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Conceito O que é? Pode-se compreender controle da Administração Pública como a atribuição de vigilância, orientação e correção de certo órgão ou agente público sobre a atuação de outro ou de sua própria atuação, visando confirmá-la ou desfazê-la, conforme seja ou não legal, conveniente, oportuna e eficiente (Gasparini). Controlar a Administração é controlar os atos de seus agentes; é a faculdade de vigilância, orientação e correção que um Poder, órgão ou autoridade exerce sobre a conduta funcional de outro (Meirelles). Ou seja, os agentes públicos praticam atos administrativos, os quais precisam ser controlados por um órgão ou, até mesmo, por um outro Poder, porque pode acontecer do agente praticar algum ato ilegal. Atenção! Não controla a vida do agente público, não controla a pessoa do agente público, mas sim os atos praticados por ele, na condição de agente público. Nessa imagem é possível identificar que alguém está em uma posição hierarquicamente superior a um conjunto de agentes públicos. Esse é um poder hierárquico, se tem esse poder, então tem subordinação. Os verbos dessa relação são: ordenar, coordenar, controlar e corrigir. Ou seja, faz parte do poder hierárquico controlar os atos dos subordinados. Nem sempre é necessária a hierarquia para que haja controle. Existe o controle horizontal, feito pelos poderes. Classificação Quanto ao momento que se exerce o controle: 1. Prévio: pode controlar o ato do agente antes dele exercer a ação. É o caso das autorizações, por exemplo, porque se o agente precisa de uma autorização, ele precisa ter antes de praticar o ato. Exemplo: o Presidente da República precisa de autorização para declarar o estado de sítio. 2. Concomitante: esse controle acontece enquanto o ato está sendo praticado. Só é possível esse controle quando se tem atos formais, quando a forma está desdobrada durante o procedimento. Para ter o controle enquanto o ato é feito, precisa ter um procedimento. Exemplo: licitação – tem diversas formas de controle, sendo o concomitante. 3. Posterior: o ato já foi realizado, mas precisa de uma aprovação. Exemplo: intervenção federal – primeiro o Presidente da República decreta a intervenção e depois a submete ao controle do Congresso Nacional, para ele aprovar ou não. Quanto aos requisitos do ato: Lembrar: os 5 requisitos do ato administrativo – o agente competente, forma, finalidade, motivo e objeto. 1. De legalidade: é aquele em que o órgão controlador faz o confronto entre a conduta administrativa e a norma jurídica e, verificada alguma incompatibilidade, toma a providência adequada, que pode ser a invalidação ou convalidação do ato. (Carvalho Filho). De acordo com a lei. 2. De mérito: de outro lado, não questiona a legalidade do ato, mas verifica sua conveniência e oportunidade, o que pode levar à revogação da manifestação. (Carvalho Filho). De acordo com a conveniência e oportunidade. Lembrar também do ato discricionário e ato vinculado. Atos vinculados são aqueles que todos os cinco requisitos do ato estão de acordo com a lei, todos eles estão fechados. O ato vinculado não pode ser revogado, ele pode ser declarado nulo (caso não haja compatibilidade do ato com a norma jurídica). Então, o ato vinculado pode ter controle de legalidade. Todos os poderes podem fazer o controle de legalidade. No controle de mérito, o juiz, o poder judiciário, não pode analisar o mérito do ato administrativo, porque isso não é uma questão de legalidade, mas sim de conveniência e oportunidade. O ato discricionário é o ato que o agente público tem uma escolha a realizar dentro das opções. O ato discricionário não é inválido, mas, aquilo que era conveniente e oportuno pode se tornar o contrário, e o ato ser revogado. Quanto a atuação do poder público: 1. De ofício: significa atuar, independentemente, de um requerimento. 2. Por provocação: significa atuar em razão de um requerimento. Atenção! O judiciário nunca atua de ofício, para que exista controle do judiciário, precisa ter um requerimento com um pedido. Já o executivo e legislativo atuam de ofício e por provocação. Quanto ao poder que exerce o controle: 1. Interno: onde há subordinação se tem controle interno. Quando um chefe da repartição controla os seus subordinados, esse é um controle interno. 2. Externo: feito entre poderes. É de âmbito constitucional. Quando um poder está controlando atos outro poder, é um controle feito entre poderes, então é externo. O controle externo é um poder controlando outro, então precisa lembrar do art. 2º da CF: São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Esses poderes são independentes entre si, por isso, para que exista o controle de um poder com relação a outro, precisa ter expressa disposição constitucional. Então, o poder externo acontece apenas com autorização constitucional. Um controle não exclui o outro. Não pode confundir controle administrativo com poder administrativo. O judiciário, de forma atípica, também realiza administração pública quando se auto administra, exemplo: quando faz concurso, quando compra alguma coisa. Quanto os poderes: 1. Administrativo: é o controle interno. Ele pode ser prévio, concomitante, posterior, de mérito, de legalidade, de ofício ou por provocação. Todos os poderes fazem o controle administrativo, porque todos eles se autocontrolam. 2. Legislativo: é o controle externo do poder legislativo com relação ao administrativo, que pode ser prévio, concomitante, posterior, de mérito, de legalidade, de ofício ou por provocação. 3. Judicial: é o controle externo com relação aos outros poderes. O judicial é o que tem menos instrumentos, no entanto, é o último recurso sempre. O poder judiciário, em última instância, tem a palavra final. Ele pode ser: em regra, posterior; só faz controle de legalidade; só faz controle por provocação. Controle Administrativo O controle administrativo é aquele que o Executivo e os órgãos da administração dos demais Poderes exercem sobre suas atividades, visando a mantê-las dentro da lei, segundo as necessidades do serviço e as exigências técnicas e econômicas de sua realização (Meirelles). O controle administrativo é a própria definição de controle interno, entendido como o “autocontrole exercido pela Administração sobre suas próprias atividades” (Gasparini). O controle administrativo é o controle interno, ou seja, a ideia que pressupõe o revisar, corrigir e fiscalizar os atos administrativos. Geralmente, em regra, quando se fala em controle interno, que é o controle administrativo, temos a situação de subordinação. Contudo, nem sempre é necessária a hierarquia. Súmula 473, STF: A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Art. 53, Lei 9.784/99: A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Art. 114, Lei 8.112/90: A Administração deverá rever seus atos, a qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade. Com isso está claro que o controle administrativo é o próprio controle interno da Administração Pública. Principais meios do controle administrativo: São os meios utilizados para exercer o controle administrativo. 1. Direito de petição: encontra-se listado dentre os direitos e garantias individuais fundamentais (art. 5º, XXXIV, a, CF) como o direito que toda pessoa tem de requerer providências a órgãos administrativos, independentemente de taxas, para defesa de seusdireitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. É a base para a classificação do controle por provocação. Esse direito é cláusula pétrea. 2. Fiscalização hierárquica: decorre do poder hierárquico, é inerente ao controle administrativo que, via de regra, é realizado por órgãos ou agentes superiores sobre órgãos ou agentes subalternos, no sentido de ordenar, coordenar, orientar e corrigir os atos destes. É feita de ofício, em regra, porque é função do chefe fiscalizar o seu subordinado. 3. Supervisão ministerial: essa expressão é aplicada, em função do Decreto-Lei 200/67, para designar o controle exercido pela Administração direta federal sobre a Administração indireta a ela vinculada. Isso porque não é correto dizer que existe subordinação entre a Administração direta sobre a indireta, então se chama de supervisão. 4. Representação: é a denúncia formal de irregularidades internas ou de abusos de poder na prática de atos administrativos, sendo clara sua vinculação com a prescrição constitucional do direito de petição. Ou seja, ela decorre do direito de petição. 5. Recurso hierárquico: o recurso pressupõe um escalonamento hierárquico, de forma que a decisão de uma autoridade seja revista por outra que lhe for superior. 6. Pedido de reconsideração: é solicitado a própria autoridade que proferiu a decisão, para que ela mesma analise a possibilidade de alteração do conteúdo do ato ou o seu desfazimento. Acontece, por exemplo, quando faz um recurso já para a autoridade superior e não tem nenhuma acima dela para recorrer. 7. Revisão do processo: é o reexame de um processo administrativo disciplinar já finalizado, em que uma punição foi aplicada a servidor público. Não se confunde com os recursos, pois estes são manejados ainda em um processo ativo, enquanto a revisão é cabível quando o processo já foi encerrado. Trata-se de um novo processo com o objetivo de desconstituir outro processo, que lhe é anterior. Na verdade, a revisão é um novo processo para desconstituir um processo anterior (quando descobre uma nulidade, que não sabia antes). Controle Legislativo É um controle externo. O poder legislativo também faz poder interno, mas quando aparecer a expressão “controle legislativo”, vai pensar no poder legislativo controlando o poder executivo federal. Denomina-se de controle legislativo o que é desempenhado pelo Poder Legislativo em relação a determinados atos da Administração Pública (Gasparini). Sendo uma das formas de controle externo que pode ser exercido diretamente pelos parlamentares ou pelo Tribunal de Contas (Mello). TCU é órgão auxiliar legislativo e não judicial. A possibilidade de um poder controlar outro deve estar prevista na Constituição, porque cada poder possui independência. Art. 70, CF: A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Art. 71, CF: O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: i. Julgamento de contas: esse julgamento não é judicial, é uma decisão administrativa, um julgamento administrativo de contas. Art. 49, CF: É da competência exclusiva do Congresso Nacional: IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo. Tem o poder de julgar contas dos administradores, dos ordenadores de despesa, menos do Presidente da República. O TCU vai analisar as contas do Presidente, emite um parecer e manda para o Congresso Nacional, porque é o Congresso que vai julgar as contas do Presidente. Art. 51, CF: Compete privativamente à Câmara dos Deputados: II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa. O Presidente tem 60 dias para apresentar as contas, se ele não apresentar, quem vai exigir essas contas é a Câmara dos Deputados. Art. 84, CF: Compete privativamente ao Presidente da República: XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior. Art. 85, CF: São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: VI - a lei orçamentária. Controle exercido pelo Congresso: Art. 49, CF: É da competência exclusiva do Congresso Nacional: II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar; III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias. Esse é o Congresso exercendo o controle prévio. IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas; A aprovação é controle posterior. V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa. X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta. XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares. XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares. É possível encontrar uma boa quantidade de formas de controle que o Congresso possui com relação aos atos do poder executivo. Controle exercido pelo Senado: Art. 52, CF: Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; II – processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; Os crimes de responsabilidade não são crimes no sentido penal, mas sim uma infração política administrativa. III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de: a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição; XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato; Quando o Presidente precisar da aprovação de alguém para nomear alguém para um cargo importante, a aprovação vai ser dada pelo Senado. Controle exercido pela Câmara dos Deputados: Art. 51, CF: Compete privativamente à Câmara dos Deputados: I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado; Quando tiver a necessidade de processar o Presidente da República, seja crime comum (Código Penal) ou crime de responsabilidade, a Câmara dos Deputados vai aparecer sempre quando se trata de autorização para isso. Se for crime comum: segue para o Supremo Tribunal Federal; se for crime de responsabilidade: segue para o Senado Federal. Controle Judicial É o controle que o poderjudiciário faz em relação aos atos do poder executivo e legislativo, geralmente ao do executivo. Vale lembrar que o poder judiciário, internamente, se autocontrola. A expressão “controle judicial/judiciário” significa que o poder judiciário está controlando os atos de outro poder. Também chamado de controle jurisdicional, abrange a apreciação, efetuada pelo Poder Judiciário, sobre atos, processos e contratos administrativos, atividades ou operações materiais e mesmo a omissão ou inércia da Administração (Medauar). O controle judicial, juntamente com o princípio da legalidade, constitui um os fundamentos em que repousa o Estado de Direito, afinal, a Constituição Federal proíbe a lei de excluir da apreciação do Judiciário lesão ou ameaça a direito (art. 5º, XXXV, CF). (Di Pietro). Atos do controle judicial: 1. Mandado de segurança: ação para proteger direito líquido e certo de ato ilegal do poder. Pode ser preventivo ou repressivo. Pode ser individual ou coletivo. É direito fundamental, porque está no art. 5º, LXIX, da CF. Também é regulado pela Lei 12.106/09. No direito administrativo, o mandado de segurança é um grande exemplo de controle judicial. 2. Habeas data: assegura informação relativa à pessoa do impetrante. Também pode ser utilizado para retificar informação. Também pode ser utilizado para anotar explicação em assentamentos. É um direito fundamental constitucional (art. 5º, LXXII e LXVIII – gratuidade). Regulamentado pela Lei 9.507/97. É uma ação específica, quer uma informação sobre o impetrante. Então, quando quiser uma informação coletiva, deve ser feito pelo mandado de segurança. 3. Ação popular: pode ser proposta por qualquer cidadão. Objetiva anular ato lesivo ao patrimônio público. É uma ação gratuita, salvo comprovada má-fé. É um direito fundamental constitucional (art. 5º, LXXIII, CF). regulamentada pela Lei 4.7171/65. Cidadão é no sentido restrito, ou seja, uma pessoa dotada de direitos políticos. 4. Ação civil pública: em regra, protege interesses difusos. Pode ter como legitimado passivo o causador de um dano. Pode ser manejada contra o Poder Público. Atribuição não exclusiva do MP (art. 129, III, CF). regulamentada pela Lei 7.347/85. É parecida com ação popular, é uma ação de controle. A diferença é que essa ação foi montada para o Ministério Público. Mas outras instituições também podem fazer. 5. Habeas corpus: protege a liberdade de locomoção. Em regra, combate uma prisão ilegal. É direito fundamental constitucional (art. 5º, LXVIII, CF). regulamentado no CPP, art. 647 e seguintes. Será que é meio de controle da Administração? Para fins de concurso, sim. É uma forma de controle em que o judiciário controla um ato administrativo que restringiu, indevidamente, a liberdade de alguém. 6. Mandado de injunção: ação especial para suprir falta de norma regulamentadora. A norma que falta pode ser lei ou ato regulamentar do Executivo. É um direito constitucional fundamental (art. 5º, LXXI, CF). Regulado pela Lei 13.300/16. Será que é meio de controle da Administração? Para fins de concurso, sim. O ato que está controlando é a omissão do legislativo. No entanto, a declaração do direito é uma norma de eficácia limitada, ou seja, para exercer o direito é preciso uma norma infraconstitucional. 7. Ação de improbidade administrativa: é o desdobramento da ação civil pública; o instrumento judicial da improbidade é a ação civil pública. Tem por objetivo punir o agente público que praticou atos de improbidade. Controla-se a administração de forma reflexa. Previsão constitucional (art. 37, §4º, CF). Regulamentação na Lei 8.429/92. Modalidades de improbidade: enriquecimento ilícito; prejuízo ao erário; e atentados contra os princípios da Administração. O objetivo principal é punir o agente público que praticou uma dessas modalidades. O objetivo principal dela não é controlar o ato, acaba fazendo isso de forma indireta, porque pode anular o ato.
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