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POLÍTICA CRIMINAL E DIREITO PENAL

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POLÍTICA CRIMINAL E DIREITO PENAL
Enquanto o Direito Penal valora a sociedade, dizendo o que pode e o que não pode ser feito e prevendo a aplicação de sanções para o descumprimento das normas, a Criminologia se encarrega de encarar o fenômeno de forma objetiva, sem conotação valorativa, sem mediação, sem julgamentos. 
Ou seja, a Criminologia e o Direito Penal têm, necessariamente, que dialogar e quem permite esse diálogo é, em grande parte, a política criminal.
Entre a Criminologia e o Direito Penal se interpõe a política criminal, disciplina que está a todo tempo avaliando se o Direito Penal está cumprindo seus objetivos, sejam eles de proteção do bem jurídico, de prevenção ou de repressão. A política criminal oferece aos governantes opções concretas para bem equacionar a questão criminal. Ela transforma os conhecimentos da Criminologia em opções concretas de atuação.
Ao mesmo tempo em que a Criminologia estuda a realidade e tenta compreender o crime, a vítima, o criminoso e o controle social e com isso fornece ao Direito Penal um arcabouço sobre esse fenômeno traduzido em opções concretas pela política criminal, o próprio Direito Penal molda a atuação das instâncias de controle social, que são objeto da Criminologia. Uma disciplina conversa com a outra a todo tempo.
Exemplo: imagine que você tenha seu celular roubado. A Criminologia pode se ocupar desse fenômeno de muitas maneiras, como, por exemplo: por que o criminoso praticou o crime? Quais características do criminoso o tornaram mais propensos a decidir pelo crime? Por que o sistema de justiça criminal mantém preso esse ladrão, mas não consegue ser eficiente em relação aos criminosos poderosos? O Estado, antes de punir o criminoso, poderia ter ofertado mais educação, esporte, lazer, cultura a esse criminoso? Quais as consequências da pena que a ele será aplicada? Qual o impacto que esse evento terá na vida da vítima? Quais os bairros da cidade onde mais se cometem esse tipo de crime? Em todos esses casos, o fenômeno criminal está sendo analisado de modo empírico e interdisciplinar para que conclusões mais genéricas sejam elaboradas, dentro de uma dinâmica indutiva. A política criminal se ocupará do fenômeno raciocinando, por exemplo, sobre a suficiência das atuais leis penais para o crime de furto; sobre a eficiência dos instrumentos manejados pelas instâncias de controle social; sobre as regras do processo criminal e de execução penal. O Direito Penal, por sua vez, se ocupa, basicamente, de punir o delinquente, aplicando àquele caso concreto regras penais genéricas, numa operação dedutiva.
Política criminal é, portanto, a escolha de estratégias de controle social – que é objeto da criminologia - para a proteção de um bem jurídico – que é o objeto do Direito Penal- ou seja, é uma intersecção entre as duas disciplinas.
 
Para a tutela de bens jurídicos o Estado pode se valer de estratégias penais e extrapenais. Somente se justifica a tutela penal na hipótese de ser um meio eficaz de proteção do bem jurídico. Assim, a política criminal, com base em considerações de outros ramos, tais como a Criminologia, a filosofia e a sociologia, visa à análise crítica da legislação penal e à propositura das devidas alterações.
A política criminal se dedica a receber as contribuições da Criminologia e a propor medidas para bem equacionar os delitos. Essas medidas podem ser penais ou não penais. Por exemplo: Para diminuir um índice delitivo, as autoridades podem decidir fazer campanhas na mídia; podem decidir iluminar uma área; podem decidir reformar um parquinho abandonado. Essas são medidas de política criminal, mas não são medidas penais. São medidas extrapenais de política criminal. Mas pode ser que as contribuições da Criminologia demonstrem que é necessário, por exemplo, criar um tipo penal; ou mesmo deixar de considerar uma conduta como criminosa, porque já é amplamente aceita pela sociedade; ou que é necessário mexer na pena de um delito, seja para majorá-la ou diminuí-la. Em todos esses casos, em que haverá alteração do Direito Penal, a política criminal terá funcionado como essa ponte entre a Criminologia e o Direito.
Ou seja, a política criminal se dedica a receber as contribuições da Criminologia e propor medidas para bem equacionar os delitos. Essas medidas podem ser penais ou não penais.
Franz Von Lizst, jurista austríaco propôs um modelo tripartido da ciência conjunta do Direito Penal. Essa ciência conjunta conteria três saberes autônomos, mas que deveriam andar interligados: 
- O Direito Penal propriamente dito: Ciência normativa e dogmática que tem por objetivo punir as condutas desviantes; 
- A Criminologia: Como ciência das causas do crime e da criminalidade; 
- E a política criminal: Consubstanciada em um conjunto de princípios fundados na investigação das causas do crime e dos efeitos da pena (ou seja, fundados nas contribuições da Criminologia), com base nos quais o Estado deve definir que instrumentos utilizará para controlar o fenômeno criminal (ou seja, como deve ser o Direito Penal)

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