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Farmacos que atuam no metabolismo ósseo - Farmacologia - 6º Semestre

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 Nicole Telles Moreira 
 
FARMACOLOGIA 
 
 
FÁRMACOS QUE CONTRIBUEM PARA A 
PERDA ÓSSEA 
 
A lista acima mostra fármacos que contribuem para a 
perda óssea: normalmente não são interessantes para 
serem utilizados em grupos de risco. Ex. Pacientes 
mulheres, idosos, que não fazem reposição hormonal. 
CLASSES FARMACOLÓGICAS 
Pode-se dividir em classes farmacológicas que atuam 
no sistema ósseo em alguns grupos: Agentes 
antirreabsortivos e agentes anabólicos ósseos (classes 
bem definidas). Existem alguns agentes que não se 
encaixam nessas outras 2 classes: Agentes fixadores de 
fosfato orais; vitamina D e calcimiméticos. 
❖ Antirreabsortivos: Diminuem a reabsorção óssea; 
atrapalham, dificultam e prejudicam a atividade 
dos osteoclastos. 
❖ Anabólicos ósseos: Estimulam a construção óssea; 
principalmente os osteoblastos. 
❖ Agentes fixadores de fosfato orais: vão 
dificultar/prejudicar a absorção de fosfato. Se eu 
tenho menor quantidade de fosfato no organismo, 
eu tenho menos cálcio circulante também, ou seja, 
mais cálcio nos ossos. 
❖ Vitamina D: estimulam a absorção de cálcio 
exógeno. 
❖ Calcimiméticos: classe relativamente nova. 
Funciona estimulando o receptor de cálcio. As 
células sensíveis ao cálcio, ficam mais sensíveis 
ainda, ou seja, precisa de menos cálcio para que 
o sinal aconteça. 
 
 
 
 
 
AGENTES ANTIRREABSORTIVOS 
TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL (TRH) 
Principalmente terapia com estrógenos. 
O mecanismo de absorção e reabsorção acontece 
normalmente. Osteoblasto estimula precursor 
osteoclástico a se diferenciar/maturar. Outros 
estímulos, através de MCP ou outras metaloproteinases 
também estimulam esses osteoclastos, que vão 
começar a absorver o osso. 
• Suprime a transcrição dos genes que codificam 
citocinas, como a IL-6, que induzem a proliferação, 
a diferenciação e a ativação dos osteoclastos. Isso 
faz com que menos osteoclastos sejam ativados e 
aconteça uma menor reabsorção. 
• O estrógeno também promove a apoptose dos 
osteoclastos, enquanto inibe a apoptose dos 
osteoblastos e osteócitos. 
• Importante: O estrógeno não aumenta a formação 
óssea (não tem nenhum mecanismo que estimule 
a reposição), porém mantém a massa óssea ou 
retarda a perda de osso (reabsorção) através de 
suas propriedades antirreabsortivas. 
O estrógeno atua nos osteócitos (redução da 
apoptose → diminuição da ativação da remodelagem 
óssea), osteoblastos (redução da apoptose, 
diminuição do estresse oxidativo e do NF-kB → 
manutenção da formação óssea) e osteoclastos 
(estímulo à apoptose, diminuição RANK-L da indução 
e diferenciação → diminuição da reabsorção). 
EFEITOS ADVERSOS DO ESTRÓGENO: 
❖ Sangramento vaginal e hipersensibilidade das 
mamas; 
❖ Aumento do risco a longo prazo de câncer de 
mama; 
❖ Característica interessante: Ele deve ser 
administrado de modo cíclico intercalando com 
um agente progestacional para reduzir o risco de 
câncer endometrial. 
A TRH também aumenta o risco de tromboembolia 
venosa, visto que o estrógeno promove a síntese 
hepática dos fatores de coagulação. Quando você 
administra hormônio de forma exógena, você tende a 
fazer com que o seu fígado produza mais fatores de 
coagulação, aumentando o risco de 
Fármacos que atuam no metabolismo ósseo 
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 Nicole Telles Moreira 
 
FARMACOLOGIA 
tromboembolismo venoso. É o mesmo risco das 
meninas que usam anticoncepcional. 
• Tem se preconizado que as doses mínimas 
necessárias para o estrogênio proteger o esqueleto 
seriam as seguintes de acordo com a via de 
administração: 
➢ Oral: 0,625mg de estrogênios conjugados (sulfato 
de estrona), 2 mg de estradiol micronizado ou 2mg 
de valerianato de estradiol, diariamente (1x/dia); 
➢ Transdérmica: 50mcg por dia, aplicados na pele do 
abdômen ou nádegas e removidos duas vezes por 
semana; 
➢ Percutânea: 1,5 a 3mg aplicados na pele do 
antebraço ou abdômen diariamente. 
MODULADORES SELETIVOS DOS RECEPTORES DE 
ESTRÓGENO (MSRE) - RALOXIFENO 
É uma classe seletiva a alguns receptores de 
estrógeno. 
Eles modulam/agem seletivamente em alguns tipos de 
receptores de estrógeno. 
• Objetivo: redução da reabsorção óssea e dos 
efeitos adversos associados ao estrógeno. 
➢ Agonista do estrógeno no osso; Redução da 
reabsorção óssea. 
➢ Antagonista no endométrio e na mama; quando o 
receptor é ligado por essa molécula, ele não vai 
desencadear as funções que desencadearia se 
fosse um hormônio convencional. 
➢ Não está associado a câncer de mama ou 
endometrial; 
➢ Reduz os níveis de colesterol LDL; provavelmente 
tem relação com a função do estrógeno do 
fígado. 
➢ Dose recomendada: 60mg/dia (5 anos). O ideal é 
que se utilize no máximo por 5 anos ininterruptos. 
Depois se avalia uma nova terapia, pois por mais 
que seja seletivo para o estrógeno do osso, trata-
se de um agonista hormonal. 
Por conta da seletividade, não existe relação 
nenhuma entre uso de raloxifeno e o câncer de mama 
e endometrial. 
• Dependendo do tecido, um MSRE é capaz de atuar 
como agonista ou como antagonista do estrógeno. 
Os mecanismos pelos quais um composto pode 
exercer efeitos tanto estrogênicos quanto 
antiestrogênicos estão começando a ser elucidados. 
Parece que os complexos de MSRE (Modulador 
Seletivo do Receptor de Estrogênio)-ER (Receptor de 
Estrogênio): 
1. Ligam-se de modo seletivo a elementos de 
resposta hormonal teciduais específicos; e/ou 
2. Recrutam corepressores e co-ativadores da 
transcrição tecidual seletivos. 
O complexo MSRE-RE, nos ossos, desestimula a 
reabsorção, assim como o estrogênio faz. Porém, em 
outros tecidos, como mama e útero, eles 
provavelmente estimulam ou recrutam substâncias 
que não provocam efeito farmacológico algum nesses 
locais. 
BIFOSFANADOS/BIFOSFONATOS 
Alendronoato, Ibandronato, risedronato e ácido 
zoledrônico (a pegadinha do bifosfonado é o ácido 
zolêndronico, o resto possui nomes muito semelhantes 
com DRONATO) são os fármacos preferidos para 
prevenção e tratamento da osteoporose pós-
menopausa. 
Esses bifosfonados, junto com o Etidronato, 
pamidronato e tiludronato, constituem um grupo 
farmacológico importante para o tratamento de 
distúrbios ósseos, como Osteoporose e a Doença de 
Paget bem como o tratamento de metástases ósseas e 
hipercalcemia de malignidade. Classe de muita 
importância para tratar doenças mais graves. São 
muito potentes! 
Como os átomos de oxigênio nos grupos fosfonato 
podem combinar-se com cátions divalentes, como o 
cálcio, os BP tendem a concentrar-se no osso, onde 
são incorporados a matriz mineralizada. Tem grande 
capacidade de incorporação na matriz óssea 
mineralizada por causa de sua estrutura química (isso 
é importante!). Quando um fármaco tem capacidade 
de se armazenar/ estocar, em um tecido, você 
aumenta a biodisponibilidade dele, porque cria 
reservas no osso, o que vai fazer com que ele seja 
liberado mais lentamente e, consequentemente, tem 
atividade por mais tempo. No caso dos bifosfonados, 
como eles ficam armazenados nos ossos, e é 
justamente lá que ele precisa estar (sensacional!). 
Os BP permanecem na matriz até que o osso seja 
subsequentemente remodelado. Quando os ácidos 
são secretados pelos osteoclastos, dissolvem a matriz 
mineral e liberam os BP. Os BP também diminuem a 
solubilidade da hidroxiapatita, tornando-a mais 
resistente a reabsorção osteoclástica. 
Quando o osteoclasto chega aos ossos, ele vai 
degradando a matriz, que está cheia de bifosfonatos 
aderidos, e a matriz começa a se solubilizar, se 
soltando. A consequência disso é que os bifosfonatos 
vão ser absorvidos pelos osteoclastos, e é justamente 
matando os osteoclastosque os bifosfonatos 
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 Nicole Telles Moreira 
 
FARMACOLOGIA 
funcionam. Além disso diminuem a solubilidade da 
hidroxiapatita, e fica mais difícil do osteoclasto 
solubilizar esse cristal, pois ele está mais rígido. Como 
ele é liberado na região de reabsorção óssea, 
dificilmente ele causa efeitos tóxicos nos osteoblastos, 
pois nessa região, eu tenho basicamente a ação 
osteoclástica. 
Como os bifosfonastos causam a morte dos 
osteoclastos? Bloqueiam uma enzima chamada FPP 
sintase (importante na cascata de produção do 
mavelonato). 
A vida do mavelonato é importante para adicionar 
agrupamentos prenilas, que é o grupamento cheio de 
carbonos, com várias insaturações. Algumas proteínas 
precisam desse processo para que funcionem 
normalmente e o osteoclasto tenha a sua função 
fisiológica normal. Se tenho substância que inibe FPP 
sintase, vou diminuir quantidade de proteínas 
preniladas, e como consequência, menor função 
delas intracelularmente, prejudicando a sobrevivência 
e levando as células a apoptose. 
Algumas das moléculas de BP liberadas são então 
internalizadas pelos osteoclastos altamente 
fagocíticos. No interior dos osteoclastos, os amino-
bifosfonados inibem uma etapa da via do mevalonato, 
que é muito importante na prenilação de proteínas. Há 
várias etapas nesse processo. O mevalonato é 
convertido em isopentenil difosfato, que é convertido 
em fanesil difosfato, que por sua vez será adicionado a 
proteínas intracelulares (citoesqueleto, transporte de 
vesículas) que vão desencadear a homeostase. Se eu 
inibo a fanesil difosfato (auxilia na produção do 
colesterol), vai ter uma inibição da produção das 
proteínas preniladas e do colesterol e a redução da 
maleabilidade celular, desestruturando essa célula 
como um todo. 
A ruptura da via do mevalonato leva à perda de várias 
funções doosteoclastos (por exemplo, a atividade de 
H+~ATPase) e provoca, em última análise, a apoptose 
dessas células. Como a reabsorção óssea 
osteoclástica aumenta acentuadamente a 
concentração de BP na vizinhança local dos 
osteoclastos, os efeitos celulares da inibição da via do 
mevalonato parecem ser LIMITADOS aos osteoclastos. 
Restrinjo ao osteoclasto os danos, mato um pouco 
seletivamente. 
Diminuem a reabsorção osteoclástica do osso, 
principalmente pelo aumento da apoptose 
osteoclástica e pela inibição da biossíntese do 
colesterol, importante para a função osteoclástica. A 
diminuição da reabsorção óssea osteoclástica resulta 
em pequeno aumento da massa óssea e diminuição 
do risco de fraturas em pacientes com osteoporose. 
 
 
A partir daí criamos tudo em cima dele (todos os 
fármacos da classe presentes na tabela). E o 
alendronato teve níveis de atividade até mesmo 10 mil 
vezes maior do que o Etiodronato. 
Os efeitos benéficos do alendronato persistem por 
vários anos de tratamento, mas a interrupção resulta na 
perda gradual dos efeitos. 
Foi feita uma densitometria óssea para determinar 
alterações da densidade mineral óssea a partir da 
linha basal (%), e viu-se que quando tratado com 
alendronato, houve um aumento da densidade 
mineral óssea em cerca de 10% (3 anos depois). Ele 
permanece por vários anos porque, os alendronatos se 
mantém nos ossos e continuam neles por muitos anos! 
Conforme interrompe o fármaco, ele vai decrescendo 
gradualmente, e ao longo dos anos, volta a ter uma 
perda óssea. 
Os bifosfonatos são derivados do ácido bifosfônico 
(facilmente hidrolisada) e foram produzidos a partir do 
ácido bifosfórico (essa não é facilmente hidrolisada), 
sendo retirado um carbono. 
Vários constituintes foram adicionados ao ácido 
bifosfônico como pode-se ver nessa tabela. 
Responsável pelos potencias antirreabsortivos. 
 
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FARMACOLOGIA 
 
INTRUÇÕES DE USO DOS BISFOSFONATOS ORAIS: O 
tempo de administração entre uma dose e outra dos 
bifosfonatos é grande! Devem ser tomados com água 
potável (200-250ml). Nota: tomar o resindronato 
comprimido de liberação lenta com um mínimo de 
150ml de água. pois os fármacos tem um tempo de 
desintegração diferente da forma farmacêutica, 
precisando de quantidade de água para serem 
dissolvidos, solubilizados e absorvido pelo organismo o 
máximo possível. Deve ser tomado no mínimo antes de 
30 minutos antes da alimentação, bebidas e outros 
medicamento, sendo que se for o ibandronato, deve 
ser ingerido antes de 60 min antes da alimentação, 
bebida e outros fármacos. Costumam interagir muito 
com o cálcio, e essa é a justificativa de ele ter 
afinidade com o tecido ósseo (tem muito cálcio). Se 
tomar bifosfonatos com leite, ele vai formar agregados 
com o leite e não vai conseguir ser reabsorvido. O 
risendronato, deve ser IMEDIATAMENTE consumido 
após desjejum. 
É importante permanecer de pé e não se deitar ou 
reclinar por pelo menos 30 min (60 min para 
ibandronato) após a ingestão, pois é muito comum a 
apresentação de refluxo e gastrite. Se ficar em pé 
reduz esses sintomas e os efeitos adversos. 
CALCITOCINA 
A calcitonina exógena é a mesma que a endógena 
(como fármaco), só que a exógena NÃO é humana! A 
calcitonina de salmão é indicada para o tratamento 
da osteoporose em mulheres que tem pelo menos 5 
anos de pós menopausa. Ela reduz reabsorção óssea, 
mas é menos eficaz que os bifosfonatos. 
Uma característica interessante da calcitonina é o 
alívio da dor associada com a fratura osteoporótica 
(funciona como um analgésico para esse tipo de dor, 
ainda não se sabe como e o porquê, mas tem 
potencial analgésico para dor de fraturas ósseas). Por 
isso, a calcitonina pode ser benéfica para pacientes 
com fratura de vértebra recente. 
Como a calcitonina reduz a reabsorção óssea? 
Calcitonina é o símbolo de que existe muito cálcio no 
sangue. Quando administra calcitonina, seu corpo 
entende que tem muito cálcio circulante. 
A principais função da calcitonina no osso é estimular 
a deposição, inibindo assim a reabsorção. Para o 
paciente com osteoporose (desequilíbrio na atividade 
osteoclástica), informar que tem muito cálcio no 
sangue (administração de calcitonina), você inibe os 
osteoclastos de funcionar, inibindo a reabsorção. 
Considerações: 
Está disponível em formulação intranasal (mais 
comum) e parenteral (usada raramente). 
Foi observada resistência a calcitonina no uso 
prolongado contra a doença de Paget (Para Paget é 
observado a taquifilaxia - forma/ mecanismos que o 
organismo desenvolve para não responder ao 
fármaco, costuma ser diferente de tolerância). 
Devido ao risco potencial aumentado de 
malignidades com a calcitonina, esse fármaco deve 
ser reservado aos pacientes intolerantes aos outros 
fármacos contra a osteoporose. Esse é o grande 
problema da calcitonina ... geralmente aparecem 
tumores hepáticos e ósseos. Logo, nunca será primeira 
escolha! 
 
AGENTES ANABÓLICOS ÓSSEOS 
Os agentes antirreabsortivos retardam a taxa de perda 
óssea, mas não induzem a formação de novo osso. 
Surgiu a necessidade clínica de fármacos que fizessem 
a formação de um novo osso (reposição do osso já 
perdido). 
Pacientes que já perderam uma grande quantidade de 
massa óssea (DMO de mais de 3 desvios-padrão 
abaixo do normal) ou que já sofreram uma ou mais 
fraturas osteoporóticas, os agentes antirreabsortivos 
não constituem uma terapia ideal. Então começou a 
se fazer agentes anabólicos ósseos. 
FLUORETOS 
O fluoreto (de cálcio e dentre outros fluoretos) é 
funciona como mitógenos (estimulam a divisão celular 
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de uma célula) para oesteoblastos. Então, espera-se 
uma maior produção de osteoblastos (para 
anabolismo ósseo). 
Os estudos clínicos realizados demonstraram que o 
fluoreto, em concentrações mais altas do que aquelas 
utilizadas para fluoração dos sistemas públicos de 
água, aumenta a massa de osso trabecular (a 
quantidade de flúor adicionada aos sistemas de 
abastecimento de água não é suficiente para 
aumentar a massa óssea). Entretanto, o uso do fluoreto 
leva à conversão da hidroxiapatita em fluroroapatita, 
que é mais densa, porém mais quebradiça. É uma 
terapia que sabidamente estimula osteoblastos a se 
dividirem, depositarem mais material ósseo, porém, 
por outro lado, pode converter cristais de 
hidroxiapatita em fluoroapatita. 
Ainda não é certeza quanto ao fato do fluoreto ser 
efetivo na prevenção das fraturas associadas à 
osteoporose; até o momento, os estudos conduzidos 
forneceram resultados inconsistentes. 
• Geralmente apresentados em associação com 
polivitamínicos (na maioria dos que são usados em 
idosos) 
• (10mg) e (20mg) é a quantidade de fluoreto 
presente em cada comprimido: 
• Gerovital (10mg) 
• Femme com flúor (2mg) 
PTH (PARATORMÔNIO) 
O paratormônio é produzido pela paratireoide quando 
tem uma diminuição de cálcio no sangue, estimulando 
a reabsorção óssea no sentido de aumentar os valores 
séricos do cálcio. 
O PTH apresenta um papel DUAL (cuidado!). Ele tem 
papel tanto de osteocatabolismo, como de 
osteoanabolismo, o que vai mudar é a DOSE! 
Quando ele está na circulação sanguínea em baixas 
doses, ele estimula o anabolismo ósseo → 
Aumentando a diferenciação de osteoblastos e 
diminuindo sua apoptose; Conforme a sua 
concentração na circulação sanguínea ou a sua dose 
vai aumentando, o PTH passa a ter um papel 
catabólico → Aumentando RANKL e diminuindo OPG, 
aumentando assim a diferenciação dos osteoclastos e 
aumentando a reabsorção óssea. 
Quando o PTH age em baixas doses, há uma maior 
diferenciação e proliferação de osteoblastos com 
consequente aumento da massa óssea (maior 
deposição óssea), sendo inibida a apoptose dos 
osteoblastos. 
Considerações: 
A administração de uma dose baixa subcutânea de 
PTH uma vez ao dia favorece o anabolismo ósseo, 
enquanto a exposição contínua e elevada ao PTH 
favorece o catabolismo ósseo. 
A formulação atualmente disponível é uma injeção 
subcutânea (projetada para autoadministração); 
dispositivo auto injetável com seringa. 
O PTH (1-34) foi aprovado com o nome genérico de 
teriparatida para o tratamento da osteoporose em 
mulheres pós-menopausicas e em homens. 
A dose recomendada é de 20 mcg uma vez ao dia 
(dose muito baixa, para favorecer anabolismo). Não é 
recomendado o uso de Teriparatida por um período 
superior a 2 anos. 
FIXADORES DE FOSFATOS ORAIS 
Não fazem parte de uma classe e não se encaixam em 
um grupo. 
São fármacos que vão dificultar a absorção do fosfato 
proveniente da dieta. Existe uma relação (equilíbrio) 
entre os níveis de cálcio e fosfato no sangue. Quando 
diminui a concentração de fosfato no sangue, há uma 
desestimulação da reabsorção óssea, mantendo o 
cálcio no osso e evitando que ele seja degradado e vá 
para a circulação. 
Hidróxido de alumínio foi um dos primeiros agentes 
utilizados no tratamento do hiperfosfatemia da doença 
renal crônica. O alumínio precipita-se com o fosfato no 
trata gastrointestinal, levando à formação de 
complexos não-absorvíveis, o que faz com que o 
fosfato não vá para na corrente sanguínea. 
Apesar de ser efetiva na redução dos níveis 
plasmáticos de fosfato, essa abordagem tem a 
desvantagem de um risco a longo prazo significativo 
de toxicidade pelo acúmulo de alumínio. 
No decorrer de vários anos, o uso crônico de fixadores 
de fosfato a base de alumínio pode resultar em anemia 
crônica (ferropriva, já que o alumínio prejudica a 
absorção do ferro), osteomalácia e neurotoxicidade. 
Por essas razões, o alumínio foi abandonado, em 
grande parte, como forma de tratamento da 
hiperfosfatemia, exceto em casos de hiperfosfatemia 
refratária, para diminuir o fosfato do sangue. 
Hoje em dia, as preparações orais de carbono de 
cálcio e acetato de cálcio são frequentemente 
utilizadas para reduzir os níveis plasmáticos de fosfato. 
Esses agentes, quando administrados nas refeições, 
ligam-se ao fosfato da dieta, inibindo a sua absorção. 
Ou seja, como o objetivo do uso é quelar os grupos de 
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FARMACOLOGIA 
fosfato vindos da dieta, é mais eficaz seu uso próximo 
às refeições. 
O sevelâmer (não é um sal) é uma resina/polímero, 
que funciona de forma similar, pois é uma trocadora 
de íons catiônicos não absorvíveis que se liga ao 
fosfato intestinal, diminuindo a sua absorção do fosfato 
dietético. 
VITAMINA D 
Também não se encaixa em nenhuma classe já 
descrita. 
Ela vai funcionar como fármaco, exatamente como ela 
funciona como hormônio. Ela aumenta a captação de 
cálcio, seja tanto aumentando a expressão de 
transportadores de Ca2+, quanto aumentando a 
expressão de proteínas transportadoras de cálcio 
intracelular ou ainda aumentando a quantidade de 
bomba de Ca2+ dependente de ATP. 
Normalmente os níveis de vitamina D endógenos já são 
suficientes para esse controle de absorção de cálcio 
(claro, tomando o solzinho para ativá-la). Mas quando 
o indivíduo tem um desequilíbrio entre o balanço 
osteoclasto/osteoblasto e, principalmente quando 
esse desequilíbrio é proveniente da falta da vitamina D, 
como no paciente com DRC, a reposição se faz 
necessária. 
OBS.: O calcitriol é formado no rim, então a etapa de 
ativação da vitamina D, de fato ocorre nos rins. 
Como o comprometimento na síntese de derivados da 
1-vitamina D constitui um dos principais distúrbios 
homeostáticos que levam ao desenvolvimento de 
hiperparatireoidismo secundário na doença renal 
crônica, a vitamina D proporciona uma terapia de 
reposição lógica para essa doença. 
A reposição de vitamina D funciona também para 
reduzir no geral a atividade osteoclástica, por estar 
absorvendo mais cálcio, aumentando mais os níveis 
plasmáticos de cálcio, precisando reabsorver menos. 
Mas o papel principal da vitamina D é aumentar a 
absorção de cálcio, o restante é consequência. 
Administração de 800 UI / dia de colecalciferol por 12 
semanas. Depois é feita uma reavaliação dos níveis 
para avaliar se há a necessidade de continuação da 
terapia. 
CALCIMIMÉTICOS 
Os denominados Calcimiméticos – agentes que 
modulam a atividade do receptor sensível ao cálcio 
sobre as células principais, as células da paratireoide 
que vão produzir o paratormônio. 
Um dos tratamentos efetivos para o 
hiperparatireoidismo. 
O cinacalcete, o primeiro calcimimético aprovado 
para FDA, liga-se à região transmembrana do receptor 
sensível ao cálcio e, portanto, modula a atividade do 
receptor, aumentando a sua sensibilidade ao cálcio. 
Como o receptor ligado ao cinacalcete é ativado na 
presença de concentrações mais baixas de cálcio, a 
síntese e a secreção de PTH também são suprimidas 
em concentrações mais baixas de cálcio. 
Isso significa que antes, para se ativar esses receptores 
de cálcio e estimular as células produtoras do 
paratormônio era preciso níveis bem mais baixos de 
cálcio do que seria preciso se estivesse fazendo o uso 
de calcimimético. 
Para se produzir o PTH, é preciso baixos níveis de 
cálcio. Então, a célula tem receptores que quando 
deixam de ser sinalizados pelo cálcio, faz com que ela 
produza e libere o PTH. 
O cinacalcete vai sensibilizar os receptores de cálcio 
das células liberadoras de PTH. Então, se esse receptor 
está sensibilizado, significa que ele vai ser ativado pelo 
cálcio mais facilmente. Se antes era necessária uma 
concentração de cálciode 7 dg/mL (valor chutado 
pelo prof) para estimular a célula a produzir mais PTH, 
agora, como os receptores estão sensibilizados, os 
níveis de sinalização do cálcio para estímulo do PTH 
vão se modificar. 
Exemplo: a variação da liberação de PTH conforme o 
nível de cálcio extracelular vai aumentando. Então, à 
medida que houve o aumento do cálcio extracelular, 
houve a diminuição sérica de PTH. Já quando o 
paciente fez uso de cinacalcete, níveis mais baixos de 
PTH vão sendo liberados quando as concentrações de 
cálcio são às mesmas. Ou seja, quando se tem 0,5 mM 
de cálcio extracelular em um paciente que não usa 
cinacalcete há liberação máxima (100%) de PTH, 
quando ele faz uso de cinacalcete, essa quantidade 
cai para 80%, então há uma liberação menor de PTH. 
E se libera menos PTH, menor vai ser o efeito catabólico 
dele no osso. 
A dose inicial recomendada para adultos é de 30 mg 
uma vez por dia. 
Porém, tem algo interessante, o ajuste de dose do 
cinacalcet deve ser feito com base nos valores de PTH. 
Cloridrato de Cinacalcet deve ser ajustado a cada 2-4 
semanas até a dose máxima de 180 mg, uma vez ao 
dia, para atingir um valor de hormônio paratireoidiano 
(PTH) entre 150-300 pg/ml (15,9-31,8 pmol/l) no teste do 
PTH intacto (PTHi). Teste esse, que deve sempre ser feito. 
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 Nicole Telles Moreira 
 
FARMACOLOGIA 
Os valores da PTH devem ser analisados pelo menos 12 
horas após a última dose deCloridrato de Cinacalcete. 
Existem algumas recomendações clínico-
farmacológicas baseadas nos níveis de cálcio 
plasmático. Como, adicionar algumas classes 
(quelantes de fósforos, vitamina D) ou reduzir ou 
descontinuar a dose de cinacalcet ou ainda 
suspendê-lo e entrar novamente, depois, com uma 
dose menor.

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