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RELIGIÃO MOMENTOS

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50
Religião em diálogo – 70 ano
Liderança e direitos humanos
Marcha em Porto Alegre pede o fim da 
intolerância religiosa
Pelo oitavo ano, a Marcha pela Vida e Liberdade Religiosa percorreu 
as principais ruas da capital gaúcha. 
“Intolerância religiosa é a face mais perversa do racismo”, 
disse Baba Diba de Iemanjá, sacerdote africanista e presidente 
do Conselho do Povo de Terreiro do Rio Grande do Sul, durante a 
Marcha pela Vida e Liberdade Religiosa, que percorreu as ruas do 
centro de Porto Alegre. É o oitavo ano que a caminhada ocorre na 
capital gaúcha no Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. 
Africanista: Nome 
dado às pessoas 
que se dedicam a 
estudar assuntos li-
gados ao continen-
te africano, como a 
história, a cultura, 
os povos, etc. 
4 MOMENT
O
Reprodução.
51
Religião em diálogo – 70 ano
Liderança e direitos humanos
Ao som de tambores, com vestimentas brancas e cantorias, 
diversos terreiros do Rio Grande do Sul se encontraram no 
Largo Glênio Peres e seguiram até o Largo Zumbi dos Palma-
res. “(A marcha) surgiu como ato político para dar visibilidade 
à intolerância religiosa e à luta pela reivindicação de direitos, 
direitos sociais, pela garantia do Estado laico e também para 
tentar diálogo com as outas religiões”, informou Baba Diba.
O dia 21 de janeiro é uma referência a ataques sofridos por 
Mãe Gilda, que teve a casa apedrejada e o marido agredido ver-
balmente. Gildásia dos Santos, nome de registro, não suportou 
os ataques e, após enfartar, faleceu em 21 de janeiro de 2000.
Baba Diba lembrou os ataques incendiários em terreiros 
do entorno do Distrito Federal. Foram pelo menos três no 
ano passado. “Quanto mais avançamos em política pública, 
em discussões que tentam aproximar as tradições, o racismo 
muda de status e passa de velado à revelado. Aqui ainda não 
incendiaram terreiros, mas no País, já. Por isso, precisamos 
estar nas ruas e fazer desse dia o Dia Nacional de Combate à 
Intolerância Religiosa.”
A então ministra da Mulher, Igualdade Racial e Direitos Hu-
manos, Nilma Lino, participou da marcha e destacou o evento 
como um momento de celebração da força ancestral africana. 
“Ainda temos de lutar muito pela tolerância religiosa. O Brasil 
é uma democracia, um País de diversos, e todos os credos e 
religiões têm de ser respeitados e ter lugar”, acrescentou a 
ministra.
Sobre os ataques ocorridos no Distrito Federal, Nilma Lino 
afirmou que a Ouvidoria do órgão tem acompanhado o caso e 
prestado atendimento às vítimas.
A funcionária pública Júlia Kolatayó, 37 anos, não falava de 
religiosidade. “A sociedade nos julga pelos olhares. Agora que 
tenho militado bastante na questão social e na religião africana, 
tenho conseguido me afirmar mais, mas é bem difícil, porque já 
perdi emprego, cargo, cursos.” Ela foi batizada com 25 anos e 
sofreu resistência da família quando decidiu mudar de religião.
Baba Diba de Iemanjá luta 
contra o crime de ódio em 
todas as religiões e é incen-
tivador das lideranças lai-
cas na preservação da vida 
e dos direitos humanos, faz 
palestras sobre o combate 
à intolerância religiosa em 
escolas e foi candidato a 
deputado estadual. 
Segundo a ministra Nilma 
Lino, o Brasil é um País de 
diversos e todos os credos 
têm de ser respeitados.
Re
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uç
ão
.
Re
pr
od
uç
ão
.
52
Religião em diálogo – 70 ano
Embora não seja de religião africana, o analista de sistemas 
Alexandre Hahn disse que também enfrenta preconceitos por 
conta da religião de bruxaria Wicca. “Não é todo lugar e mo-
mento que posso dizer que sou bruxo. Quando digo, a primeira 
pergunta que vem à cabeça é se faço magia negra. Magia não 
tem cor. Se vou numa entrevista de emprego, pentagrama é 
sempre dentro da camiseta. Não posso mostrar. Uso aqui hoje, 
mas não posso usar em todo lugar.”
Políticas públicas
Desde 2009, o Plano Nacional de Direitos Humanos esta-
beleceu entre os objetivos estratégicos o respeito às diferen-
tes crenças, liberdade de culto e a laicidade do Estado. Nesse 
sentido, foi criado o Comitê Nacional de Respeito à Diversidade 
Religiosa (CNRDR). A iniciativa é referência para o desenvol-
vimento de ações que assegurem o direito dos cidadãos de 
exercer as práticas religiosas.
Desse modo, foram criados Comitês Estaduais no Amazo-
nas, em Minas Gerais e Tocantins, o Comitê Distrital, o Conselho 
Estadual de Defesa e Promoção da Liberdade Religiosa do Rio 
de Janeiro e o Fórum Inter-Religioso de São Paulo. Nesses espa-
ços, há a elaboração de estratégias para promover o respeito 
às crenças religiosas.
Além disso, em alguns estados foram instaladas delegacias 
especializadas nesse tipo de crime. É o caso do Distrito Federal, 
Piauí, Pará e Mato Grosso.
A maior parte das queixas veio do Rio de Janeiro, Amapá 
e Espírito Santo. Contudo, há estados que seguem na contra-
mão desse crescimento ao incentivar medidas de combate ao 
preconceito. É o caso do Distrito Federal, onde foi instituído o 
Dia Distrital de Combate à Intolerância Religiosa, comemorado 
no dia 25 de outubro.
Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-01/marcha-em-porto-alegre-
-pede-o-fim-da-intolerancia-religiosa. Acesso em: 18/04/2019.
53
Religião em diálogo – 70 ano
1. Além dos adeptos das religiões de matriz africana, que são as mais desrespeitadas no 
Brasil, segundo a Unesco, os praticantes de outras manifestações religiosas também 
se sentem perseguidos. Em seu ponto de vista, existe alguma importância na união 
dos grupos religiosos como aconteceu na Marcha? 
Espera-se que os alunos compreendam que aqueles que sofrem agressões por qual-
quer motivo necessitam expor tais crimes e exigir seus direitos, tendo em vista que
a Constituição Federal garante a liberdade religiosa. Com a união desses grupos, é
possível pensarmos em uma sociedade cada vez mais igualitária e que luta por um
bem comum. 
 Observe o trecho a seguir retirado da Declaração Universal dos Direitos Humanos 
(DUDH) para responder às questões 2 e 3.
“Artigo XVIII: Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, cons-
ciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e 
a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo 
culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.”
Disponível em: https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf. Acesso em: 18/04/2019.
2. O que você entende sobre o direito à liberdade de pensamento, consciência e religião 
ao qual o Artigo XVIII se refere?
Espera-se que os alunos compreendam que é a liberdade que todos os indivíduos
têm de manter e defender sua posição diante um fato, ou um ponto de vista, indepen-
dentemente da pespectiva dos demais.
Exercitando o que aprendemos
54
Religião em diálogo – 70 ano
3. Esse artigo nos diz que temos a “liberdade de mudar de religião ou crença e a liber-
dade de manifestar essa religião ou crença, no ensino, na prática, no culto e pela 
observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular”. O que você com-
preende desse trecho? Justifique sua resposta.
Espera-se que os alunos compreendam que o Artigo XVIII protege os crentes teístas,
não teístas e ateus, e que não necessariamente é preciso ir a uma igreja ou comunidade 
religiosa para expressar sua fé, pois as pessoas são livres para vivenciá-la como preferiram.
 Para a questão 4, observe a tirinha a seguir: 
4. Na tirinha, Armandinho cita o Artigo I da Declaração Universal dos Direitos Humanos 
(DUDH), promulgada em 1948. Ao analisar a tirinha, quais impressões você pode res-
gatar do primeiro quadrinho?
Os alunos podem destacar que a Declaração estabelece que todos somos membros 
de uma única comunidade e todos temos os mesmos direitos, ou que 
todos temos o princípio da dignidade, isto é, um valor moral e espiritual inerente 
a todas as pessoas e que deve ser respeitado.5. Faça uma pesquisa sobre a etimologia da palavra fraterno e aplique ao seu dia a dia. 
Pense em formas e maneiras de ser fraterno com as pessoas à sua volta e como co-
locar em prática a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Espera-se que os alunos respondam que fraternidade vem da palavra fraternitas, que
quer dizer parentesco como de irmão, mesma família. Quanto às maneiras 
de colocar em prática a Dudh, pode ser cedendo o lugar às pessoas mais 
necessitadas em meios de transporte público, obedecendo aos mais velhos, etc.
Disponível em: http://www.upa.unicamp.br/sites/default/files/inline-images/img_hq_DH_001.jpg . Acesso em: 23/10/2019.
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Religião em diálogo – 70 ano
“Quando não há, entre os homens liberdade de pensamento, não existe 
liberdade.” Voltaire 
Vulnerabilidade religiosa e social
Em pleno século XXI, muito depois das revoluções industriais, que trouxeram consigo 
novas formas de compreender o mundo e as pessoas, parece que ainda mantemos cos-
tumes que remontam a épocas anteriores. Tais costumes acompanham as pessoas onde 
quer que elas estejam. Das ruas foram para Internet, e, com seu fácil compartilhamento 
e exposição, o preconceito ficou ainda mais fácil de ser disseminado. 
Qual a diferença entre preconceito, racismo e discriminação?
Preconceito - É uma opinião que formamos das pessoas antes de conhecê-las. É um julgamento 
apressado, superficial e muito perigoso, pois, em vez de melhorar a nossa vida e a da socie-
dade, acaba trazendo muitas situações complicadas e até mesmo violentas.
Racismo - As pessoas que não conseguem deixar de ser preconceituosas podem vir a se tornar 
racistas. Um racista acredita que existem raças superiores às outras, o que é grande tolice, pois, 
na espécie humana, não podemos dizer que existam raças; a cor da pele, a forma do nariz, o 
tipo do cabelo, o tipo do sangue, o formato e a cor dos olhos, a espessura dos lábios não são 
suficientes para estabelecer diferentes raças entre os seres humanos, que biologicamente são 
iguais em quase tudo, restando pequenas diferenças externas pouco importantes e que não 
servem para fazer com que uns sejam superiores ou inferiores aos outros.
Discriminação - A pessoa que faz isso, geralmente, quer valorizar a si próprio e diminuir os 
demais, mesmo “de brincadeira”. É insegura porque não tem capacidade de conviver com os 
outros e aceitar as diferenças naturais entre os seres humanos. Os preconceituosos e racistas 
têm dificuldades em aceitar e conviver com a diferença, e, às vezes, suas atitudes chegam ao 
delírio. Como são medrosos e inseguros, projetam sobre os outros que são inferiores a eles e 
que não podem ter os mesmos direitos — quando os racistas e preconceituosos agem dessa 
maneira, estão tratando os que eles julgam como inferiores a eles de maneira discriminatória. 
Discriminação é, portanto, tratar os outros com inferioridade, julgando-se superior.
Flávia Cunha Lima, professora de História do CEFAPRO – Cuiabá. Atua com temas específicos da disciplina de História e Educação 
na perspectiva dos Diretos Humanos.
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Religião em diálogo – 70 ano
Aquela que discrimina 
direta e explicitamente 
uma pessoa ou grupo de 
pessoas.
Aquela que não é explícita, 
aparece velada em 
algum comentário 
ou comportamento.
Exemplos como os que foram registrados nesses tweets são muito comuns — infelizmente 
— no nosso dia a dia. Nesses comentários, traços físicos são motivo de piadas, e as mulheres 
objetificadas, como no tweet que diz “não sou tuas nega”. São expressões que carregam postu-
ras, muitas vezes, preconceituosas, remontando ao tempo da escravidão, no qual as pessoas 
negras eram maltratadas e exploradas sexualmente. Esse tipo de preconceito velado, ou seja, 
ações que são praticadas de maneira não evidente, está presente nos costumes brasileiros, 
que, graças à educação e ao empoderamento dos negros, estão sendo desconstruídos.
Quando falamos em intolerância, podemos dividir em duas práticas, as visíveis e as invisíveis:
“Meu bem, veja bem, eu não sou tuas nega.”
Cabelo ruim é igual bandido. Se não tá 
preso,ta armado!
SeguirMomentos Notificações Mensagens
Atreladas ao senso comum, expressões racistas povoam a Internet e os meios vin-
culados a ela. Veja a reprodução dos tweets a seguir:
Disponível em: https://abcpublica.org.br/tag/racismo/. Acesso em:14/11/2019. Adaptado.
Disponível em: https://abcpublica.org.br/intolerancias-nas-redes-um-problema-crescente/. Acesso em: 14/11/2019. Adaptado.
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Religião em diálogo – 70 ano
Intolerância visível
A intolerância visível é fácil de ser percebida, pois tem um alvo direto e objetivo. Como 
exemplos dela, podemos citar agressões, frases de ódio ou usadas em forma de “piada”. 
Segundo o Conselho Estadual de Defesa e Promoção da Liberdade Religiosa do Rio de 
Janeiro, a intolerância visível corresponde a 72% das denúncias de intolerância no estado. 
Atualmente, o meio digital tem facilitado essas ações, no entanto, graças aos programas 
de proteção, os agressores têm sido punidos legalmente. 
Intolerância invisível 
De forma sutil ou até imperceptível, a intolerância invisível se manifesta socialmente 
em meio a comentários e expressões populares. Por ser “invisível”, reproduzimos tais 
expressões e perpetuamos as barreiras culturais que foram construídas durante os anos. 
Podemos identificá-la em expressões como: “a coisa ficou preta”; “magia negra”; “não sou 
tuas nega”; “chuta que é macumba”, etc. 
São inúmeros os comentários reproduzidos sem que seus autores se deem conta 
de que estão ofendendo uma grande parcela da sociedade brasileira. Precisamos ficar 
atentos às nossas falas para não propagarmos mais preconceito e intolerância, pois só 
teremos um País justo, igualitário e inclusivo quando desconstruirmos os estereótipos 
coloniais e percebermos que todos somos iguais. 
Observe os dados registrados pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência 
da República: 
75
58
27
22
8
6
5
15
denúncia a 
cada 3 dias.
denúncias com religião 
não informada.
dos episódios relatados 
envolveram violência física. 
Fonte: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Adaptado.
Fiés de religião de matriz africana são as principais vítimas de discriminação
58
Religião em diálogo – 70 ano
Essa imagem foi registrada 
próximo a uma estação de 
metrô na cidade do Rio de 
Janeiro. 
Esses crimes aparecem nas ruas. Como um grito que não se escuta, as ameaças e 
palavras grosseiras apenas mostram o quanto necessitamos aprender a respeitar o di-
ferente e compreender que o outro apenas quer viver sua vida em paz e manifestar sua 
religião de modo que o conforta e o deixa feliz. 
Reprodução.
Racismo institucional impede o desenvolvimento do indivíduo e do grupo ao qual está 
inserido
A professora Ana Lúcia, da Universidade Federal do Tocantins, respondeu a algumas perguntas sobre 
o racismo institucional que vivemos no Brasil ao site da Presidência da República, veja um trecho. 
Como se caracteriza o racismo institucional?
Ana Lúcia - O racismo institucional caracteriza-se pela perpetuação de uma série de práticas 
discriminatórias que viola direitos das pessoas com base em critérios injustificados e injustos, tais 
como a raça, a idade, a opção religiosa e outros. Órgãos públicos e instituições estatais também 
podem operar de forma discriminatória e racialmente excludente. Quando o Estado não promove 
ações para a garantia dos direitos das populações mais afetadas pelo racismo; quando não investe 
em ações de promoção da igualdade racial; quando não faz o devido enfrentamento ao racismo; 
quando se omite e não pune órgãos ou pessoas que agem direta ou indiretamente para a manu-
tenção da desigualdade de gênero, raça e etnia no País, estamos diante do racismo institucional.
Como se materializa essa prática de racismo institucional?
Ana Lúcia - O racismo institucional impede que comunidades nativas tenham a posse de suas 
terras e de seus territórios e possam produzir o alimento de que necessitam,por exemplo. As 
comunidades negras rurais e os agricultores familiares encontram enormes dificuldades de 
acessar as políticas públicas que lhes permitem investir na produção de alimentos em qualida-
de, diversidade e quantidade suficiente para o sustento de suas famílias. Por isso, os índices de 
insegurança alimentar leve, moderada e grave são muito mais elevados quando se comparam 
brancos e não brancos. No caso das populações negras urbanas, o feminicídio, a violência da 
cidade, a fragilidade das políticas públicas de saúde e educação e o alto custo dos alimentos 
restringem a escolha de alimentos compatíveis com sua cultura alimentar.
59
Religião em diálogo – 70 ano
Mesmo diante de tanta barbárie e atos contra a promoção da vida humana, muitas 
pessoas lutam pela resistência de sua fé e por dias em que não seja necessário se es-
conder por pertencer a uma minoria social.
Observatório Legislativo da Intervenção Federal na Segurança Pública do 
Rio de Janeiro
No ano de 2018, como forma de intervenção, foi criado o Observatório Legislativo da 
Intervenção Federal na Segurança Pública do Rio de Janeiro (Olerj). Seu objetivo é recolher 
informações e elaborar dados referentes à segurança pública no Rio de Janeiro de modo 
a elaborar propostas que solucionem os problemas. 
Veja a análise que fizeram dos casos de intolerância religiosa no Rio de Janeiro.
Em maio de 2019, o Centro Espírita Caboclo Pena Branca, em Nova Iguaçu, Baixada 
Fluminense, foi vandalizado e chegou a ter alguns quartos incendiados. Imagens de santos 
foram quebradas e uma frase pichada na parede deixou um alerta: “Fora, macumbeiros, 
aqui não é lugar de macumba”.
A cidade do Rio de Janeiro tem presenciado cenas de violência e depredações contra 
pessoas e templos religiosos de matriz africana, como o candomblé e a umbanda. Nos últimos 
dois anos, pelo menos oito terreiros foram depredados em Nova Iguaçu. Os bairros com o 
maior número de atos de vandalismo foram Cabuçu e Parque Flora. O motivo é torpe, pois tem 
profunda raiz em preconceitos, falta de conhecimento e de respeito à liberdade de expressão 
de pessoas que professam diferentes crenças e religiões. São atos de intolerância religiosa. 
1- Os números da intolerância
Em matéria publicada pela Agência Brasil, os casos de intolerância religiosa no Esta-
do do Rio de Janeiro no período correspondente aos meses de janeiro a março de 2018 
tiveram um aumento de 56%, comparando ao primeiro trimestre do ano de 2017.
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Religião em diálogo – 70 ano
De acordo com os dados da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas 
para Mulheres e Idosos (SEDHMI), houve um aumento de 16 para 25 denúncias no mes-
mo período. Ainda segundo a secretaria, do início de 2017 até o dia 20 de abril de 2019, 
foram contabilizados 112 casos e mais de 900 ações de atendimento.
O município do Rio aparece com maior número de denúncias, 55%, seguido por 
Nova Iguaçu e Duque de Caxias, ambos na Baixada Fluminense, com 12,5% e 5,3%, 
respectivamente. De acordo com as denúncias, o tipo de violência mais praticado é a 
discriminação, com índices de 32%, seguido de depredação de templos e imagens, com 
20%, e difamação, com 10,8%. Os maiores alvos são a religião do candomblé, com 30%, 
e a umbanda, com 22%. 
Segundo o representante da Coordenadoria de Defesa e Promoção da Liberdade 
Religiosa, é preciso denunciar para que os órgãos de segurança sejam informados, pois, 
com os registros, é possível dar visibilidade às ocorrências, disponibilizando informa-
ções concretas para a sociedade, a fim de mobilizar e chamar atenção para a prática 
desses crimes.
Lei 7.855/18
Em janeiro de 2018, foi sancionada a Lei 7.855, de autoria dos deputados André 
Ceciliano e Carlos Minc. A lei determina que as ocorrências policiais motivadas por into-
lerância religiosa deverão ser registradas obrigatoriamente sob o artigo 208 do Código 
Penal brasileiro. O artigo define como crime:
“escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; im-
pedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato 
ou objeto de culto religioso.”
A Lei 7.855/18 determina que os crimes contra intolerância religiosa serão tipificados, 
cabendo às delegacias do Estado do Rio classificar como casos de intolerância religiosa 
aqueles em que os praticantes de crenças forem vítimas de agressões por preconceito, 
com penalidades de até 20 mil reais para líderes religiosos ou representantes de institui-
ções que incentivem atos de intolerância contra outra fé.
 O deputado Carlos Minc apontou, ainda, a importância da lei para o registro e aná-
lise de dados sobre intolerância religiosa: “Atualmente, o caso de uma pessoa agredida 
em função de sua religião consta no registro de ocorrência como uma agressão comum. 
Registrando o fato por intolerância, o Instituto de Segurança Pública (ISP) fará a estatística 
e conseguirá propor políticas públicas de prevenção. Dessa forma nós conseguiremos 
pautar ações efetivas para acabar com esse massacre que vem ocorrendo no estado.”
Disponível em: http://olerj.camara.leg.br/retratos-da-intervencao/intolerancia-religiosa. Acesso em: 18/04/2019. 
61
Religião em diálogo – 70 ano
1. Como é possível perceber, a intolerância religiosa contra as comunidades religiosas 
de matriz africana acontece e se repete constantemente. Diante disso, quais as for-
mas de combater esses crimes?
Espera-se que os alunos compreendam que, por meio da educação, muitos estereó-
tipos são quebrados. 
 Observe a postagem que a atriz Sheron Menezzes fez usando uma rede social em resposta 
a comentários racistas em uma de suas publicações. Depois, responda às questões 2 e 3.
2. A Internet oferece grande acesso à informação, à cultura e ao entretenimento. Uma 
das grandes ferramentas usadas pelas pessoas é compartilhar seu ponto de vista, no 
entanto algumas pessoas se utilizam dessa ferramenta para ofender e discriminar. Por 
que a Internet favorece a disseminação de crimes contra os Direitos Humanos?
Espera-se que os alunos compreendam que muitas pessoas pensam que não serão en-
contradas, ou que, por criarem um perfil falso, nunca chegaram a eles. Algumas pessoas 
sentem-se encorajadas de agredir outras tendo em vista que não há um contato físico direto. 
3. Sheron Menezes foi prudente em postar a agressão recebida? Justifique sua resposta.
Espera-se que os alunos entendam que a Internet também promove a unidade, e é 
muito importante informar às autoridades policiais e governamentais os ataques so-
fridos, para que mais campanhas públicas de conscientizaçao sejam feitas.
Trabalhando o tema
Desprezíveis racistas, não adianta entrar na minha página e escrever absurdos, 
xingamentos e agressões, pois vão ter que engolir a mim e a tantas outras pessoas 
negras em nosso país! Já esperava por isso depois do que fizeram com minhas amigas 
e colegas, então quero lhes dizer que saiam da frente com sua inveja, pois estamos 
passando com nosso cabelo maravilhoso, com a nossa linda cor, nossa beleza, nossa 
educação e inteligência. Não adianta colocar uma máscara de macaco no meu rosto ou 
tentar me ofender porque isso não me atinge! Fui treinada desde criança. E sei o meu 
valor! Mas esses comentários atingem milhões de pessoas no Brasil e por essas pessoas 
que eu resolvi me manifestar. Tomarei as providencias cabíveis na justiça
62
Religião em diálogo – 70 ano
4. O Ministério Público Federal (MPF) criou uma campanha para denunciar os crimes de 
racismo e intolerância que surgem na rede. Veja a seguir:
Em seu caderno, faça uma pesquisa sobre o Disque 100. Procure descobrir o ano 
de criação, os órgãos que envolve, etc. e comente com seus colegas as informações 
recolhidas. Depois, toda a sala deverá montar um painel como o do MPF e exibir em 
algum local público na escola.
5. As manifestações como a Marcha em Porto Alegre, postagens em redes sociais ou o 
uso do Disque 100 podem ajudar a acabar com os crimes de racismo e intolerânciareligiosa em nosso país?
Espera-se que os alunos entendam que é necessário fazer-se ouvir para que os
agressores sejam punidos. Assim, aos poucos, vamos acabando com a cultura de ódio em 
nosso país e ensinando as novas gerações a importância da tolerância e respeito mútuos.
6. No ano de 2016, o Ministério da Educação e Ciência (MEC), por meio do Exame Nacio-
nal do Ensino Médio (Enem), pediu para que os candidatos escrevessem uma redação 
falando sobre Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil. Em seu cader-
no, sob a orientação de seu professor, escreva um texto que aponte caminhos para 
combatermos esse mal que assola nossa sociedade. Você pode usar nosso livro para 
auxiliar a sua produção.
Resposta pessoal.
63
Religião em diálogo – 70 ano
Arte nas ruas
O grafite é conhecido por ser uma forma de manifestação artística em espaços pú-
blicos. A definição mais comum diz que o grafite é um tipo de inscrição feita em paredes. 
Existem relatos e vestígios dessa arte desde o Império Romano, em forma de poesia, 
desenhos, etc.
Despontou na Idade Contemporânea na década de 1970, em Nova York, Estados 
Unidos. Alguns jovens começaram a deixar suas marcas nos espaços públicos da cidade 
como ruas e metrô, e, algum tempo depois, esses traços aprimoraram-se com técnicas 
e desenhos.
Esta manifestação está ligada a vários movimentos sociais, em especial o hip-hop, 
que tem quatro elementos como marcas registradas: o break, o grafite, o DJ e o MC. Para 
esse movimento, o grafite expressa toda a forma de opressão vivida, principalmente, pelos 
menos favorecidos, ou seja, a arte expressada no grafite tem como base a realidade social.
O grafite tomou forma no Brasil no final da década de 1970, na cidade de São Paulo. 
Os artistas brasileiros que usavam o grafite como forma de expressão na época não se 
contentaram em apenas reproduzir o grafite estadunidense, então começaram a incre-
mentar a arte com elementos do Brasil que demonstravam a realidade vivenciada no 
País. O estilo do grafite brasileiro é reconhecido entre os melhores de todo o mundo.
Disponível em: http://www.fl.com.br/index.php/1218/arte-nas-ruas-os-melhores-grafiteiros-mundo. Acesso em: 15/08/2019. Adaptado.
Agora é sua vez
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Religião em diálogo – 70 ano
Título: O inferno somos nós - do ódio à cultura de paz
Autores: Leandro Karnal e Monja Coen 
Editora: Papirus 7 Mares
Sinopse: Em tempos adversos como o que vivemos, de crise, pre-
conceito e intolerância, como transformar o ódio em compreensão 
do outro em suas diferenças? Como sair de um cenário de violência 
e construir uma cultura de paz? Os autores lembram que o medo 
pode estar na origem da violência e apontam como o conheci-
mento, de si e do outro, é capaz de produzir uma nova atitude na 
sociedade, menos agressiva e mais acolhedora. 
A grafitagem acontece também como um grito social das minorias que sofrem com a 
opressão. Geralmente é atrelada a algum discurso político, como na imagem vista neste 
momento. Nela há um pedido de paz e de tolerância entre as religiões.
O que você acha de ser grafiteiro(a) por um dia?
Mas não vamos pintar as paredes da escola, vamos pintar em cartolinas e fixá-las nas 
paredes da sua escola, preferencialmente em locais onde todos possam ver e aprender 
aquilo que aprendemos. Para isso, vamos precisar de: cartolina, tintas coloridas, pin-
céis, giz de cera, lápis de cor, glitter.
Você pode usar o conhecimento que constuímos durante todo nosso ano letivo e 
expressá-lo por meio da arte. A violência religiosa tem que acabar, e você é chamado a 
conscientizar outras pessoas de que a paz começa conosco.
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pr
od
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AlessandroB
iascioli | shutterstock.com

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