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Lesoes por arma de fogo

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1 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
INTRODUÇÃO 
✓ Conceito de Arma de fogo » são peças 
constituídas deum ou dois canos, aber-
tos numa das extremidades e parcial-
mente fechados na parte de trás, por 
onde se coloca o projétil, o qual é lan-
çado a distância através da força ex-
pansiva dos gases pela combustão de 
determinada quantidade de pólvora; 
✓ Produzido o tiro, escapam pela boca da 
arma o projétil ou projéteis, gases su-
peraquecidos, chama, fumaça, grânu-
los de pólvora incombusta e a bucha; 
✓ A munição compõe-se de cinco partes 
» estojo, espleta, bucha, pólvora e pro-
jétil; 
✓ O projétil é o verdadeiro instrumento 
perfuro-contundente, quase sempre de 
chumbo nu ou revestido de níquel ou 
de outra liga metálica, podendo ser ci-
líndrico ou ogival. 
CLASSIFICAÇÃO DAS ARMAS 
DE FOGO: 
▪ Segundo suas dimensões: Portáteis; 
Semiportáteis; Não portáteis. 
▪ Segundo o municiamento: antecarga 
(carregado pela boca); retrocarga (mu-
nição colocada no pente, no tambor ou 
na parte posterior do cano). 
▪ Modo de percussão: perdeneira; espo-
leta. 
▪ Calibre: nas armas raiadas – em milí-
metros, centésimos ou milésimos de 
polegada; nas de cano liso – calculado 
em peso. 
✓ Raias: saliências encontradas na face 
interna do cano, seguindo uma orienta-
ção curva de grande abertura no sen-
tido do maior eixo da alma do cano. 
✓ Munição: compõe-se de cinco partes: 
estojo, espoleta, bucha, pólvora e pro-
jétil. 
 
✓ A pólvora é uma substância que ex-
plode pela combustão. Há a pólvora 
negra e a pólvora branca. Esta última 
não tem fumaça. Ambas produzem de 
800 a 900 cm³ de gases por grama de 
peso. Em geral, são compostas de uma 
mistura de carvão pulverizado, enxo-
fre e salitre. 
✓ O projétil é o verdadeiro instrumento 
perfurocontundente, quase sempre de 
chumbo nu ou revestido de níquel ou 
de outra liga metálica. Os mais antigos 
eram esféricos. Os mais modernos são 
cilíndrico-ogivais. 
✓ Nos casos de munição com projéteis 
múltiplos deve-se levar em conta que 
esses muitos projéteis são lançados 
juntos e, depois, começam a separar-
se, dando uma área de projeção com 
diâmetro cada vez maior, originando a 
chamada rosa do tiro. 
Lesões produzidas por armas de 
fogo 
 
2 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
NOÇÕES DE BALÍSTICA FO-
RENSE 
✓ Balística interna trata do funciona-
mento das armas, da sua estrutura e 
mecanismo, e da técnica do tiro. 
✓ Balística externa estuda o trajeto e a 
trajetória do projétil, desde sua saída 
da arma até seu impacto ou sua parada. 
✓ A balística dos efeitos ou balística do 
ferimento manifesta-se sobre os efei-
tos produzidos pelo projétil disparado, 
incluindo, entre outros, os ricochetes, 
os impactos e as lesões e danos sofri-
dos pelos corpos atingidos, sejam eles 
animados ou inanimados. 
✓ Identificação das armas de fogo: pode 
ser direta ou indireta. 
▪ Direta – quando a identificação é feita 
na própria arma. 
▪ Indireta - quando feita através de es-
tudo comparativo de características 
deixadas pela arma nos elementos de 
sua munição. 
✓ Na identificação direta, leva-se em 
conta os chamados dados de qualifica-
ção, representados pelo conjunto de 
caracteres físicos constantes de seus 
registros e documentos, como tipo da 
arma, calibre, número de série, fabri-
cante, escudos e brasões, entre tantos. 
✓ Na identificação indireta, usam-se mé-
todos comparativos macro e microscó-
picos nas deformações verificadas nos 
elementos da munição da arma questi-
onada ou suspeita. 
 
✓ Nas armas de fogo raiadas este ele-
mento é o projétil. 
✓ Nas armas de alma lisa, a identificação 
indireta é feita nas deformações 
impressas no estojo e suas espoletas ou 
cápsulas de espoletamento. 
✓ O projétil de uma arma de fogo raiada, 
ao passar pelo cano, inevitavelmente 
deixa-se gravar de impressões de 
cheios e de raias, sob a forma de cava-
dos e ressaltos, os quais produzirão mi-
crodeformações no projétil (estrias). 
✓ As deformações macroscópicas têm 
valor insignificante para uma identifi-
cação específica. 
✓ As microdeformações nunca se repro-
duzirão em dois ou mais canos diferen-
tes, ainda que fabricados pelo mesmo 
fabricante e trabalhados pela mesma 
broca. 
✓ Sendo assim, contribuirão com segu-
rança na identificação individual da 
arma que deflagrou o projétil. 
✓ Classificação da deformações: 
▪ Normais - provocadas no desloca-
mento no interior do cano da arma; 
▪ Periódicas - provocadas pelo mau ali-
nhamento entre o tambor e o cano. 
▪ Deformações acidentais - produzidas 
não especificamente por uma mesma 
arma. 
▪ Deformações produzidas na base do 
estojo ou na cápsula de sua espoleta – 
oriundas da ação do percutor ou pelas 
irregularidades da superfície da cula-
tra. 
▪ Ao reutilizarmos estojos de munição 
(utilizada em armas raiadas ou de alma 
lisa) será possível encontrarmos im-
pressões na base do estojo de dois ou 
mais tiros com uma mesma ou com di-
versas armas. 
▪ O sistema de identificação nos estojos 
e nas espoletas é muito importante nos 
casos em que o projétil não é encon-
trado ou quando ele se apresenta muito 
 
3 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
deformado para uma identificação mi-
crocomparativa, tratando-se de armas 
raiadas. 
 
✓ Nos casos de armas automáticas ou se-
miautomáticas com canos removíveis, 
aconselha-se combinar o exame com-
parativo das microdeformações nota-
das no projétil com as encontradas na 
ápsula da espoleta e na base dos esto-
jos percutidos existentes no local da 
ocorrência. 
✓ Assim, em um processo procura-se 
identificar o cano da arma e no outro, 
a identificação da própria arma. 
✓ Para se proceder a um exame compa-
rativo nos elementos da munição, é ne-
cessário que se tenham à mão, por 
exemplo, em um caso de arma raiada, 
projéteis-padrão, projétil(eis) questio-
nado(s) e os equipamentos necessários 
para o exame. 
✓ Obtenção dos projéteis-padrão ou tes-
temunha – utiliza-se método de coleta 
que não proporcione nenhum dano ou 
deformação. Os mais comuns são a 
água, a solução glicosada e o algodão. 
✓ O(s) projétil(eis) questionado(s) é(são) 
aquele(s) encontrado(s) no corpo da 
vítima, no interior de outras estruturas 
ou nos locais de ocorrência. 
✓ Equipamentos usados na macrocom-
paração: balança, macrômetro, paquí-
metro, projetor horizontal de perfil, lu-
pas manuais etc. 
✓ Exame microscópico – material: mi-
croscópio de comparação, também 
chamado de microcomparador balís-
tico, acoplado a dispositivos que per-
mitam fotografar as imagens, e que te-
nham um visor, uma câmara de vídeo 
e um comparador. 
✓ O método mais usado na comparação 
dos projéteis é o que se alia à macro e 
à microcomparação. 
EXAME MICROCOMPARATIVO: 
▪ É o mais importante; 
▪ Procura-se estabelecer a identidade ou 
não identidade entre os elementos ca-
racterísticos do projétil-padrão e do 
projétil questionado, principalmente 
nas estrias ou microestrias convergen-
tes; 
▪ Nas convergências ou coincidências 
estão os fundamentos da identificação 
individual da arma, mesmo tendo-se 
em conta que essas coincidências ja-
mais poderão ser perfeitas ou totais pe-
las modificações surgidas na arma e na 
munição. 
✓ Projéteis encamisados: em face de sua 
disposição, a maior parte dos seus mi-
croelementos está dentro das cavadas. 
EXAME MICROCOMPARATIVO DOS 
ESTOJOS: 
✓ devem-se ressaltar algumas caracterís-
ticas - marca de percussão; marcas das 
microestrias encontradas na espoleta 
ou cápsula de espoletamento dos esto-
jos. 
✓ Armas automáticas ou semiautomáti-
cas - elementos para identificação: a 
marca do extrator e a marca do ejetor 
no culote dos estojos. 
✓ Resultados devem ser oferecidos nos 
moldes de possibilidade (poucos mi-
croelementos, porém com padrão e 
macroelementos coincidentes, como 
calibre, massa, largura,profundidade e 
inclinação dos ressaltos e cavados), 
probabilidade (quando os projéteis 
comparados apresentem poucos mi-
croelementos coincidentes) e certeza, 
(quando existam elementos 
 
4 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
quantitativos e qualitativos que pos-
sam afirmar ou negar com convicção a 
identidade ou a não identidade da arma 
em questão). 
EXAMES NA ARMA: 
determinação da precisão da pontaria, de-
terminação da distância de um certo tiro, 
alteração das suas características origi-
nais, condições de funcionamento, ocor-
rência de tiro acidental e deformações an-
teriores, contemporâneas ou posteriores 
ao evento. 
✓ Exames na munição: composição dos 
cartuchos; alteração das características 
originais; tipo, marca, calibre, estojo. 
✓ Exames no projétil: determinação do 
tipo e calibre; número e orientação dos 
ressaltos e cavados, além das deforma-
ções acidentais, exame microscópico 
de comparação e outras consequências 
do impacto, em que se possa identifi-
car o tipo de estrutura atingida. 
✓ Nas espingardas, podem-se também 
examinar os chumbos dos cartuchos 
quanto à sua classificação e ao número 
de esferas; e o exame na bucha e nos 
discos divisórios dos cartuchos, a fim 
de identificar seu calibre e tipo de ma-
terial utilizado na sua confecção. 
✓ Exame da pólvora: determinação da 
origem e composição; formato dos 
grãos; espoletas dos cartuchos, po-
dendo-se determinar o tipo de fabri-
cante e a data de fabricação. 
LESÕES 
✓ No estudo das lesões ou ferimentos 
produzidos por projéteis de arma de 
fogo, devemos considerar os seguintes 
critérios 
I. A distância de disparo; 
II. O ferimento de entrada; 
III. O ferimento de saída; 
IV. O trajeto. 
✓ As lesões perfuro-contundentes 
cai=usam perfuração e ruptura dos te-
cidos; 
✓ Os ferimentos possuem como caracte-
rísticas 
I. As bordas irregulares; 
II. O predomínio da profundidade; 
III. O caráter penetrante e transfixante. 
✓ Ferimento de Entrada: pode ser resul-
tante de tiro encostado, a curta dis-
tância ou a distância. 
✓ Ferimentos de entrada nos tiros encos-
tados 
❖ plano ósseo logo abaixo; 
❖ forma irregular, denteada ou com enta-
lhes, devido à ação resultante dos ga-
ses que descolam e dilaceram os teci-
dos; 
❖ inexistência de zona de tatuagem ou de 
esfumaçamento; 
❖ vertentes enegrecidas e desgarradas, 
com aspecto de cratera de mina. 
❖ SINAL DE BENASSI - Nos tiros da-
dos no crânio, costelas e escápulas, 
principalmente quando a arma está so-
bre a pele, podemos encontrar um halo 
fuliginoso na lâmina externa do osso 
referente ao orifício de entrada, ene-
grecida, denominado de Sinal de Be-
nassi. 
✓ Ferimentos de entrada nos tiros encos-
tados 
❖ CÂMARA DE MINA DE HO-
FFMANN - Os ferimentos de entrada 
nos tiros encostados com plano ósseo 
logo abaixo, possuirão forma irregular 
(estrelado), denteada ou com entalhes, 
com bordas invertidas para fora, dife-
rente dos orifício de entrada apresenta-
dos devido à ação resultante dos gases 
 
5 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
que se deslocam e dilaceram o tecido; 
Isso ocorre porque os gases da explo-
são penetram no ferimento e refluem 
ao encontrar a resistência do plano ós-
seo; é comum nos tiros encostados na 
fonte. 
❖ Sinal de Werkgaertner – tiros encosta-
dos ainda permitem deixar impresso na 
pele tal sinal, representado pelo dese-
nho da boca e da massa de mira do 
cano, produzido por sua ação contun-
dente ou pelo seu aquecimento. 
 
FERIMENTOS DE ENTRADA NOS TI-
ROS ENCOSTADOS 
❖ Diâmetro das lesões: pode ser maior 
do que o do projétil em face de explo-
são dos tecidos pelo efeito “de mina”, 
e suas bordas algumas vezes voltadas 
para fora, devido ao levantamento dos 
tecidos pela explosão dos gases. 
❖ Sinal do “schusskanol”: representado 
pelo esfumaçamento das paredes do 
conduto produzido pelo projétil. 
❖ Para um diagnóstico seguro de tiro en-
costado: presença de carboxi-hemo-
globina no sangue do ferimento, assim 
como nitratos da pólvora, nitritos de 
sua degradação e enxofre decorrente 
da combustão da pólvora (Gisbert Ca-
labuig, in Medicina Legal e Toxicolo-
gia, op. cit.). 
 
FERIMENTO DE ENTRADA NOS TI-
ROS A CURTA DISTÂNCIA 
❖ Possuem forma arredondada ou elíp-
tica, de um modo geral; 
❖ Impacto do projétil (efeito primário); 
❖ Apresentam orla de escoriação (ou 
contusão), devido ao arrancamento da 
epiderme; 
❖ Bordas invertidas, devido à ação trau-
mática de fora para dentro sobre a na-
tureza elástica da pele; 
❖ Halo de enxugo (orla de Chavigny), 
ocasionado pela passagem do projétil 
através dos tecidos, atritando e contun-
dindo – concêntricos nos tiros perpen-
diculares e rm meia-lua, nos oblíquos; 
❖ Provocam halo ou zona de tatuagem, 
resultante da impregnação de grãos de 
pólvora incombustos que alcançam o 
corpo; 
❖ Ação dos resíduos de combustão ou 
semicombustão da pólvora e das partí-
culas sólidas do próprio projétil expe-
lido pelo cano da arma (efeitos secun-
dários). 
❖ Orla de esfumaçamento é decorrente 
do depósito deixado pela fuligem que 
circunscreve a ferida de entrada; 
❖ Zona de queimadura, devido a ação su-
peraquecida dos gases que atingem e 
queimam o alvo; 
❖ Aréola equimótica, oriunda da rotura 
de pequenos vasos localizados na vizi-
nhança do ferimento; 
❖ Zona de compressão de gases, repre-
sentada pela depressão da pele e vista 
apenas nos primeiros instantes no 
vivo. 
❖ Os ferimentos possuem diâmetro me-
nor que o do projétil; 
❖ Tiro à queima-roupa: Quando além 
das zonas de tatuagens e de esfumaça-
mento há alterações produzidas pela 
elevada temperatura dos gases, como 
crestação de pelos e cabelos (entorti-
lhados e quebradiços), manifestações 
de queimadura sobre a pele (apergami-
nhada e escura ou amarelada) e zona 
de compressão de gases (no vivo). 
 
6 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
❖ Conceito de tiro a curta distância: não 
diz respeito a essa ou aquela extensão 
entre a boca da arma e o alvo. Esse 
conceito deve ser eminentemente prá-
tico e admitido até quando se podem 
evidenciar os estigmas dos efeitos se-
cundários. 
❖ Forma arredondada (quando o tiro for 
perpendicular) ou ovalar ( quando 
oblíquo); 
❖ Orla de escoriação ou Zona ou Anel de 
Fisch, de aspecto concêntrico nos ori-
fícios arredondados e em crescente ou 
meia lua, nos ovalares. um exame de-
talhado poderá esclarecer a direção do 
tiro; 
❖ Halo de enxugo: Aréola equimótica, 
que tem por origem a formação de uma 
equimose bem justa ao ferimento em 
face do rompimento de capilares, vê-
nulas e arteríolas e quando presente 
possuí um colorido violáceo; 
❖ Apresentam as bordas reviradas para 
dentro, dada a ação contundente as 
margens do ferimento, agindo de fora 
para dentro. 
FERIMENTO ÚNICO DE ENTRADA 
POR VÁRIOS PROJÉTEIS 
❖ Um só ferimento de entrada e serem 
encontrados dois ou mais projéteis no 
interior do corpo. 
❖ Duas são as situações mais comuns 
para tais achados: a) tipos de cartuchos 
fabricados com dois ou mais projéteis 
acoplados; b) tiro disparado com pro-
jétil ou projéteis retido(s) na arma: “fe-
nômeno do tiro encaixado”. 
❖ Quando tal fenômeno acontece, geral-
mente a arma é do tipo revólver. 
❖ Primeiro passo da perícia é identificar 
os projéteis com a arma suspeita, 
depois ver se estão oxidados ou bri-
lhantes. 
❖ Examinar a base de um dos projéteis 
para ver se apresenta alguma depres-
são que abrigou a ogiva do outro pro-
jétil. 
❖ Ver se nessa depressão da jaqueta de 
cobre existe chumbo. 
❖ Nesses casos, os projéteis se compor-
tam como um só, mas a tendência é 
que o primeiro seja empurrado pelo 
outro. 
❖ Mesmo havendo um único ferimento 
de entrada, na maioria das vezes ele é 
irregular e bifenestrado. 
❖ Vários Ferimentos de Entrada por Um 
Só Projétil 
❖ Para que isso aconteça, basta queo 
projétil entre e saia de alguns segmen-
tos ou regiões. Assim, por exemplo, é 
possível um projétil transfixar a coxa 
esquerda, o saco escrotal e a coxa di-
reita deixando nesses seus trajetos três 
orifícios de entrada e três orifícios de 
saída. 
❖ A partir do segundo ferimento de en-
trada estes não apresentam mais a 
forma circular e a regularidade do pri-
meiro ferimento de entrada. 
FERIMENTO DE SAÍDA 
❖ A lesão de saída das feridas produzidas 
por projéteis de arma de fogo tem 
forma irregular, com diâmetro maior 
que o do orifício de entrada, pois o pro-
jétil que sai não é o mesmo que entrou; 
❖ O projétil deforma-se pela resistência 
encontrada nos diversos planos e 
nunca conserva seu eixo longitudinal; 
❖ As bordas são reviradas para fora, pois 
a ação do projétil se dá de dentro para 
fora; 
 
7 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
❖ São mais sangrentas pelo maior diâme-
tro, pela irregularidade de sua forma e 
pela eversão de bordas, permitindo um 
maior fluxo sanguíneo; 
❖ Não possuem halo de enxugo; 
❖ Não apresentam orla de escoriação; 
❖ Apresenta aréola equimótica no es-
paço que circunda o ferimento de sa-
ída, pois o mecanismo de produção é o 
mesmo dos ferimentos de entrada. 
SINAL DE FUNIL DE BONNET 
❖ Diagnóstico diferencial entre o feri-
mento de entrada e o de saída no plano 
ósseo, principalmente nos osso do crâ-
nio; 
❖ Ferimento de entrada 
❖ Lâmina externa » ferimento arredon-
dado, regular, em “saca-bocado”; 
❖ Lâmina interna » ferimento irregular, 
maior que o da lâmina externa, com bi-
sel interno bem definido, dando a per-
furação a forma de um funil ou de um 
tronco de cone; 
❖ Ferimento de saída 
❖ É exatamente o contrário; 
❖ Apresenta amplo bisel externo, repe-
tindo a forma de funil ou tronco de 
cone com a base voltada para fora. 
❖ Trajetória é o caminho percorrido pelo 
projétil fora do corpo ( da arma até a 
superfície atingida. 
❖ Trajeto é o caminho percorrido pelo 
projétil no interior do corpo. 
❖ O trajeto da ferida por projétil de arma 
de fogo pode ser transfixante ou não 
transfixante; 
❖ O trajeto pode ser o mais variável pos-
sível, desde linhas retas, curvas ou até 
mesmo o aparecimento do fenômeno 
da bala giratória, onde o projétil entra 
pela parte anterior do corpo e sai late-
ralmente, fazendo um semicírculo; 
❖ Não é raro o projétil desviar-se por en-
contrar um órgão móvel; 
❖ O perito deverá ficar atento a todos es-
ses particulares trajetos das feridas 
produzidas por PAF. 
LESÕES PRODUZIDAS POR PRO-
JÉTEIS MÚLTIPLOS 
❖ Pode produzir um ou vários ferimen-
tos, com características que dependem 
da distância do tiro ou dos elementos 
integrantes da carga. 
❖ Em geral são constituídos de pequenas 
e inúmeras esferas metálicas, de 
chumbo ou antimônio, contidas em 
cartuchos cilíndricos de metal ou pape-
lão. 
❖ Em disparos a curta distância, causam, 
geralmente, ferimento único, de 
grande dimensão, perda de pele, forma 
irregular e estrelada. 
❖ Pode apresentar orla de esfumaça-
mento, zonas de queimaduras, halo de 
tatuagem e pequenas feridas. 
❖ Nos disparos a distância: ferimentos 
são múltiplos, pequenos, perfurocon-
tusos, de cor enegrecida, de forma e ta-
manhos que variam conforme o tipo de 
esfera utilizada. 
❖ Apresentam inúmeros e variados traje-
tos, dependendo das regiões atingidas 
e dos impactos sofridos. 
❖ Os ferimentos de saída são muito ra-
ros, principalmente quando a área de 
dispersão é grande; exceção se faz 
quando a estrutura atingida não ofe-
rece maior resistência. 
LESÕES PRODUZIDAS POR PRO-
JÉTEIS DEFORMADOS 
❖ O ferimento produzido possui forma 
irregular-estrelada, em forma de fenda 
ou de sulco. 
❖ Orla de escoriação. 
 
8 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
❖ Lesões Produzidas por Projéteis de 
Alta Energia 
❖ Ferimentos de entrada: podem apre-
sentar vultosas áreas de destruição dos 
tecidos atingidos, deixando à mostra 
regiões ou estruturas mais profundas, 
com orifícios muito maiores que o di-
âmetro do projétil. 
❖ Pode ocorrer ausência ou pouca nitidez 
da orla de escoriação. 
❖ Quando encontram maior resistência, 
como, por exemplo, no tecido ósseo, 
apresentam-se como verdadeiras ex-
plosões. 
❖ Ferimentos de saída, na maioria das 
vezes, têm a forma de rasgões, como 
se a pele fosse puxada e rasgada. 
LESÕES PRODUZIDAS POR PRO-
JÉTEIS DE ALTA ENERGIA 
❖ Quando se trata de balística dos feri-
mentos por projéteis de alta energia, 
um fenômeno que não pode ser esque-
cido é o das ondas pressórica e de cho-
que, principalmente quando elas apre-
sentam grande amplitude, pois, ao co-
lidirem com tecidos mais resistentes, 
essa ação origina ondas muito mais in-
tensas que se potencializam pela su-
perposição de uma outra onda inci-
dente, provocando um efeito verdadei-
ramente arrasador. 
❖ Túnel da lesão: extensa laceração de 
tecidos, mostrando, às vezes, material 
aspirado do meio e de estruturas vizi-
nhas. 
NOVOS CONCEITOS DE DISTÂN-
CIA DE TIRO E DE FERIMENTOS 
DE ENTRADA EM TIROS PRÓXI-
MOS 
❖ As armas que apresentam compensa-
dores de recuo alteram profundamente 
o formato do residuograma e deixam 
de apresentar os formatos habituais 
nos tiros encostados ou bem próximos 
ao alvo. 
❖ Assim, por exemplo, os ferimentos em 
“boca de mina” nos tiros encostados 
não são encontrados quando as armas 
que os deflagram apresentam os com-
pensadores de recuo, isso em virtude 
da dispersão dos gases pelos furos da 
extremidade distal do cano da arma. 
PROTOCOLO DE NECROPSIA 
EM MORTE POR ARMA DE 
FOGO SUSPEITA DE EXECU-
ÇÃO SUMÁRIA 
RECOMENDAÇÕES DAS NAÇÕES 
UNIDAS (MANUAL DE PREVENÇÃO 
E INVESTIGAÇÃO DAS EXECUÇÕES 
EXTRALEGAIS, ARBITRÁRIAS E SU-
MÁRIAS) 
❖ Toda morte suspeita de causa contro-
vertida necessita de esclarecimentos, 
exigindo que a perícia seja feita de 
forma minuciosa. O ideal seria que nos 
casos de suspeita de execução extrale-
gal, arbitrária e sumária por disparo de 
arma de fogo a perícia fosse realizada 
de forma isenta de conivência, em lo-
cais dotados de meios e recursos para 
tais fins e feitas por peritos especifica-
mente preparados para exames nessas 
circunstâncias e capazes de seguir um 
protocolo mínimo para assegurar um 
exame sistemático no sentido de facul-
tar uma ideia positiva ou negativa em 
torno do fato que se quer apurar. 
❖ A finalidade em tais perícias é reunir o 
maior número de informações para as-
segurar a identificação do morto, a de-
terminação precisa da causa mortis e 
da causa jurídica da morte e a 
 
9 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
descrição e caracterização das lesões 
violentas. Para tanto se propõe que o 
cadáver fique à disposição da institui-
ção médico-legal pelo menos por 12 h. 
PROTOCOLO DE NECROPSIA EM 
MORTE POR ARMA DE FOGO 
SUSPEITA 
❖ RECOMENDAÇÕES, ALÉM DO 
QUE É PRAXE EM TODAS AS NE-
CROPSIAS MÉDICO-LEGAIS 
1. Proteger, analisar e encaminhar as 
vestes para os devidos exames em la-
boratório; 
2. Proteger as mãos da vítima com sacos 
de papel ou plástico, anotar a hora do 
início e do término da perícia e foto-
grafar em cores as lesões mais signifi-
cativas e, também, fotografar a se-
quência do exame interno e externo, 
tendo o cuidado de usar escalas, núme-
ros e nomes para identificação do caso; 
3. Valorizar o exame externo do cadáver, 
o que, em muitos casos, é a parte mais 
importante, como nos casos de tortura 
ou maus-tratos. O mesmo se diga 
quanto à valorização da temperatura, 
do estado de preservação, da rigidez e 
dos livores cadavéricos para avaliação 
do tempo aproximado de morte; 
4. Descrever em detalhes as lesões pro-
duzidas pelos projéteis de arma de 
fogo quanto a forma, direção, trajeto, 
inclinação e distância de tiro e, se pos-
sível, estabelecer a determinação da 
ordem dos ferimentos; 
5. Recolher amostras de sanguede pelo 
menos 50 ml de um vaso subclávio ou 
femoral; 
6. Examinar bem a face, com destaque 
para os olhos, nariz e ouvido, assim 
como o pescoço interna e externa-
mente em todos os seus aspectos; 
7. Examinar os genitais e, em casos sus-
peitos de violência sexual, examinar 
todos os orifícios, recolher pelos pubi-
anos, secreções vaginal e anal para 
exames em laboratório; 
8. Trocar o maior número de informações 
com a criminalística 
9. Recolher insetos presentes em cadáve-
res encontrados após algum tempo de 
morte para estudo entomológico fo-
rense; 
10. Acondicionar os projéteis encontrados 
no local e retirados do cadáver assegu-
rando da melhor forma a sua inviolabi-
lidade; 
11. Documentar e radiografar toda lesão 
do sistema ósseo, especialmente as fra-
turas dos dedos das mãos e pés; 
12. Extrair amostras de tecido no trajeto da 
ferida e microvestígios biológicos dos 
projéteis para exame microscópico; 
13. Recolher amostras de vísceras para 
exame toxicológico e guardar parte das 
amostras para possível reexame; 
14. Utilizar todos os meios possíveis e ne-
cessários para a identificação da ví-
tima; 
15. Obter, quando o paciente foi hospitali-
zado antes da morte, todos os dados e 
registros relativos a admissão, evolu-
ção, medicação e causa mortis.

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