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1 Lara Torres Pinto Brito – 5º SEMESTRE {SESSÃO^TUTORAL} INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO (ITU) DEFINIÇÃO: consiste em uma variedade de entidades clínicas que cursam com infecção de algum órgão das vias urinárias. Podendo ser: pielonefrite, cistite, uretrite, prostatite/epididimite e inclui, ainda, a bacteriúria assintomática. CLASSIFICAÇÕES ❖ QUANTO À LOCALIZAÇÃO A) Alta: consiste na infecção do parênquima renal, sendo denominada de pielonefrite. B) Baixa: nessa condição, estão incluídas as infecções que acometem qualquer órgão urinário abaixo dos ureteres, podendo ser: cistite, uretrite, prostatite ou epididimite. CASO 6: Paciente do sexo feminino, 16 anos, estudante, acompanhada pelo pai, vem em consulta com no ambulatório de Ginecologia, com queixa de dor em região hipogástrica há 01 semana. A mesma refere dor tipo cólica de forte intensidade, associado com quadro de intenso ardor ao urinar, sensação de urgência e aumento da frequência urinária, que interfere no padrão de sono. Informa que há 48 horas, vem com quadro de prostração intensa, associado com quadro calafrios intensos. Nega presença de corrimento vaginal ou alteração do odor em região. AM: Refere transtorno de ansiedade, em uso de escitalopram. Nega cirurgias passadas. Refere internamento prévio por Nefrolitiase. Nega alergia medicamentosa. AGO: Menarca aos 13 anos. Sexarca: 15 anos, somente um parceiro. G0P0A0. HV: Nega etilismo e tabagismo. Nega uso de drogas ilicitas. As vezes esquece de fazer de forma correta sua alimentação e hidratação. AF: Pai vivo, 45 anos, passado de nefrolitíase. Mãe viva, 50 anos, Hipertensa. Nega história de Neoplasias na família EF: REG, facies de dor, corada, desidratada, anictérica, acianótica. P: 120 bpm, FR: 20 ipm; PA: 90 x 60 mmHg. Temperatura axilar: 38,7ºC. CP: Cabelos bem distribuídos, sem alterações. Cavidade oral em boa higiene, sem alterações em arcada dentária. Não palpado linfonodos na região. Pescoço simétrico, com traqueia centralizada sem desvios. Tireoide palpável, fibroelastica, sem presença de nódulos ou tumorações. Tórax: Simétrico, sem presença de abaulamentos ou retrações. Expansibilidade dinâmica mantida. Percussão sem alterações. AR: NDN. ACV: NDN. Abdome: Plano, RHA+, flácido, doloroso a palpação superficial e profunda em região suprapúbica. Presença do sinal de Giordano. Ext: Perfundidas, sem edema. P á g i n a | 2 Lara Brito | 5º SEMESTRE ❖ QUANTO À PRESENÇA DE SINTOMAS • Bacteriúria Assintomática: detecção de 2 uroculturas positivas para o mesmo agente, com contagem > 105 UFC. Entretanto, não manifesta sintomas. • Sintomática: detecção de urocultura positiva na urina, geralmente acompanhada de citocinas e leucócitos, que cursa com manifestações sintomáticas. ❖ QUANTO ÀS COMPLICAÇÕES ▪ ITU não complicada: cistite ou pielonefrite aguda em mulheres não grávidas em condições ambulatoriais, sem anormalidades anatômicas e nem cateterização das vias urinárias. ▪ ITU complicada: termo que abrange todas as outras formas de ITU. Costuma cursar com febre, estando ligada à imunodeficiência ou desordem estrutural. → ITU recorrente: não é necessariamente complicada; episódios individuais podem não ser complicados e tratados desse modo. Sendo definida como > 3 episódios de ITU / ano. FATORES DE RISCO E EPIDEMIOLOGIA ITU é considerada a infecção bacteriana mais comum no mundo, porém sua real incidência não é totalmente conhecida. Em mulheres jovens sexualmente ativas, sua incidência é de 0,5-0,7 caso/ano. Nos Estados Unidos, estima-se que anualmente a ITU cause aproximadamente sete milhões de consultas ambulatoriais, um milhão de consultas de emergência e cem mil hospitalizações. A ITU é mais frequente em mulheres e tende a ser incomum em homens até os 50 anos. A partir de então, a hipertrofia prostática benigna, pode causar obstrução do fluxo urinário, levando ao favorecimento de ITU. Quando se trata de gravidez, a BAS está associada ao nascimento prematuro e mortalidade perinatal para o feto e à pielonefrite para a mãe. A duração prolongada do diabetes e o uso de insulina, em lugar de agentes orais, também estão associados a um maior risco de ITU em mulheres com diabetes. A função vesical deficiente, a obstrução do fluxo urinário e a micção incompleta constituem fatores adicionais comumente observados em pacientes com DM, que aumentam o risco de ITU. ETIOLOGIA PRINCIPAL = Escherichia coli Os principais agentes causadores de ITUs, são os bacilos gram negativos (BGN), porem podem ser causados por outras etiologias, como os fungos. • E. coli (responsável por até 85% das ITUs não complicadas) • Kebsiella sp • S. saprophyticus (muito relacionado à sazonalidade – verão – e à transmissão sexual, sendo denominado de “cistite da lua de mel”) • Proteus sp. #OBS: os Enterococcus sp. e as Pseudomonas são agentes etiológicos mais relacionados à infecção hospitalar por cateterização de vias urinárias. IMPORTANTE: a presença de nefrolitíase aumenta a chance de ITU por Proteus ou Klebsiella, pois ambos predispõem à formação de cálculos (o primeiro por alcalinização urinaria e o segundo pela formação de biofilme). Os fungos, como a Candida spp. têm especial importância entre os diabéticos e naqueles em uso de antibioticoterapia de amplo espectro. QUADRO CLÍNICO Os sinais e sintomas presentes em uma ITU são variáveis e dependem de qual parte do trato urinário está sendo acometida. Em geral, os principais achados incluem: Cateterização por sonda Sexo Feminino / Gravidez Obstrução I/E Imunodeficiência Anomalias do TU DM Bexiga Neurogênica P á g i n a | 3 Lara Brito | 5º SEMESTRE • Dor em hipogástrio (projeção da bexiga) e/ou dorso (projeção dos rins) • Polaciúria • Disúria • Urgência miccional • Alteração de coloração e aspecto da urina (turbidez), podendo estar acompanhada por alterações nos sedimentos urinários (hematúria e piúria) • Febre A ITU baixa apresenta-se habitualmente com disúria, urgência miccional, polaciúria, nictúria e dor suprapúbica. A febre nas infecções baixas não é um sintoma usual. A urina pode estar turva, pela piúria, e/ou avermelhada, pela hematúria causada pela presença de litíase ou pelo próprio processo inflamatório. A ITU alta tende a se iniciar com um quadro semelhante ao de uma cistite, porem pode evoluir com febre elevada (>38ºC), calafrios e dor lombar uni ou bilateral. A dor lombar pode se irradiar para abdômen, flancos ou virilha (sugestivo de litíase renal associada). Alguns sinais sistêmicos podem estar presentes como náuseas, vômitos e prostração que vão evoluir conforme a progressão da doença. DIAGNÓSTICO CRITÉRIOS DE BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA: • Se mulher - ≥ 105 em duas coletas consecutivas de urina (jato médio) da mesma espécie patogênica • Se homem - ≥ 105 em uma única coleta se urina (jato médio) • Se mulher ou homem, com cateter urinário - ≥ 10² em uma única coleta de urina CRITÉRIOS DE ITU RECORRENTE: ▪ Recaída: presença do mesmo patógeno que não foi efetivamente eliminado. Ocorre até 2 semanas após o término do tratamento. ▪ Reinfecção: > 3 episódios de ITU em 12 meses após a cura da 1ª infecção. O diagnóstico da uma ITU baixa não complicada é basicamente clínico, em que serão considerados achados como disúria + polaciúria. Para os homens, é necessário análise da urocultura quantitativa. Já no caso de quadro clínico sugestivo de uma ITU alta, é preciso associar à urocultura (≥ 10^5). O quadro a seguir mostra os principais exames complementares para investigação de uma ITU: SUMÁRIO DE URINA (EAS) Tende a ser um exame mais inespecífico, não devendo ser o método de escolha isolado. Possui sensibilidade de cerca de 65% e especificidadede até 80%. Diferentemente da pielonefrite e prostatite, tanto a cistite quanto a uretrite não alteram o leucograma e nem a proteína C reativa Piúria (≥ 10 piócitos/campo) tem baixa acurácia e pode estar elevada por outras causas que não uma ITU, inclusive causas não reais Teste do Nitrito é um dado importante → Somente os BGN (exceto Pseudomonas aeruginosa) possuem a enzima nitrato-redutase, que transforma o nitrato urinário em nitrito. Apesar de baixa sensibilidade, possui alta especificidade (90%). Febre Calafrio Dor Lombar Tríade da Pielonef rite P á g i n a | 4 Lara Brito | 5º SEMESTRE A hematúria microscópica e, eventualmente, macroscópica, pode ser observada em casos de ITU. Caso ela persista após a resolução do quadro agudo, devemos pensar em nefrolitíase, câncer, glomerulite, vasculite e tuberculose renal associadas. A proteinúria pode ocorrer, porém em níveis baixos (nunca ultrapassando 2 g/24h). UROCULTURA É o método de confirmação diagnóstica, sendo o “padrão-ouro” quando a via de coleta é a suprabúpica, em que qualquer crescimento bacteriano é valorizado. A partir desse exame é possível detectar a presenta de uma bacteriúria significativa, variando os valores de referencia de acordo com cada situação clínica: ANTIBIOGRAMA É complementar à urocultura. Fornece informações sobre quais são os antibióticos potencialmente mais eficazes para combater aquele determinado patógeno. Quanto maior o halo formado, mais eficiente é o ATB e menos resistente o patógeno. TRATAMENTO A escolha do ATB deve levar em consideração à resistência dos BGN, escolher a via correta (oral ou EV), além de ser um medicamento que se concentre na via urinária. BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA Nesses casos, o tratamento só é aconselhável em dois grupos: pacientes que serão submetidos à procedimentos urológicos (de forma profilática) e as mulheres gravidas (devido as mudanças que ocorrem na gestação que as tornam mais susceptíveis às ITUs de modo geral, mesmo a pielonefrite). ITU SINTOMÁTICA NÃO COMPLICADA ➢ Cistite não complicada: - Fosfomicina (1 dose) - Norfloxacina (3 doses) - Nitrofurantoina (5 doses) #OBS: deve-se evitar SULFA devido à resistência > 20% A terapia da cistite não complicada na mulher jovem pode ser instituída de modo empírico, ou seja: sem a exigência da realização da urocultura e de teste de sensibilidade a antimicrobianos; apenas o encontro de leucocitúria e, frequentemente, de hematúria, no exame dos elementos anormais e sedimento da urina (urina tipo I), sustenta a conduta terapêutica empírica. ➢ Pielonefrite não complicada: - Ceftriaxone - Ciprofloxacina (Quinolona) #OBS: deve-se avaliar sempre a necessidade de internação Drogas de 1ª escolha → fosfomicina, ciprofloxacino e bactrim PROFILAXIA ITU RECORRENTE • Ingestão oral de fluidos • ATB pós-coito • Estrógeno intravaginal ACHADOS QUE SUGEREM ITU: - Leucocitúria - Nitrito positivo - Hematúria P á g i n a | 5 Lara Brito | 5º SEMESTRE QUESTIONAMENTOS TUTORIA 1- Como defino Sepse? SOFA // Q-SOFA A SEPSE passou a ser definida como uma disfunção orgânica com risco de vida que pode ser avaliada por meio dos 6 sistemas presentes na tabela. O diagnóstico de SEPSE poderá ser dado quando houver: Suspeita/Documentação de Infecção + 2 ou 3 no qSOFA OU Aumento de 2 ou mais no SOFA. 2- Quais os critérios para definir DIP? DIP = 3 maiores + 1 menor OU 1 elaborado. P á g i n a | 6 Lara Brito | 5º SEMESTRE 3- Significado clínico do Giordano positivo? A positividade da manobra de Giordano não indica, de forma decisiva, uma afecção renal ou pielocalicial. O abalo ou a trepidação produzida pelo golpe feito com a borda cubital da mão na região lombar, pode despertar dor em qualquer órgão ou estrutura subjacente, se estiver com algum processo inflamatório (apendicite, hepatite aguda, afecção osteomuscular). Para definir o significado do Giordano +, é preciso dos dados colhidos na anamnese de forma associada. Portanto, é um sinal inespecífico em que seu valor semiológico está relacionado aos demais achados clínicos apresentados pelos pacientes. 4- Quais os agentes etiológicos para Pielonefrite? Discutido no caso. 5- Quais os fatores de risco associado a Pielonefrite? Discutido no caso. 6- Qual associação entre lítiase renal e pielonefrite? Discutido no caso. 7- Quais os grupos de risco para ITU? Quando indicar o tratamento? Discutido no caso. 8- Como realizar o diagnóstico? Discutido no caso. 9- O que é bacteriúria assintomática? Discutido no caso. 10- Na bacteriúria assintomática quais os grupos que são indicados a tratar? Discutido no caso.
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