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Rafael Soares Silva Géssica Ferreira Carvalho Pessoa Thayane Nascimento Freitas Izabel Rodrigues da Silva (Organizadores) Editora Metrics Santo Ângelo – Brasil 2021 TENDÊNCIAS & PESQUISAS EM EDUCAÇÃO CATALOGAÇÃO NA FONTE Responsável pela catalogação: Fernanda Ribeiro Paz - CRB 10/ 1720 2021 Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora Metrics Todos os direitos desta edição reservados pela Editora Metrics Rua Antunes Ribas, 2045, Centro, Santo Ângelo, CEP 98801-630 E-mail: editora.metrics@gmail.com https://editorametrics.com.br Copyright © Editora Metrics Imagens da capa: Pixabay Revisão: Os autores T291 Tendências e pesquisas em educação [recurso eletrônico] / organizadores: Rafael Soares Silva ... [et al.]. - Santo Ângelo: Metrics, 2021. 301 p. ISBN 978-65-89700-44-9 DOI 10.46550/978-65-89700-44-9 1. Educação. 2. Formação de professores. 3. Ensino- aprendizagem. I. Silva, Rafael Soares (org.). CDU: 37 Conselho Editorial Drª. Berenice Beatriz Rossner Wbatuba URI, Santo Ângelo, RS, Brasil Drª. Célia Zeri de Oliveira UFPA, Belém, PA, Brasil Dr. Charley Teixeira Chaves PUC Minas, Belo Horizonte, MG, Brasil Dr. Douglas Verbicaro Soares UFRR, Boa Vista, RR, Brasil Dr. Eder John Scheid UZH, Zurique, Suíça Dr. Fernando de Oliveira Leão IFBA, Santo Antônio de Jesus, BA, Brasil Dr. Glaucio Bezerra Brandão UFRN, Natal, RN, Brasil Dr. Gonzalo Salerno UNCA, Catamarca, Argentina Drª. Helena Maria Ferreira UFLA, Lavras, MG, Brasil Dr. Henrique A. Rodrigues de Paula Lana UNA, Belo Horizonte, MG, Brasil Dr. Jenerton Arlan Schütz UNIJUÍ, Ijuí, RS, Brasil Dr. Jorge Luis Ordelin Font CIESS, Cidade do México, México Dr. Luiz Augusto Passos UFMT, Cuiabá, MT, Brasil Dr. Manuel Becerra Ramirez UNAM, Cidade do México, México Dr. Marcio Doro USJT, São Paulo, SP, Brasil Dr. Marcio Flávio Ruaro IFPR, Palmas, PR, Brasil Dr. Marco Antônio Franco do Amaral IFTM, Ituiutaba, MG, Brasil Drª. Marta Carolina Gimenez Pereira UFBA, Salvador, BA, Brasil Drª. Mércia Cardoso de Souza ESEMEC, Fortaleza, CE, Brasil Dr. Milton César Gerhardt URI, Santo Ângelo, RS, Brasil Dr. Muriel Figueredo Franco UZH, Zurique, Suíça Dr. Ramon de Freitas Santos IFTO, Araguaína, TO, Brasil Dr. Rafael J. Pérez Miranda UAM, Cidade do México, México Dr. Regilson Maciel Borges UFLA, Lavras, MG, Brasil Dr. Ricardo Luis dos Santos IFRS, Vacaria, RS, Brasil Dr. Rivetla Edipo Araujo Cruz UFPA, Belém, PA, Brasil Drª. Rosângela Angelin URI, Santo Ângelo, RS, Brasil Drª. Salete Oro Boff IMED, Passo Fundo, RS, Brasil Drª. Vanessa Rocha Ferreira CESUPA, Belém, PA, Brasil Dr. Vantoir Roberto Brancher IFFAR, Santa Maria, RS, Brasil Drª. Waldimeiry Corrêa da Silva ULOYOLA, Sevilha, Espanha Este livro foi avaliado e aprovado por pareceristas ad hoc. SUMÁRIO PREFÁCIO ...............................................................................13 Géssica Ferreira Carvalho Pessoa Capítulo 1 - A INSUBORDINAÇÃO CRIATIVA NA EDUCAÇÃO ..........................................................................15 Izabel Rodrigues da Silva Tarcísio Welvis Gomes de Araújo Thayane Nascimento Freitas Aline Mendes Medeiros Nádia Fernanda Martins de Araújo Rafael Soares Silva Capítulo 2 - FONOLOGIA E ENSINO DE LÍNGUA MATERNA: ESTRATÉGIAS DE ENSINO E PROPOSTAS INTERVENTIVAS PARA EDUCAÇÃO BÁSICA ...................25 Géssica Ferreira Carvalho Pessoa Capítulo 3 - A IMPORTÂNCIA DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NAS PROPOSTAS DE ENSINO REMOTO EMERGENCIAL ...................................37 Evando Luiz e Silva Soares da Rocha Capítulo 4 - OS DISCURSOS DO USO DA MEDICALIZAÇÃO PARA O TRATAMENTO DE PACIENTES COM TDAH ......................................................57 Hélio Cleidilson de Oliveira Sena Lílian de Sousa Sena Aline de Sousa Maria de Jesus Pinheiro Sousa Tendências & Pesquisas em Educação Capítulo 5 - FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DOCENTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL ........................................................79 Rogério Leal de Sousa Fausneto Alves Ibiapina Rosane Ferreira Macedo Ivone das Dores de Jesus Capítulo 6 - LITERATURA MOÇAMBICANA: SUAS CARACTERÍSTICAS IDENTITÁRIAS NA OBRA DE NELSON SAÚTE ....................................................................91 Maria Laisia Viana da Silva Paula Raíssa Sousa Borges Capítulo 7 - FORMAÇÃO DE PROFESSORES E TECNOLOGIAS DIGITAIS: NOVOS SABERES DOCENTES PARA NOVOS TEMPOS ......................................................103 Angela da Silva Fernandes Cruz Denys Santos da Cruz Efraim Menezes de Lima Costa Capítulo 8 - UMA ANÁLISE SOBRE O ENSINO DO PENSAMENTO COMPUTACIONAL PARA ALUNOS COM ESPECTRO AUTISTA...........................................................121 Lucas Daniel Batista Lima Izabel Rodrigues da Silva Capítulo 9 - PRÁTICA DOCENTE DOS PROFISSIONAIS BACHARÉIS DA ÁREA DA SAÚDE ....................................141 Amanda Cristine Ferreira dos Santos Michelly da Silva Pinheiro Pietro Rodrigo Almeida e Sousa Maria de Fátima Almeida e Sousa Francisca Neuza de Almeida Farias Tendências & Pesquisas em Educação Capítulo 10 - AS CONTRIBUIÇÕES DO LÚDICO PARA A APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL NA ESCOLA MUNICIPAL JOAQUIM PARENTE EM ÁGUA BRANCA PIAUÍ ....................................................................157 José Miguel Rodrigues Da Silva Rosa Maria da Silva Rodrigues Capítulo 11 - A IMPORTÂNCIA DA INTERTEXTUALIDADE PARA A PRODUÇÃO TEXTUAL ..............................................................................177 João Batista Da Silva Capítulo 12 - SEMIÓTICA: MEMES NO CONTEXTO DA PANDEMIA DA COVID-19 .................................................189 Damarys Alves da Silva Barbosa Emanuelly Nascimento Gomes Capítulo 13 - COMPETÊNCIA LEITORA: UM OLHAR SOBRE OS DESCRITORES DE LÍNGUA PORTUGUESA COM ALUNOS DO 6° ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL .................................................................201 Géssica Ferreira Carvalho Pessoa Capítulo 14 - ELABORAÇÃO DE MATERIAIS EDUCATIVOS DE NUTRIÇÃO PARA AS AULAS E ATIVIDADES COM A COMUNIDADE – EDUCANUTRI .....................................213 Amanda Cristine Ferreira dos Santos Gisele Viana de Moura Andrea Nunes Mendes de Brito Carlos Henrique Ribeiro Lima Lília Maria Monteiro de Oliveira e Silva Capítulo 15 - LITERATURA E INFÂNCIA: TRAVESSIAS...225 João Batista Da Silva Tendências & Pesquisas em Educação Capítulo 16 - GESTÃO DA EDUCAÇÃO NO PIAUÍ: PERSPECTIVAS E APLICAÇÕES .......................................235 Tássio Mascarenhas de Carvalho Gilvan Duarte dos Santos Manoel Leonardo Tavares da Silva Amanda Cristine Ferreira dos Santos Capítulo 17 - OS JOGOS E AS BRINCADEIRAS NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL .....................................255 Rozinete de Oliveira Tavares Capítulo 18 - ANÁLISE SOBRE NOVOS DESAFIOS DO EDUCADOR DO CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO ...............................................................................275 Tássio Mascarenhas de Carvalho Gilvan Duarte dos Santos Manoel Leonardo Tavares da Silva Amanda Cristine Ferreira dos Santos Capítulo 19 - PRÁTICAS DE LETRAMENTO(S) NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA PARA ESTUDANTES SURDOS ....................................................287 Nádia Fernanda Martins de Araújo Tarcísio Welvis Gomes de Araújo Thayane Nascimento Freitas Aline Mendes Medeiros Izabel Rodrigues da Silva Rafael Soares Silva SOBRE OS ORGANIZADORES ..........................................301 PREFÁCIO Pensar em educação é nos deparamos com uma montanha de desafios, de conquistas e de aprendizagens. No nosso momento atual, tendo em vista a Pandemia da covid-19, é marcado como um momento de reinvenção de valores educacionais e que provocou uma mudança rápida na forma de enxergar a educação, de valorizar sua importância e seus profissionais. Mudar nunca é tarefa fácil, porém com a imposição do momento foi preciso nos adaptarmos de formadura e rápida para atendermos às necessidades vigentes. Dessa forma, muitas ideias surgiram para minimizar as dificuldades, apresentando o brilhantismo dos profissionais da educação. Educar é ir além do ensinar o conteúdo, é impregnar de sentido todo e qualquer elemento que eleve o nosso educando a conhecimentos futuros, é despertar nele o interesse, a vontade de querer, de ser. Ser educador é estar sempre disposto a aprender e com isso mudar. Dessa forma, as pesquisas educacionais chegam com essa dimensão, de promover esse estado educativo, tornando assim o aluno protagonista de seus conhecimentos. Esta obra é composta por estudos que promovem essas discussões, de pesquisas comprometidas em trazer um novo olhar para o cenário educacional procurando melhorar e proporcionar as bases educativas caminhos que levem a excelência, caminhos que sejam positivos na vida de cada educando, caminhos que desbravem as dificuldades e cheguem a um porto de aprendizagens significativas. Durante a leitura dessa obra você vai encontrar perspectivas que favorecem e enaltecem nossa educação, como também novidades educacionais que permitem um olhar e repensar sobre as tendências pedagógicas de forma elaborada, contando sempre com uma visão atenta e dinamizada. Promover educação é tarefa árdua e que requer muito compromisso e conhecimento, pois não se pode ensinar o que não 14 Tendências & Pesquisas em Educação se sabe, não se pode desenvolver aprendizagens significativas se o profissional desconhece esses caminhos. Dessa forma, nós enquanto pesquisadores, temos objetivo e por que não dizer a missão, de mergulharmos nesse mar de dificuldades e tentarmos trazer “soluções” / diálogos que possa dirimir os desafios e ampliarmos nossa capacidade de ensinar e fazer educação. Se faz necessário, a cada educador está sempre se reinventando e aprendendo para que este, possa está cada vez mais atualizado. É nesse contexto que esta obra se localiza, foi escrita por e para profissionais de educação e, portanto, em linguagem acessível, podendo ser útil para comunidade em geral, pois em seu corpo textual utiliza-se de termos de fácil compreensão, assim sendo viável para quem busca entender e compreender novas tendências educacionais. Quero agradecer o aceite do convite de cada colaborar para a construção dessa obra, que de forma brilhante enriqueceram esse debate. Desejo que este trabalho possa ter relevância a comunidade em geral a qual se destina e que proporcione benefícios ao âmbito educacional. Um convite ao deleite dessa obra, boa leitura! Géssica Ferreira Carvalho Pessoa Capítulo 1 A INSUBORDINAÇÃO CRIATIVA NA EDUCAÇÃO Izabel Rodrigues da Silva1 Tarcísio Welvis Gomes de Araújo2 Thayane Nascimento Freitas3 Aline Mendes Medeiros4 Nádia Fernanda Martins de Araújo5 Rafael Soares Silva6 1 Introdução O conceito de insubordinação criativa na educação se preocupa em identificar as contribuições e as 1 Especialista em Metodologia da Educação Infantil (2019). Licenciada em Pedagogia - UFPI (2014). Formação em nível Técnico em Biblioteca. Atualmente é professora (acompanhante terapêutica) de uma aluna com Síndrome de Down no Instituto Dom Barreto (Teresina-PI). 2 Mestrando em Educação Inclusiva em Rede (PROFEI/UEMA). Especialista em Libras com Docência do Ensino Superior (FAEME). Licenciado em Pedagogia (UFPI). Professor/Instrutor de Libras (SEDUC – MA). 3 Mestranda em Educação Inclusiva em Rede (PROFEI/UEMA). Especialista em Libras com docência Superior- FAEME, Especialista em Educação Especial- IESM, Especialista em Gestão e Supervisão Escolar- FACEI, Graduanda em Letras-Libras- UNIASSELVI, Licenciada em Pedagogia – UFPI, Professora da Secretaria Municipal de Educação- SEMEC/PI. 4 Mestranda em Educação- UFMA, Especialista em Língua Brasileira de Sinais – UESPI. Licenciada em Pedagogia- UESPI. Docente da área de Libras CPCE/UFPI. 5 Mestranda em Formação de Professores - UEPB. Especialista em Língua Brasileira de Sinais- UESPI. Licenciada em Pedagogia - UFPI. Docente da área de Libras CSHNB/UFPI. 6 Pós-doutorando em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares (UFRRJ); Pós-Doutor em Química pelo IQSC-USP; Doutor em Ensino de Ciências e Matemática (UNICSUL), Mestre em Engenharia e Ciências dos Materiais (MACKENZIE); Licenciado em Pedagogia, Química e Biologia. Pesquisador do Observatório de Educação Especial e Inclusão Educacional (ObEE) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) - E-mail: doc.rafaelsoares@gmail.com/ ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9994-6653. 16 Tendências & Pesquisas em Educação implicações que ele agrega à área, em diversos momentos das práticas pedagógicas. Está relacionada às ações de fissuras assumidas responsavelmente diante a um currículo prescrito pelas instituições educacionais, rompendo com normas e/ou regras destas. O objetivo é melhor atender às necessidades dos sujeitos aos quais se prestam serviço, mas que ao mesmo tempo não prejudiquem os sujeitos envolvidos. Nesse sentido, na área da educação professores e gestores são considerados transformadores responsáveis pela subversão, pois ousam em elaborar metodologias criativas em benefício de melhores resultados para um melhor desempenho de toda a comunidade escolar como uma ação de oposição de diretrizes superiores, desafiando-as quando estas discrepam de teorias e metodologias que os profissionais tem consciência do seu saber fazer e estão atentos ao momento de transpor com alguns paradigmas para a tomada de decisão, colocando o aluno como protagonista no processo de aprendizado (DOS SANTOS; MATOS, 2017). Com vistas a isso, percebe-se que a insubordinação criativa dispõe o aluno no centro do processo educacional, considera o desenvolvimento dos alunos ao planejar suas ações, desafia a estes a constatarem problemas e suas possíveis soluções, transcendendo o ambiente escolar e da sala de aula tendo, assim, o aluno participante ativo na e para a produção de seu conhecimento. Dessa forma, D’Ambrosio e Lopes (2015) relatam que a expressão insubordinação criativa surgiu na década de 80, quando pesquisadores de Chicago, baseados nas ideias de Morris et al. definiram a insubordinação criativa como sendo práticas de resistência para regras e políticas pré-estabelecidas no âmbito educacional por instâncias superiores com o intuito de impactar a formação e o desenvolvimento de seus alunos para a construção e progresso de uma sociedade mais justa, crítica, ética e digna para todos Logo, nos anos 90, esse conceito é estendido como o momento desencadeador nas práticas pedagógicas de professores aspirando percursos e melhorias à comunidade escolar e de forma adequada quando essas regras preestabelecidas não atingem 17 Tendências & Pesquisas em Educação positivamente professores e alunos, e evitar consequências negativas não comtempladas nessas regras e que possam vir a afetar a criatividade e a ousadia ao se tomar decisões. Portanto, a insubordinação criativa é uma prática centrada no desafio ou desacato ao sistema de diretrizes, mas de uma forma responsável e criativa, alicerçadas em bases éticas favorecendo ao bem estar do outro e na manutenção ou a melhoria do ensino e da aprendizagem dentro dos espaços escolares. 2 A importância da insubordinação criativa e a superação dos paradigmas previamente determinados As demandas atuais advindas com as transformações sociais e tecnológicas, tem cobrado das intuições de ensino, profissionais cada vez mais capacitados para desenvolver sua prática pedagógica com metodologias e recursos diferenciados no âmbito de formar cidadãos éticos e solidários não com a técnica de transmissão de conceitos já elaborados e construídos, mas sim com estratégias que não limitem sua prática docente apenas aos objetivos predeterminados, sem ao menos levar em consideração o contexto no qual o aluno está inserido. Dessa forma, o desempenho docente dependerá de suacapacidade para entender, perceber e respeitar as especificidades de cada aluno, bem como seu processo de desenvolvimento intelectual e emocional. Diante disso, podemos perceber que O professor necessita tomar decisões rapidamente em suas ações pedagógicas. Da mesma forma, o pesquisador que desenvolve estudos em Educação também precisa considerar essa complexidade educativa e tomar decisões sobre como investigar os diversos contextos (D’AMBRÓSIO; LOPES, 2015, p. 5). Concordamos que a insubordinação criativa possibilita aos profissionais de educação inovar concomitantemente a desobediência com responsabilidade aos parâmetros usuais, conforme achar-se necessário, isso devido à complexidade e a diversidade emergente das salas de aula. Assim, demanda-se que o 18 Tendências & Pesquisas em Educação professor tome decisões ágeis em suas ações pedagógicas. Ao mesmo tempo, ambiciona-se que a formação dos profissionais os torne críticos, ativos e responsáveis, além de colaborarem com seus congêneres e a buscarem, de forma conjunta, respostas para os problemas educacionais que emergem em seus espaços pedagógicos, participante, ativo, crítico e responsável (COUTO; FONSECA; TREVISAN, 2017). Em outras palavras, presume-se que o profissional tenha capacidade de tomar decisões, de assumir sua prática e tomar atitudes plausíveis no que tange aos impasses de todo o percurso educativo dos alunos. Enfim, um profissional que tenha autonomia, mas que tenha consciência do seu importante papel como educador e clareza sobre a complexidade dos processos educacionais. A (re)construção e a (re)flexão de um currículo norteador, flexível e crítico que corrobore para a instauração de novos paradigmas nos processos de ensino e de aprendizagem. Esse desafio exige mudanças na conduta de docentes e gestores, para que juntos possam inovar nas práticas pedagógicas, escolher metodologias ativas e criativas, e com isso, novas formas de avaliar, tendo o currículo como um dos documentos de referência, claro que não um currículo burocrático, conteudista e desprovido de significado, mas sendo ele dinâmico e multifacetado. Para isso, o profissional deve exercer sua função de sujeito participante dos processos de tomada de decisão e produção coletiva relativas ao processo educacional. Concordamos que o papel das instituições escolares e do professor como mediador e facilitador do conhecimento, nos dias atuais, é trazer um quociente de aprendizagens mais sólidas. Assim, o ensino deve ser instigador de criatividade, libertador e estar lado a lado com a realidade da vida dos sujeitos, pois a educação revoluciona e traz muitos benefícios para a formação de um mundo mais justo, crítico e melhor. Imediatamente, a escola que adotar aulas inovadoras a partir da insubordinação criativa, conseguirá conquistar uma competência de aprendizado, tendo como base a estimulação dos 19 Tendências & Pesquisas em Educação alunos a buscarem seu próprio conhecimento e a aprender com as novas experiências pedagógicas, ou seja, autores de suas atividades. Percebe-se que é de fundamental importância incentivar e manter a cultura do protagonismo, da autonomia e da independência dos alunos. Além disso, uma das mais importantes funções da insubordinação criativa, como o próprio nome sugere, é a criação, a inovação de tornar o processo de ensino-aprendizagem mais fácil e melhor, pois oportuniza aos alunos uma nova forma de ser, pensar e se comportar no mundo, transformando a realidade a partir das reflexões e resoluções dos problemas que possam vir a surgir no contexto social. Sem dúvida, a organização de ambientes de aprendizagem inovadores, favorecem aos alunos assumirem a função de sujeito ativo em seu processo de aprendizagem. Esse conceito desafia o profissional da educação, ao mesmo tempo em que renova suas crenças e concepções. É um convite à reflexão do ser professor. E desestrutura, reconstrói. De uma ação insubordinadamente criativa, na educação, espera-se mudança no processo já constituído, mudança positivamente fortalecedora, que visa à educação, em sua plenitude, de crianças futuramente responsáveis por respostas a problemas sociais não solucionados (SANTOS, 2017, p. 3). Podemos inferir com base na autora e como já mencionado anteriormente que por cada professor ser único, ter sua personalidade e expectativas ao desenvolver sua prática em sala de aula, é de sua responsabilidade atrever-se a criar e ousar na ação docente, no intuito de os estudantes experenciarem uma aprendizagem e atribuam significados ao conhecimento adquirido. Todavia, estamos vivenciando um mundo cada vez mais tecnológico em que o processo de transformação acontece em uma velocidade bastante notável e veloz e, em meio a tanta evolução, o método, os conteúdos e as práticas precisam estar voltados para o que a realidade exige: educadores, coordenadores e diretores preocupados em aderir cada vez mais às novas tecnologias, garantindo assim, aulas mais dinâmicas, interdisciplinares e atrativas. 20 Tendências & Pesquisas em Educação De certo, os avanços tecnológicos surgem como uma ferramenta de apoio e será utilizada tanto por alunos como por professores com a finalidade de corroborar com os conteúdos estudados ao longo do processo educativo. Isso se deve à importância proveniente da insubordinação criativa que faz com que os professores se tornem peças chave para proporcionarem à sala de aula um ambiente com ricas oportunidades para a aprendizagem (LOPES, 2016). A educação em seus múltiplos aspectos precisa romper com o currículo prescrito em prol do desenvolvimento e interesses dos alunos e, com isso, proporcionar aprendizagens singulares e diversas para seus alunos. E aqui retomamos mais uma vez a ideia de que o aluno deve estar no centro do processo educativo, e que todo educador deveria ter atitude inovadora no que diz respeito a sua prática docente. Logo, é uma realidade dinâmica, que por mais que determinações sejam impostas, ela deve ser edificada com criatividade por cada indivíduo, visando o pleno desenvolvimento e o progresso do aluno e da sociedade ao qual faz parte. E, nesse sentido, criar é ser insubordinado às regras preestabelecidas, é necessário construir uma nova forma de ver o mundo e refletir sobre ele na realidade de um contexto contemporâneo. Nesse sentido, esclarece-nos Lopes (2016) que atitudes insubordinadas e criativas das práticas pedagógicas de docentes em seu cotidiano escolar, manifestam condutas não previsíveis nas recomendações para o ensino e aprendizagem, ou seja, é uma educação diferenciada, interdisciplinar e se propõe a formar cidadãos também capazes de inovar criativamente. 3 A insubordinação criativa na educação especial e inclusiva Considerando que a insubordinação criativa leva os sujeitos a “descumprirem regras” em benefício próprio ou de um grupo específico, é importante considerarmos que as pessoas com deficiência, no geral, precisaram e precisam quebrar muitas regras, de forma organizada, para conseguirem alguns direitos e benefícios 21 Tendências & Pesquisas em Educação que não lhes eram dados ou possíveis, a exemplo da educação. A educação de pessoas com deficiência em instituições de ensino só teve início no Brasil por volta de 1854 com a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, atual Instituto Benjamin Constant (IBC) e o Instituto de Surdos Mudos, em 1857, denominado atualmente de Instituto Nacional da Educação de Surdos (INES). Durante o século XX foi criado o Instituto Pestalozzi, em 1954, é fundada a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e o primeiro atendimento educacional especializado pela Sociedade Pestalozzi que atendia pessoas com superdotação, em 1945 (BRASIL, 2008). Para que a inclusão de pessoas com deficiência fosse possível primeiro em escolas especiais e posteriormente em escolas regulares foi necessária uma mudança de paradigmas e de acessoa esses espaços escolares. Anteriormente, os alunos com deficiência precisavam passar por avaliações e caso seu desempenho fosse inferior ao esperado ele não seria matriculado. Hoje, por meio de políticas de inclusão há a possibilidade de o aluno ser incluído na escola regular e ela deverá adaptar e adequar as atividades e avaliações para atender estes alunos de forma igualitária. A primeira mudança deve ocorrer no currículo. Por meio das adaptações curriculares que se constituem como: “o conjunto de modificações que se realizam nos objetivos, conteúdos, critérios e procedimentos de avaliação, atividades e metodologias para atender às diferenças individuais dos alunos” (BRASIL, 1997, p. 36). Percebemos que o foco sai da deficiência do sujeito e passa a ser responsabilidade das instituições de ensino, das formas e condições de aprendizagem que elas possibilitarão aos alunos. Castro (2003) aponta a escola como a responsável para ajustar-se e atender a diversidade dos alunos, possibilitando a eles o sucesso escolar por meio de uma proposta educativa que atenda a diversidade. Outros documentos que tratam sobre a adaptação curricular são os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL,1997) que concordam com a adaptação dos currículos regulares quando 22 Tendências & Pesquisas em Educação necessário e quando o objetivo for torná-los acessíveis às peculiaridades e necessidades dos alunos que precisam de um acesso diferenciado. Além das adaptações nos currículos é necessário que os docentes reconheçam o seu papel fundamental na elaboração e desenvolvimento de práticas educativas, que reconheçam a individualidade de cada um para que assim consigam adaptar ou tornar acessível aos alunos com deficiência aquilo que já é o natural para os alunos sem deficiência. Essa importância é revelada no artigo 13º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL,1996) que destaca como responsabilidade dos docentes a participação na elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino e o zelo pela aprendizagem dos alunos. Observamos a importância desse profissional, posto que ele será o mediador entre o papel da escola e o interesse dos alunos, para que assim consiga trabalhar com todos de forma satisfatória. Além de possibilitar uma prática de ensino específica para alunos com deficiência e tornar o currículo acessível, os docentes devem possibilitar que os alunos público alvo da educação especial sejam participantes ativos e tenham autonomia para criar um sistema de ensino acessível e o mais favorável as suas necessidades. Uma possibilidade é a utilização do Desenho Universal de Aprendizagem que segundo a Lei Brasileira de Inclusão, nº 13.146/15 desenho universal caracteriza-se como uma “concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva”. Neste caso, notamos que a acessibilidade nos ambientes sociais e educacionais, nos recursos e nas práticas pedagógicas para o ensino dos alunos com deficiência, dará a eles a autonomia necessária para realizarem suas atividades de vivência no cotidiano escolar e social, além de possibilitar a eles uma vida mais independente. 4 Considerações finais 23 Tendências & Pesquisas em Educação Observamos que a insubordinação criativa surgiu da insatisfação daqueles que precisam muito mais de uma educação acessível a todos do que regras fixadoras como se o ensino e os discentes fossem homogêneos. Ressaltamos que esta prática não deve ser realizada sem um plano que possibilite sua realização e a avaliação da mesma para que ela tenha um objetivo e não seja realizada de forma aleatória. Verificamos o papel que o docente tem neste aspecto inovador da educação quando ele necessita examinar sua postura frente as necessidades específicas de seus alunos e assim, modificar o que for necessário na sua prática para tornar seus alunos participativos do processo de ensino e aprendizagem, para que estes consigam desenvolver potencialidades na sua vida educacional e social. Desta forma, serão necessárias algumas mudanças nos modos que os professores através da escola, operacionalizam a educação dos alunos para que consigam atender as demandas da diversidade escolar e desenvolvam assim, um currículo e práticas educacionais com mais acessibilidade e consequentemente mais possibilidades para alunos com e sem deficiência. Referências BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 126p. BRASIL, Secretaria de Educação Especial. A educação dos surdos / organizado por Giuseppe Rinaldi et al. Brasília: MEC/SEESP. 1997 BRASIL. Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_ docman&view=download&alias=16690-politica-nacional- 24 Tendências & Pesquisas em Educação de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva- 05122014&Itemid=30192. Acesso em: 30 jul. 2021. BRASIL, Lei n. 13.146, de 6 de jul. de 2015. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Disponívelem: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20152018/2015/Lei/L13146.htm. Acesso em: 30 jul. 2017. CASTRO, Adriano M. de. et al. Educação Especial: do querer ao fazer.(Orgs) Maria Luisa S. Ribeiro, Roseli Cecília R. de Baumel. São Paulo: Avercamp, 2003. COUTO, Alan Franco; FONSECA, Maycon Odailson dos Santos; TREVISAN, André Luisz. Aulas de Cálculo Diferencial e Integral organizadas a partir de episódios de resolução de tarefas: um convite à insubordinação criativa. Revista de Ensino de Ciências e Matemática (REnCiMa), v. 4, p. 50-61, 2017. D’AMBROSIO, Beatriz Silva; LOPES, Celi Espasandin. Insubordinação Criativa: um convite à reinvenção do educador matemático. BOLEMA: Boletim de Educação Matemática, v. 29, p. 1-17, 2015. SANTOS, M. J. C. DOS; COSTA MATOS, F. C. A Insubordinação Criativa na formação contínua do pedagogo para o ensino da Matemática: os subalternos falam? Revista de Ensino de Ciências e Matemática, v. 8, n. 4, p. 11-30, 21 dez. 2017. LOPES, Celi Aparecida Espasandin; D’AMBROSIO, Beatriz Silva; CORRÊA, Solange Aparecida. Atos de insubordinação criativa promovem a ética e a solidariedade na educação matemática. Zetetike, v. 24, n. 3, p. 287-300, 2016. SANTOS, Patrícia Corrêa. Mapeamento de produções científicas brasileiras que utilizam o termo insubordinação criativa e/ ou subversão responsável. Revista de Ensino de Ciências e Matemática, v. 8, n. 4, p. 214-227, 2017. Capítulo 2 FONOLOGIA E ENSINO DE LÍNGUA MATERNA: ESTRATÉGIAS DE ENSINO E PROPOSTAS INTERVENTIVAS PARA EDUCAÇÃO BÁSICA Géssica Ferreira Carvalho Pessoa1 1 Introdução É notório, que a reflexão acerca da fonologia vem ganhando espaço nos estudos de formação para docentes, pois já foi percebido que ela colabora com entendimentos acerca dos processos fonológicos na escrita dos alunos. Dessa forma auxilia na interpretação dos erros ortográficos bem como na potencialização de propostas que visam a superação desses erros. Para o ensino de língua materna, sua contribuição ganha destaque na compreensão dos fenômenos de variação e de mudanças, no que se refere a descrição e explicação do processo de aquisição fonológica, bem como também na resolução de inúmeros distúrbios de linguagem, no planejamento linguístico e etc. Em consonância, se faz necessário ratificar a relevância da compreensão dos conceitos de fonologia para a atividade docente, principalmente na reflexão sobre a linguagem. Dessa forma, compreende-se que esta possibilite embasamento teórico para subsidiar o ensino da língua materna. Percebe-se que nos manuais didáticos, é pouco discutido sobre esse assunto, em detrimento da importância que tem; quandoessa discussão se realiza, serve simplesmente para dar base 1 Mestra em Letras pela Universidade Estadual do Piauí-UESPI, Especialista em Educação Especial com Ênfase Inclusiva e Docência do Ensino Superior pela Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA, Especialista em Supervisão Escolar e Educação Infantil pela Universidade Cândido Mendes-UCAM, Licenciada em Pedagogia pela Faculdade da Santo Agostinho-FSA e em Letras/Português pela Universidade Federal do Piauí-UFPI. E-mail- gessicaeduc@hotmail.com 26 Tendências & Pesquisas em Educação a uma identificação técnica dos fones ou dos fonemas. Tomado desse modo, o estudo fonético-fonológico passa a não permitir que se desenvolvam discussões em sala de aula, dada a sua exposição estritamente técnica. Em outras palavras, pode-se dizer que o propósito evidenciado em materiais didáticos não vai além do reconhecimento de letras e fonemas, sinalizando uma equivocada conclusão: a de que a linguagem escrita é uma mera representação da linguagem oral. Nesse contexto, muitos professores acabam trabalhando os conceitos de Fonética e de Fonologia como transmissão de um saber que não se reporta para as reais percepções que esse ensino deveria direcionar. Para mudar essa realidade, é necessário ter uma boa fundamentação teórica. Nessa perspectiva, a fim de que se compreendam certas implicações desse ensino, realiza-se uma discussão que atingem questões de diferentes naturezas, com a internção de promover benefícios educativos. O presente trabalho subdivide-se em duas partes. Primeiramente, são discutidos com base teórica acerca dos erros ortográficos mediante a motivações fonológicas, recorrendo-se Cagliari (1995), Roberto (2016), Zorzi (1998), Lemle(1995) entre outros. A segunda parte trata da análise dos textos dos estudantes do 6º ano do ensino fundamental da rede municipal de Altos. Para isso, foi realizada uma pesquisa de campo para levantamento de dados cujo instrumento de pesquisa foi uma produção textual na língua portuguesa. A turma do 6° ano possui 30 alunos, porém só foram utilizados apenas cinco destes textos de forma amostral, que ilustra-se na prática uma dificuldade visível na escrita. A orientação da produção foi espontânea tomando por base uma listagem dos gêneros já estudados. Vale-se ressaltar que essa coleta textual foi realizada no ano de 2019. Este trabalho possui grande relevância para com o estudo da Língua Portuguesa, pois apresenta uma investigação das dificuldades dos alunos na produção textual, abrindo caminho para que se possa entender e elaborar proposta de intervenção que possa auxiliar os alunos e professores nas produções futuras, possibilitando melhor desenvolvimento na escrita ortográfica. 27 Tendências & Pesquisas em Educação 2 Desenvolvimento 2.1 Contribuição da fonologia para o ensino de língua materna De acordo Cagliari (1995), na aprendizagem da escrita acontece uma grande reflexão do aprendiz em relação às regras de usos possíveis no sistema de escrita do português. Essas aprendizagens provem do uso das regras das realidades fonéticas, através da relação entre letra e som, e dos usos gráficos pertencentes ao sistema ortográfico da Língua Portuguesa, e isso através de relações não unívocas nem previsíveis, contudo pertencentes a certa lógica. Os erros ortográficos podem possuir uma motivação ligada intimamente com a fala, onde o que ocorre é uma “transcrição fonética da fala”, que Zorzi (1998) define como “alterações ortográficas decorrentes de apoio na oralidade”, como em – derepente (de repente) e corajozo (corajoso), onde se escreve conforme se fala. Como a fonologia se preocupa com a aquisição e a aprendizagem da pronuncia das línguas, quando comparamos a aquisição da língua materna por crianças e a aprendizagem da língua escrita por adultos, consideraremos que elas ocorrem graus diferenciados, pois ambos passaram por processos gradativos. Percebemos assim que a fonologia interfere de maneira significativa na aquisição, tanto de língua materna, pois a comunicação em uma determinada língua exige que dominemos os seus fonemas para que ocorra a obtenção do sentido que se espera. Para tanto, é necessário que o docente primeiramente compreenda tal processo, para que depois possa compartilha-lo em forma de ensino. O professor de Língua Portuguesa como língua materna encara desafios ao trazer a gramática normativa para a sala de aula de ensino básico, pois, em muitas situações, vivenciadas constantemente, ele se depara com uma quantidade de regras que foram estabelecidas por convenções que necessariamente têm que ser transmitidas ao aluno. Como exemplo disso, podemos citar a regra a qual todos nós decoramos e dificilmente aprendemos o 28 Tendências & Pesquisas em Educação porquê dela existir: “antes de P e B se escreve M”, não há para o aluno a reflexão da existência dessa regra. Conforme o enfoque, Lemle (2004, p.63) corrobora que: o professor que não tem preparo para entender o fenômeno da mudança linguística com a mesma naturalidade com que entende o fenômeno da evaporação ou da condensação da água é presa fácil de teorização preconceituosa dos fatos da língua. Com base no exemplo acima, podemos concluir que muitos professores se perguntam o porquê dessa regra e até se deparam com falta de explicações para com o aluno quando é questionado. A fonética e a fonologia podem, em muitas situações, trazer uma explicação que podem ajudar ao docente de línguas, a saber, como lidar com alguns questionamentos desse sentido, pois, nesse caso, a dúvida a ser respondida ao aluno é de caráter fonético-fonológico onde cabe ao professor, trazer a sala de aula uma maneira adequada de dizer que isso é uma questão articulatória da língua. Nessa perspectiva, Morais(2010) afirma que ainda , muitos professores, quando se trata da ortografia, continuam ainda percebendo esse espaço apenas no viés de verificação, muito embora seria necessário criar situações de promovam entendimentos mais concretos. Munidos de informações, os docentes poderão guiar seus aprendizes de forma mais conscientes no processo de construção de conhecimento, conforme corrobora Zorzi (1998, p.20): considerando-se, assim, aprendizagem da escrita como um processo de formação de conhecimentos , os erros que surgem na produção gráfica das crianças podem ser reveladores na apropriação de uma nova linguagem e surgiriam como indicadores das possíveis hipóteses ortográficas que elas estariam utilizando para escrita. Ou seja, os erros podem compreender a tentativas de compreender e de dar sentido às propriedades características do sistema de escrita. Coadunando com o autor, entende-se que o conhecimento por parte do docente acerca da fonologia no processor de ensino de língua materna é indispensável. 29 Tendências & Pesquisas em Educação Para afirmar, Roberto (2016, p.141) no que diz respeito ao processo de ensino: um professor que encara o processo de aprendizagem da escrita como da mesma natureza que o da aquisição da linguagem oral se exime da responsabilidade do trabalho consciente de mediação entre o conhecimento que os alunos trazem consigo e conhecimento de que eles precisam para dominar a leitura e a escrita adequadamente. Decorem daí, também, muitas posturas de atribuições do fracasso escolar a elementos externos à escola. A autora, com essa afirmação elenca um ponto reflexivo que é a apropriação do professor dos conhecimentos prévios dos alunos para que possa dá subsídios à compreensão do processo de aquisição consciente da língua escrita. O ensino ordenado e eficiente da norma padrão nos primeiros anos de escolaridade tem muito a contribuir para que ocorra o letramento do aprendente. Superar as dificuldades de leitura, não será possível sem antes, resolver os problemas básicos relacionados a ela. E nessa base estão as regras que envolvem a passagem do grafema para o fonema (que corresponde a leitura) e na passagem do fonemaao grafema (relacionando a escrita), e leitor/ escritor que não tem segurança nessas passagens, certamente ficará aquém na compreensão desejada de uma mensagem circulada. Nos estudos de Roberto (2016, p.158), discorre que: a consciência metalinguística e a consciência fonêmica decorrem da capacidade de o ser humano se debruçar sobre a linguagem de forma consciente , utilizando uma linguagem especifica( no caso, o alfabeto), conforme reitera Scliar- Cabral.Falantes de chinês ,por exemplo, terão dificuldades para desenvolver a consciência fonêmica, pois têm um sistema escrito silábico. Essa concepção vem encontro ao que já foi mencionado, pois eleva a consciência fonêmica como à saída para que a aprendizagem ocorra de maneira significativa. Trabalhar tal concepção permite desenvolver uma habilidade útil no processo de aquisição da linguagem escrita. Para tanto é inegável a contribuição da fonologia para o ensino mais eficaz de língua materna. 30 Tendências & Pesquisas em Educação 2.2 Análise dos textos dos alunos Diante do que foi explanado e da afirmação de que o conhecimento da fonologia é indispensável ao ensino da língua materna, nesse segundo momento será destacado análise de três textos de alunos do 6° ano do Ensino Fundamental mediante ocorrência de erros ortográficos que serão entendidos mediantes explicações a luz das teorias da fonologia, permitindo assim compreender o processo de aquisição a linguagem escrita. No primeiro texto, foi observado mais de uma ocorrência como veremos na figura abaixo: Texto 1 Fonte: pesquisa direta Observa-se nesse texto a ocorrência de mais de um processo fonológico, dentre os quais está a generalização/supergenalização que envolve os exemplos: vil viu e acholachou , bem como também a desnasalização encontrada na palavra lido lindo e ainda em destaque a hipersegmentação em bone ca boneca . 31 Tendências & Pesquisas em Educação Seguindo a sequência dos exemplos, a generalização da regra foi utilizada como hipótese de escrita, onde se trocou a semivogal por uma consoante líquida, assim também como a desnasalização utilizada ver clara a redução do padrão silábico de CVN para o CV que é possibilitado pela silaba tônica inicial que apagou a consoante nasal /n/.Já a hipersegmentação empregada no último exemplo o aluno compreendeu as silábas iniciais da palavra como uma palavra gramatical e realiza a separação cometendo o erro ortográfico. Os textos 2 e 3 apresentam ocorrências similares como veremos nas imagens a seguir: Texto 2 Fonte: pesquisa direta 32 Tendências & Pesquisas em Educação Texto 3 Fonte: pesquisa direta No texto 2 e 3 encontram-se ocorrência direcionada a hiporsegmentação no exemplos respectivamente: comedo com medo e derepente de repente, tais exemplos partem da dúvida quanto ao limite das palavras, que na escrita devem ser separadas mas na forma oral é praticamente dita juntas, essa ocorrência observa-se o apoio na oralidade para escrita. Outro exemplo encontrado no texto 3 foi o apagamento do rótico em posição de coda em terminações verbais, tal motivação é mais recorrente em verbos quando vem acompanhando por nomes no caso lenhas . Percebe-se diante das observações que a produção de erros ortográficos nesses casos não ocorreram por si só, eles possuem motivações fonológicas que podem explicar tais ocorrências, dessa maneira cabe ao professor se sentir partícipe do processo e buscar compreender a fundo essa motivação para que possibilite uma reflexão e produção de uma proposta de intervenção que vise superar esses erros. Dessa forma, tendo por base essas reflexões e apropriações de conceitos e motivações, com as determinadas interveções o professor poderá auxiliar seu educando de maneira 33 Tendências & Pesquisas em Educação significativa e possibilitando assim crescimento de aprendizagem. 2.3 Estratégias de ensino e proposta interventiva Em colaboração com a temática debatida até aqui, seguirá neste estudo uma breve proposta de intervenção mediante os erros ortográficos encontrados nos textos analisados, esta por sua vez não tem por finalidade ofertar uma receita pronta para sanar dificuldades relacionadas a tais erros, mas endossar os estudos na tentativa de ofertar mais meios que possam amenizar determinados aspectos. Nessa pespectiva, como coaduna Guimarães(2003), os alunos que possuem dificuldades nas áres de leitura e escrita necessitam participar de atividades que possam pomover o desenvolviemnto da consciência fonológica, possibilitando não apenas a memoriazação automática, mas sim, habilidades intencionais de compreensão. Já está claro que o entendimento do professor acerca dos processos fonológicos é peça chave para o bom estudo da língua, dessa maneira partirá-se para algumas estratégias que possibilitam intervenções necessárias que permita acentuar as dificuldades na escrita. Sugere-se para o trabalho pedagógico em sala de aula a construção de um livro de memórias, no qual neste, será selecionado as dificuldades mais frequentes encontradas nos textos dos alunos e inserida atividades de reflexão de ordem fonológicas, tendo como título: “É assim que se escreve”. Nesse contexto, a cada atividade realizada, um erro ortográfico será enfocado mediante a turma, sendo trabalhado gradativamente, como por exemplo, para a generalização de regras: ofertar um quadro de palavras do mesmo campo semântico ou de regras parecidas, atividades lacunadas de flexões com auxílio de sufixos que há alteração de acordo com o contexto. Diante a da hipossegmentação e hipersegmentação, efetivar atividades de ditado de frases, para se relacionar a oralidade e a escrita, trabalhar textos possibilitem a separação de palavras e 34 Tendências & Pesquisas em Educação perceber que na oralidade usam-se as pausas e na escrita tem-se o espaço entre as palavras. Com os erros do apagamento da vibrante(r) em posição de coda, incentivar o uso do dicionário para se perceber outras palavras escritas da mesma forma e qual sua função no segmento, identificar a classe gramatical a qual pertencem, reescrita de frases que envolvam ação/verbo percebendo a diferença de sentido quando se fala a palavra apagando a vibrante Por fim, na desnasalização, que pode ser trabalhada utilizando-se de banco de palavras que tem a vogal nasalizada ou o apoio da consoante nasal, praticando a pronúncia das mesmas identificando também a funcionalidade das letras nasalizadoras n e m em atividades de associação e com lacunas, em leituras de textos e produção de frases. Em consonância, será realizada reflexões de entendimento em seguida ao término de cada atividade no caderno de memória, este que será uma vez por semana, e ao final do semestre será realizado um levantamento do desenvolvimento da turma através de gráficos de desempenho, para saber se houve desenvolvimento da turma e saber se os erros trabalhados ainda persistem. Essa proposta nasce da necessidade encontrada na turma em análise e cresce da possibilidade do querer de superar os obstáculos que impedem o desenvolvimento efetivo da escrita de forma consciente e significativa. 3 Considerações finais Foi perceptível através da breve análise dos textos que há a predominância da motivação fonológica para os erros ortográficos produzidos pelos alunos do 6° ano, dentre as quais foi citada a hipossegmentação, hipersegmentação, apagamento da vibrante (r), generalização de regras e a desnasalização, percebendo assim que os alunos estão em fase desenvolvimento ainda da aquisição da escrita. Perante as práticas pedagógicas que visam meramente à memorização, entende-se que seja necessário que essa visão seja superada, pois a mesma não tem colhido bons resultados e que 35 Tendências & Pesquisas em Educação o processo de consciência fonológica permite ser mais condizente com o aprendiz. Nesse sentindo, é de suma importância a intervenção por meio de estratégias de ensino que visem não sóa memorização de regras , mas também o entendimento por parte das motivações mofonológicas e as raizes do qual faz parte os erros, podendo assim e por meio de estratégias interventivas otimizar os estudos em Língua Portuguesa de maneira contextualizada e de mais fácil compreensão, cabendo assim o aluno proporcionar dentro do seu aprendizado conhecimentos signficativos. Referências CAGLIARI, Luis Carlos. Alfabetização e linguística. São Paulo: Scipione, 1995. LEMLE, M. Guia teórico do alfabetizador. 16. ed. São Paulo: Ática, 2004. (Série Princípios). ZORZI, J. L. Aprender a escrever: a apropriação do sistema ortográfico. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. ROBERTO, Tânia Mikaela Garcia. Fonologia, fonética e ensino: guia introdutório. São Paulo:parábola Editorial, 2016, GUMARÃES,Sandra R.K.O aperefeiçoamento da concepção alfabética de escrita: Relação entre consciência fonológica e representações ortográficas.In : MALUF, Maria Regina (org). Metaliguagem e aquisição da escrita: contribuições dapesquisa para prática da alfabetização. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. MORAES, A. G. Ortografia: ensinar e aprender. São Paulo: ÁTICA, 2010. Capítulo 3 A IMPORTÂNCIA DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NAS PROPOSTAS DE ENSINO REMOTO EMERGENCIAL Evando Luiz e Silva Soares da Rocha1 1 Introdução O uso de artefatos tecnológicos no ambiente de sala de aula cada vez mais assume relevância como facilitador do processo ensino aprendizagem. Entretanto, entendemos que é necessário planejar e definir estratégias condizentes com a realidade dos indivíduos e as experiências dos profissionais docentes. Por isso, a proposta deste trabalho é ressaltar as acepções do termo tecnologia e a importância de refletir sobre a utilização das TIC nas práticas pedagógicas. Consideramos que a inserção de tecnologia no espaço escolar deve ser reflexo da formação docente e de discussões constantes e relacionadas a necessidades específicas. Por isso, definimos o objetivo deste trabalho com o propósito de revisitar as definições do termo tecnologia, bem como de descrever a concepção das TIC no espaço de salas de aulas considerando o contexto sócio- histórico da pandemia da Covid-19. Dessa forma, acompanhamos as contribuições de estudos atuais que empreendem esforços para apresentar definições e caracterizações para as diversas manifestações de tecnologia e os atos de implementação do ensino remoto em 1 Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Piauí –PPGEL/ UFPI (2021). Professor Mestre em Letras Linguística pela Universidade Estadual do Piauí – Uespi, (2020), Especialista em Língua Portuguesa – UESPI (2016), graduado em Letra Português -UESPI (2003). Professor efetivo de Língua Portuguesa do quadro efetivo da Escola Municipal Vicente Pereira dos Santos (SEMED – Parnarama – MA).E-mail; evandoluiz@ufpi.edu.com 38 Tendências & Pesquisas em Educação caráter emergencial. Como pretendemos elucidar e discutir definições do termo tecnologia, dispomos o problema da pesquisa através das seguintes questões norteadoras: o que define e caracteriza tecnologia? De que forma as tecnologias da comunicação e informação contempladas em propostas de ensino remoto emergencial podem ressignificar a prática pedagógica? Diante disso, evidenciamos nas discussões os posicionamentos e abordagens que concebem tecnologia como recurso/atividade que acompanha o ser, o fazer e o agir humanos. Concordamos que as tecnologias compreendem as práticas, artefatos e técnicas inerentes às atividades humanas. Por isso, considerando o contexto da pandemia da Covid-19 e a implementação de propostas de ensino remoto emergencial, defendemos a hipótese de que as tecnologias da informação e comunicação permitem aos indivíduos desenvolver e aperfeiçoar suas ações no meio em que interagem. Para tanto, caracterizamos este trabalho como um estudo bibliográfico. Com base nisso, desenvolvemos uma pesquisa qualitativa apoiada em documentos e atos oficiais que serviram de parâmetros para a implementação do ensino remoto emergencial em meados de 2020, bem como definiram estratégias para o desenvolvimento do ensino não presencial. Dessa forma, recorremos às contribuições de autores como: Veraszto et al (2008), Dio e Silva (2010), Maia (2010), Gomes e Azevedo (2012), Santos, Medeiros e Ribeiro (2017), Brandalise (2019) dentre outros. Os olhares lançados sobre a situação do ensino durante a pandemia da Covid-19 têm propiciado muitas reflexões sobre o modo como os recursos tecnológicos possibilitaram criar situações de aprendizagens. Além disso, discutimos a presença das TIC no espaço educacional, cujas contribuições são atinentes aos letramentos Maia (2010). Assim, as discussões propostas evidenciam que abordar tecnologias no âmbito educacional requer uma ampla compreensão do termo. E, sobretudo, entendemos que sua inserção no espaço de sala de aula prescinde da formação docente. Além dessa seção introdutória, organizamos o trabalho 39 Tendências & Pesquisas em Educação numa unidade de fundamentação que se apresenta em dois subtópicos. No primeiro, apresentamos e discutimos definições do termo tecnologia. No segundo, abordamos as contribuições das TIC para o ensino. Na seção seguinte, contextualizamos, analisamos e discutimos a suspensão das aulas presenciais nas redes de ensino e a implementação do ensino remoto emergencial à luz de documentos norteadores e da inserção de recursos tecnológicos. Por último, trazemos o tópico com as nossas reflexões finais. 2 Tecnologia A rigor, conceber a importância das tecnologias requer a compreensão das práticas humanas que as abrigam. Assumimos que as tecnologias servem a propósitos específicos de cada cultura, de cada época ou de cada atividade humana. As tecnologias ajustam- se aos contextos em que se inscrevem. Além disso, as tecnologias evoluem à medida em que os processos de que são partes incorporam novas técnicas e instrumentos. Por isso, trazemos a seguir, diferentes visões sobre a definição de tecnologia. 2.1 Do conceito à aplicação na educação Em nossa abordagem visamos empreender discussões sobre o termo tecnologia de maneira que não nos limitemos a uma concepção estanque. Eventualmente definir tecnologia requer a compreensão de como as pessoas lidam com o conhecimento e as informações num dado contexto histórico. Inicialmente concebemos a tecnologia como atividades, recursos ou artifícios eficientes que o homem desenvolveu para a sua própria sobrevivência. Neste caso, assumir uma definição para o termo num contexto mais contemporâneo não deve representar necessariamente uma filiação ao uso de máquinas que envolvam fios e telas e conexão em rede. Tecnologia diz respeito à forma como os indivíduos se relacionam uns com os outros e com o meio, bem como está ligada ao modo como as atividades são planejadas, organizadas e executadas. 40 Tendências & Pesquisas em Educação Percebemos, pois, que a tecnologia está intimamente ligada à história da evolução humana. Para Veraszto et al (2008) a história da evolução do homem é atravessada pelo domínio de técnicas, o que compreende a utilização de tecnologias. Entretanto, é preciso destacar que a tecnologia possui uma definição mais ampla, pois no seu bojo estão envolvidos aspectos do intelecto e de todo o processamento subjacente numa determinada atividade. Mesmo não nos comprometendo em apresentar definições pontuais sobre o que é tecnologia, deparamo-nos com propostas e abordagens que a definem. Entendemos que tecnologia tem relação direta com o modo como o homem interage no e com o meio. Dito desta forma, as tecnologias englobam o trabalho, a arte, lazer, todas as atividades que têm participação do homem. Assim, conforme Veraszto et al (2008) a tecnologia é compreendida a partir da concepção, domínio e uso de técnicas refletindo desde a criação, transformação e manipulação de objetos a utilizaçãoda palavra em contextos variados. Compreendemos dessa forma, que a tecnologia está no cerne das atividades humanas. Segundo De Dio e Silva (2010, p.6); A tecnologia sempre fez parte da vida do ser humano: desde as primeiras ferramentas usadas como extensão do corpo passando pela máquina a vapor que possibilitou a mudança de hábito até chegarmos ao computador como conhecemos e usamos hoje, a humanidade presenciou transformações sociais e culturais que nos ajuda nos completas, nos amplia, mas também nos confunde. Assim como os autores postularam, a concepção de tecnologia que assumimos é abrangente e alberga também manifestações imateriais das atividades humanas. Neste sentido, ao descrever ou definir tecnologia supõe compreender as diversas dimensões das atividades realizadas pelos indivíduos num dado momento histórico. Uma definição ampla e que também evidencia uma posição bem didática sobre o termo tecnologia é a que encontramos no trabalho de Ramos (2012, p. 4); a palavra define conhecimentos que permitem produzir 41 Tendências & Pesquisas em Educação objetos, modificar o meio em que se vive e estabelecer novas situações para a resolução de problemas vindos da necessidade humana. Enfim, é um conjunto de técnicas, métodos e processos específicos de uma ciência, ofício ou indústria. Concordamos com a abordagem feita pelo autor, pois vivemos rodeados por tecnologia e suas implicações. Além disso, como vimos discutindo e assumimos neste trabalho, as tecnologias permeiam as experiências humanas. Sendo assim, há que considerarmos tanto suas manifestações materializadas fisicamente, como as operações mentais, os processos cognitivos, as atitudes e comportamentos que orientam as ações humanas. A propósito, o termo tecnologia assume em seus significados uma diversidade de atividades correlacionadas entre si ao ser e fazer humano. A discussão sobre o modo como concebemos tecnologia não se limita a descrever artefatos ou instrumentos, pois, englobamos em nossa abordagem o processo de criação, de cognição e de mobilização dos indivíduos no meio em que interagem. Considerando que falar de tecnologia requer envolver o conjunto de atividades manuais e intelectuais que estão imbricadas no processo evolutivo humano, pressupomos que de longe acompanha o desenvolvimento humano ao longo dos tempos. Sobre a generalização da acepção do termo tecnologia equivocadamente associado a maquinários, concordamos com a assertiva que a situa para além da realização construção e manipulação de materiais e de utensílios para facilitar as atividades do cotidiano, também no que diz respeito aos aspectos sociais e culturais. Dessa forma, assumir uma definição de tecnologia encaminha a discussão para a compreensão integral dos indivíduos considerando dentre outras coisas o ser e o agir no tempo e no espaço. Além disso, é preciso pontuar que tecnologia tal como conhecemos e utilizamos emerge das inovações que o homem desenvolve para melhorar sua relação com o meio social e cultural. Com efeito, ao abordarmos diferentes visões sobre tecnologia, refletimos sobre o modo como os indivíduos desenvolveram-se e operaram mudanças no espaço ocupado. Logo, a tecnologia serve aos mais variados propósitos e necessidades imediatas dos sujeitos. 42 Tendências & Pesquisas em Educação Aqui ressaltamos a influência da tecnologia no âmbito educacional. Para Santos, Medeiros e Ribeiro (2017, p. 5): Com a revolução tecnológica nos últimos anos e as mudanças ocorridas em todos os âmbitos da sociedade, os setores da educação têm como desafio dar respostas às novas demandas e a principal delas é formar cidadãos para viverem e conviverem na sociedade da informação. Compreendemos que as novas formas de interação, a apropriação de recursos tecnológicos e a rapidez com que se produz e difunde o conhecimento, as informações, aproximam cada vez mais as pessoas e as instituições escolares de uma determinada forma de tecnologia. Isso confirma, segundo Magalhães (2018), que ela tem a função de trazer melhorias para o processo de ensino. É preciso discutir também conforme Brandalise (2019, p. 4) que “as tecnologias por si só não são garantia de uma educação democrática, mas, sim, uma das possibilidades de participação do mundo digital e das redes sociais de comunicação, condições necessárias para formação e vida de todo cidadão.”. A posição defendida pela autora evidencia a importância da tecnologia no contexto contemporâneo de mudanças sociais e de imersão dos indivíduos no universo das tecnologias, entretanto cabem reflexões que devem direcionar a atuação formativa dos sujeitos. No entanto, não podemos conceber o uso das tecnologias sem repensar o seu lugar na sociedade contemporânea. Devemos refletir também sobre o papel dos indivíduos no contexto de uma cultura atravessada pelas técnicas, interações e criações do mundo digital. Então, cabe-nos pensar o uso das tecnologias associado ao ensino para que se tenha mais dinamismo, interação e correlação com a formação integral dos indivíduos. É importante que a instituição escolar, bem como os profissionais docentes acompanhem as mudanças tecnológicas e culturais desenvolvidas na e pela sociedade. Por isso, discutimos a seguir, sob a face das tecnologias da informação e comunicação – TIC, as relações, imbricações e contribuições desses recursos para o ensino. 43 Tendências & Pesquisas em Educação 2.2 As tecnologias da comunicação e informação no ensino O cenário de eclosão das TIC como instrumento de transformações em contextos de ensino nos remete à evolução da internet, à diversidade cultural e a ampliação do acesso aos artefatos digitais que se tornaram cada vez mais presentes na vida das pessoas desde os anos finais da década de 1990 e, que permanecem nos dias atuais. Desse modo, entendemos que a discussão sobre a presença da tecnologia na sala de aula não é recente, embora pareça ter mais fôlego no contexto das mídias digitais. Neste caso, assumimos neste trabalho a noção de que o ambiente escolar requer adequações, ou seja, deve possuir recursos e equipamentos, principalmente, tecnológicos, a fim de levar a uma aprendizagem colaborativa que é uma exigência posta mesmo antes do enquadramento da pandemia da Covid-19. Dessa forma, conceber a imersão de tecnologias na sala de aula amplia as possibilidades de entender e construir práticas docentes mais significativas e integradas às demandas da vida moderna. Além disso, a inserção de tecnologias no espaço escolar propicia aos discentes sentirem-se integrados à modernidade, motivados e capacitados a produzir e usar ferramentas tecnológicas. Quando discorremos sobre tecnologia no âmbito educacional podem surgir eventos que exemplifiquem os artefatos de uso e domínio dos alunos como: aparelhos celulares, tablet, notebook etc. Como também, surgem os casos que englobam mídias que caracterizam as TIC: Datashow, lousa ou quadro digital, computadores conectados à internet. Acompanhamos nas duas primeiras décadas do século XXI o surgimento de novos aparatos tecnológicos que redimensionaram significativamente a participação dos indivíduos na sociedade contemporânea, caracterizada com a “era comunicação e da informação”. E, como em qualquer outro evento de nossa história, a demanda das atividades humanas são determinantes para a ascensão da tecnologia digital em meio a uma ordem social inscrita nessa cultura digital. Embora não seja o objetivo deste trabalho descrever tipos, 44 Tendências & Pesquisas em Educação formas dos aparatos tecnológicos, esclarecemos que as TIC emanam de contextos sociais dessa dita cultura digital, através dela os indivíduos interagem através de mídias tecnológicas, ciberespaços e ambientes virtuais de comunicação. E neste contexto de inovações tecnológicas que percebemos um novo cenário educacional em que a escola como espaço de construção e propagação do conhecimento, aindaque de forma lenta, cada vez mais incorpora usos e recursos tecnológicos em seus projetos de atuação. Consideramos, por um lado, a visão humanística de escola no compêndio de um novo milênio cujas diretrizes apontam para a formação integral dos indivíduos e a preparação para a vida. O que para nós, engloba o mundo do trabalho, a vida em sociedade e a interação através das novas tecnologias. A saber, o desafio da instituição escolar perante as tecnologias redefine-se conforme os sujeitos alteram a maneira como se relacionam no tempo e no espaço evidenciando novas formas de comunicação e de veiculação do conhecimento. Por outro lado, a utilização das TIC no processo de ensino conduz-nos à compreensão de que está em curso uma nova visão sobre a formação docente e a atuação profissional. Neste paradigma, é preciso entender que as novas tecnologias, principalmente as que culminam com formas de comunicação e interação possuem dimensões tanto ensináveis quanto ferramentas que melhoram ou tornam o ensino mais significativo. Por isso, no contexto mais atual de uso de tecnologias no espaço escolar, as TIC compõem um conjunto de ferramentas que podem ser utilizadas em diversos processos e atividades. Segundo Maia (2010), lidar com a TIC corresponde a lidar com letramentos. Isso posto, o autor, alude às diversas práticas sociais que exigem dos sujeitos posições, julgamentos, ações, competências, habilidades e capacidade de interagir e, conforme vimos discutindo, a tecnologia se faz presente nestas atividades. Segundo Maia (2010) uma característica do contexto de uso das TIC é a manifestação de diferentes letramentos. Concordamos com o autor que considera que num espaço de exclusão o indivíduo recorre aos artefatos tecnológicos e em suas práticas sociais 45 Tendências & Pesquisas em Educação rompe uma ordem hegemônica determinada culturalmente e, redimensiona o lugar do sujeito, da informação e da tecnologia disponíveis. Ainda conforme Maia (2010), a inserção das TICs na sociedade contemporânea e a sua consequente apropriação por diferentes grupos, inclusive os periféricos ou menos abastados configura, senão um redimensionamento, pelo menos um novo olhar sobre as relações sociais. Compreender as várias faces dos indivíduos perante as suas ações e interações requer compreender os vários estágios das situações que compartilham, as quais denunciam o domínio ou não de uma determinada faceta de tecnologia. Conforme defendem Gomes e Azevedo (2012) a tecnologia ao nosso redor influencia nossa maneira de agir e interagir. Nesse universo de interações e participação em eventos comunicativos, ainda que em ambiente virtual propiciado pelas TICs, os indivíduos atravessam os limites impostos pelas estruturas sociais marcadas pelas diferenças. Além disso, passa-se a compor práticas sociais que geram eventos, situações específicas de interação. Neste caso, associado aos recursos tecnológicos moldam novas práticas sociais, novas formas de comunicação e novas formas de atuação na sociedade. Gomes e Azevedo (2012) postulam que novas habilidades são exigidas para que os sujeitos lidem com o universo digital. Dada a complexidade das relações e da ordem estabelecida entre os grupos sociais, os recursos tecnológicos disponíveis e acessíveis a praticamente todos os grupos sociais, os eventos de letramento culminam com estratégias de participação e interação mais amplas e reconhecidas na sociedade. Quando evidenciamos aspectos interacionais dos indivíduos, segundo as suas práticas socioculturais, há que se destacar uma ou outra forma de linguagem predominante no jogo de interlocução que ocorre. Zacharias (2016) pontua que as TIC colaboram paras as transformações no percurso da sociedade atual, marcada pelos mais variados contextos que envolvem a cultura digital. Conforme defendem Santos, Medeiros e Ribeiro (2017) a grande maioria de indivíduos já possui acesso aos recursos tecnológicos que 46 Tendências & Pesquisas em Educação caracterizam as TIC. Dessa maneira, cabe atentar se o uso ocorre da forma correta. Ainda segundo os autores, “a internet, então, quase nunca é utilizada para fins de estudo e/ou pesquisas e quando isso é feito, transforma-se, muitas vezes, no simples recurso de copiar e colar informações, ideias (SANTOS; MEDEIROS; RIBEIRO, 2017, p. 6).” Considerando a expansão das tecnologias e a grande variedade de uso e aplicações em atividades da vida cotidiana, entendemos que ao integrar o ambiente de sala de aula devem proporcionar reflexões fundantes em relação a sua concepção e finalidades. Dessa forma, defendemos que as TIC sejam pensadas para auxiliar e instrumentalizar o trabalho docente, entretanto que não ocorra de maneira improvisada ou desvirtuada de sua função formativa. A propósito, concebemos a relevância das TIC no âmbito educacional conforme a posição de Mororó e Nascimento (2017, p. 6): Assim sendo, é essencial a apropriação reflexiva desses artefatos tecnológicos por parte do docente das diferentes disciplinas, em um constante movimento de interação entre, as mesmas, tendo as tecnologias como elemento integrador de práticas pedagógicas efetivamente significativas. O que os autores defendem é que o uso das TIC promova uma ruptura em relação a práticas educativas conservadoras e monolíticas. Assim, esses recursos tecnológicos atravessam o trabalho em sala de aula possibilitando um leque de utilização, desde que seja acompanhada de um planejamento que conceba, principalmente as necessidades da comunidade escolar de aplicação. Mororó e Nascimento (2017, p. 7) não só sustentam que as TIC de fato integrem o espaço escolar como também defendem que este trabalho venha da formação docente. Assim, a abordagem das TIC no espaço escolar não deve refletir improvisações e imediatismos que visam resultados e soluções para os problemas a curto prazo. Neste caso, não concebemos a tecnologia como recursos para otimização do tempo e do espaço escolar. Mais que isso, 47 Tendências & Pesquisas em Educação defendemos que a tecnologia, sob a face das TIC, determina comportamentos, muda, cria e recria formas de interações sociais. Dessa maneira, a escola possui uma posição destacada em relação a preparação dos sujeitos para produzir e usufruírem dos bens tecnológicos. As TIC inegavelmente integram as interações cotidianas dos indivíduos, por isso, fortalecem ações educativas que as reconhecem e as consideram como ferramentas úteis ao fazer pedagógico. Conforme Brandalise (2019) a formação docente é essencial para que as TIC sejam assumidas numa dimensão pedagógica equivalente às demandas da sociedade caracterizada pela cultura digital. 3 A pandemia da Covid-19 e a implementação do ensino emergencial A propósito, as discussões que tecemos nesse tópico emergem de construtos e parâmetros que servem de orientação para as propostas de ensino remoto emergencial. Trazemos à baila fundamentos normativos dispostos em pareceres e decretos oficiais, bem como pontuamos algumas posições socializadas em espaços virtuais tendo como pano de fundo as práticas e possibilidades de intervenção pedagógica em eventos do ensino remoto emergencial. Conforme já anunciamos, os materiais que definimos para estas análises encontram-se disponíveis para livre consulta, extração integral ou parcial em ambientes virtuais da internet. Assim, os consideramos referências para as discussões, compreensão e reflexões como as que aqui demonstramos. De fato, o reaparecimento do Coronavírus, no final do ano de 2019, no continente asiático, sob a forma da doença Covid-19, demandou ações e tomada de decisões importantes no âmbito das atividades humanas que envolvem grande número de participantes compartilhando os mesmos espaços físicos. Dada a alta capacidade de propagação e contágio da doença, bem como a inexistência de tratamento e medicamentos eficazes contra a doença, num curto espaço de tempo a situaçãode contaminação evolui para um 48 Tendências & Pesquisas em Educação quadro de pandemia. Destacamos o papel da Organização Mundial de Saúde, doravante OMS, pela atuação em relação à difusão de informação sobre o vírus e a necessidade de adoção de medidas sanitárias urgentes. Dessa forma, durante os dois primeiros meses do ano de 2020 foram articulados e divulgados protocolos de saúde para evitar que a doença tomasse contornos ainda mais catastróficos. Diante da complexidade em lidar com aglomerados de pessoas, a suspensão de eventos presenciais com grande número de participantes foi recomendada como questão de saúde pública urgente. Logo, entre os meses de fevereiro, março e maio de 2020 quase todas as nações tinham suspendido as atividades com participação de público, dentre algumas essas atividade, citamos: os eventos esportivos, shows musicais e aulas presenciais. O mapeamento dos primeiros casos da doença em território brasileiro e a consequente rapidez de novos contágios no início de março de 2020 demandou a oficialização por meio de documentos como decretos dos governos estaduais e municipais a suspensão das aulas presenciais e de eventos com a participação de público que configurassem aglomeração. Inclusive, foi determinado que as pessoas só saíssem de suas casas em casos de extrema necessidade e, usando máscaras e higienizando as mãos com álcool em gel. Além disso, foi determinado o fechamento de instituições e repartições públicas para o atendimento individual de pessoas, foram suspensos os voos comerciais entre espaços nacionais e internacionais. Também foram suspensas as viagens interestaduais e intermunicipais realizadas por veículo coletivos. Assim, instaurou- se um quadro de isolamento social sem precedentes. Da mesma forma, foram definidas medidas restritivas quanto à abertura e horário de funcionamento do comércio, foram instaladas barreiras santinárias nas entradas das cidades e, proibida a circulação de pessoas sem justificativa. Desta feita, não havendo segurança para o contato presencial, a população passou a acompanhar de suas casas, por meio das emissoras de rádio, televisão e das mídias sociais a adoção e divulgação de novas medidas por 49 Tendências & Pesquisas em Educação meio de decretos ou recomendações das autoridades sanitárias. É nesse quadro de isolamento social que presenciamos o surgimento do trabalho remoto. Pois, com os decretos proibindo a realização de atividades que causassem aglomerações, vieram as alternativas para a viabilização de determinados serviços por meio de atendimento remoto ou não presencial. Para tanto, a expressão “trabalho remoto” ganhou notoriedade no contexto da pandemia. No caso da educação, o direcionamento dado, ao tempo em que suspendia as aulas presenciais, recomendava a adoção de modelos não presenciais. De repente, a discussão nesse campo segue em direção aos modelos do “homeschooling”, do ensino “híbrido” e da educação a distância – Ead. Cabe, pois, a cada sistema de ensino desenvolver propostas condizentes com suas especificidades sob a designação de ensino remoto não presencial (BRASIL, 2020). A priori, as orientações que visam à concepção e implementação de propostas de ensino para o período pandêmico demonstram posições conscientes sobre o que se está designando como ensino remoto. Vejamos como ficou definido no documento da SEDUC- PI; Quando nos referimos ao ensino remoto, estamos tratando da experiência de ensinar a distância, com o suporte de tecnologias ou não, tanto para disponibilização de conteúdo quanto para acompanhamento dos estudantes em suas atividades propostas. Por esta razão, reitera-se a necessidade de acompanhamento e registro por parte dos professores e gestores (SEDUC-PI, p. 2). Neste caso, há também o cuidado quanto à inserção de ferramentas tecnológicas para a mediação do ensino, uma vez que o público alvo da respectiva rede é carente em relação ao acesso às tecnologias. Parece-nos razoável assumir uma posição sensível em relação aos alunos que se encontram às margens dos avanços tecnológicos. Entendemos que os recursos tecnológicos que há muito estão incorporando práticas sociais diversas devem ser objeto de reflexão para o desenvolvimento de estratégias de ensino, principalmente, conectando-se à formação continuada dos profissionais. Dessa maneira, atentemos para o que preconiza o Parecer 50 Tendências & Pesquisas em Educação CNE/CP N°. 5/2020 do Conselho Nacional de Educação- CNE ao pontuar que; “as soluções possíveis dependerão das decisões de reorganização dos calendários escolares dos sistemas de ensino e da adequada preparação dos professores (BRASIL, 2020, p. 4)”. Entendemos que o documento do Conselho Nacional de Educação – CNE acolheu em suas discussões e decisões temas relevantes para orientar cada rede de ensino na construção de um projeto de ensino para o período de suspensão da modalidade presencial. Um ponto importante nesse processo, conforme mencionado no documento do CNE, é a formação docente. Entretanto, a longevidade da pandemia, a possibilidade de utilização de recursos das tecnologias digitais para promoção do ensino e as exigências da sociedade atual em relação à comunicação e interações virtuais tomaram formas nas discussões sobre os rumos da educação escolar em dimensões cuja mediação do professor possa ocorrer por meio de ferramentas virtuais. Em vista disso, o Parecer CNE/CP N°. 5/2020 destacou como estratégias e propostas de trabalho, além de roteiros impressos, listas de exercícios, apostilas de estudos, simulados, recursos como: aulas gravadas, indicação de links de plataformas, utilização de aplicativos mensageiros e mídias sociais para a realização de atividades on-line. Como vimos, há mecanismos que podem ser recorrentes tanto pelo caráter tecnológico, quanto pela possibilidade de interações síncronas ou assíncronas. Porém, não se atribui ao propósito de ensino remoto a face de ensino online, realizado somente com a conexão via internet. Em face dessa realidade, na proposta de ensino remoto da Secretaria Municipal de Educação -SEME- de Palmeirais (PI), foram descritas situações de roteiros de estudos, material impresso e também a disponibilização de materiais em formatos digitais, inclusive com sugestão de aplicativos e plataformas virtuais para as interações síncronas e assíncronas. E, preconiza que: é preciso que se considerem momentos formativos envolvendo os profissionais docentes por meio de plataformas on- line. Dessa maneira, a SEME criará rotinas de interações síncronas visando dirimir as dúvidas sobre a produção do 51 Tendências & Pesquisas em Educação material, o compartilhamento de experiências de trabalho e principalmente o aperfeiçoamento de estratégias de ensino viáveis em aplicativos,ferramentas e plataformas (SEME, 2020, p. 15). A compreensão sobre os domínios e complexidades das atividades humanas, bem como o processamento da comunicação e produção e recepção de informação nos tempos atuais exigem certos usos de tecnologia e, sobre esses usos cabem reflexões para que esses recursos componham projetos de ensino. Neste caso, “as plataformas de aulas online - com vídeos, apresentações e materiais de leitura - não devem ser vistas como o único meio de ofertar ensino remoto (TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2020, sem página). Neste caso, é interessante compreender que estratégias e que habilidades devem ser pautadas em relação aos projetos e planos de ensino. A inserção das TIC em propostas de ensino remoto deve ser uma construção contextualizada que contemple as limitações e avance sobre soluções consistentes. Considerando a organização curricular, carga horária e oferta de disciplinas na rede municipal, os profissionais docentes serão orientados a desenvolver e compartilhar material compatível com as competências, habilidades, descritores e objetivos para cada ano/disciplina. Entretanto, deve-se levar em consideração
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