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↪Para coordenar a postura e a locomoção, o cérebro precisa saber não apenas que movimento pretende comandar, mas também a orientação do corpo e que movimento o corpo está realmente executando; ↪Este sistema receptor bilateral está localizado na orelha interna e informa o cérebro a respeito da posição e do movimento da cabeça; ↪O sistema vestibular dá ao organismo o seu senso de equilíbrio ou balanço. Ele gera informações sobre a orientação do corpo ou sua inclinação em relação à gravidade e sobre a aceleração do corpo no espaço; ↪ Isso é obtido, detectando-se; (1) a inclinação estática da cabeça (a cabeça está mantida estacionária a 5 graus da vertical). (2) a aceleração linear da cabeça (a cabeça acelera em linha reta, quando o organismo começa a correr ou se levantar) (3) a aceleração rotacional da cabeça (a cabeça se movimenta de forma circular, quando o organismo começa a virar a sua cabeça em direção a um alvo ou quando alguém começa a girar em uma cadeira de escritório); ↪Esta informação é usada mais frequentemente para fazer ajustes automáticos e subconscientes da postura para impedir a queda do corpo após mudanças na orientação, sejam elas autoimpostas ou impostas pelo ambiente; ↪O sistema vestibular também auxilia na fixação dos olhos sobre um alvo importante diante de tais mudanças na orientação do corpo. O sistema vestibular é um sítio comum de lesões patológicas; ↪Na maioria das espécies veterinárias, lesões no sistema vestibular causam uma síndrome caracterizada pela inclinação de cabeça, movimentos rotatórios compulsivos, tais como andar em círculos ou rolar, e nistagmo espontâneo, que é um movimento oscilatório dos olhos. O Sistema Vestibular é um sistema receptor bilateral localizado na orelha interna ↪A orelha interna, ou labirinto, é composto por duas partes: o labirinto ósseo e o labirinto membranoso; ↪O labirinto ósseo é um sistema de cavidades e túneis através do osso temporal petroso do crânio; ↪ O labirinto ósseo abriga os órgãos receptores do sistema vestibular, bem como o órgão receptor para audição, a cóclea; ↪Estes órgãos receptores fazem parte do labirinto membranoso, que consiste em uma fina membrana do epitélio e localiza-se no interior do labirinto ósseo; ↪Essa membrana epitelial é especializada em alguns locais para se tornar células receptoras sensoriais que formam os órgãos receptores vestibular e auditivo; ↪O labirinto membranoso é preenchido por um fluido chamado de endolinfa e está separado do labirinto ósseo por um fluido chamado de perilinfa; ↪A porção vestibular do labirinto membranoso consiste de dois conjuntos principais de estruturas: (1) três ductos semicirculares, localizados em ângulos aproximadamente retos entre si. (2) um par de estruturas semelhantes a sacos, chamadas de utrículo e sáculo, às vezes chamadas de órgãos otolíticos. Sistema Vestibular Regiões especializadas do Sistema Vestibular contêm receptores ↪Cada estrutura vestibular do labirinto membranoso tem uma região de revestimento epitelial que se tornou especializada em um grupo de células receptoras secundárias chamadas de células ciliadas; ↪Estas células formam a base de um órgão receptor sensorial dentro de cada estrutura vestibular; ↪Cada célula ciliada tem vários cílios semelhantes a pelos no seu ápice, que estão arranjados de acordo com seu tamanho; ↪As células ciliadas formam sinapses na sua base com neurônios sensoriais, que conduzem potenciais de ação ao tronco encefálico; ↪Os corpos celulares desses neurônios sensoriais estão localizados nos gânglios de Scarpa, e seus axônios formam, coletivamente, a porção vestibular do nervo vestibulococlear (VIII nervo craniano); ↪Os cílios semelhantes a pelos de todas as células ciliadas, dentro de qualquer estrutura vestibular, projetam-se para a massa gelatinosa; o deslocamento dessa massa gelatinosa em uma determinada direção leva à inclinação de todos os cílios nessa mesma direção; ↪Em repouso, quando os cílios não estão flexionados, os neurônios sensoriais que formam sinapse com as células ciliadas vestibulares transmitem espontaneamente potenciais de ação em uma frequência aproximada de 100 por segundo; ↪Quando os cílios das células ciliadas estão flexionados em direção ao maior cílio, elas se despolarizam, a liberação do transmissor das células ciliadas sobre os neurônios sensoriais aumenta e a frequência do potencial de ação dos neurônios também aumenta; ↪Quando os cílios estão flexionados na direção oposta, orientados ao menor cílio, as membranas das células ciliadas se hiperpolarizam, a liberação do transmissor diminui e a frequência do potencial de ação dos neurônios sensoriais também diminui; ↪Dessa forma, o deslocamento dos cílios das células ciliadas em qualquer dessas direções pode ser detectado pelo cérebro como um aumento ou uma diminuição da frequência de repouso do potencial de ação. Flexões em outras direções são muito menos eficazes. Os ductos semicirculares detectam a aceleração e a desaceleração rotacionais da cabeça ↪Três ductos membranosos semicirculares estão localizados dentro dos canais semicirculares correspondentes de cada labirinto ósseo; ↪Eles estão posicionados em ângulos aproximadamente retos entre si e ambas as extremidades de cada ducto preenchido por fluido terminam no utrículo; ↪Cada ducto semicircular tem uma dilatação em uma das extremidades, chamada de ampola, próximo à junção com o utrículo; ↪A ampola contém um órgão receptor de célula ciliada, denominado crista ampular; ↪A crista é formada pelo ápice das células ciliadas que, na sua base, formam sinapse na projeção dos neurônios sensoriais ao sistema nervoso central (SNC) e cujos cílios estão embebidos em uma massa gelatinosa sobrejacente; ↪Essa massa, chamada de cúpula, liga-se ao topo da ampola; ↪Todas as células ciliadas de uma determinada crista ampular estão orientadas na mesma direção em relação aos seus cílios; ↪Juntos, o ápice das células ciliadas e a cúpula sobrejacente ocupam o diâmetro da ampola; ↪Os ductos semicirculares, em conjunto com a ampola e seu conteúdo, estão envolvidos na transdução da aceleração e da desaceleração rotacionais da cabeça; ↪Quando a cabeça começa a acelerar de uma maneira rotacional, o ducto semicircular e seu órgão receptor giram com a cabeça, mas a aceleração da endolinfa se atrasa devido à inércia; ↪Essa diferença relativa na taxa de aceleração do ducto semicircular e de sua endolinfa leva a crista ampular a “colidir-se” com a endolinfa de movimento mais lento; ↪Isso gera um deslocamento da cúpula gelatinosa na direção oposta à da rotação da cabeça com uma inclinação correspondente à das células ciliadas; ↪Isto, por sua vez, altera a taxa de ativação dos neurônios sensoriais que se projetam para o SNC. Na desaceleração ocorre o oposto, pois os ductos semicirculares e a crista ampular desaceleram-se imediatamente junto com a cabeça enquanto a inércia continua a impulsionar a endolinfa para adiante; ↪A estimulação da crista ampular ocorre em aceleração ou desaceleração rotativa da cabeça, não durante a velocidade de rotação constante; ↪Durante esta última, o movimento da endolinfa irá eventualmente alinhar-se com o movimento dos ductos semicirculares e as células ciliadas não serão mais dobradas; ↪Ductos semicirculares localizados em lados opostos da cabeça, mas aproximadamente no mesmo plano (coplanares), trabalham como um par, para fornecer ao cérebro informações a respeito da direção e da natureza do movimento da cabeça; ↪Por exemplo, uma aceleração rotativa no sentido horário da cabeça causaria curvatura dos cílios das células ciliadas direcionalmente sensível em cada membro de um par coplanar de ductos semicirculares em lados opostosda cabeça; ↪No entanto, os axônios sensoriais que saem da crista ampular do ducto de um lado da cabeça iriam conduzir a um aumento da frequência potencial de ação, enquanto que aqueles a partir do ducto contralateral levariam a uma diminuição da frequência do potencial de ação; ↪O cérebro interpreta tais alterações recíprocas na frequência do potencial de ação sensorial como resultado de uma aceleração ou desaceleração em sentido horário ou anti-horário em um dado plano de movimento; ↪Na realidade, a aceleração/desaceleração rotacional em qualquer dos planos normalmente afeta todos os três conjuntos de pares de ductos semicirculares, mas cada par em diferentes graus; ↪Desta maneira, o sistema bilateral de seis dos ductos semicirculares detecta a direção tanto da aceleração quanto da desaceleração rotacional da cabeça e ativa ou inibe estruturas particulares do SNC para produzir a resposta reflexa apropriada. O Utrículo e o Sáculo detectam a aceleração e a desaceleração lineares e a inclinação estática da cabeça ↪No utrículo e no sáculo, o órgão receptor é chamado de mácula; ↪Ela é uma formação oval das células ciliadas com uma orientação horizontal primária na cobertura superior do utrículo e uma orientação vertical primária na parede do sáculo; ↪Os cílios das células ciliadas da mácula se estendem em uma camada gelatinosa sobre as células ciliadas; ↪Embebida no topo dessa massa gelatinosa, encontra- se uma camada de cristais de carbonato de cálcio denominados otólitos; ↪Essa camada de otólitos é mais pesada e densa que a endolinfa e outras estruturas circunvizinhas; ↪Considerando-se a organização do aparelho receptor que se encontra dentro do utrículo e do sáculo, essas estruturas vestibulares podem transmitir a aceleração e a desaceleração lineares da cabeça, bem como a inclinação estática; ↪A mácula do utrículo encontra-se orientada horizontalmente, e, assim, se a cabeça for acelerada para frente em uma linha reta, o movimento dessa densa camada de otólito é retardado em relação ao das células ciliadas da mácula; ↪Isto produz uma força de cisalhamento que inclina as pontas dos cílios das células ciliadas, através da camada gelatinosa, até que uma velocidade constante seja alcançada e a camada de otólito se iguale à camada de células ciliadas; ↪ Ao contrário da crista ampular, nem todos os grupos de células ciliadas de uma determinada mácula são orientados na mesma direção que seus cílios; ↪As células ciliadas do utrículo são orientadas no plano horizontal, enquanto as do sáculo estão no plano vertical; ↪Dessa forma, a aceleração linear em uma direção específica inclinará as células ciliadas de uma orientação e localização particulares, de tal maneira que aumentarão transitoriamente a taxa de ativação do potencial de ação dos neurônios sensoriais associados; aquelas de outras localização e orientação se inclinarão de forma a diminuir transitoriamente a taxa de ativação; e as células de outra localização e orientação se inclinarão de tal modo a exercer pouco ou nenhum efeito sobre a taxa de ativação; ↪Este padrão topográfico de inclinação das células ciliadas e alterações transitórias associadas na queima do potencial de ação será diferente para aceleração linear em uma direção diferente; ↪O SNC pode decifrar esses vários padrões de atividade neural para determinar o início e direção de aceleração linear e para começar uma resposta apropriada compensatória; ↪Considerando-se mais uma vez a orientação horizontal da mácula do utrículo, quando a cabeça é inclinada a partir da posição ereta, a camada densa e pesada de otólito “desliza” eficientemente, como que puxada pela força da gravidade; ↪Isso inclina os cílios das células ciliadas, por meio da camada gelatinosa, e os mantém curvados enquanto a cabeça está inclinada; ↪A inclinação sustentada (em comparação com a inclinação transitória durante a aceleração linear) é traduzida em alterações sustentadas na frequência de ativação do potencial de ação (em comparação às alterações transitórias durante a aceleração linear) em populações particulares de neurônios sensoriais associados; ↪Dessa maneira, o utrículo e o sáculo podem informar o cérebro a respeito de uma inclinação estacionária da cabeça. A direção da inclinação é detectada por um mecanismo similar ao de detecção da direção da aceleração linear. O Sistema Vestibular fornece informações sensorial para os reflexos que envolvem os neurônios motores espinhais, o cerebelo e os músculos extrínsecos do olho ↪As células ciliadas vestibulares fazem sinapse sobre neurônios motores cujos axônios fazem parte do VIII nervo craniano (vestibulococlear), que conduz potenciais de ação para a medula; ↪Quase todos esses axônios fazem sinapse no complexo nuclear vestibular, um grupo bilateral de quatro núcleos distintos que ocupa uma porção substancial da medula, e uma parte da ponte, ao lado da parede lateral do quarto ventrículo; ↪A partir desse ponto, neurônios de segunda ordem (aqueles sobre os quais os axônios do VIII nervo craniano fazem sinapse) se projetam para três áreas do sistema nervoso; ↪Alguns dos neurônios do complexo nuclear vestibular recebem estímulos significativos a partir do utrículo e sáculo (os órgãos otólitos), e seus axônios, por sua vez, formam o trato vestibuloespinhal lateral; ↪Este trato fornece a simplificação excitatória para os neurônios motores gama (γ) e alfa (α) dos músculos antigravidade do tronco e membros em resposta à aceleração/desaceleração linear ou à inclinação estática da cabeça; ↪Outros neurônios do complexo nuclear vestibular recebem estímulos sensoriais significativos a partir da crista ampular dos ductos semicirculares, e seus axônios, por sua vez, formam uma via que se projeta para os núcleos do nervo craniano que controlam os movimentos do olho; ↪Esta via, chamada de fascículo longitudinal medial (FLM), produz movimentos oculares compensatórios em resposta à aceleração/ desaceleração rotacional da cabeça; ↪O complexo nuclear vestibular também envia projeções para o cerebelo, e recebe projeções do mesmo, especialmente o lobo flóculonodular; ↪Através destas conexões recíprocas, o cerebelo pode fazer um ajuste fino da coordenação de reflexos da postura e oculomotores, que são controlados pelo sistema vestibular; ↪Por fim, algumas das projeções que partem do complexo nuclear vestibular participam de circuitos neurais que levam ao córtex cerebral, resultando em sensações vestibulares conscientes. Os reflexos vestibulares coordenam os movimentos da cabeça e dos olhos para maximizar a acuidade visual ↪O reflexo vestibular, conhecido como reflexo vestíbulo-ocular (RVO), coordena os músculos extrínsecos do olho e os movimentos dos olhos e da cabeça, de modo que, conforme a cabeça se volta (gira), os olhos permanecem fixos no campo de visão original tanto quanto possível; ↪Quando este padrão de movimento de olhos ocorre durante o RVO, é considerado como um nistagmo normal ou nistagmo fisiológico; a tração lenta se opõe à rotação da cabeça, seguida de um súbito e rápido movimento para trás em direção à mesma rotação da cabeça; ↪Pode-se observar um nistagmo pós-rotatório transitório, com o padrão inverso de movimento dos olhos em relação àquele recentemente descrito, se um animal ou uma pessoa girando for parado de repente; ↪A inércia da endolinfa produz a continuidade da rotação dentro dos ductos semicirculares, pressionando a crista ampular, mesmo que a cabeça e o ducto tenham parado de se mover; ↪Estes padrões reflexos de movimento dos olhos exigem estímulos sensoriais normais provenientes dos ductos semicirculares, um FLM intacto no tronco encefálico e unidades motoras dos músculos extrínsecos funcionalmente normais (bemcomo de um cerebelo intacto); ↪O ROV ocorre na rotação da cabeça no plano horizontal ou vertical, ou na torção rotacional da cabeça no sentido horário ou anti-horário; ↪O controle voluntário dos olhos é independente dos reflexos vestibulares e é controlado pelo córtex cerebral; ↪O nistagmo pode aparecer, ocasionalmente, sob condições patológicas do sistema vestibular, mesmo quando a cabeça está reta e em repouso; ↪Esta condição é conhecida como nistagmo espontâneo. Uma inclinação persistente da cabeça, caindo e circundando compulsivamente ou rolando frequentemente, acompanha o nistagmo espontâneo em animais com patologia vestibular aguda; ↪Outro reflexo compensatório que pode ser provocada pela aceleração rotacional é o reflexo vestibulocólico (RVC). Esse reflexo age para estabilizar a cabeça, ativando os elementos da musculatura do pescoço
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