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Adriana Ferreira P3 - 2020.1 HIPERPARATIREOIDISMO PRIMÁRIO (TBL 11) FISIOLOGIA Aula Ícaro: A gente viu que o PTH promove a reabsorção óssea e joga o cálcio na circulação, e também promove a ativação da vitamina D no rim que vai estimular a absorção intestinal de cálcio. Agora nós vamos ver que o PTH promove reabsorção do cálcio no néfron. O PTH faz com que o canal de cálcio se insira na membrana apical (luminal) do túbulo contorcido distal. O cálcio entra na célula e é transportado pela proteína calbindina-D até a membrana basolateral, onde vai cair no espaço intersticial. O PTH em nível de néfron faz com que o transportador de cálcio se insira na membrana da célula para que o cálcio seja reabsorvido, dessa forma, reabsorve o cálcio urinário. Em situações de hipercalemia siginifiativa, essa reabsorção que o PTH promove não vai ser suficiente, ocasionando cálcio na urina também. Em HPTP é comum ter hipercalciúria. Em relação ao fósforo, é o contrário do cálcio. Enquanto o PTH promove a reabsorção de cálcio, ele vai promover excreção de fosfato. O fosfato também possui transportadores a nível de néfron. Tem tipo 1, tipo 2 (2A e 2B - o 2B atua no intestino) e tipo 3. O PTH faz com que a célula internalize o transportador 2A que será destruído pelos lisossomos. Dessa forma, o fosfato não consegue ser reabsorvido (aumenta a excreção de fosfato). Logo, o PTH estimula a fosfatúria e promove a reabsorção de cálcio. HPTP O Hiperparatireoidismo primário (HPTP), distúrbio que resulta da hipersecreção do hormônio da paratireóide (PTH) ou paratormônio, é a causa mais comum de hipercalcemia diagnosticada ambulatorialmente. Mais frequente entre os 40 e 65 anos. Predomina no sexo feminino. É uma doença relativamente comum, 1 a 7 casos por 1.000 adultos. Uma apresentação clínica mais recente foi descrita na última década: O HPTP é caracterizado por concentrações normais de cálcio sérico total e ionizado e níveis elevados de PTH. CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES DAS PARATIREOIDES E DO PTH As paratireóides são pequenas glândulas do sistema endócrino, com tamanho de uma ervilha, que estão geralmente localizadas atrás da tireóide. Em geral, há 4 paratireóides. Existem dois tipos de células nas paratireóides: as Eosinófilas (células principais) são menores de secretam PTH, já as Oxifílicas são maiores, mais basófilas e têm função desconhecida. A função principal das paratireóides é manter a o nível de Cálcio no sangue dentro do estreito limite adequado ao funcionamento dos sistemas nervoso e muscular. Receptores do sensor de cálcio (CaSR) nas glândulas são ativados quando esse elemento alcança determinado nível, liberando PTH na corrente sanguínea. Adriana Ferreira P3 - 2020.1 Ca++ e fósforo são os principais constituintes do osso (juntos constituem 65% do peso ósseo), e 99% do cálcio corporal encontram-se nos ossos. No sangue, cerca de 50% do cálcio total está ligado a proteínas, principalmente albumina e globulinas. A fração livre de Ca++ constitui o cálcio ionizado. A regulação do cálcio ionizado é efetuada pela secreção do PTH. A secreção do PTH é, por sua vez, regulada negativamente pelo CaSR, localizado na superfície das células principais paratireóides, bem como pelo aumento do sangue do cálcio e da vitamina D (calcitriol). O PTH mantém o cálcio sérico ionizado, principalmente por intermédio de três mecanismos: -Estimulação da reabsorção de cálcio no túbulo distal do rim; -Estímulo da reabsorção osteoclástica no osso; -Ativação da 1α-hidroxilase 25(OH) vitamina D3 no túbulo proximal renal, levando a síntese do calcitriol, que por sua vez, promove a absorção de cálcio no intestino delgado. Paratireoides, ossos, rins e intestino são, portanto, órgãos essenciais para homeostase do cálcio. ETIOLOGIA E PATOGÊNESE Adenomas solitários das paratireoides são responsáveis por cerca de 85 a 90% dos casos de HPTP. Hiperfunção em múltiplas glândulas paratireoides (uma categoria ampla que inclui hiperplasia e adenomas múltiplos) ocorre na maior parte dos casos restantes. Doenças em múltiplas glândulas representa o achado mais comum em indivíduos com as síndromes de hiperparatireoidismo familiar. Raramente, adenomas e carcinomas de paratireoide podem cursar sem hiperparatireoidismo. Hiperparatireoidismo pode estar associado também a terapia crônica com lítio, irradiação externa do pescoço e em indivíduos expostos à radiação em função do acidente nuclear em Chernobyl. ASPECTOS CLÍNICOS A maioria dos pacientes tem a forma assintomática, sendo o HPTP um achado quando se diagnostica hipercalcemia em exames de rotina, ao passo que cálculos renais (Nefrolitíase) são vistos em 15 a 20% dos pacientes, e doença óssea acomete menos de 5% deles. A deficiência de vitamina D pode exacerbar a gravidade do envolvimento esquelético. Dores ósseas, fraturas patológicas e fraqueza muscular são as queixas mais frequentes relacionadas à doença óssea. Outras manifestações incluem osteopenia generalizada, deformidade ósseas, desmineralização “em sal e pimenta” do crânio e os chamados tumores marrons ou osteoclastomas. Estes últimos representam um processo reativo não neoplásico, devido à reabsorção óssea e lesão óssea localizada, induzido pelo PTH. NEOPLASIAS ENDÓCRINAS MÚLTIPLAS NEM 1: Hiperparatireoidismo primário, adenoma em hipófise anterior, tecido enteropancreático. NEM 2: Hiperparatireoidismo primário, feocromocitoma, CA medular de tireóide. NEM 2-B (ou 3): CA medular de tireóide, feocromocitoma, hábitos marfanóides. TIPOS DE HIPERPARATIREOIDISMO PRIMÁRIO: Resulta da produção excessiva de PTH causada por adenoma, hiperplasia ou carcinoma das glândulas paratireoides. É a apresentação clássica, onde temos cálcio alto e PTH alto. Quando tem um hiperpara primário importante, vai ter hipercalciúria também. SECUNDÁRIO: Resulta de alterações fora das glândulas paratireóides. Ocorre principalmente devido a insuficiência renal crônica, onde o rim não vai ter a capacidade de reabsorver o cálcio e nem fazer hidroxilação da vitamina D. Sem a hidroxilação da vitamina, ela não vai ser absorvida no intestino e nem promover a reabsorção renal de cálcio. Dessa forma, o cálcio sérico estará baixo e o PTH elevado. Além disso, na insuficiência renal crônica o fósforo não é excretado (fósforo vai estar elevado). NORMOCALCÊMICO: Ocorre quando existe hiperparatireoidismo primário, mas por causa de mecanismos compensatórios, o cálcio não subiu ainda. Adriana Ferreira P3 - 2020.1 Aqui o cálcio está normal, PTH alto e não acha outra situação que explique essa elevação do paratormônio. Primário Secundário Normocalcêmico PTH Alto Alto Alto Cálcio Alto Normal/Baixo Normal Fósforo Normal / baixo Variável; pode ser alto com insuficiência renal Normal / baixo Calciúria Normal / alto Muitas vezes baixo Normal / alto Vitamina D Normal Baixa Normal Causas secundárias de elevação do PTH: -Deficiência de vitamina D (25-OHD <20 ng/ml) Vit D faz feedback com PTH, logo, se a vit D abaixa o PTH aumenta; -Insuficiência Renal Crônica (TGF <60 ml/min); -Medicamentos(Litio, bifosfonatos, anticonvulsivantes, hidroclorotiazida, denosumabe, furosemida, fósforo); -Hipercalciúria renal; -Síndrome de má absorção (doença celíaca, fibrose cística, bypass gástrico, etc); -Pseudo-hipoparatireoidismo tipo 1 Obs:Quando o cálcio está normal e o PTH alto, teremos que descartar as causas secundárias que podem elevar o PTH sem que o paciente tenha hiperparatireoidismo primário. Temos que tentar corrigir isso para repetir o paratormônio. QUANDO TRATAR? Se o paciente tiver sintomas de hiperpara, de cara manda ele para cirurgia, mas se for totalmente assintomático, só vai mandar o paciente para cirurgia se tiver uma dessas indicações: -Idade <50 anos (pois ele vai conviver com hiperpara por muito tempo, podendo ter complicações futuras); -Se o cálcio tiver 1 ponto acima do valor de referência; -Se tiver osteoporose -2,5; -Se tiver doença renal crônica com creatinina baixa (considera que já está tendo problemas renais pelo excesso de cálcio). Se ele tiver cálculos renais também é indicação para cirurgias Se fecha diagnóstico laboratorial de hiperpara primário e a principal causa é adenoma único, temos que achar em qual paratireóide está o tumor. Pode fazer USG da região cervical, cintilografia de paratireoides (tumor capta o marcador) e se mesmo assim não achar, fazer TC cervical 4D. Obs: A melhor forma de achar tumor é a cirurgia, por isso, mesmo que não ache, pode mandar para a cirurgia. Cálcio + Albumina : Na circulação, o cálcio é ligado à albumina, então se tiver uma albumina muito baixa, um paciente desnutrido, pode achar que o cálcio está baixo, mas tem que corrigir o valor do cálcio pelo valor da albumina. Cálcio sérico corrigido: Cálcio sérico encontrado + [(4 - albumina) x 0,8] EX. Pct tem cálcio de 7 e albumina de 1 (VR=4) 7 + [(4-1) x 0,8] = 9,4 Logo o cálcio sérico corrigido = 9,4
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