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LIBERDADE DE EXPRESSÃO E LIBERDADE DE EXPRESSÃO RELIGIOSA POR JOAO VICTOR MARIANO

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LIBERDADE DE EXPRESSÃO X LIBERDADE DE EXPRESSÃO RELIGIOSA: 
A INERCIA DO ESTADO NO COMBATE E PREVENÇÃO DE CRIMES DE 
INTOLERÂNCIA RELIGIOSA 
 
 
 
 
Resumo 
Esta pesquisa possuiu como objetivo principal demonstrar como se constitui a intolerância religiosa no Brasil e qual o 
posicionamento do Estado no combate deste crime, durante o percurso foi necessário definir a diferença entre liberdade 
de expressão e discurso de ódio; apresentar casos reais de intolerância religiosa; para descobrir se o posicionamento do 
Estado no combate a estes crimes é eficiente. A metodologia utilizada foi a analise bibliográfica de livros, revistas e 
pesquisas acadêmicas realizadas ao longo dos últimos 20 anos. Levando a compreensão de que o poder público não está 
efetivamente protegendo as religiões não hegemônicas, contribuindo desta forma para a perpetuação da discriminação 
religiosa. 
 
Palavras-chave: Liberdade de Expressão, liberdade de Culto, Discurso de Ódio, Religiões Afros, Intolerância religiosa. 
 
Abstract 
This research had as its main objective to demonstrate how religious intolerance is constituted in Brazil and what is the 
position of the State in combating this crime, during the course it was necessary to define the difference between 
freedom of expression and hate speech; present real cases of religious intolerance; to find out if the position of the State 
in combating these crimes is efficient. The methodology used was the bibliographic analysis of books, journals and 
academic research carried out over the last 20 years. Leading to the understanding that the government is not effectively 
protecting non-hegemonic religions, thus contributing to the perpetuation of religious discrimination. 
 
Keywords: Freedom of Expression, Freedom of Worship, Hate Speech, Afro Religions, Religious Intolerance. 
 
Resumen 
Esta investigación tuvo como principal objetivo demostrar cómo se constituye la intolerancia religiosa en Brasil y cuál 
es la posición del Estado en el combate a este crimen, durante el curso fue necesario definir la diferencia entre libertad 
de expresión y discurso de odio; presentar casos reales de intolerancia religiosa; conocer si la posición del Estado en la 
lucha contra estos delitos es eficiente. La metodología utilizada fue el análisis bibliográfico de libros, revistas e 
investigaciones académicas realizadas durante los últimos 20 años. Llevando al entendimiento de que el gobierno no 
está protegiendo efectivamente a las religiones no hegemónicas, contribuyendo así a la perpetuación de la 
discriminación religiosa. 
 
Palabras-clave: Libertad de Expreción, Libertad de Culto, Dircurso del Odio, Religiones Afros, Intolerancia Religiosa. 
 
Introdução 
A liberdade de expressão de modo geral, acaba mostrando-se uma temática um pouco 
complicada de se abordar, isto porque, os limites impostos explicitamente no ordenamento jurídico 
brasileiro, para aclamação deste direito, são praticamente escassos, de modo que o principal 
limitador deste direito é a vedação do anonimato, encontrado no artigo 5º, IV da Constituição 
Federal de 1988 (CF/88)1. 
E com a falta de regulamentação especifica sobre o tema, gera-se a deturpação do direito por 
parte daqueles que o invocam, onde, a interpretação do dispositivo constitucional ante mencionado, 
utilizada de maneira radical, leva o indivíduo a crer que, se ele não está se escondendo, ele pode, 
falar e fazer o que entender melhor. 
Fortalecendo ainda mais, o principal questionamento deste trabalho, “qual o limite entre 
liberdade de expressão e liberdade de expressão religiosa?”, uma vez que, o direito positivado abre 
margem para prolação do discurso de ódio que sempre vem mascarado como liberdade de 
pensamento, fala e profissão de fé. 
O estudo da temática intolerância religiosa é de suma importância para a atualidade, pois, 
mesmo sendo uma questão do passado, é um fato ainda não superado, isto porque, ao se perscrutar 
 
1 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: [...] IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; [...]. 
2 
 
melhor, é possível verificar o quanto avançamos historicamente na obtenção de direitos e garantias, 
mas, quando se trata de respeito entre cidadãos, pode-se constatar o preconceito e a discriminação 
que foi enraizada pelo tempo. 
Assim, esta pesquisa contribuirá para a ampliação do acervo de estudos sobre esta temática, 
que é tão pouco aprofundada, e que necessita indubitavelmente de mais atenção, uma vez que, ao se 
ignorar um mal, ele só tende a se repetir cada vez mais frequentemente. 
Desta maneira, há de se reconhecer a grande contribuição que o estudo da temática 
intolerância religiosa proporciona para toda sociedade, pois, somente é possível combater um mal 
enraizado quando se conhece melhor ele e, neste caso só é possível por meio das poucas pesquisas 
existentes. 
Portanto, com o objetivo de estudar mais sobre esta temática e contribuir com o 
enriquecimento do campo acadêmico é que este trabalho foi elaborado, e assim dividido em três 
capítulos. Destinando-se o primeiro a tratar sobre “Qual a diferença entre liberdade de expressão e 
discurso de ódio”, uma vez que, um se trata de um direito e o outro trata-se de uma transgressão de 
direito, que são separados por uma linha extremamente tênue; 
O segundo capitulo será destinado a apresentação dos casos históricos de intolerância 
religiosa, que possuem intima ligação aos casos de intolerância e preconceito ocorridos nesta última 
década, posto que, um descende do outro, e são derivados de uma ineficiente evolução histórico-
social, onde se demonstra, paralelamente toda falha da evolução do ordenamento jurídico em 
relação a defesa dos direitos sociais pessoais ligados a religião. 
Interligando-se, desta forma, ao terceiro capitulo, que ficará reservado a exposição das 
medidas adotadas pelo Estado ao decorrer do tempo para garantir a preservação da dignidade e 
proteção dos direitos das pessoas adeptas de religiões não hegemônicas. Assim, em suma, este 
capitulo buscará determinar qual é o atual posicionamento do Estado, na prática, no combate aos 
crimes decorrentes da intolerância religiosa. 
1 – ASPECTOS QUE PERMEAIM A LIBERDADE DE EXPRESSÃO, O DISCURSO DE 
ODIO E A INTOLERANCIA RELIGIOSA 
Atualmente, muito se fala sobre liberdade de expressão e o discurso de ódio, ainda mais 
agora que a comunicação é bem mais facilitada pelos diversos meios de telecomunicações, no 
entanto, o que viria a ser liberdade de expressão, discurso de ódio e o limite imposto entre estes? 
A liberdade de expressão é um direito essencial para o ser humano, pois desde o início dos 
primeiros agrupamentos sociais, verificava-se que o indivíduo possuía a necessidade de 
exteriorização de seus sentimentos, pensamentos e anseios. 
Tendo como princípio, a necessidade natural do homem de expressar seu posicionamento 
ideológico, surge a indagação fundamental desta pesquisa, o que realmente seria liberdade de 
expressão, e o quanto seria possível realizar a apresentação das ideias próprias diante da sociedade, 
sem transgredir a tênue linha que separa a liberdade de expressão do discurso de ódio. 
No artigo 220 da CF/882 verifica-se que o direito a livre manifestação do pensamento é 
garantido e, protegido contra quaisquer meios de censuras, garantido assim, ampla utilização deste 
direito nas esferas sociais, sem estabelecer paralelamente qualquer dispositivo limitador para o 
exercício deste direito. 
A nobre jurista Priscilla Regina da Silva defendeu que “a liberdade de expressão, na teoria, é 
defendida e apoiada por todos. É tida como um valor essencialmente democrático e necessário para 
o desenvolvimento de uma sociedade plural.[...].” (SILVA, 2017, p15.) 
Podendo, a partir disto, depreender em um primeiro cenário, que a liberdade de expressão é 
um valor necessário ao exercício da democracia, ao mesmo tempo em que ele é o alicerce que 
garante o desenvolvimento total da sociedade. Fato este, que por si próprio, já demonstra a 
imprescindibilidade deste direito. 
 
2 Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou 
veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. 
3 
 
O caso é que, quanto mais poder se concentra na mão de um rei, maior é a tendencia deste 
exagerar no exercício do próprio poder e acabar tornando-se injusto, fazendo desta forma com que 
seus súditos sofram grandes infortúnios. Do mesmo modo, é o exercício arbitrário do direito à 
liberdade de expressão, este, quando não dosado corretamente, torna-se uma arma contundente e 
perigosa, dando origem ao famigerado, mas tão pouco delineado, discurso de ódio. 
O discurso de ódio em si é o uso exacerbado, ou seja, descontrolado do direito à liberdade de 
expressão, possuindo como objetivo a incitação do ódio, do preconceito, da discriminação entre 
outras condutas reprováveis do ser humano, por conta de raça, cor, etnia, orientação sexual e 
religião, sendo este, o motivo da liberdade de expressão e do discurso de ódio estarem intimamente 
interligados, sendo, portanto, impossível tratar de um, sem abordar o outro. 
Pode-se extrair como definição de discurso de ódio o seguinte: 
“O conceito de discurso de ódio que mais é adotado pela doutrina é o defendido por Michel 
Rosenfeld, que define como sendo o discurso – fala ou símbolo – proferido para promover 
o ódio baseado na raça, religião, etnia, ou nacionalidade (Rosenfeld, 2001, p. 2). O 
conceito, apesar de ser bastante plural, pode ser questionado atualmente quanto sua 
abrangência em casos de discurso baseado na deficiência, orientação sexual ou gênero, por 
exemplo. A partir disso, compreende-se que a abordagem será sempre regional ou nacional, 
a depender das políticas e do contexto social local. De qualquer maneira, para o interesse 
deste trabalho, a discriminação contra religião é geralmente enquadrada no conceito.” 
(Silva, 2017, p. 31) 
Corroborando a visão técnica exposta por Leticia Rodrigues Ferreira Netto: 
“O Discurso de Ódio é uma forma de pensamento, fala e posicionamento social que incita à 
violência contra diferentes grupos da sociedade. Pode ser verbalizado ou escrito e sua 
intenção é discriminar as pessoas devido a suas diferenças, sejam estas raça, cor, etnia, 
religião, orientação sexual, deficiências, classe etc. O Discurso de Ódio tem por base o ódio 
em si ao diferente e todos os preconceitos e prejuízos que decorrem desse sentimento. É 
considerado crime no Brasil e também um atentado aos Direitos Humanos.” (NETTO, 
Leticia Rodrigues Ferreira. DISCURSO DE ÓDIO. / Disponível em: 
https://www.infoescola.com/sociologia/discurso-de-odio/. Acesso em 08 de abr. 2021) 
Portanto, é possível verificar que um trata-se do direito básico do ser humano de se 
expressar, enquanto o outro é o uso incorreto deste direito com o único intuito de impor uma visão 
sobre as demais, incitando desta forma o repúdio e a intolerância contra uma minoria por puro 
preconceito e/ou discriminação. 
Esta realidade, acaba se agravando ainda mais quando o discurso de ódio é proferido por 
uma pessoa socialmente influente, uma vez que o impacto causado por este posicionamento 
exteriorizado é gigantesco. Assim é possível verificar ao longo da história, as grandes tragédias, 
como o holocausto na Alemanha Nazista, se iniciaram com uma simples fala, discurso ou 
manifestação de ideologias. 
Silva, em seu trabalho enfatizou esta questão, aludindo o seguinte: 
“A delicadeza do tema é observada em razão do potencial destrutivo dos discursos de ódio 
contrarreligiosos para uma sociedade. Dentre os exemplos mais emblemáticos e extremos 
está, indubitavelmente, o da Alemanha Nazista, quando foi adotado um discurso de 
supremacia ariana e de inferiorização do povo judaico, resultando no Holocausto. Ainda 
que o contexto Nazista esteja mais atrelado ao fundamento da raça, o judaísmo (como 
religião) enfrentou o impacto por anos, marcado por estereótipos de ódio.” (SILVA, 2017, 
p18). 
A realidade envolvendo liberdade de expressão, liberdade de culto, e os limites necessário a 
estes direitos, é bem mais complexa do que possa parecer, isto porque, quando se trata do exercício 
regular do direito acima mencionado, voltado especificamente para a esfera religiosa, 
indubitavelmente, as pessoas se prendem em um sentimento exagerado de devoção e por vezes 
acaba sobressaindo o bom senso, levando desta maneira a prolação do discurso de ódio. 
Pois, “quando tais manifestações giram em torno do tema religião, referida liberdade pode 
resultar, algumas vezes, em demonstrações preconceituosas e discriminatórias, e o direito 
fundamental à liberdade religiosa passa a ser atingido.” (Feldens, Priscila Formigheri; Tonet, 
Fernando, 2013, p.128). 
4 
 
O direito à liberdade religiosa é consagrado pela Declaração Universal dos Direitos 
Humanos (DUDH) em seu artigo 183, e pela CF/88 em seu artigo 5, VI4, logo, sua destinação é a 
todo ser humano, ou seja, não se trata de um privilégio da maioria política, mas sim, de um direito 
natural positivado “erga omnes”5. 
Então, é possível compreender que quaisquer métodos utilizados para desestimular, reprimir, 
e pejorar uma pratica religiosa, seja ela qual for, caracteriza-se como uma conduta ilícita, passível 
de reparação, uma vez que, o direito de crença perante a CF/88 é inviolável. 
Deste modo, a liberdade de expressão, quando utilizada de maneira irregular, da origem ao 
discurso de ódio, que por sua vez, incita a intolerância religiosa, dado seu cunho preconceituoso e 
discriminatório. 
No território brasileiro, as maiores vítimas dos discursos de ódio religioso são as religiões de 
matriz africana, isto pois, a intolerância empregada contra as práticas ritualísticas destas crenças se 
consolidara desde a colonização europeia no Brasil e se arrastara até os dias atuais. 
Priscilla Regina da Silva já elucidou em sua obra “Contrarreligião” que “liberdade religiosa, 
expressão de ódio e ofensas muitas vezes se sobrepõe de maneira complicada e essas tensões inter, 
intra e contrarreligiosas muitas vezes resultam em um discurso de ódio baseado na fé ou 
consciência.” (SILVA, 2017. p 19, 20). 
Tornando necessário neste momento, para análise crítica do caso, a compreensão do termo 
intolerância religiosa e os aspectos intrínsecos e extrínsecos que a circunda. 
“Intolerância religiosa: consiste no preconceito motivado pela religião. Crenças religiosas 
tradicionais e dogmáticas tendem a defender o ponto de vista de suas leis e códigos como 
universais. Quando pessoas e instituições passam a atacar membros de outras religiões, isso 
se torna uma forma de preconceito. No Brasil, a intolerância religiosa está fortemente 
ligada ao racismo por atacar, principalmente, pessoas que professam a fé em religiões de 
matriz africana.” (PORFíRIO, Francisco. "O que é preconceito?"; Brasil Escola. Disponível 
em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/o-que-e-sociologia/o-que-e-preconceito.htm. 
Acesso em 09 abr. 2021) 
Nessa mesma linha de raciocínio, está o Doutor em Semiótica e Linguística Geral, Sidnei 
Nogueira, quando afirma o seguinte: 
“O preconceito, a discriminação, a intolerância e, no caso das tradições culturais e 
religiosas de origem africana, o racismo se caracterizam pelas formas de julgamentos que 
estigmatizam um grupo e exaltam outro, valorizam e conferem prestígio hegemonia a um 
determinado “eu” em detrimento de “outrem”, sustentados pela ignorância, pelo moralismo, 
pelo conservadorismo e, atualmente pelo poder político – os quais culminam em ações 
prejudiciais e até certo ponto criminosascontra um grupo de pessoas com crença 
considerada não hegemônica.” (Nogueira, 2020, p.35) 
Como aspecto intrínseco da intolerância religiosa observa-se o preconceito, a discriminação 
e/ou a alienação causada nos fiéis por meio de discursos proselitistas, ou seja, são os sentimentos 
internos de receio e aversão para com uma crença alheia a que o agente intolerante professa, e, 
como aspecto extrínseco, encontra-se o efeito gerado pela conduta delituosa, portanto, o dano 
causado a vítima, seja ele físico, moral ou patrimonial. 
Neste diapasão, é possível compreender que a intolerância religiosa é uma conduta delituosa 
condenável tanto socialmente quanto juridicamente, mas, que mesmo assim, está presente 
 
3 Artigo 18° Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a 
liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, 
sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos 
4 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: [...] VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o 
livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; [...]. 
5 Aquilo que tem efeito, ou vale, para todos (diz-se de ato jurídico). 
5 
 
diariamente na sociedade como se fosse algo comum, sendo mascarada pela falsa ideia de liberdade 
de expressão, mas na verdade, já transgrediu a esfera da opinião, e transformou-se em um discurso 
de ódio em potencial. 
2 – A INTOLERANCIA RELIGIOSA NA ATUALIDADE: CASOS E FATOS 
MOTIVADORES 
Os casos de intolerância religiosa que mais ocorrem atualmente, são os dos adeptos 
neopentecostais e pentecostais, contra os praticantes das religiões de matriz africana, seja ela, afro-
brasileira (umbanda) ou propriamente afro-descente (candomblé), situações estas, onde os ataques 
se concretizam por conta do preconceito e do sentimento de ódio disseminado outrora, por meio de 
discursos com caráter proselitista, realizado por líderes religiosos das religiões hegemônicas. 
Dentre os vários casos de discursos já proferidos por líderes nacionalmente conhecidos, é 
possível ressaltar a fala do Bispo Edir Macedo, exposta por Nogueira em sua obra, onde o 
emblemático líder religioso aduz que, o motivo do país ser pouco desenvolvido, se deve à falta de 
combate as práticas das religiões não hegemônicas. 
Se o povo Brasileiro tivesse os olhos bem abertos contra a feitiçaria, a bruxaria, e a magia, 
oficializada pela umbanda, quimbanda, candomblé, kardecismo e outros nomes, que vivem 
destruindo as vidas e os lares, certamente seríamos um país bem mais desenvolvido. 
(MACEDO, 2002, p. 62 apud Nogueira, 2020, p. 66 e 67) 
Sendo visível, neste exemplo, a intenção de estigmatizar e denegrir a religião alheia, além de 
induzir o sentimento de aversão/ódio no público alvo, criando cada vez mais desestabilizações na 
sociedade, levando assim a concretização de atos mais reprováveis entre povos, como por exemplo, 
crimes contra as pessoas, agressões físicas e verbais, depredação de bens públicos e de 
bem/propriedades privadas. 
Dos casos mais repercutidos nacionalmente encontra-se o da líder espiritual Gildasia dos 
Santos e Santos, mais conhecida como Mãe Gilda de Ogum, seu caso denominado Caso Mãe Gilda, 
ocorreu no ano de 2000, e serviu posteriormente como alicerce para a criação da lei 11.635/07. 
Conforme publicado pela Fundação Cultural Palmares. 
Com a saúde fragilizada em decorrência de agressões morais ocasionadas por intolerância 
religiosa, Mãe Gilda faleceu em 21 de janeiro de 2000, deixando seu legado com sua filha 
Jaciara Ribeiro dos Santos, que moveu uma ação contra a Igreja Universal do Reino de 
Deus (Iurd), por danos morais e uso indevido da imagem. 
Como forma de reconhecimento, o Governo Federal, instituiu, no ano de 2007, o 21 de 
janeiro como o Dia de luta contra a intolerância religiosa. Data em que pessoas de 
diferentes credos, raças, etnias, sexo celebram mais um passo a favor da dignidade humana 
para compartilhar caminhos que possibilitem o enfrentamento à: a intolerância religiosa. 
(SILVA, Juliana, “Personalidade Negras – Mãe Gilda”; Fundação Cultural Palmares; 
Disponível em http://www.palmares.gov.br/?p=34790 Acesso em 26 de abr. de 2021 
 
No supracitado Caso Mãe Gilda, ocorreu que em 1.999, o jornal Folha Universal, que é 
vinculado a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), publicou uma manchete intitulada 
“macumbeiros charlatões lesão bolso e vida dos clientes”, com a foto da ialorixá anexada junto a 
matéria onde se afirmava o crescimento do “Mercado da enganação” no país. (NASCIMENTO, 
2020) 
Quanto custa a intolerância? Para a ialorixá Gildásia dos Santos e Santos, a Mãe Gilda, 
custou a vida. Seus problemas de saúde se agravaram em decorrência dos ataques de ódio e 
agressões verbais e físicas que sofreu de seguidores da Assembleia de Deus dentro de seu 
próprio terreiro, em Itapuã. (NASCIMENTO, Vinicius. “Mãe Gilda: vida e morte de luta e 
resistência contra a intolerância religiosa”; Correio*; disponível em 
https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/mae-gilda-vida-e-morte-de-luta-e-
resistencia-contra-a-intolerancia-religiosa/ Acesso em 26 de abr. de 2021 
Segundo reportagens realizadas pelo G1 da Bahia em 28 de novembro de 2016, os números 
de casos registrados de intolerância religiosa no Estado baiano cresceram expressivamente, mais 
que duplicando em relação ao mesmo período do ano de 2015. 
“O número de casos de intolerância religiosa registrados em 2016 na Bahia pelo Grupo de 
Atuação Especial de Combate à Discriminação (GEDHDIS), do Ministério Público 
6 
 
Estadual (MPE-BA), aumentou 300% em relação ao ano anterior. Segundo o MPE-BA, 
foram computados 13 casos em 2015, enquanto neste ano já foram registrados 56 casos.” 
(G1/BA; “Busto de Mãe Gilda é reinaugurado após ser alvo de vandalismo”; disponível em 
http://g1.globo.com/bahia/noticia/2016/11/busto-de-mae-gilda-e-reinaugurado-apos-ser-
alvo-de-vandalismo.html. Acesso em 26 de abr. de 2021) 
Do mesmo modo, ocorre um cenário crítico no Estado do Rio de Janeiro, onde a 
discriminação e agressões por intolerância religiosa se acentuou perceptivelmente no decorrer dos 
anos, conforme verifica-se por meio dos dados arguidos por Nogueira em seu estudo. 
“O livro presença do axé: mapeando terreiros no Rio de Janeiro, organizado pelas 
pesquisadoras Denise Pini Rosalem da Fonseca e Sonia Maria Giacomini (2013), revela o 
dramático problema enfrentado pelos fiéis das religiões afro-brasileiras: de 840 terreiros 
pesquisados, 430 (cerca de 51%) já passaram por alguma forma de agressão. Os números 
de estudos realizado no Rio de Janeiro revelam que 430 casas sofreram alguma 
“discriminação religiosa”. É importante notar também os locais das agressões – públicos 
(57%) e notadamente na rua (67%) –, os tipos de agressão – verbal (70%) e física (21%) -, 
os agressores – evangélicos (39%); vizinhos (27%) – e os tipos de alvo – a pessoa (60%) e 
a casa (29%).” (Nogueira, 2020, p. 68 e 69). 
Assim, ao se analisar a forma como se concretizam as agressões contra os cultos religiosos 
não hegemônicos e os discursos proferidos pelos agressores em desfavor destes, é inquestionável 
que este ato criminoso, possui como alicerce motivacional, o preconceito e a aversão da religião 
alheia decorrente de manipulações dogmáticas e psicológicas implantadas inconscientemente por 
discursos religiosos proselitistas, que possuem como principal objetivo manter os fiéis presos a uma 
única religião e converter outras pessoas para determinada religião. Neste sentido, Nogueiraesclarece que: 
“A incitação à intolerância, sobretudo em relação as matrizes africanas, parte de discursos 
proferidos por pastores, padres, e até autoridades políticas. Tudo em nome de uma agenda 
moral transformada em uma crença que se resume ao desejo de se encontrar uma solução 
rápida e mítica – no mau sentido da palavra – para os problemas de segurança pública, em 
busca de uma educação de qualidade, da manutenção de valores da suposta família 
tradicional e de uma política anticorrupção.” (Nogueira, 2020, p. 66). 
De acordo com uma matéria publicada pela revista Veja, em 12 de novembro de 2017, no 
brasil há uma estimativa de, 1 registro de crime de intolerância religiosa a cada 15 horas, dados 
estes levantados pelo Ministério dos Direitos Humanos (MDH), onde se identifica como principais 
ofendidos as religiões de matriz africana, com 39% das denúncias6. Neste mesmo sentido, outras 
informações importantes que compõe esta notícia são: 
“Segundo levantamento da pasta, o Disque 100, canal que reúne denúncias, recebeu 1.486 
relatos de discriminação religiosa no período, de xingamentos a medidas de órgãos públicos 
que violam a liberdade religiosa. “E sempre há mais casos do que os relatados”, explica 
Fabiano de Souza Lima, coordenador-geral do Disque 100. “A subnotificação é alta, 
considerando o cenário nacional”, diz. “Algumas pessoas não querem se envolver e 
preferem permanecer no anonimato a denunciar.” 
Só neste ano foram registrados 169 casos: 35 em São Paulo, 33 no Rio e 14 em Minas, 
Estados com maior número de ocorrências informadas. Comparado ao mesmo período de 
2016, haveria recuo de 55%, mas Lima explica que a oscilação de denúncias não reflete a 
realidade. 
“Quando você vir um número maior em um ano, é certo que houve divulgação do 
problema, por meio de campanhas.” Um exemplo, diz, é que em 2016, ano da campanha 
nacional Filhos do Brasil, houve registro recorde de 759 casos.” 
 
Já em 2018, o Correio Braziliense publicou a informação de que em seis meses, o Brasil 
teve mais de 200 casos de intolerância religiosa, diferente do ano anterior onde no mesmo período 
registrou-se uma taxa de 255 casos dentro do mesmo período, situação na qual aparentemente 
 
6 Brasil tem uma denúncia de intolerância religiosa a cada 15 horas 
Dados do Ministério dos Direitos Humanos mostram que a maioria das vítimas é de religiões de origem africana, com 
39% das denúncias. Por Estadão Conteúdo Atualizado em 13 nov 2017, 09h40 - Publicado em 12 nov 2017, 08h33 Leia 
mais em: https://veja.abril.com.br/brasil/brasil-tem-uma-denuncia-de-intolerancia-religiosa-a-cada-15-horas/ 
7 
 
houve uma queda nos índices, entretanto, estima-se que os números são bem mais expressivos do 
que os registrados, isto porque a taxa de subnotificação ainda é altíssima.7 
Ingrid soares do Correio Braziliense expôs os seguintes dados juntamente ao caso de 
intolerância religiosa vivenciado pela Yalorixá Adna Santos, mais conhecida como mãe Baiana: 
Em comparação com 2017, em que ocorreram 255 casos no mesmo período, as ocorrências 
diminuíram. No entanto, os números podem ser ainda maiores, pois a taxa de 
subnotificação é alta. Entre as religiões que mais sofrem discriminação, está a umbanda, 
com 34 denúncias; o candomblé, com 20; e a evangélica, com 16 casos. O Distrito Federal 
aparece com apenas uma denúncia. Porém, a Secretaria da Segurança Pública e da Paz 
Social do DF registra nove ocorrências de discriminação religiosa, de janeiro a setembro. 
No mesmo período do ano passado, foram oito casos. A pesquisa do MDH também traçou 
o perfil dos agressores. A maioria das ações de intolerância é praticada por mulheres. Elas 
também encabeçam a lista das vítimas; são 45,18%, contra 37,35% dos homens. Adna 
Santos, 56 anos, mais conhecida como Mãe Baiana, sentiu na pele a discriminação contra o 
candomblé, religião à qual pertence. Chefe da Divisão de Proteção de Patrimônio da Casa 
Palmares, ela possui um terreiro no Lago Norte, na divisa com o Paranoá. Em novembro de 
2015, o Ylê Axé Oyá Bagan foi incendiado e vários santos e instrumentos religiosos foram 
queimados ou destruídos. Um laudo da polícia apontou curto-circuito, conclusão contestada 
por membros da comunidade. No mesmo ano, foram registrados mais de 10 ataques a 
terreiros no DF. 
 
Houve também uma recente situação envolvendo a Assembleia de Deus (pentecostal) e um 
grupo indígena (truká) na cidade de Cabrobó, sertão pernambucano, onde, os indígenas impediram a 
construção de um templo religioso assembleiano, logo após um pronunciamento infeliz do líder 
religioso Jabson Avelino. 
Tal confusão ocorreu em abril de 2021, mês em que um vídeo gravado pelo referido líder 
espiritual possuía em seu teor falas que ironizava e denegria as tradições culturais e religiosas 
daqueles povos, pronunciando o seguinte “Orem pelos nossos irmãos índios. Estamos precisando, 
novamente, do socorro de Deus.”.8 
Quando o pastor da Assembleia de Deus ressalta a palavra “novamente” em seu discurso, é 
possível associar aos casos mais antigos de intolerância religiosa ocorridos no Brasil, que foi a 
catequização forçada dos povos indígenas pelos Jesuítas, que vieram para o território nacional em 
1549, com a única missão de catequizar estes povos, ou seja, converte-los ao cristianismo, já que 
suas crenças eram consideradas pagãs e inaceitáveis perante a igreja católica.9 
 
7 Em seis meses, Brasil teve mais de 200 casos de intolerância religiosa 
Apesar de a Constituição Federal garantir o respeito à liberdade religiosa, agressões a pessoas ou locais de culto 
continuam ocorrendo em todo o país 
8 Reportagem de Victor Lacerda, do portal Alma Preta fundado em 27 de Abril de 2015, em Bauru, interior de São 
Paulo, com a proposta de cobrir a realidade brasileira a partir das perspectivas de raça, classe, gênero e sexualidade. O 
portal também tem o objetivo de construir uma identidade negra positiva. Redação por Pragmatismo Político: Após 
deboche de pastor, indígenas derrubam construção da Assembleia de Deus 
No Sertão de PE, indígenas do Povo Truká derrubam construção ilegal de templo evangélico. Ação aconteceu após 
líder da Assembleia de Deus debochar dos costumes da população tradicional (disponível em 
https://www.pragmatismopolitico.com.br/2021/04/deboche-pastor-indigenas-derrubam-assembleia-de-deus.html 
acesso em 29 de abr. de 2021) 
 
9Durante a colonização do Brasil pelos portugueses, uma ordem religiosa cumpriu um papel de destaque na 
organização social da colônia: a Companhia de Jesus, ou simplesmente os jesuítas, como eram comumente 
conhecidos. 
Os jesuítas liderados por Manoel da Nóbrega chegaram à colônia Brasil em 1549, junto a Tomé de Sousa, o primeiro 
governador-geral enviado por Portugal. A principal função dos jesuítas, ao virem ao Brasil, era evangelizar, catequizar 
e tornar cristãos os indígenas que habitavam estas terras. 
As missões serviram também para que os jesuítas mudassem os hábitos dos indígenas. O interesse era que eles 
passassem a viver de acordo com a cultura europeia: que as famílias fossem nucleares (pai, mãe e filhos do casal), que 
8 
 
Atualmente, pode afirmar que as marcas do passado, de um Brasil não laico, ainda 
interferem fortemente na sociedade, principalmente quando se fala na aceitação das crenças não 
hegemônicas, ou quando tais crenças descende diretamente dos povos escravizados neste território. 
Sendo observado também no proselitismo de conversão religiosa, a falta do progresso 
histórico-social, pois embora de modos diferentes, continua-se repetindo os mesmos erros, e 
insistindo incansavelmente em condutas preconceituosas e na maior parte das vezes racistas 
3 – O DIREITO A LIBERDADE RELIGIOSA NO ESTADO DEMOCRÁTICO 
BRASILEIRO 
A laicidade do Estado brasileiro é de conhecimento popular, no entanto, pouco é falado, 
divulgado e ensinado sobre esta importante característica/garantia constitucional. De modo que, esta 
faltade conhecimento sobre os aspectos que envolvem a laicidade estatal, só contribui ainda mais 
para perpetuação da ignorância social do ser humano. 
O Brasil, desde a sua colonização enfrenta constantes problemas sociais relativos à raça, cor, 
sexo, sexualidade, classe social e principalmente religiosidade. Neste aspecto, muito se discute no 
ramo das ciências sociais como por exemplo a filosofia, sociologia, a história e a antropologia, 
sobre o quão significativo foram os avanços nos direitos e deveres dos cidadãos brasileiros desde a 
chegada dos portugueses neste solo. 
Assim, para seguir a sequência cronológica destes direitos e garantias, é preciso relembrar o 
cenário trágico que foi o período da escravização do povo negro e indígena na história nacional, que 
assola e gera consequências até os dias de hoje. 
Como dito alhures, o princípio da intolerância religiosa se deu com a chegada dos 
portugueses, que desde o início, trouxeram as “companhias de Jesus” em 1549, para catequizarem 
os povos nativos deste país, e fazerem com que estes abdicassem suas culturas e crenças religiosas e 
filosóficas. Posteriormente, com a chegada dos povos escravizados, houve também a imposição da 
crença cristã sobre estes, que deveriam de qualquer modo negar suas origens e se submeterem aos 
mandos do império. Caso contrário, sofreriam as consequências sendo elas, tortura e morte. 
Tal condição perdurou abertamente para a sociedade colonial até o ano de 1889, quando o 
Brasil deixou de ser um Estado confessional para tornar-se um Estado laico, ressaltando-se 
oportunamente que inexiste relação direta entre laicidade estatal e a proclamação da república. 
A proclamação da república, no ano de 1889, foi decisiva para a mudança de tratamento, 
pelo Estado, à questão religiosa. O Decreto 119-A de 1890, redigido por Ruy Barbosa, 
tratou de transformar o sistema de relação entre religião e Estado, separando ambas 
instituições. Por conta do decreto, o Brasil deixou de ser um Estado confessional, tornando-
se um Estado Laico, antes da primeira Constituição Republicana, ainda que a relação entre 
laicidade estatal e a proclamação da República não tenham necessariamente uma relação 
direta, uma vez que os manifestos republicanos levantavam as mais diversas bandeiras. 
Quanto a redação da constituição de 1891, a liberdade religiosa passou a ser assegurada a 
todos os indivíduos e confissões, que poderiam exercer livremente seu culto (Sabain 2010, 
p. 88-89; Leite, 2014, p. 180 e 185; apud Silva, 2017, p. 25). 
Após a constituição de 1891 que ratificou a laicidade da República Federativa Brasileira 
(RFB), houve como marco principal para o direito à liberdade religiosa a assinatura da DUDH em 
 
eles se fixassem em um local (grande parte das tribos indígenas era seminômade, vivendo em constante 
deslocamento) e passassem a adotar os ritmos e as disciplinas de trabalho que impunham os europeus. Esse processo 
ficou também conhecido como aculturação. (Disponível em: https://escolakids.uol.com.br/historia/jesuitas-no-brasil-
colonia.htm. Acesso em 29 de abr. de 2021) 
9 
 
1948.10, que reafirmava o direito do homem de escolher qual sua religião além de professa-la da 
melhor forma que lhe aprouvesse. 
A partir deste marco as religiões existentes no Brasil e seus adeptos estavam positivamente 
assegurados pela DUDH e pela Constituição federal podendo assim exercer plena capacidade de 
seus direitos a liberdade religiosa e liberdade de expressão religiosa sem a interferência do Estado. 
Contudo, ao garantir-se a liberdade de expressão e o exercício religioso sem determinar 
paralelamente efetivos dispositivos regulamentadores para utilização destes direitos, as pessoas que 
antes eram oprimidas pelo Estado confessional, passaram a ser oprimidas pela religião que se 
tornou independente do Estado. Ou seja, a lei se adequou a realidade social, mas não estava 
preparada para a reviravolta que haveria. 
Pois quando o Estado deixou de ser o escancaradamente o opressor, a igreja católica, e as 
religiões que foram se tornando hegemônicas, automaticamente, assumiram este papel, uma vez que 
a separação entre igreja/Estado conferiu mais autonomia a esta instituição religiosa, tornando-a um 
potencial risco para as minorias. 
Levando paralelamente em consideração que os ideais filosóficos da sociedade não foram 
condicionados a aceitar drástica mudança na confissão religiosa da república, e no fato de que já 
não se existia mais diferença racial que fundamentasse a escravidão para proibir as crenças e ideais 
dos povos negros, tornara-se possível verificar o crescimento do preconceito, da discriminação e do 
racismo que existiam na época do Brasil colônia. 
Sentimentos estes que se perpetuaram até os dias atuais e se mascararam sob um falso 
argumento de liberdade de expressão, conferindo aos discursos racistas, discriminatórios e 
preconceituosos atuais, muitas vezes, a característica de discurso protegido por tal direito, 
entretanto, é possível constatar que em seu âmago existe a pura intenção de escarnecer e 
estigmatizar o diferente. 
Após todas as lutas e conquistas dos povos brasileiros surgiu a CF/88 que trouxe em seu 
bojo um rol extenso de direitos e deveres, sendo mais conhecidos como garantias constitucionais, e 
por óbvio, estas, possuem inestimável importância para os cidadãos e para as lutas sociais, mas que 
novamente falhou em atender as demandas referente ao limite da liberdade de expressão. 
Quando a constituição completava 11 anos de promulgação (1999), ocorreu o mais 
emblemático dos casos de intolerância religiosa, o caso mãe Gilda, que já fora citado anteriormente 
e que fundamentou a criação da lei nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, para instituir o dia 21 de 
janeiro como dia nacional ao combate à intolerância religiosa. 
Na seção das Personalidades Negras – Mãe Gilda do site da Fundação Cultural Palmares, há 
uma colocação muito encantadora, mas utópica a respeito desta lei e deste dia, sendo ela: 
 “Como forma de reconhecimento, o Governo Federal, instituiu, no ano de 2007, o 21 de 
janeiro como o Dia de luta contra a intolerância religiosa. Data em que pessoas de 
 
10 Ao longo da história do Brasil, tivemos sete Constituições, sendo a primeira delas a Constituição de 1824 – também 
chamada de Constituição Imperial. Essa Constituição já garantia a liberdade religiosa e a proibição de perseguição por 
motivos religiosos, apesar de estabelecer algumas restrições para os cultos que não fossem da religião oficial do 
Estado, pois naquela época o Brasil não era um país laico. 
Isso significa que a Igreja exercia influência nos assuntos do Estado, pois essas duas instituições não eram separadas. A 
religião oficial do Brasil era o Catolicismo e, apesar de haver liberdade religiosa, as religiões não oficiais deveriam 
realizar seus cultos apenas em lugares especificamente destinados a isso. 
O Estado passa a ser laico no Brasil com a promulgação da Constituição de 1891, mas o direito à liberdade religiosa 
continuou a ser assegurado em todas as Constituições seguintes. Um marco importante para o Brasil no que diz 
respeito à liberdade religiosa é a assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações 
Unidas – ONU, em 1948, que prevê em seu artigo 18 a garantia desse direito fundamental. (KACHAN, Felipe; 
CARVALHO, Talita de; FIGUEIREDO, Danniel; “É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o 
livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.” 
ARTIGOQUINTO; https://www.politize.com.br/artigo-5/liberdade-
religiosa/#:~:text=Um%20marco%20importante%20para%20o,a%20garantia%20desse%20direito%20fundamental.) 
10 
 
diferentes credos, raças, etnias, sexo celebram mais um passo a favor da dignidade humana 
para compartilhar caminhos que possibilitem o enfrentamento à: a intolerância religiosa.”Utópica por que? Simplesmente pelo fato de que na prática não é um dia lembrado, não se 
encontram propagandas e conscientizações sobre este delito, e principalmente, com a quantidade 
crescente dos índices de agressões, e ataques as Comunidades Tradicionais de Terreiros (CTT), já 
expostas anteriormente, verifica-se que tal lei ainda não alcançou e não está perto de atingir seu 
objetivo máximo. 
Ocorre que, com a quantidade escassa de legislação sobre este tema, é deveras 
inquestionável que o Estado, na condição do poder legislativo, fechou os olhos para esta realidade, e 
nada buscou fazer efetivamente para aplacar estes crimes, deixando claramente toda parte complexa 
ao poder Judiciário, que possui a necessidade de julgar as demandas sem uma legislação concisa 
como base. 
Assim, sem a efetiva criação de normas regulamentadoras de direito e/ou legislação especial 
sobre esta temática, foi atribuído ao judiciário o dever de tratar as resoluções destes litígios, por 
meio da sua função atípica. 
Um exemplo de julgamento realizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), foi a análise 
do proselitismo em rádios, que buscava constatar se a utilização do discurso proselitista era 
considerado violação do direito à liberdade de expressão, ou se seu uso era totalmente possível e 
protegido legalmente. 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITO CONSTITUCIONAL. 
LEI N. 9.612/98. RÁDIODIFUSÃO COMUNITÁRIA. PROBIÇÃO DO PROSELITISMO. 
INCONSTITUCIONALIDADE. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO DIRETA. 1. A liberdade de 
expressão representa tanto o direito de não ser arbitrariamente privado ou impedido de 
manifestar seu próprio pensamento quanto o direito coletivo de receber informações e de 
conhecer a expressão do pensamento alheio. 2. Por ser um instrumento para a garantia de 
outros direitos, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal reconhece a primazia da 
liberdade de expressão. 3. A liberdade religiosa não é exercível apenas em privado, mas 
também no espaço público, e inclui o direito de tentar convencer os outros, por meio do 
ensinamento, a mudar de religião. O discurso proselitista é, pois, inerente à liberdade de 
expressão religiosa. Precedentes. 4. A liberdade política pressupõe a livre manifestação 
do pensamento e a formulação de discurso persuasivo e o uso do argumentos críticos. 
Consenso e debate público informado pressupõem a livre troca de ideias e não apenas a 
divulgação de informações. 5. O artigo 220 da Constituição Federal expressamente 
consagra a liberdade de expressão sob qualquer forma, processo ou veículo, hipótese 
que inclui o serviço de radiodifusão comunitária. 6. Viola a Constituição Federal a 
proibição de veiculação de discurso proselitista em serviço de radiodifusão 
comunitária. 7. Ação direta julgada procedente. 
(ADI 2566, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Relator(a) p/ Acórdão: Min. 
EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 16/05/2018, PROCESSO ELETRÔNICO 
DJe-225 DIVULG 22-10-2018 PUBLIC 23-10-2018) 
 
E como verifica-se, foi decidido que o proselitismo não pode ser considerado ilegal pois este 
é intrínseco ao direito de liberdade religiosa, possuindo, por conseguinte, a livre capacidade de 
buscar atrair novos adeptos a sua religião, entretanto, tal discurso não é permitido 
indiscriminadamente, conforme ressaltado no primeiro capitulo desta pesquisa existe limites, sendo 
nele vedado o emprego do “hate speech”: 
“Manifestações de pensamento que ofendam, ameacem ou insultem determinado grupo 
de pessoas com base na raça, cor, religião, nacionalidade, orientação sexual, 
ancestralidade, deficiência ou outras características próprias. (...) No direito norte-
americano, prevalece o entendimento de que até o discurso de ódio (hate speech) 
inclui-se no âmbito de proteção da liberdade de expressão”. (BERNARDES) 
11 
 
Já a visão de que o discurso de ódio é abarcado pelo direito à liberdade de expressão, é 
contraposto pela ADI 2566, dada sua imprevisão constitucional e sua incongruência ante os 
objetivos alicerces da CF/88 de criação de um país sem distinção e preconceitos11. 
“ADI 2566: A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus 
seguidores não está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de 
expressão. STF. 2ª Turma. RHC 146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias 
Toffoli, julgado em 6/3/2018” 
Portanto, nota-se, teoricamente, a proteção dos direitos de liberdade de expressão, de 
liberdade religiosa e de culto. O primeiro possui mais matérias explicativas e ordenamentos 
favoráveis que o segundo, mas em tese, já demonstram que ambos possuem a proteção do Estado. 
Considerações Finais 
O preconceito, a discriminação e a intolerância religiosa no Brasil em si, são obstáculos 
presentes desde a colonização europeia, e que devido a falta do preparamento social para aceitação 
das diferenças filosóficas e etnológicas dentre outras, contribuíram significativamente para sua não 
resolução no tempo. Fazendo com que atualmente a sociedade tenha que conviver rotineiramente 
com inúmeros casos de atentados inter, intra e contrarreligiosos. 
A problemática da liberdade de expressão aliada e da expressão religiosa encontra-se na 
falta de regulamentação destes dois direitos, e principalmente no delineamento do que é discurso de 
ódio, fatos que acabam contribuindo gradativamente para a perpetuação da conduta delitiva 
conhecida como intolerância religiosa. 
 Em suma, percebe-se a demasiada importância do direito a liberdade de expressão para 
evitar que a sociedade continue vivendo em um sistema absolutista, autocrático infindável. No 
entanto, este direito não pode ser taxado como absoluto, existindo assim parâmetros para sua 
utilização. 
Quando se fala de discurso religioso proselitista, este é um ato inerente á profissão da fé, não 
podendo ser impedido, desde que em sua essência não esteja atrelada a incitação do ódio, 
preconceito ou discriminação, situação que atualmente ocorre com muita frequência. 
Deste modo, vislumbra-se por meio da pesquisa ora realizada, que o problema em si não é o 
discurso proselitista que visa a capitação de novos fiéis, mas sim a forma com que este é prolatado. 
Assim, os pronunciamentos feitos por líderes religiosos não possuem problema algum quando 
focados a exaltação de sua fé, demonstrando que a mesma é idônea e benéfica aos frequentadores, 
entretanto, quando estes incluem falas com intuito de denegrir, estigmatizar e demonizar a crença 
alheia estão ultrapassando seus direitos e incitando a intolerância religiosa. 
 Conduta esta que passa a ser reprimida teoricamente pelo Estado em seu ordenamento 
jurídico, pois a laicidade estatal envolve a garantia da livre exortação da fé e o dever de proteger 
aqueles que possuem tal direito cerceado ou até mesmo minimizado. 
Na aplicação prática do ordenamento jurídico constata-se claramente a falta de preparo dos 
três poderes do Estado, em primeiro lugar é a ineficácia da legislação criada pelo parlamento, em 
segundo o déficit do poder administrativo no ato de se fazer cumprir as poucas disposições 
normativas existentes, levando a “inercia” do poder judiciário no julgamento e prolação da pena, 
uma vez que este, não consegue se posicionar efetivamente por conta do descaso e despreparo do 
outros dois poderes. 
Referências 
BERNARDES, Juliano Taveira; FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves.Direito 
Constitucional. Tomo II. 7ª ed. Salvador: Juspodivm, 2017, p. 128. 
 
11Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, 
justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as 
desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade 
e quaisquer outras formas de discriminação. 
12 
 
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consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, 
na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.” ARTIGOQUINTO; disponível 
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https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/c7be03f5d811ed29c328526ca8a
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13 
 
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Disponível em: https://veja.abril.com.br/brasil/brasil-tem-uma-denuncia-de-intolerancia-religiosa-a-
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