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Livro - Tendências & Pesquisas em Educação (2)

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Prévia do material em texto

Rafael Soares Silva 
Géssica Ferreira Carvalho Pessoa
Thayane Nascimento Freitas 
Izabel Rodrigues da Silva
(Organizadores)
Editora Metrics
Santo Ângelo – Brasil
2021
TENDÊNCIAS & PESQUISAS EM 
EDUCAÇÃO
CATALOGAÇÃO NA FONTE
Responsável pela catalogação: Fernanda Ribeiro Paz - CRB 10/ 1720
2021
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora 
Metrics
Todos os direitos desta edição reservados pela Editora Metrics
Rua Antunes Ribas, 2045, Centro, Santo Ângelo, CEP 98801-630
E-mail: editora.metrics@gmail.com
https://editorametrics.com.br
Copyright © Editora Metrics
Imagens da capa: Pixabay
Revisão: Os autores
T291 Tendências e pesquisas em educação [recurso eletrônico] / 
organizadores: Rafael Soares Silva ... [et al.]. - Santo Ângelo: 
Metrics, 2021.
301 p.
ISBN 978-65-89700-44-9
DOI 10.46550/978-65-89700-44-9
 
1. Educação. 2. Formação de professores. 3. Ensino-
aprendizagem. I. Silva, Rafael Soares (org.). 
 CDU: 37
Conselho Editorial
Drª. Berenice Beatriz Rossner Wbatuba URI, Santo Ângelo, RS, Brasil
Drª. Célia Zeri de Oliveira UFPA, Belém, PA, Brasil
Dr. Charley Teixeira Chaves PUC Minas, Belo Horizonte, MG, Brasil
Dr. Douglas Verbicaro Soares UFRR, Boa Vista, RR, Brasil
Dr. Eder John Scheid UZH, Zurique, Suíça
Dr. Fernando de Oliveira Leão IFBA, Santo Antônio de Jesus, BA, Brasil
Dr. Glaucio Bezerra Brandão UFRN, Natal, RN, Brasil
Dr. Gonzalo Salerno UNCA, Catamarca, Argentina
Drª. Helena Maria Ferreira UFLA, Lavras, MG, Brasil
Dr. Henrique A. Rodrigues de Paula Lana UNA, Belo Horizonte, MG, Brasil
Dr. Jenerton Arlan Schütz UNIJUÍ, Ijuí, RS, Brasil
Dr. Jorge Luis Ordelin Font CIESS, Cidade do México, México
Dr. Luiz Augusto Passos UFMT, Cuiabá, MT, Brasil
Dr. Manuel Becerra Ramirez UNAM, Cidade do México, México
Dr. Marcio Doro USJT, São Paulo, SP, Brasil
Dr. Marcio Flávio Ruaro IFPR, Palmas, PR, Brasil
Dr. Marco Antônio Franco do Amaral IFTM, Ituiutaba, MG, Brasil
Drª. Marta Carolina Gimenez Pereira UFBA, Salvador, BA, Brasil
Drª. Mércia Cardoso de Souza ESEMEC, Fortaleza, CE, Brasil
Dr. Milton César Gerhardt URI, Santo Ângelo, RS, Brasil
Dr. Muriel Figueredo Franco UZH, Zurique, Suíça
Dr. Ramon de Freitas Santos IFTO, Araguaína, TO, Brasil
Dr. Rafael J. Pérez Miranda UAM, Cidade do México, México
Dr. Regilson Maciel Borges UFLA, Lavras, MG, Brasil
Dr. Ricardo Luis dos Santos IFRS, Vacaria, RS, Brasil
Dr. Rivetla Edipo Araujo Cruz UFPA, Belém, PA, Brasil
Drª. Rosângela Angelin URI, Santo Ângelo, RS, Brasil
Drª. Salete Oro Boff IMED, Passo Fundo, RS, Brasil
Drª. Vanessa Rocha Ferreira CESUPA, Belém, PA, Brasil
Dr. Vantoir Roberto Brancher IFFAR, Santa Maria, RS, Brasil
Drª. Waldimeiry Corrêa da Silva ULOYOLA, Sevilha, Espanha
Este livro foi avaliado e aprovado por pareceristas ad hoc.
SUMÁRIO
PREFÁCIO ...............................................................................13
Géssica Ferreira Carvalho Pessoa
Capítulo 1 - A INSUBORDINAÇÃO CRIATIVA NA 
EDUCAÇÃO ..........................................................................15
Izabel Rodrigues da Silva
Tarcísio Welvis Gomes de Araújo 
Thayane Nascimento Freitas 
Aline Mendes Medeiros 
Nádia Fernanda Martins de Araújo
Rafael Soares Silva
Capítulo 2 - FONOLOGIA E ENSINO DE LÍNGUA 
MATERNA: ESTRATÉGIAS DE ENSINO E PROPOSTAS 
INTERVENTIVAS PARA EDUCAÇÃO BÁSICA ...................25
Géssica Ferreira Carvalho Pessoa
Capítulo 3 - A IMPORTÂNCIA DAS TECNOLOGIAS DA 
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NAS PROPOSTAS DE 
ENSINO REMOTO EMERGENCIAL ...................................37
Evando Luiz e Silva Soares da Rocha
Capítulo 4 - OS DISCURSOS DO USO DA 
MEDICALIZAÇÃO PARA O TRATAMENTO DE 
PACIENTES COM TDAH ......................................................57
Hélio Cleidilson de Oliveira Sena 
Lílian de Sousa Sena
Aline de Sousa 
Maria de Jesus Pinheiro Sousa
Tendências & Pesquisas em Educação
Capítulo 5 - FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DOCENTE NA 
EDUCAÇÃO INFANTIL ........................................................79
Rogério Leal de Sousa 
Fausneto Alves Ibiapina 
Rosane Ferreira Macedo 
Ivone das Dores de Jesus 
Capítulo 6 - LITERATURA MOÇAMBICANA: SUAS 
CARACTERÍSTICAS IDENTITÁRIAS NA OBRA DE 
NELSON SAÚTE ....................................................................91
Maria Laisia Viana da Silva 
Paula Raíssa Sousa Borges 
Capítulo 7 - FORMAÇÃO DE PROFESSORES E 
TECNOLOGIAS DIGITAIS: NOVOS SABERES DOCENTES 
PARA NOVOS TEMPOS ......................................................103
Angela da Silva Fernandes Cruz
Denys Santos da Cruz 
Efraim Menezes de Lima Costa
Capítulo 8 - UMA ANÁLISE SOBRE O ENSINO DO 
PENSAMENTO COMPUTACIONAL PARA ALUNOS COM 
ESPECTRO AUTISTA...........................................................121
Lucas Daniel Batista Lima 
Izabel Rodrigues da Silva 
Capítulo 9 - PRÁTICA DOCENTE DOS PROFISSIONAIS 
BACHARÉIS DA ÁREA DA SAÚDE ....................................141
Amanda Cristine Ferreira dos Santos
Michelly da Silva Pinheiro 
Pietro Rodrigo Almeida e Sousa
Maria de Fátima Almeida e Sousa
Francisca Neuza de Almeida Farias
Tendências & Pesquisas em Educação
Capítulo 10 - AS CONTRIBUIÇÕES DO LÚDICO PARA 
A APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL NA 
ESCOLA MUNICIPAL JOAQUIM PARENTE EM ÁGUA 
BRANCA PIAUÍ ....................................................................157
José Miguel Rodrigues Da Silva
Rosa Maria da Silva Rodrigues
Capítulo 11 - A IMPORTÂNCIA DA 
INTERTEXTUALIDADE PARA A PRODUÇÃO 
TEXTUAL ..............................................................................177
João Batista Da Silva
Capítulo 12 - SEMIÓTICA: MEMES NO CONTEXTO DA 
PANDEMIA DA COVID-19 .................................................189
Damarys Alves da Silva Barbosa
Emanuelly Nascimento Gomes
Capítulo 13 - COMPETÊNCIA LEITORA: UM 
OLHAR SOBRE OS DESCRITORES DE LÍNGUA 
PORTUGUESA COM ALUNOS DO 6° ANO DO ENSINO 
FUNDAMENTAL .................................................................201
Géssica Ferreira Carvalho Pessoa
Capítulo 14 - ELABORAÇÃO DE MATERIAIS EDUCATIVOS 
DE NUTRIÇÃO PARA AS AULAS E ATIVIDADES COM A 
COMUNIDADE – EDUCANUTRI .....................................213
Amanda Cristine Ferreira dos Santos
Gisele Viana de Moura 
Andrea Nunes Mendes de Brito
Carlos Henrique Ribeiro Lima
Lília Maria Monteiro de Oliveira e Silva
Capítulo 15 - LITERATURA E INFÂNCIA: TRAVESSIAS...225
João Batista Da Silva
Tendências & Pesquisas em Educação
Capítulo 16 - GESTÃO DA EDUCAÇÃO NO PIAUÍ: 
PERSPECTIVAS E APLICAÇÕES .......................................235
Tássio Mascarenhas de Carvalho
Gilvan Duarte dos Santos 
Manoel Leonardo Tavares da Silva
Amanda Cristine Ferreira dos Santos
Capítulo 17 - OS JOGOS E AS BRINCADEIRAS NO 
DESENVOLVIMENTO INFANTIL .....................................255
Rozinete de Oliveira Tavares 
Capítulo 18 - ANÁLISE SOBRE NOVOS DESAFIOS DO 
EDUCADOR DO CURSO DE BACHARELADO EM 
DIREITO ...............................................................................275
Tássio Mascarenhas de Carvalho 
Gilvan Duarte dos Santos 
Manoel Leonardo Tavares da Silva
Amanda Cristine Ferreira dos Santos
Capítulo 19 - PRÁTICAS DE LETRAMENTO(S) NO 
CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA PARA 
ESTUDANTES SURDOS ....................................................287
Nádia Fernanda Martins de Araújo 
Tarcísio Welvis Gomes de Araújo 
Thayane Nascimento Freitas 
Aline Mendes Medeiros 
Izabel Rodrigues da Silva 
Rafael Soares Silva 
SOBRE OS ORGANIZADORES ..........................................301
PREFÁCIO
Pensar em educação é nos deparamos com uma montanha de desafios, de conquistas e de aprendizagens. No nosso 
momento atual, tendo em vista a Pandemia da covid-19, é marcado 
como um momento de reinvenção de valores educacionais e que 
provocou uma mudança rápida na forma de enxergar a educação, 
de valorizar sua importância e seus profissionais. 
Mudar nunca é tarefa fácil, porém com a imposição do 
momento foi preciso nos adaptarmos de formadura e rápida 
para atendermos às necessidades vigentes. Dessa forma, muitas 
ideias surgiram para minimizar as dificuldades, apresentando o 
brilhantismo dos profissionais da educação.
 Educar é ir além do ensinar o conteúdo, é impregnar de 
sentido todo e qualquer elemento que eleve o nosso educando a 
conhecimentos futuros, é despertar nele o interesse, a vontade de 
querer, de ser. Ser educador é estar sempre disposto a aprender e 
com isso mudar. Dessa forma, as pesquisas educacionais chegam 
com essa dimensão, de promover esse estado educativo, tornando 
assim o aluno protagonista de seus conhecimentos. 
Esta obra é composta por estudos que promovem essas 
discussões, de pesquisas comprometidas em trazer um novo olhar 
para o cenário educacional procurando melhorar e proporcionar 
as bases educativas caminhos que levem a excelência, caminhos 
que sejam positivos na vida de cada educando, caminhos que 
desbravem as dificuldades e cheguem a um porto de aprendizagens 
significativas. 
Durante a leitura dessa obra você vai encontrar perspectivas 
que favorecem e enaltecem nossa educação, como também 
novidades educacionais que permitem um olhar e repensar sobre as 
tendências pedagógicas de forma elaborada, contando sempre com 
uma visão atenta e dinamizada.
Promover educação é tarefa árdua e que requer muito 
compromisso e conhecimento, pois não se pode ensinar o que não 
14 
Tendências & Pesquisas em Educação
se sabe, não se pode desenvolver aprendizagens significativas se o 
profissional desconhece esses caminhos. Dessa forma, nós enquanto 
pesquisadores, temos objetivo e por que não dizer a missão, 
de mergulharmos nesse mar de dificuldades e tentarmos trazer 
“soluções” / diálogos que possa dirimir os desafios e ampliarmos 
nossa capacidade de ensinar e fazer educação. Se faz necessário, 
a cada educador está sempre se reinventando e aprendendo para 
que este, possa está cada vez mais atualizado. É nesse contexto 
que esta obra se localiza, foi escrita por e para profissionais de 
educação e, portanto, em linguagem acessível, podendo ser útil 
para comunidade em geral, pois em seu corpo textual utiliza-se de 
termos de fácil compreensão, assim sendo viável para quem busca 
entender e compreender novas tendências educacionais.
Quero agradecer o aceite do convite de cada colaborar para 
a construção dessa obra, que de forma brilhante enriqueceram esse 
debate. Desejo que este trabalho possa ter relevância a comunidade 
em geral a qual se destina e que proporcione benefícios ao âmbito 
educacional. 
Um convite ao deleite dessa obra, boa leitura!
Géssica Ferreira Carvalho Pessoa
Capítulo 1
A INSUBORDINAÇÃO CRIATIVA NA 
EDUCAÇÃO 
Izabel Rodrigues da Silva1
Tarcísio Welvis Gomes de Araújo2
Thayane Nascimento Freitas3
Aline Mendes Medeiros4
Nádia Fernanda Martins de Araújo5
Rafael Soares Silva6
1 Introdução
O conceito de insubordinação criativa na educação se preocupa em identificar as contribuições e as 
1 Especialista em Metodologia da Educação Infantil (2019). Licenciada em Pedagogia 
- UFPI (2014). Formação em nível Técnico em Biblioteca. Atualmente é professora 
(acompanhante terapêutica) de uma aluna com Síndrome de Down no Instituto 
Dom Barreto (Teresina-PI).
2 Mestrando em Educação Inclusiva em Rede (PROFEI/UEMA). Especialista em 
Libras com Docência do Ensino Superior (FAEME). Licenciado em Pedagogia 
(UFPI). Professor/Instrutor de Libras (SEDUC – MA).
3 Mestranda em Educação Inclusiva em Rede (PROFEI/UEMA). Especialista em 
Libras com docência Superior- FAEME, Especialista em Educação Especial- IESM, 
Especialista em Gestão e Supervisão Escolar- FACEI, Graduanda em Letras-Libras- 
UNIASSELVI, Licenciada em Pedagogia – UFPI, Professora da Secretaria Municipal 
de Educação- SEMEC/PI.
4 Mestranda em Educação- UFMA, Especialista em Língua Brasileira de Sinais – 
UESPI. Licenciada em Pedagogia- UESPI. Docente da área de Libras CPCE/UFPI.
5 Mestranda em Formação de Professores - UEPB. Especialista em Língua Brasileira 
de Sinais- UESPI. Licenciada em Pedagogia - UFPI. Docente da área de Libras 
CSHNB/UFPI.
6 Pós-doutorando em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares 
(UFRRJ); Pós-Doutor em Química pelo IQSC-USP; Doutor em Ensino de Ciências 
e Matemática (UNICSUL), Mestre em Engenharia e Ciências dos Materiais 
(MACKENZIE); Licenciado em Pedagogia, Química e Biologia. Pesquisador do 
Observatório de Educação Especial e Inclusão Educacional (ObEE) da Universidade 
Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) - E-mail: doc.rafaelsoares@gmail.com/ 
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9994-6653.
16 
Tendências & Pesquisas em Educação
implicações que ele agrega à área, em diversos momentos das 
práticas pedagógicas. Está relacionada às ações de fissuras assumidas 
responsavelmente diante a um currículo prescrito pelas instituições 
educacionais, rompendo com normas e/ou regras destas. O objetivo 
é melhor atender às necessidades dos sujeitos aos quais se prestam 
serviço, mas que ao mesmo tempo não prejudiquem os sujeitos 
envolvidos. 
Nesse sentido, na área da educação professores e gestores 
são considerados transformadores responsáveis pela subversão, pois 
ousam em elaborar metodologias criativas em benefício de melhores 
resultados para um melhor desempenho de toda a comunidade 
escolar como uma ação de oposição de diretrizes superiores, 
desafiando-as quando estas discrepam de teorias e metodologias que 
os profissionais tem consciência do seu saber fazer e estão atentos 
ao momento de transpor com alguns paradigmas para a tomada 
de decisão, colocando o aluno como protagonista no processo de 
aprendizado (DOS SANTOS; MATOS, 2017). 
Com vistas a isso, percebe-se que a insubordinação criativa 
dispõe o aluno no centro do processo educacional, considera o 
desenvolvimento dos alunos ao planejar suas ações, desafia a estes a 
constatarem problemas e suas possíveis soluções, transcendendo o 
ambiente escolar e da sala de aula tendo, assim, o aluno participante 
ativo na e para a produção de seu conhecimento.
Dessa forma, D’Ambrosio e Lopes (2015) relatam que 
a expressão insubordinação criativa surgiu na década de 80, 
quando pesquisadores de Chicago, baseados nas ideias de Morris 
et al. definiram a insubordinação criativa como sendo práticas 
de resistência para regras e políticas pré-estabelecidas no âmbito 
educacional por instâncias superiores com o intuito de impactar a 
formação e o desenvolvimento de seus alunos para a construção e 
progresso de uma sociedade mais justa, crítica, ética e digna para 
todos 
Logo, nos anos 90, esse conceito é estendido como o 
momento desencadeador nas práticas pedagógicas de professores 
aspirando percursos e melhorias à comunidade escolar e de forma 
adequada quando essas regras preestabelecidas não atingem 
 17
Tendências & Pesquisas em Educação
positivamente professores e alunos, e evitar consequências 
negativas não comtempladas nessas regras e que possam vir a afetar 
a criatividade e a ousadia ao se tomar decisões.
Portanto, a insubordinação criativa é uma prática centrada 
no desafio ou desacato ao sistema de diretrizes, mas de uma forma 
responsável e criativa, alicerçadas em bases éticas favorecendo ao 
bem estar do outro e na manutenção ou a melhoria do ensino e da 
aprendizagem dentro dos espaços escolares.
2 A importância da insubordinação criativa e a superação dos 
paradigmas previamente determinados
As demandas atuais advindas com as transformações sociais 
e tecnológicas, tem cobrado das intuições de ensino, profissionais 
cada vez mais capacitados para desenvolver sua prática pedagógica 
com metodologias e recursos diferenciados no âmbito de formar 
cidadãos éticos e solidários não com a técnica de transmissão de 
conceitos já elaborados e construídos, mas sim com estratégias 
que não limitem sua prática docente apenas aos objetivos 
predeterminados, sem ao menos levar em consideração o contexto 
no qual o aluno está inserido. 
Dessa forma, o desempenho docente dependerá de suacapacidade para entender, perceber e respeitar as especificidades de 
cada aluno, bem como seu processo de desenvolvimento intelectual 
e emocional. Diante disso, podemos perceber que
O professor necessita tomar decisões rapidamente em suas 
ações pedagógicas. Da mesma forma, o pesquisador que 
desenvolve estudos em Educação também precisa considerar 
essa complexidade educativa e tomar decisões sobre como 
investigar os diversos contextos (D’AMBRÓSIO; LOPES, 
2015, p. 5).
Concordamos que a insubordinação criativa possibilita 
aos profissionais de educação inovar concomitantemente a 
desobediência com responsabilidade aos parâmetros usuais, 
conforme achar-se necessário, isso devido à complexidade e a 
diversidade emergente das salas de aula. Assim, demanda-se que o 
18 
Tendências & Pesquisas em Educação
professor tome decisões ágeis em suas ações pedagógicas.
Ao mesmo tempo, ambiciona-se que a formação dos 
profissionais os torne críticos, ativos e responsáveis, além de 
colaborarem com seus congêneres e a buscarem, de forma conjunta, 
respostas para os problemas educacionais que emergem em seus 
espaços pedagógicos, participante, ativo, crítico e responsável 
(COUTO; FONSECA; TREVISAN, 2017).
Em outras palavras, presume-se que o profissional tenha 
capacidade de tomar decisões, de assumir sua prática e tomar 
atitudes plausíveis no que tange aos impasses de todo o percurso 
educativo dos alunos. Enfim, um profissional que tenha autonomia, 
mas que tenha consciência do seu importante papel como educador 
e clareza sobre a complexidade dos processos educacionais.
A (re)construção e a (re)flexão de um currículo norteador, 
flexível e crítico que corrobore para a instauração de novos 
paradigmas nos processos de ensino e de aprendizagem. Esse 
desafio exige mudanças na conduta de docentes e gestores, para 
que juntos possam inovar nas práticas pedagógicas, escolher 
metodologias ativas e criativas, e com isso, novas formas de avaliar, 
tendo o currículo como um dos documentos de referência, claro 
que não um currículo burocrático, conteudista e desprovido de 
significado, mas sendo ele dinâmico e multifacetado. Para isso, 
o profissional deve exercer sua função de sujeito participante dos 
processos de tomada de decisão e produção coletiva relativas ao 
processo educacional.
Concordamos que o papel das instituições escolares e do 
professor como mediador e facilitador do conhecimento, nos dias 
atuais, é trazer um quociente de aprendizagens mais sólidas. Assim, 
o ensino deve ser instigador de criatividade, libertador e estar 
lado a lado com a realidade da vida dos sujeitos, pois a educação 
revoluciona e traz muitos benefícios para a formação de um mundo 
mais justo, crítico e melhor.
Imediatamente, a escola que adotar aulas inovadoras a 
partir da insubordinação criativa, conseguirá conquistar uma 
competência de aprendizado, tendo como base a estimulação dos 
 19
Tendências & Pesquisas em Educação
alunos a buscarem seu próprio conhecimento e a aprender com as 
novas experiências pedagógicas, ou seja, autores de suas atividades. 
Percebe-se que é de fundamental importância incentivar e manter 
a cultura do protagonismo, da autonomia e da independência dos 
alunos. 
Além disso, uma das mais importantes funções da 
insubordinação criativa, como o próprio nome sugere, é a criação, 
a inovação de tornar o processo de ensino-aprendizagem mais 
fácil e melhor, pois oportuniza aos alunos uma nova forma de ser, 
pensar e se comportar no mundo, transformando a realidade a 
partir das reflexões e resoluções dos problemas que possam vir a 
surgir no contexto social. Sem dúvida, a organização de ambientes 
de aprendizagem inovadores, favorecem aos alunos assumirem a 
função de sujeito ativo em seu processo de aprendizagem.
Esse conceito desafia o profissional da educação, ao mesmo 
tempo em que renova suas crenças e concepções. É um convite 
à reflexão do ser professor. E desestrutura, reconstrói. De uma 
ação insubordinadamente criativa, na educação, espera-se 
mudança no processo já constituído, mudança positivamente 
fortalecedora, que visa à educação, em sua plenitude, de 
crianças futuramente responsáveis por respostas a problemas 
sociais não solucionados (SANTOS, 2017, p. 3).
Podemos inferir com base na autora e como já mencionado 
anteriormente que por cada professor ser único, ter sua personalidade 
e expectativas ao desenvolver sua prática em sala de aula, é de 
sua responsabilidade atrever-se a criar e ousar na ação docente, 
no intuito de os estudantes experenciarem uma aprendizagem e 
atribuam significados ao conhecimento adquirido.
Todavia, estamos vivenciando um mundo cada vez mais 
tecnológico em que o processo de transformação acontece em uma 
velocidade bastante notável e veloz e, em meio a tanta evolução, 
o método, os conteúdos e as práticas precisam estar voltados para 
o que a realidade exige: educadores, coordenadores e diretores 
preocupados em aderir cada vez mais às novas tecnologias, 
garantindo assim, aulas mais dinâmicas, interdisciplinares e 
atrativas. 
20 
Tendências & Pesquisas em Educação
De certo, os avanços tecnológicos surgem como uma 
ferramenta de apoio e será utilizada tanto por alunos como por 
professores com a finalidade de corroborar com os conteúdos 
estudados ao longo do processo educativo. Isso se deve à importância 
proveniente da insubordinação criativa que faz com que os 
professores se tornem peças chave para proporcionarem à sala de 
aula um ambiente com ricas oportunidades para a aprendizagem 
(LOPES, 2016).
A educação em seus múltiplos aspectos precisa romper 
com o currículo prescrito em prol do desenvolvimento e interesses 
dos alunos e, com isso, proporcionar aprendizagens singulares e 
diversas para seus alunos. E aqui retomamos mais uma vez a ideia 
de que o aluno deve estar no centro do processo educativo, e que 
todo educador deveria ter atitude inovadora no que diz respeito a 
sua prática docente.
Logo, é uma realidade dinâmica, que por mais que 
determinações sejam impostas, ela deve ser edificada com 
criatividade por cada indivíduo, visando o pleno desenvolvimento 
e o progresso do aluno e da sociedade ao qual faz parte. E, nesse 
sentido, criar é ser insubordinado às regras preestabelecidas, é 
necessário construir uma nova forma de ver o mundo e refletir 
sobre ele na realidade de um contexto contemporâneo. 
Nesse sentido, esclarece-nos Lopes (2016) que atitudes 
insubordinadas e criativas das práticas pedagógicas de docentes 
em seu cotidiano escolar, manifestam condutas não previsíveis 
nas recomendações para o ensino e aprendizagem, ou seja, é 
uma educação diferenciada, interdisciplinar e se propõe a formar 
cidadãos também capazes de inovar criativamente.
3 A insubordinação criativa na educação especial e inclusiva
Considerando que a insubordinação criativa leva os 
sujeitos a “descumprirem regras” em benefício próprio ou de um 
grupo específico, é importante considerarmos que as pessoas com 
deficiência, no geral, precisaram e precisam quebrar muitas regras, 
de forma organizada, para conseguirem alguns direitos e benefícios 
 21
Tendências & Pesquisas em Educação
que não lhes eram dados ou possíveis, a exemplo da educação.
A educação de pessoas com deficiência em instituições 
de ensino só teve início no Brasil por volta de 1854 com a 
criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, atual Instituto 
Benjamin Constant (IBC) e o Instituto de Surdos Mudos, em 
1857, denominado atualmente de Instituto Nacional da Educação 
de Surdos (INES). Durante o século XX foi criado o Instituto 
Pestalozzi, em 1954, é fundada a primeira Associação de Pais 
e Amigos dos Excepcionais (APAE) e o primeiro atendimento 
educacional especializado pela Sociedade Pestalozzi que atendia 
pessoas com superdotação, em 1945 (BRASIL, 2008).
Para que a inclusão de pessoas com deficiência fosse 
possível primeiro em escolas especiais e posteriormente em escolas 
regulares foi necessária uma mudança de paradigmas e de acessoa 
esses espaços escolares. Anteriormente, os alunos com deficiência 
precisavam passar por avaliações e caso seu desempenho fosse 
inferior ao esperado ele não seria matriculado. Hoje, por meio 
de políticas de inclusão há a possibilidade de o aluno ser incluído 
na escola regular e ela deverá adaptar e adequar as atividades e 
avaliações para atender estes alunos de forma igualitária. 
A primeira mudança deve ocorrer no currículo. Por meio 
das adaptações curriculares que se constituem como: “o conjunto 
de modificações que se realizam nos objetivos, conteúdos, critérios 
e procedimentos de avaliação, atividades e metodologias para 
atender às diferenças individuais dos alunos” (BRASIL, 1997, p. 
36).
Percebemos que o foco sai da deficiência do sujeito e passa 
a ser responsabilidade das instituições de ensino, das formas e 
condições de aprendizagem que elas possibilitarão aos alunos. Castro 
(2003) aponta a escola como a responsável para ajustar-se e atender 
a diversidade dos alunos, possibilitando a eles o sucesso escolar por 
meio de uma proposta educativa que atenda a diversidade.
Outros documentos que tratam sobre a adaptação curricular 
são os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL,1997) que 
concordam com a adaptação dos currículos regulares quando 
22 
Tendências & Pesquisas em Educação
necessário e quando o objetivo for torná-los acessíveis às 
peculiaridades e necessidades dos alunos que precisam de um acesso 
diferenciado. 
Além das adaptações nos currículos é necessário que os 
docentes reconheçam o seu papel fundamental na elaboração 
e desenvolvimento de práticas educativas, que reconheçam a 
individualidade de cada um para que assim consigam adaptar ou 
tornar acessível aos alunos com deficiência aquilo que já é o natural 
para os alunos sem deficiência.
Essa importância é revelada no artigo 13º da Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL,1996) que 
destaca como responsabilidade dos docentes a participação na 
elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino 
e o zelo pela aprendizagem dos alunos. Observamos a importância 
desse profissional, posto que ele será o mediador entre o papel da 
escola e o interesse dos alunos, para que assim consiga trabalhar 
com todos de forma satisfatória. 
Além de possibilitar uma prática de ensino específica para 
alunos com deficiência e tornar o currículo acessível, os docentes 
devem possibilitar que os alunos público alvo da educação especial 
sejam participantes ativos e tenham autonomia para criar um sistema 
de ensino acessível e o mais favorável as suas necessidades. Uma 
possibilidade é a utilização do Desenho Universal de Aprendizagem 
que segundo a Lei Brasileira de Inclusão, nº 13.146/15 desenho 
universal caracteriza-se como uma “concepção de produtos, 
ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, 
sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo 
os recursos de tecnologia assistiva”.
Neste caso, notamos que a acessibilidade nos ambientes 
sociais e educacionais, nos recursos e nas práticas pedagógicas para o 
ensino dos alunos com deficiência, dará a eles a autonomia necessária 
para realizarem suas atividades de vivência no cotidiano escolar e 
social, além de possibilitar a eles uma vida mais independente.
4 Considerações finais
 23
Tendências & Pesquisas em Educação
Observamos que a insubordinação criativa surgiu da 
insatisfação daqueles que precisam muito mais de uma educação 
acessível a todos do que regras fixadoras como se o ensino e os 
discentes fossem homogêneos. Ressaltamos que esta prática não 
deve ser realizada sem um plano que possibilite sua realização e 
a avaliação da mesma para que ela tenha um objetivo e não seja 
realizada de forma aleatória. 
Verificamos o papel que o docente tem neste aspecto inovador 
da educação quando ele necessita examinar sua postura frente as 
necessidades específicas de seus alunos e assim, modificar o que 
for necessário na sua prática para tornar seus alunos participativos 
do processo de ensino e aprendizagem, para que estes consigam 
desenvolver potencialidades na sua vida educacional e social.
Desta forma, serão necessárias algumas mudanças nos 
modos que os professores através da escola, operacionalizam a 
educação dos alunos para que consigam atender as demandas da 
diversidade escolar e desenvolvam assim, um currículo e práticas 
educacionais com mais acessibilidade e consequentemente mais 
possibilidades para alunos com e sem deficiência.
Referências
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nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais / 
Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 
126p.
BRASIL, Secretaria de Educação Especial. A educação dos surdos 
/ organizado por Giuseppe Rinaldi et al. Brasília: MEC/SEESP. 
1997
BRASIL. Política Nacional da Educação Especial na 
Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2008. Disponível 
em: 
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-
24 
Tendências & Pesquisas em Educação
de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-
05122014&Itemid=30192. Acesso em: 30 jul. 2021.
BRASIL, Lei n. 13.146, de 6 de jul. de 2015. Lei Brasileira de 
Inclusão da Pessoa com Deficiência. Disponívelem: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20152018/2015/Lei/L13146.htm. 
Acesso em: 30 jul. 2017.
CASTRO, Adriano M. de. et al. Educação Especial: do querer ao 
fazer.(Orgs) Maria Luisa S. Ribeiro, Roseli Cecília R. de Baumel. 
São Paulo: Avercamp, 2003. 
COUTO, Alan Franco; FONSECA, Maycon Odailson dos 
Santos; TREVISAN, André Luisz. Aulas de Cálculo Diferencial e 
Integral organizadas a partir de episódios de resolução de tarefas: 
um convite à insubordinação criativa. Revista de Ensino de 
Ciências e Matemática (REnCiMa), v. 4, p. 50-61, 2017.
D’AMBROSIO, Beatriz Silva; LOPES, Celi Espasandin. 
Insubordinação Criativa: um convite à reinvenção do educador 
matemático. BOLEMA: Boletim de Educação Matemática, v. 
29, p. 1-17, 2015.
SANTOS, M. J. C. DOS; COSTA MATOS, F. C. A 
Insubordinação Criativa na formação contínua do pedagogo para 
o ensino da Matemática: os subalternos falam? Revista de Ensino 
de Ciências e Matemática, v. 8, n. 4, p. 11-30, 21 dez. 2017.
LOPES, Celi Aparecida Espasandin; D’AMBROSIO, Beatriz 
Silva; CORRÊA, Solange Aparecida. Atos de insubordinação 
criativa promovem a ética e a solidariedade na educação 
matemática. Zetetike, v. 24, n. 3, p. 287-300, 2016.
SANTOS, Patrícia Corrêa. Mapeamento de produções científicas 
brasileiras que utilizam o termo insubordinação criativa e/
ou subversão responsável. Revista de Ensino de Ciências e 
Matemática, v. 8, n. 4, p. 214-227, 2017.
Capítulo 2
FONOLOGIA E ENSINO DE LÍNGUA MATERNA: 
ESTRATÉGIAS DE ENSINO E PROPOSTAS 
INTERVENTIVAS PARA EDUCAÇÃO BÁSICA
Géssica Ferreira Carvalho Pessoa1 
1 Introdução
É notório, que a reflexão acerca da fonologia vem ganhando espaço nos estudos de formação para docentes, pois 
já foi percebido que ela colabora com entendimentos acerca dos 
processos fonológicos na escrita dos alunos. Dessa forma auxilia na 
interpretação dos erros ortográficos bem como na potencialização 
de propostas que visam a superação desses erros.
Para o ensino de língua materna, sua contribuição ganha 
destaque na compreensão dos fenômenos de variação e de 
mudanças, no que se refere a descrição e explicação do processo de 
aquisição fonológica, bem como também na resolução de inúmeros 
distúrbios de linguagem, no planejamento linguístico e etc.
Em consonância, se faz necessário ratificar a relevância da 
compreensão dos conceitos de fonologia para a atividade docente, 
principalmente na reflexão sobre a linguagem. Dessa forma, 
compreende-se que esta possibilite embasamento teórico para 
subsidiar o ensino da língua materna.
Percebe-se que nos manuais didáticos, é pouco discutido 
sobre esse assunto, em detrimento da importância que tem; 
quandoessa discussão se realiza, serve simplesmente para dar base 
1 Mestra em Letras pela Universidade Estadual do Piauí-UESPI, Especialista em 
Educação Especial com Ênfase Inclusiva e Docência do Ensino Superior pela 
Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA, Especialista em Supervisão Escolar 
e Educação Infantil pela Universidade Cândido Mendes-UCAM, Licenciada em 
Pedagogia pela Faculdade da Santo Agostinho-FSA e em Letras/Português pela 
Universidade Federal do Piauí-UFPI. E-mail- gessicaeduc@hotmail.com
26 
Tendências & Pesquisas em Educação
a uma identificação técnica dos fones ou dos fonemas. Tomado 
desse modo, o estudo fonético-fonológico passa a não permitir que 
se desenvolvam discussões em sala de aula, dada a sua exposição 
estritamente técnica. Em outras palavras, pode-se dizer que o 
propósito evidenciado em materiais didáticos não vai além do 
reconhecimento de letras e fonemas, sinalizando uma equivocada 
conclusão: a de que a linguagem escrita é uma mera representação 
da linguagem oral.
Nesse contexto, muitos professores acabam trabalhando 
os conceitos de Fonética e de Fonologia como transmissão de um 
saber que não se reporta para as reais percepções que esse ensino 
deveria direcionar. Para mudar essa realidade, é necessário ter 
uma boa fundamentação teórica. Nessa perspectiva, a fim de que 
se compreendam certas implicações desse ensino, realiza-se uma 
discussão que atingem questões de diferentes naturezas, com a 
internção de promover benefícios educativos.
O presente trabalho subdivide-se em duas partes. 
Primeiramente, são discutidos com base teórica acerca dos erros 
ortográficos mediante a motivações fonológicas, recorrendo-se 
Cagliari (1995), Roberto (2016), Zorzi (1998), Lemle(1995) entre 
outros. A segunda parte trata da análise dos textos dos estudantes 
do 6º ano do ensino fundamental da rede municipal de Altos. Para 
isso, foi realizada uma pesquisa de campo para levantamento de 
dados cujo instrumento de pesquisa foi uma produção textual na 
língua portuguesa. A turma do 6° ano possui 30 alunos, porém só 
foram utilizados apenas cinco destes textos de forma amostral, que 
ilustra-se na prática uma dificuldade visível na escrita. A orientação 
da produção foi espontânea tomando por base uma listagem dos 
gêneros já estudados. Vale-se ressaltar que essa coleta textual foi 
realizada no ano de 2019. 
Este trabalho possui grande relevância para com o estudo da 
Língua Portuguesa, pois apresenta uma investigação das dificuldades 
dos alunos na produção textual, abrindo caminho para que se possa 
entender e elaborar proposta de intervenção que possa auxiliar os 
alunos e professores nas produções futuras, possibilitando melhor 
desenvolvimento na escrita ortográfica.
 27
Tendências & Pesquisas em Educação
2 Desenvolvimento
2.1 Contribuição da fonologia para o ensino de língua materna
De acordo Cagliari (1995), na aprendizagem da escrita 
acontece uma grande reflexão do aprendiz em relação às regras 
de usos possíveis no sistema de escrita do português. Essas 
aprendizagens provem do uso das regras das realidades fonéticas, 
através da relação entre letra e som, e dos usos gráficos pertencentes 
ao sistema ortográfico da Língua Portuguesa, e isso através de 
relações não unívocas nem previsíveis, contudo pertencentes a certa 
lógica.
Os erros ortográficos podem possuir uma motivação ligada 
intimamente com a fala, onde o que ocorre é uma “transcrição 
fonética da fala”, que Zorzi (1998) define como “alterações 
ortográficas decorrentes de apoio na oralidade”, como em – derepente 
(de repente) e corajozo (corajoso), onde se escreve conforme se fala.
Como a fonologia se preocupa com a aquisição e a 
aprendizagem da pronuncia das línguas, quando comparamos 
a aquisição da língua materna por crianças e a aprendizagem da 
língua escrita por adultos, consideraremos que elas ocorrem graus 
diferenciados, pois ambos passaram por processos gradativos. 
Percebemos assim que a fonologia interfere de maneira significativa 
na aquisição, tanto de língua materna, pois a comunicação em uma 
determinada língua exige que dominemos os seus fonemas para 
que ocorra a obtenção do sentido que se espera.
Para tanto, é necessário que o docente primeiramente 
compreenda tal processo, para que depois possa compartilha-lo em 
forma de ensino. O professor de Língua Portuguesa como língua 
materna encara desafios ao trazer a gramática normativa para a sala 
de aula de ensino básico, pois, em muitas situações, vivenciadas 
constantemente, ele se depara com uma quantidade de regras que 
foram estabelecidas por convenções que necessariamente têm que 
ser transmitidas ao aluno. Como exemplo disso, podemos citar 
a regra a qual todos nós decoramos e dificilmente aprendemos o 
28 
Tendências & Pesquisas em Educação
porquê dela existir: “antes de P e B se escreve M”, não há para o 
aluno a reflexão da existência dessa regra. Conforme o enfoque, 
Lemle (2004, p.63) corrobora que:
o professor que não tem preparo para entender o fenômeno 
da mudança linguística com a mesma naturalidade com que 
entende o fenômeno da evaporação ou da condensação da 
água é presa fácil de teorização preconceituosa dos fatos da 
língua.
Com base no exemplo acima, podemos concluir que muitos 
professores se perguntam o porquê dessa regra e até se deparam 
com falta de explicações para com o aluno quando é questionado. 
A fonética e a fonologia podem, em muitas situações, trazer uma 
explicação que podem ajudar ao docente de línguas, a saber, como 
lidar com alguns questionamentos desse sentido, pois, nesse caso, a 
dúvida a ser respondida ao aluno é de caráter fonético-fonológico 
onde cabe ao professor, trazer a sala de aula uma maneira adequada 
de dizer que isso é uma questão articulatória da língua.
Nessa perspectiva, Morais(2010) afirma que ainda , muitos 
professores, quando se trata da ortografia, continuam ainda 
percebendo esse espaço apenas no viés de verificação, muito embora 
seria necessário criar situações de promovam entendimentos mais 
concretos.
Munidos de informações, os docentes poderão guiar seus 
aprendizes de forma mais conscientes no processo de construção de 
conhecimento, conforme corrobora Zorzi (1998, p.20):
considerando-se, assim, aprendizagem da escrita como um 
processo de formação de conhecimentos , os erros que surgem 
na produção gráfica das crianças podem ser reveladores 
na apropriação de uma nova linguagem e surgiriam como 
indicadores das possíveis hipóteses ortográficas que elas 
estariam utilizando para escrita. Ou seja, os erros podem 
compreender a tentativas de compreender e de dar sentido às 
propriedades características do sistema de escrita.
Coadunando com o autor, entende-se que o conhecimento 
por parte do docente acerca da fonologia no processor de ensino de 
língua materna é indispensável.
 29
Tendências & Pesquisas em Educação
Para afirmar, Roberto (2016, p.141) no que diz respeito ao 
processo de ensino:
um professor que encara o processo de aprendizagem da escrita 
como da mesma natureza que o da aquisição da linguagem 
oral se exime da responsabilidade do trabalho consciente 
de mediação entre o conhecimento que os alunos trazem 
consigo e conhecimento de que eles precisam para dominar 
a leitura e a escrita adequadamente. Decorem daí, também, 
muitas posturas de atribuições do fracasso escolar a elementos 
externos à escola.
A autora, com essa afirmação elenca um ponto reflexivo 
que é a apropriação do professor dos conhecimentos prévios dos 
alunos para que possa dá subsídios à compreensão do processo de 
aquisição consciente da língua escrita.
O ensino ordenado e eficiente da norma padrão nos 
primeiros anos de escolaridade tem muito a contribuir para que 
ocorra o letramento do aprendente. Superar as dificuldades de 
leitura, não será possível sem antes, resolver os problemas básicos 
relacionados a ela. E nessa base estão as regras que envolvem a 
passagem do grafema para o fonema (que corresponde a leitura) e 
na passagem do fonemaao grafema (relacionando a escrita), e leitor/
escritor que não tem segurança nessas passagens, certamente ficará 
aquém na compreensão desejada de uma mensagem circulada.
Nos estudos de Roberto (2016, p.158), discorre que:
a consciência metalinguística e a consciência fonêmica 
decorrem da capacidade de o ser humano se debruçar sobre 
a linguagem de forma consciente , utilizando uma linguagem 
especifica( no caso, o alfabeto), conforme reitera Scliar-
Cabral.Falantes de chinês ,por exemplo, terão dificuldades 
para desenvolver a consciência fonêmica, pois têm um sistema 
escrito silábico.
Essa concepção vem encontro ao que já foi mencionado, pois 
eleva a consciência fonêmica como à saída para que a aprendizagem 
ocorra de maneira significativa. Trabalhar tal concepção permite 
desenvolver uma habilidade útil no processo de aquisição da 
linguagem escrita. Para tanto é inegável a contribuição da fonologia 
para o ensino mais eficaz de língua materna.
30 
Tendências & Pesquisas em Educação
2.2 Análise dos textos dos alunos
Diante do que foi explanado e da afirmação de que o 
conhecimento da fonologia é indispensável ao ensino da língua 
materna, nesse segundo momento será destacado análise de três 
textos de alunos do 6° ano do Ensino Fundamental mediante 
ocorrência de erros ortográficos que serão entendidos mediantes 
explicações a luz das teorias da fonologia, permitindo assim 
compreender o processo de aquisição a linguagem escrita.
No primeiro texto, foi observado mais de uma ocorrência 
como veremos na figura abaixo:
Texto 1
Fonte: pesquisa direta
Observa-se nesse texto a ocorrência de mais de um processo 
fonológico, dentre os quais está a generalização/supergenalização 
que envolve os exemplos: vil viu e acholachou , bem como também 
a desnasalização encontrada na palavra lido lindo e ainda em 
destaque a hipersegmentação em bone ca boneca .
 31
Tendências & Pesquisas em Educação
Seguindo a sequência dos exemplos, a generalização da regra 
foi utilizada como hipótese de escrita, onde se trocou a semivogal 
por uma consoante líquida, assim também como a desnasalização 
utilizada ver clara a redução do padrão silábico de CVN para o CV 
que é possibilitado pela silaba tônica inicial que apagou a consoante 
nasal /n/.Já a hipersegmentação empregada no último exemplo o 
aluno compreendeu as silábas iniciais da palavra como uma palavra 
gramatical e realiza a separação cometendo o erro ortográfico.
Os textos 2 e 3 apresentam ocorrências similares como 
veremos nas imagens a seguir:
Texto 2
Fonte: pesquisa direta
32 
Tendências & Pesquisas em Educação
Texto 3
Fonte: pesquisa direta
No texto 2 e 3 encontram-se ocorrência direcionada a 
hiporsegmentação no exemplos respectivamente: comedo com medo 
e derepente de repente, tais exemplos partem da dúvida quanto ao 
limite das palavras, que na escrita devem ser separadas mas na 
forma oral é praticamente dita juntas, essa ocorrência observa-se o 
apoio na oralidade para escrita.
Outro exemplo encontrado no texto 3 foi o apagamento do 
rótico em posição de coda em terminações verbais, tal motivação é 
mais recorrente em verbos quando vem acompanhando por nomes 
no caso lenhas .
Percebe-se diante das observações que a produção de erros 
ortográficos nesses casos não ocorreram por si só, eles possuem 
motivações fonológicas que podem explicar tais ocorrências, 
dessa maneira cabe ao professor se sentir partícipe do processo e 
buscar compreender a fundo essa motivação para que possibilite 
uma reflexão e produção de uma proposta de intervenção que vise 
superar esses erros. Dessa forma, tendo por base essas reflexões e 
apropriações de conceitos e motivações, com as determinadas 
interveções o professor poderá auxiliar seu educando de maneira 
 33
Tendências & Pesquisas em Educação
significativa e possibilitando assim crescimento de aprendizagem.
2.3 Estratégias de ensino e proposta interventiva
Em colaboração com a temática debatida até aqui, seguirá 
neste estudo uma breve proposta de intervenção mediante os 
erros ortográficos encontrados nos textos analisados, esta por sua 
vez não tem por finalidade ofertar uma receita pronta para sanar 
dificuldades relacionadas a tais erros, mas endossar os estudos na 
tentativa de ofertar mais meios que possam amenizar determinados 
aspectos.
Nessa pespectiva, como coaduna Guimarães(2003), os alunos 
que possuem dificuldades nas áres de leitura e escrita necessitam 
participar de atividades que possam pomover o desenvolviemnto da 
consciência fonológica, possibilitando não apenas a memoriazação 
automática, mas sim, habilidades intencionais de compreensão.
Já está claro que o entendimento do professor acerca dos 
processos fonológicos é peça chave para o bom estudo da língua, 
dessa maneira partirá-se para algumas estratégias que possibilitam 
intervenções necessárias que permita acentuar as dificuldades na 
escrita.
Sugere-se para o trabalho pedagógico em sala de aula a 
construção de um livro de memórias, no qual neste, será selecionado 
as dificuldades mais frequentes encontradas nos textos dos alunos 
e inserida atividades de reflexão de ordem fonológicas, tendo como 
título: “É assim que se escreve”.
Nesse contexto, a cada atividade realizada, um erro 
ortográfico será enfocado mediante a turma, sendo trabalhado 
gradativamente, como por exemplo, para a generalização de regras: 
ofertar um quadro de palavras do mesmo campo semântico ou de 
regras parecidas, atividades lacunadas de flexões com auxílio de 
sufixos que há alteração de acordo com o contexto. 
Diante a da hipossegmentação e hipersegmentação, efetivar 
atividades de ditado de frases, para se relacionar a oralidade e a 
escrita, trabalhar textos possibilitem a separação de palavras e 
34 
Tendências & Pesquisas em Educação
perceber que na oralidade usam-se as pausas e na escrita tem-se o 
espaço entre as palavras. Com os erros do apagamento da vibrante(r) 
em posição de coda, incentivar o uso do dicionário para se perceber 
outras palavras escritas da mesma forma e qual sua função no 
segmento, identificar a classe gramatical a qual pertencem, reescrita 
de frases que envolvam ação/verbo percebendo a diferença de 
sentido quando se fala a palavra apagando a vibrante
Por fim, na desnasalização, que pode ser trabalhada 
utilizando-se de banco de palavras que tem a vogal nasalizada ou 
o apoio da consoante nasal, praticando a pronúncia das mesmas 
identificando também a funcionalidade das letras nasalizadoras n e 
m em atividades de associação e com lacunas, em leituras de textos 
e produção de frases.
Em consonância, será realizada reflexões de entendimento 
em seguida ao término de cada atividade no caderno de memória, 
este que será uma vez por semana, e ao final do semestre será 
realizado um levantamento do desenvolvimento da turma através 
de gráficos de desempenho, para saber se houve desenvolvimento 
da turma e saber se os erros trabalhados ainda persistem.
Essa proposta nasce da necessidade encontrada na turma 
em análise e cresce da possibilidade do querer de superar os 
obstáculos que impedem o desenvolvimento efetivo da escrita de 
forma consciente e significativa.
3 Considerações finais
Foi perceptível através da breve análise dos textos que há a 
predominância da motivação fonológica para os erros ortográficos 
produzidos pelos alunos do 6° ano, dentre as quais foi citada a 
hipossegmentação, hipersegmentação, apagamento da vibrante (r), 
generalização de regras e a desnasalização, percebendo assim que os 
alunos estão em fase desenvolvimento ainda da aquisição da escrita.
Perante as práticas pedagógicas que visam meramente à 
memorização, entende-se que seja necessário que essa visão seja 
superada, pois a mesma não tem colhido bons resultados e que 
 35
Tendências & Pesquisas em Educação
o processo de consciência fonológica permite ser mais condizente 
com o aprendiz.
Nesse sentindo, é de suma importância a intervenção por 
meio de estratégias de ensino que visem não sóa memorização de 
regras , mas também o entendimento por parte das motivações 
mofonológicas e as raizes do qual faz parte os erros, podendo 
assim e por meio de estratégias interventivas otimizar os estudos 
em Língua Portuguesa de maneira contextualizada e de mais fácil 
compreensão, cabendo assim o aluno proporcionar dentro do seu 
aprendizado conhecimentos signficativos.
Referências
CAGLIARI, Luis Carlos. Alfabetização e linguística. São Paulo: 
Scipione, 1995.
LEMLE, M. Guia teórico do alfabetizador. 16. ed. São Paulo: 
Ática, 2004. (Série Princípios).
ZORZI, J. L. Aprender a escrever: a apropriação do sistema 
ortográfico. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
ROBERTO, Tânia Mikaela Garcia. Fonologia, fonética e 
ensino: guia introdutório. São Paulo:parábola Editorial, 2016,
GUMARÃES,Sandra R.K.O aperefeiçoamento da concepção 
alfabética de escrita: Relação entre consciência fonológica e 
representações ortográficas.In : MALUF, Maria Regina (org). 
Metaliguagem e aquisição da escrita: contribuições dapesquisa 
para prática da alfabetização. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.
MORAES, A. G. Ortografia: ensinar e aprender. São Paulo: 
ÁTICA, 2010.
Capítulo 3
A IMPORTÂNCIA DAS TECNOLOGIAS 
DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 
NAS PROPOSTAS DE ENSINO REMOTO 
EMERGENCIAL
Evando Luiz e Silva Soares da Rocha1
1 Introdução
O uso de artefatos tecnológicos no ambiente de sala de aula cada vez mais assume relevância como facilitador 
do processo ensino aprendizagem. Entretanto, entendemos que é 
necessário planejar e definir estratégias condizentes com a realidade 
dos indivíduos e as experiências dos profissionais docentes. Por 
isso, a proposta deste trabalho é ressaltar as acepções do termo 
tecnologia e a importância de refletir sobre a utilização das TIC nas 
práticas pedagógicas.
Consideramos que a inserção de tecnologia no espaço escolar 
deve ser reflexo da formação docente e de discussões constantes 
e relacionadas a necessidades específicas. Por isso, definimos o 
objetivo deste trabalho com o propósito de revisitar as definições 
do termo tecnologia, bem como de descrever a concepção das 
TIC no espaço de salas de aulas considerando o contexto sócio-
histórico da pandemia da Covid-19. Dessa forma, acompanhamos 
as contribuições de estudos atuais que empreendem esforços para 
apresentar definições e caracterizações para as diversas manifestações 
de tecnologia e os atos de implementação do ensino remoto em 
1 Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal 
do Piauí –PPGEL/ UFPI (2021). Professor Mestre em Letras Linguística pela 
Universidade Estadual do Piauí – Uespi, (2020), Especialista em Língua Portuguesa 
– UESPI (2016), graduado em Letra Português -UESPI (2003). Professor efetivo de 
Língua Portuguesa do quadro efetivo da Escola Municipal Vicente Pereira dos Santos 
(SEMED – Parnarama – MA).E-mail; evandoluiz@ufpi.edu.com
38 
Tendências & Pesquisas em Educação
caráter emergencial. 
Como pretendemos elucidar e discutir definições do termo 
tecnologia, dispomos o problema da pesquisa através das seguintes 
questões norteadoras: o que define e caracteriza tecnologia? De que 
forma as tecnologias da comunicação e informação contempladas 
em propostas de ensino remoto emergencial podem ressignificar 
a prática pedagógica? Diante disso, evidenciamos nas discussões 
os posicionamentos e abordagens que concebem tecnologia como 
recurso/atividade que acompanha o ser, o fazer e o agir humanos.
Concordamos que as tecnologias compreendem as 
práticas, artefatos e técnicas inerentes às atividades humanas. 
Por isso, considerando o contexto da pandemia da Covid-19 
e a implementação de propostas de ensino remoto emergencial, 
defendemos a hipótese de que as tecnologias da informação e 
comunicação permitem aos indivíduos desenvolver e aperfeiçoar 
suas ações no meio em que interagem. 
Para tanto, caracterizamos este trabalho como um estudo 
bibliográfico. Com base nisso, desenvolvemos uma pesquisa 
qualitativa apoiada em documentos e atos oficiais que serviram de 
parâmetros para a implementação do ensino remoto emergencial 
em meados de 2020, bem como definiram estratégias para o 
desenvolvimento do ensino não presencial. Dessa forma, recorremos 
às contribuições de autores como: Veraszto et al (2008), Dio e Silva 
(2010), Maia (2010), Gomes e Azevedo (2012), Santos, Medeiros 
e Ribeiro (2017), Brandalise (2019) dentre outros.
Os olhares lançados sobre a situação do ensino durante a 
pandemia da Covid-19 têm propiciado muitas reflexões sobre o 
modo como os recursos tecnológicos possibilitaram criar situações 
de aprendizagens. Além disso, discutimos a presença das TIC 
no espaço educacional, cujas contribuições são atinentes aos 
letramentos Maia (2010). Assim, as discussões propostas evidenciam 
que abordar tecnologias no âmbito educacional requer uma ampla 
compreensão do termo. E, sobretudo, entendemos que sua inserção 
no espaço de sala de aula prescinde da formação docente.
Além dessa seção introdutória, organizamos o trabalho 
 39
Tendências & Pesquisas em Educação
numa unidade de fundamentação que se apresenta em dois 
subtópicos. No primeiro, apresentamos e discutimos definições 
do termo tecnologia. No segundo, abordamos as contribuições 
das TIC para o ensino. Na seção seguinte, contextualizamos, 
analisamos e discutimos a suspensão das aulas presenciais nas redes 
de ensino e a implementação do ensino remoto emergencial à luz 
de documentos norteadores e da inserção de recursos tecnológicos. 
Por último, trazemos o tópico com as nossas reflexões finais. 
2 Tecnologia
A rigor, conceber a importância das tecnologias requer a 
compreensão das práticas humanas que as abrigam. Assumimos que 
as tecnologias servem a propósitos específicos de cada cultura, de 
cada época ou de cada atividade humana. As tecnologias ajustam-
se aos contextos em que se inscrevem. Além disso, as tecnologias 
evoluem à medida em que os processos de que são partes incorporam 
novas técnicas e instrumentos. Por isso, trazemos a seguir, diferentes 
visões sobre a definição de tecnologia.
2.1 Do conceito à aplicação na educação
Em nossa abordagem visamos empreender discussões sobre 
o termo tecnologia de maneira que não nos limitemos a uma 
concepção estanque. Eventualmente definir tecnologia requer a 
compreensão de como as pessoas lidam com o conhecimento e as 
informações num dado contexto histórico. Inicialmente concebemos 
a tecnologia como atividades, recursos ou artifícios eficientes que o 
homem desenvolveu para a sua própria sobrevivência. 
Neste caso, assumir uma definição para o termo num 
contexto mais contemporâneo não deve representar necessariamente 
uma filiação ao uso de máquinas que envolvam fios e telas e conexão 
em rede. Tecnologia diz respeito à forma como os indivíduos 
se relacionam uns com os outros e com o meio, bem como está 
ligada ao modo como as atividades são planejadas, organizadas e 
executadas.
40 
Tendências & Pesquisas em Educação
 Percebemos, pois, que a tecnologia está intimamente ligada 
à história da evolução humana. Para Veraszto et al (2008) a história 
da evolução do homem é atravessada pelo domínio de técnicas, o 
que compreende a utilização de tecnologias. Entretanto, é preciso 
destacar que a tecnologia possui uma definição mais ampla, pois 
no seu bojo estão envolvidos aspectos do intelecto e de todo o 
processamento subjacente numa determinada atividade. 
Mesmo não nos comprometendo em apresentar definições 
pontuais sobre o que é tecnologia, deparamo-nos com propostas e 
abordagens que a definem. Entendemos que tecnologia tem relação 
direta com o modo como o homem interage no e com o meio. Dito 
desta forma, as tecnologias englobam o trabalho, a arte, lazer, todas 
as atividades que têm participação do homem. Assim, conforme 
Veraszto et al (2008) a tecnologia é compreendida a partir da 
concepção, domínio e uso de técnicas refletindo desde a criação, 
transformação e manipulação de objetos a utilizaçãoda palavra em 
contextos variados.
Compreendemos dessa forma, que a tecnologia está no 
cerne das atividades humanas. Segundo De Dio e Silva (2010, p.6);
A tecnologia sempre fez parte da vida do ser humano: desde 
as primeiras ferramentas usadas como extensão do corpo 
passando pela máquina a vapor que possibilitou a mudança 
de hábito até chegarmos ao computador como conhecemos e 
usamos hoje, a humanidade presenciou transformações sociais 
e culturais que nos ajuda nos completas, nos amplia, mas 
também nos confunde.
Assim como os autores postularam, a concepção de 
tecnologia que assumimos é abrangente e alberga também 
manifestações imateriais das atividades humanas. Neste sentido, 
ao descrever ou definir tecnologia supõe compreender as diversas 
dimensões das atividades realizadas pelos indivíduos num dado 
momento histórico. 
Uma definição ampla e que também evidencia uma posição 
bem didática sobre o termo tecnologia é a que encontramos no 
trabalho de Ramos (2012, p. 4);
a palavra define conhecimentos que permitem produzir 
 41
Tendências & Pesquisas em Educação
objetos, modificar o meio em que se vive e estabelecer novas 
situações para a resolução de problemas vindos da necessidade 
humana. Enfim, é um conjunto de técnicas, métodos e 
processos específicos de uma ciência, ofício ou indústria. 
Concordamos com a abordagem feita pelo autor, pois 
vivemos rodeados por tecnologia e suas implicações. Além disso, 
como vimos discutindo e assumimos neste trabalho, as tecnologias 
permeiam as experiências humanas. Sendo assim, há que 
considerarmos tanto suas manifestações materializadas fisicamente, 
como as operações mentais, os processos cognitivos, as atitudes e 
comportamentos que orientam as ações humanas.
 A propósito, o termo tecnologia assume em seus significados 
uma diversidade de atividades correlacionadas entre si ao ser 
e fazer humano. A discussão sobre o modo como concebemos 
tecnologia não se limita a descrever artefatos ou instrumentos, pois, 
englobamos em nossa abordagem o processo de criação, de cognição 
e de mobilização dos indivíduos no meio em que interagem. 
Considerando que falar de tecnologia requer envolver o 
conjunto de atividades manuais e intelectuais que estão imbricadas 
no processo evolutivo humano, pressupomos que de longe 
acompanha o desenvolvimento humano ao longo dos tempos. Sobre 
a generalização da acepção do termo tecnologia equivocadamente 
associado a maquinários, concordamos com a assertiva que a situa 
para além da realização construção e manipulação de materiais e de 
utensílios para facilitar as atividades do cotidiano, também no que 
diz respeito aos aspectos sociais e culturais. 
Dessa forma, assumir uma definição de tecnologia 
encaminha a discussão para a compreensão integral dos indivíduos 
considerando dentre outras coisas o ser e o agir no tempo e no 
espaço. Além disso, é preciso pontuar que tecnologia tal como 
conhecemos e utilizamos emerge das inovações que o homem 
desenvolve para melhorar sua relação com o meio social e cultural.
Com efeito, ao abordarmos diferentes visões sobre tecnologia, 
refletimos sobre o modo como os indivíduos desenvolveram-se e 
operaram mudanças no espaço ocupado. Logo, a tecnologia serve 
aos mais variados propósitos e necessidades imediatas dos sujeitos. 
42 
Tendências & Pesquisas em Educação
Aqui ressaltamos a influência da tecnologia no âmbito educacional. 
Para Santos, Medeiros e Ribeiro (2017, p. 5):
Com a revolução tecnológica nos últimos anos e as mudanças 
ocorridas em todos os âmbitos da sociedade, os setores da 
educação têm como desafio dar respostas às novas demandas e 
a principal delas é formar cidadãos para viverem e conviverem 
na sociedade da informação.
Compreendemos que as novas formas de interação, a 
apropriação de recursos tecnológicos e a rapidez com que se produz 
e difunde o conhecimento, as informações, aproximam cada vez 
mais as pessoas e as instituições escolares de uma determinada 
forma de tecnologia. Isso confirma, segundo Magalhães (2018), 
que ela tem a função de trazer melhorias para o processo de ensino. 
É preciso discutir também conforme Brandalise (2019, p. 
4) que “as tecnologias por si só não são garantia de uma educação 
democrática, mas, sim, uma das possibilidades de participação 
do mundo digital e das redes sociais de comunicação, condições 
necessárias para formação e vida de todo cidadão.”. A posição 
defendida pela autora evidencia a importância da tecnologia no 
contexto contemporâneo de mudanças sociais e de imersão dos 
indivíduos no universo das tecnologias, entretanto cabem reflexões 
que devem direcionar a atuação formativa dos sujeitos.
 No entanto, não podemos conceber o uso das tecnologias 
sem repensar o seu lugar na sociedade contemporânea. Devemos 
refletir também sobre o papel dos indivíduos no contexto de uma 
cultura atravessada pelas técnicas, interações e criações do mundo 
digital. Então, cabe-nos pensar o uso das tecnologias associado ao 
ensino para que se tenha mais dinamismo, interação e correlação 
com a formação integral dos indivíduos. 
É importante que a instituição escolar, bem como os 
profissionais docentes acompanhem as mudanças tecnológicas e 
culturais desenvolvidas na e pela sociedade. Por isso, discutimos a 
seguir, sob a face das tecnologias da informação e comunicação – 
TIC, as relações, imbricações e contribuições desses recursos para 
o ensino.
 
 43
Tendências & Pesquisas em Educação
2.2 As tecnologias da comunicação e informação no ensino
O cenário de eclosão das TIC como instrumento de 
transformações em contextos de ensino nos remete à evolução da 
internet, à diversidade cultural e a ampliação do acesso aos artefatos 
digitais que se tornaram cada vez mais presentes na vida das pessoas 
desde os anos finais da década de 1990 e, que permanecem nos dias 
atuais. Desse modo, entendemos que a discussão sobre a presença 
da tecnologia na sala de aula não é recente, embora pareça ter mais 
fôlego no contexto das mídias digitais. 
Neste caso, assumimos neste trabalho a noção de que o 
ambiente escolar requer adequações, ou seja, deve possuir recursos 
e equipamentos, principalmente, tecnológicos, a fim de levar a 
uma aprendizagem colaborativa que é uma exigência posta mesmo 
antes do enquadramento da pandemia da Covid-19. Dessa 
forma, conceber a imersão de tecnologias na sala de aula amplia 
as possibilidades de entender e construir práticas docentes mais 
significativas e integradas às demandas da vida moderna. 
Além disso, a inserção de tecnologias no espaço escolar 
propicia aos discentes sentirem-se integrados à modernidade, 
motivados e capacitados a produzir e usar ferramentas tecnológicas. 
Quando discorremos sobre tecnologia no âmbito educacional 
podem surgir eventos que exemplifiquem os artefatos de uso e 
domínio dos alunos como: aparelhos celulares, tablet, notebook 
etc. Como também, surgem os casos que englobam mídias 
que caracterizam as TIC: Datashow, lousa ou quadro digital, 
computadores conectados à internet. 
 Acompanhamos nas duas primeiras décadas do século XXI 
o surgimento de novos aparatos tecnológicos que redimensionaram 
significativamente a participação dos indivíduos na sociedade 
contemporânea, caracterizada com a “era comunicação e da 
informação”. E, como em qualquer outro evento de nossa história, 
a demanda das atividades humanas são determinantes para a 
ascensão da tecnologia digital em meio a uma ordem social inscrita 
nessa cultura digital.
Embora não seja o objetivo deste trabalho descrever tipos, 
44 
Tendências & Pesquisas em Educação
formas dos aparatos tecnológicos, esclarecemos que as TIC emanam 
de contextos sociais dessa dita cultura digital, através dela os 
indivíduos interagem através de mídias tecnológicas, ciberespaços e 
ambientes virtuais de comunicação. E neste contexto de inovações 
tecnológicas que percebemos um novo cenário educacional em que 
a escola como espaço de construção e propagação do conhecimento, 
aindaque de forma lenta, cada vez mais incorpora usos e recursos 
tecnológicos em seus projetos de atuação. 
 Consideramos, por um lado, a visão humanística de escola 
no compêndio de um novo milênio cujas diretrizes apontam para 
a formação integral dos indivíduos e a preparação para a vida. O 
que para nós, engloba o mundo do trabalho, a vida em sociedade 
e a interação através das novas tecnologias. A saber, o desafio da 
instituição escolar perante as tecnologias redefine-se conforme os 
sujeitos alteram a maneira como se relacionam no tempo e no 
espaço evidenciando novas formas de comunicação e de veiculação 
do conhecimento.
Por outro lado, a utilização das TIC no processo de ensino 
conduz-nos à compreensão de que está em curso uma nova visão 
sobre a formação docente e a atuação profissional. Neste paradigma, 
é preciso entender que as novas tecnologias, principalmente as 
que culminam com formas de comunicação e interação possuem 
dimensões tanto ensináveis quanto ferramentas que melhoram ou 
tornam o ensino mais significativo.
Por isso, no contexto mais atual de uso de tecnologias no 
espaço escolar, as TIC compõem um conjunto de ferramentas que 
podem ser utilizadas em diversos processos e atividades. Segundo 
Maia (2010), lidar com a TIC corresponde a lidar com letramentos. 
Isso posto, o autor, alude às diversas práticas sociais que exigem dos 
sujeitos posições, julgamentos, ações, competências, habilidades e 
capacidade de interagir e, conforme vimos discutindo, a tecnologia 
se faz presente nestas atividades.
Segundo Maia (2010) uma característica do contexto de uso 
das TIC é a manifestação de diferentes letramentos. Concordamos 
com o autor que considera que num espaço de exclusão o indivíduo 
recorre aos artefatos tecnológicos e em suas práticas sociais 
 45
Tendências & Pesquisas em Educação
rompe uma ordem hegemônica determinada culturalmente e, 
redimensiona o lugar do sujeito, da informação e da tecnologia 
disponíveis. 
Ainda conforme Maia (2010), a inserção das TICs na 
sociedade contemporânea e a sua consequente apropriação por 
diferentes grupos, inclusive os periféricos ou menos abastados 
configura, senão um redimensionamento, pelo menos um novo 
olhar sobre as relações sociais. Compreender as várias faces dos 
indivíduos perante as suas ações e interações requer compreender os 
vários estágios das situações que compartilham, as quais denunciam 
o domínio ou não de uma determinada faceta de tecnologia. 
Conforme defendem Gomes e Azevedo (2012) a tecnologia ao 
nosso redor influencia nossa maneira de agir e interagir.
 Nesse universo de interações e participação em eventos 
comunicativos, ainda que em ambiente virtual propiciado pelas 
TICs, os indivíduos atravessam os limites impostos pelas estruturas 
sociais marcadas pelas diferenças. Além disso, passa-se a compor 
práticas sociais que geram eventos, situações específicas de 
interação. Neste caso, associado aos recursos tecnológicos moldam 
novas práticas sociais, novas formas de comunicação e novas formas 
de atuação na sociedade. Gomes e Azevedo (2012) postulam que 
novas habilidades são exigidas para que os sujeitos lidem com o 
universo digital.
Dada a complexidade das relações e da ordem estabelecida 
entre os grupos sociais, os recursos tecnológicos disponíveis e 
acessíveis a praticamente todos os grupos sociais, os eventos de 
letramento culminam com estratégias de participação e interação 
mais amplas e reconhecidas na sociedade. Quando evidenciamos 
aspectos interacionais dos indivíduos, segundo as suas práticas 
socioculturais, há que se destacar uma ou outra forma de linguagem 
predominante no jogo de interlocução que ocorre. 
Zacharias (2016) pontua que as TIC colaboram paras as 
transformações no percurso da sociedade atual, marcada pelos 
mais variados contextos que envolvem a cultura digital. Conforme 
defendem Santos, Medeiros e Ribeiro (2017) a grande maioria 
de indivíduos já possui acesso aos recursos tecnológicos que 
46 
Tendências & Pesquisas em Educação
caracterizam as TIC. Dessa maneira, cabe atentar se o uso ocorre da 
forma correta. Ainda segundo os autores, “a internet, então, quase 
nunca é utilizada para fins de estudo e/ou pesquisas e quando isso 
é feito, transforma-se, muitas vezes, no simples recurso de copiar 
e colar informações, ideias (SANTOS; MEDEIROS; RIBEIRO, 
2017, p. 6).”
Considerando a expansão das tecnologias e a grande 
variedade de uso e aplicações em atividades da vida cotidiana, 
entendemos que ao integrar o ambiente de sala de aula devem 
proporcionar reflexões fundantes em relação a sua concepção e 
finalidades. Dessa forma, defendemos que as TIC sejam pensadas 
para auxiliar e instrumentalizar o trabalho docente, entretanto que 
não ocorra de maneira improvisada ou desvirtuada de sua função 
formativa.
A propósito, concebemos a relevância das TIC no âmbito 
educacional conforme a posição de Mororó e Nascimento (2017, 
p. 6):
Assim sendo, é essencial a apropriação reflexiva desses artefatos 
tecnológicos por parte do docente das diferentes disciplinas, 
em um constante movimento de interação entre, as mesmas, 
tendo as tecnologias como elemento integrador de práticas 
pedagógicas efetivamente significativas.
O que os autores defendem é que o uso das TIC promova 
uma ruptura em relação a práticas educativas conservadoras e 
monolíticas. Assim, esses recursos tecnológicos atravessam o 
trabalho em sala de aula possibilitando um leque de utilização, 
desde que seja acompanhada de um planejamento que conceba, 
principalmente as necessidades da comunidade escolar de aplicação.
Mororó e Nascimento (2017, p. 7) não só sustentam que 
as TIC de fato integrem o espaço escolar como também defendem 
que este trabalho venha da formação docente. Assim, a abordagem 
das TIC no espaço escolar não deve refletir improvisações e 
imediatismos que visam resultados e soluções para os problemas a 
curto prazo. 
Neste caso, não concebemos a tecnologia como recursos 
para otimização do tempo e do espaço escolar. Mais que isso, 
 47
Tendências & Pesquisas em Educação
defendemos que a tecnologia, sob a face das TIC, determina 
comportamentos, muda, cria e recria formas de interações sociais. 
Dessa maneira, a escola possui uma posição destacada em relação 
a preparação dos sujeitos para produzir e usufruírem dos bens 
tecnológicos. 
As TIC inegavelmente integram as interações cotidianas dos 
indivíduos, por isso, fortalecem ações educativas que as reconhecem 
e as consideram como ferramentas úteis ao fazer pedagógico. 
Conforme Brandalise (2019) a formação docente é essencial para 
que as TIC sejam assumidas numa dimensão pedagógica equivalente 
às demandas da sociedade caracterizada pela cultura digital.
3 A pandemia da Covid-19 e a implementação do ensino 
emergencial
 A propósito, as discussões que tecemos nesse tópico 
emergem de construtos e parâmetros que servem de orientação 
para as propostas de ensino remoto emergencial. Trazemos à baila 
fundamentos normativos dispostos em pareceres e decretos oficiais, 
bem como pontuamos algumas posições socializadas em espaços 
virtuais tendo como pano de fundo as práticas e possibilidades de 
intervenção pedagógica em eventos do ensino remoto emergencial.
Conforme já anunciamos, os materiais que definimos para 
estas análises encontram-se disponíveis para livre consulta, extração 
integral ou parcial em ambientes virtuais da internet. Assim, 
os consideramos referências para as discussões, compreensão e 
reflexões como as que aqui demonstramos.
De fato, o reaparecimento do Coronavírus, no final do ano 
de 2019, no continente asiático, sob a forma da doença Covid-19, 
demandou ações e tomada de decisões importantes no âmbito das 
atividades humanas que envolvem grande número de participantes 
compartilhando os mesmos espaços físicos. Dada a alta capacidade 
de propagação e contágio da doença, bem como a inexistência 
de tratamento e medicamentos eficazes contra a doença, num 
curto espaço de tempo a situaçãode contaminação evolui para um 
48 
Tendências & Pesquisas em Educação
quadro de pandemia.
Destacamos o papel da Organização Mundial de Saúde, 
doravante OMS, pela atuação em relação à difusão de informação 
sobre o vírus e a necessidade de adoção de medidas sanitárias 
urgentes. Dessa forma, durante os dois primeiros meses do ano 
de 2020 foram articulados e divulgados protocolos de saúde para 
evitar que a doença tomasse contornos ainda mais catastróficos.
Diante da complexidade em lidar com aglomerados de 
pessoas, a suspensão de eventos presenciais com grande número 
de participantes foi recomendada como questão de saúde pública 
urgente. Logo, entre os meses de fevereiro, março e maio de 
2020 quase todas as nações tinham suspendido as atividades com 
participação de público, dentre algumas essas atividade, citamos: os 
eventos esportivos, shows musicais e aulas presenciais.
O mapeamento dos primeiros casos da doença em território 
brasileiro e a consequente rapidez de novos contágios no início de 
março de 2020 demandou a oficialização por meio de documentos 
como decretos dos governos estaduais e municipais a suspensão 
das aulas presenciais e de eventos com a participação de público 
que configurassem aglomeração. Inclusive, foi determinado que as 
pessoas só saíssem de suas casas em casos de extrema necessidade e, 
usando máscaras e higienizando as mãos com álcool em gel.
Além disso, foi determinado o fechamento de instituições 
e repartições públicas para o atendimento individual de pessoas, 
foram suspensos os voos comerciais entre espaços nacionais e 
internacionais. Também foram suspensas as viagens interestaduais e 
intermunicipais realizadas por veículo coletivos. Assim, instaurou-
se um quadro de isolamento social sem precedentes.
 Da mesma forma, foram definidas medidas restritivas 
quanto à abertura e horário de funcionamento do comércio, 
foram instaladas barreiras santinárias nas entradas das cidades e, 
proibida a circulação de pessoas sem justificativa. Desta feita, não 
havendo segurança para o contato presencial, a população passou a 
acompanhar de suas casas, por meio das emissoras de rádio, televisão 
e das mídias sociais a adoção e divulgação de novas medidas por 
 49
Tendências & Pesquisas em Educação
meio de decretos ou recomendações das autoridades sanitárias.
É nesse quadro de isolamento social que presenciamos o 
surgimento do trabalho remoto. Pois, com os decretos proibindo 
a realização de atividades que causassem aglomerações, vieram as 
alternativas para a viabilização de determinados serviços por meio 
de atendimento remoto ou não presencial. Para tanto, a expressão 
“trabalho remoto” ganhou notoriedade no contexto da pandemia.
No caso da educação, o direcionamento dado, ao tempo 
em que suspendia as aulas presenciais, recomendava a adoção de 
modelos não presenciais. De repente, a discussão nesse campo segue 
em direção aos modelos do “homeschooling”, do ensino “híbrido” e 
da educação a distância – Ead. Cabe, pois, a cada sistema de ensino 
desenvolver propostas condizentes com suas especificidades sob a 
designação de ensino remoto não presencial (BRASIL, 2020). 
A priori, as orientações que visam à concepção e 
implementação de propostas de ensino para o período pandêmico 
demonstram posições conscientes sobre o que se está designando 
como ensino remoto. Vejamos como ficou definido no documento 
da SEDUC- PI;
Quando nos referimos ao ensino remoto, estamos tratando da 
experiência de ensinar a distância, com o suporte de tecnologias 
ou não, tanto para disponibilização de conteúdo quanto para 
acompanhamento dos estudantes em suas atividades propostas. 
Por esta razão, reitera-se a necessidade de acompanhamento e 
registro por parte dos professores e gestores (SEDUC-PI, p. 2).
Neste caso, há também o cuidado quanto à inserção de 
ferramentas tecnológicas para a mediação do ensino, uma vez 
que o público alvo da respectiva rede é carente em relação ao 
acesso às tecnologias. Parece-nos razoável assumir uma posição 
sensível em relação aos alunos que se encontram às margens dos 
avanços tecnológicos. Entendemos que os recursos tecnológicos 
que há muito estão incorporando práticas sociais diversas devem 
ser objeto de reflexão para o desenvolvimento de estratégias de 
ensino, principalmente, conectando-se à formação continuada dos 
profissionais.
Dessa maneira, atentemos para o que preconiza o Parecer 
50 
Tendências & Pesquisas em Educação
CNE/CP N°. 5/2020 do Conselho Nacional de Educação- CNE 
ao pontuar que; “as soluções possíveis dependerão das decisões de 
reorganização dos calendários escolares dos sistemas de ensino e 
da adequada preparação dos professores (BRASIL, 2020, p. 4)”. 
Entendemos que o documento do Conselho Nacional de Educação 
– CNE acolheu em suas discussões e decisões temas relevantes para 
orientar cada rede de ensino na construção de um projeto de ensino 
para o período de suspensão da modalidade presencial.
Um ponto importante nesse processo, conforme mencionado 
no documento do CNE, é a formação docente. Entretanto, a 
longevidade da pandemia, a possibilidade de utilização de recursos 
das tecnologias digitais para promoção do ensino e as exigências 
da sociedade atual em relação à comunicação e interações virtuais 
tomaram formas nas discussões sobre os rumos da educação escolar 
em dimensões cuja mediação do professor possa ocorrer por meio 
de ferramentas virtuais.
 Em vista disso, o Parecer CNE/CP N°. 5/2020 destacou 
como estratégias e propostas de trabalho, além de roteiros 
impressos, listas de exercícios, apostilas de estudos, simulados, 
recursos como: aulas gravadas, indicação de links de plataformas, 
utilização de aplicativos mensageiros e mídias sociais para a 
realização de atividades on-line. Como vimos, há mecanismos que 
podem ser recorrentes tanto pelo caráter tecnológico, quanto pela 
possibilidade de interações síncronas ou assíncronas. Porém, não 
se atribui ao propósito de ensino remoto a face de ensino online, 
realizado somente com a conexão via internet.
Em face dessa realidade, na proposta de ensino remoto da 
Secretaria Municipal de Educação -SEME- de Palmeirais (PI), 
foram descritas situações de roteiros de estudos, material impresso 
e também a disponibilização de materiais em formatos digitais, 
inclusive com sugestão de aplicativos e plataformas virtuais para as 
interações síncronas e assíncronas. E, preconiza que:
é preciso que se considerem momentos formativos envolvendo 
os profissionais docentes por meio de plataformas on-
line. Dessa maneira, a SEME criará rotinas de interações 
síncronas visando dirimir as dúvidas sobre a produção do 
 51
Tendências & Pesquisas em Educação
material, o compartilhamento de experiências de trabalho e 
principalmente o aperfeiçoamento de estratégias de ensino 
viáveis em aplicativos,ferramentas e plataformas (SEME, 
2020, p. 15).
A compreensão sobre os domínios e complexidades das 
atividades humanas, bem como o processamento da comunicação 
e produção e recepção de informação nos tempos atuais exigem 
certos usos de tecnologia e, sobre esses usos cabem reflexões para 
que esses recursos componham projetos de ensino. Neste caso, “as 
plataformas de aulas online - com vídeos, apresentações e materiais 
de leitura - não devem ser vistas como o único meio de ofertar ensino 
remoto (TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2020, sem página). Neste 
caso, é interessante compreender que estratégias e que habilidades 
devem ser pautadas em relação aos projetos e planos de ensino.
A inserção das TIC em propostas de ensino remoto deve 
ser uma construção contextualizada que contemple as limitações e 
avance sobre soluções consistentes. 
Considerando a organização curricular, carga horária e oferta de 
disciplinas na rede municipal, os profissionais docentes serão 
orientados a desenvolver e compartilhar material compatível 
com as competências, habilidades, descritores e objetivos para 
cada ano/disciplina. Entretanto, deve-se levar em consideração

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