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LEGISLAÇÃO E DIREITO HOSPITALAR Professora Me. Mariane Helena Lopes Google Play App Store https://appgame.unicesumar.edu.br/API/public/getlinkidapp/3/143 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; LOPES, Mariane Helena. Legislação e Direito Hospitalar. Mariane Helena Lopes. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2019. Reimpresso em 2021. 176 p. “Graduação - EaD”. 1. Legislação. 2. Direito. 3. Hospitalar. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-1662-8 CDD - 22 ed. 344.81 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Pós-graduação Bruno do Val Jorge Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Gerência de de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Coordenador de Conteúdo Vanessa Paola Povolo Gaspari Designer Educacional Nayara Garcia Valenciano Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Victor Augusto Thomazini Qualidade Textual Silvia Caroline Gonçalves Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não so- mente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in- tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis- cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. CU RR ÍC U LO Professora Me. Mariane Helena Lopes Mestre em Ciências Jurídicas com ênfase em Direitos da Personalidade pelo Centro Universitário de Maringá (Unicesumar). Com pós-graduação em Direito Aplicado pela Escola da Magistratura do Paraná. Graduada em Direito pelo Centro Universitário de Maringá (Unicesumar). É docente no Ensino a Distância do Unicesumar nos cursos de Administração, Gestão de Recursos Humanos, Processos Gerenciais, Secretariado, Serviço Social e Segurança do Trabalho e assessora de coordenação de curso de pós-graduação em Direito no EAD do Unicesumar. Foi membro do Colegiado do Curso de Gestão de Recursos Humanos do Centro Universitário de Maringá, bem como docente no curso de Administração, Comércio Exterior, Direito, Gestão de Recursos Humanos, Jornalismo, Logística, Pilotagem de Aviões, Publicidade e Propaganda e Turismo do Centro Universitário de Maringá. Foi docente em outras instituições das cidades de Maringá, Mandaguari e Jandaia do Sul, ministrando aulas em graduações e pós-graduações. Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir: <http://lattes.cnpq.br/1815582404405502>. SEJA BEM-VINDO(A)! Olá, aluno(a)! Bem-vindo(a) à disciplina de Legislação e Direito Hospitalar, a qual tem como objetivo, proporcionar, ao futuro gestor hospitalar o conhecimento da legislação vigente em nosso país. Para tanto, buscando não esgotar os assuntos, mas sim propor- cionar uma discussão e reflexão sobre eles, o material foi dividido em 5 unidades. Na Unidade I, trataremos sobre como funciona o Direito, a diferença entre Direito e Moral, bem como as formas de interpretação, integração e a aplicação das normas. Ao final, analisamos o dever do Estado enquanto fornecedor da saúde como um direito constitucional. Na Unidade II, estudaremos o Direito Civil. Inicialmente, precisamos compreender quem vem a ser o sujeito para o Direito. Sendo assim, analisaremos a personalidade e a capa- cidade das pessoas. Contudo, existem possibilidades do sujeito ser emancipado, que também serão estudadas nesse material. Na Unidade III, continuaremos estudando o Direito Civil no que diz respeito à respon- sabilidade civil. Para tanto, entraremos nas especificidades da responsabilidade no que diz respeito aos profissionais envolvidos com a saúde, desde o médico até mesmo os planos de saúde. Na Unidade IV, estudaremos as operadoras e seguros de saúde. Aqui, verificaremos como são realizados os contratos, bem como a regulamentação das operadoras e dos seguros de saúde. Ainda, verificaremos como são classificadas as operadoras de saúde e também a cobertura dos planos previstosem lei. Por fim, na Unidade V, estudaremos um pouco sobre o Direito do Trabalho. Verificare- mos como deve ser compreendido o empregado e seus requisitos essenciais. Por último, compreenderemos o que vem a ser a remuneração e seus adicionais. Esperamos que o estudo dos conteúdos aqui trabalhados fomente ainda mais a ânsia por conhecimento, já que nosso objetivo não é o esgotamento dos tópicos elencados. Ótimos estudos e sucesso! APRESENTAÇÃO LEGISLAÇÃO E DIREITO HOSPITALAR SUMÁRIO 09 UNIDADE I INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 15 Introdução 16 Surgimento do Direito 17 Conceito de Direito 20 Ramos do Direito 21 Fontes do Direito 23 Aplicação das Normas de Direito 25 Eficácia 27 Princípios Gerais do Direito 28 Direito Constitucional 39 O Dever do Estado de Garantir o Direito à Saúde 46 Considerações Finais 55 Referências 56 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE II DIREITO CIVIL 59 Introdução 60 Conceito de Direito Civil 65 Domicílio 66 Fatos jurídicos 70 Considerações Finais 78 Referências 79 Gabarito UNIDADE III RESPONSABILIDADE CIVIL 83 Introdução 84 Responsabilidade Civil 87 Responsabilidade dos Médicos 94 A Responsabilidade dos Hospitais e dos Laboratórios 96 Responsabilidade dos Planos de Saúde 97 Responsabilidade dos Cirurgiões-Dentistas 98 Considerações Finais 105 Referências 106 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE IV OPERADORAS E SEGUROS DE SAÚDE 109 Introdução 110 Operadoras e Seguros de Saúde 111 Classificação das Operadoras 112 Cobertura Assistencial do Plano 122 Considerações Finais 129 Referências 130 Gabarito SUMÁRIO 12 UNIDADE V LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 133 Introdução 134 Conceito de Direito do Trabalho 138 Contrato de Trabalho Pela Consolidação das Leis do Trabalho 146 Empregado 151 Empregador 154 Remuneração 155 Adicionais 158 Cessação do Contrato de Trabalho 165 Considerações Finais 173 Referências 174 Gabarito 175 CONCLUSÃO 176 ANOTAÇÕES U N ID A D E I Professora Me. Mariane Helena Lopes INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Objetivos de Aprendizagem ■ Conhecer como o Direito surgiu na sociedade. ■ Compreender o conceito de Direito. ■ Demonstrar onde se pode encontrar as leis. ■ Analisar como a Norma deve ser interpretada. ■ Entender os limites de aplicação da lei na sociedade. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Surgimento do Direito ■ Conceito de Direito ■ Ramos do Direito ■ Fontes do Direito ■ Aplicação das normas de Direito ■ Eficácia ■ Princípios gerais do Direito ■ Direito Constitucional ■ O dever do Estado de garantir o direito à saúde INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), nesta primeira unidade, iremos estudar o surgimento do Direito, ou seja, quando se falou dessa ciência pela primeira vez. É de suma importância compreendermos que o Direito é fundamental para a sociedade, possibilitando assim, que ela seja administrada com tranquilidade, objetivando a ordem e a paz social. Na sequência, analisaremos o conceito de Direito. Ainda que cada autor tenha um entendimento diferenciado sobre o assunto, todas as definições bus- cam o mesmo objetivo, conforme já citado, que é a ordem e a paz social. Veremos também a divisão do Direito em ramos que facilitarão o estudo e o auxiliarão na compreensão da matéria. Deve-se ressaltar que conhecer as fon- tes do Direito também é fundamental, para que possamos localizar onde estão postos nossos direitos e deveres, bem como da Administração Pública. A prin- cipal fonte é a Constituição Federal, que prevê não só questões ligadas ao Direito Constitucional, mas também de outras áreas, como civil, tributário, processual, penal, internacional e entre outras. Os princípios, que também iremos anali- sar, para alguns doutrinadores, são considerados fontes, enquanto para outros, devem ser vistos como auxiliares para o Direito. Por fim, visto essa parte introdutória da disciplina, conheceremos um pouco sobre o Direito Constitucional, com o intuito de compreendermos como fun- ciona e de que forma foi estruturado nosso país. Para tanto, verificaremos os direitos e garantias fundamentais previstos no art. 5º da Constituição Federal, focando no direito fundamental à saúde. Dessa forma, esperamos que você, caro(a) aluno(a), aproveite o conhecimento aqui posto, o qual será fundamental para as demais unidades da nossa disciplina. Bons estudos! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 SURGIMENTO DO DIREITO Caro(a) aluno(a), saiba que o Direito nasceu junto com o agrupamento humano. A partir do momento em que o homem começa a viver em sociedade, as nor- mas de condutas passam a existir, pois é impossível imaginar alguém vivendo em sociedade sem a existência de normas para regulamentar essas relações. Algumas pessoas defendem que o Direito é uma criação divina, que teria sido criado pela figura de um Deus: A origem divina está ligada à figura de um deus, de um ser superior a tudo e a todos, que formula as leis e as entrega a seu povo, os hebreus chefiados por Moisés ou os faraós do Egito que eram a própria pessoa de Deus (MORAES, 2009, p. 24). A teoria mais aceita é a de que o Direito tem sua origem na sociedade, assim como afirmavam os antigos romanos: ubi societas, ibi jus (onde houver socie- dade, aí estará o Direito). Já que o Direito é compreendido como uma norma de conduta que regula- menta a sociedade, trazendo uma sanção, ele tem como finalidade estabelecer a ordem na sociedade. Temos que pensar que, ainda que seja nos primórdios da sociedade, é impossível imaginá-la sem o Direito. Muitas vezes, prevalecia a “lei do mais forte”, a qual não podemos descartar, pois pode ser considerada o embrião do Direito atual (LOPES, 2018). Dessa forma, podemos concluir que a origem e a finalidade do Direito se resumem em: o Direito nasce com a vida em sociedade e sua finalidade é man- ter a paz social. Conceito de Direito Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 CONCEITO DE DIREITO A palavra Direito pode ter vários significados, tais como norma, lei, regra, facul- dade, o que é devido à pessoa, um fenômeno social, dependendo do ponto de vista a ser analisado. Para Luis Alberto Warat (1977), os requisitos de uma boa definição são: 1º) não deve ser circular; 2º) não deve ser elaborada em linguagem ambígua, obs- cura ou figurada; 3º) não deve ser demasiado ampla nem restrita; 4º) não deve ser negativa quando puder ser positiva. Ainda, Warat (1977, p.) afirma que “as definições são das palavras que fazem refe- rência aos objetos. Por intermédio das definições, o que se nos esclarece é o critério em função do qual a palavra pode ser aplicada a uma determinada classe de objetos”. Todavia, para conseguirmos definir o que vem a ser o Direito, é fundamen- tal analisarmos o pensamento de Aristóteles sobre o assunto. Aristóteles mencionava que o homem é um animal político, destinado a viver em sociedade. Por essa razão, havia a necessidade de regras para que pudesse viver em harmonia, evitando a desordem em sociedade (MARTINS, 2013, p. 4). Em outras palavras, para Aristóteles, as regras foram necessárias a fim de fazer com que a sociedade pudesse ser harmônica e que ainda, fosse possível a sua organização (LOPES, 2018). Reale (1972, p. 617) define o Direito como “a vinculação bilateral atributiva da conduta para a realização ordenada dos valores de convivência”. O Direito pode ser definido como o conjunto de princípios, regras e instituições destina- dos a regulamentar a vida humana em sociedade. INTRODUÇÃO AO ESTUDODO DIREITO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 Vamos desmembrar a definição anterior para compreendermos melhor o Direito. Inicialmente, temos a palavra ‘conjunto’. De fato, o Direito representa um conjunto por ser composto de várias partes organizadas, formando assim um sistema. Como iremos estudar mais adiante, observaremos que o Direito é divi- dido em vários ramos, cada um sobre um determinado assunto. Nessa disciplina, iremos estudar os seguintes ramos: Direito Constitucional, Direito Civil, Direito Administrativo, Direito Internacional e Direito Penal. Possui, também, princípios próprios, assim como qualquer ciência, mesmo que não exata. Dentre eles, pode-se citar o da dignidade humana, boa-fé, publici- dade, razoabilidade, proporcionalidade e dentre outros que estudaremos adiante. No Direito, também encontramos as instituições, que são entidades que per- duram no tempo, por exemplo: os sindicatos, os órgãos do Poder Judiciário, do Poder Executivo e etc. Por fim, ele é um meio para a realização ou obtenção de um propósito, que é a Justiça. Por mais que ela, muitas vezes, pareça utópica, é para essa finalidade que o Direito existe na sociedade. Para que o Direito seja cumprido em sociedade, o Estado (e aqui, quando se fala em Estado, deve-se compreender como país), com o uso do seu poder impe- rativo, prevê a sanção (punição). A sanção no Direito existe para que a norma criada seja cumprida, quando a submissão a ela não ocorre espontaneamente. O Direito, assim como sustenta Martins (2013, p. 5 apud LOPES, p. 17): [...] tem em uma das mãos a balança e na outra a espada. A balança serve para sopesar o Direito e a espada visa fazer cumprir as determi- nações do mesmo. A espada sem a balança é a desproporção. A balança sem a espada é um direito ineficaz. As duas devem caminhar juntas. A proporção do emprego da espada e da balança tem que ser igual para não se criar desigualdades. Quando se fala em regulamentar a vida humana em sociedade, deve-se fa- zer uma reflexão: o Direito está em todos os lugares? Conceito de Direito Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO O Direito Objetivo, nas palavras de Martins (2013, p. 5), “é o complexo de nor- mas que são impostas às pessoas, tendo caráter de universalidade, para regular suas relações”. Podemos dizer que é aquele então criado pelo Estado e que será aplicado a toda a coletividade, não dependendo da vontade do indivíduo. Temos como exemplo, o Direito Constitucional. O Direito Subjetivo é a faculdade, ou seja, a escolha que a pessoa tem de plei- tear (postular, ingressar) com seu direito, pretendendo assim que seus interesses sejam atendidos. Contudo, ele depende da vontade do indivíduo para exis- tir, sendo necessária a manifestação de vontade para a aplicação de um direito. Como exemplo temos o Direito do Consumidor. DISTINÇÃO ENTRE DIREITO E MORAL Para continuarmos nosso estudo sobre o Direito, precisamos estabelecer a dis- tinção entre o que é Direito e o que é Moral. A moral possui um conceito que varia com o tempo, em razão de questões políticas, sociais e econômicas que vão sendo alteradas de acordo com a história e com a sociedade que se é estudada. A Moral é unilateral, pois não há punição uma vez que a norma foi descumprida. Já no Direito há uma bilateralidade, uma vez que há uma imposição do comporta- mento do indivíduo na sociedade e, quando se é descumprido, há uma sanção (punição) por parte do Estado (MARTINS, 2013). Para melhor visualização, veja o quadro a seguir: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 Quadro 1 - Diferença entre Direito e Moral ASPECTO MORAL DIREITO Quanto à valoração do ato. a) unilateral; b) visa à intenção, partindo da exteriorização do ato. a) bilateral; b) visa à exteriorização do ato, partindo da intenção. Quanto à forma a) é autônoma, proveniente da vontade das partes; b) não há coação. a) pode vir de fora da vonta- de das partes (heterônomo); b) é coercível. Quanto ao objeto a) visa ao bem individual ou aos valores da pessoa. a) visa ao bem social ou aos valores de convivência. Fonte: Martins (2013, p. 13). Assim, podemos perceber que em alguns momentos o Direito e a Moral se con- fundem, visto que a segunda inspira a criação da primeira, regulamentando assim o funcionamento da sociedade, objetivando a paz e a ordem social. RAMOS DO DIREITO Existe uma vasta classificação da ciência do Direito. A primeira que vamos tra- balhar é a classificação em Direito Natural e Direito Positivo. O Direito Natural nasce a partir do momento em que surge o homem, aparecendo, portanto, natu- ralmente para regular a vida humana em sociedade, de acordo com as regras da natureza (MARTINS, 2013). Em outras palavras, é uma norma criada pela natu- reza e não pelo homem, sendo considerados princípios gerais e universais para regular direitos e deveres do homem. Já o Direito Positivo compreende o conjunto de regras estabelecidas por meio do poder político em vigor em um determinado país e em uma determi- nada época (FÜHRER; MILARÉ, 2009). O Direito Positivo é apenas a norma legal emanada pelo Estado, e não de outras fontes do Direito. Ele estabelece o que é útil, sendo conhecido por meio de uma declaração de vontade alheia, que é a promulgação (MARTINS, 2013). Fontes do Direito Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 A segunda classificação abrange o Direito Público e Privado. O primeiro é aquele que regula as relações nas quais o Estado é parte; o segundo é o que dis- ciplina as relações entre particulares, nas quais predomina, de modo imediato, o interesse de ordem privada (REIS; REIS, apud MARTINS, 2013). Ainda, pode- -se definir o Direito Público como o ramo que: [...] regula as relações em que predominam os interesses gerais da so- ciedade, considerada como um todo. Nas relações de Direito Público, o Estado participa como sujeito ativo (titular do poder jurídico) ou como sujeito passivo (destinatário do dever jurídico), mas sempre como órgão da sociedade e, portanto, sem perder a posição de supremacia ou poder de império (REIS; REIS, apud MARTINS, 2013, p. 8). O Direito Privado é aquele que [...] regula as relações em que predominam os interesses particulares ou a esfera privada. Nas relações jurídicas de Direito Privado o Estado pode participar como sujeito ativo ou passivo, em regime de coorde- nação com os particulares, isto é, dispensando sua supremacia ou po- der de império (REIS; REIS, apud MARTINS, 2013, p. 8). Assim, caro(a) aluno(a), conclui-se que o Direito Público envolve a organização de um Estado, em que são estabelecidas as normas de ordem pública, enquanto o Direito Privado diz respeito ao interesse dos particulares, decorrentes da mani- festação de vontade dos interessados. FONTES DO DIREITO Caro(a) aluno(a), ao se falar em fontes, deve-se ter em mente as diversas formas pelas quais nasce o Direito. Como visto, o Direito é uma criação do Estado, de acordo com as necessidades da sociedade. Por essa razão, a própria sociedade determinará de onde provêm ou emanam as regras que a disciplinará. As fontes primárias do Direito são: lei, costumes, doutrina e jurisprudência. Passaremos a estudar cada uma delas. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 LEI Essa é a fonte do Direito de maior importância em nosso país e em nosso orde- namento jurídico. Assim, sempre deve-se buscar, na lei, a forma correta de se proceder em nossas relações sociais. O art. 5º da II da Constituição Federal esta- belece que“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Tal fonte é uma regra de conduta editada pelo Poder Legislativo, no qual estão presentes os representantes do povo, ou seja, os vereadores (nível muni- cipal), os deputados estaduais (nível estadual) e os deputados federais (nível federal). A característica da lei é a generalidade. Ela se aplica, de uma maneira geral, a todos, não fazendo qualquer tipo de distinção. Para que a lei passe a existir na nossa sociedade, ela precisa passar por um processo legislativo, que são as etapas de sua criação. As etapas necessárias são: 1) iniciativa; 2) discussão; 3) sanção ou veto; 4) promulgação e 5) publicação. Tal processo tem previsão na Constituição Federal, em seus artigos 61 a 69, expla- nando de que forma cada uma dessas etapas devem ser realizadas, bem como quem pode propor cada uma das leis que temos. COSTUME É aquele comportamento praticado reiteradamente por diversas vezes pela socie- dade, o que fez com que se tornasse uma lei, passando a ser incorporado pelo ordenamento jurídico brasileiro. Não podemos esquecer que a principal fonte do Direito é a lei. Entretanto, em alguns casos, não há regulamentação, devendo buscar a solução para esses casos nas regras que a própria sociedade vem praticando de forma reiterada. Ele não pode ser aplicado se for contrário a uma determinação expressa em lei. A aplicação do costume varia conforme o ramo do Direito. Por exemplo, no Direito Comercial, o costume tem importância. Já no Direito Penal, o costume é totalmente proibido, pois, conforme prevê o Código Penal e como será estu- dado em nossa última unidade, não há crime sem lei que o defina. Aplicação das Normas de Direito Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 DOUTRINA Quando falamos em doutrina podemos entender que são os livros jurídicos nos quais são expostas as opiniões dos juristas, os estudiosos do Direito, sobre deter- minado assunto. Ela que nos ajuda a conhecer a opinião de cada doutrinador, auxiliando a formar o pensamento jurídico daquele que faz a leitura e o estudo sobre o tema. JURISPRUDÊNCIA Ao lado da doutrina, a jurisprudência realiza a interpretação do Direito. Enquanto a doutrina é a interpretação do Direito feita pelos juristas, a jurisprudência é a interpretação do Direito feita pelos tribunais do nosso país. Por meio dela sabe- mos o que os nossos tribunais entendem sobre o assunto e como interpretam a lei geral, aplicando-a a um caso concreto. A principal fonte é a lei, porém ela deve ser interpretada e essa interpretação é feita tanto pelos juristas quanto pelos tribunais, no momento em que julgam os casos concretos. APLICAÇÃO DAS NORMAS DE DIREITO Para que uma lei seja aplicada, o Poder Judiciário deve ser acionado. A partir do momento em que os casos são levados a conhecimento dos juízes togados, eles passarão a aplicar a lei. É por meio da aplicação da lei que o juiz busca atender aos fins sociais aos quais ela se dirige e às exigências do bem comum. Para isso, o juiz pode fazer uso da interpretação e da integração das normas, a partir dos fatos expostos. Na sequência analisaremos a interpretação e a integração das normas, com- preendendo, assim, como se aplica uma lei ao caso concreto. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 INTERPRETAÇÃO Quando se fala em interpretar a norma, significa compreender o que o legislador quis dizer com a sua criação. Quanto às fontes que interpretam a norma, podem ser: autêntica, doutrinária e jurisprudencial. Com relação aos meios: gramati- cal, lógica, histórica e sistemática. Por fim, quanto aos resultados: declarativa, extensiva, restritiva e finalística. Vamos analisar as várias formas de interpreta- ção da norma jurídica. A) Gramatical, literal ou filológica: é a verificação do sentido gra- matical da norma criada. Analisa-se o alcance das palavras no texto da lei. B) Lógica: estabelece-se uma conexão entre vários textos legais a serem interpretados e aplicados ao caso concreto. C) Teleológica ou finalística: a interpretação da norma é dada de acor- do com o fim esperado pelo legislador. D) Sistemática: é feita a interpretação de acordo com o sistema que a norma está inserida, não interpretando isoladamente a lei. E) Extensiva ou ampliativa: dá-se um sentido mais amplo à norma do que ela normalmente teria. F) Restritiva ou limitativa: dá-se um sentido mais restrito, limitando-se à interpretação da norma jurídica. G) Histórica: deve-se analisar a evolução histórica dos fatos, o pensa- mento do legislador não só à época da edição da lei, mas também de acordo com sua exposição de motivos. H) Autêntica: é realizada pelo próprio órgão que criou a lei, no mo- mento em que ela declara o sentido, alcance e conteúdo por meio de norma. I) Sociológica: constata-se a realidade e a necessidade social na elabora- ção da lei e em sua aplicação (MARTINS, 2013, p. 21-22). No Direito, não há uma única interpretação a ser feita. Devem ser seguidos os métodos de interpretação já mencionados. Eficácia Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 INTEGRAÇÃO A integração é feita apenas por um juiz togado. Podemos entendê-la como o momento em que o intérprete da lei poderá suprir as lacunas existentes na norma jurídica, utilizando-se de técnicas jurídicas, sendo elas: analogia, equi- dade e princípios gerais do Direito. A analogia é o preenchimento das lacunas que são deixadas pelo legislador no momento da criação de uma lei. Nesse caso, o juiz fará a análise do caso con- creto e aplicará uma lei semelhante ao caso. Já a equidade diz respeito ao bom senso. Aqui, irá completar a lacuna da lei, sendo proibido julgar contra ela. Já os princípios gerais do Direito serão analisados separadamente no decor- rer desta unidade, devido à sua complexidade. EFICÁCIA A eficácia pode ser conceituada como “a produção de efeitos jurídicos concretos ao regular as relações” (MARTINS, 2013, p. 25). Compreende a aplicabilidade da norma e se ela é obedecida ou não pelas pessoas. A eficácia jurídica é a possibilidade de a norma ser aplicada ao caso concreto, gerando efeitos jurídicos. Essa eficácia pode ser dividida em: no tempo e no espaço, que iremos estudar a seguir (MARTINS, 2013). EFICÁCIA NO TEMPO Significa a entrada da lei em vigor, ou seja, quando a lei passará a existir na socie- dade. Geralmente, a lei entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial da União (DOU). Se a lei for estadual ou municipal, ela deve ser publicada nos respectivos veículos. Caso a lei não apresente nenhum prazo, ela começará a vigorar 45 dias depois de oficialmente publicada (MARTINS, 2013). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 Com a publicação da lei no referido veículo, de acordo com a esfera de que se trata, objetiva-se torná-la pública para toda a sociedade, não podendo ser ale- gado seu desconhecimento. Caso a lei não tenha uma vigência temporária, ou seja, não apresente um prazo máximo para existir na sociedade, ela só poderá deixar de existir até que outra lei a modifique ou a revogue. A lei posterior pode revogar a anterior nas seguintes situações: A) Expressamente o declare: revogam-se as disposições em contrário, ou quando revoga especificamente outra lei ou artigo de lei; B) For incompatível como, por exemplo, quando prescrever conduta totalmente contrária à especificada na lei anterior; C) Regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior (MAR- TINS, 2013, p. 26). Caso a lei nova estabeleça disposições gerais ou especiais iguais às já existen- tes, não revoga nem modificaa lei anterior. Uma vez que a lei passou a ter vigor, terá efeito imediato e geral, respeitando sempre o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. O ato jurídico perfeito é aquele já consumado, segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. O direito adquirido é o que integra o patrimônio jurídico da pessoa, por já ter implementado todas as condições para adquirir o direito, podendo exercê-lo a qualquer momento. Por fim, há a coisa julgada, que é a decisão judicial a qual já não cabe mais recurso, não podendo ser modificada (MARTINS, 2013). EFICÁCIA NO ESPAÇO Quando se trata da eficácia no espaço diz respeito ao território em que a lei será aplicada. A norma brasileira vale tanto para brasileiros natos e naturalizados, quanto para os estrangeiros que residem aqui. Caso aconteça algum caso que fere a legislação deve ser analisado se naquele território se aplica a lei brasileira ou a lei estrangeira. Princípios Gerais do Direito Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 Embaixadas, consulados ou qualquer outro órgão oficial do Brasil são con- siderados uma extensão do nosso território e nele será aplicado a lei brasileira. Por exemplo, o indivíduo A entrou na embaixada brasileira na Holanda e acabou matando o sujeito B. Nesse caso, ainda que a embaixada (considerada uma extensão do nosso território) esteja localizada na Holanda, será aplicada a lei brasileira, pois o órgão oficial é brasileiro. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO O princípio, como o próprio nome diz, é o início de tudo. Pode-se dizer que é o alicerce do Direito. Eles são as proposições básicas, o fundamento, a base que irá informar e orientar as normas jurídicas. A atuação do princípio no Direito se inicia antes de a regra ser feita, ou em uma fase pré-jurídica. Em verdade, os princípios acabam influenciando a ela- boração da regra. Os princípios possuem funções específicas no que diz respeito à sua cria- ção. São elas: informadora, normativa e interpretativa. A primeira função tem como finalidade a inspiração ou orientação ao legislador, servindo para basear a criação de uma norma e como sustentáculo para o ordenamento jurídico (MARTINS, 2013). A segunda função, normativa, atuará nos casos concretos quando não hou- ver uma disposição específica para disciplinar determinada situação. Por fim, a terceira e última função servirá de critério orientador para os intérpretes e apli- cadores da lei. Auxiliará na interpretação da norma e também tem sua exata compreensão. Em nosso ordenamento jurídico, os princípios só serão utilizados quando não houver uma norma legal, convencional ou contratual. Será o último elo ao qual o intérprete irá se socorrer para solucionar o caso concreto. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 ALGUNS PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO 1º) Princípio do respeito à dignidade da pessoa humana: é um dos objeti- vos do nosso país. O art. 5º, inciso X da Constituição Federal assegura a inviolabilidade à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pes- soas, assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. 2º) Princípio da função social: regulamenta a vida humana em sociedade, estabelecendo normas que devem ser respeitadas por toda a coletividade. 3º) Princípio da razoabilidade: tanto os indivíduos quanto o próprio Estado deve agir com razoabilidade, ou seja, precisa agir com razão e não de forma irracional. O mesmo ocorre com as normas jurídicas, que preci- sam ser elaboradas de forma razoável e não excessivamente. 4º) Princípio da proporcionalidade: tanto a coletividade quanto o próprio Estado não podem agir com excessos, nem de forma insuficiente. DIREITO CONSTITUCIONAL Antes de se começar a estudar o Direito Constitucional, é preciso fazer a análise do art. 1º da Constituição Federal, o qual dispõe que a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamento: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. A Constituição é a lei máxima e fundamental do Estado. Ela ocupa o ponto mais alto da hierarquia das normas, recebendo, por esse motivo, nomes como: Lei Suprema, Lei Maior, Carta Magna, Lei das Leis ou Lei Fundamental (COTRIM, 2009). O Direito Constitucional é o ramo do Direito Público responsável por estudar as regras estruturadoras do Estado e garantidoras dos direitos e liberda- des individuais (JACQUES, 1954). Direito Constitucional Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 A Constituição pode ser conceituada como um conjunto de princípios e regras relativos à estrutura e ao funcionamento do Estado. Ela é uma norma escrita ou costu- meira que regula a forma de Estado e governo, a sua organização (MARTINS, 2013). Na Constituição Federal brasileira são encontradas várias regras de Direito Civil, Tributário, Administrativo, Internacional, Penal, do Trabalho, da Seguridade Social entre outras. Ou seja, ela traz um pouco de cada ramo do Direito. A Constituição Federal brasileira não possui, assim, um conteúdo especí- fico, previamente identificável, do que seja ou não próprio de uma Constituição. Seu conteúdo é elástico, variando de acordo com a vontade política do povo. Gilberto Cotrim (2009, p. 19) define a Constituição como: É a declaração da vontade política de um povo, manifestada por meio de seus representantes cujos mandatos resultam de eleição popular. É uma declaração solene expressa mediante um conjunto de normas ju- rídicas superiores a todas as outras que estabelece os direitos e deveres fundamentais das pessoas, das entidades e dos poderes públicos. Conclui-se que a Constituição é um documento político, dirigido a todas as pes- soas, tendo, geralmente, uma linguagem comum, e não técnica, para que todos possam fazer sua interpretação, compreendendo, assim, seus direitos e deveres enquanto integrantes do Brasil. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS Passaremos a estudar, agora, alguns dos princípios constitucionais previstos na Constituição Federal. 1º) Princípio da supremacia da Constituição: a norma constitucional é supe- rior, devendo ser obedecida por todas as demais normas. 2º) Princípio da unidade da Constituição: ela deve ser interpretada na sua unidade, ou seja, no seu conjunto. A interpretação deve ser feita de forma a se evitar contradições. 3º) Princípio da máxima efetividade da Constituição: as normas constitu- cionais devem ter o máximo de eficácia na sua aplicação. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 4º) Princípio da interpretação conforme a Constituição: caso a norma tenha mais de uma interpretação, deve-se dar preferência àquela que estiver de acordo com a Constituição. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS O preâmbulo da Constituição Federal dispõe que: Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Na- cional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, pro- mulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da Repú- blica Federativa do Brasil. Quando se fala em preâmbulo, deve-se entender como uma indicação das inten- ções da Constituição brasileira. Os fundamentosda República Federativa do Brasil são: a) soberania; b) cida- dania; c) dignidade da pessoa humana; d) valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; e) pluralismo político, sendo vedada a existência de um partido único. Já os objetivos fundamentais são: a) construir uma sociedade livre, justa e solidária; b) garantir o desenvolvimento nacional; c) erradicar a pobreza e a mar- ginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; d) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. DIVISÃO DOS PODERES A base da organização do governo está no art. 2º da Constituição Federal, que prevê: “são poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Direito Constitucional Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 Os Poderes vêm a ser os órgãos que realizam as diversas funções atribuídas ao Estado, quais sejam as funções: legislativas, administrativas e jurisdicionais (FÜHRER; MILARÉ, 2009). A fórmula ideal para o funcionamento do Estado é a de que suas operações fundamentais sejam repartidas entre vários órgãos autônomos, cada um atu- ando em sua esfera de atribuição. Poder executivo É o órgão incumbido de executar as leis e administrar o país. Ele é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado. O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início no dia 1º de janeiro do ano seguinte de sua eleição. A reeleição é permitida em um único período. No caso do presidente da República, ele pode ser passível das seguintes condutas: a) de responsabilidade definidas em lei especial; b) comuns, previs- tos na legislação ordinária. Dessa forma, quando houver qualquer denúncia e investigação contra o presidente, ela precisa, para ser admitida, de dois terços de aprovação na Câmara dos Deputados e, após isso, ser submetida a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade (art. 86 da Constituição Federal). Para serem eleitos, os candidatos a presidente e vice-presidente da República deverão ter, no mínimo, 35 anos. O governador e o vice-governador de Estado e Distrito Federal deverão ter, no mínimo, 30 anos. O prefeito e o vice-prefeito deverão ter, no mínimo, 21 anos. Poder judiciário O Poder Judiciário tem a função de legislar e administrar a aplicação das leis, bem como a função de dizer o direito, aplicando ao caso concreto, mediante um processo regularmente instaurado, por iniciativa do interessado (MARTINS, 2013). Cabe dizer que a função de legislar e administrar são exceções, visto que é o Poder Legislativo que faz as leis em nosso país, como veremos na sequência. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 Esse poder tem uma função importante quando se fala em fiscalização da aplicação da lei. Poder legislativo Em nível federal, o Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe de duas casas: o Senado e a Câmara dos Deputados, ambos eleitos pelos habitantes dos respectivos Estados. Cada Estado e o Distrito Federal, de acordo com os arts. 44 e 45 da Constituição Federal, elegerá três senadores, com dois suplentes cada, com mandato de oito anos, sendo renovada a representação a cada quatro anos de forma alternada. O número total de deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por Lei Complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma unidade da Federação tenha menos de oito e mais de setenta deputados (CAMPOS, 2011). DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS Eles foram estabelecidos para coibir os abusos praticados pelas autoridades. Os direitos não se confundem com as garantias. Os direitos são aspectos, mani- festações da personalidade humana em sua existência subjetiva ou em suas situações de relação com a sociedade ou, ainda, com os indivíduos que a compõem. As garan- tias, por sua vez, são os instrumentos para o exercício do direito, consagrados na Constituição (MARTINS, 2013). Os direitos e deveres são individuais e coletivos. Os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem outros decor- rentes do regime e dos princípios por ela adotados ou dos tratados internacionais em que o Brasil é parte (art. 5º, §2º da Constituição Federal). A Constituição Federal assegura que: 1. Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos ter- mos da Constituição. Poderá haver tratamento diferenciado se assim a Constituição estabelecer; Direito Constitucional Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 2. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo a não ser em virtude de lei. É o princípio da legalidade; 3. Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 4. É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 5. É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; 6. É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias; 7. É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; 8. É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 9. É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; 10. São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 11. A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo pene- trar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou , durante o dia, por determi- nação judicial; 12. É inviolável o sigilo da correspondência às comunicações telegráfi- cas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. A norma que trata do assunto é a Lei nº 9.296/96; 13. É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendi- das as qualificações profissionais que a lei estabelecer; 14. É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E34 15. É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, poden- do qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 16. Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais aber- tos ao público, independentemente de autorização, desde que não frus- trem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sen- do apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; 17. É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de ca- ráter paramilitar; 18. A criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas in- dependem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento. As sociedades cooperativas são reguladas na Lei nº 5.764/71; 19. As associações só poderãoser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primei- ro caso, o trânsito em julgado; 20. Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer as- sociado; 21. As entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicial- mente; 22. É garantido o direito de propriedade; 23. A propriedade atenderá a sua função social; 24. A lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessi- dade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos na Constituição; 25. No caso de iminente perigo público, a autoridade competente pode- rá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indeniza- ção ulterior, se houver dano; 26. A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que tra- balhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; 27. Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; Direito Constitucional Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 35 28. São assegurados, nos termos da lei: (a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz huma- nas, inclusive nas atividades desportivas; (b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que parti- ciparem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas; 29. A lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio tem- porário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tec- nológico e econômico do país; 30. É garantido o direito de herança; 31. A sucessão de bens de estrangeiros situados no país será regula- da pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja favorável a lei pessoal do de cujus; 32. O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor. O Código de Defesa do Consumidor é a Lei nº 8.078/90; 33. Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão presta- das no prazo de lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 34. São a todos assegurados, independentemente do pagamento de ta- xas: (a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direito ou contra ilegalidade ou abuso de poder; (b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de si- tuações de interesse pessoal; 35. A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ame- aça a direito; 36. A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Direito adquirido é o que faz parte do patrimônio jurídico da pessoa, que implementou todas as condições para esse fim, podendo exercê-lo a qualquer momento. Na expectativa de direito, a pessoa não reuniu todas as condições para adquirir o direito no curso do tempo. Ato jurídico perfeito é o que se formou sob o império da lei velha e não pode ser modificado. A lei não pode ser retroativa. Devem ser respeitadas as si- tuações estabelecidas na vigência de lei anterior, em razão da estabilidade e segurança jurídicas. Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba mais recurso. Há coisa julgada “quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso”. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E36 Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indis- cutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário. 37. Não haverá juízo ou tribunal de exceção; 38. É reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: (a) a plenitude de defesa; (b) o sigilo das votações; (c) a soberania dos veredictos; (d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 39. Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 40. A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 41. A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liber- dades fundamentais; 42. A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; 43. A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles res- pondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 44. Constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos ar- mados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado De- mocrático; 45. Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obri- gação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles asseguradas, até o limite do valor do patrimônio transferido; 46. A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: (a) privação ou restrição da liberdade; (b) perda de bens; (c) multa; (d) prestação social alternativa; (e) suspensão ou interdição de direitos; 47. Não haverá penas: (a) de morte, salvo em caso de guerra declarada; (b) de caráter perpétuo; (c) de trabalhos forçados; (d) de banimento; (e) cruéis; 48. A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; Direito Constitucional Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 37 49. É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; 50. Às presidiárias serão asseguradas condições para que possam per- manecer com seus filhos durante o período de amamentação; 51. Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na for- ma da lei; 52. Não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião; 53. Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; 54. Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; 55. Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusa- dos em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 56. São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; 57. Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; 58. O civilmente identificado não será submetido a identificação crimi- nal, salvo nas hipóteses previstas em lei; 59. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; 60. A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; 61. Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; 62. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão co- municados imediatamenteao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; 63. O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de per- manecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de ad- vogado; INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E38 64. O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; 65. A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judi- ciária; 66. Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; 67. Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo ina- dimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; 68. Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomo- ção, por ilegalidade ou abuso de poder; 69. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o res- ponsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; 70. O mandado de segurança coletivo deve ser impetrado por: (a) par- tido político com representação no Congresso Nacional; (b) organiza- ção sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. 71. Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobe- rania e à cidadania; 72. Conceder-se-á habeas data: (a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; (b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por pro- cesso sigiloso, judicial ou administrativo; 73. Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. 74. O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. O Dever do Estado de Garantir o Direito à Saúde Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 39 75. O Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; 76. São gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: (a) o registro civil de nascimento; (b) a certidão de óbito; 77. São gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania; 78. A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a ra- zoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. São direitos sociais previstos na Constituição Federal: a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados. O DEVER DO ESTADO DE GARANTIR O DIREITO À SAÚDE A saúde é o “primeiro” e o primordial direito social. Sem saúde, não há vida digna, não há trabalho, há apenas resquícios de vida. É uma premissa do exer- cício da cidadania (MENDES, 2013). Ela é um bem jurídico indissociável do direito à vida, e é dever do Estado propiciar, ao cidadão, as condições necessá- rias para que ele se desenvolva fisicamente. Isso corresponde dizer “com saúde”. Falar em vida é falar em saúde. É possível dizermos que a saúde é um bem personalíssimo, com a característica de intangibilidade. Nesse caso, o Estado tem o dever de proteger a vida, e, para isso, precisa estabelecer ações públicas que o possibilite atender a todas as necessidades de saúde da pessoa humana. De acordo com Pedro Lenza (2015), a doutrina aponta a dupla vertente dos direitos sociais, especialmente no tocante à saúde, enquanto direito social, no texto de 1988: a) natureza negativa: o Estado ou terceiros devem abster-se de pra- ticar atos que prejudiquem terceiros; b) natureza política: fomenta-se um Estado prestacionista para implementar o direito social. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E40 O Estado prestacionista, como mencionado é uma característica do direito à saúde, no sentido de que a intervenção estatal é imprescindível para a imple- mentação real das prerrogativas referentes à saúde. O direito à saúde está interligado a vários outros direitos, como o do sane- amento, o da moradia, o da educação, o do bem-estar social, e o da seguridade física e psíquica. Celso Antonio Pacheco Fiorillo (2000) alinha o direito à saúde, enquanto previsto para todos, à categoria de direito difuso que visa possibili- tar o acesso universal, integrando-se aos componentes básicos que estruturam o Estado Democrático de Direito. Dessa forma, as ações e serviços de saúde são de relevância pública. Por isso ficam inteiramente sujeitos à regulamentação, fiscalização e controle do Poder Público, nos termos da lei, ao qual cabe executá-los diretamente ou por meio de terceiros, pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. Se a Constituição atribui ao Poder Público o controle das ações e serviços de saúde, pode-se dizer que sobre tais ações e serviços ele tem integral poder de dominação, que é o sentido do termo con- trole, mormente quando aparece ao lado da palavra fiscalização (DA SILVA, 1992). LEI N. 8.080/1990 A Lei n. 8.080/1990 dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspon- dentes e dá outras providências. Ela deve ser analisada juntamente com a Lei n. 8.142/1990, conhecida como Lei Orgânica da Saúde. De acordo com o art. 1º da Lei n. 8.080/1990, ela regulamentará, em todo o território nacional, as ações e serviços de saúde, executados isolada ou conjun- tamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito público ou privado. Ela institui o Sistema Único de Saúde, constituído pelo conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, esta- duais e municipais, sejam da Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público. A iniciativa privada também poderá participar do Sistema Único de Saúde em caráter complementar. O Dever do Estado de Garantir o Direito à Saúde Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 41 Aqui, devemos fazer uma observação e diferenciar quem faz parte da Administração direta e indireta. Da Administração direta, fazem parte todos os órgãos diretamente ligados à Administração Pública. Da Administração indi- reta, fazem parte sociedade de economia mista, autarquias, empresas públicas que explorem atividade econômica e fundações públicas. As sociedades de economia mista são entidades de direito privado, criadas por lei para a exploração de atividade econômica, sob forma de sociedade anônima, em que a maioria do capital pertence ao Poder Executivo (art. 5º, III do Decreto- lei nº 200/67). Como exemplo podemos citar a Petrobras e o Banco do Brasil. As autarquias são órgãos autônomos do poder público, criados por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicasda Administração Pública, que, para seu melhor funcionamento, requerem uma gestão administrativa e financeira descentralizada (art. 5º, I do Decreto- lei nº 200/67). Como exemplo, temos INSS, ANATEL, ANAC e Universidade de São Paulo (USP). As empresas públicas são entidades de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo do Poder Executivo, criadas por lei, para a explora- ção de uma atividade econômica também (art. 5º, II do Decreto-lei nº 200/67). Como exemplo, podemos citar Embratel, Infraero e Caixa Econômica Federal. Por fim, as fundações públicas também são pessoas jurídicas de direito pri- vado, porém sem fins lucrativos. Devem ser autorizadas por lei, compostas por patrimônio próprio, destacado do fundador, visando uma determinada finali- dade específica. Em ambos os casos, tanto na Administração Direta quanto na Indireta, obe- decer-se-ão aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência de acordo com o art. 37 da Constituição Federal. Voltando a analisar a Lei n. 8.080/1990, seu art. 2º elege a saúde como um direito fundamental do ser humano, ou seja, o Estado deve prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício, sendo dever do Estado garantir esse direito por meio da formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de con- dições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação (MENDES, 2013). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E42 O direito à saúde é parte de um conjunto de direitos chamados de direitos sociais. No Brasil, tal direito foi reconhecido na Constituição Federal de 1988. Antes disso, o Estado apenas oferecia atendimento à saúde para trabalhadores com carteira assinada e suas famílias. A partir da Constituição de 1988, o Estado tem o dever de promover o desen- volvimento físico e psíquico da pessoa. O art. 196 da Constituição Federal prevê: Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido me- diante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação. Como se pode perceber, o artigo citado estabeleceu a saúde como um direito fun- damental da pessoa humana e tem aplicação imediata, ou seja, não depende de outra lei para ser aplicado. A saúde é um direito de todos porque sem ela não há condições de vida, e é um dever do Estado proporcionar condições de vida digna. Para que o direito à saúde seja uma realidade, é preciso que o Estado dê con- dições de atendimento em postos de saúde, hospitais, programas de prevenção, medicamentos e dentre outros. O direito à saúde está inserido nos direitos sociais que são constitucionalmente garantidos. Trata-se de um direito público subjetivo, ou seja, uma prerrogativa jurídica indisponível assegurada à generalidade das pessoas. No Brasil, temos um grande número de ações contra o Município, Estado e União para recebimento de medicamentos, conseguir vagas em hospitais, realização de cirurgias pelo SUS, dentre outros. Para saber mais sobre esse tipo de ação judicial, leia o texto “Obtenção de Medicamentos pela Via Judicial” de Bruna Daleffe de Vargas, disponível no site: <http://www.oab-sc.org.br/artigos/obtencao-medicamentos-pela-via- -judicial/1593> Fonte: a autora. http://www.oab-sc.org.br/artigos/obtencao-medicamentos-pela-via-judicial/1593 http://www.oab-sc.org.br/artigos/obtencao-medicamentos-pela-via-judicial/1593 O Dever do Estado de Garantir o Direito à Saúde Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 43 A saúde, enquanto um direito fundamental, leva-nos a entendê-la como um conjunto de normas que protegem as funções orgânicas da pessoa, assim como o combate e a prevenção de doenças. Não de pode esquecer que estão alberga- das no direito à saúde, além da saúde corporal humana, as condições necessárias para tratamento de enfermidades, seja com medicamentos, leitos em hospitais, centros cirúrgicos, exames laboratoriais, enfim, tudo o que for necessário para o desenvolvimento físico da pessoa, a fim de que ela viva com dignidade. O art. 3º da Lei consagra que a saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. Deve-se observar que os níveis de saúde da popu- lação expressam a organização social e econômica do país. Não cabe entrarmos no mérito da questão do que temos em nossa sociedade hoje. O art. 4º, da Lei, expressa que o Sistema Único de Saúde (SUS) é constituído por um conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais. Ele possui, como objetivos: 1º) a iden- tificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde; 2º) a formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e social, a observância do disposto no parágrafo 1º do art. 2º desta lei; 3º) a assis- tência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades pre- ventivas (art. 5º da Lei n. 8.080/1990). Já que os níveis de saúde de uma população expressam a organização so- cial e econômica, cabe, aqui, refletirmos como está a saúde do nosso país. Podemos falar em uma saúde de qualidade e que consiga atender a todas as pessoas igualmente? INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E44 Além disso, o Sistema Único de Saúde também atua na execução de ações referentes à vigilância sanitária, vigilância epidemiológica, saúde do trabalha- dor e assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica (art. 6º da Lei n. 8.080/1990). Cabe, aqui, diferenciarmos cada um dos campos de atuação do SUS. O serviço de vigilância sanitária é composto pelo conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir os riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e de prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: a) o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, relacionem-se com a saúde, compre- endidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; b) o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde (art. 6º, parágrafo 1º da Lei n. 8.080/1990). A vigilância epidemiológica consiste num conjunto de ações que proporcio- nam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finali- dade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos (art. 6º, parágrafo 2º da Lei n. 8.080/1990). A saúde do trabalhador, por sua vez, é um conjunto de atividades que se des- tina, por meio das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advin- dos das condições de trabalho, abrangendo: 1º) assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho; 2º) participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de trabalho; 3º) participação, no âmbito de competên- cia do SUS, da normatização, fiscalização e controledas condições de produção, extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador; 4º) avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde; 5º) informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre os riscos de acidente de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde, O Dever do Estado de Garantir o Direito à Saúde Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 45 de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética profis- sional; 6º) participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas; 7º) revi- são periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de trabalho, tendo, na sua elaboração, a colaboração das entidades sindicais; e 8º) a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão competente a interdição de máquina, de setor, de serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores (art. 6º, pará- grafo 3º da Lei n. 8.080/1990). Dessa forma, percebe-se que a Lei n. 8.080/1990, também conhecida como Lei Orgânica da Saúde, é de suma importância para regulamentar o direito à saúde no Brasil, bem como o próprio SUS, que, de acordo com a Constituição Federal de 1988, é um direito fundamental e que deve ser fornecido a todo brasileiro. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E46 CONSIDERAÇÕES FINAIS Encerramos nossa primeira unidade. Inicialmente, precisamos entender como se divide o Direito. Na sequência, diferenciamos o Direito da Moral. O Direito surge como uma imposição do Estado, a qual a coletividade precisa cumprir. A partir de sua evolução, o Direito também evolui. Em contrapartida, a Moral surge de acordo com a cultura, a religião, a criação de cada pessoa, não existindo uma punição e nem mesmo sendo imposta pelo Estado. Para que a sociedade cumpra ao que foi criado pelo Estado faz-se necessá- rio observarmos as fontes do Direito. A mais importante fonte que temos é a Constituição Federal. Para que uma lei seja aplicada, devemos conhecer as for- mas que ela pode ser interpretada. Para que a interpretação seja feita de forma correta, devemos considerar até mesmo o momento em que a lei foi criada, o que objetivou sua criação, bem como os motivos que incentivaram tal ato. Todavia, existem situações em que a interpretação não é suficiente para apli- cação da norma, necessitando da sua integração. Ela é feita pelo magistrado e será utilizada somente quando a própria lei apresentar lacunas em branco. Na sequência, analisamos o Direito Constitucional, que é o ramo mais impor- tante, visto que ele traz toda a organização estatal. Por fim, falamos do dever do Estado em garantir o direito de saúde à popu- lação. Como se sabe, todos devem ter acesso a uma saúde básica de qualidade e tal direito garante para todos a dignidade humana, já que tem ligação direta com tal princípio. 47 1. O Direito pode ser definido como o conjunto de princípios, regras e instituições destinados a regulamentar a vida humana em sociedade. Para que o Direito seja cumprido em sociedade, o Estado, com o uso do seu poder imperativo, prevê a sanção (punição). Com o intuito de facilitar a compreensão do Direito, ele é dividido em algumas áreas. Observamos que uma dessas divisões é em Direito Objetivo e Direito Subjetivo. Com relação a essa divisão, analise as afir- mativas a seguir: I. O Direito Objetivo é aquele criado pelo Estado e aplicado a toda a sociedade. II. O Direito Subjetivo é a faculdade, a escolha de a pessoa postular seu direito, objetivando a realização de seus interesses. III. O Direito Objetivo dependerá da vontade do indivíduo para existir. IV. O Direito Subjetivo é um complexo de normas que são impostas às pessoas. É correto o que se afirma em: a) I e II, apenas. b) I e IV, apenas. c) III e IV, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II, III e IV. 48 2. O Direito é uma ciência bilateral, pois precisa de duas pessoas para existir, além de impor um comportamento do indivíduo na sociedade e, quando for des- cumprido, haverá uma sanção por parte do Estado. Já que o Direito é uma ci- ência, existe uma vasta classificação para tal. Com relação a essa classificação, analise as afirmativas a seguir: I. O Direito Natural nasce a partir do momento em que surge o homem, apa- recendo naturalmente para regular a vida humana em sociedade. II. O Direito Positivo é um conjunto de regras estabelecidas por meio do poder político em vigor em um determinado país e em uma determinada época. III. O Direito Público envolve a organização de um Estado, em que são estabe- lecidas as normas de ordem pública. IV. O Direito Privado diz respeito ao interesse dos particulares, decorrente da manifestação de vontade dos interessados. É correto o que se afirma em: a) I e II, apenas. b) II e III, apenas. c) I, apenas. d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 49 3. Ao aplicar uma lei, o juiz busca atender aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. Para se aplicar uma norma, muitas vezes, o juiz precisa analisar o caso e interpretar a norma com o intuito de compreender o que o legislador quis dizer com sua criação. Sobre as formas de interpretação, analise as afirmativas a seguir: I. Histórica: constata-se a realidade e a necessidade social na elaboração da lei e em sua aplicação. II. Restritiva: é aquela realizada pelo próprio órgão que criou a lei, no momen- to em que ela declara o sentido, alcance e conteúdo por meio de norma. III. Lógica: estabelece-se uma conexão entre vários textos legais a serem inter- pretados e aplicados ao caso concreto. IV. Gramatical: é a verificação do sentido gramatical da norma criada. É correto o que se afirma em: a) I, II e IV, apenas. b) I e II, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 50 4. Como o próprio nome diz, o princípio é a base de tudo. Pode-se dizer que ele é o alicerce do Direito. A atuação do princípio no Direito se inicia antes de a regra ser feita ou em uma fase pré-jurídica. Em outras palavras, em verdade, os princípios acabam influenciando a elaboração da regra. Em nossa disciplina estudamos alguns princípios gerais de Direito. Sobre esses princípios, analise as assertivas a seguir: I. O princípio do respeito à dignidade da pessoa humana é um dos objetivos do nosso país. II. O princípio da proporcionalidade é aquele em que não se pode impor con- dutas a não ser que seja em estrito cumprimento do interesse público. III. O princípio da razoabilidade é aquele em que as pessoas devem agir com razoabilidade, o que também acontece com as normas jurídicas. IV. O princípio da função social é aquele que regula a vida humana em socieda- de, estabelecendo regras de conduta que devem ser respeitadas por todos. V. O princípio normativo é aquele em que o Poder Legislativo atuará nos casos concretos quando não houver uma disposição específica para disciplinar determinada atuação. É correto o que se afirma em: a) I, II e III, apenas. b) I e V, apenas. c) I, II e V, apenas. d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV, apenas. 51 O direito constitucional da saúde e o dever do Estado de fornecer medicamentos e tra- tamentos. (...) Do dever do Estado de fornecer medicamentos e tratamentos não oferecidos pelo Sistema Único de Saúde. A “judicialização” da saúde. A precariedade do sistema público de saúde, aliada ao insuficiente fornecimento de remédios gratuitos ocasionou no nascimento do fenômeno da “judicialização da saúde”.
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