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Caso Clínico do dia Roberto é um fazendeiro de 68 anos, que apresenta há 2 semanas instabilidade durante a caminhada. Sua esposa percebeu que ele parecia estar esbarrando nas coisas. Ele comentou que não via as coisas tão bem do seu lado direito. Recentemente está com dificuldade para se concentrar e sente-se cada vez mais esquecido. Ele também começou a sentir dor de cabeça pela manhã, que é pior quando ele tosse ou espirra. Tem histórico de hipertensão arterial e um melanoma removido do lado esquerdo do abdômen há 3 anos. O que você acha que está causando os sintomas do paciente? Os sintomas neurológicos surgiram e progrediram rapidamente durante 2 semanas. Um início súbito dos sintomas pode sugerir etiologia vascular, como um acidente vascular cerebral. Um quadro de deterioração subaguda, como neste caso, sugere uma inflamação, infecção ou neoplasia. Dificuldade para concentração e memória é um sintoma comum nesta idade, podendo ocorrer nas demências (principalmente na doença de Alzheimer), em doenças psiquiátricas como ansiedade, depressão e transtorno de hiperatividade com déficit de atenção do adulto, mas no contexto subagudo, também em tumores ou em encefalites infecciosas ou auto-imunes. História recente de instabilidade da marcha, distúrbio visual e dor de cabeça matinal são suspeitos de lesão expansiva. A piora da dor quando tosse ou espirra é um sinal de alarme para lesões expansivas intracranianas, embora seja vista em causas mais benignas como na enxaqueca e nas doenças do junção craniocervical (ex. malformação de Arnold Chiari). No exame físico não há evidência de linfadenopatia. Ele teve dificuldade para andar em linha reta e parecia esbarrar em objetos à sua direita. A pontuação no Mini Exame do Estado Mental (MiniMental) foi de 25/30 com dificuldade na memória e concentração. Exame de fundo de olho mostrou borramento do disco óptico, sugestivo de papiledema. O teste de campo visual revelou uma hemianopsia homônima à direita. Onde a lesão subjacente deve estar localizada? Os achados do exame neurológico levam à suspeita de uma lesão expansiva (presença de papiledema). Problemas com o equilíbrio (ataxia) podem localizar a lesão na fossa posterior, nas vias vestibulares ou nas vias sensitivas proprioceptivas, mas uma lesão grande ocupando espaço em qualquer região do cérebro pode resultar em instabilidade da marcha. A hemianopsia homônima direita indica que a lesão está afetando as vias visuais retroquiasmáticas (trato óptico, corpo geniculado lateral do tálamo, radiações ópticas ou córtex occpital) no lado esquerdo. Lesões do quiasma óptico vão gerar hemianopsias bitemporais e lesões do nervo óptico vão geral déficit visual ipsilateral. visão central (visão em túnel). Alguns pacientes podem negar o seu déficit visual configurando a síndrome de Anton. Padrão de déficit de campo visual de acordo com a localização da lesão na via visual. Problemas de memória sugerem uma lesão dos nos lobos temporais, mas lesões em diversas outras partes do sistema nervoso também podem causar dificuldade com a memória. O Sr. Roberto pode ter uma ou várias lesões para explicar seus sintomas. Caso Roberto tenha uma lesão expansiva, quais são as causas? Lesões intracranianas que ocupam espaço podem ser causadas por tumores, abscessos, hematomas, grandes aneurismas, infartos cerebrais extensos e malformações arteriovenosas. A história e o exame físico sugerem um tumor. Neoplasias intracranianas podem ser divididas em tumores cerebrais primários ou metastáticos. Tumores também podem ser classificados como intrínsecos/intra-axiais (dentro do encéfalo) ou extrínsecos/extra-axiais (ocorrendo fora no encéfalo, mais comumente nas meninges). Tumores intracranianos são mais comuns em crianças do que em adultos e os padrões de tumor diferem entre as faixas etárias. Em adultos, 75% dos tumores são supratentoriais, enquanto em crianças, 75% são infratentoriais. A tomografia de crânio do Sr. Roberto demonstrou lesão expansiva captante de contraste no córtex occipital à esquerda (massa hiperdensa), circundada por edema cerebral vasogênico com efeito massa (lesão hipodensa ao redor). TC sem contraste mostrando massa occipital à E. TC com contraste mostrando captação do tumor Quais as causas mais comuns de tumores cerebrais intra-axiais e extra-axiais? Tumores intra-axiais Tumores extra-axiais Metástases cerebrais Meningeoma Gliomas infiltrativos Adenomas de hipófise (pituitária) Ependimomas Schwanoma Como seria sua investigação agora? Neuroimagem é o exame chave para investigar a natureza da lesão subjacente do Sr. Roberto. A Ressonância magnética do cérebro demonstra mais de 95% dos tumores intracranianos. A maioria dos pacientes farão uma tomografia computadorizada do crânio inicialmente, devido ao maior acesso a esta forma de exame. O diagnóstico diferencial pode ser reduzido consideravelmente pela localização e aparência da lesão. Embora as metástases cerebrais sejam frequentemente múltiplas, metade dos casos mostra metástases solitárias. Elas geralmente são arredondadas e captam contraste nos exames de imagem. Frequentemente, um bordo distinto pode ser visto entre o tumor e o cérebro subjacente, com ou sem a presença de edema peritumoral. O fluxo sanguíneo cerebral é um importante deteminante da distribuição das metástases, com 80% delas se localizando nos hemisférios cerebrais. Com muita frequência elas se localizam na transição entre a substância branca e cinzenta, ou alternativamente, nas áreas de fronteira entre as circulações cerebrais. RM em T1 pós-contraste (A) mostrando uma massa arredondada captando contraste localizada na transição entre as substâncias branca e cinzenta. O FLAIR (B) mostra edema vasogênico ao redor da massa. Paciente com metástase de câncer de pulmão. Qual é o diagnóstico mais provável? A aparência da neuroimagem demonstrou natureza intra-axial do tumor, podendo ser um tumor primário ou metastático. Pelo histórico médico do Sr. Roberto, melanoma metastático é o diagnóstico mais provável. Tumores metástaticos são os tumores mais comuns do SNC, sendo 10 vezes mais comuns que os tumores primários do SNC. Em uma minoria dos pacientes, a metástase pode ser a primeira manifestação do câncer. A maioria das metástases cerebrais atinge o cérebro por via hematogênica. Um processo complexo de múlitiplos passos ocorre desde a célula tumoral deixar o tumor primário, se mover pela vasculatura sistêmica, deixar os vasos, geralmente em pontos de ramificação dos pequenos vasos, sobreviver no ambiente perivascular e crescer para dar origem ao foco metastático. Além de metástases cerebrais parenquimatosas, outras modalidades de metástases para o sistema nervoso central incluem metástases leptomeníngeas difusas ou metástases epidurais localizadas. As metástases leptomeníngeas difusas podem causar múltiplas neuropatias cranianas, polirradiculopatias ou aumento da pressão intracraniana. Nesses casos está indicada a neuroimagem de todo o neuroeixo (aparecem como depósitos lineares captantes de contraste nas folhas cerebelares, ao redor da ponte, nos nervos cranianos, nos sulcos cerebrais, nas raízes espinhais e na cauda equina. O líquor com pesquisa de células neoplásicas também é recomendado em caso de suspeita de Leptomeningeal metastases appear as linear enhancing deposits covering the cerebellar folia around the pons (FIGURE 6-2A), over the cranial nerves, or within the cortical sulci. Over the spinal cord, leptomeningeal metastases tend to result in nodular enhancement of the cauda equina (FIGURE 6-2B) and coating of the spinal cord (FIGURE 6-2C). In suspected leptomeningeal metastasis, the additional step of CSF samplingis required. This allows for definitive diagnosis of leptomeningeal metastasis9,10 as well as opening pressure measurement. CSF analysis by traditional cytology has poor sensitivity,11 and up to three large-volume (at least 10 mL each) CSF collections may be required to secure a diagnosis.12 In specialized centers, adaptation of circulating tumor cell technologies may be applied to CSF to quantify cancer cell burden in this space. Emergency Presentations of Central Nervous System Metastases Some special cases and emergency presentations of CNS metastases are of note: spinal cord compression, elevated ICP, and hemorrhagic metastasis. Back pain with sudden onset of weakness and upper motor neuron signs localizing to the spine with or without urinary retention is an emergency. High-dose dexamethasone should be administered immediately, before obtaining imaging. Emergent neurosurgical and radiation oncology consultations should be obtained; serial neurologic examinations are essential. Prompt steroid treatment13,14 and initiation of more definitive measures, such as surgical decompression or focal radiation, are essential to preserve neurologic function. New positional headache in a patient with cancer, with or without diplopia, should prompt immediate evaluation. Papilledema and cranial neuropathies are indications for noncontrast head CT. It is essential to establish the presence or absence of mass lesions before performing a diagnostic lumbar puncture. In the FIGURE 6-1 Radiographic appearance of parenchymal brain metastasis in a 47-year-old woman with non–small cell lung cancer. A, Axial postcontrast T1-weighted MRI shows a round contrast-enhancing mass located at the gray-white junction. B, Axial fluid-attenuated inversion recovery (FLAIR) sequence shows edema surrounding the mass. METASTASIS TO THE CENTRAL NERVOUS SYSTEM 1586 DECEMBER 2020 Copyright © American Academy of Neurology. Unauthorized reproduction of this article is prohibited. metástases leptomeníngeas. Devido à baixa sensibilidade do método, quando negativo, recomenda-se repetir o líquor pelo menos 3 vezes, com pelo menos 10 ml de coleta em cada amostra, antes de descartar essa hipótese. RM em T1 axial pós contraste (A) mostra placas de captação linear ao longo das folhas cerebelares e (B) mostra captação multifocal da cauda equina com agrupamento de raízes nervosas e a RM em T1 sagital pós-contraste mostra captação ao longo da superfície da medula espinhal e das raízes lombares. Metástases epidurais localizadas são mais frequentemente descobertas acidentalmente e são tipicamente assintomáticas. Radiograficamente, essas metástases são indistinguíveis dos meningiomas (ver adiante). Entretanto, neuroimagem seriada irá revelar o rápido crescimento do tumor nas metástases, fornecendo uma pista do diagnóstico correto. A biópsia da lesão é a única ferramenta diagnóstica definitiva. Quais outros tumores podem fazer metástases para o cérebro? Qualquer tumor sistêmico pode resultar em metástase para o cérebro, sendo que 30% dos pacientes com câncer vão ter metástase para o SNC. Cinco tumores primários (em ordem decrescente de frequência) são responsáveis por 80% das metástases cerebrais: • Pulmão: é o tumor mais frequente, com números superando os de mama, colon e próstata combinados. Pelo menos 40% dos tumores de pulmão não-pequenas células apresentam metástases cerebrais e esse número pode ser maior ainda nos adenocarcinomas de pulmão EGFR positivos. • Mama: sua incidência vem aumentando devido à melhora da sobrevida das pacientes com câncer de mama, particularmente mulheres jovens com mutação HER2 positiva. • Melanoma: tem a maior incidência de metástases cerebrais entre todos os tumores (90% dos pacientes têm envolvimento do SNC nos exames pós-morte). Geralmente são múltiplas, e o SNC geralmente é o primeiro sítio de metástases. Essas metástases também são mais suscetíveis à hemorragia (metástases hemorrágicas). • Carcinoma de células renais • Adenocarcinomas do trato gastrintestinal (principalmente coloretal). • Outras causas menos frequentes: coriocarcinoma, linfoma e tireóide. Como definir o prognóstico de Roberto? Metástases cerebrais resultam em uma grande variedade de prognósticos, com sobrevida média de 4 a 6 meses. Os prognósticos mais favoráveis são observados nos presence of amass lesion, elevated ICPmay be treatedwith dexamethasone pulse before neurosurgical consultation. In the absence of mass lesions, typically in the setting of leptomeningeal disease, lowering opening pressure with a lumbar puncture may provide immediate symptomatic relief and illustrate the need for more definitive measures, such as a ventriculoperitoneal shunt. Hemorrhagic metastases may also elicit symptoms of elevated ICP and will also be uncovered with a noncontrast head CT. As with other causes of intraparenchymal hemorrhage, acute symptomatic hemorrhage of metastatic lesions requires admission to a monitored setting, reversal of any anticoagulant or antiplatelet therapies, infusion of platelets to the goal of 100,000 cells/mm3, serial (typically every 6 hours) noncontrast head CT, and neurosurgical consultation. Metastasis to the CNS can injure the cortical surface, particularly in melanoma or hemorrhagic brain metastases. Although prophylactic antiepileptic drugs (AEDs) are not routinely recommended, some experts advise AEDs in the setting of acute, symptomatic, hemorrhagic metastases. MANAGEMENT Management of CNS metastases requires a multidisciplinary patient-centered approach, with the neurologist or neuro-oncologist, medical oncologist, radiation oncologist, and neurosurgeon working in close collaboration. General Principles By definition, metastasis to the CNS connotes stage IV cancer and carries a poor prognosis. The physician is confronted with management of active CNS disease and, often, extracranial disease as well. In addition, CNS metastases cause a wide array of symptoms that must be addressed. Thus, palliative care plays a central role in the management of CNS metastases. The general principle in the management of CNS metastases is to first localize the symptomatic lesions and FIGURE 6-2 Radiographic appearance of leptomeningeal metastases in a 52-year-old man with non–small cell lung cancer. A, Axial postcontrast T1-weighted MRI shows linear enhancing plaques of disease (arrows) over the cerebellar folia. B, Axial postcontrast T1-weighted MRI shows patchy enhancement (arrows) of the cauda equina with clumping of nerve roots. C, Sagittal postcontrast T1-weightedMRI shows enhancement (arrows) along the length of the spinal cord surface and lumbar roots. CONTINUUMJOURNAL.COM 1587 Copyright © American Academy of Neurology. Unauthorized reproduction of this article is prohibited. pacientes mais jovens (< 65 anos) e com escore funcional de Karnofsky > 70, que tenham apenas uma metástase e ausência de metástases extracranianas. Para pacientes selecionados, com tumores sensíveis a determinadas terapias, a sobrevida pode se estender por anos. Por outro lado, pacientes com metástases leptomeníngeas possuem um prognóstico uniformemente ruim, geralmente menor que 6 meses após o diagnóstico, independente do tratamento utilizado. Uma vez que o diagnóstico tenha sido estabelecido, índices prognósticos podem ser usados para identificar pacientes com diferentes prognósticos. Isso é importante para a escolha do melhor tratamento. Para a avaliação prognóstica global, geralmente são utilizados dados como idade, escore na escala de estado funcional de Karnofksy e o resultado de marcadores histológicos ou moleculares específicos de cada tumor. A importância de cada fator prognóstico específico varia de acordo com cada tumor. Por exemplo, para o tumor de pulmão, o escore de Karnofsky, o número de metástases cerebrais e extracranianas e a presença de mutações EGFR ou ALK são importantes para a definição prognóstica. Já para o tumor de mama, o status hormonal (receptor deestrogênio, receptor de progesterona e receptor do fator de crescimento epidérmico humano – EGFR) são mais importantes, não havendo interferência do número de metástases cerebrais ou sitêmicas ou do escore de karnofsky. Em metástases de melanoma, as seguintes mutações são importantes para guiar o prognóstico e o tratamento: BRAF, CTLA4, RAS/RAF/MEK/ERK, PD1/PDL1. Como esse caso deve ser conduzido? É necessária uma discussão clara e franca com o Sr. Roberto neste ponto. Em particular, ele precisa ser informado que seus sintomas neurológicos são secundários a um tumor no cérebro e que é provável que tenha surgido como resultado da recorrência e disseminação do melanoma. Isso implica um câncer metastático (grau IV), com prognóstico reservado. Abordagem de equipe multidisiplinar é crucial, com envolvimento de uma enfermeira clínica especialista em oncologia, neuro-oncologista, neurorradiologista, neurocirurgião e radioterapêuta. Todas as decisões terapêuticas devem pesar a eficácia e as potenciais complicações, incluindo a morbidade cirúrgica, o edema cerebral, a toxicidade da quimioterapia e da radioterapia. Como as metástases são frequentes na transição entre a substância branca e cinzenta, não é iincomum que crises epilépticas sejam vistas. Na seleção de drogas anticonvulsivantes no contexto de pacientes com câncer recebendo quimioterapia, recomenda-se o uso de drogas não-indutoras do sistema microssomal hepático (sistema P450) como levetiracetam, lacosamida ou lamotrigina, para não haver diminuição do efeito das drogas quimioterápicas. O edema cerebral relacionado ao tumor pode responder temporariamente à terapia com corticosteróides. Esse tipo de edema é vasogênico, onde a barreira hemato- encefálica é quebrada, ao contrário do edema cerebral citotóxico, que está associado com barreira hemato-encefálica intacta. O edema vasogênico é extracelular, afetando principalmente a substância branca, devido ao extravazamento de fluidos dos capilares. Além dos tumores cerebrais, o edema vasogênico também é visto em abcessos cerebrais e, eventualmente, ao redor de contusões e hemorragias cerebrais em fase inicial. Na TC de crânio, o edema vasogênico é visto com preservação da diferenciação entre a substância branca e cinzenta, com o edema envolvendo principalmente a subsância cinzenta, apresentando aspecto digitiforme. Os efeitos secundário do edema vasogênico são similares aos do edema citotóxico, com apagamento dos sulcos cerebrais adjacentes, com ou sem desvio de linha média. Na RM de crânio, o edema vasogênico se caracteriza por hiperintensidade em T2 e FLAIR, sem restrição à difusão. O edema citotóxico é típico dos infartos cerebrais e causa restrição à difusão. O tratamento com dexametasona geralmente resulta em melhora dramática da dor de cabeça e pode até resultar em melhora do equilíbrio, no caso do Sr. Roberto. Em pacientes em que o câncer primário não é encontrado, a biópsia se faz mandatória para estabelecer o diagnóstico. Edema vasogênico digitiforme do tumor cerebral Edema vasogênico peritumoral na RM em T2. Qual é o papel da quimioterapia, da radioterapia e da cirurgia no tratamento das metástases? Neoplasias sistêmicas com metástases para o cérebro são geralmente incuráveis e o tratamento é direcionado para evitar incapacidade neurológica e sofrimento. O padrão específico de metástases e a extensão da doença sistêmica irá guiar o tratamento. As opções de tratamento incluem ressecção cirúrgica, radioterapia (radiocirurgia estereotáxica específicamente sobre as metástases – geralmente < 4 metástases, ou radioterapia cerebral total) e quimioterapia ou terapias biológicas específicas. A ressecção cirúrgica é considerada para lesões grandes ou em localizações estratégicas, e pode ser seguida por radiocirurgia estereostática ou radioterapia focal para diminuir o risco de recorrência. Após a ressecção cirúrgica, o risco de recorrência fica entre 50- 60%. A cirurgia está indicada nas seguintes situações: • diagnóstico incerto quanto à possibilidade de a lesão ser metástase ou não. • Uma a três metástases cerebrais com extenso edema ou localização crítica, como na fossa posterior. A radiocirurgia estereotáxica é realizada com equipamentos de gamma Knife, cyber Knife ou acelerador linear de partículas. Embora o índice de recorrência local seja maior do que com a radioterapia cerebral total, a radiocirurgia estereotática está associada a menos sequelas cognitivas. A radiocirurgia estereotática está indicada nas seguintes situações: • presença de < 4 metástases (doença oligometastática). • após ressecção cirúrgica de metástases grandes ou na fossa posterior • recorrência local após ressecção cirúrgica. • Terapia de resgate para doença oligometastática após radioterapia cerebral total. A radioterapia cerebral total está associada com menor índice de recorrência local, mas está relacionada a maior incidência de demência após 6 meses, embora a sobrevida média desses pacientes seja de 4-6 meses. Para mitigar um pouco esse risco, duas estratégias têm sido estudadas: (1) evitar irradiar os hipocampos e; (2) utilizar antagonistas dos receptores NMDA (N-Metil-D-Aspartato), como a memantina. As duas técnicas de preservação cognitiva têm efeito benéfico quando utilizadas em conjunto. Geralmente a radioterapia cerebral total está indicada nas seguintes situações: • câncer sistêmico e metástases do SNC, com poucas opções de tratamento sistêmico ou escores baixos na escala de karnofsky. • quando há metástases grandes (> 3.5 cm) ou múltiplas (> 4 ou 5) – embora haja uma tendência atual de utilizar radiocirurgia estereotáxica para múltiplas metastases também. • Terapia de resgate para metástases cerebrais recorrentes após radiocirurgia estereotáxica e quimioterapia já terem sido realizadas. A quimioterapia ou uso de drogas biológicas específicas (imunoterapia) estão indicadas em: • tumores quimiossensíveis podem ser tratados com quimioterápicos sistêmicos, entretanto com respostas em apenas 20-30% dos casos, e sobrevida livre de progressão em torno de 3 a 6 meses. Devido à resposta intracraniana limitada, o uso dessa modalidade de tratamento é reservada para pacientes com doença recorrente após a radioterapia. • na presença de mutações moleculares sensíveis a medicamentos biológicos específicos. Deve-se ressaltar que a genética da metástase pode ser diferente da genética do tumor sistêmico, sendo indicada a análise molecular da amostra de biópsia da metástase para melhor caracterização genética. - Melanoma BRAF positivo: dabrafenibe, vemurafenibe. - Melanoma PD1/PDL1 positivo: nivolumabe, pembrolizumabe. - Melanoma CTLA-4 positivo: ipilimumabe. - Pulmão EGFR ou ALK positivos: erlotinibe, gefitinibe, osimertinibe. - Mama HER2 positivo: lapatinibe, afatinibe, neratinibe, tucatinibe. Finalmente, apenas cuidados paliativos (tratamento sintomático, apoio) serão entregues para os seguintes pacientes: • Contraindicação cirúrgica. • Múltiplas metástases • Câncer sistêmico progressivo com poucas opções de tratamento • Estado funcional ruim Quando uma única metástase está presente, como no caso do Sr. Roberto, a excisão cirúrgica pode ser realizada. Quando o câncer sistêmico estiver sob controle, a ressecção de uma única metástase pode melhorar a sobrevida e minimizar a incapacidade. A sobrevida pode ser melhorada quando a cirurgia é seguida por radioterapia estereotáxica. Em geral, as metástases também não respondem à quimioterapia, a exemplo dos tumores cerebrais primários. Alguns casos, no entanto, experimentam melhora dramática com quimioterapia sistêmica ou terapias biológicas específicas. TC do tórax, abdômen e pelve mostrou evidências de metástases hepáticas e pulmonares consideradas típicas de melanoma, e isto foi confirmado após biópsia da lesão hepática. Não havia mutações específicas no tumor. Ele começou quimioterapia, mas continuoucom piora progressiva e morreu 7 semanas após o diagnóstico, recebendo cuidados paliativos. Como tratar pacientes com metástases leptomeníngeas e metástases epidurais? Sintomas devidos a dépositos localizados de doença leptomeníngea e nas metástases epidurais podem ser tratados com radioterapia focal. Em pacientes com múltiplas paralisias cranianas está indicada a radioterapia cerebral total. Particularmente em tumores de mama e pulmão, esse tratamento pode fornecer alívio sintomático e melhora da função neurológica, embora não melhore a sobrevida. Quando as metástases leptomeníngeas causam alterações do fluxo liquórico, podem levar à hidrocefalia e aumento da pressão intracraniana. Nesses casos, a colocação de um dreno de derivação ventriculo-peritoneal fornece alívio paliativo para a hipertensão intracraniana. Síndromes medulares e de cauda equina devem receber irradiação focal de emergência e cateterização urinária para tratamento da bexiga neurogênica. Terapia intratecal com quimioterápicos é utilizada em pacientes com metástases leptomeníngeas com fluxo liquórico normal. Metotrexato, tiotepa e citarabina são as drogas mais utilizadas. O uso de drogas específicas pode ser considerado em casos especiais. A administração intratecal pode ser feita através de punção lombar ou através de cateteres ventriculares ligados a reservatórios de Ommaya. A segunda possibilidade, apesar de mais invasiva e necessitar colocação neurocirúrgica, é preferida, pois resulta em distribuição mais uniforme dos medicamentos, sem contar que a administração lombar resulta em fístulas liquóricas ou administração inadvertida dos medicamentos para o espaço epidural ou subdural em 10% dos pacientes. Além das metástases, que outros tumores podem ocorrer com mais frequência no SNC? Embora as metástases sejam muito mais frequentes que os outros tumores cerebrais, os tumores cerebrais primários também devem ser conhecidos do médico generalista, principalmente os mais comuns. Os tumores cerebrais primários podem ser benignos ou malignos. Meningiomas Dos tumores benignos, os mais comuns são os meningiomas. Eles se originam das meninges que circundam o cérebro e a medula. São mais comuns com o passar dos anos, sendo raros nas crianças e relativamente comuns em pessoas idosas, com média de idade ao diagnóstico de 65 anos. Também são mais comuns em mulheres do que em homens, sendo exposição a hormônios femininos e elevado IMC, fatores de risco conhecidos. Radiação ionizante também é um fator de risco para meningiomas. Os meningiomas ocorrem predominantemente no cérebro, mas podem também ocorrer na medula espinhal, sendo considerados tumores extra-axiais. Eles são classificados em 3 difrentes graus de acordo com o subtipo histológico, o número de mitoses e a ausência ou presença de invasão cerebral. O gau I é a forma mais comum (80% dos casos) e indolente, o grau II ou meningioma atípico é associado com risco aumentado de recorrência e o grau III ou meningioma maligno é caracterizado por comportamento agressivo e maior risco de metástase. Os meningiomas de maior grau têm risco de malignização. Eles causam sintomas por compressão das estruturas adjacentes, e quando muito grandes, podem causar sintomas de hipertensão intracraniana. Alguns casos podem ter história de radioterapia prévia. Na neuroimagem, eles são lesões que captam contraste homogeneamente, localizados no compartimento extra-axial e se originando da dura-máter. Em média, meningiomas crescem 0.25 cm por ano. Imagem de RM coronal (A) e axial (B) em T1 pós-contraste mostrando uma massa originando-se da dura-máter e captando contraste de forma homogênea. Imagem coronal (C) em FLAIR mostrando uma quantidade moderada de edema ao redor. Quando há histórico de quantidade substancial de edema cerebral adjacente, uma interface indistinta entre o tumor e o cérebro, captação heterogênea de contraste, história prévia de radioterapia ou crescimento rápido do tumor, levanta-se a suspeita de que o meningioma pode ser de alto grau (graus 2 e 3). No momento, não há parâmetros radiográficos confiáveis que sejam patognomônicos de um determinado grau de meningioma. Além disso, há outros tumores que podem mimetizar a aparência radiológica dos meningiomas, como metástases durais (mais frequentemente da mama e da próstata), tumores fibrosos solitários do SNC (anteriormente conhecidos como hemangiopericitomas), schwanomas, neurosarcoidose, histiocitose do SNC, linfoma dural e outros processos linfoproliferativos como paquimeningite hipertrófica relacionada à IgG4. Frequentemente é impossível distinguir esses mimetizadores do meningioma apenas pelos exames de imagem. O diagnóstico de certeza pode ser feito apenas pela anatomopatologia. O tratamento dos meningiomas varia desde observação clínica e radiológica, até tratamento multimodal com ressecção cirúrgica seguida por radioterapia. Vários fatores influenciam essa decisão, como idade do paciente, condições médicas comórbidas, manifestações clínicas, tamanho do tumor, localização, velocidade de crescimento, preocupação quanto a outras etiologias ou a possibilidade de meningiomas de alto grau (2 e 3), que tem maior risco de malignização. Para muitos pacientes com meningioma, apenas a observação clínica e o seguimento radiológico são suficientes. Isso é particularemente verdadeiro para pacientes assintomáticos (o tumor foi encontrado incidentalmente no exame de imagem realizado por outro motivo), quando o tumor é pequeno e não comprime estruturas adjacentes e quando não há sinais radiológicos sugestivos de meningioma de graus mais altos (2 e 3). A frequência dos controles radiológicos inicialmente é maior e, caso o tumor esteja estável, pode ir sendo gradualmente espaçada. Tumores próximos a estruturas importantes, como os seios venosos durais, a via óptica ou à glândula hipófise necessitam monitoramento clínico e radiológico mais frequente, além de exames complementares específicos, como angioressonância venosa, campimetria e avaliação hormonal, respectivamente. A resseccão cirúrgica têm benefícios diagnósticos e terapêuticos. Ela pode confirmar que realmente se trata de um meningioma, definir seu grau histológico e avaliação por mutações (análise molecular), essa última ainda sem utilidade clínica, mas importante para o recrutamento para estudos clínicos. Além disso, a cirurgia alivia os sintomas compressivos causados pelo tumor, potencialmente curando o paciente da doença. O tamanho do tumor, seu crescimento e a localização são os fatores mais importantes a serem considerados antes de indicar a cirurgia. A idade do paciente e as comorbidades médicas também são importantes. O objetivo da cirurgia é a resseção total do tumor, entretanto isso geralmente não é possível em meningiomas que invadem o seio sagital superior ou em vários locais da base do crânio. Meningiomas presumidamente de grau 1 CASE 3-1 A 52-year-old, otherwise healthy, right-handed woman presented with a focal motor seizure in her right arm, neck, and face. A few weeks before the episode, the patient noted decreased dexterity in her right hand. Following the seizure, the patientwas evaluated, and examination showed mild right upper extremity weakness, and MRI of the brain with contrast showed a homogeneously enhancing dural-based mass (FIGURES 3-1A and 3-1B, coronal and axial sections, respectively). A moderate amount of surrounding edema was noted on the fluid-attenuated inversion recovery (FLAIR) sequence (FIGURE 3-1C). A radiographic diagnosis of meningioma was made. Given the size of the lesion as well as tumor-related epilepsy, the patient was referred for surgery. She underwent gross total resection of the tumor, and pathology was atypical meningioma (World Health Organization grade II). She received postoperative, fractionated radiation therapy to 60Gy using an involved field approach. COMMENT This case exemplifies a common scenariowith the diagnosis ofmeningioma: a middle-aged woman presenting with a symptomatic, dural-based enhancing lesion. The peritumoral edema was an unusual feature of the case. This degree of brain swelling can be observed with meningiomas of higher grade (II and III) and occasionally with grade I tumors (secretory meningioma). The pathology in this case confirmed a grade II meningioma. Given increased mitotic activity, despite gross total resection, the patient received postoperative radiation therapy. The role of close clinical and radiographic follow-up versus postoperative radiation for gross total resection of grade II meningiomas is currently being investigated in a randomized clinical trial.17 FIGURE 3-1 Imaging from the patient with meningioma in CASE 3-1. Coronal (A) and axial (B) postcontrast T1-weighted MRIs show a homogeneously enhancing dural-based mass. A moderate amount of surrounding edema is seen on the coronal fluid-attenuated inversion recovery (FLAIR) MRI (C). NONMALIGNANT BRAIN TUMORS 1500 DECEMBER 2020 Copyright © American Academy of Neurology. Unauthorized reproduction of this article is prohibited. também podem ser tratados com radiocirurgia estereotáxica, que oferece excelente controle de longo prazo para esses meningiomas. A radiocirurgia não é capaz de diminuir o tumor, mas para seu crescimento. Portanto, deve ser indicada para tumores pequenos e assintomáticos. Entretanto, o benefício da radiocirurgia estereotáxica diminui à medida que aumenta o grau do meningioma. Para os meningiomas grau 3, recomenda-se radioterapia após a ressecção cirúrgica, devido ao alto índice de recorrência. Nos meningiomas grau 2, a taxa de recorrência é de cerca de 50%, e a decisão por observar ou irradiar ainda é controversa e aguarda o resultado dos estudos clinicos randomizados comparativos. Adenomas de Hipófise Outro tumor benigno que merece atenção é o adenoma de hipófise, pela frequência em que é encontrado. Ele é o tumor mais comum da região selar (sela túrcica), sendo responsável por 10% de todos os tumores intracranianos. Vários outros tumores também podem crescer nesta região, necessitando portanto um criterioso diagnóstico diferencial. Entre essas possibilidades, temos lesões não malignas (meningioma, craniofaringioma, hiperplasia de pituitária), lesões císticas (cistos aracnóides, cistos dermóides, cistos da fenda de Rathke), lesões malignas (tumores de células germinativas, sarcomas, cordomas, carcinomas de hipófise, metástases) e lesões vasculares, inflamatórias ou infecciosas (hemorragia pituitária, fístulas arteriovenosas, abcessos e hipofisite linfocítica). A exemplo dos meningiomas, muitos dos adenomas de hipófise são encontrados incidentalmente em exames de imagem realizados por outro motivo. Embora esses tumores sejam geralmente esporádicos, em uma parcela significativa (40%) dos pacientes, encontra-se uma mutação no gene GS alfa, que apresenta importante papel, tanto na proliferação celular do tumor, como na secreção hormonal. Outras mutações também tem sido descritas em grupos mais restritos de pacientes. A mutação AIP está associada com adenoma pituitário familiar, frequentemente diagnosticado em adolescentes e adultos jovens e a mutação MEN1 é específica para pacientes com neoplasia endócrina múltipla tipo 1 (hiperplasia ou adenoma de paratireoide, tumores de células da ilhotas pancreáticas e adenomas hipofisários). Os adenomas pituitários menores que 10 mm são chamados de microadenomas e os maiores que 10 mm são chamados de macroadenomas. Os sintomas podem se dar por compressão de estruturas adjacentes, por efeito massa (geralmente nos adenomas não secretores), ou pela secreção hormonal gerando sintomas endócrinos (nos adenomas secretores). Cerca de 1/3 dos adenomas de hipófise são não-secretores. O sintoma compressivo mais comum é a hemianopsia bitemporal por compressão do quiasma óptico, que pode levar à cegueira caso não seja tratado. A compressão da hipófise pode levar à diminuição da secreção de ACTH, TSH, LH, FSH, prolactina, GH e hormônio estimulador dos melanócitos, isoladamente ou em combinação. A compressão da haste pituitária pode levar à alteração dos mecanismos de feedback negativo da secreção de prolactina do hipotálamo para a hipófise, com excesso de secreção de prolactina (efeito haste). Entretanto, os níveis de prolactina elevados pelo efeito haste são tipicamente menores que os observados nos prolactinomas funcionantes. Os adenomas de hipófise funcionantes secretam hormônios relacionados às suas células de origem. Aproximadamente metade deles são prolactinomas. Isso gera galactorreia, tanto em homens como em mulheres, e ginecomastia em homens, atrofia das mamas em mulheres, diminuição da libido e infetilidade em ambos, oligomenorreia ou amenorreia nas mulheres, disfunção erétil nos homens, osteoporose e alopécia. O segundo adenoma funcionante mais comum é o secretor de hormônio do crescimento. Em adultos se manifesta com acromegalia, com crescimento exagerado do nariz, orelhas e queixos, assim como aumento do tamanho das mãos e pés. Nas crianças pode haver gigantismo. Adenomas menos comuns secretam ACTH (síndrome de Cushing com ganho de peso, redistribuição da gordura corporal, com face em lua cheia e córcova de búfalo) e LH e FSH (geralmente assintomáticos). A investigação dos pacientes com suspeita de adenoma pituitário pode ser vista abaixo: - Ressonância magnética da sela túrcica - Campimetria visual computadorizada e avaliação oftalmológica - Estudos hormonais (TSH, prolactina, GH, IGF-1, ACTH, FSH, LH) - Consulta neurocirúrgica quando apropriada - Consulta endocrinológica quando apropriada O tratamento dos adenomas de pituitária pode incluir medicamentos, cirurgia e radioterapia. O tratamento com medicamentos é reservado para os pacientes com adenomas secretores, embora a eficácia varie bastante. Os prolactinomas podem ser controlados com agonistas dopaminérgicos, especificamente cabergolina e bromocriptina, especialmente em tumores pequenos que não causam compressão de estruturas adjacentes, como as vias ópticas. Os agonistas dopaminérgicos inibem a proliferação celular e a secreção de prolactina, levando à diminuição do tamanho do tumor e à melhora endocrinológica. A cabergolina é mais efetiva e melhor tolerada que a bromocriptina. Uma complicação do uso crônico dessas drogas é a insuficiência da válvula tricúspide. Pacientes que são tratados por mais de 2 anos e que têm normalização da prolactina sérica e resolução do tumor na RM, podem ser considerados para retirada do medicamento. Em pacientes com adenomas produtores de hormônio do crescimento, o tratamento medicamentoso é limitado, e cirurgia é o tratamento inicial de escolha. Em casos selecionados, os análogos da somatostatina podem ser úteis. Tanto o octreotide como o lanreotide têm uma alta afinidade pelos receptores da somatostatina nas células somatotrópicas, e podem induzir remissão hormonal, podendo reduzir o tamanho tumoral e a mortalidade e morbidade associada com a acromegalia. Em pacientes que não respondem aos análogos da somatostatina, o pegvisomant, um antagonista dos receptores do hormônio do crescimento, pode ser útil. Ele pode ser usado em monoterapia ou em associação com análagos da somatostatina. Além disso, a cabergolina pode ser útil em alguns pacientes, especialmente quando os níveis de IGF-1 estão levemente elevados ou em pacientes com tumores que co-secretam prolactina. O tratamento da doença de Cushing inclui tratamento medicamentoso inicial até que o tratamento definitivo com cirurgia e radioterapia tenham sido possíveis. Há duas drogas aprovadas pelo FDA para controlar o hipercortisolismo associado com a doença de Cushing, a mifepristona e o pasireotide. Esses medicamentos são utilizados nos pacientes que não podem ser submetidos à cirurgia ou naqueles em que a cirurgia não foicurativa. As indicações típicas para cirurgia em pacientes com adenomas de hipófise não- funcionantes incluem perda visual progressiva pela compressão do quiasma óptico, hipopituritarismo progressivo, sinais e sintomas de compressão do seio cavernoso e cefaleias intratáveis que podem ser relacionadas com o tumor. A cirurgia também pode ser indicada em tumores secretores, particularmente aqueles que não respondem ao tratamento hormonal ou apresentam efeitos adversos intoleráveis. A cirurgia é sempre o tratamento de escolha para os tumores secretores de hormônio do crescimento e para os pacientes com doença de Cushing que tenham tumores secretores de ACTH. A abordagem de escolha é pelo nariz, com a técnica transesfenoidal minimamente invasiva. Uma pequena parcela dos pacientes (5%) precisa ser submetido à craniotomia. Imagem coronal de RM em T1 pós-contraste (A) e após remoção cirúrgica (B) do tumor. Note que a imagem pré-operatória demonstrou uma lesão hipocaptante no lado esquerdo (seta) na sela e que o tumor estava tocando o quiasma óptico. A radioterapia é utilizada para pacientes com tumores não-secretores recorrentes, que não são candidatos a nova operação, ou em pacientes com tumores irresecáveis. Tanto a radiocirurgia estereotáxica (tumores < 3 cm e distantes do quiasma e nervo ópticos) como a radioterapia fracionada, podem ser utilizadas. Os medicamentos utilizados para o controle dos tumores secretores devem ser interrompidos antes da radioterapia, pois podem diminuir a eficácia da mesma. O crescimento dos tumores geralmente é interrompido imediatamente após a radiação, entretanto a secreção hormonal pode levar mais tempo para ser normalizada, variando de 9 meses à vários anos. A radiação na glândula hipófise leva à hipopituitarismo crônico em 70% dos pacientes após 10 anos, necessitando conversa com os pacientes da necessidade de acompanhamento e reposição hormonal para o resto da vida. Outras complicações raras da terapia por radiação incluem malignidades secundárias (meningioma, sarcoma, gliomas infiltrativos) e complicações cerebrovasculares. Gliomas Infiltrativos Dos tumores primários malignos, os gliomas infiltrativos são os mais comuns. Eles mais frequentemente se apresentam com sinais e sintomas de lesões em massa. A natureza dos sintomas varia de acordo com a localização, o tamanho e a taxa de crescimento, o grau de edema cerebral associado, o grau de hipertensão intracraniana resultante e se crises epilépticas estão presentes. Em geral, tumores de menor grau de malignidade e crescimento mais lento se apresentam com sintomas gradualmente progressivos e eventualmente com crises epilépticas. Os tumores de alto grau de malignidade e crescimento mais rápido podem se apresentar mais agudamente. Quando há suspeita diagnóstica, o exame de escolha é a ressonância magnética com contraste, exame muito mais sensível para detecção de gliomas e outros tumores primários e metástaticos do SNC do que a tomografia computadorizada. Portanto, a TC de crânio isoladamente não é suficiente para descartar um tumor cerebral. Alguns tumores não tem imagem característica, portanto sempre se deve ter em mente alguns diagnósticos diferenciais, como esclerose múlitpla tumefativa, linfoma primário do SNC, abscesso e AVC. Um dos maiores desafios dos médicos que avaliam pacientes com suspeita de gliomas é como abordar o paciente com uma RM anormal, particularmente se assintomático, mas que a apresentação clínica e a neuroimagem não são defitivos para o diagnóstico. Isso é particularmente verdadeiro em pacientes com gliomas de baixo grau. Nesses casos, o objetivo da avaliação diagnóstica adicional é encontrar evidência de algum diagnóstico CASE 3-2 A 67-year-old man presented with transient right upper extremity paresthesia. Neurologic examination was unremarkable. He underwent brain imaging with MRI, which demonstrated a left-sided nonenhancing lesion in the sella. The lesion contacted the inferior aspect of the optic chiasm (FIGURE 3-2). This radiographic finding was considered an incidental finding unrelated to the presenting right arm paresthesia. However, the patient underwent transsphenoidal endoscopic resection of the lesion, and pathology confirmed a pituitary adenoma, gonadotroph type (immunostains were negative for adrenocorticotropic hormone [ACTH], thyroid-stimulating hormone [TSH], prolactin, and luteinizing hormone, and positive for follicle-stimulating hormone). The patient did well after surgery with no radiographic evidence of residual tumor (FIGURE 3-2). No additional tumor-directed therapy was provided. COMMENT In this case, the patient’s asymptomatic pituitary adenoma was discovered incidentally during workup for transient ischemic attack. This is a common clinical scenario. The tumor met the criterion for macroadenoma (larger than 10 mm in diameter). Even though the patient did not have hormonally driven symptoms or a visual field deficit, he was referred for resection given the size of the tumor and its contact with the optic chiasm. Gross total resection was achieved, and no additional tumor-directed therapy was needed given the histologic diagnosis of pituitary adenoma, gonadotroph type. After surgery, the patient was monitored closely for pituitary dysfunction. FIGURE 3-2 Imaging of the patient with pituitary macroadenoma in CASE 3-2. Coronal postcontrast T1-weighted MRI before (A) and after (B) surgical removal of the tumor. Note that the preoperative image (A) demonstrated a left-sided hypoenhancing lesion (arrow) in the sella and that the tumor was contacting the optic chiasm. NONMALIGNANT BRAIN TUMORS 1508 DECEMBER 2020 Copyright © American Academy of Neurology. Unauthorized reproduction of this article is prohibited. alternativo ao tumor, principalmente que não necessite intervenção cirúrgica. Entretanto, cuidado deve ser tomado para não retardar uma intervenção em pacientes com tumores aparentemente de alto grau. Nesses pacientes, os benefícios de se chegar a um diagnóstico patológico definitivo de forma rápida superam os riscos. Portanto, uma das decisões-chave na avaliação de um paciente com um possível glioma é se a biópsia está indicada imediatamente ou se o paciente deve ser observado e acompanhado clinica e radiologicamente para melhor refinar o diagnóstico diferencial antes de indicar uma biópsia. O uso de corticosteróides também deve ser evitado quando possível, principalmente quando linfoma primário do SNC ou processos infecciosos estão sendo considerados no diagnóstico diferencial, por atrapalhar na interpretação da biópsia no caso do linfoma e por piorar a evolução da doença no caso das infecções. A abordagem desses tumores foi modificada pela nova classificação da OMS para os tumores cerebrais, publicada em 2016. Essa classificação incorpora aspectos histológicos e moleculares para definir qual é o tipo de glioma infiltrativo em questão. Para isso é importante conhecer o tipo de mutação da isocitrato desidrogenase (IDH), os genes de histonas e o rearranjo cromossômico 1p/19q (perda de ambos os braços cromossômicos 1 p e 19q, por meio de uma translocação balanceada), todas obtidas através da amostra de biópsia de fragmentos do tumor e analisadas por métodos imunohistoquímicos ou sequenciamento genético. Com isso é possível categorizar os gliomas infiltrativos em 4 grandes grupos: 1. Astrocitomas com IDH selvagem (sem mutação IDH): astrocitomas difusos (graus 2 e 3) e glioblastomas multiformes (grau 4). Outras mutações podem ser encontradas como ERFR, NF1, TP53, PTEN, TERT, CDKN2, etc. Geralmente ocorrem em adultos mais velhos (média de 55 a 60 anos) e predominam no compartimento supratentorial. A história natural desses tumores é similar e assemelha-se ao curso clínico dos glioblastomas tradicionais. Eles apresentam atipias nucleares (astrocitomas grau 2), anaplasia focal e mitoses (astrocitomagrau 3) e todos os anteriores + proliferação microvascular e necrose (glioblastoma multiforme). Eles têm comportamento clínico agressivo, com sobrevida média de 15 a 23 meses. Esses tumores sem mutação IDH são vistos como uma entidade tumoral unificada, que se beneficia de uma abordagem terapêutica multimodal, incluindo ressecção cirúrgica, seguida por radioterapia e quimioterapia com temozolomida, seguida por um ciclo de radioterapia pós-temozolomida. A maior quantidade possível de tumor captante de contraste deve ser ressecada na cirurgia. Estudos mostram que pelo menos 95% do tumor captante deve ser ressecado para se ter benefício na sobrevida. A radioterapia é feita em mútiplas frações de 2 Gy, com dose total de 60 Gy (30 sessões). Tumores com sileciamento da via de metilação do gene promotor da enzima de reparo do DNA, a MGMT (metil-guanina-metil-transferase) têm ainda maior benefício da utilização da temozolomida, especialmente se combinados com outros fatores de melhor prognóstico, como idade mais jovem, melhor status pré- cirurgico de Karnofski e maior quantidade de tumor ressecado cirurgicamente). Em pacientes com mais de 60 anos com glioblatostoma que têm metilação MGMT, o uso de temozolomida sem radioterapia pode inclusive ser o tratamento inicial. Ainda há dúvidas do número de ciclos de temozolomida utilizados, com a maioria dos centros utilizando seis. O esquema mais utilizado de temozolomida inclui 75 mg/m2 ao dia durante as 6 semanas de radioterapia, seguidos de 150 mg/m2 ao dia nos primeiros 5 dias do primeiro ciclo adjuvante de 28 dias após a radioterapia e 200 mg/m2 ao dia nos primeiros 5 dias dos ciclos 2 a 6 de 28 dias. Os principais efeitos adversos da temozolomida incluem fadiga, náuseas, constipação, supressão da medula óssea, principalmente linfopenia e trombocitopenia. Os pacientes com metilação da MGMT se beneficiam da adição de nitrosuréia (CCNU). A utilização de campos elétricos de baixa voltagem e moderada frequência (200 kHz) entregues por eletrodos posicionados no escalpo prolongam a sobrevida e a sobrevida livre de progressão, quando adicionada à quimioterapia padrão. Esse tratamento inovador conhecido como TTF (tumor-treating-fields) foi aprovado pelo FDA em 2015 para o glioblastoma. O racional é que o estímulo elétrico inibe a replicação e mitose das células neoplásicas. RM em FLAIR (A) e T1 pós-contraste (B) mostrando uma lesão em massa não-cap- tante no lobo temporal medial esquerdo. FLAIR (C) e T1-pós-contraste (D) mostram recorrência agressiva aproximadamente 2 anos após o tratamento inicial com radio e quimioterapia com temozolomida. Apesar de ter aspecto inicial de astrocitoma, a ausência de mutação IDH e a presença de mutações EGFR, TERT e outras são geral mente associadas com prognóstico semelhante ao do glioblastoma. Apesar de todas as modalidades terapêuticas, todos os pacientes com glioblastoma vão apresentar recorrência em algum momento. Nenhum tratamento têm mostrado melhora da sobrevida nos pacientes com doença recorrente. O agente anti- angiogênico bevacizumabe, um anticorpo monoclonal contra o fator de crescimento do endotélio vascular, mostra ótima resposta radiológica, com diminuição do tumor e melhora da sobrevida livre de progressão da doença em 3 a 5 meses, mas não há benefício sobre a mortalidade. De qualquer modo, a melhora na qualidade de vida motivou sua aprovação pelo FDA em 2019 para tratamento dos pacientes com glioblastoma multiforme recorrente. 2. Astrocitomas com mutação IDH: astrocitomas difusos (grau 2 e 3). Mutações em exclusive within a particular tumor.20 BRAF fusions are seen most commonly in pilocytic astrocytomas but can also occur rarely in infiltrating gliomas. BRAF mutations exist in a variety of glioma histologies including pleomorphic xanthoastrocytoma, anaplastic pleomorphic xanthoastrocytoma, ganglioglioma, and rarely in lower-grade infiltrating astrocytoma and glioblastoma. Epithelioid glioblastoma is recognized as a distinct glioblastoma subtype in the 2016 WHO classification, is seen predominantly in children and young adults, and has a FIGURE 1-2 Imaging of the patient in CASE 1-2. Axial fluid-attenuated inversion recovery (FLAIR) (A) and postcontrast T1-weighted (B) brain MRI demonstrates a nonenhancing mass in the medial left temporal lobe at diagnosis. FLAIR (C) and postcontrast T1-weighted (D) images show aggressive recurrence approximately 2 years after initial treatment with radiation and temozolomide. CONTINUUMJOURNAL.COM 1461 Copyright © American Academy of Neurology. Unauthorized reproduction of this article is prohibited. outros genes como ATRX ou TP52 também podem ocorrer. Geralmente ocorrem em adultos jovens (média de 35 a 40 anos) e predominam no compartimento supratentorial, principalmente no lobo frontal. Tem prognóstico melhor que os astrocitomas com IDH selvagem. Apresentam crescimento lento com curso ao longo de vários anos, com sobrevida média de 31 a 112 meses. São tumores intermediários, entre os de baixo grau e o glioblastoma multiforme. Esses tumores tem crescimento mais lento que os do tipo selvagem, mas os dados de como melhor tratá-los não são disponíveis. Até o momento, nenhum estudo clínico prospectivo incorporando os sistemas de classificação atuais foi publicado. A tendência atual é de tratamento cirurgico precoce. Em pacientes com < 40 anos que submeteram-se à ressecção completa de um astrocitoma grau 2, apenas observação é recomendada, a exemplo do que se faz nos oligodendrogliomas. Nos demais casos, recomeda-se ressecção máxima possível, tanto da massa captante como da não captante de contraste, seguida por radioterapia com dose total de 50.4 Gy em 28 frações, além de quimioterapia. Nos astrocitomas grau 3, radioterapia com dose total de 59.4 Gy em 28 frações junto com temozolomida, seguida por temozolomida adjuvante é o regime frequentemente mais usado, mas a melhor evidência de estudos prospectivos randomizados apóia o uso de procarbazina, CCNU e vincristina (esquema PCV) como quimioterapia. Glioblastomas com mutação IDH são raros e representam apenas 5-10% dos glioblastomas multiformes. Eles geralmente são os glioblastomas que se originam de astrocitomas de menor grau (2 ou 3), sendo chamados de glioblastomas secundários. Embora eles sejam tratados como os demais glioblastomas, o prognóstico desses tumores é bem melhor, com sobrevida média passando de 2 anos. RM em FLAIR (A) e T1 pós-contraste (B) mostrando uma massa não-captante the histone 3 protein. An example of a midline glioma for which H3K27 testing confirmed the diagnosis of diffuse midline glioma, H3K27M-mutant is shown in CASE 1-3. Other rarer histone mutations are also seen but fall outside this narrower diagnostic entity. DIFFUSEASTROCYTOMAS, IDH-WILDTYPE, CHROMOSOME 1P/19Q-INTACTOFVARIABLE GRADES WITH BRAF GENE ALTERATIONS. This group of tumors can have variable histologic findings, with some indistinguishable from more typical IDH-mutant FIGURE 1-1 Imaging of the patient in CASE 1-1. Axial fluid-attenuated inversion recovery (FLAIR) (A) and postcontrast T1-weighted (B) brain MRI demonstrates a nonenhancing mass in the left lateral frontoparietal region at diagnosis. FLAIR (C) and postcontrast T1-weighted (D) images 8 years after diagnosis show a resection cavity with no evidence of progression since the initial treatment. CONTINUUMJOURNAL.COM 1459 Copyright © American Academy of Neurology. Unauthorized reproduction of this article is prohibited. na região frontoparietal lateral esquerda e FLAIR (C) e T1 pós-contraste (D) 8 anos após o diagnóstico mostrando a cavidade de ressecção sem evidência de recorrência. 3. Astrocitomas com mutação IDH e codeleção 1p/19q: oligodendrogliomas(graus 2 e 3). Geralmente ocorrem em adultos jovens e predominam no compartimento supratentorial. Mutações em outros genes como CIC e FUBP1 também podem ocorrer nesse grupo. São tipicamente associados com prognóstico favorável, quando comparados com astrocitomas IDH selvagens ou astrocitomas com mutação IDH e sem codeleção 1p/19q. Possuem sobrevida de 96 a 210 meses. Esses tumores apresentam melhor resposta clínica e radiológica, além de maior sobrevida livre de progressão. O tratamento inclui ressecção cirúrgica máxima. Em pacientes com < 40 anos que tenham se submetido à ressecção completa de um oligodendroglioma grau 2, apenas observação pós-operatória é recomendada. Em contraste, tratamento com radioterapia e/ou quimioterapia é tipicamente recomendado para os pacientes de alto risco, caracterizados pela presença de tumor radiologicamente residual ou pela idade > 40 anos. Ainda há muito debate se apenas radioterapia, apenas quimioterapia ou uma combinação delas deve ser usada após a cirurgia, sendo essa última abordagem (combinação de radio e quimio) a terapia apoiada pelos últimos dados da literatura. O regime ótimo de quimioterapia utilizado nesses pacientes permanece incerto, com PVC, PC (omitindo a vincristina que está associada com neuropatia periférica) ou temozolomida, sendo as principais alternativas. Aguardam-se os estudos em andamento que estão tentando definir o melhor esquema (Estudo CODEL). RM em FLAIR mostrando um oligodendroglioma frontal 4. Gliomas de linha média com mutação H3K27M: Um subgrupo de gliomas infiltrativos possui mutações dos genes da proteína histona-3, mais frequentemente a mutação H3K27M. Esses tumores tipicamente ocorrem na linha média, e são mais frequentemente encontrados em crianças e adultos jovens, geralmente na ponte. Eles compreendem uma gama de entidades, incluindo gliomas pontinos. Geralmente são altamente infiltrativos e têm prognóstico ruim. Em adultos, eles são mais frequentemente presentes no tálamo e na medula espinhal, onde eles parecem seguir um curso menos agressivo que seus equivalentes pediátricos. A sobrevida média é de 12 meses, mas em adultos a sobrevida pode ser maior. Atualmente, não há um tratamento ótimo definido, com protocolos similares aos do glioblastoma sendo os mais utilizados. RM em FLAIR (A) e T1 pós-contraste (B) mostrando uma lesão em massa não captante e relativamente bem delimitada, envolvendo o hipotálamo e os núcleos da base bilateralmete. Uma RM de controle após 2.5 anos do tratamento inicial com radioterapia e temozolomida (C) mostra recorrência agressiva na linha média e superiormente no lobo frontal direito. Esse paciente tinha inicialmente uma lesão com aspecto relativamente benigno, entretanto, os achados moleculares de mutação H3K27M já indicavam que se tratava de um glioma agressivo de linha média. Esquema de classificação diagnóstica para os gliomas infiltrativos (OMS – 2016). Ependimomas Os tumores ependimais são neoplasias gliais que são distintas dos gliomas difusos, e podem se apresentam tanto em crianças como em adultos. Eles se originam das células ependimárias de revestimento dos ventrículos ou de seus precursores gliais radiais. Eles têm diferentes histologias, incluindo ependimoma, subependimoma e ependimoma mixopapilar, que são associados com características clínicas, radiológicas e moleculares diferentes. Os subependimomas são tumores de grau I, mais comumente localizados no quarto ventrículo, mas podem ocorrer em outros locais, têm crescimento lento e geralmente são encontrados incidentalmente em pacientes realizando neuroimagem por outros motivos. Quando sintomáticos, geralmente geram hidrocefalia obstrutiva com hipertensão intracraniana. Quando incidentais e assintomáticos, podem ser apenas acompanhados, sem nenhuma intervenção neurocirúrgica. Quando sintomáticos está indicada a ressecção, com radioterapia indicada apenas em casos raros de recorrência targets. These include FGFR gene fusions,22 NTRK gene fusions, microsatellite instability–high, and ROS1 gene fusions. In the case of NTRK fusions and microsatellite instability–high tumors, the US Food and Drug Administration (FDA) has approved targeted and immunotherapy agents, respectively, where the drug approval is “tissue agnostic.” Thus, testing for these rare alterations can be important to identify those patients for whom these targeted or immunotherapies may be appropriate in addition to or instead of standard therapies in selected situations. EPENDYMALTUMORS.Ependymal tumors are glial neoplasms that are distinct from the diffuse gliomas and can present in both childhood and adulthood.6 In contrast to the diffuse gliomas, this group of tumors is thought to arise from the ependymal lining of the ventricular cavities or from radial glia precursors in these regions.23 Ependymal tumors comprise different histologies including FIGURE 1-3 Imaging of the patient in CASE 1-3. Axial fluid-attenuated inversion recovery (FLAIR) (A) and postcontrast T1-weighted (B) brain MRIs demonstrate a relatively well-circumscribed, nonenhancing mass involving the hypothalamus and inferior basal ganglia bilaterally. A repeat brain postcontrast T1-weighted sequence (C) approximately 2.5 years after initial treatment with radiation and temozolomide shows aggressive recurrence in the midline and anteriorly and superiorly in the frontal lobe on the right. CONTINUUMJOURNAL.COM 1463 Copyright © American Academy of Neurology. Unauthorized reproduction of this article is prohibited. these patients are lacking. To date, no prospective clinical trials incorporating current classification systems have been com- pleted. In patients younger than 40 years who have undergone a complete resection of a grade 2 tumor, observation is recom- mended, similar to oligodendrogliomas. In all others, most evi- dence suggests maximal safe resection followed by RT and chemotherapy.38 In grade 3 tumors, RT with concurrent temozolomide followed by adjuvant temozolomide is a fre- quently used regimen, but the best prospective, randomized evidence supports the use of procarbazine/CCNU/vincristine (PCV). The ongoingCATNON(NCT00626990) international cooperative group study is attempting to answer the questions regarding the optimal management of this patient population. GBM with an IDH mutation is rare and represents only 5%–10% of GBM. This is what had been referred to as sec- ondary GBM tumors that have arisen from a lower grade gli- oma. Although we treat these the same as “traditional” GBM, outcomes are notably better and median survival is in excess of 2 years. Specific novel therapeutics including IDH inhibitors, IDH targeting vaccine, and eflornithine are under investigation for these tumors. Oligodendrogliomas Oligodendrogliomas (figure 1E), characterized by IDH muta- tions and 1p19q codeletion, are typically associated with a favorable prognosis when compared with IDHwt and IDH- mutant astrocytomas and have long been known to be treat- ment responsive with radiographic responses and prolonged progression-free survival being frequently observed. Treatment includes maximum feasible surgical resection. In patients younger than 40 years who have undergone a complete re- section of grade 2 tumor, observation is recommended. In contrast, treatment with RT and/or chemotherapy is typically recommended for “high-risk” patients characterized by the presence of radiographically residual tumor or age >40 years. There continues to be debate regarding whether RT alone, chemotherapy alone, or the combination should be used. Re- cently, mature data from long-term therapeutic trials support the combination of RT and chemotherapy in high-risk patients.39,40 The optimal chemotherapy regimen for these patients remains unknown with PCV, PC (omitting the vin- cristine which is associated with peripheral neuropathy), or temozolomide viewed as legitimateoptions. The ongoing CODEL (NCT00887146) trial is comparing RT+PCV vs RT with concurrent temozolomide followed by additional temo- zolomide cycles. Results are eagerly awaited. Histone-mutated astrocytomas (diffuse midline gliomas) A subset of infiltrating gliomas harbor mutations of histone genes, most frequently H3K27M. These tumors typically occur in midline locations and are more often found in the pediatric and young adult patients.41 They encompass a range of entities including diffuse intrinsic pontine gliomas. In adults, they are more often present in the thalamus and spinal cord where they appear to follow a less aggressive course than their pediatric equivalents. Currently, there is no clear guidance on optimal management, and treatment paradigms similar to those for GBM are often used. CNS lymphomas Neoplasms of lymphoid cells have the potential to involve the CNS. These CNS lymphomas can be divided into 2 broad cat- egories: primary CNS lymphoma (PCNSL) and systemic lym- phoma with secondary CNS involvement. PCNSLs are rare primary CNS tumors, and secondary involvement of the CNS is an uncommon manifestation of systemic lymphomas.42 It is, however, important for the neurologist to have an understanding Figure 2 Diagnostic classification scheme for infiltrating gliomas 462 Neurology: Clinical Practice | Volume 10, Number 5 | October 2020 Neurology.org/CP Copyright © 2020 American Academy of Neurology. Unauthorized reproduction of this article is prohibited. ou impossibilidade de ressecção. Ependimomas mixopapilares também são tumores de grau I, mais comumente encontrados no cone medular ou na cauda equina. Ressecção cirúrgica é o tratamento primário e radioterapia é reservada para os casos que não podem ser completamente ressecados ou que recidivam após a retirada. Os ependimomas são tumores de grau II e III que tem como característica histopatológica a formação de pseudo-rosetas (ver figura abaixo). Pseudo-roseta perivascular (seta) típica de ependimomas. A exemplo dos gliomas, os ependimomas também tem marcadores moleculares de importância clínica. A variante RELA-C11orf95 fusion é vista em uma alta porcentagem de ependimomas supratentoriais. O tratamento é baseado em máxima ressecção. Estadiamento do neuroeixo com RM e citologia liquórica é preferida antes da cirurgia, mas pode ser realizada depois, quando o diagnóstico é feito somente após o exame histológico. Radioterapia adjuvante é indicada para todos os pacientes com ependimoma grau III, para os pacientes com ependimoma grau II não totalmente ressecados e para os ependimomas grau II de fossa posterior, mesmo que completamente ressecados. O que são linfomas do sistema nervoso central? Neoplasias de células linfóides tem o potencial de envolver o SNC. Esses linfomas podem ser divididos em duas categorias distintas: linfoma primário do SNC e linfoma sistêmico com envolvimento secundário do SNC. São responsáveis por cerca de 4% dos tumores cerebrais. Embora eles não sejam muito comuns, é importante conhecer essas doenças, já que elas geralmente entram no diagnóstico diferencial dos tumores cerebrais, e o tratamento precoce pode afetar o prognóstico dessa neoplasia agressiva, porém potencialmente curável. Os déficits neurológicos se desenvolvem ao longo de semanas a meses e dependem do local acometido. Sintomas neuropsiquiátricos ocorrem em metade dos pacientes e sintomas focais ocorrem em 50-70% dos pacientes. Sinais de hipertensão intracraniana podem ocorrer em 1/3 dos casos. Apesar do envolvimento ocular ser frequente (25%), sintomas visuais são raros (4%). Como o linfoma ocular pode se assemelhar clinicamente à uveite, não é incomum que o diagnóstico seja tardio, quando há apenas sintomas oculares. Ao contrário dos linfomas extra-neurais, os sintomas sistêmicos (febre, sudorese noturna e perda de peso) são raros no linfoma primário do SNC. A dica mais importante é que, na suspeita de um linfoma do SNC, é necessário evitar o uso de corticosteróides, pois eles podem reduzir o tumor e alterar o aspecto histológico, dificultando o diagnóstico precoce. Portanto, o diagnóstico necessita um elevado índice ependymoma, subependymoma, and myxopapillary ependymoma that are associated with different clinical, radiographic, molecular, and grading features. Subependymomas are grade I tumors,most commonly located in the lining of the fourth ventricle, but they can be found elsewhere. These are slow-growing tumors that are often diagnosed as an incidental finding but when symptomatic are often associated with CSF obstruction and increased intracranial pressure. Subependymomas that are incidental, asymptomatic, or not clearly progressing might be observed without intervention. When symptomatic, the primary treatment is usually resection alone, with radiation used only in rare cases of multiply recurrent or unresectable and progressive subependymoma. Myxopapillary ependymomas are also WHO grade I tumors, most commonly found in the conus medullaris and cauda equina regions of the spine. Resection is the primary treatment, with radiation reserved for incomplete resection or tumors that progress after maximal resection. Rarely, myxopapillary ependymomas can behave much more aggressively than the grade I histology would suggest, with cases of CSF dissemination or invasion of adjacent bony structures. Ependymomas are either grade II or grade III (anaplastic ependymoma) with grading based on histologic findings. The histopathologic hallmark of ependymoma is the perivascular pseudorosette (FIGURE 1-4). As in diffuse gliomas, recent advances in themolecular understanding of ependymomas have led to the identification of distinctmolecular subtypes. An important subtype is the RELA-C11orf95 fusion variant observed in a high percentage of supratentorial ependymomas,23,24 which led to the inclusion of ependymoma, RELA fusion–positive as a distinct diagnostic category in the 2016 revised WHO classification.9,23,24 There are two subtypes of posterior fossa ependymoma (group A and group B) based on gene expression and epigenetic profiling.25 Negative prognostic factors for ependymoma include intracranial (versus spinal) location, younger age, male sex, higher grade, and incomplete resection.23 In terms of treatment, maximal safe resection is the primary initial treatment for ependymoma. Staging of the neuraxis with contrast-enhanced MRI of both brain and spine and CSF cytology before surgery is preferredwhen ependymoma is suspected preoperatively, but staging can also be performed after a histologic diagnosis is made. Adjuvant radiation after surgery is generally part of treatment for all grade III ependymomas and incompletely resected grade II ependymomas.26 In addition, one retrospective series indicated that, even with complete resection, posterior fossa grade II ependymomas have a higher recurrence rate without adjuvant radiation.27 The role for adjuvant radiation for completely resected supratentorial ependymoma is a topic of debate. DIFFUSE GLIOMA TREATMENT Several treatment modalities including surgical resection, radiation, chemotherapy, and FIGURE 1-4 A perivascular pseudorosette (arrow) characteristic of ependymoma. Image courtesy of Cheryl Ann Palmer, MD. ADULT GLIOMAS 1464 DECEMBER 2020 Copyright © American Academy of Neurology. Unauthorized reproduction of this article is prohibited. de suspeita por parte do médico. A aparência radiográfica tipicamente consiste em uma (60-70%) ou mais (30-40%) lesões isodensas ou hiperdensas na TC, e na RM são vistas lesões captantes de contraste em T1, isointensas ou hiperintensas em T2 e frequentemente com restrição à difusão. Geralmente não há muito edema ao redor das lesões. Os locais mais comuns são na substância branca periventricular, no corpo caloso e nos núcleos da base. Essas lesões podem diminuir rapidamente com o uso de corticosteróides, até mesmo com resolução completa, levando ao atraso diagnóstico. Portanto,é importante evitar o uso dessas drogas antes do diagnóstico e utilizar outros métodos para diminuir a pressão intracraniana. Imagem de RM axial em T1 pós-contraste (A) demonstra uma lesão única captando contraste homogenea- mente no lobo parietal esquerdo. A imagem em FLAIR (B) demonstra edema ao redor da lesão e a imagem em difusão (C) mostra a restrição à difusão. A biópsia do tumor é preferida à ressecção cirúrgica total, pois estudos prévios mostraram que a sobrevida foi pior no grupo de submeteu-se à ressecção total. Após a confirmação diagnóstica, os pacientes são submetidos ao estadiamento para avaliar o envolvimento extra-neurológico, presente em 4-7% dos pacientes. Isso geralmente envolve um PET de corpo inteiro, e quando indisponível, por TC de tórax, abdome e pelve associada com US de testículos em homens, além de uma avaliação oftalmológica com lâmpada de fenda para afastar envolvimento ocular. Outro exame que deve ser incluído no estadiamento é a biópsia de medula óssea. Estudos diagnósticos que influenciam o prognóstico incluem o LDH (desidrogenase lática) e o nível de proteína liquórica. Como o linfoma primário do sistema nervoso central é comum em pacientes imunossuprimidos, é importante solicitar um anti-HIV em todos os pacientes, já que o tratamento nesses pacientes é um pouco diferente dos pacientes imunocompetentes. Envolvimento leptomeníngeo ocorre em 20% dos pacientes e a punção lombar deve ser realizada em todos os pacientes que não tem efeito massa significativo. Pesquisa de células neoplásicas e citometria de fluxo do líquor podem confirmar a presença de células malignas no líquor. O tratamento do linfoma primário do SNC deve ser iniciado o mais rapidamente possível após o diagnóstico e consiste em uma fase de indução, seguida por uma fase de consolidação. A fase de indução consiste no uso de altas doses de metotrexato intravenoso (> 1.5 g m2). A maior preocupação nesta fase é a possibilidade de insuficiência renal, devido à cristalização do metrotrexato poder obstruir os túbulos renais. Esse risco é reduzido com hidratação vigorosa e alcalinização da urina. Pacientes com clearance de creatinina < 30 ml/min não devem receber o metotrexato. Outros efeitos colaterais dessa droga incluem náuseas, vômitos, diarreia, cefaleia, rash cutâneo, mucosite e mielossupressão. Toxicidade neurológica é menos comum, mas pode incluir To determine a definitive diagnosis of primary CNS lymphoma, a tissue sample should be collected, which often requires a brain biopsy. Corticosteroids are lymphotoxic and can result in a complete resolution of the lesion and, therefore, can obscure pathology results (CASE 2-2).8 This might lead to false-negative biopsy results, potentially delaying diagnosis and treatment. Corticosteroids should, therefore, be avoided until tissue has been obtained except in rare cases of life-threatening mass effect and edema. Those who receive corticosteroids should have biopsies within 24 to 48 hours of CASE 2-1 A 62-year-old woman worked as an English teacher when she started to notice naming difficulties. Over the ensuing 3 weeks, her ability to name objects worsened, and she started to mix up words, had trouble understanding, and was no longer able to write. Her family took her to an emergency department, where head CT showed a left-hemispheric lesion. Subsequent contrast-enhanced brain MRI showed a homogeneously enhancing deep left parietal lobe mass (FIGURE 2-1). COMMENT This case demonstrates typical primary central nervous system lymphoma imaging characteristics: a solitary lesion affecting the deep white matter, homogeneously enhancing (FIGURE 2-1A) and hyperintense on fluid- attenuated inversion recovery (FLAIR) sequencing (FIGURE 2-1B) with mild surrounding edema and diffusion-weighted imaging restriction (FIGURE 2-1C). FIGURE 2-1 Characteristic primary central nervous system lymphoma imaging pattern on MRI as demonstrated in the patient in CASE 2-1. A, Axial postcontrast T1-weighted image demonstrates a single, homogeneously enhancing, left parietal brain lesion. B, Fluid-attenuated inversion recovery (FLAIR) image demonstrates edema surrounding the lesion. C, Diffusion-weighted imaging sequence demonstrates restricted diffusion within the left parietal lobe lesion. CENTRAL NERVOUS SYSTEM LYMPHOMAS 1478 DECEMBER 2020 Copyright © American Academy of Neurology. Unauthorized reproduction of this article is prohibited. encefalopatia posterior reversível e episódios que simulam AVC. Para prevenir toxicidade sistêmica e da medula óssea, recomenda-se uso concomitante de ácido folínico. A associação de rituximabe, um anticorpo monoclonal anti-CD20, têm mostrado melhores resultados de remissão e sobrevida. Está associado com reações infusionais e reativação de hepatite crônica. Ao contrário do que era feito anteriormente, não se recomenda mais o uso de metotrexato intratecal no regime de indução, pois os efeitos adversos são intoleráveis (leucoencefalopatia e neurotoxicidade), assim como não se recomenda mais a associação com irradiação cerebral total (alto índice de recorrência e disfunção cognitiva). O tratamento de consolidação inclui o uso de quimioterapia, radiação cerebral total e transplante autólogo de células tronco. Regimes de quimioterapia mieloablativa agressivas seguidos de quimioterapia em altas doses e transplante autólogo de medula óssea podem ser usados em pacientes jovens (< 65 anos) e com poucas comorbidades médicas. Devido ao elevado risco de recorrência nos primeiros 2 anos, todos os pacientes com linfoma primário do SNC devem ser monitorados periodicamente. Nos primeiros 2 anos após o tratamento, recomenda-se uma RM de crânio a cada 3 meses, e depois a cada 6 meses até completar 5 anos, quando os exames podem se tornar anuais. Líquor e RM de coluna somente estão recomendados nos pacientes com doença leptomeníngea ou espinhal. O prognóstico da recorrência é ruim, com sobrevida média de 4 meses. Várias estratégias de tratamento são utilizadas, incluindo irradiação cerebral total (quando não utilizada previamente), ibrutinibe isoladamente ou combinado com rituximabe e metotrexato, lenalidomida isolada ou combinada com rituximabe. De qualquer forma, as respostas são de curta duração. Quais as principais complicações neurológicas do tratamento do câncer? - Neuropatia periférica induzida pela quimioterapia: é a complicação neurológica mais comum do tratamento do câncer, causando grande morbidade e alteração da qualidade de vida. Sua incidência varia de 30-70%, podendo ter diferenças de manifestações clínicas e gravidade entre os pacientes. Os principais agentes quimioterápicos que causam neuropatia incluem os compostos de platina (cisplatina, oxaliplatina, carboplatina), os taxanos (paclitaxel e docetaxel), os alcalóides da vinca (vincristina, vinblastina), os inibidores do proteassoma (bortezomibe), agentes imunomodulatórios e antiangiogênicos (talidomida, lenalidomida) e os novos agentes antimicrotúbulo (eribulina, ixabepilona, brentuximabe vedotina, ado-trastuzumabe emtansina). A maioria das neuropatias é dose dependente. A neuropatia mais comum é a neuropatia sensitiva distal dolorosa simétrica, com parestesias dolorosas em mãos e pés, alodínia, hiperalgesia e disestesia. Envolvimento motor e autonômico (constipação, dor abdominal, hipotensão ortostática, síncope) é mais raro, mas pode ocorrer com alguns agentes, como os alcalóides de vinca. A oxaliplatina pode provocar reações infusionais agudas como parestesias periorais, assim como queimação da face e garganta. Ela caracteristicamente causa disestesias induzidas pelo frio, assim como dor facial súbita desencadeada por ar frio ou líquidos gelados. Além disso, os compostos de platina podem causar ototoxicidade com perda auditiva e zumbido em 20 a 40% dos pacientes. Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de neuropatia após quimioterapia incluem idade avançada, neuropatias pre-existentes
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