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Impresso por Joao adeamor, CPF 987.592.370-23 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 25/06/2021 09:11:16 Como fazer 1. Lave muito bem as mãos. 2. Identifique cada plástico escrevendo: controle; água; água com açúcar; suco de limão. 3. Coloque uma fatia de pão no plástico escrito “controle” e feche-o bem. 4. Na segunda fatia, pingue 20 gotas de água. Coloque-a no plástico escrito “água” e feche-o bem. 5. Na terceira fatia, pingue 20 gotas de água com açúcar. Coloque-a no plástico identificado e feche-o bem. 6. Na última fatia, pingue 20 gotas de suco de limão. Coloque-a no seu respectivo plástico e feche-o bem. 7. Certifique-se de que os plásticos com os pães estejam bem fechados, sem contato com o ambiente. Deixe-os à temperatura ambiente, um ao lado do outro, protegidos do frio e da luz direta, por cerca de duas semanas. 8. Após esse período, observe, sem abrir os plásticos, o que ocorreu com cada pão. Certifique-se de que os plásticos estejam íntegros e bem vedados e não os abra em nenhum momento. 9. Por cima do plástico, conte o número de colônias de fungos ou bactérias que se desenvolveram em cada pão. Considere que cada círculo seja uma colônia. Anote os resultados na tabela abaixo e pesquise o que cada substância adicionada (tratamento) representa. Realizando o experimento a seguir, você poderá avaliar uma das aplicações dos processos biotecnoló- gicos na conservação de alimentos. Materiais • 4 fatias de pão caseiro • 4 plásticos transparentes com fecho hermético • caneta para retroprojetor • açúcar • 4 béqueres ou copos de vidro • água • suco de limão (peneirado) • 4 conta-gotas Fazendo Ciência Orientações sobre o experimento.10 Tratamento Nada Água Água com açúcar Suco de limão O que o tratamento representa? Controle Hidratação Fonte extra de energia Conservante Número aproximado de colônias 10. Após as observações, descarte os pães dentro de seus plásticos fechados, para evitar possíveis conta- minações, e lave bem as mãos. • Com a ajuda de seu professor, discuta com os colegas os resultados e a maneira como eles influen- ciam o nosso dia a dia. Pesquise, em sua casa, alimentos industrializados que contenham a mesma base de conservação utilizada no experimento. ÁguaControle Água com açúcar Suco de limão Im ag en s: © Sh ut te rs to ck /C op rid /C an ad ap an da / D en is N at a/ G rig or yL / Ro n D al e /S ta ni sl av A ki m ki n Im ag en s: © Sh ut te rs to ck / Co pr id /C an ad ap an da 9 o . ano – Volume 358 Impresso por Joao adeamor, CPF 987.592.370-23 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 25/06/2021 09:11:16 A manipulação gênica consiste na alteração artificial do genoma de um organismo por meio de técnicas de Engenharia Genética. Muitas vezes, a al- teração envolve a inserção de um gene, por exemplo, com a intenção de que o organismo passe a apre- sentar uma determinada característica. Os organismos que passam pelo processo de manipulação gênica para modificação de seu geno- ma são denominados organismos geneticamente modificados (OGM). A maioria deles corresponde a plantas modificadas geneticamente para produzir ali- mentos com maior quantidade de nutrientes ou para ser mais produtivas ou mais resistentes a pragas. Por exemplo, há variedades de milho e soja geneticamen- te modificados nas quais foram inseridos genes para resistência a insetos, fungos ou agrotóxicos. Entre os OGM, estão os organismos transgêni- cos, expressão usada para designar organismos que receberam um gene de uma espécie diferente da sua. Os genes transferidos entre diferentes espécies são denominados de . transgenes Um exemplo de organismo transgênico é o arroz dourado. Ele foi manipulado para conter uma gran- de quantidade de betacaroteno nos seus grãos, uma substância que é convertida em vitamina A no corpo humano, sendo importante para a manutenção da saúde da pele e dos cabelos e para o funcionamen- to adequado da visão. Para que as sementes de arroz produzam essa substância, foram implantados três genes diferentes no genoma da planta: dois prove- nientes de outra planta, chamada narciso, e o terceiro de uma bactéria (Erwinia uredovora ). No Brasil, para que os alimentos transgênicos se- jam cultivados e comercializados, é preciso de uma aprovação da Comissão Técnica Nacional de Bios- segurança (CTNBio), que avalia os riscos e benefícios de seu uso, além de possíveis impactos para as pes- soas e para o ambiente. Atualmente, as principais culturas de plantas gene- ticamente modificadas são de soja, milho e algodão. O Brasil é o segundo maior produtor do mundo desses cultivares transgênicos, ficando atrás apenas dos EUA. Animais transgênicos são desenvolvidos em menor frequência do que as plantas. Existem estudos para o desenvolvimento de vacas que produzam maior quan- tidade de leite ou que produzam leite com menos lactose ou colesterol, de porcos e gado com mais carne e de ovelhas transgênicas que produzam mais lã. Engenharia Genética Após a descrição da estrutura do DNA, na década de 1950, pelos cientistas James Watson e Francis Crick, a Biotecnolo- gia avançou, incorporando técnicas de manipulação do DNA para produzir mudanças nos sistemas vivos e auxiliar no me- lhoramento genético. Surgiu a Engenharia Genética, que pode ser definida como um conjunto de técnicas capazes de permitir a identificação, a manipulação e a multiplicação dos genes. Ela oferece meios para manipular o DNA e, assim, re- combinar genes, alterando-os, trocando-os ou adicionando genes de diferentes origens, criando novas formas de vida, possibilitando mapear o sequenciamento do genoma das es- pécies, criar seres clonados, desenvolver a terapia gênica ou produzir transgênicos. A manipulação de genes pode gerar vários benefícios para a humanidade, mas não está isenta de inúmeros dilemas e conflitos éticos. Isso porque a manipulação genética de seres vivos pode levar a impactos desconhe- cidos no ambiente. Por isso, esses estudos precisam ser amplamente discutidos e compreendidos. Manipulações gênicas © La tin st oc k/ SP L/ A . B ar rin gt on B ro w n • Modelo tridimensional do DNA, elucida- do pelos cientistas Watson e Crick CTNBio.11 Comparação entre o arroz dourado e o arroz branco. O arroz dourado é produzido por uma planta transgênica que produz betacaroteno, cuja ingestão aumenta a produção de vitamina A. © W ik im ed ia C om m on s/ In te rn at io na l R ic e Re se ar ch In st itu te (I RR I) Ciências 59 Impresso por Joao adeamor, CPF 987.592.370-23 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 25/06/2021 09:11:16 Há também pesquisas para a utilização de animais transgênicos para o controle de vetores de doenças, como no caso do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti. No Brasil, já foram soltos na natureza ma- chos desses mosquitos modificados geneticamente. Eles cruzam com as fêmeas da natureza e os filhotes desse cruzamento herdam um gene que faz com que eles morram antes de se tornarem adultos e se reproduzirem. No Canadá, já é comercializado o salmão transgênico. Uma variedade do peixe sofreu alterações no seu genoma, fazendo-o crescer mais rápido. Em vez de três anos, o peixe chega ao tamanho para a comercialização em até 18 meses e consome menos ração. Lobo na pele de cordeiro? Atualmente produzimos mais comida do que em qualquer outro período de nossa história. O desenvolvimento de técnicas agrícolas apoiado em ferramentas biotecnológicas é um dos grandes responsáveis por essa elevada produtividade. Contudo, esse sucesso trouxe em contrapartida vários problemas, como o desmatamento destinado a alargaros limites da fronteira agrícola, o uso desmedido de inseticidas e herbicidas e, mais recentemente, o emprego de alimentos modificados geneticamente ou transgênicos. [...] Somos constantemente bombardeados por notícias de que os transgênicos poderiam também ser fonte de desequilíbrios ecológicos de consequências difíceis de prever e que podem levar a danos ambientais, à extinção de espécies ou mesmo ao surgimento de no- vos parasitas e patógenos. Até que ponto essas informações são procedentes? Diversos cientistas argumentam que o uso de transgênicos representa um enorme passo em nossa compreensão a respeito dos mecanismos de herança genética e da biologia celular vegetal. Para eles, o uso criterioso de transgêni- cos representará uma revolução sem precedentes para a agricultura [...]. Sem dúvidas, os estudos sobre os possíveis impactos do uso de alimentos transgênicos sobre o ambiente e nossa saúde são algo necessário e urgente. Qualquer possibilidade de que esses produtos venham a causar problemas deve de ser investigada a fundo antes que eles sejam liberados para o consumo hu- mano. Além disso, deve ser criada uma legislação criteriosa e rígida que defina os limites éticos de pesquisas na área [...]. Isso, porém, não diminui os enormes benefícios reais e atuais que o uso dessa tecnologia repre- senta para a humanidade. Essa técnica permite a criação de cultivos mais resistentes contra pragas e a conservação das propriedades nutricionais dos alimentos por mais tempo. Além disso, ela abriu a possibilidade de se produzirem alimentos que carreguem dentro de si nutrientes, hormônios e ou- tros elementos essenciais para a nossa saúde e de se cultivarem plantas capazes de captar com mais eficiência os nutrientes do solo, diminuindo o impacto ambiental causado por fertilizantes agrícolas. Todas essas inovações obtidas pelo cultivo de transgênicos – desde que utilizadas de forma ética e responsável – podem representar um passo enorme para uma melhor qualidade de vida para toda a humanidade e riscos menores para a natureza de nosso planeta. + Zoom Símbolo utilizado para identificar a presença de produtos derivados de organismos transgênicos em um alimento industrializado. Encaminhamento da seção.12 O cultivo dos transgênicos e seu consumo pelos seres humanos ainda é muito controverso. Com base na lei- tura do texto, converse com seus colegas e o professor sobre o melhoramento genético, indicando argumentos relacionados à defesa do uso dos transgênicos e argumentos que questionem o seu uso. BORGES, Jerry C. Lobo na pele de cordeiro? Disponível em: <http://cienciahoje.org.br/co o/>. Acesso em: 8 out. 2018.luna/lobo-na-pele-de-cordeir 9 o . ano – Volume 360 Impresso por Joao adeamor, CPF 987.592.370-23 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 25/06/2021 09:11:16 Clonagem Clones são organismos geneticamente idênticos entre si, ou seja, que têm DNA idêntico. Eventualmente, o termo também pode ser utilizado para células com o mesmo DNA. Existem clones naturais, ou seja, organismos que apresentam natu- ralmente o material genético idêntico ao de outro indivíduo, o que pode ser observado em micro-organismos, plantas e também em animais, principalmente naqueles que se reproduzem assexuadamente. Na espécie humana, também existem clones naturais – os gêmeos monozigóticos ou idênticos, originados de um único embrião, apresen- tando o mesmo patrimônio genético. Os seres humanos também desenvolveram métodos de realizar a clonagem reprodutiva, principalmente em plantas, para preservar determinadas características da planta de origem. Um exemplo é a estaquia, um método de clonagem de plantas utilizado desde a Antiguidade. Nesse caso, estimula-se a produção de raízes e brotos em partes vegetais como folhas e caules, que são transplantados e formam novas plantas geneticamen- te idênticas. Atualmente, com o desenvolvimento da Engenharia Genética, já foram produzidos clones de vários animais em laboratório. O processo de clonagem, nesses casos, é mais complexo e envolve técnicas em que o núcleo de uma célula adulta de um animal que se queira clonar é transferido para um óvulo que teve seu núcleo previa- mente retirado, processo chamado de transplante nuclear. Essa técnica foi utilizada pela primeira vez em sapos, na década de 1970. Em 1996, nasceu o primeiro mamí- fero clonado por transplante nuclear: a ovelha Dolly. Apesar do sucesso da técnica, Dolly nasceu com alterações cromossômicas, sofreu envelhecimento prematuro e morreu precocemente em 2002, devido a uma infecção pulmonar, comum em ovinos mais velhos. © Sh ut te rs to ck /E _r ik Propagação vegetativa em estacas de amoreira. As novas plantas serão clones da planta da qual foram retiradas as estacas. Sugestão de atividade sobre clonagem vegetal.13 Sucção do núcleo Óvulo sem núcleo 1. Células adultas de uma ovelha são estimuladas a parar de se dividir e de ativar todos os seus genes. 2. De um óvulo de outra ovelha, retira-se o núcleo. 3. Por meio de pulsos elétricos, provoca-se a fusão das duas células e posteriormente ocorre a divisão celular. 4. Após alguns dias, o embrião resultante é implantado no útero de outra ovelha, que funciona como “mãe de aluguel”. 5. Depois do período de gestação, nasce uma ovelha que é geneticamente idêntica à ovelha doadora do item 1. Ra qs on u. 2 01 3. D ig ita l. • Representação esquemática da técnica de transplante nuclear utilizada na clonagem da ovelha Dolly Ciências 61 Impresso por Joao adeamor, CPF 987.592.370-23 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 25/06/2021 09:11:16 Desde a clonagem da ovelha Dolly, vários mamíferos já foram clonados, como gatos, cachorros, vacas e porcos, permitindo que várias dúvidas sobre o transplante nuclear fossem discutidas. E o que se percebe é que animais clonados não têm o mesmo comportamento do animal que lhe deu origem e também que sua apa- rência não é exatamente igual. Além disso, eles desenvolvem problemas de saúde diferentes. Essas informações sugerem uma influência ainda maior do ambiente nas nossas características genéticas. As pesquisas com clonagem de animais trazem grandes avanços na compreensão dos processos celulares e histológicos que auxiliam no tratamento de doenças graves. Uma das aplicações desses estudos é a clonagem terapêutica, na qual órgãos e tecidos seriam produzidos em laboratório e utilizados em transplantes. Isso está relacionado aos estudos realizados com , células indiferenciadas, ou seja, que po-células-tronco dem se transformar em qualquer tipo celular do organismo. Elas podem ser extraídas de células adultas ou embrionárias e sua utilização para fins terapêuticos tem se tornado muito promissora, principalmente em casos de doenças degenerativas ou de danos ao sistema nervoso. As células-tronco embrionárias são derivadas dos estágios iniciais de um embrião, apresentando alta capacidade de diferenciação para originar outros tecidos. As células-tronco de tecidos adultos podem ser retiradas da medula óssea e de outros tecidos. Terapia gênica A terapia gênica é considerada um avanço para uma possível cura de doenças genéticas. Essa técnica con- siste na identificação dos genes responsáveis por determinada doença e na manipulação de tais genes, com o objetivo de substituí-los ou inativá-los. Além da cura de doenças genéticas, essa técnica também está sendo pesquisada para tratar de vários tipos de distúrbios, como doenças do sistema imunitário, câncer e doenças cardíacas. Eventualmente, o alvo de algumas terapias gênicas nem sempre será o gene causador da doença. Um exemplo seria o caso de algumas doenças cardíacas nas quais o objetivo não visa à substituição ou inativação do gene que causa o problema, mas identificar alterações gênicas para combatero acúmulo de gordura nas artérias ou controlar a pressão arterial ou, ainda, regular um gene que produz substâncias que fortalecem o músculo cardíaco e a parede das artérias coronárias. Com isso, seria possível reduzir a probabilidade de infarto ou de danos severos ao miocárdio. 7. Células alteradas produzem a substância desejada. 6. Células alteradas são introduzidas no paciente. 1. Retiram-se algumas células do paciente. 2. Vírus são preparados para receber o gene de interesse. 3. O gene de interesse é introduzido nos vírus. 4. Os vírus alterados são misturados com as células do paciente. 5. Células tornam-se transgênicas. • Esquema simplificado sobre algumas das principais etapas da terapia gênica D iv o Pa di lh a. 2 01 3. D ig ita l. 9 o . ano – Volume 362 Impresso por Joao adeamor, CPF 987.592.370-23 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 25/06/2021 09:11:16 Genoma humano Para realizar manipulações gênicas em um organismo, é necessário identificar os genes de interesse. Quanto mais informações sobre o seu genoma estiverem disponíveis, mais precisas serão as análises. Camundongo, chimpanzé, gato, cachorro, arroz, trigo, milho e alguns fungos, bactérias e vírus já tiveram o seu genoma mapeado, e os seres humanos não ficaram de fora. Com o objetivo de identificar todos os genes responsáveis pelas nossas características, foi realizado um grande projeto chamado Projeto Genoma Humano (PGH). Ele começou em 1990 e terminou em 2003, contando com a colaboração de cientistas de vários países. Esse projeto mapeou o genoma humano, ou seja, o conjunto completo dos nossos genes. No início do projeto, estimava-se que os seres humanos tinham cerca de 80 mil genes, mas, ao término das análises, foram descritos 25 mil, quase o mesmo número presente na minho- ca e no milho. Entre as justificativas para a realização do PGH, estavam a aplicação de terapias gê- nicas e o desenvolvimento de medicamentos específicos. Também havia a expectativa de que a detecção de doenças genéticas pudesse ser realizada antes da manifestação dos sintomas. Uma aplicação do mapeamento dos genes humanos é a identificação de genes relacionados a determinadas doenças. O rastreamento permite identificar se a pessoa tem genes específicos para determinada doença e determinar quais são as probabili- dades de desenvolvê-la. Um exemplo da aplicação da identificação dos genes está relacionado aos genes BRCA1 e BRCA2. Todos nós temos esses genes e eles atuam reparando o nosso DNA de possíveis alterações (mutações), impedindo principalmente o surgimento de tumores (câncer). Quando um desses genes sofre uma mu- tação, ele perde sua capacidade protetora, o que aumenta a probabilidade de aparecimento de tumores malignos, geralmente câncer de mama, cân- cer de ovário e câncer de próstata. Caso a pessoa apresente um histórico familiar com vários casos da doença, pode mapear o gene, avaliar suas probabilidades de desenvolver a doença e, juntamente com os médicos, determinar o melhor tratamento para evitá-la. Embora o projeto já tenha terminado há vários anos, os benefícios alcançados com o PGH ainda não estão disponíveis para grande parte da população. Técnicas como a terapia gênica e o mapeamento de genes ainda são muito restritas e caras. Além do mais, as relações entre os genes e a sua expressão são complexas e diferentes entre as pessoas. O Projeto Genoma Humano também envolve questões éticas. Principalmente no que se relaciona ao conhecimento prévio de predisposições genéticas para doenças e o que isso poderia gerar. Haveria discriminação entre as pessoas por características que ainda não manifestaram? Os empregadores poderiam selecionar seus funcionários pela análise do seu genoma? Os embriões desenvolvidos nas clínicas de fertilização poderiam ser escolhidos ou in vitro descartados por características como cor dos olhos ou da pele? Isso seria um benefício ou uma ameaça? Epigenética.15 Projeto Genoma Humano.14 ©S hu tte rst oc k/B illio n P ho tos 63 Impresso por Joao adeamor, CPF 987.592.370-23 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 25/06/2021 09:11:16 Conexões De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o câncer de mama ocasionou cerca de 571 mil mortes no ano de 2017. Considerando o assunto do texto, responda às perguntas a seguir. • Qual a importância da detecção precoce dos genes mencionados no texto para a redução do núme- ro de mortes por câncer de mama? • Quais são as restrições aos procedimentos realizados por Angelina Jolie? © Sh ut te rs to ck /M ag ic P ic tu re s “Nem tudo que é cientificamente possível é eticamente aceitável” Van Rensselaer Potter Encaminhamento da seção.16 COM RECEIO de câncer, Angelina Jolie faz cirurgia para retirar os seios. Disponível em: <http://www.hospitaldasclinicas.com.br/com-receio-de- cancer-angelina-jolie-faz-cirurgia-para-retirar-os-seios/>. Acesso em: 8 out. 2018. Com receio de câncer, Angelina Jolie faz cirurgia para retirar os seios A atriz Angelina Jolie declarou que passou por uma dupla mastectomia preventiva, uma cirur- gia para retirada dos seios. [...] “Minha mãe lutou contra o câncer por quase uma década e morreu aos 56Ǝ, diz a atriz [...]. Angelina [...] descobriu ter um “defeito” no gene chamado BRCA1. Os médicos disseram que ela tinha 87% de chances de desenvolver um câncer de mama, e 50% de ter um câncer no ovário. “Quando soube que essa era minha realidade, decidi ser pró-ativa e minimizar o risco o quan- to podia. Tomei a decisão de ter uma dupla mastectomia preventiva”, diz a atriz. “Comecei com os seios, já que meu risco de câncer de mama é mais alto que meu risco de câncer no ovário, e a cirurgia é mais complexa”, afirma. [...] “Minhas chances de desenvolver câncer de mama caíram de 87% para 5%. Posso dizer a meus filhos que eles não precisam ter medo de me perder para o câncer de mama”, afirma. [...] Angelina Jolie, uma das atrizes mais bem pagas do mundo, lamenta que o teste para de- tectar a mutação genética BRCA1, assim como a BRCA2, custe mais de US$ 3 mil dólares nos Estados Unidos, “um obstáculo para muitas mulheres”. Bioética Os estudos iniciais da Bioética surgiram na década de 1970, para ajudar as pessoas a pensar nas possíveis implicações (positivas ou negativas) dos avanços da ciência sobre a vida (de todos os seres vivos). Profissionais de diversas áreas devem participar das discussões sobre os temas que envolvem o impacto da tecnologia sobre a vida. Por isso, a Bioética engloba conhecimentos das Ciências Biológicas, das Ciências da Saú- de, da Filosofia, do Direito, da Economia e da Sociologia (entre outros) e reflete sobre questões éticas e morais da aplicação dos conhecimentos científicos. Como um dos objetivos da Bioética é indicar os limites e as finalidades da intervenção do ser humano sobre a vida, ela deve ser amplamente discutida nas situações que envolvem a manipulação de genes e alterações nos genótipos das espécies. Os processos laboratoriais envolvendo células-tronco, clonagem reprodutiva e organismos transgênicos são temas frequentes nas discussões da Bioética, que tem o compromisso de reconhecer os benefícios da Engenha- ria Genética, além de observar atentamente os possíveis riscos e perigos que essas técnicas podem apresentar aos seres humanos e ao ambiente, a fim de evitar os impactos negativos que a tecnologia pode ter sobre a vida. A criação de legislações e comissões, como a CTNBio no Brasil, faz parte dos esforços mundiais para a regu- lamentação dos trabalhos de cientistas e pesquisadores no campo da Biotecnologia. Van Rensselaer Potter foi um bioquímico estaduni- dense que estudou pacien- tes oncológicos e iniciou os estudos da Bioética. 9 o . ano – Volume 364 Impresso por Joao adeamor, CPF 987.592.370-23para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 25/06/2021 09:11:16 Ativ idad es 1. O uso do termo Biotecnologia é recente, mas sua utilização pelos seres humanos ocorre há milhares de anos. Cite alguns exemplos do uso da Biotecnologia no nosso dia a dia. Seleção de animais para a domesticação, utilização de micro-organismos para a produção de alimentos, seleção de sementes e cruzamento de variedades de plantas para a agricultura. 2. (ENEM) Em um laboratório de genética experi- mental, observou-se que determinada bactéria continha um gene que conferia resistência a pragas específicas de plantas. Em vista disso, os pesquisadores procederam de acordo com a figura. Disponível em: http://ciencia.hsw.uol.com.br. Acesso em: 22 nov. 2013 (adaptado). 3. (UFRGS – RS) Pouco depois do nascimento da ovelha Dolly, em 1997, um laboratório anunciou o nascimento da ovelha Polly. Esse animal é ca- paz de produzir em seu leite um importante fator da coagulação sanguínea humana que os hemofílicos não têm a capacidade de sintetizar. Na criação de Polly, foi retirada uma célula somá- tica de uma ovelha doadora e, no núcleo dessa célula, foi inserido o gene humano de interesse. Esse núcleo substitui, então, o de um ovócito de uma mãe de aluguel. A relevância desse experi- mento reside no fato de que, se rebanhos forem criados a partir da multiplicação de ovelhas ge- neticamente iguais a Polly, será possível produzir um fator de coagulação sanguínea em grande escala para uso terapêutico. Os dois segmentos sublinhados no texto acima representam processos atualmente utilizados em genética. Assinale a alternativa que apre- senta, respectivamente, a designação desses processos. a) fertilização assistida – transgenia b) recombinação – terapia gênica c) terapia gênica – biotecnologia d) clonagem – seleção artificial X e) transgenia – clonagem 4. Marque a alternativa que está corretamente re- lacionada à terapia gênica. a) Desenvolvimento de um novo ser vivo a partir de uma célula adulta de outro indiví- duo resultando em material genético idênti- co em ambos. b) Incorporação em uma planta de um gene que confere resistência a pragas, como larvas de insetos, impedindo que essa planta seja alvo desses animais. X c) Identificação e substituição de um gene cau- sador de doença inserindo um gene tera- pêutico em células do indivíduo. d) Sequenciamento do genoma dos seres hu- manos. Do ponto de vista biotecnológico, como a plan- ta representada na figura é classificada? a) Clone. b) Híbrida. c) Mutante. d) Adaptada. X e) Transgênica. Ciências 65 Impresso por Joao adeamor, CPF 987.592.370-23 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 25/06/2021 09:11:16 5. Leia o texto e responda às questões propostas. Borrifada contra a malária Nova estratégia promete baixar significativamente os números a seguir em relação à malária: afli- ge 240 milhões de pessoas no mundo, mata 850 mil delas (principalmente, crianças) e está presente em 108 países, segundo a Organização Mundial da Saúde. A ideia do experimento foi testar a ação de um fungo contra o Plasmodium falciparum, parasita causador da malária. [...] Os pesquisadores introduziram, no fungo, anticorpos humanos ou toxinas de escorpião, ambos com poder de combater o parasita. [...] O fungo M. anisopliae modificado produz, segundo os pesquisadores, moléculas que atacam o parasita em uma fase inicial de suas vidas – daí sua utilidade em reduzir a transmissão da malária em até cinco vezes, quando comparado com fungos não modificados geneticamente. [...] Os resultados de agora serão testados em campo, na África, continente assolado pela doença. A estratégia valeria, segundo os autores, também para qualquer doença transmitida por artrópo- de, o que inclui nessa lista a dengue. VIEIRA, Cássio L. Borrifada contra a malária. Disponível em: <http://cienciahoje.org.br/artigo/borrifada-contra-a-malaria/>. Acesso em: 8 out. 2018. a) Grife, no texto, as situações em que você identifica ações relacionadas à Engenharia Genética. b) No Brasil, também existem casos de malária? A técnica relatada no texto poderia auxiliar pessoas aqui no país? Sim, nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, ocorrem muitos casos de malária. A técnica relatada no texto poderia ser uma alternativa para seu controle e a redução no número de pessoas doentes. c) A técnica relatada no texto foi inicialmente testada em laboratório e só posteriormente testada na população. Por que você acha que essa medida é necessária? Essa questão permite que o aluno relacione a Biotecnologia com a Bioética, considerando que é necessário, inicialmente, ter certeza de que nenhum dano será causado às pessoas antes de expô-las a qualquer substância ou técnica. 6. A Engenharia Genética envolve o estudo e a manipulação de genes em células, tecidos e embriões e frequentemente divide opiniões sobre seus benefícios e malefícios, como no caso dos alimentos trans- gênicos ou na clonagem de animais. Sobre esse assunto, responda qual a importância da área da Bioética para a Engenharia Genética. A Bioética é importante porque pondera conhecimentos de diversas áreas para refletir sobre o respeito ao ser humano, aos demais seres vivos e ao ambiente, avaliando os possíveis riscos e perigos das técnicas utilizadas. 9 o . ano – Volume 366 Impresso por Joao adeamor, CPF 987.592.370-23 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 25/06/2021 09:11:16 DOMÍNGUEZ, Nuño. Cientistas chineses criam os primeiros macacos clonados com a técnica da ovelha “Dolly”. Disponível em: <https://brasil.elpais. com/brasil/2018/01/24/ciencia/1516813473_483837.html>. Acesso em: 8 out. 2018. A notícia relatada acima trouxe vários questionamentos. Leia, a seguir, alguns trechos de comentários que se referem a ela. Você percebeu que as opiniões a respeito do assunto são divergentes? Em grupos, posicionem-se contra ou a favor das opiniões citadas e discutam os benefícios e os riscos dos processos de clonagem, bem como os possíveis efeitos da clonagem de seres humanos, considerando as implicações bioéticas envolvidas. A taxa de sucesso na clonagem é muito baixa. No total, foram necessários 127 óvulos para produzir o nascimento de dois macacos vivos. Pode-se dizer que, até agora, todas as tentativas de clonar primatas (ordem que inclui macacos, chimpanzés, gorilas e humanos) haviam falhado. O maior problema é que estamos cada vez mais próximos da clonagem humana. Se essa técnica for aperfeiçoada e for garantido que não produzirá abortos ou malformações fetais, provavelmente teremos que avaliar se os benefícios são maiores que os riscos e vice-versa. Se os benefícios forem maiores, por que não clonar humanos? Em princípio, essa técnica poderia aju- dar a conservar primatas em extinção. Não me parece ético ter que usar tantos embriões de macacos para conseguir cobaias. Encaminhamento da seção.17 Cientistas chineses criam os primeiros macacos clonados com a técnica da ovelha “Dolly” “Clonagem de humanos está mais perto de se tornar realidade”, diz um dos responsáveis pela pesquisa Cientistas chineses anunciaram [em janeiro de 2018] o nas- cimento dos primeiros macacos clonados usando a mesma téc- nica com a qual, em 1996, foi criada a ovelha Dolly, o primeiro mamífero no mundo nascido por meio desse método. Embora a clonagem já tenha sido feita em 23 espécies de mamíferos, até agora havia sido impossível forçar a biologia dos primatas, muito mais próxima da humana, para desenvolver animais sem malfor- mações nem provocar abortos espontâneos que são relativamente frequentes nesses casos. [...] A pesquisa pode resultar em polêmica porque aumenta a possibilidadede clonar outras espécies de primatas e inclusive humanos, como reconheceram os responsáveis pela pesquisa [...]. O objetivo é criar grupos de macacos geneticamente idênticos, o que os investigadores consideram “essencial” para a investigação de certas doenças. “Para muitas doenças, principal- mente mentais, precisamos de novas cobaias animais mais parecidas com os humanos do que os ratos. Muitos remédios que são eficientes em ratos contra doenças cerebrais acabam sendo ineficientes em humanos e causam danos colaterais” [...]. Esse tipo de animal poderia até mesmo reduzir o número de macacos usados em pesqui- sas. “As empresas farmacêuticas empregam dezenas de milhares de macacos todos os anos em pesquisas pré-clínicas de remédios. Precisam de muitos animais porque eles têm uma genética muito diferente. Usar macacos clonados reduzirá o número de exemplares em estudos farma- cêuticos e, nesse sentido, seria muito mais ético” [...]. + Zoom Zhong Zhong e Hua Hua, dois macacos cinomolgos como os da foto, são os primeiros primatas clonados com a mesma técnica da ovelha Dolly. 80 cm © Sh ut te rs to ck /I ry na H ro m ot sk a Ciências 67
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