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Eutrofização dos açudes do semi-árido brasileiro José Luiz Attayde UFRN, Natal, RN Armando Ribeiro Gonçalves - RN Nível do açude e o índice do MODIS (Verde –Vermelho) Quais as fontes de nutrientes? ● Fontes pontuais: efluentes domésticos e industriais ● Fontes não pontuais ou difusas: efluentes agropastoris, drenagem urbana, deposição atmosférica de N e erosão do solo na bacia ● Fontes não pontuais são mais importantes nos açudes do semi-árido e são mais difíceis de controlar e regular do que as fontes pontuais ● Desertificação e eutrofização no semi-árido: duas faces da mesma moeda? Fontes de N e P para 7 açudes do Seridó, RN Dissertação de Vitor Hugo Vasconcelos 2011 Fatores de emissão ● Fontes Naturais (ton/ano): – Atmosfera: área da bacia x deposição de N e P por área x retenção de N e P no solo – Solos: área do solo x concentração de N e P no solo x perda de solo ● Fontes Antrópicas (ton/ano): – Efluentes: pop humana x consumo de água per capita x concentração de N e P nas águas servidas – Pecuária: pop animal x dejetos por cabeça x concentração de N e P nos dejetos x retenção de N e P no solo – Agricultura: área do cultivo x quantidade de fertilizante por área do cultivo x percentagem de fertilizante perdido na aplicação Emissões antrópicas 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Passagem das Traíras Marechal Dutra Boqueirão de Parelhas Itans Cruzeta Sabugi Carnaúba Passagem das Traíras Marechal Dutra Boqueirão de Parelhas Itans Cruzeta Sabugi Carnaúba Efluentes (t.ano-1) 134,8 54,5 17,8 17,8 19,7 11,0 2,0 Pecuária (t.ano-1) 826,1 260,5 112,7 160,0 161,9 100,1 46,3 Agricultura (t.ano-1) 205,0 75,1 59,3 24,5 33,9 13,4 6,3 Fósforo Emissões antrópicas 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Passagem das Traíras Marechal Dutra Boqueirão de Parelhas Itans Cruzeta Sabugi Carnaúba Passagem das Traíras Marechal Dutra Boqueirão de Parelhas Itans Cruzeta Sabugi Carnaúba Efluentes (t.ano-1) 481,4 194,5 63,4 63,7 70,5 39,4 7,2 Pecuária (t.ano-1) 757,1 231,1 103,5 149,4 151,2 93,6 43,8 Agricultura (t.ano-1) 345,4 123,8 103,0 43,5 52,6 23,8 11,0 Nitrogênio Modelo conceitual das relações de causalidade da eutrofização de lagos Geologia Uso do solo Precipitação Densidade Populacional Balanço Hídrico Carga de P difusa Carga de P pontual Morfometria do lago [P] na água [clorofila a] na água Transparência da água Atividades Econômicas “filtros” A ação dos “filtros” levam a profundas diferenças nas respostas dos ecossistemas ao enriquecimento por nutrientes: amplificando ou atenuando seus efeitos [P] no sedimento sedimentação Carga de P interna Quais as consequências ? ● Aumento da produção primária de algas e plantas ● Acúmulo de matéria orgânica morta no sedimento ● Depleção de oxigênio e liberação de gases tóxicos ● Florações de cianobactérias tóxicas ● Mortalidade de diversos organismos aquáticos ● Perda da biodiversidade aquática ● Diminuição da transparência da água ● Perda do seu valor estético para fins de recreação ● Perda da qualidade da água para consumo humano ● Prejuízos econômicos para a sociedade Evidência de Bioensaios 0 50 100 150 200 250 300 350 C P N NP c h lo ro p h y ll a ( µ g /L ) Treatments Itans Lake Total < 20 µm 0 50 100 150 200 250 300 350 C P N NP C h lo ro p h y ll a ( µ g /L ) Treatments Armando Ribeiro Lake Total < 20 µm Obs: Resultados de incubações no primeiro metro de profundidade. A partir do segundo metro já não há resposta à adição de nutrientes sugerindo limitação por luz . Teoria de lagos rasos Scheffer 2009 Critical Transitions in Nature and Society. Princeton University Press Como os ecossistemas mudam com o enriquecimento por nutrientes ? Scheffer 2009 Critical Transitions in Nature and Society. Princeton University Press Depende da morfometria e profundidade do lago ... Scheffer 2009 Critical Transitions in Nature and Society. Princeton University Press Implicações para o manejo de lagos Scheffer 2009 Critical Transitions in Nature and Society. Princeton University Press Efeitos sobre a posição trófica de peixes * * * * * * * * Mesotrófico (branco) Eutrófico (cinza) TP = 2 + (δ15NCons − δ 15NBase)/3.4 TP = Trophic Position 2 = TP of herbivores δ15NCons = δ 15Nfish δ15NBase = δ 15NMolusc 3.4 = average fractionation factor for non-herbivore consumers (Post 2002) Eutrofização reduz a posição trófica de peixes onívoros e consequentemente de piscívoros Açude Santa Cruz Açude Pau dos Ferros Rocha et al. 2016 (in prep.) Como prevenir a eutrofização? ● Controlando as cargas externas pontuais de nutrientes (e.g. tratamento terciário de efluentes) ● Controlando as cargas externas difusas de nutrientes (e.g. conservação de matas ciliares) ● Controlando e gerenciando a pesca e a estocagem de peixes nos reservatórios: mecanismos de controle descendente do crescimento fitoplanctônico Como prevenir a eutrofização? ● Controle das cargas externas pontuais de nutrientes – tratamento terciário de efluentes – Denitrificação em Wetlands ● Controle das cargas externas difusas de nutrientes – boas práticas agropecuárias – proteção da cobertura vegetal da bacia – conservação de matas ciliares ● Cobrança pelo uso e poluição da água – Instrumentos de comando e controle (e.g. padrões de emissão) – Instrumentos econômicos (e.g. sistemas de preços ou prêmios ) Capacidade de carga de P Dillon & Rigler 1974 Capacidade de Carga (Kg P/ano) [P] = 30 µg P l -1 [P] = 50 µg P l -1 Reservatório 0% 5% 10% 0% 5% 10% Boqueirão de Parelhas 108 180 216 180 300 330 Cruzeta 72 108 108 120 150 180 Itans 108 180 216 180 330 360 Gargalheiras 144 180 216 240 330 360 Passagem das traíras 144 180 216 210 330 360 Sabugi 36 72 72 60 90 120 Classe II Classe III Como restaurar lagos eutrofizados? Métodos mais baratos ● Adição de Alumínio (PAC) – Efeitos fortes de curto prazo, efeitos de longo prazo mais incertos – Ausência de toxicidade se o pH do ambiente for próximo do neutro (6-8) – Muitas experiências acumuladas em todo o mundo ● Biomanipulação (Pesca) – Remoção de peixes planctívoros – Remoção de peixes bentívoros Biomanipulação clássica Funciona em lagos tropicais? Açudes do RN Onívoros (tilápias) Herbívoros (zooplâncton) Autotrófos (fitoplâncton) Interações complexas (indiretas): •Competição aparente (AH,--) •Mutualismo indireto (AH,++) •Cascata trófica (OA,++) •Competição por exploração (OH,--) + + + - - - Efeitos diretos e indiretos da onívoria por peixes planctívoros E os peixes bentívoros? Espécies alvo para a biomanipulação Tilápia (Oreochromis niloticus) Curimatã (Prochilodus brevis) Experimentos em mesocosmos Experimentos em mesocosmos ● Hipótese: Ambas as espécies de peixe aumentam o aporte interno de fósforo e a biomassa fitoplanctônica, além de reduzirem a transparência da água, através de sua interação com o sedimento. ● Desenho Experimental: fatorial 2 x 2, com dois níveis do fator peixe (presença/ausência) combinados com dois níveis de acesso ao sedimento (presença/ausência) aleatoriamente alocados em 20 mesocosmos de 8m3. Resultados - nutrientes Resultados – clorofila e secchi Experimentos em mesocosmos ● Hipótese: O efeito da adição de Al é mais forte se peixes bentivoros (curimatã) forem removidos. ● Desenho Experimental: fatorial 2x2 com dois níveis do fator peixe combinados com dois níveis do fator alumínio e aleatoriamente alocados em 20 mesocosmos de 8m3. Experimentos na escala de lagos inteiros Remoção de peixes Adição de PAC Conclusões ● A eutrofização e a consequente perda da qualidade da água dos açudes restringe as opções atuais e futuras de gestão dos recursos hídricos do semi-árido brasileiro ● As cargas externas de nutrientes não devem ultrapassar a capacidade de carga dos açudes,que precisa ser estimada por nós limnólogos para cada açude em particular e usada pelos gestores como critério no licenciamento ambiental e outorga de uso de água. ● A adição de alumínio (PAC) combinada com a remoção de peixes bentívoros (curimatã) é uma técnica promissora para a restauração de açudes eutrofizados, mas que ainda precisa ser testada na escala real de manejo desses ecossistemas
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