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Capítulo 61: O Sistema Nervoso Autônomo e a Medula Adrenal ORGANIZAÇÃO GERAL DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO → É ativado, principalmente, por centros da medula espinal, do tronco encefálico e pelo hipotálamo, além de porções do córtex cerebral (como o límbico) → Também opera por reflexos viscerais: respostas reflexas subconscientes A) Anatomia fisiológica do sistema nervoso simpático (no Guyton, gânglios pré-vertebrais = gânglio simpático periférico) I. Fibras nervosas simpáticas ● diferentemente do que ocorre no sistema nervoso somático, aqui as fibras não se dirigem necessariamente à área do seu segmento de origem, a saber: ○ fibras de T1 → cabeça ○ fibras de T2 → pescoço ○ fibras de T3-T6 → tórax ○ fibras de T7-T11 → abdome ○ fibras de T12-L2 → pernas obs1. pode haver superposição obs2. essa distribuição é determinada pela localização do órgão no embrião. Por exemplo, coração tem origem cervical e órgãos abdominais, segmentos torácicos inferiores. obs3. algumas fibras simpáticas terminam diretamente nas medulas adrenais, mais especificamente em células neuronais modificadas secretórias que agem como neurônios pós-ganglionares e secretam, por meio de suas fibras rudimentares, norepinefrina e epinefrina na corrente sanguínea B) Anatomia fisiológica do sistema nervoso parassimpático I. Fibras nervosas parassimpáticas ● fibras do X par (n. vago, 75%) → todas as regiões torácicas e abdominais (coração, os pulmões, o esôfago, o estômago, todo o intestino delgado, a metade proximal do cólon, o fígado, a vesícula biliar, o pâncreas, os rins e as porções superiores dos ureteres. ) ● III par → esfíncter pupilar e músculo ciliar do olho ● VII par → glândulas lacrimais, nasais e submandibulares ● IX par → glândula parótida ● sacrais → cólon descendente, reto, bexiga, porções inferiores dos ureteres e genitália externa CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DA FUNÇÃO SIMPÁTICA E PARASSIMPÁTICA A) Fibras colinérgicas e adrenérgicas → todas as fibras pré-ganglionares são colinérgicas (secretam acetilcolina) → as fibras pós-ganglionares parassimpáticas também são colinérgicas → já as fibras pós-ganglionares simpáticas são, em sua maioria, adrenérgicas (secretam noradrenalina/norepinefrina). Exceto as que inervam alguns vasos sanguíneos e glândulas sudoríparas → logo, acetilcolina é transmissor parassimpático e norepinefrina, simpático B) Secreção de acetilcolina e norepinefrina pelas terminações nervosas pós-ganglionares → as fibras podem tocar as células efetoras dos tecidos que inervam ou terminar no tecido conjuntivo adjacente às células que serão estimuladas → esses filamentos possuem varicosidades, dilatações bulbosas que contêm vesículas nas quais a acetilcolina ou a norepinefrina são sintetizadas e armazenadas. Estas também contêm muitas mitocôndrias para o fornecimento do ATP necessário à síntese dos neurotransmissores potencial de ação na fibra → despolarização → aumento da permeabilidade da membrana da fibra aos íons cálcio → difusão de cálcio para as varicosidades → liberação dos neurotransmissores das varicosidades para o exterior C) Síntese de acetilcolina, destruição e duração de ação ● síntese: Acetil-Coa + Colina → Acetilcolina (enzima colina acetiltransferase) ● destruição: Acetilcolina → íon acetato + colina (enzima acetilcolinesterase ligada ao colágeno e aos glicosaminoglicanos do tecido conjuntivo local) ● duração de ação: poucos segundos enquanto transmite os sinais (obs. a colina formada é transportada de volta às varicosidades para a formação de nova acetilcolina) D) Síntese de norepinefrina, remoção e duração de ação ● síntese: ○ começa no axoplasma da terminação, onde: ■ Tirosina → Dopa (por hidroxilação) ■ Dopa → Dopamina (por descarboxilação) ○ é finalizada nas vesículas/varicosidades, nas quais: ■ Dopamina → Norepinefrina (por hidroxilação) ○ obs. na medula adrenal, há uma etapa adicional (80% da norepinefrina) ■ Norepinefrina → Epinefrina (por metilação) ● remoção do local secretório ○ recaptação por transporte ativo pela terminação nervosa (50-80%) ○ difusão das terminação para os fluidos adjacentes e depois para o sangue ○ destruição por enzimas teciduais, como a monoamina oxidase e a catecol-O-metil-transferase ● duração de ação ○ alguns segundos quando secretada diretamente no tecido ○ quando secretada no sangue pela medula adrenal: ativa durante 10 a 30 segundos até se difundirem para algum tecido no qual poderá ser destruída por enzimas (por exemplo, catecol-O-metiltransferase no fígado). Nesse caso, sua atividade declina até se extinguir por 1min ou mais E) Receptores nos órgãos efetores neurotransmissor → se liga ao receptor → ligação causa mudança conformacional na molécula proteica que atravessa a membrana e na qual se encontra o receptor → molécula proteica alterada excita ou inibe a célula por 2 mecanismos, a saber 1. Pela mudança na permeabilidade da membrana ● abertura de canais de sódio ou cálcio (influxo) → despolarizam / excitam a célula ● abertura de canais de potássio (saem) → inibição 2. Pela alteração de enzimas/moléculas intracelulares ● por exemplo, ligação da norepinefrina com seu receptor aumenta a formação de AMPc ● a ativação ou inativação varia de célula a célula, ligação a ligação A. Receptores de acetilcolina (colinérgicos) A acetilcolina ativa dois receptores: ● muscarínicos ○ nome vem de “muscarina”, veneno de cogumelo que só ativa os muscarínicos ○ encontrados em todas células efetoras estimuladas pelos neurônios colinérgicos pós-ganglionares ● nicotínicos ○ nome vem de nicotina, pois ela só ativa os nicotínicos ○ são canais iônicos encontrados nos gânglios que constituem locais de sinapse entre os neurônios pré e pós-ganglionares, além de estarem presentes em muitas terminações nervosas não autônomas (por exemplo, junções neuro musculares) B. Receptores de norepinefrina e epinefrina (adrenérgicos) ● alfa (alfa 1 e alfa 2) ou beta (beta 1, beta 2 ou beta 3) ● norepinefrina → excita principalmente os alfa, mas os beta em menor grau ● epinefrina → excita ambos de forma aproximadamente igual (portanto, se todos os receptores do órgão forem beta, epinefrina é mais eficaz) obs1. os receptores alfa ou beta não são necessariamente associados à excitação ou inibição, mas à afinidade do neurotransmissor obs2. a isopropil norepinefrina é uma substância sintética quimicamente semelhante aos neurotransmissores, porém tem ação extremamente forte nos receptores beta e nenhuma nos alfa AÇÕES EXCITATÓRIAS E INIBITÓRIAS DA ESTIMULAÇÃO SIMPÁTICA E PARASSIMPÁTICA (2276) FUNÇÃO DAS MEDULAS ADRENAIS As medulas adrenais constituem uma via indireta do funcionamento do sistema nervoso simpático, uma vez que, ao invés de liberarem norepinefrina e epinefrina diretamente sobre o órgãos, elas liberam-nas na corrente sanguínea. E é esse mecanismo que torna seu efeito mais duradouro (5 a 10x mais), já que a remoção do sangue demora de 2 a 4 minutos. NOREPINEFRINA (20%) EPINEFRINA (80%) → aumenta a resistência periférica total e eleva a pressão arterial → maior estimulação nos receptores beta = maior efeito na estimulação cardíaca (aumenta mais o débito cardíaco) → fraca constrição dos vasos sanguíneos dos músculos → efeito metabólico 5 a 10x mais forte (incluindo, aumento mais intenso de liberação de glicose para o sangue) OBS1. A norepinefrina e a epinefrina como hormônios da adrenal estimulam estruturas do corpo que não recebem inervação de fibras simpáticas diretas OBS2. Com isso, os órgãos são estimulados duas vezes (direta e indiretamente), o que constitui um mecanismo de segurança, já que uma via pode substituir a outra MAIS SOBRE O SISTEMA NERVOSO VISCERAL EFERENTE → baixa frequência de estimulação já é suficiente para a ativação completa dos efetores autônomos. Por exemplo, bastam 10 a 20 impulsos por segundo, ao passo que o esquelético demanda 50 a 500 → os sistemas simpático e parassimpático mantêm um tônus contínuo, isto é, uma intensidade de atividade basal que confere a eles um melhor controle sobre certas ações, seja pela reduçãoou pelo aumento desse tônus → secção do nervo simpático ou parassimpático causa a perda desse tônus, porém estimula aumento do tônus intrínseco da musculatura lisa para a recuperação da normalidade. Isso ocorre mais rapidamente no simpático REFLEXOS AUTÔNOMOS a) Cardiovasculares: auxiliam no controle da pressão arterial e frequência cardíaca ● Reflexo barorreceptor: barorreceptores estirados pela alta da pressão emitem sinais ao tronco encefálico e inibem impulsos simpáticos para o coração e para os vasos sanguíneos, além de excitarem os parassimpáticos, resultando na queda da pressão arterial. Tais receptores se localizam nas paredes de várias artérias principais, como a carótida interna e o arco da aorta b) Gastrointestinais: parte superior do trato gastrointestinal e reto ● Ex: preenchimento do reto com material fecal → estiramento → impulsos para a medula sacral → transmissão de impulsos parassimpáticos sacrais até a parte distal do cólon → contrações peristálticas → defecação ● Ex2: cheiro de comida ou comida na boca → sinais para os núcleos vagais, glossofaríngeos e salivatórios do tronco encefálico → sinais pelos nervos parassimpáticos para glândulas secretoras da boca e do estômago c) Outros: ● esvaziamento da bexiga ● reflexos sexuais: estímulos psíquicos do encéfalo ou dos órgãos sexuais → medula sacral → ereção (parassimpático) e ejaculação (simpático)
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