao-abusadas-sexualmente-no-Brasil-a-cada-hora.html Acesso em 20/05/2020 Texto IV Dos 159 mil registros feitos pelo Disque Direitos Humanos ao longo de 2019, 86,8 mil são de violações de direitos de crianças ou adolescentes, um aumento de quase 14% em relação a 2018. A violência sexual figura em 11% das denúncias que se referem a este grupo específico, o que corresponde a 17 mil ocorrências. Em comparação a 2018, o número se manteve praticamente estável, apresentando uma queda de apenas 0,3%. A ministra Damares Alves incentivou jornalistas e especialistas a refletir sobre os resultados do levantamento. "A produção de dados é a contribuição que este Ministério dá para toda a sociedade trabalhar o tema. Cada informação nos diz muito sobre a lógica de como a violência acontece", ponderou. Ela comentou que a violência sexual deve ser tratada com ainda mais atenção. "Os outros tipos de violações são claramente visíveis, a violência sexual, não. Na maioria das vezes, é silenciosa. Ela aparece como a quarta no balanço. Mas será que é a quarta que mais acontece, atrás de outras três, ou a quarta denunciada?", questionou. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2020-2/maio/ministerio-divulga-dados-de-violencia-sexual-contra-criancas-e-adolescentes. Acesso em 08/11/2020 ____________________________________________________________________________________________________ PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema “Prevenção ao abuso sexual infantil na sociedade brasileira”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. https://jus.com.br/artigos/36941/nao-e-prostituicao-infantil-e-exploracao-sexual-da-crianca https://jus.com.br/artigos/36941/nao-e-prostituicao-infantil-e-exploracao-sexual-da-crianca http://crianca.mppr.mp.br/2020/03/231/ESTATISTICAS-Tres-criancas-ou-adolescentes-sao-abusadas-sexualmente-no-Brasil-a-cada-hora.html https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2020-2/maio/ministerio-divulga-dados-de-violencia-sexual-contra-criancas-e-adolescentes Curso de Redação Augusto Comte - @predocomte 2 | P á g i n a Palavras-chaves do tema Prevenção – o termo indica que você tratar de medidas para que a problemática não aconteça, ou seja, é uma temática que é voltada especificamente para a conclusão. Você pode, então, discutir causas, as consequências, dificuldades envolvendo o tema e na conclusão deve apresentar uma conclusão de teor preventivo. Prevenção: providência, cautela, cuidado, diligência, medida, precaução, prudência. Abuso sexual infantil – Núcleo temática – indica o que você deverá discutir, ou seja, a violência contra criança e adolescentes; Abuso sexual infantil – Violência contra a criança e adolescente, agressão na violência, afronta à saúde infantil, violência infantojuvenil; Brasil – lembre que é possível sim você tratar de outros países, mas o foco, sempre, deverá ser o Brasil, posto a restrição do tema. Brasil: Estado, Governo, Poder Público, Pátria, Nação. Sugestões de teses argumentativas - Precária educação sexual pátria Aqui, a ideia é você argumentar em cima do não envolvimento da família com temas relacionados a sexualidade, bem como o abuso sexual. A criança, sem a orientação necessária, não entende e não enxerga os perigos que cercam o abuso sexual. - Subnotificação dos casos de exploração sexual infantil Entenda que a escassez de um ensino voltado para a sexualidade permite a conservação da vulnerabilidade cognitiva da criança, impedindo-as de, muitas vezes, identificar casos de violência. A subnotificação desses abusos, então, dificulta o monitoramento e combate a eles, possibilitando a continuidade do problema. Os motivos, nesse ponto, podem ser dois: a desinformação da família, o despreparo dos funcionários dos ambientes escolares. Obs: As duas sugestões acima podem ser trabalhadas em um mesmo parágrafo, caso queira. - Você pode trazer como consequência os impactos físicos e psicológicos, bem com a diminuição no rendimento escolar, com consequências dessa problemática. - Ineficiência do Estado na prevenção e combate ao abuso sexual infantil. - Já é sabido por você que a maior parte dos casos de abuso sexual infantil acontecem dentro do núcleo familiar. Nesse sentido, caso sua argumentação gire em torno dessa ideia, é importante você lembrar o núcleo do problema (no que se refere à prevenção) está na ausente educação sexual para as crianças, o que facilita o contado com abusadores próximos. Obs: Veja que essa é uma ideia semelhante à primeira sugestão argumentativa, posto que trabalha justamente a precária educação sexual. - Hipocrisia social no reconhecimento e avaliação dos casos de abuso infantil - A sociedade enxerga uma situação de abuso quando esta acontece dentro de casa e é noticiada. No entanto, se uma menina, de 12 anos – e as vezes menos – usa roupas mais curtas, para a sociedade, é tratada como prostituta. - Embate sobre o ensino sexual na escola, vinculado a uma moral conservadora, que não reconhece a importância do esclarecimento sobre o assunto, acaba por desencadear diversas consequências negativas para a sociedade, uma delas sendo a própria gravidez precoce, agravada em situações de maior fragilidade socioeconômica; - Como sexo ainda é considerado um assunto tabu na sociedade brasileira, pouco se discute em casa e na escola,obtendo-se resultados trágicos Curso de Redação Augusto Comte - @predocomte 3 | P á g i n a Repertório cultural CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Comentário: Como de costume, perceba que não vale à pena você fazer uso de todo o artigo da Constituição, mas sim, fazer menção à garantia constitucional da segurança em seu artigo sexto. CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 227º. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (...). Parágrafo 4.º: A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente. Comentário: Caso não queria usar o Art 6º. da Constituição Federal, você pode trabalhar com tanto com o Art 227º, quanto com o parágrafo 4º do mesmo artigo. Essas referências são, inclusive, melhores que o artigo sexto, caso você decida trazer sua argumentação em torno da importância familiar nesse cenário. ESTATÍSTICAS DISQUE 100 Segundo o Disque Direitos Humanos, o Disque 100, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Violência sexual contra crianças e adolescentes correspondeu a 11% dos 159 mil registros feitos pelo canal do Governo, ao longo de 2019. Ao todo, no último ano, foram 17 mil ocorrências desta natureza. Ainda de acordo com o Ministério, em 73% dos casos, o abuso sexual ocorre na casa da própria vítima ou do suspeito e é cometido por pai ou padrasto em 40% das denúncias. O suspeito é do sexo masculino em 87% dos registros. FÓRUM DE SEGURANÇA PÚBLICA Segundo dados do Fórum de Segurança Pública, entre 2017 e 2018, quatro meninas de até 13 anos são estupradas a cada hora no país. Em 2018, o país também bateu o triste recorde de ocorrências de abuso sexual infantil: 32 mil vítimas. Números que assustam e preocupam. Comentário: Os textos motivadores apresentam dados recentes dos casos de abuso sexual infantil. Caso você decida usá-los, lembre-se de que você não deve fazer uma cópia fiel do texto motivador, mas é possível parafraseá- lo, trazer interpretações acerca dele (discutindo causas ou consequências). Outro ponto importante é que, caso faça essa escolha, fique ciente de que ela não contará como outra área do conhecimento, posto que, não foi trazida por você, mas pelo próprio tema. FILME: PRECIOSA O Filme retrata o drama social da Jovem Claireece Precious Jones. Desde já pode-se afirmar que o filme “Preciosa” não é uma obra de ficção qualquer e sim um retrato que pode vir a aplicar-se como roteiro real em diversos lares, nos quais crianças e adolescente são, constantemente, colocadas em situações de extrema desqualificação e marginalizadas, além de frequentemente expostas à violência sexual, física e psicológica. Comentário: Desde a infância, Preciosa era vítima de estupros constantes por parte de seu pai biológico. Sua mãe, além de ter conhecimento do fato, não só permitia a relação incestuosa como também praticava atos libidinosos com a garota. Preciosa, em meio à truculência dos atos, via-se impotente, portanto, acatava tais atitudes. Além disso, a mãe da garota praticava incessantes ataques verbais e físicos, que minavam a autoconfiança da protagonista. Curso de Redação Augusto Comte - @predocomte 4 | P á g i n a FILME: GRAÇAS A DEUS Lançado em 2019,o filme francês dirigido por François Ozon retrata a revelação de um segredo guardado há muito tempo: já adulto, o protagonista Alexandre escreve uma carta à Igreja Católica revelando que quando era criança, foi abusado sexualmente pelo padre Preynat – que ainda atua junto às crianças. Depois que Alexandre publica a carta, muitas outras denúncias de abuso sexual vêm à tona FILME: CONFIAR Lançado em 2011 no Brasil, o filme Confiar traz a história deAnnie, uma menina que vive a fase da adolescência cheia de curiosidades e desejo de ser aceita. Quando Annie ganha um computador de seus pais, ela inicia um relacionamento com um rapaz da sua idade que conheceu em um chat online. Sem que seus pais saibam, a relação avança, até que Annie aceita o convite para um encontro. A partir daí, a narrativa que se desenrola retrata a história de muitas adolescentes. FILME: THE TALE O filme The Tale representa a história real de Jennifer Fox, uma documentarista americana cuja vida é abalada quando sua mãe descobre uma situação que ocorreu em seu passado. Aos 13 anos, Jennifer descreveu, em um trabalho para a escola, o relacionamento que tinha com dois treinadores adultos de um acampamento. Ao ler a história, ela é obrigada a revisitar um passado traumático e reconciliar suas lembranças com o que de fato aconteceu com ela. FIME: SONHOS ROUBADOS A exploração sexual de adolescentes moradoras de uma comunidade carente do Rio de Janeiro é o tema central desse filme brasileiro lançado em 2010. A trama acompanha o cotidiano de três garotas da comunidade que acabam sendo vítimas da exploração sexual como maneira de complementar o orçamento doméstico e/ou alcançar seus sonhos de consumo. PROJETO CRESCER SEM VIOLÊNCIA Criada pelo Canal Futura, em parceria com a Childhood Brasil e o Unicef Brasil, o projeto nasceu com o objetivo de abordar, de forma lúdica e didática, o tema da violência sexual praticada contra crianças e adolescentes. Até o momento, 3 séries educativas formam o projeto: ‘Que abuso é esse?’, ‘Que exploração é essa?’ e ‘Que Corpo é esse?’ Assista os episódios clicando aqui. Comentário: Esse tipo de repertório pode ser usado tanto na argumentação, quanto na conclusão. Caso decida por usar no desenvolvimento, lembre-se de construir uma argumentação voltada para as causas e então apresentar esse projeto com um exemplo de projeto a ser incentivado no Brasil, no sentido de aumentar a prevenção e combate aos casos de abuso sexual. Caso sua decisão seja de usá-lo na conclusão, o projeto deve ser citado detalhamento exemplificação da ação, de forma a comparar com a sua proposta, que deve ser semelhante ao projeto. LUCIANA TEMER E A DUALIDADE DOS CASOS DE ABUSO – DOUTORA EM DIREITO DA PUC/SP “Quando uma menina de seis anos é abusada em casa, a sociedade a enxerga como vítima, porque é uma criança. Agora, essa mesma menina que aos 13 está com shorts e top ‘se oferecendo’ para caminhoneiros é prostituta”, explica a professora e doutora em Direito da PUC/SP, Luciana Temer, em entrevista ao site UOL. Para Luciana, julgar a adolescente que sofre exploração sexual passa por outro traço da cultura do machismo: a de que a vítima “ficou provocando” e “já sabia o que estava fazendo”. A normalização dos abusos causa um silenciamento de quem assiste ou sabe destes casos, ou seja, muitos casos sequer são notificados por preconceito. “O caminho é a escola como um espaço de educação para a cidadania, não só com uma proposta conteudista. Isso porque a maioria das crianças está ou deveria estar na escola; e é lá que podem ser trabalhadas tanto a prevenção quanto a repreensão da violência”, diz Luciana. Comentário: Casa bem com o último argumento citado nas teses argumentativas. http://www.adorocinema.com/filmes/filme-263132/ https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/criticas/2018/08/critica-the-tale https://www.omelete.com.br/filmes/criticas/critica-sonhos-roubadoshttps://www.childhood.org.br/crescer-sem-violencia Curso de Redação Augusto Comte - @predocomte 5 | P á g i n a HILDA HILST, POETISA “Repensemos a tarefa de pensar o mundo”. ANÁLISE: por meio dessa citação, podemos defender que sermos indiferentes ao problema não é uma opção. Temos o dever cívico de cuidar da sociedade. Isso é constitucional. A ação de repensar a tarefa de pensar o mundo, portanto, está intimamente ligada ao conhecimento e à consciência de que temos um problema grave e de que ele não pode ser normalizado. Além disso, torna-se quase impossível pensar em resolver o mundo quando este mal consegue interpretar um texto ou um cálculo matemático. “POR QUE A VOZ IMPORTA?”, OBRA DO SOCIÓLOGO BRITÂNICO NICK COULDRY. De acordo com o sociólogo, um dos principais problemas do mundo contemporâneo é a desigualdade da fala, isto é, é a capacidade de expressão e a oportunidade de ser ouvido. Segundo ele, quando essa desigualdade se torna presente, passa a prejudicar a democracia, visto que ela acaba condenando tais minorias à inexistência, fazendo com que elas deixem de ocupar um lugar público com suas vozes. Comentário: A obra de Nick Couldry é voltada para a capacidade de expressão, da fala e da compreensão. Uma analogia interessante pode ser feita com a incapacidade de expressão, denúncia de uma criança ao identificar ou sofrer um tipo de abuso. Essa incapacidade vem não da desigualdade da fala, mas do desconhecimento dela. Ao não conhecer – seja por ausência familiar ou escolar – a temática da sexualidade a criança acaba por não identificar o abuso e por fim não relatar o abuso. OBRA: TOTEM E TABU, DE SIGMUND FREUD Neste trabalho, Freud faz uma contribuição à antropologia social e constrói uma reflexão a respeito dos tabus na regulamentação da sociedade. Freud busca analisar a gêneses dos totens – símbolos sagrados e respeitados – e dos tabus – proibições de origem incerta – que cercam e cerceiam as liberdades individuais e coletivas de uma determinada sociedade. Nesse contexto, cabe encaixar o tabu no diálogo sobre educação sexual (tabu, de origem incerta), seja ela nas escolas ou nas famílias. CITAÇÃO: JEAN-PAUL SARTRE “A violência seja qual for a maneira que manifeste é sempre uma derrota.” Comentário: Para usar essa citação de Sartre, é ideal que você construa uma argumentação em torno da violência sofrida pelas crianças e adolescentes e então concluir que a denúncia não é feita, por vezes, por conta do pensamento de que o ato seja uma derrota e por assim ser, não deve ser comentado. OBRA: “O SEGUNDO SEXO”, DE SIMONE DE BEAUVOIR Ao analisar os dados por trás da exploração sexual infantil, percebe-se que, embora atinja ambos os gêneros, as meninas se apresentam como as vítimas mais frequentes desse crime. Tal constatação está diretamente vinculada à construção social e histórica em torno do papel social da mulher e da divisão sexual do trabalho, que por sua vez busca destinar aos homens atividades produtivas, com forte valor social, e, às mulheres, atividades relacionadas à reprodução. Assim como é apresentado por Simone de Beauvoir, ao gênero feminino é imposta a posição de “segundo sexo”, o que nega a possibilidade de participação ativa nas instituições sociais, econômicas e políticas. Essa forma de divisão do trabalho se baseia em dois princípios organizacionais: o de separação (trabalho de homem e trabalho de mulher) e o de hierarquização (a mão de obra masculina “vale” muito mais do que a feminina). Esse entendimento colabora, ao longo do tempo, para a reprodução de estigmas e barreiras que dificultam a participação ativa de mulheres em espaços de poder. Assim, tal construção implica, por exemplo, a inserção do público feminino em atividades laborais que estão à margem da sociedade e, consequentemente, impõe-lhe diversas formas de abuso e violência estrutural. LIVRO: MINHA SOMBRIA VANESSA, DE KATE ELIZABETH RUSSEL A obra consta a história de Vanessa, uma menina que começa a ter um relacionamento com o professor de literatura dela. Após alguns depois, com ela já adulta, esse professor é acusado de abuso sexual infantil e ela é chamada para denunciar esse professor, só que, aqui mora a sacada do livro: ela não acha que sofreu abuso dele. Ela acha que foi um romance genuíno, aí o livro é ela lembrando de tudo aquilo e refletindo se foi ou não abuso e se ela deveria denunciar o abusador. Comentário: A comparação aqui se faz com a personagem Vanessa, que assim como diversas crianças brasileiras, desconhece a temática do abuso infantil e são, por vezes, induzidas por abusadores. Curso de Redação Augusto Comte - @predocomte 6 | P á g i n a LIVRO: EU SEI POR QUE O PÁSSARO CANTA NA GAIOLA, DE MAYA ANGELOU (o melhor dos repertórios, de verdade) Eu sei por que o pássaro canta na gaiola relata a infância e adolescência de Maya, especificamente dos 7 aos 16 anos. Com isso temos uma perspectiva sobre a vida de uma menina negra entre as décadas de 1930 e 1940, que acaba se refletindo na situação de diversas outras crianças negras mesmo período. Por mais que a escravidão já tivesse acabado, o racismo assolava fortemente a população negra colocada à margem pelos brancos, principalmente por meio de leis específicas para as “pessoas de cor”. Um dos pontos essenciais tratados na narrativa de Maya diz respeito à desestrutura familiar, era comum que os filhos pequenos fossem criados pelas avós e não pelos seus próprios pais. Maya e seu irmão Bailey são abandonados pelos pais e passam por anos sem ter nenhuma notícia deles, e nem sabem ao certo o motivo do abandono. Essas crianças são criadas pela avó paterna e pelo tio avó, mas são enviadas de trem sozinhas da Flórida para o Sul. Quando Maya tinha 8 anos e Bailey 9 eles vão passar um tempo com a mãe na Flórida. Eles estão receosos porque fazia muito tempo que não viam os pais, Maya retrata que nem mesmo lembrava de como eles eram. Levados pelos pais de carro seguem na jornada de volta para a casa da mãe, e Bailey se encanta por ela facilmente, enquanto Maya demonstra ainda suas fragilidades por não se sentir bonita, de não gostar de seus traços por ser negra e pelo seu cabelo crespo. Porém a experiência é muito mais terrível, Maya começa a ser abusada pelo padrasto e acaba sendo estuprada por ele, com apenas 8 anos. A garota é ameaçada por ele e sua mãe descobre e o denuncia. Traumatizada com a experiência, Maya precisa depor num julgamento, é exposta e tem a sua palavra contrariada pelo tribunal. Como ela tinha muito medo do que tinha acontecido, ela mente no tribunal dizendo que tinha sido estuprada mais de uma vez. Caso queira assistir uma análise da obra, clique aqui. LIVRO: LOLITA, DE VLADIMIR NABOKOV Lolita é uma das obras mais polêmicas da literatura contemporânea universal. Muito arrojado para a moral vigente na época, o romance de Vladimir Nabokov (1899-1977) foi inicialmente recusado por várias editoras. Ao ser finalmente lançado, em 1955, por uma editora parisiense, gerou opiniões antagônicas: houve quem definisse o livro como um dos melhores do ano; houve quem o considerasse pornografia pura. Nos Estados Unidos, onde só viria a ser publicado em 1958, rapidamente conquistou o topo das listas de mais vendidos. O protagonista é o obsessivo Humbert, professor de meia-idade. Da cadeia, à espera de um julgamento por homicídio, ele narra, num misto de confissão e memória, a irreprimível e desastrosa atração por Lolita, filha de 12 anos de sua senhoria. 18 DE MAIO A data foi escolhida como dia de mobilização contra a violência sexual porque em 18 de maio de 1973, na cidade de Vitória (ES), um crime bárbaro chocou todo o país e ficou conhecido como o “Caso Araceli”.Esse era o nome de uma menina de apenas oito anos de idade, que teve todos os seus direitos humanos violados, foi raptada, estuprada e morta por jovens de classe média alta daquela cidade. A proposta do “18 DE MAIO” é destacar a data para mobilizar, sensibilizar, informar e convocar toda a sociedade a participar da luta em defesa dos direitos sexuais de crianças e adolescentes. É preciso garantir a toda criança e adolescente o direito ao desenvolvimento de sua sexualidade de forma segura e protegida, livres do abuso e da exploração sexual. Ideias que podem ser construídas na conclusão Agente: Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Detalhamento: parceria com ONGS de proteção à infância Ação: elaborar uma campanha de incentivo à denúncia da violência sexual contra crianças e adolescentes Meio/Modo: palestras nas escolas Detalhamento: destinadas aos pais dos alunos e de treinamento para o reconhecimento de situações abusivas, voltado para os professores dessas instituições, os quais deve ser feitos por psicólogos especialistas em sexualidade. Finalidade: prevenir casos de abuso sexual infantil (interessante usar um pronome ou algum mecanismo de retomada para evitar a repetição). Leia mais em: https://www.childfundbrasil.org.br/blog/prevencao-ao-abuso-sexual-infantil-como-proteger-os-seus- filhos/ https://www.youtube.com/watch?v=JIkZUktXKa4&ab_channel=Literature-se https://www.childfundbrasil.org.br/blog/prevencao-ao-abuso-sexual-infantil-como-proteger-os-seus-filhos/ https://www.childfundbrasil.org.br/blog/prevencao-ao-abuso-sexual-infantil-como-proteger-os-seus-filhos/
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