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. 1 ITEP-RN 1. Conceito de morte natural e morte violenta, tipos de morte violenta. ............................................... 1 2. Conceitos de armas, instrumentos e munições. ............................................................................... 5 3. Tipos e características de lesões. .................................................................................................. 19 4. Asfixia mecânica: definição, tipos e características. ....................................................................... 31 5. Ação termoquímica, elétrica e explosiva: definição, tipo e características. ..................................... 46 6. Aborto. ........................................................................................................................................... 52 7. Toxicologia: definição de drogas ilícitas, medicamentos e venenos, overdose e dependência. ..... 57 8. Sexologia forense: atentado violento ao pudor e estupro, marcas da violência sexual................... 70 9. Tanatologia: 9.1. Manifestações clínicas. 9.2. Fenômenos microbianos. 9.3. Cronotanatognose: conceito. ................................................................................................................................................. 81 10. Regiões anatômicas do corpo humano: nomenclatura. ................................................................ 89 Candidatos ao Concurso Público, O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom desempenho na prova. As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar em contato, informe: - Apostila (concurso e cargo); - Disciplina (matéria); - Número da página onde se encontra a dúvida; e - Qual a dúvida. Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. Bons estudos! 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ . 1 Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores @maxieduca.com.br Tanatologia A Tanatologia estuda a morte e as consequências jurídicas a ela inerentes. Assim como não se pode definir a vida, é teoricamente impossível conceituar a morte. Por isso, deveria bastar-nos procurar compreender e aceitar essa única e insofismável verdade. Antes do advento da era da transplantação dos órgãos e tecidos aceitava-se a morte como cessar total permanente, num dado instante, das funções vitais. Supera hoje esse conceito o conhecimento de que a morte não é o cessamento puro e simples, num átimo, das funções vitais, mas, sim, toda uma gama de processos que se desencadeiam inexoravelmente durante certo período de tempo, afetando paulatinamente os diferentes órgãos da economia. Baseado nisso criaram-se modernamente dois conceitos distintos de morte: a cerebral, teoricamente indicada pela cessação da atividade elétrica do cérebro, tanto na cortiça quanto nas estruturas mais profundas, pela persistência de um traçado isoelétrico, plano ou nulo, e a circulatória, por nada cardíaca irreversível à massagem do coração e às demais técnicas usualmente utilizadas nessa eventualidade. Qualquer que seja a teoria adotada vê-se logo quão difícil é estabelecer um critério de morte. Fiquemos, pois, apenas com as razões indiscutíveis da morte: a cessação dos fenômenos vitais, por parada das funções cerebral, respiratória e circulatória, e o surgimento dos fenômenos abióticos, lentos e progressivos, que lesam irreversivelmente os órgãos e tecidos. Assim, deve-se prudentemente deixar escoar certo lapso de tempo para afirmar com rigorismo clínico a realidade da morte, conforme preceitua a Sociedade Alemã de Cirurgia: “A morte cerebral pode produzir-se antes que cessem os batimentos cardíacos (traumatismo cerebral). Considera-se que o cérebro está morto após doze horas de inconsciência com ausência de respiração espontânea, midríase bilateral eletroencefalograma isoelétrico, ou quando o angiograma revela a parada da circulação intracraniana (durante trinta minutos). Pode ocorrer que o coração pare, mas o sistema nervoso central está intacto ou com possibilidade de recuperar-se. Convém, então, iniciar a ressuscitação; se os batimentos cardíacos não reaparecem pode dar-se por morto o paciente, mas se reaparecem, sem que se restabeleçam a consciência ou a respiração, deve seguir-se aplicando as normas usuais de assistência intensiva até que possa ser demonstrada a morte cerebral.” Do que se trata, deve-se dar o indivíduo por morto quando se constata, induvidosamente, a ocorrência verdadeira da morte encefálica geral e não apenas da morte da cortiça cerebral. Conceito de morte natural e morte violenta, A morte natural é aquela resultante de um estado mórbido, herdado ou de uma perturbação congênita. Pode ocorrer por causas patológicas (doenças) ou por grave malformação (defeito congênito), incompatível com a vida extrauterina prolongada. Já por morte violenta entende-se aquela que resulta de uma ação exógena e lesiva sobre o corpo humano. Segundo o doutrinador Lacassagne é a morte provocada por agentes externos. Compreende principalmente as situações de homicídio, suicídio e acidentes. Tipos de Morte Violenta Homicídio: É a morte voluntária (dolosa) ou involuntária (culposa) de alguém realizada por outrem. À lei não importa seja a vítima monstro, inviável, demente, incapaz, agonizante; exige-se, naturalmente, que esteja viva ao sofrer por parte do agente a agressão homicida, pois o objeto jurídico que a lei tutela 1. Conceito de morte natural e morte violenta, tipos de morte violenta. 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce . 2 é a vida, bem inestimável inerente ao homem, quaisquer que sejam suas condições biopsíquicas, transitórias (vida intrauterina), momentâneas (sono, ebriez) ou permanentes (idade, sexo, raça, inteligência etc), independentemente de suas condições jurídicas. Causas principais do homicídio: - fase aguda da embriaguez; - as questões passionais, - a doença mental e as anormalidades psíquicas; - o jogo; - a vingança; - a política; - a religião; - a miséria e a marginalidade. Ação pericial: No homicídio doloso o perito esclarecerá à justiça: - o nexo causal entre a agressão alegada e o evento morte; - qual o meio empregado; - o estado mental do homicida; - sua periculosidade; - se trata-se de embriaguez fortuita ou preordenada; - se foi cometido mediante emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel; - se foi cometido sob violenta emoção; - a idade do agente; - a atitude da vítima; - a execução de certos atos pela vítima, após o ferimento mortal; - a mudança de posição, dolosa ou acidental, da vítima; - as lesões encontradas na vítima provocadas pelo agente, no propósito de subjugá-la; - a sede, forma e o número dos ferimentos no cadáver; - sendo o agente silvícola, o seu grau de adaptabilidade ao meio; - o exame do local do crime. Suicídio: (sui. a si próprio; caedere. cortar, matar). É a deserção voluntária da própria vida; é a morte, por vontade e sem constrangimento, de si próprio. A conceituação dessa modalidade jurídica de morte exige dois elementos: um, subjetivo, o desejo de morrer;outro, objetivo, o resultado morte. Exclui-se do conceito de suicídio os que morreram no cumprimento do dever. Embora o suicídio não seja ato ilícito, o art. 122 do CP pune o induzimento, a instigação ou o auxílio físico, material ou moral, mesmo por motivos altruísticos, para que o potencialmente suicida realize seu intento. Os suicidas podem ser considerados impulsivos - nos quais influi uma explosão do momento – ou premeditados - em que agem a sugestão, o temperamento e a vaidade. Morte acidental: É a causa jurídica da morte representada por acidentes aeroviários, ferroviários, marítimos e, em sua maioria, pelo tráfego, pela velocidade dos veículos, pelo despreparo psicológico dos motoristas ou pelo estado de embriaguez, pela imprevidência e imprudência dos pedestres, pelo obsoletismo de algumas estradas, pela deficiência no policiamento rodoviário, pelas ruas estreitas e mal iluminadas. Obs.: Diagnóstico diferencial da causa jurídica da morte consoante o meio empregado: - lesões por instrumentos cortantes: comuns no suicídio e no homicídio e só excepcionalmente no acidente; - lesões por instrumentos contundentes: comuns no homicídio, suicídio e acidentes; - lesões por instrumentos corto-contundentes: comuns nos casos de homicídio e, excepcionalmente, nos acidentes; - lesões por instrumentos perfurantes: comuns em homicídios e raras em suicídios e acidentes; - lesões por instrumentos perfurocortantes: comuns em homicídio e raros em suicídios e acidentes; - lesões por instrumentos perfurocontundentes: comuns em homicídio e suicídio e raras em casos de morte acidental; - esmagamentos: comuns nos acidentes; - precipitação: comum no suicídio e no homicídio; só raramente é acidental; 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce . 3 - enforcamento: comum em casos de suicídio e raro no homicídio; é rarissimamente acidental; - estrangulamento: comum em casos de homicídio, é excepcional no suicídio e nos acidentes; - sufocação: comum nos acidentes e no suicídio é raro em homicídios; - afogamento: comum nos acidentes e suicídio é raro em homicídios; - envenenamento: comum em casos de suicídio é menos frequente no homicídio e acidente. Classificações Tanto as mortes violentas quanto as naturais permitem a classificação em: morte súbita (efeito imediato), mediata e agônica. a) Morte Súbita: O autor Balthazard define Morte Súbita como, “a morte que se produz apenas instantaneamente, pelo menos, muito rapidamente no decorrer de boa saúde aparente”. Para nós, morte súbita é aquela que ocorre de forma imprevista, em segundos ou, no máximo, alguns minutos, precedida ou não de fugacíssima agonia, e motivada por afecções cardiovasculares, lesões encefálicas e meningéias, tumores cerebrais, acidente vascular encefálico, infarto do miocárdio, fibrilação ventricular, edema agudo dos pulmões, insuficiência cardíaca congestiva, ruptura de vísceras ocas e/ou maciças, ruptura de aneurisma, asfixias mecânicas, edema de glote, choque hemorrágico, anafilático, obstétrico, doenças tromboembólicas, acidentes anestésicos e/ou cirúrgicos, crise epiléptica apnéica, febre tifoide, meningites, tétano, difteria, ação da eletricidade cósmica ou industrial. Influenciam, ainda, a idade, o sexo, a profissão, a fadiga, o esforço, a embriaguez, o coito, a emoção. Para Ernestino Lopes da Silva Jr., as causas mais habituais da morte súbita são as doenças cardiovasculares (60%), respiratórias (15%) e do sistema nervoso (15%), tendo as outras causas apenas 10% das mortes. b) Morte Mediata: De acordo com os ensinamentos de Celso Luiz Martins é aquela que permite a sobrevivência por algumas horas após o surgimento da causa. A classificação se atém ao tempo decorrido entre a causa e o efeito (morte). c) Morte Agônica: é aquela em que a extinção desarmônica das funções vitais processa-se paulatinamente, com estertores, num tempo relativamente longo; nela os livores hipostáticos formam-se mais lentamente. d) Morte Metatraumática: ocorre nos casos de falecimentos em razão direta ou indireta de ações violentas. e) Morte Suspeita: é aquela que ocorre em pessoas de aparente boa saúde, de forma inesperada, sem causa evidente, ou com sinais de violência indefinidos ou definidos, por exemplo, simulação de suicídio objetivando ocultar homicídio, passível de gerar desconfiança sobre sua etiologia. Aqui, torna-se necessário esclarecer as circunstâncias em que se deu a morte (seja violenta ou natural), para possíveis aplicações jurídicas. Necropsia Uma autópsia, necropsia ou exame cadavérico é um procedimento médico que consiste em examinar um cadáver para determinar a causa e modo de morte e avaliar qualquer doença ou ferimento que possa estar presente. É o exame levado a efeito no cadáver para determinar a causa da morte. Geralmente é realizado por um médico especializado, chamado de legista num local apropriado denominado morgue ou necrotério. Necropsias não eram permitidas no Brasil nos seus primeiros séculos de colonização portuguesa. Contudo, em casos excepcionais, algumas foram feitas por imposição da justiça e com o devido consentimento do Santo Ofício. Nos territórios sob dominação holandesa e, portanto livre do jugo do Tribunal da Inquisição, Willem Piso, no século XVII, realizou livremente as primeiras necropsias no Brasil. Atualmente a necropsia é disciplinada pelo art. 162 do CPP. 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce . 4 Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante. Em regra, haverá exame interno do cadáver, que, no entanto, não será necessário quando não houver infração penal a apurar ou quando o exame externo permitir a conclusão sobre a causa da morte. Exige- se, para sua realização, o período de segurança de seis horas a contar do momento do óbito, já que, transcorrido esse lapso, há o aparecimento de sinais tanatológicos mais evidentes. Importante destacar ainda que determina o Código que os cadáveres sejam fotografados na posição em que forem encontrados, bem assim que se faça registro fotográfico das lesões que porventura neles existirem e, ainda, que os peritos instruam o laudo com fotografias, esquemas ou desenhos representativos das lesões. Esse exame é também denominado necroscópico. Por fim, cabe destacar que existem três indicações clássicas previstas em lei para a realização da necropsia no Instituto Médico Legal - IML: morte violenta (por acidente de trânsito ou de trabalho, homicídio, suicídio etc.); morte suspeita ou morte natural de pessoa não identificada. Questões 01. (Polícia Científica/PE - Auxiliar de Perito – CESPE/2016) O tipo de morte em que não se tem evidência de que tenha sido ocasionada por causas naturais ou por causas violentas denomina-se (A) morte suspeita. (B) morte agônica. (C) morte clínica. (D) morte cerebral. (E) morte súbita. 02. (MPE/SP – Analista de Promotoria - Médico Legista – IBFC) Assinale a alternativa incorreta. Devem ser encaminhados ao Instituto Médico Legal: (A) cadáveres desconhecidos com causa de morte natural (B) mortes suspeitas. (C) mortes acidentais. (D) mortes metatraumáticas. (E) mortes naturais sem assistência médica. 03. (MPE/SP – Analistade Promotoria - Médico Legista – IBFC) De acordo com a doutrina médico- legal, a morte metatraumática é aquela em que: (A) a morte ocorreu imediatamente após evento traumático. (B) ocorre nos casos de falecimentos em razão direta ou indireta de ações violentas. (C) o óbito ocorreu logo após a vítima receber atendimento médico. (D) a causa final foi violenta, independente da causa básica. (E) há histórico de violência, independente do nexo causai entre a causa final e a causa básica da morte Respostas 01. Resposta: A Morte Suspeita é aquela que ocorre em pessoas de aparente boa saúde, de forma inesperada, sem causa evidente, ou com sinais de violência indefinidos ou definidos, por exemplo, simulação de suicídio objetivando ocultar homicídio, passível de gerar desconfiança sobre sua etiologia. 02. Resposta: E As morte naturais em regra não são submetidas a perícia no IML, haja vista que a morte natural é aquela que se opõe a morte violenta (sendo essa obrigatoriamente submetida a perícia). A morte natural, não ocorre somente por velhice, mas também por doenças, vícios constitucionais congênitos ou outros 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce . 5 distúrbios, e pelas quais, juridicamente, ninguém poderá ser responsabilizado. Poderá ocorrer com ou sem assistência médica. 03. Resposta: B Morte Metatraumática: ocorre nos casos de falecimentos em razão direta ou indireta de ações violentas. Uma arma de fogo é um artefato que lança um ou muitos projéteis, geralmente sólidos, em alta velocidade através da queima de um propelente confinado. Este processo de queima subsônica é tecnicamente conhecido como deflagração, em oposição a combustão supersônica conhecida como detonação. Em armas de fogo mais antigas, o propulsor era tipicamente a pólvora negra ou a cordite, mas armas de fogo modernas usam a pólvora sem fumaça ou outros propelentes. A maioria das armas de fogo mais modernas (com a notável exceção das armas de alma lisa) tem canos estriados (ranhuras internas) para dar giro ao projétil visando dar melhor estabilidade ao voo do mesmo. É imprescindível para o funcionamento letal da arma de fogo também a munição. Partes de uma arma de fogo São partes de uma arma de fogo: - Cano ou tubo - Câmara de expansão dos gases - Culatra - Sistema de disparo ou percussão - Sistema de segurança - Sistema de mira - Cabo ou dispositivo de ancoragem - Municiador ou carregador - Tipo de ação Tipos de projéteis Os primeiros projéteis utilizados eram bolas inertes de ferro fundido ou de pedra. Então, para as armas de menor calibre eram utilizados no tiro (pequenos pedaços de ferro ou chumbo). São atualmente utilizados projéteis encapsulados em uma jaqueta contendo tanto a parte útil (o projétil), quanto a propulsão (explosão mistura) e um gatilho inicia-lo. Uma arma é compartimentada para munições definidas estritamente quanto a forma e as dimensões (calibre, tamanho e morfologia, mas também o seu soquete) e o tipo de fogo. Uma munição pode estar disponível em versões diferentes, incluindo cargas e projéteis diferentes. O conteúdo da parte útil pode variar muito dependendo do tipo de uso da arma: - metralha, - bala apontou ponta. A ponta pode ser do tipo ogival, canto-vivo, semi-canto-vivo, ogival de ponta plana, cone truncado, semi-ogival e de ponta oca. - bola redonda. - bala jaqueta, encamisada. - carga explosiva. - carga moldada. - carga química. - carga biológica. Tipos de armas de fogo As armas de fogo, podem ser divididas em armas de artilharia, se a operação envolve vários homens e a arma é dirigida não a um único adversário, como canhões e obuseiros e armas de fogo portáteis como pistolas, fuzis, submetralhadoras e metralhadoras onde as armas podem ser usadas e tomadas individualmente. Por definição, deve ser de um tamanho inferior a 20 mm, e pesar menos de 20 kg e ter balas de fogo inertes. 2. Conceitos de armas, instrumentos e munições. 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce . 6 Em seguida vamos acompanhar o que dispõe a “Manual de Armamento e Manuseio Seguro de Armas de Fogo” elaborada pelo Serviço de Armamento e Tiro da Academia Nacional de Polícia e pelo Serviço Nacional de Armas. APRESENTAÇÃO Este manual foi elaborado pelo setor de Depósito Público do Tribunal de Justiça do Amazonas e tem como objetivo principal preparar o servidor para o manuseio seguro e correto de armas de fogo, fornecendo conteúdos sobre conceito de armas de fogo e normas de segurança. A finalidade do manual é torna o manuseio de armamento a mais prática possível, padronizando a linguagem, de modo que todos possam falar a mesma língua, além de servir para consulta permanente. Para tanto ela foi dividida em quatro partes: 1. Manuseio seguro com armas de fogo 2. Conceito e classificação de armas de fogo 3. Calibre e conhecimento básico de munições 4. Legislações 1. MANUSEIO SEGURO COM ARMAS DE FOGO 1.1. CONCEITO O homem deve conhecer as regras indispensáveis à segurança com armas de fogo. As normas seguintes devem ser incutidas pela repetição constante na instrução, até que sua observância se torne um ato reflexo no manuseio com armas de fogo. 1.2. REGRAS DE SEGURANÇA 1. Escolher local seguro para o manuseio de uma arma de fogo; 2. A arma de fogo, carregada ou não JAMAIS deverá ser apontada para alguém; 3. A arma NUNCA deverá ser apontada em direção que não ofereça segurança; 4. Trate a arma de fogo como se ela SEMPRE estivesse carregada; 5. Antes de utilizar uma arma, obtenha informações sobre como manuseá-la; 6. Guarde a arma sempre em local seguro; 7. Ao manusear uma arma, faça-o SEMPRE com o dedo estendido ao longo da arma; 8. SEMPRE se certifique de que a arma esteja descarregada antes de qualquer manuseio; 9. NUNCA deixe uma arma de forma descuidada; 10. Guarde armas e munições separadamente e em locais fora do alcance de curiosos; 11. NUNCA teste as travas de segurança da arma, acionando a tecla do gatilho; 12. As travas de segurança da arma são apenas dispositivos mecânicos e não substitutos do bom senso; 13. NUNCA atire em superfícies planas e duras ou em água, porque os projéteis podem ricochetear; 14. NUNCA pegue ou receba uma arma, com o cano apontado em sua direção; 15. Ao mostrar uma arma para alguém, faça-o com o FERROLHO ABERTO e a arma SEM o carregador e com a câmara VAZIA; 16. Aquilo que estiver no ângulo de 180º à frente da boca do cano será SEMPRE passível de ser atingido; 17. SEMPRE que entregar uma arma a alguém, entregue-a descarregada; 18. SEMPRE que pegar uma arma, verifique se ela está realmente descarregada; 19. SEMPRE nesta ordem: Retirar o CARREGADOR e depois o cartucho da CÂMARA ao descarregar uma arma de fogo. NÃO INVERTA NUNCA a sequência; 20. NUNCA transporte arma com o cão armado. 2. ARMA DE FOGO 2.1 CONCEITO Dispositivo que impele um ou vários projéteis através de um cano pela pressão de gases em expansão produzidos por uma carga propelente em combustão. 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce . 7 2.2. CLASSIFICAÇÃO 2.2.1. Quanto à alma do cano A alma é a parte oca do interior do cano de uma arma de fogo, que vai geralmente desde a culatra até a boca do cano, destinada a resistir à pressão dos gases produzidos pela combustão da pólvora e outros explosivos e a orientar o projétil. Pode ser lisa ou raiada, dependendo do tipo de munição para o qual a arma foi projetada. Alma raiada A alma é raiada quando o interior do cano tem sulcos helicoidais dispostos no eixo longitudinal, destinados a forçar o projétil a um movimento de rotação.Alma lisa É aquela isenta de raiamentos, com superfície absolutamente polida, como, por exemplo, nas espingardas. As armas de alma lisa têm um sistema redutor (choque), acoplado ao extremo do cano, que tem como finalidade controlar a dispersão dos bagos de chumbo. 2.2.2. Quanto ao tamanho Armas Curtas: Pistolas – Modernamente podemos conceituar pistola como arma curta, raiada, portátil, semi- automática ou automática, de ação simples, ação dupla, dupla ação e híbrida, com câmara no cano, a qual utiliza o carregador como receptáculo de munição. Existem pistolas de repetição que não dispõem de carregador e cujo carregamento é feito manualmente pelo atirador. Seu nome provém de Pistoia, um velho centro de armeiros italianos. Revólveres – Arma curta de alma raiada ou lisa, portátil, de repetição, na qual os cartuchos são colocados em um cilindro giratório (tambor) atrás do cano, podendo o mecanismo de disparo ser de ação simples ou dupla. Armas Longas – Alma Raiada: Rifles – Termo muito comum, de origem inglesa, que significa o mesmo que fuzil. Arma longa, portátil que pode ser de uso militar/policial ou desportivo; de repetição, semiautomática ou automática. Fuzil de Assalto – Fuzil Militar de fogo seletivo de tamanho intermediário entre um fuzil propriamente dito e uma carabina. Carabina (Carbine) – Geralmente uma versão mais curta de um fuzil de dimensões compactas, cujo cano é superior a 10 polegadas e inferior a 20 polegadas (geralmente entre 16 e 18 polegadas). 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce . 8 Submetralhadora – Também conhecida no meio Militar como metralhadora de mão, é classificada assim por possuir cano de até 10 polegadas de comprimento e utilizar cartuchos de calibres equivalentes aos das pistolas semiautomáticas. Metralhadora – Arma automática, que utiliza cartuchos de calibres equivalentes ou superiores aos dos fuzis; geralmente necessita mais de uma pessoa para sua operação. Armas Longas – Alma Lisa: Espingardas - Arma longa, de alma lisa, que utiliza cartuchos de projéteis múltiplos ou de caça. 2.2.3. Quanto ao sistema de carregamento Antecarga – Qualquer arma de fogo que deva ser carregada pela boca do cano. Retrocarga – Arma de fogo carregada pela parte de trás ou extremidade da culatra. 2.2.4. Quanto ao sistema de funcionamento Repetição – Arma capaz de ser disparada mais de uma vez antes que seja necessário recarregá-la, as operações de realimentação são feitas pela ação do atirador. Pode ser equipada com carregador, tambor ou receptáculo (tubo). Semiautomático – Sistema pelo qual a execução do tiro se dá pela ação do atirador (um acionamento da tecla do gatilho para cada disparo); as operações de extração, ejeção e realimentação se darão pelo reaproveitamento dos gases oriundos de cada disparo. Automático – Sistema pelo qual a arma, mediante o acionamento da tecla do gatilho e enquanto esta estiver premida, atira continuamente, extraindo, ejetando e realimentando a arma até que se esgote a munição de seu carregador ou cesse a pressão sobre o gatilho. 2.2.5. Quanto ao sistema de acionamento Ação simples – No acionamento do gatilho apenas uma operação ocorre, o disparo; sendo que a operação de armar o conjunto de disparo já foi feita antes. Ação dupla – No acionamento do gatilho ocorrem duas operações, a primeira é o armar do conjunto de disparo e a segunda é o disparo propriamente dito. Dupla ação – Sistema onde se faz possível a execução do tiro tanto em ação simples, como em ação dupla. Ação híbrida – A operação de armar o conjunto de disparo ocorre em duas etapas, uma antes e outra depois do disparo. 3. MUNIÇÃO 3.1 DEFINIÇÃO É o conjunto de cartuchos necessários ou disponíveis para uma arma ou uma ação qualquer em que serão usadas armas de fogo. O cartucho para arma de defesa contém um tubo oco, geralmente de metal, com um propelente no seu interior; em sua parte aberta fica preso o projétil e na sua base encontra-se o elemento de iniciação. Este tubo, chamado estojo, além de unir mecanicamente as outras partes do cartucho, tem formato externo apropriado para que a arma possa realizar suas diversas operações, como carregamento e disparo. O projétil é uma massa, em geral de liga de chumbo, que é arremessada a frente quando da detonação, é a única parte do cartucho que passa pelo cano da arma e atinge o alvo. Para arremessar o projétil é necessária uma grande quantidade de energia, que é obtida pelo propelente, durante sua queima. O propelente utilizado nos cartuchos é a pólvora, que, ao queimar, 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce . 9 produz um grande volume de gases, gerando um aumento de pressão no interior do estojo, suficiente para expelir o projétil. Como a pólvora é relativamente estável, isto é, sua queima só ocorre quando sujeita a certa quantidade de calor; o cartucho dispõe de um elemento iniciador, que é sensível ao atrito e gera energia suficiente para dar início à queima do propelente. O elemento iniciador geralmente está contido dentro da espoleta. Um cartucho completo é composto de: 1 - projétil 2 - estojo 3 - propelente 4 - espoleta 3.2 PROJÉTIL Projétil é qualquer sólido que pode ser ou foi arremessado, lançado. No universo das armas de defesa, o projétil é a parte do cartucho que será lançada através do cano. O projétil pode ser dividido em três partes: Ponta: parte superior do projétil fica quase sempre exposta, fora do estojo; Base: parte inferior do projétil, fica presa no estojo e está sujeita à ação dos gases resultantes da queima da pólvora. Corpo: cilíndrico, geralmente contém canaletas destinadas a receber graxa ou para aumentar a fixação do projétil ao estojo. Projéteis de Chumbo Como o nome indica, são projéteis construídos exclusivamente com ligas desse metal. Podem ser encontrados diversos tipos de projéteis, destinados aos mais diversos usos, os quais podemos classificar de acordo com o tipo de ponta e tipo de base. 3.2.1 Tipos de pontas: Ogival: uso geral, muito comum; Canto-vivo: uso exclusivo para tiro ao alvo; tem carga reduzida e perfura o papel de forma mais nítida; 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce . 10 Semi canto-vivo: uso geral; Ogival ponta plana: uso geral; muito usado no tiro prático (IPSC) por provocar menor número de "engasgos" com a pistola; Cone truncado: mesmo uso acima. Semi-ogival: também muito usado em tiro prático; Ponta oca: capaz de aumentar de diâmetro ao atingir um alvo humano (expansivo), produzindo assim maior destruição de tecidos.3.2.2 Projéteis encamisados São projéteis construídos por um núcleo recoberto por uma capa externa chamada camisa ou jaqueta. A camisa é normalmente fabricada com ligas metálicas como: cobre e níquel; cobre, níquel e zinco; cobre e zinco; cobre, zinco e estanho ou aço. O núcleo é constituído geralmente de chumbo praticamente puro, conferindo o peso necessário e um bom desempenho balístico. Os projéteis encamisados podem ter sua capa externa aberta na base e fechada na ponta (projéteis sólidos) ou fechada na base e aberta na ponta (projéteis expansivos). Os projéteis sólidos têm destinação militar, para defesa pessoal ou para competições esportivas. Destaca-se sua maior capacidade de penetração e alcance. Os projéteis expansivos destinam-se à defesa pessoal, pois ao atingir um alvo humano é capaz de amassar-se e aumentar seu diâmetro, obtendo maior capacidade lesiva. Esse tipo de projétil teve seu uso proibido para fins militares pela Convenção de Genebra. Os projéteis expansivos podem ser classificados em totalmente encamisados (a camisa recobre todo o corpo do projétil) e semi-encamisados (a camisa recobre parcialmente o corpo, deixando sua parte posterior exposta. Os tipos de pontas e tipos de bases são os mesmos que os anteriormente citados para os projéteis de chumbo. 3.2.3 Estojo O estojo é o componente de união mecânica do cartucho, apesar de não ser essencial ao disparo, já que algumas armas de fogo mais antigas dispensavam seu uso, trata-se de um componente indispensável às armas modernas. O estojo possibilita que todos os componentes necessários ao disparo fiquem unidos em uma peça, facilitando o manejo da arma e acelera o intervalo em cada disparo. 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce . 11 Atualmente a maioria dos estojos são construídos em metais não-ferrosos, principalmente o latão (liga de cobre e zinco), mas também são encontrados estojos construídos com diversos tipos de materiais como plásticos (munição de treinamento e de espingardas), papelão (espingardas) e outros. A forma do estojo é muito importante, pois as armas modernas são construídas de forma a aproveitar as suas características físicas. Para fins didáticos, o estojo será classificado nos seguintes tipos: Quanto à forma do corpo: Cilíndrico: o estojo mantém seu diâmetro por toda sua extensão; Cônico: o estojo tem diâmetro menor na boca, é pouco comum; e Garrafa: o estojo tem um estrangulamento (gargalo). Cabe ressaltar que, na prática, não existe estojo totalmente cilíndrico, sempre haverá uma pequena conicidade para facilitar o processo de extração. Os estojos tipo garrafa foram criados com o fim de conter grande quantidade de pólvora, sem ser excessivamente longo ou ter um diâmetro grande. Esta forma é comumente encontrada em cartuchos de fuzis, que geram grande quantidade de energia e, muitas vezes, têm projéteis de pequeno calibre. 3.2.4 Quanto aos tipos de base: Com aro: com ressalto na base (aro ou gola); Com semi-aro: com ressalto de pequenas proporções e uma ranhura(virola); Sem aro: tem apenas a virola; Rebatido: A base tem diâmetro menor que o corpo do estojo. A base do estojo é importante para o processo de carregamento e extração, sua forma determina o ponto de apoio do cartucho na câmara ou tambor (headspace), além de possibilitar a ação do extrator sobre o estojo. 3.2.5 Quanto ao tipo de iniciação: Fogo Circular: A mistura detonante é colocada no interior do estojo, dentro do aro, e detona quando este é amassado pelo percursor; Fogo Central: A mistura detonante está disposta em uma espoleta, fixada no centro da base do estojo. Cabe lembrar que alguns tipos de estojos nos diversos itens da classificação dos estojos não foram citados por serem pouco comuns e não facilitarem o estudo. 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce . 12 3.3 PROPELENTE Propelente ou carga de projeção é a fonte de energia química capaz de arremessar o projétil a frente, imprimindo-lhe grande velocidade. A energia é produzida pelos gases resultantes da queima do propelente, que possuem volume muito maior que o sólido original. O rápido aumento de volume de matéria no interior do estojo gera grande pressão para impulsionar o projétil. A queima do propelente no interior do estojo, apesar de mais lenta que a velocidade dos explosivos, gera pressão suficiente para causar danos na arma, isso não ocorre porque o projétil se destaca e avança pelo cano, consumindo grande parte da energia produzida. Atualmente, o propelente usado nos cartuchos de armas de defesa é a pólvora química ou pólvora sem fumaça. Desenvolvida no final do século passado, substituiu com grande eficiência a pólvora negra, que hoje é usada apenas em velhas armas de caça e réplicas para tiro esportivo. A pólvora química produz pouca fumaça e muito menos resíduos que a pólvora negra, além de ser capaz de gerar muito mais pressão, com pequenas quantidades. Dois tipos de pólvoras sem fumaça são utilizadas atualmente em armas de defesa: Pólvora de base simples: fabricada a base de nitro celulose, gera menos calor durante a queima, aumentando a durabilidade da arma; e Pólvora de base dupla: fabricada com nitro celulose e nitroglicerina, tem maior conteúdo energético. 3.4 ESPOLETA A espoleta é um recipiente que contém a mistura detonante e uma bigorna, utilizado em cartuchos de fogo central. A mistura detonante é um composto que queima com facilidade, bastando o atrito gerado pelo amassamento da espoleta contra a bigorna, provocado pelo percursor; A queima dessa mistura gera calor, que passa para o propelente, através de pequenos furos no estojo, chamados eventos. Os tipos mais comuns de espoletas são: Boxer: muito usada atualmente, tem a bigorna presa à espoleta e se utiliza apenas um evento central, facilitando o desespoletamento do estojo, na recarga; Berdan: utilizada principalmente em armas de uso militar, a bigorna é um pequeno ressalto no centro da base do estojo estando a sua volta dois ou mais eventos; e Bateria: utilizada em cartuchos de caça, tem a bateria incorporada na espoleta de forma a ser impossível cair, facilitando o processo de recarga do estojo. Outros tipos de espoletas foram fabricados no passado, mas hoje são raros de serem encontrados. Nos primórdios das armas de fogo, o calibre, ou seja, o diâmetro efetivo do projétil disparado por uma arma, não era muito relevante, pois geralmente os atiradores fundiam e moldavam sua própria munição. Armas eram geralmente vendidas com suas respectivas moldeiras. Com o advento do cartucho moderno e da fabricação em série, os calibres passaram a ser fundamentais e de certa forma, padronizados, para se diferenciar o seu uso nas diversas armas existentes. O que se denomina de calibre real de uma arma nada mais é do que a medição do diâmetro da boca do cano, que caso ele seja raiado, é feita medindo-se os “cheios” das raias. 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce . 13 O calibre do projétil é medido pelos “fundos” das raias. Dependendo de cada arma, seja ele revólver, pistola, fuzil ou carabina, e de acordo com o tipo de projétil que ela usa, seja encamisado ou de chumbo, as raias possuem profundidades e perfis diferentes. A quantidade de raias em um cano também varia, mas geralmente se situam entre 4 e 6, podendo ser em quantidade pares ou ímpares. Outra variação muito importante, referenteao raiamento do cano, é a quantidade de voltas executadas pelo raiamento de um cano, quando medidos dentro de uma mesma distância, algo que se denomina “passo de raiamento”. Normalmente nas armas curtas e com canos até 6″ ou 7″ de comprimento, as raias não chegam nem a dar uma volta completa; como essas armas utilizam um projétil de pouca altura, não é necessário se empreender um giro muito alto a fim de estabilizá-lo. Foto de um cano raiado no calibre 9mm. Ao contrário, nos rifles e fuzis de alta potência, utilizando projéteis bem mais longos, o número de voltas do raiamento é maior, a fim de aumentar a rotação do projétil quando em vôo, criando assim um efeito giroscópico a fim de que o mesmo corte o ar devidamente estabilizado, pelo menos até o alcance útil previsto para essa arma. Resumidamente, podemos afirmar que convivemos com três sistemas de medidas aplicados aos calibres de armas em geral: (1) calibres especificados em centésimos de polegada (mais utilizados nos Estados Unidos), (2) os calibres especificados em milímetros e, finalmente, (3) a medida inglesa denominada gauge, que é a empregada nas armas de alma lisa (espingardas). 3.4.1 Calibres medidos em centésimos de polegada: Muito utilizado nos Estados Unidos e inclusive no Brasil, expressa o diâmetro dos projéteis em centésimos de polegada, tanto com duas ou com três casas decimais. Desta forma, damos como exemplo o famoso e popular calibre 38. Lembramos que a notação norte americana utiliza o ponto na casa decimal e não vírgulas, como é nosso costume. (Ex.: US$ 1.500,00). Portanto, o calibre 38 tem a sua notação correta como sendo 0.38″ (zero ponto trinta e oito), ou simplesmente. 38″ (38 centésimos de polegada). Outro famoso calibre, o 45, se expressa como 0.45″, ou só. 45″ (centésimos de polegada). Durante muitas décadas se convencionou, tanto aqui no Brasil como nos Estados Unidos, não se pronunciar o “ponto” que antecede o calibre. Portanto, sempre falamos “revólver calibre 22″, “pistola calibre 45″, “revólver calibre 38″, e por aí vai. Após a recente adoção e popularização do calibre 40 S&W pelas forças policiais, criou-se um costume “estranho” de se usar a palavra ”ponto” na frente do calibre. Daí que temos o termo “pistola ponto 40″, algo que se ouve muito na mídia televisiva. Poderia ser, simplesmente, como sempre foi, “pistola calibre 40″. Voltando ao sistema, vemos então que se quisermos estabelecer uma conversão desses calibres para o sistema métrico, basta multiplicá-los por 25,4 (uma polegada = 25,4 mm). Exemplos: calibre. 45″ X 25,4 = 11,43mm; calibre. 22″ X 25,4 = 5,58mm. Entretanto, essa conversão serve meramente para nos dar uma ideia melhor da dimensão, uma vez que no Brasil nós não estamos habituados a “perceber” ou ter noção real do diâmetro de um projétil obtendo sua medida em centésimos de polegada. Além disso, a nomenclatura que é dada a um determinado calibre, pelo seu fabricante, nem sempre segue as regras rígidas de medida e sim, outras conveniências mercadológicas. A título de ilustração, um exemplo bem antigo e clássico é o famoso calibre. 44 Winchester, (44-40), lançado em 1873 no famoso rifle de ação por alavanca. Na realidade, o diâmetro de seu projétil nem é de 0,44 centésimos de polegada, e sim, de 0,42″. Qualquer um que proceder a uma medida do diâmetro deste projétil, utilizando-se um paquímetro ou micrômetro terá uma leitura de 10,66 mm, que convertido para centésimos de polegada nos dará 0,42″! 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce . 14 3.4.2 Calibres medidos em milímetros: Adotado preliminarmente na Europa, é o calibre mais fácil de ser medido, caso aqui do Brasil, porque a grande maioria de instrumentos de medição utilizados seguem a norma métrica. Mas isso não quer dizer que na Europa não se utiliza também a nomenclatura em polegadas. O que acaba ocorrendo é que, nos casos dos calibres mais populares tanto lá como nas Américas, acabam se utilizando duas ou mais nomenclaturas. Isso pode ser percebido no calibre 7,65mm Browning, popular em pistolas semi- automáticas, também chamadas de. 32 AUTO. O irmão menor, o 6,35mm Browning, é chamado de. 25 AUTO. O calibre. 380, por exemplo, acabou se popularizando aqui na sua nomenclatura em polegadas, mas na Europa é mais conhecido como 9mm (Kurz, Curto, Corto ou Short) para não ser confundido com o 9mm Parabellum. 3.4.3 Calibres no sistema “gauge“: Esta é a mais curiosa forma de medição de calibres de armas porque não segue nenhuma norma de medida específica. Os ingleses, desde vários séculos atrás e até a II Guerra, utilizavam o pêso do projétil disparado pelos seus canhões para especificar seu calibre. Tínhamos, portanto, canhões de 8, 12, 16 e 24 libras. Porém, no emprego das armas portáteis de alma lisa, as espingardas de caça, essa unidade de medida seria muito grande para ser empregada em projéteis que pesavam frações de libra. (N.A.: uma libra equivale a 453 gramas). Desta forma, partiu-se para a seguinte solução: tomando-se uma perfeita esfera de chumbo, com massa de uma libra (o,453 Kg.), seu diâmetro seria então o gauge (Ga.) 1, ou seja, o calibre 1. Seguindo o mesmo raciocínio, fracionamos aquela esfera de chumbo (com uma libra de peso) em 12 partes iguais e dessas partes fazemos esferas idênticas; o diâmetro de cada uma dessas 12 esferas resultantes será o calibre 12. Assim também, fracionando-se a mesma esfera (com massa de uma libra) em 28 partes e fazendo com essas partes 28 esferas iguais, o diâmetro de cada uma delas nos daria o calibre 28. Isso explica porque, neste sistema, quanto maior é o número que exprime o calibre, menor é seu diâmetro, ou seja, o calibre 28 é menor que o 12. Portanto, calibres de espingardas, que normalmente iniciam do 12 Ga. e depois seguem para o 16, 20, 24, 28, 32 e 36, não possuem qualquer relação com medidas, tanto em polegadas como em milímetros. O calibre 36 é também chamado, principalmente nos Estados Unidos, de. 410. Abaixo, uma tabela onde temos as medidas de cada calibre em Gauge e as equivalências em milímetros do culote, do cartucho e do cano (médias aproximadas em virtude de diferentes fabricantes e “choques” dos canos). CALIBRE Culote Diâmetro Cano 4 30.38 27.64 26.19 8 26.19 23.57 23.12 10 23.65 21.70 21.30 12 22.45 20.60 20.20 14 21.45 19.65 19.30 16 20.65 18.90 18.55 20 19.40 17.70 17.35 24 18.45 16.75 16.45 28 17.40 15.85 15.55 32 16.10 14.55 14.25 36 13.60 12.00 11.75 Resumindo, a maior parte dos fabricantes de munições na Europa utiliza o sistema métrico na nomenclatura de seus cartuchos. Como de praxe, geralmente são expressos em duas medidas, sendo que a primeira é o diâmetro do projétil e a segunda, o comprimento do cartucho. Normalmente esses números são seguidos de uma marca de fabricante, do tipo ou do nome da arma que utiliza este cartucho. Alguns exemplos: 7,62X51 NATO – o cartucho adotado por vários países da OTAN em seus fuzis, inclusive o Brasil – neste caso, 7,62mm de diâmetro e 51mm de comprimento do cartucho. 9mm Luger ou 9mm Parabellum – expresso mais corretamente como 9X19, é o cartucho mais largamente usado por forças armadas no mundo em armas curtas, derivado das famosas pistolas alemãs Parabellum, conhecidas como Luger nos Estados Unidos. 375 Holland & Holland – um dos mais míticos e potentes calibres para caça de grande porte, desenvolvido pela firma do mesmo nome, na Inglaterra. Apesar do que indica seu nome, o seu projétil possue um diâmetro efetivo de 9,55mm, o que não corresponde exatamente ao diâmetro de. 375″. 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce . 1532 AUTO – mais conhecido aqui como 7,65mm Browning, popularíssimo cartucho de pistolas semi- automáticas. .380 ACP (Automatic Colt Pistol)- também em moda no Brasil, em armas curtas, conhecido também como 9mm Kurz ou 9mm Curto, para não ser confundido com o bem mais potente e restrito calibre 9mm Parabellum. .38 SPL (Special) – o famoso calibre 38 dos revólveres, muito comuns aqui no Brasil, que foi durante décadas erroneamente denominadas pela CBC como 38 Smith & Wesson Longo. .357 Magnum – o “irmão” mais poderoso do. 38 SPL, um cartucho quase idêntico à ele somente 3mm mais longo para evitar seu uso em revólveres fabricados para o cartucho .38 SPL. A bem da verdade, o cartucho .38 SPL também possui o seu projétil com o diâmetro de .357″. .44-40 Winchester – o cartucho das carabinas Winchester de ação por alavanca, ainda muito usado nas carabinas Puma nacionais, cópias fiéis das Winchester norte americanas. Neste caso, o número 40 não tem relação com a medida do cartucho, e sim, com o peso da carga de pólvora empregada na época (40 grains de pólvora negra). O grain é uma medida de massa, em uso nos Estados Unidos, que equivale a 64,8 miligramas. O diâmetro real do projétil é de aproximadamente. 42″ e não de. 44″ como diz sua denominação. .32 S&WL (Smith & Wesson Long) – desenvolvido pela Smith & Wesson para seus revólveres, muito usado no Brasil. Neste caso, a nomenclatura “Long” servia para que ele não fosse confundido com o cartucho mais curto do mesmo calibre, o. 32 S&W. Cartuchos diversos produzidos pela CBC no Brasil Os calibres assinalados são considerados restritos no Brasil – só podem ser utilizados por forças policiais, militares e atiradores esportivos. Os calibres 14 e 15 são restritos somente quando usados em armas curtas. Mais uma vez precisamos ter em mente que essas medidas, em vários casos, pode não exprimir exatamente o diâmetro de um projétil, de modo que um curioso ou mesmo um colecionador de cartuchos antigos, ao tentar identificar o calibre através da medida do diâmetro do projétil, nem sempre pode chegar exatamente à nomenclatura do mesmo. Porém, isso serve para que tenhamos uma base mais precisa, que somada aos dados das dimensões do cartucho, possamos identificar o mesmo consultando-se catálogos e sites especializados. A variedade de cartuchos documentada no site é imensa e ele possui até um recurso interessante, onde se pode fornecer algumas dimensões e o sistema procura os dados de cartuchos que mais se 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ . 16 assemelham ao fornecido. Em resumo, muitas vezes a nomenclatura segue mais os conceitos de mercado e de “impacto” do que a medida real que se utiliza. Um exemplo típico é este: por volta da década de 70 a Winchester possuía um cartucho de grande porte, para caça pesada, denominado. 458 Winchester Magnum, que fez um estrondoso sucesso e era um dos mais potentes cartuchos existentes na ocasião. A empresa Weatherby, tradicional fabricante de rifles de luxo, resolveu lançar um cartucho para concorrer com o 458, muito mais potente, denominado de. 460 Weatherby Magnum. O interessante que embora o possua um cartucho maior, o projétil era do mesmo tamanho do concorrente, ou seja, 458″. Neste caso, o número 460 foi mesmo utilizado somente para causar uma “atração” ou “sensação” a mais. 4. LEGISLAÇÃO 4.1 LEIS LEI 10.826/03 - Estatuto do Desarmamento: Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm define crimes e dá outras providências. LEI 10834/03 - Crias as taxas de fiscalização de Produtos Controlados. LEI 10867/04 - Altera a LEI 10.826/03 - Estatuto do Desarmamento. LEI 10884/04 - Prorroga prazo dos art. 29, 30 e 32 do Estatuto do Desarmamento. LEI 11.191/05 - Prorroga prazos da Lei 10.826/03 LEI 11.501/07 - Altera o Inciso X do artigo 6º da Lei 10.826/03. Porte do Auditor da Receita e do Trabalho. LEI 11.706/08 - Altera a Lei 10.826/03, prorroga o prazo de recadastramento de armas e dá outras providências. LEI 11.922/09 - Altera a Lei 10.826/03, prorroga o prazo de recadastramento de armas para 31.12.09. 4.2 DECRETOS Decreto 3.665/00 - R - 105 Decreto 3.665/2000 - Define conceitos sobre armas permitidas, restritas, etc. Decreto 5.123/04 - Regulamenta o Estatuto do Desarmamento. (Alterado pelo Decreto nº 6.715/2008). Decreto 6.146/07 - Altera o Decreto no 5.123, de 1o de julho de 2004, que regulamenta a Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003. Decreto 6.715/08 - Altera o Decreto no 5.123, de 1o de julho de 2004, que regulamenta a Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003. 4.3 PORTARIAS E INSTRUÇÕES NORMATIVAS DA POLÍCIA FEDERAL Portaria 364/04-DG/DPF Define valores de indenização de armas recolhidas à Polícia Federal. Portaria 613/05-DPF - Aprova os padrões de aferição de capacidade técnica para o manuseio de armas de fogo dos integrantes das instituições descritas nos incisos V, VI e VII do art. 6o. da Lei 10.826. Portaria 315/06-DPF - Dispõe sobre o porte de arma de fogo para os integrantes do quadro efetivo de Agentes Penitenciários. I.N. 023/05-DG/DPF - Normatiza no âmbito do DPF a Lei 10.826/03 e o Decreto 5.123/05. Portaria 365/06-DPF - Regulamenta o porte de arma para a Guarda Municipal. Portaria 2259/11-DPF - Trata da concessão de Licença para Armeiros. 4.4 LEGISLAÇÃO CORRELATA Código Penal Art. 253 - Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte de explosivos ou gás tóxico. Contravenção Penal - Fabrico e porte de arma. Lei da Magistratura - Dispõe sobre a organização da Magistratura Nacional. Lei do Ministério Público - Dispõe sobre normas gerais para a organização do Ministério Público dos Estados e dá outras providências. Código de Menores - Fornecimento de armas e munições a menores. Resolução nº 134/2011 – CNJ – Dispõe sobre o Depósito Judicial de armas de fogo e munições e a sua destinação. 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce . 17 5 PARTES DA ARMA DE FOGO REVÓLVER PISTOLA Espinguarda PUMP 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ . 18 ESPINGARDA COMUM RIFLE DE FERROLHO (BOLT ACTION) RIFLE SEMI-AUTOMÁTICO CARABINA DE REPETIÇÃO 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ . 19 Questões 01. (Polícia Civil/BA - Escrivão - INAZ DO PARÁ/2016) Assinale, na relação a seguir, aquele material que NÃO faz parte do cartucho de munição de arma de fogo: (A) Propelentes (B) Espoletas (C) Buchas (D) Estojos (E) Percursor 02. (Polícia Civil/BA - Escrivão - INAZ DO PARÁ/2016) As armas nas quais o carregamento e o disparo ocorrem continuadamente enquanto a arma contiver cartuchos no seu receptáculo de munição e o gatilho continuar pressionado, são denominadas: (A) Armas de repetição não automáticas (B) Armas semiautomáticas (C) Armas automáticas (D) Armas de tiro unitário múltiplo (E) Armas de tiro unitário simples 03. (Polícia Civil/BA - Escrivão - INAZ DO PARÁ/2016) Assinale, qual das alternativas abaixo não representa função ou consequência direta do raiamento do cano de uma arma de fogo. (A) Auxiliar a queima do propelente durante a passagem do projétil através do cano. (B) Melhorar a precisão do tiro. (C) Melhorar o alcance máximo e a direcionabilidade do projétil. (D) Melhorar a estabilidade do projétil em sua trajetória exterior. (E) Impedir que o projétil adquira movimentos erráticos como o tombamento e outros. Respostas 01. E / 02. C/ 03. A A Traumatologia estuda as lesões e estados patológicos, imediatos ou tardios, produzidos por violência sobre o corpo humano, nos seus aspectosdo diagnóstico, do prognóstico e das suas implicações legais e socioeconômicas. Trata também do estudo das diversas modalidades de energias causadoras desses danos. Seu maior interesse volta-se principalmente para as causas penais, trabalhistas e civis. A convivência no meio ambiental pode causar ao homem as mais variadas formas de lesões produzidas por alguns tipos de energias. Essas energias dividem-se em: - Energias de ordem mecânica; - Energias de ordem física; - Energias de ordem química; - Energias de ordem físico-química; - Energias de ordem bioquímica; - Energias de ordem biodinâmica; - Energias de ordem mista. Energias de Ordem Mecânica As energias de ordem mecânica são aquelas capazes de modificar o estado de repouso ou de movimento de um corpo, produzindo lesões em parte ou no todo. Os meios mecânicos causadores do dano vão desde armas propriamente ditas (punhais, revólveres, soqueiras), armas eventuais (faca, navalha, foice, facão, machado), armas naturais (punhos, pés, dentes), até os mais diversos meios imagináveis (máquinas, animais, veículos, quedas, explosões, precipitações). As lesões produzidas por ação mecânica podem ter suas repercussões externa ou internamente. Podem ter como resultado o impacto de um objeto em movimento contra o corpo humano parado (meio ativo), ou o instrumento encontrar-se imóvel e o corpo humano em movimento (meio passivo), ou, 3. Tipos e características de lesões. 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce . 20 finalmente, os dois se acharem em movimento, indo um contra o outro (ação mista). Esses meios atuam por pressão, percussão, tração, torção, compressão, descompressão, explosão, deslizamento e contrachoque. De conformidade com as características que imprimem às lesões, os meios mecânicos classificam-se em: - perfurantes; - cortantes; - contundentes; - perfurocortantes; - perfurocontundentes; - cortocontundentes. - lácerocontundentes. Classificação dos instrumentos mecânicos segundo o contato, a ação e as características que imprimem às lesões: AÇÃO DO INSTRUMENTO LESÃO EXEMPLOS DE AGENTES 1- Cortante Incisa navalha, bisturi, lâminas, estilhaços de vidro, folha de papel, linha de cerol, faca afiada 2- Contundente Contusa Martelo, marreta, caibro, tonfa, cassetete, soco-inglês, 3- Perfurante Punctória Prego, alfinete, agulhas, furador de gelo 4- Pérfurocortante Pérfuroincisa Faca, canivete, espada, punhal, estilete, peixeira 5- Pérfurocontundente Pérfurocontusa Projétil de arma de fogo, ponta de grade de ferro, ponteira de guarda-chuva 6- Cortocontundente Cortocontusa Machado, cutelo, enxada, facão, foice, dentes 7- Lácerocontundente Lácerocontusa Acidentes com trem ou com automóvel E, por sua vez, produzem, respectivamente, feridas puntiformes, cortantes, contusas, perfurocortantes, perfurocontusas e cortocontusas. As feridas, por exemplo, produzidas por vidro, lança, dentes ou explosão, ainda que venham a apresentar perdas vultosas de tecidos, não deixam de ser cortantes, perfurocortantes, cortocontusas e contusas, correspondentemente. NOTA: Dicas para não confundir nome do instrumento com lesão: Instrumento Lesão - ANTE - ISA (O) - DENTE - USO (A) 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce . 21 Exemplo: Inst. Cortante – Ferida Incisa Obs.: Exceto, Perfurante - Punctória 1. INSTRUMENTO PERFURANTE: É todo instrumento capaz de produzir uma lesão punctória. Esses instrumentos propriamente ditos possuem forma cilíndrica-cônica, são alongados, finos e pontiagudos, tais como: agulha, estilete, prego, alfinete etc. Atuam por pressão através da ponta e afastamento das fibras do tecido. As lesões produzidas por estes instrumentos são soluções de continuidade que se denominam feridas punctórias. O tipo de instrumento será diagnosticado pela qualidade das lesões. Mas o diagnóstico da lesão em si, não permite que para avaliação do seu alcance, se façam sondagens, desaconselhadas formalmente pela possibilidade de, elas mesmas, produzirem falsos trajetos ou alterarem os correspondentes ao instrumento empregado. É extremamente variável, pois, o instrumento não contaminado facilitará a recuperação, mas caso ocorra processo infeccioso tudo se modificará. Geralmente homicídios, principalmente entre detentos. Recém-nascidos também podem ser vítimas desse tipo de lesão (infanticídio). Não é de se desprezar a possibilidade de acidente comum ou do trabalho. Como meio de suicídio não é muito frequente. A perícia envolve sempre o exame das lesões em sua forma, aspecto, dimensões e demais caracteres que sirvam não só para a determinação diagnóstica, mais ainda para pesquisar o instrumento que as produziu. Lei de Filhos e Langer As feridas punctórias ou puntiformes sofrem ação das linhas de tração da pele, podendo tomar a forma de botoeira, em ponta de seta e pode ter forma bizarra de acordo com a confluência de linhas de tração. 2. INSTRUMENTO CORTANTE: É todo instrumento que atuando linearmente sobre a pele ou sobre os órgãos, produz feridas incisas. Navalha, bisturi, lâmina, canivete, faca de gume cerrado, pedaço de vidro etc. Agem por pressão e deslizamento produzindo a secção uniforme dos tecidos. Possuem bordas nítidas e regulares, há hemorragia geralmente abundante, corte perfeito dos tecidos moles, ausência de outro trauma em torno da lesão. É necessário estudar cuidadosamente os caracteres da lesão, não sendo omitido o exame minucioso das vestes quando a região afetada era coberta por ela. Depende da sede comprometida, da extensão e profundidade do ferimento, são mortais quando atingem a região do pescoço (denomina-se esgorjamento, se atingir a região anterior e degolamento, se atingir a região posterior). Não sendo isso, em geral não assumem essa gravidade extrema, mas podem ser gravíssimas quando situadas no rosto (cicatriz queloideana – deformidade permanente). No caso de atingir nervos de membros, podem produzir perturbações motora e sensitiva, e daí debilidade do segmento, enfermidade incurável que pode impedir o trabalho etc. Não havendo essas consequências, elas são consideradas leves. Nas feridas cortantes e perfuro-cortantes, a cauda de escoriação pode indicar a posição do agressor perante a vítima. Ainda, essas feridas frequentemente são homicidas, mas podem tratar-se de lesão de defesa (indicativo de luta) ou mesmo suicida. A lesão acidental pode ocorrer, mas geralmente é de menor gravidade e não chega ao legista, senão ao clínico. Elemento cortante, número de lesões, sede, direção, características, profundidade, regularidade, lesões de defesa. O médico legista através de fatos relatados e observados, poderá prestar esclarecimentos à justiça. 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce . 22 Conceitos importantes nas lesões incisas no pescoço 1. Na parte anterior do pescoço: ESGORJAMENTO. 2. Na parte posterior do pescoço: secção quase total do pescoço denomina-se: DEGOLAMENTO. 3. Quando há a separação total da cabeça do restante do corpo denomina-se: DECAPITAÇÃO. 3. INSTRUMENTO CONTUNDENTE: É todo instrumento ou objeto o rombo capaz de agir traumaticamente sobre o organismo. - Sólido: pau, tijolo, mão de pilão. - Líquido: queda n'água, jato d'água. - Gasoso: jato forte de ar sobre pressão - Naturais: mãos, pés, cabeça, chifres de boi etc. - Usuais: bengala, bastão, cassetete, etc. - Eventuais: pedra, martelo. Mecanismo de Ação: - Ativo: quando o objeto possuidor de força viva, choca-se contra o corpo da vítima; - Passivo: quando o corpo da vítima, sob ação da força viva,choca-se contra o objeto; - Misto: quando tanto o corpo da vítima, quanto o objeto possuidor de força viva, chocam-se entre si. A resultante da ação desses instrumentos depende da intensidade do seu movimento, de sua dinâmica traumatizante, e, conjugado este fato, a região do corpo atingida e as condições da próxima ação, as lesões decorrentes poderão ser superficiais ou profundas, citam-se das mais leves às mais graves: - Rubefação: alteração vasomotora da região; dura cerca de duas horas no máximo; - Edema: derrame seroso; - Escoriação: perda traumática da epiderme (serosidade, gotas de sangue, crosta); - Equimose: derrame hemático que infiltra e coagula nas malhas do tecido. Permite dizer qual o ponto onde se produziu a violência. Indica a natureza do atentado. Pode afirmar se o indivíduo achava-se vivo no momento do traumatismo. Indica a data provável da violência. Espectro Equimótico de LEGRAND de SAULLE: a equimose superficial é envolvida por uma sucessão de cores que se inicia pelos bordos. Tem importância pericial para determinar, em alguns casos, a data provável da agressão. Cor Evolução em dias Lívida ou vermelho-violáceo 1º Arroxeado 2º ao 3º Azulado 4º ao 6º Esverdeado 7º ao 10º Amarelado-esverdeado 11º ao 12º Amarelado 13º ao 17º Normal 18º ao 20º Hematoma: é uma coleção hemática produzida pelo sangue extravasado de vasos calibrosos, não capilares, que descola a pele e afasta a trama dos tecidos formando uma cavidade circunscrita onde se deposita. Bossa Sanguínea: é um hematoma em que o derrame sanguíneo impossibilitado de se difundir nos tecidos moles em geral, por planos ósseos subjacentes, coleciona determinando a formação de verdadeiras bossas. Bossa Linfática: são coleções de linfas produzidas por contusões tangenciais, como acontece nos atropelamentos, em que os pneus, por atrição, deslocam a pele formando grandes bossas linfáticas, entre o plano ósseo e os tegumentos. Luxação: é o afastamento repentino e duradouro de uma das extremidades. 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce . 23 Fratura: é a solução de continuidade, parcial ou total dos ossos submetidos à ação de instrumentos contundente. Ferida Contusa: - Forma, fundo e vertentes irregulares; - Bordas escovadas; - Ângulos obtusos; - Derrame hemorrágico externo menos intenso do que na ferida incisa; - Aspecto tormentoso no seu interior; - Retalhos conservados em forma de ponte, unindo as margens da lesão, contrastando com os tecidos mortificados; - Nervos, vasos ou tendões, conservados no fundo da lesão. Na apreciação detalhada das equimoses é preciso distingui-las das hipóstases, das equimoses espontâneas post mortem, das pseudo-equimoses, traumatismos post-mortem, das doenças como púrpura, escorbuto, hemofilia, intoxicação por arsênio, epilepsia etc. O prognóstico depende da lesão em si, conforme a região, ferida seccionando ou dilacerando órgãos importantes, e dependendo do peso da arma e força viva com que esta é acionada, podendo produzir comoções de vulto. Em geral o prognóstico é grave quanto à vida, ou em hipótese mais benigna, quanto à importância, causando um dano que incapacite para o trabalho. Do ponto de vista jurídico, essas lesões podem significar dependendo da sede, a natureza de uma violência: pescoço, rosto, orifícios, região genital etc. A forma caracteriza o instrumento ou meio que as produziu. As dimensões para identificar o agente produtor, quando produzidas com vida a existência de reação própria. É finalmente a sede, a forma e a disposição são elementos que bem estudados podem esclarecer a possibilidade de simulações, podendo evidenciar se foi homicídio, acidente ou suicídio. A importância de realização de uma perícia bem feita, traduz a possibilidade da identificação do agente da lesão e também, o tipo ou natureza do crime, através, evidentemente de pesquisas minuciosas e detalhadas da lesão. MISTAS 1. INSTRUMENTO PERFUROCORTANTE: São aqueles que além de perfurar o organismo exercem lateralmente uma ação de corte. Facas, punhais, canivetes, baionetas etc. Classificação: - Instrumento perfurocortantede um só gume ou de um só bordo cortante; - Instrumento perfurocortantede dois gumes ou de dois bordos cortantes; - Instrumento perfurocortantede três ou mais gumes ou bordos cortantes. Características: São instrumentos que, além de perfurar, pela sua ponta, ainda exercem lateralmente ação de corte: - Monocortante: faca, peixeira, canivete. - Bicortante: punhal - Tricortante: lima, florete. - Multicortante: apontador de pedreiro, perfuratriz manual. Perfura = Pressão Corta = Secção Lesões: - Instrumento com um gume: ferida ovalar, com um ângulo agudo e um ângulo arredondado. - Instrumento com dois gumes: (botoeira) dois ângulos agudos. - Instrumento com três gumes: feridas de forma triangular. - Instrumento com muitos gumes: feridas parecidas com as produzidas pelos instrumentos cônicos. Genérico: Deve ser orientado no sentido de se caracterizar a natureza da lesão, condicionada ao instrumento que a produziu. - Dependem do local - Das formações anatômicas atingidas - Da profundidade e largura 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ . 24 - Da possibilidade de produzirem infecções. Lesão Corporal - Suicídio - Homicídio – Acidente Dificilmente podemos calcular a largura do instrumento pelo tamanho do ferimento. Contudo o perito pode dar a ideia genérica do elemento cortante, número de lesões, sede, direção, características, profundidade, regularidade, lesões de defesa etc. 2. INSTRUMENTO PERFUROCONTUNDENTE: É todo agente traumático que ao atuar sobre o corpo, perfura-o e contunde simultaneamente. Podemos identificar os instrumentos com maior evidência desta classe como: o picador de gelo, amolador de facas, vergalhão, espeto de churrasco e projéteis de arma de fogo, entre outros. Contudo, na maioria das vezes estas lesões serão geradas por projéteis de arma de fogo. Lesões Pérfurocontusas Lesões que causam, ao mesmo tempo, perfuração e ruptura dos tecidos, com ou sem laceração e esmagamento dos mesmos. Ao atingir o corpo, o projétil provoca uma elasticidade na pele, formando um orifício em forma tubular no qual se enxuga (orla de enxugo) de seus detritos e provoca o arrancamento da epiderme (orla de contusão). Ao se formar o túnel de entrada, pequenos vasos se rompem, formando equimoses em torno do ferimento e constituindo a orla equimótica. Em síntese, lesões que causam: - perfuração e - ruptura dos tecidos. Características do ferimento: - bordas irregulares - predomínio da profundidade - caráter penetrante ou transfixante Arma de Fogo: São as peças constituídas de um ou dois canos, aberto numa das extremidades e parcialmente fechados na parte de trás, por onde se coloca o projétil. Classificação: - Quanto à dimensão: portáteis, semiportáteis e não portáteis. - Quanto ao modo de carregar: Antecarga e Retrocarga. - Quanto ao modo de percussão: Perdeneira e Espoleta. - Quanto ao cano: Lisas (cartucheira) e Raiadas (revólver) - Quanto ao número de tiros: Tiro único (cartucheira 1 cano) e De repetição (revólver) - Quanto ao automatismo: Automáticas (metralhadoras - sem aliviar o dedo); Semiautomáticas (pistolas - precisam de um movimento completo) e Não automáticas (revólver). - Quanto à mobilidade: Fixas (artilharia montada); Móveis (Longas: fuzil, carabina e espingarda e Curtas: revólveres, pistolas). - Quanto ao calibre: Raiadas (distânciaentre os cheios) e Lisas (número de esferas de chumbo com o mesmo diâmetro da câmara da arma que formam 1 libra). Munição A munição compõe-se de cinco partes: - Estojo ou cápsula: É um receptáculo de latão ou papelão prensado, de forma cilíndrica contendo os outros elementos da munição; - Espoleta: É a parte do cartucho que se destina a inflamar a carga. É constituído de fulminato de mercúrio, de sulfeto de antimônio e de nitrato de bário. - Bucha: É um disco de feltro, cartão, couro, borracha, cortiça ou metal, que se separa a pólvora do projétil. 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce . 25 - Pólvora: É uma substância que explode pela combustão. Há a pólvora negra e a pólvora branca. Esta última não tem fumaça. Ambas produzem de 800 a 900 cm3 de gases por grama de peso. Em geral são compostas de carvão pulverizados enxofre e salitre. - Projétil: É o verdadeiro instrumento perfurocontundente, quase sempre de chumbo nu ou revestido de níquel ou qualquer outra liga metálica. Os mais antigos eram esféricos. Os mais modernos são cilíndricos-ogivais. O projétil desloca-se da arma graças a combustão da pólvora, quando ganha movimento de rotação propulsão, ao atingir o alvo atuam por pressão, havendo afastamento e rompimento das fibras. O alvo é também atingido por compressão de gases que acompanha o projétil. Uma lesão completa por projétil de arma de fogo é constituída de 03 (três) partes: Orifício de entrada, Trajeto e Orifício de saída. Lesões produzidas pelo projetil 1. Orifício de Entrada: (elementos): a) Orlas - Bordas invertidas: - Orla de Contusão (ou escoriação): Deve-se ao arrancamento da epiderme motivado pelo movimento rotatório do projétil antes de penetrar no corpo, pois sua ação é de início contundente. - Orla Equimótica: É representada por uma zona superficial e relativamente difusa da hemorragia oriunda da ruptura de pequenos vasos localizados nas vizinhanças do ferimento. - Orla de Enxugo: É uma zona que se encontra nas proximidades do orifício, de cor quase sempre escura que se adaptou às faces da bala, limpando-as dos resíduos de pólvora. Croce e Croce Jr. Manual de Medicina Legal, Ed.Saraiva, 2012, p.352 b) Zonas - Zona de Tatuagem: É mais ou menos arredondadas, nos tiros perpendiculares, ou de formas crescentes nos oblíquos. É resultante da impregnação de partículas de pólvora incombustas que alcançam o corpo. - Zona de Esfumaçamento: É produzida pelo depósito de fuligem da pólvora ao redor do orifício de entrada. - Zona de Chamuscamento ou Queimadura: Tem como responsável a ação superaquecida dos gases que atingem e queimam o alvo. - Zona de Compressão de Gases: Vista apenas nos primeiros instantes no vivo. É produzida graças à ação mecânica dos gases, que acompanha o projétil quando atingem a pele. 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce . 26 Croce e Croce Jr. Manual de Medicina Legal, Ed.Saraiva, 2012, p.351 Orlas e Zonas de Contorno 1. Orla de enxugo 2. Orla equimótica 3. Zona de esfumaçamento 4. Zona de tatuagem c) Tiro Encostado: É aquele dado com a boca da arma apoiada no alvo. Nesse caso todos os elementos que saem da arma penetra na vítima. A ferida de entrada adquire o aspecto de buraco de mina (Hoffman), acompanhado de deslocamento trajeto. Câmara de mina de Hoffmann: tiros encostados sobre superfície óssea. Produzida pelos gases expelidos pelo cano da arma Câmara de mina de Hoffmann 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce . 27 Sinal de Werkgaertner: desenho da boca do cano sobre a pele em tiros encostados Croce e Croce Jr. Manual de Medicina Legal, Ed.Saraiva, 2012, p.351 2. Trajeto: É o caminho que o projétil descreve dentro do organismo. Pode ser: - transfixante: quando tem orifício de saída; - não transfixante: quando termina em cavidade fechada (projétil retido). Trajetória: é o caminho percorrido pelo projétil fora do corpo (da arma até a superfície atingida), por ser: - trajeto simples: resultante de projétil único; - trajeto múltiplo: resultante de projéteis múltiplos. Pode ser retilínea ou sofrer desvios. 3. Orifício de Saída: É o orifício produzido pelo projétil isoladamente ou aderido por corpos ou autor que a ele se juntam no decorrer do trajeto. - Bordas evertidas e irregulares - Geralmente maior e mais sangrante que a de entrada - Sem os elementos de vizinhança - Sinal de Bonnet na superfície óssea do crânio Lesões Pérfurocontusas Orifício de Entrada x Orifício de Saída Entrada Saída Regular Dilacerado Invertido Evertido Normalmente proporcional ao diâmetro do projétil (exceção aos projéteis de ponta oca, principalmente os expansivos) Desproporcional ao diâmetro do projétil Com orlas e zonas Sem orlas e zonas Exceções podem ocorrer: - tiro encostado - ricochete, o projétil perde sua propulsão (“bala perdida”) - dois ou mais projéteis sucessivos atingem o mesmo ponto na pele. Distância do tiro Consoante a distância com que são disparados, classificam-se em tiros com arma apoiada ou encostados; tiros a curta distância ou à queima-roupa; tiros de longe ou de longa distância: 1375656 E-book gerado especialmente para SANDRA ANDREIA DUARTE DE QUEIROZ Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce Sandra Duarte Realce . 28 Modalidade do disparo Distância (cm) Característica Longa Distância > 60/70 Projétil Zona de escoriação, Enxugo, Equimótica/ contusão Média Distância 50 a 60/70 Projétil + partículas Zona de escoriação, Enxugo e Tatuagem Curta Distancia 10 a 50 Projétil + partícula + fuligem Zona de escoriação, Enxugo, Tatuagem e esfumaçamento Queima Roupa Até 10 Projétil + partículas + fuligem + chama Zona de escoriação, Enxugo, Tatuagem, esfumaçamento e Queimadura Contato Zero Arma apoiada na vítima e gases + projétil + partículas + fuligem + chama Zona de escoriação, Enxugo, Tatuagem, esfumaçamento, Queimadura e Desenho da Boca da arma e sinal de Benassi e Câmara de Mina de Hoffman Perfil dos Resíduos Efeitos dos tiros Efeitos primários: Resultam da ação dos projéteis e são características dos pontos de impacto. Os efeitos primários resultam da ação do projétil contra um alvo animado ou não animado. No alvo animado o projétil atinge a pessoa produzindo orlas de impacto ou embate, formando zonas de contorno seguintes: - Orla de enxugo: O projétil deixa resíduos ao friccionar-se contra a pele, limpando-se. A orla de enxugo sendo circular indica tiro perpendicular à superfície da pele e, quando ovalada, denuncia tiro inclinado, cujo eixo maior revela a direção do tiro; - Orla de contusão: O projétil ao romper a epiderme produz escoriações em torno do orifício de entrada, formando a orla de contusão. A orla de contusão coincide com a orla de enxugo, constituindo-se, assim, a chamada orla de contusão e enxugo; - Orla equimótica: Os vasos sanguíneos da derme se rompem, ocasionado infiltração de sangue nos tecidos circundante, constituindo a orla equimótica, indicativa de ferimento produzido em vida. Efeitos secundários: Os efeitos secundários resultam da ação explosiva contra um alvo animado ou não animado. Os efeitos secundários são os que resultam nos tiros à curta distância, assim como, da ação dos gases e resíduos da combustão da pólvora. A região atingida pelos efeitos explosivos compreende as zonas seguintes: - Zona de chamuscamento:
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