Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
METRÔI CAPA ESPECIALENGENHARIA www.brasilengenharia.com.br engenharia 607 / 2011www.brasilengenharia.com.brengenharia 607 / 201150 51 Além das soluções em andamento, que farão com que as linhas de metrô em operação saltem do atual patamar de 74,3 quilômetros de extensão (com 4,1 milhões de passageiros/dia transportados na média) para 101,3 quilômetros em 2014 (com 7,3 milhões de passageiros/dia), a Companhia do Metrô de São Paulo (Metrô-SP) deixará como legado para a segunda metade da década outros 90 quilômetros de linhas de metrô e monotrilho em fase de construção. A implantação nos últimos anos do Bilhete Único Integrado, o cartão inteligente que armazena valores em reais para o pagamento de passagens no transporte público na cidade de São Paulo – e que permite a integração temporal entre ônibus, micro-ônibus, Metrô e trens metropolitanos da CPTM ao custo de apenas uma tarifa –, operou uma transformação radical no hábito dos passageiros. No entanto, ao facilitar o acesso aos sistemas públicos de transporte, o cartão inteligente gerou como efeito colateral a explosão de demanda no Metrô. Cabe agora à companhia o aumento da oferta para reduzir a superlotação nos horários de pico. Para tanto, a atual diretoria está comprando novos trens, expandindo linhas, inaugurando novas estações e trocando o atual sistema de sinalização por outro, muito mais moderno (que permite a diminuição do tempo de intervalo entre os trens). Aos que apontam o dedo para o Metrô, criticando a companhia pela atual superlotação, os defensores do transporte metroviário argumentam que a pergunta essencial a ser feita é: por onde andavam antes os 1,5 milhão de usuários adicionais que o sistema de trens de metrô passou a carregar? Sim, porque até pouco tempo atrás o Metrô transportava 2,5 milhões/dia e hoje transporta mais de 4 milhões/dia. A resposta só pode ser que estas pessoas ou estavam circulando em carros particulares, ou pilotando motos, ou mesmo usando exclusivamente ônibus urbanos. E trocaram esses meios de transporte – que além de poluentes e barulhentos, atravancam o trânsito da cidade – por um sistema rápido e confiável. Além da inauguração recente de novas estações – inclusive com a entrada em operação de uma nova linha –, e sem esquecer também que houve aumento da renda da população, aquele número de passageiros que se somou à massa que já utilizava diariamente o Metrô, mostra, por si só, o acerto da política de integração tarifária. Entretanto, não há como fugir de outra constatação: a superlotação é também expressão da confiabilidade conquistada pelo Metrô. O usuário tem sabedoria e percebe que, mesmo tendo que esperar o segundo, terceiro ou quarto trens na plataforma da estação para poder embarcar nos horários de pico, ele vai conseguir chegar mais cedo ao seu destino do que se escolhesse outro meio de deslocamento disponível. Até porque já está comprovado que na RMSP o cidadão opta sempre pela alternativa de transporte mais rápida, e só depois pensa no fator conforto. Longe de mostrar-se alheia ao atual quadro de desconfortável superlotação, a atual diretoria do Metrô trabalha em ritmo acelerado, planejando novas linhas integradoras e estações. A meta é justamente reduzir danos, mirando no aumento do conforto, na diminuição do tempo de intervalo entre trens, assim como na melhoria dos padrões de manutenção (para evitar falhas técnicas que possam retardar o tempo de viagem). Na reportagem a seguir mostramos que o transporte coletivo está sendo cada vez mais priorizado e que cabe ao sistema sobre trilhos um papel fundamental: estruturar todo o sistema coletivo de deslocamento de pessoas, contribuindo para a solução dos problemas de mobilidade urbana, pois só ele é capaz de responder a situações que exijam alta ou média capacidade de carregamento. Por Juan Garrido www.brasilengenharia.com.br engenharia 607 / 2011www.brasilengenharia.com.brengenharia 607 / 201150 51 Recordes à vista Recordes à vista METRÔI CAPA ESPECIALENGENHARIA FO TO s: A N D RÉ s IQ U EI RA / D Iv U lg A ç ã O METRÔI CAPA ESPECIALENGENHARIA www.brasilengenharia.com.br engenharia 607 / 2011www.brasilengenharia.com.brengenharia 607 / 201152 53 Cerca de 1,5 milhão de pes- soas que não costumavam utilizar o Metrô de São Paulo passaram a utilizá-lo a partir de duas conquistas sociais: a criação do Bilhete Único Integrado em São Paulo e o aumento da renda da popula- ção – esta no Brasil em geral. Hoje, 4,1 milhões de pessoas em média utilizam a malha de 74,3 quilômetros do metrô pau- listano a cada dia útil, o que faz dele o terceiro mais movimentado do mundo – atrás apenas dos subterrâneos de Hong Kong e Moscou. E os benefícios do Metrô se irradiam pela quase totalidade dos mu- nicípios da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). O Bilhete Único Integrado é um bilhete que possibilita até quatro viagens, sendo uma de trem ou metrô e as demais no sistema de ônibus da cidade de São Paulo, mediante o pagamento de uma única tarifa de integração. Isso vale para o bilhete comum e vale-transporte. Numa visão que extrapola os limites es- pecíficos da cidade de São Paulo – onde a rede metroviária está fisicamente implan- tada –, cabe registrar que um dos pontos mais significativos apontados pela última Pesquisa Origem e Destino (O/D de 2007) foi o de que a equação da mobilidade ur- bana foi invertida e o transporte coletivo passou a ser mais utilizado (55%) do que o transporte individual (45%) na RMSP. En- tre os principais fatores que explicam essa inversão estão, por um lado, a expansão e racionalização da rede metroferroviária (em particular) e do sistema de transpor- te coletivo (como um todo) no conjunto dos municípios da Grande São Paulo. E, por outro lado, a crescente dificuldade em se rodar com os veículos individuais pelo trânsito engarrafado das cidades da RMSP, especialmente São Paulo. Um efeito cola- teral da introdução do cartão inteligente (Bilhete Único) seria inevitável: a explosão de demanda no Metrô acabou provocan- do a superlotação das composições e das plataformas das estações nos horários de pico. A diretoria do Metrô acata as críti- cas que costumam surgir nessas horas e se entrega com vigor à tarefa de aumentar e adequar a oferta para reduzir os efeitos produzidos por esse aumento repentino de passageiros: está comprando novos trens, expandindo linhas, inaugurando novas es- tações e trocando o atual sistema de si- nalização por outro, muito mais moderno (que permite a diminuição do tempo de intervalo entre os trens). Atualmente o Metrô de São Paulo está vivenciando o processo de moderniza- ção do sistema de sinalização das linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha. Trata-se de um desafio do ponto de vista da engenha- ria, uma vez que, além da substituição de diversos equipamentos e subsistemas, há uma complexidade muito grande no ge- renciamento das diversas empresas e equi- pes que estão participando do processo. A tecnologia do sistema de sinalização, denominada Communication Based Train Control (CBTC), que está sendo adotada nas três linhas, pode ser implantada de forma sobreposta sem afetar o funciona- mento do sistema que está em operação comercial. Além disso, essa tecnologia permite localizar o trem de forma mais precisa se comparada ao sistema atual, e um melhor controle do perfil de velo- cidade do trem, possibilitando melhor aproveitamento da infraestrutura da via permanente, e consequentemente melhor desempenho dos trens na linha com me- lhor utilização dos recursos energéticos. A tecnologia adotada para o sistema de sinalização atual utiliza a técnica de cir- cuitos de via, a qual possui limitações para aproximar os trens. Uma tecnologia inter- mediária é a do “distance to go”, na qual é enviada uma autorização de movimen- tação segura até um determinado ponto na via no qual o trem pode se movimentar com segurança, podendo se utilizar do uso de circuito de via ou decomunica- ção contínua. A tecnologia mais recente é denominada de bloco móvel, que se uti- liza da evolução da telecomunicação para possibilitar a troca de informações entre trem e equipamentos fixos em todos os pontos da linha. Dessa forma, o sistema de sinalização CBTC possibilita aproximar os trens com segurança, proporcionando me- nores intervalos entre trens (headway) e atendendo a demanda de passageiros com maior conforto e rapidez. Atualmente estão em andamento obras de engenharia em quatro linhas de metrô: Linha 2-Verde, a Linha 4-Amarela, a Linha 5-Lilás e a Linha 17-Ouro. Duas delas em monotrilho e duas em metrô sub- terrâneo. Até 2014 serão entregues mais 9 quilômetros da Linha 4-Amarela; mais 8 quilômetros da Linha 17-Ouro (monotrilho que fará a ligação do Aeroporto de Con- gonhas com a rede metroviária); 1 quilô- metro da Linha 5-Lilás; 12 quilômetros da Linha 2-Verde, que vai ser prolongada até o Hospital Cidade Tiradentes. Uma delas, a Linha 4-Amarela – origi- nalmente chamada de Linha Sudeste-Sudo- este –, compreenderá, quando finalizada, o trecho definido pelas estações Luz e Vila Sônia. Serão 11 estações: Vila Sônia, São Paulo-Morumbi, Butantã, Pinheiros, Faria Lima, Fradique Coutinho, Oscar Freire, Pau- lista, Higienópolis-Mackenzie, República e Luz. O primeiro trecho, entre as estações Faria Lima e Paulista, foi inaugurado em maio de 2010, e, depois de mais de um ano operando em horário reduzido, atualmente a linha é operada de segunda a domingo, incluindo feriados, das 4h40 à meia-noite, no trecho entre as estações Luz e Butantã, parando também nas estações República, Paulista, Faria Lima e Pinheiros. A previsão é que a linha esteja totalmente concluída até o final de 2014. Após sua conclusão, será administrada por 30 anos pela empre- sa ViaQuatro, pertencente ao grupo CCR. É a primeira linha de São Paulo a ser operada pela iniciativa privada. Recentemente – em meados de se- tembro – foram inauguradas as duas mais novas estações da Linha 4-Amarela: Luz e República. “A Estação República integra com a Linha 3-Vermelha do Metrô, que é a linha leste/oeste. A Estação Luz integra com a Linha 1-Azul, que é a linha norte/sul, e in- tegra também com três linhas da CPTM: a Linha 7-Rubi, que vai para Jundiaí; a linha 10-Turquesa, que vem do ABC Paulista; e a Linha 11-Coral, que é o Expresso Leste”, disse o governador Geraldo Alckmin, a res- peito da inauguração das duas estações. Num primeiro momento, as duas funcio- naram das 10h00 às 15h00, de segunda a sábado – incluindo feriados. Posterior- mente – em meados de outubro –, tanto Luz e República quanto as demais estações da Linha 4-Amarela passaram a funcionar também aos domingos, das 4h40 à meia- -noite, da mesma forma que a operação comercial das demais quatro linhas me- troviárias da capital paulista. Já estão em funcionamento na Linha 4-Amarela as estações Butantã, Pinheiros, Faria Lima, Paulista, República e Luz. Na segunda etapa da Linha 4-Amarela, prevista para 2013/2014, deverão ser entregues as esta- ções Fradique Coutinho, Oscar Freire, São Paulo-Morumbi, Higienópolis-Mackenzie e, possivelmente, Vila Sônia. Com a con- clusão desta fase, a demanda da Linha 4-Amarela é estimada em 970 000 passa- geiros por dia. Com a inauguração das es- tações Luz e República, a Linha 4-Amarela passa a ter 9 quilômetros de extensão em sua operação comercial. Somados aos 65,3 quilômetros da Companhia do Metrô, to- talizam 74,3 quilômetros de rede metrovi- ária na capital paulista. O total de estações agora é de 64. Seis delas são operadas pela concessionária ViaQuatro e 58 operadas pelo Metrô-SP. Agora, a rede metroviária de São Pau- lo amplia seus pontos de conexão com as integrações possibilitadas pela Linha 4-Amarela. Detalhando melhor o que o governador Alckmin disse: ao longo da sua extensão, a nova linha faz integração físi- ca com a Linha 2-Verde na Estação Pau- lista, com a Linha 3-Vermelha na Estação República e com a Linha 1-Azul na Esta- ção Luz. Ainda na Estação Luz, a Linha 4-Amarela faz também interligação com as linhas 7-Rubi (Luz-Francisco Morato) e 11-Coral (Expresso Leste) da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Outra integração da Linha 4-Amarela ocorre na Estação Pinheiros, com a Linha 9-Esmeralda da CPTM (Osasco-Grajaú), que está conectada com a Linha 5-Lilás do Metrô na estação Santo Amaro (transfe- rência gratuita). — Com a inauguração das Estações Luz e República, da Linha 4-Amarela, em quanto por cento deve cair o núme- ro de pessoas que passam pelas estações Sé e Paraíso? — perguntamos a Sérgio Henrique Passos Avelleda, presidente do Metrô-SP. “Segundo as primeiras medições, com a abertura dessas duas estações, que per- mitem conexões com as linhas 1-Azul e 3-Vermelha, foi registrada a redução de 12% do fluxo de passageiros na Estação Sé, e de 30% na Estação Paraíso. Vamos aguardar os próximos meses, para ver qual será a porcentagem dessas quedas. Em termos qualitativos, no entanto, nós sabe- mos claramente o que está acontecendo. Vamos pegar um desejo de viagem que é muito forte: da zona leste da cidade em di- reção à Avenida Paulista. Pois bem: antes, quem tinha esse desejo de viagem normal- mente ia até a Estação Sé do Metrô, vindo pela Linha 3-Vermelha; da Sé fazia baldea- ção para a Estação Paraíso; e do Paraíso ia até a Avenida Paulista, pela Linha 2-Verde. Com a inauguração da Estação República da Linha 4-Amarela, não faz mais nenhum sentido o usuário proceder dessa maneira. Ele vai seguir dentro do trem até Repúbli- ca e depois seguir até Estação Paulista da Linha 4-Amarela: lá ele já estará na Ave- nida Paulista. Ele vai ganhar muito tempo. Para ter uma ideia: da Estação Luz até a Estação Butantã a viagem levará 12 minu- tos pela Linha 4-Amarela. Hoje entre Sé e Paraíso deve levar uns 15 minutos pela Li- nha 1-Azul. Então, é natural que todo esse desejo de viagem se desloque para a Esta- ção República e ali seja feito. Só esse fator já produz uma redução do movimento na Estação Sé. Outra redução importante da Sé: quem chegava pela CPTM, vindo de Jundiaí pela Linha 7- Rubi, ou vindo de Guaianases pela Linha 11-Coral e indo para Luz – tendo como desejo de viagem a zona oeste da cidade – ele ia para a Sé para pe- gar a Linha 3-Vermelha do Metrô. Agora, esse usuário já não precisa fazer mais isso: ele irá pegar a Linha 4-Amarela na Luz, se dirigirá para República – para acessar a Linha 3-Vermelha do Metrô – ou irá di- reto para a Avenida Paulista. Também há Atualmente o Metrô de São Paulo está em pleno processo de modernização do sistema de sinalização de três linhas METRÔI CAPA ESPECIALENGENHARIA www.brasilengenharia.com.br engenharia 607 / 2011www.brasilengenharia.com.brengenharia 607 / 201154 55 a perspectiva de redução de movimento na Estação Brás, em razão da integração com as linhas da CPTM em Luz. Nós es- tamos estimando que proximamente haja uma redução de 20% no movimento da Estação Sé. Mas esse número ainda precisa ser confirmado pelas análises do setor de planejamento da companhia.” A previsão é de que a nova Estação República receba 100 000 usuários/dia e a nova Estação Luz, 132 000 usuários/ dia. A Linha 4-Amarela já transportava diariamente 200 000 passageiros entre as estações Butantã e Paulista. Com a ope- ração das duas novas estações, e a partir da consolidação do fluxo de passageiros, a demanda diária deverá chegar a 700 000 usuários por dia em 2012. As novas esta- ções, com arquitetura e cores atraentes, contam com bilheterias blindadas, piso tátil, elevadores especiais e escadas ro- lantes “inteligentes”, que funcionam com velocidade reduzida quando não há usu- ários sobre elas, de forma a economizar energia. No caso da Estação Luz da Linha 4-Amarela, o corpo principal é coberto por uma cúpula que permite iluminação e ventilação naturais, possibilitando eco- nomia de 50% nos custos de implantação e manutenção do sistemade ventilação, além de constituir um expressivo elemen- to arquitetônico. Tanto na Estação Luz como na Estação República, o acabamento foi realizado com cerâmicas esmaltadas, nas cores areia, azul, avermelhada e de- talhes em aço inox. Parte das paredes das plataformas recebeu cerâmicas esmaltadas nas cores areia e azul. Os pilares foram re- vestidos em cerâmica na cor avermelhada. Na primeira etapa da Linha 4-Amarela, que abrange as estações Butantã, Pinhei- ros, Faria Lima, Paulista, República e Luz, foram investidos 3,8 bilhões de reais, in- cluindo 450 milhões de dólares a cargo da concessionária privada, que adquiriu os 14 trens, com seis carros cada um, e o sis- tema de sinalização e controle de tráfego dos trens, por meio da tecnologia CBTC. O investimento total na Linha 4-Amare- la será de 5,6 bilhões de reais, incluindo 1,8 bilhão de reais na segunda etapa. Esta etapa será a conclusão da segundo fase: construção de um quilômetro de túnel até a futura Estação Vila Sônia mais a implantação de novos acessos, acabamen- to de obras civis, instalação de sistemas operacionais e equipamentos em quatro estações: São Paulo-Morumbi, Fradique Coutinho, Oscar Freire e Higienópolis- -Mackenzie. A previsão é que as obras restantes sejam finalizadas em 2014. A ex- pectativa é de uma economia substancial de tempo nos deslocamentos das pessoas entre as estações Butantã e Luz, evitando o trânsito sobrecarregado dos corredores viários das avenidas Vital Brasil, Rebouças, Eusébio Matoso e Consolação. Em relação às inovações tecnológicas, os trens da Linha 4-Amarela são equipa- dos com o que há de mais moderno em operação metroviária. A maior novidade é a tecnologia driverless, que permite a operação dos trens sem condutor, usan- do sistema informatizado. Com a opera- ção automática, as velocidades são sempre mantidas dentro dos limites permitidos e reguladas de acordo com a necessidade, possibilitando mais agilidade à operação dos trens e muita segurança. A frota de 14 trens também oferece conforto aos usuários, com ar-condicionado, passagem Emoção. Esse foi o sentimento que marcou a denominação oficial do Centro de Controle Ope- racional para “Edifício Sérgio Eduardo Fávero Salvadori”, em homena- gem ao diretor de enge- nharia e construções do Metrô de São Paulo, fale- cido no último mês de ju- nho. O evento, realizado pouco depois da morte do notável engenheiro, con- tou com a presença do diretor-presiden- te Sérgio Passos Avelleda, do secretário dos Transportes Metropolitanos, Juran- dir Fernandes, de técnicos e gerentes do Metrô e familiares de Salvadori. Na ocasião, a cerimônia foi aberta com as palavras do presidente. Em um discurso objetivo e emocionado, Avelleda agra- deceu a presença de todos e reforçou a importância de Sérgio Salvadori para a Companhia. “Essa homenagem é em reconhecimento a tudo que ele fez por nós. Salvadori liderou uma geração de engenheiros. Sua essência está nos nossos túneis, em nossas construções. O CCO é a alma do Metrô e é por isso que escolhemos esse prédio para lem- brarmos o nome dele.” O secretário Jurandir Fernandes fa- lou sobre o lado humano do homenage- ado. “Ele era uma simpatia. Tinha uma verdadeira paixão por tudo que fazia. Uma pessoa respeitada por todos, con- tou. Nesse momento, Fernandes presen- teou a viúva Regina com uma placa em memória a Salvadori e os filhos Paula, Renato e Raquel, com um ramalhete de flores. Para registrar a nomeação do prédio, o presidente, o secretário, familiares e Esta reportagem é dedicada à memória do engenheiro Sérgio Salvadori todos os presentes inau- guraram uma placa per- manente, que ficará nas dependências do local. Nela, estão gravados os seguintes dizeres: “Ho- menagem ao engenheiro, especialista em grandes estruturas que, com dedi- cação, participou ativa- mente da construção das linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha, 4-Amarela e 5-Lilás”. Uma segunda placa pode ser vista na fachada do CCO. A família de Sérgio Salvadori tam- bém quis deixar seu depoimento, por meio de uma das filhas, a Raquel. “O Metrô era a segunda casa do meu pai. Ele sempre falava empolgado de todas as conquistas da equipe. Tenho certeza que, hoje, ele está aqui presente, emo- cionado e agradecido.” Para encerrar o evento, a famí- lia foi convidada a conhecer o “co- ração” do CCO, a sala de monitora- mento de todo o sistema metroviário. Construtor de túneis – Sérgio Salva- dori estava com 65 anos e faleceu em sua residência. Sua carreira no Metrô começou em 1975. Salvadori atuou di- retamente na construção de todas as li- nhas, ocupando seis cargos, desde enge- nheiro sênior até diretor de engenharia e construções. Especialista em grandes estruturas, Sérgio era um admirador da construção de túneis e participou das diversas utilizações de grandes tunela- doras (shield, “megatatuzão”) em obras do Metrô. No início deste ano, ele foi convidado para exercer novamente o cargo de diretor de engenharia e cons- truções do Metrô, função que exerceu até o seu falecimento. FO TO : A RQ U Iv O METRÔI CAPA ESPECIALENGENHARIA www.brasilengenharia.com.br engenharia 607 / 2011www.brasilengenharia.com.brengenharia 607 / 201156 57 livre entre carros (salão contínuo), baixo nível de ruído e permite a comunicação direta com o centro de controle. As esta- ções da Linha 4-Amarela são dotadas de portas de plataforma, separando a pla- taforma das estações das vias dos trens. Essas portas se abrem simultaneamente com as do trem, que estaciona no pon- to exato das entradas e saídas dos usu- ários, garantindo maior segurança no embarque e desembarque de usuários. * * * A Linha 5-Lilás, por seu lado, está en- volvida num contencioso judicial. A linha é constituída pelo trecho compreendido entre as estações Capão Redondo e Largo Treze. Prevê-se para 2015 sua integração com a Linha 1-Azul, na Estação Santa Cruz, e com a Linha 2-Verde, na Estação Chácara Klabin. O citado contencioso cul- minou, do dia 3 de novembro último, com o promotor Marcelo Camargo Milani, do Ministério Público de São Paulo, ajuizando na 9ª Vara da Fazenda de São Paulo uma ação civil pública pedindo o afastamen- to do presidente do Metrô de São Paulo, Sérgio Henrique Passos Avelleda. A ação pediu ainda a anulação dos contratos de extensão da Linha 5-Lilás e fixou uma indenização bilionária. A Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social deu valor de 12,14 bilhões de reais à causa. Segundo a ação, houve irregula- ridades na licitação e prejuízo aos cofres públicos. Em abril de 2010, o jornal “Folha de S.Paulo” havia publicado o nome das empresas vencedoras da licitação antes da abertura dos envelopes com as propostas dos concorrentes. As obras foram suspen- sas, mas há três meses o governo estadual decidiu dar continuidade à assinatura dos contratos. Segundo a assessoria do gover- no do Estado, “não há fundamento jurí- dico que justifique a anulação da concor- rência ou a imputação, ao presidente do Metrô, da prática de ato de improbidade”. A seguir, transcrevemos na íntegra a nota enviada à REVISTA ENGENHA- RIA pela Secretaria de Comunicação (Se- com), que é o órgão central do Sistema de Comunicação do Governo do Estado (Sicom) e tem o objetivo de informar o público sobre as ações da administração estadual. “Não há qualquer fundamen- to jurídico que justifique a anulação da concorrência em questão ou a imputa- ção, ao presidente do metrô, da prática de ato de improbidade administrativa. A legalidade do edital já foi aprovada tanto pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) quanto pelo Conselho Superior do próprio Ministério Público. Já a cláusula ques- tionada pelo promotor foi analisada pelo Judiciário em duas oportunidades, em primeira e segunda instâncias, inclusive com parecer favorável do Ministério Pú- blico. Em ambas, foi considerada válida. A decisão de prosseguir com a licitação foi tomada pela Diretoria do Metrô (órgão colegiado),e não pessoalmente por seu presidente. Aliás, as alegações imputadas pelo promotor ao presidente do Metrô são totalmente incabidas. Entre elas, a de que o dirigente do Metrô deveria mover ‘me- didas judiciais’ contra o jornal ‘Folha de S. Paulo’. Sem os elementos para a anu- lação da concorrência, eventual cance- lamento geraria turbulência jurídica e o eventual pagamento de indenização por descumprimento do contrato sem motivo comprovado, trazendo enorme passivo aos cofres públicos.” A Linha 5-Lilás começou a ser constru- ída em 1998 de Capão Redondo até o Largo Treze, em Santo Amaro, com 8,4 quilôme- tros de extensão. Este trecho foi executa- do pela Companhia Paulista de Trens Me- tropolitanos (CPTM). Dos 8,4 quilômetros, sete foram em elevado. Com a obra pronta em 2002, o Metrô passou a ser responsá- vel pela operação e manutenção deste tre- cho. A complementação da Linha 5-Lilás, de responsabilidade do Metrô-SP, chegará à Estação Chácara Klabin, com o traçado sob as avenidas Adolfo Pinheiro, Santo Amaro, Vereador José Diniz, Ibirapuera e Rua Pedro de Toledo. A expansão da Linha 5-Lilás terá 11,5 quilômetros de extensão e 11 estações, além de ventilações e saídas de emergências e o pátio de manutenção Guido Caloi na Marginal Pinheiros: Adolfo Pinheiro, Alto da Boa Vista, Borba Gato, Brooklin-Campo Belo, Água Espraiada, Ibirapuera, Moema, Servidor, Vila Cle- mentino, Santa Cruz e Chácara Klabin. Com um ano de atraso, a ordem de serviço para o início da construção do trecho até a Chácara Klabin foi assinada em outubro de 2010, com previsão do início das obras para até o fim de novembro. Alguns dos motivos que causaram o atraso foram uma ação civil pública aberta pelo Ministério Público Estadual em 2009 e contestações apresentadas ao Tribunal de Contas Esta- dual por empreiteiras que queriam partici- par da concorrência pública. Àquela altura cerca de 60% dos 360 imóveis previstos para ser desapropriados já tinham sido desocupados. Entretanto, a licitação foi suspensa no final de 2010, após suspeita de conluio de empresas. Segundo relatório da Corregedoria Geral da Administração do Estado de São Paulo, elaborado pouco depois da suspensão da licitação, não se identificou irregularidade na conduta de agentes públicos, mas, sim, entre as em- presas que participaram da licitação para a extensão da Linha 5-Lilás, o que conotaria fraude ao caráter competitivo da licitação. A defesa dos vencedores da licitação ain- da não havia sido feita, mas reportagem do “Jornal da Tarde” em 31 de janeiro de 2011 dava como mais provável a realização de novo processo de licitação. Esse novo atraso fez o presidente do Metrô, Sérgio Avelleda, empossado naquele mês de ja- neiro, avisar que inaugurar a linha inteira até 2014 seria impossível. Pouco depois disso, em 19 de maio, o presidente do Me- trô anunciou na Rádio Bandeirantes, em entrevista ao jornalista Milton Parron, no programa “Ciranda da Cidade”, a retoma- da das obras de expansão da linha, já que não haviam sido comprovadas suspeitas de fraude na licitação. A expansão da Linha 5-Lilás será in- tegralmente subterrânea. Atualmente, a linha encontra-se em operação até a Es- tação Largo Treze em Santo Amaro, zona sul da cidade de São Paulo. Dessa esta- ção, o traçado desenvolve-se sob a Aveni- da Adolpho Pinheiro até a Avenida Santo Amaro, de onde segue até as proximidades da Avenida dos Bandeirantes. Ao longo desse trecho, cinco novas estações aten- derão os bairros de Santo Amaro, Alto da Boa Vista, Brooklin e Campo Belo. Da Avenida dos Bandeirantes, o traça- do ruma em direção à Avenida Ibirapuera e por ela se desenvolve até o Parque das Bicicletas (ao lado do Hospital do Servidor Público), atendendo basicamente o Bairro de Moema com duas estações. Desse pon- to em diante, o traçado da via segue sob a Rua Pedro de Toledo até a Avenida Do- mingos de Morais, com mais três estações ao longo desse percurso. A última, junto à avenida, contendo uma conexão com a Estação Santa Cruz da Linha 1-Azul. Após cruzar a Avenida Domingos de Morais, o traçado se desenvolve em direção à Es- tação Chácara Klabin da Linha 2-Verde, onde uma nova estação será construída de modo a conectar essas duas linhas. Em relação aos métodos construtivos, a expansão da Linha 5-Lilás utilizará nos trechos de via apenas os métodos sub- terrâneos, tais como: VCA (trincheira ou vala a céu aberto), túnel mineiro (também conhecido como Novo Método Austríaco para a Construção de Túneis, cuja sigla é NATM), túneis mecanizados executados por máquinas tuneladoras, as chamadas TBMs (Tunnel Boring Machines), shield singelo, shield duplo – e no Pátio Guido Caloi, o método em superfície. Uma ten- dência é a utilização de poços múltiplos circulares nas estações. Cinco no total de 11 estações da expansão terão este mé- todo construtivo. Os poços circulares, por trabalharem predominantemente a esfor- ços normais de compressão, resultam em espessuras muito menores das que seriam obtidas em poços retangulares. O trava- mento horizontal no encontro dos poços é feito através de vigas-estroncas. O trecho Largo Treze-Adolfo Pinheiro será servido com a Estação Adolfo Pinhei- ro e a Ventilação e Saída de Emergência Delmiro Sampaio. O traçado dessa expan- são inicia-se no Poço Largo Treze, locali- zado ao Norte da Estação Largo Treze atu- almente em operação. A partir desse poço, serão construídos 400 metros de túnel de via dupla pelo método NATM sob a Ave- nida Adolfo Pinheiro. Esse túnel interliga- rá o poço com a Estação Adolfo Pinheiro, localizada entre as ruas Isabel Schmidt e Padre José de Anchieta. Ainda nesse tre- cho, será construído o poço de ventilação e saída de emergência (VSE) Delmiro Sam- paio, que compreenderá a construção de um poço de acesso e um túnel de ligação, ambos pelo método NATM. É desse poço que ocorrerão as frentes de escavação dos túneis de via em direção ao Poço Largo Treze e a Estação Adolfo Pinheiro. A Estação Adolfo Pinheiro será execu- tada a partir da construção de cinco poços secantes de grande diâmetro. Trata-se da primeira estação executada pelo método de cinco poços secantes no Brasil. Nessa metodologia executiva, os poços extremos e central são inicialmente escavados, im- permeabilizados, e têm sua estrutura in- terna executada. Esta estrutura apresenta vigas-estroncas cuja responsabilidade é a de suportar as cargas atuantes sobre a casca dos poços intermediários, ou tam- bém chamados poços pares. O suporte das escavações é realizado em concreto proje- tado reforçado com tela metálica, o qual não é considerado para o dimensionamen- to das estruturas internas de contenção e travamento em concreto moldado. Em se- guida, são iniciadas as escavações dos po- ços pares, cujo suporte também se cons- titui de concreto projetado reforçado com tela metálica. Esse suporte se apoia sobre as estruturas dos poços ímpares e sua co- nexão foi projetada de modo a possibilitar a demolição de parte do suporte dos poços ímpares na medida em que as escavações dos poços pares progridem. A via entre a Estação Adolfo Pinheiro e o VSE Bandeirantes, por sua vez, terá trechos executados pelo método NATM, e trechos executados com máquinas tune- ladoras de 6,90 metros de diâmetro para via singela. O primeiro trecho em NATM situa-se entre a Estação Adolfo Pinheiro e o poço de ataque às obras Conde de Itu. Esse poço foi projetado unicamente para a partida das máquinas tuneladoras para via singela, devendo ser executado com pare- O investimento total na Linha 4-Amarela será de 5,6 bilhões de reais, incluindo 1,8 bilhão de reais na segunda etapa METRÔI CAPA ESPECIALENGENHARIA www.brasilengenharia.com.br engenharia 607 / 2011www.brasilengenharia.com.brengenharia 607 / 201158 59 des diafragmas. Ao término das obras, o Poço Conde de Itu deverá ser reaterrado. As máquinas partirão do Poço Conde de Itu e prosseguirão sob a Avenida Adolfo Pinheiro até a margem oesteda Avenida Santo Ama- ro, por onde seguirão até a VSE Bandeiran- tes. No caminho, as máquinas passarão pe- las estações Alto da Boa Vista, Borba Gato, Brooklin-Campo Belo e Água Espraiada. Foi previsto que as máquinas passem por essas estações de forma arrastada. Ainda nesse trecho haverá um túnel de via dupla em NATM destinado à implantação de apare- lhos de mudança de via, localizado entre as estações Brooklin-Campo Belo e Água Es- praiada. Nesse túnel, as máquinas também deverão ser arrastadas antes de partirem para a travessia sob a Avenida Jornalista Roberto Marinho. Ao longo do percurso, as máquinas passarão por sob duas travessias de córregos já canalizados. Na travessia sob a Avenida Roque Petroni Júnior, as má- quinas atravessarão o Córrego do Cordeiro enquanto que na travessia da Avenida Jor- nalista Roberto Marinho as máquinas atra- vessarão o Córrego das Águas Espraiadas. A decisão pela travessia da Avenida Jornalista Roberto Marinho com as máquinas tune- ladoras está baseada nos condicionantes geológicos e nos aspectos de segurança e riscos envolvidos. As estações Alto da Boa Vista e Bor- ba Gato serão executadas em valas a céu aberto (VCA) com o emprego de paredes diafragma e tirantes. Essas estações serão impermeabilizadas com geomembranas po- liméricas e terão um revestimento secun- dário em concreto moldado. São estações profundas e por premissa de projeto não foi empregada a solução de rebaixamento do lençol freático, obrigando as conten- ções a estarem dimensionadas para todo o carregamento hidrostático. As estações Brooklin-Campo Belo e Água Espraiada serão executadas nos moldes da Estação Adolfo Pinheiro, com cinco poços secantes. Essas estações situam-se sob fundo de vale e deverão ter paredes diafragma plásticas e rebaixamento provisório com poços para bombas submersas para permitir com que as escavações progridam de forma segu- ra. É importante ressaltar que o sistema de rebaixamento será desativado com a con- clusão das estruturas interna de contenção dos poços pares. Ainda na Estação Água Espraiada está prevista a futura conexão com a Linha 17-Ouro em monotrilho. A implantação da Estação Água Espraiada também exi- giu uma compatibilização com o projeto da prefeitura paulistana para um viaduto a ser construído na Avenida Santo Amaro (sobre a Avenida Jornalista Roberto Mari- nho), que deverá ser executado juntamen- te com a estação. A Saída de Emergência (SE) Bandei- rantes será construída em vala a céu aber- to (VCA) e servirá tanto para o desembo- que e retirada das máquinas tuneladoras singelas quanto para montagem e a par- tida da máquina tuneladora que escavará os túneis de via até o Poço Dionísio da Costa. Também nessa área será implanta- da a subestação primária necessária para a operação da linha. A principal característi- ca dessa obra é a adoção da metodologia executiva de método invertido para as es- cavações. Inicialmente serão executadas as contenções com paredes diafragma e, em seguida, será executada a laje de cobertu- ra da vala. As escavações ocorrerão sob a laje até o segundo nível de travamento, o qual se constituirá de vigas-estroncas em concreto moldado. As escavações então prosseguirão até a cota de fundo da vala, e os demais níveis de travamento serão tirantes provisórios diante da necessidade em manter um espaço livre para as máqui- nas tuneladoras. Os túneis em NATM e os poços de acesso terão o seu suporte em concreto projetado e o seu revestimento definitivo em concreto moldado. As estru- turas em vala de poços e de estações serão executadas em parede diafragma e terão uma parede interna em concreto armado. Em relação ao trecho Bandeirantes- -Chácara Klabin, o segmento entre o Poço Bandeirantes e o Poço Dionísio da Costa será escavado por uma única máquina tu- neladora de via dupla. Os túneis serão de via dupla com passarelas de emergência nas laterais do túnel, e as estações com plataformas laterais. A máquina partirá do Poço Bandeirantes. De lá seguirá, por 465 metros, em direção à Estação Ibirapuera. A tuneladora deverá atravessar quadras de uso residencial ao longo desse percurso. Nesse trecho, além da SE Bandeirantes, está prevista a construção da VSE Iraú- na, constituído de um poço e de um túnel de ligação perpendicular à via, executa- dos em NATM. A Estação Ibirapuera está localizada na Avenida Ibirapuera, entre a Avenida Cotovia e a Rua Jacira, sendo concebida para ser executada em vala a céu aberto (VCA). Da Estação Ibirapuera a máquina tuneladora seguirá sob o leito da Avenida Ibirapuera até alcançar a Esta- ção Moema, também a ser executada em vala, e localizada entre as avenidas Jama- ris e Juriti. Esse percurso apresenta uma extensão de 923 metros e contará ainda com a construção de dois poços: VSE Rou- xinol e SE Jandira. Ambos os poços conta- rão com um poço de acesso e um túnel de ligação perpendicular à via, e executados pelo método em NATM. Tanto a Estação Ibirapuera, quanto a Estação Moema terão o seu sistema de contenção com paredes diafragma e tirantes. Dadas às particula- ridades geológicas locais, o nível d’água superior não será rebaixado. Partindo da Estação Moema, a máqui- na seguirá em direção à Estação Servidor, localizada junto ao Hospital do Servidor, na Rua Pedro de Toledo, em um percurso de 1 108 metros. Esse trajeto ocorre sob a Avenida Ibirapuera até a travessia da Ave- nida República do Líbano, de onde des- viará do eixo da avenida em direção à Rua Pedro de Toledo. A Estação Servidor, executada pelo método do VCA invertido, terá sua con- tenção baseada no emprego de estacões de grande diâmetro e concreto projetado. Para permitir o arraste da máquina tunela- dora pelo corpo da estação, os níveis infe- riores de travamento serão realizados com tirantes. Partindo da Estação Servidor, a máquina tuneladora seguirá por mais 539 metros de escavação sob a Rua Pedro de Toledo em direção à Estação Vila Clemen- tino, sob o leito da Rua Pedro de Toledo, a ser escavada em NATM. O eixo da estação encontra-se sob a Rua Pedro de Toledo, de modo que as escavações do túnel de plataforma ocorram a partir de um túnel de ligação, o qual se encontra conectado a um poço de acesso em formato de óculos. Da Estação Vila Clementino, a máquina escavará mais 562 metros sob a Rua Pe- dro de Toledo em direção à Estação Santa Cruz, composta por um poço de acesso, túnel de ligação e túnel plataforma exe- cutado sob a Rua Pedro de Toledo. Essa estação fará conexão com a Estação Santa Cruz da Linha 1-Azul, atualmente em ope- ração, através de VCA e túnel de acesso que passará sob a estação da Linha 1-Azul, situada na Avenida Domingos de Moraes. Isso exigirá o tratamento prévio do maci- ço a ser efetuado através da cravação de enfilagens tubulares a partir de valas exe- www.odebrecht.com Se o desafio é melhorar a vida das pessoas, nós ajudamos as cidades a encontrar seus caminhos. São Paulo, Brasil. Aqui, a Odebrecht está mostrando por que é considerada, hoje, uma das maiores especialistas na construção de metrôs no mundo. Ao participar da execução de parte das obras da Linha 2 e da construção da Linha 4, a empresa ajuda a integrar pessoas a seu trabalho, gerar renda e promover o desenvolvimento da capital paulista. Em cada etapa de cada uma dessas obras, a Odebrecht coloca mais de 60 anos de tecnologia acumulada em grandes desafios de engenharia. E o mais importante: coloca tudo isso a serviço da mobilidade do ser humano, aquele que vive e faz a riqueza das nossas cidades. Metrô São Paulo – Linha 2 (Verde) – Estação Santos – Imigrantes Metrô São Paulo – Linha 2 (Verde) – Estação Alto do Ipiranga Metrô São Paulo – Linha 4 (Amarela) – Estação Faria Lima Metrô São Paulo – Linha 4 (Amarela) AN_METRO_SP_21x28CM.indd 1 26/10/11 11:52 O Brasil tem hoje 990 km de linhas de trens urbanos e metrôs. E passaram de 15 para 17 os sistemas em operação no país METRÔI CAPA ESPECIALENGENHARIAwww.brasilengenharia.com.br engenharia 607 / 2011www.brasilengenharia.com.brengenharia 607 / 201160 61 cutadas adjacentes a essa avenida. Após esse trecho, a máquina tunela- dora seguirá por mais 961 metros em di- reção à Estação Chácara Klabin, onde fará conexão com a Linha 2-Verde, atualmente em operação. Esse percurso será caracte- rizado pela travessia sob a Linha 1-Azul e pela escavação sob quadras residenciais antes de desembocar na estação. A Esta- ção Chácara Klabin será executada parte em vala a céu aberto e parte em NATM. A conexão com a Linha 2-Verde ocorrerá sob o trecho já executado, aproveitando as estruturas projetadas para esse fim. No último trecho de escavação da extensão da Linha 5-Lilás, a tuneladora partirá por mais 586 metros de escavação, saindo da Estação Chácara Klabin e finalizando no VSE Dionísio da Costa, onde ocorrerá o desmonte e a retirada da máquina. Em relação às tuneladoras, para a Linha 5-Lilás estão previstas três máquinas para escavar os trechos em via, sendo duas má- quinas de 6,90 metros de diâmetro e uma de 10,57 metros de diâmetro, todas prova- velmente do tipo Earth Pressure Balance (EPB). As tuneladoras EPB têm sido utili- zadas com bastante sucesso em túneis ur- banos e em condições difíceis. As primeiras máquinas escavarão o trecho em via singela entre a Estação Adolfo Pinheiro e Poço de Ventilação e Saída de Emergência Bandei- rantes, enquanto que a máquina de grande diâmetro partirá desse ponto em direção ao Poço de Ventilação e Saída de Emergência Dionísio da Costa, localizado após a Esta- ção Chácara Klabin da Linha 2-Verde. No primeiro trecho, as máquinas deverão es- cavar solos residuais de gnaisse graníticos com fragmentos de rocha e sedimentos ter- ciários da Formação Resende, em condições geológicas muito semelhantes ao primeiro trecho escavado pela máquina tuneladora da Linha 4-Amarela. Nesse trecho, ainda, as máquinas deverão escavar sob os córregos do Cordeiro na Avenida Roque Petroni e o Córrego das Águas Espraiadas, locais com baixa cobertura e com a presença de solo mole aluvionar. Já a máquina tuneladora do segundo trecho deverá escavar solos es- sencialmente sedimentares das formações Resende e São Paulo. * * * Desde o seu nascimento, o Metrô de São Paulo inaugurou um novo tipo de or- ganização do transporte público coletivo na cidade de São Paulo. O modelo antigo – do tipo “ligação ponto a ponto” – foi substituído por outro, do tipo “tronco- -alimentado”. Este é formado por linhas capilares que alimentam linhas arteriais (ambas rodando sobre pneus de ônibus), as quais, por sua vez, são tributárias de linhas troncais sobre trilhos. Cada cone- xão dessas tem capacidades de transpor- te progressivamente maiores. Mais tarde (nos últimos seis anos), esses modelos evoluíram para outro paradigma organi- zacional: o modelo “em redes”, que são múltiplas, complementares e sobrepos- tas. Este modelo está agora em vias de ser expandido para outros municípios da RMSP, além da capital paulista. Hoje, os três modelos coexistem simultaneamente na cidade de São Paulo e funcionam de forma integrada, tanto do ponto de vista tarifário quanto do ponto de vista físico e operacional. A integração institucional, no entanto, vem caminhando lentamente – embora já dê sinais de avanços signi- ficativos após a reativação do Conselho Diretor de Transporte Integrado (CDTI), que reúne Estado e municipalidade pau- listana para promover ações conjuntas, assim como com as propostas recentes de consorciamento de outros municípios às redes já integradas. Nesta última déca- da, que abarcou três governos sucessivos (nem sempre do mesmo partido político), o resultado concreto das sucessivas me- lhorias oferecidas aos usuários do trans- porte público e coletivo da cidade de São Paulo foi surpreendente. A acessibilidade ao território urbanizado da cidade (que tem 900 quilômetros quadrados, dos 1 500 quilômetros totais) hoje permite que se encontre qualquer um dos 21 000 pontos de embarque tendo que deslocar- -se a pé não mais do que 500 metros, des- de a origem da viagem até o seu destino. Em relação ao transporte sobre trilhos, o tom durante a recente 17ª Semana de Tecnologia Metroferroviária foi de otimis- mo quanto às perspectivas de ampliação da rede sobre trilhos. O evento foi reali- zado em meados de setembro passado em São Paulo e promovido pela Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (AEAMESP). De acordo com as sessões técnicas realizadas durante o encontro, o Brasil tem hoje 990 quilômetros de linhas de trens urbanos e metrôs, passou de 15 para 17 sistemas em operação no país e um número crescente de passageiros: em 2010, o último ano com dados fechados, alcançou-se a marca de 2,26 bilhões de passageiros transportados. Esta demanda representou um acréscimo de 8,25 %, em relação a 2009. É certo que cerca de 90% desses passageiros estão nas duas maio- res metrópoles do país, São Paulo e Rio de Janeiro, mas nos outros grandes centros e capitais há uma vontade de melhorar os sistemas e integrá-los mais adequadamen- te aos outros sistemas de transporte. Além disso, outros centros importantes estudam alternativas para também contar com os trilhos como parte da oferta de transporte público urbano. Os engenheiros do setor relacionaram os itens que justificam a crença de que o futuro do Brasil está nos trilhos. Segun- do eles, no transporte de passageiros nos centros urbanos, os modos sobre trilhos atendem a demandas que requerem altas e médias capacidades de transportes (30 000 a 70 000 passageiros/hora/sentido); os sis- temas de alta capacidade (metrôs e trens metropolitanos) são estruturadores tron- cais do sistema de transporte; contribuem para reduzir os níveis de poluição e de do- enças respiratórias, por utilizarem energia elétrica, limpa e renovável; contribuem com a revitalização de regiões degradadas nas cidades; contribuem com a valorização imobiliária por onde passam; são alterna- tivas de solução para corredores de ônibus saturados ou que não podem ser ampliados pela falta de espaço; quando segregados, propiciam as maiores velocidades médias e um maior grau de automação que resultam em diminuição dos tempos de viagens e menores custos operacionais; produzem o maior benefício socioeconômico e ambien- tal para as cidades. Também no caso do transporte de pas- sageiros nas ligações de médias e longas dis- tâncias, os modos sobre trilhos: não reque- rem o pagamento de pedágios; permitem reduzir os tempos de viagens em relação ao modo rodoviário que perde velocidade nas saídas e chegadas das grandes metrópoles; permitem reduzir os tempos de viagens, em relação ao modo aéreo para distâncias entre 250 quilômetros e 600 quilômetros, no caso do uso de trens de alta velocida- de (TAVs); o TAV oferece maior nível de conforto, em relação ao modo rodoviário, tanto coletivo quanto individual, e permi- te que se utilizem serviços de alimentação, sem que se pare e se interrompa a viagem. Finalmente, em relação ao transporte de cargas, o modo sobre trilhos: reduz o pre- ço dos fretes para grandes volumes e longa distâncias; economiza combustíveis, pela não utilização de milhares de caminhões para transportar o mesmo volume da carga, o que contribui para reduzir os índices de poluição nas cidades; contribui para redu- zir os congestionamentos nas entradas e saídas das cidades. Notícias veiculadas pela imprensa na primeira quinzena de novembro dão conta que, com previsão de 6 bilhões de reais em encomendas nos próximos três anos, a indústria ferroviária de passageiros se prepara para apresentar soluções de trens regionais ao país. Usada em larga escala na Europa e na Ásia, essa modalidade trans- porta passageiros numa distância média de 100 quilômetros a uma velocidade mé- dia de 170 quilômetros por hora. O pri- meiro do país deve ficar pronto até 2015. Existe no mercado a expectativa de que o governo do Estado de São Pauloanuncie para janeiro de 2012 o edital da linha entre a capital paulista e a cidade de Jundiaí. A linha terá 45 quilômetros de extensão e o tempo de viagem é estimado em 25 mi- nutos. Os estudos da linha São Paulo-So- rocaba também estão adiantados, e os da São Paulo-Santos devem ser contratados ainda neste ano. Já o plano do governo fe- deral de 14 linhas regionais pelo país ain- da carece de estudos mais detalhados. As empresas Alstom e Bombardier acreditam que os trens regionais vão ser parte de um boom de encomendas de equipamentos ferroviários de passageiros no Brasil, para solucionar os problemas de mobilidade das grandes cidades nos próximos anos. Segundo confirmou o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, na aber- tura do Seminário Negócios nos Trilhos, no dia 8 de novembro último, em São Paulo, o setor ferroviário está em franca expansão. “O Brasil assiste hoje a um momento ani- mador do campo ferroviário e uma traje- tória ascendente da indústria fornecedora dos investimentos em infraestrutura pelos governos, e com perspectivas de expansão da atividade de transporte de carga e de passageiros”, disse. Passos ressaltou ainda os investimentos da indústria e a presen- ça de novos players internacionais como a segunda fábrica de locomotivas no país, da Progress Rail, em Sete Lagoas (MG); a primeira fábrica da Bombardier e a fábri- ca de trens de passageiros CAF, ambas em Hortolândia (SP); a expansão das indús- trias de vagões – como Randon, Maxion e Usimec – e as de componentes (Alstom, AmstedMaxion), que compõem um parque de 127 novas indústrias que inclui as que se expandiram para atender ao setor. Na ocasião, o presidente do Metrô de São Paulo, Sérgio Avelleda, também desta- cou a disposição do governo federal e do Estado de São Paulo em investir no setor metroferroviário. Mas criticou os obstá- culos para a execução dos projetos, que ameaçam comprometer a aplicação dos re- cursos disponíveis, como o excesso de bu- rocracia e de controles e das dificuldades para se obter o licenciamento ambiental. Avelleda citou que o Metrô de São Paulo traz uma economia de 5 bilhões de reais em energia e em redução de emissões ao substituir o transporte individual e que é tratado pelos órgãos de controle de meio ambiente como se fosse uma indústria química. Ele sugeriu mudanças na legis- lação para agilizar os processos para que os prazos sejam cumpridos e os recursos aplicados nos prazos estabelecidos. O Metrô-SP quer aproveitar o crescente número de projetos no segmento e expandir sua atuação pelo país inteiro METRÔI CAPA ESPECIALENGENHARIA www.brasilengenharia.com.br engenharia 607 / 2011www.brasilengenharia.com.brengenharia 607 / 201162 63 Enquanto o modal aéreo é alvo de atenções quando o assunto são ne- gócios no setor de infraestrutura de transportes, graças às visadas conces- sões de aeroportos anunciadas pelo go- verno neste ano, nem todos percebem as oportunidades que surgem na par- te subterrânea. O Metrô de São Paulo quer aproveitar o crescente número de projetos no segmento e expandir sua atuação para outras cidades e estados. Além de prestar serviços de consul- toria, o objetivo é disputar licitações para construir e operar novos sistemas de metrô pelo país – inclusive por meio de consórcios. Para tal, foi criada uma unidade dentro da empresa exclusi- vamente voltada à prospecção desses negócios. O governo do Estado do Rio de Janeiro já recebeu um protocolo de intenções da empresa, comunicando formalmente o interesse. Além disso, representantes da empresa têm se reu- nido com os responsáveis pelo projeto de metrô em desenvolvimento na cida- de de Curitiba (PR), atualmente sem o modal. Ninguém ignora que o Metrô- -SP é a empresa com mais experiência nesse segmento no país. Em certo sen- tido, o Metrô-SP se espelha numa ex- pansão semelhante à da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que, apesar do nome e de ser controlada pelo governo esta- dual, há dois anos atua em diferentes unidades federativas (além de ter ações negociadas na bolsa). Uma das princi- pais inspirações para o novo projeto de expansão, no entanto, vem das compa- nhias operadoras de metrô europeias. Uma delas é o metrô da capital espa- nhola Madri, que oferece consultoria, desenho, desenvolvimento e operação de novos projetos em diferentes países europeus. — Além de prestar serviços de con- sultoria, o objetivo do Metrô é realmen- te disputar licita- ções para construir e operar novos sis- temas de metrô pelo país – inclusive por meio de consórcios? — quisemos confe- rir com o presidente Sérgio Avelleda. “Nós não vamos fazer investimentos monetários em ou- tros sistemas. Nós não vamos gastar dinheiro. Nós so- mos essencialmente prestadores de ser- viços. E assim que- remos continuar. Nós queremos dar consultoria tanto na parte de concep- ção, planejamento e modelagem, como na de implantação de linhas de metrô no Brasil e no exterior. Não só queremos como já fazemos isso há muito tempo. Nós queremos incrementar essa ativi- dade. Em segundo lugar: nós queremos participar de licitações como membros de consórcios para dar consultoria de operação. Para participar de concessões de outros modelos. No modelo da Linha 4-Amarela, por exemplo, o metrô de Pa- ris participou da licitação como mem- bro do consórcio e com a tarefa de dar consultoria – como de fato até hoje dá –, para a ViaQuatro operar essa nova li- nha de metrô. Isso é o que nós estamos querendo fazer.” — Por falar em Linha 4-Amarela, ela vai mesmo chegar até o Pari? — pedimos que Avelleda esclarecesse. “Há, de fato, esse estudo. Vamos en- tão voltar lá para a ‘antiguidade’ do Metrô [risos]: o projeto da Linha 4 previa uma linha que saía do Tatuapé e passava pela Luz – portanto atravessava o Pari. No iní- cio, o projeto era Tatuapé-Vila Sônia. Aí houve um corte: ela termina na Luz e tudo o mais. Acontece que o túnel de manobra depois da Luz já tem uma flexão à direi- ta de quem está olhando para a Luz, no sentido do Pari. Portanto, ao se fazer o túnel de manobra – que poderia ser sim- plesmente reto – tenho certeza que se estava se respeitando aquela diretriz ori- ginal. Então passa a ser tentador atender uma comunidade daquela região, que é bastante grande e tem bastante desejo de viagem através da Linha 4-Amarela. Nós estamos estudando. Isso é objeto de uma reflexão aqui dentro, de planejamento. Não há projeto funcional ainda dessa linha.” — Voltando aos novos negócios: qual a meta de conquista de clientes até o fim de 2011 e anos se- guintes? — indaga- mos de Avelleda. “Nós, de fato, criamos uma unida- de dentro da empre- sa exclusivamente voltada à prospec- ção desses novos negócios. A meta deste ano já foi al- cançada. Já temos O Metrô-SP está proporcionando cada vez mais qualidade de vida à população, investindo em tecnologia, eficiência, segurança, cultura e arte no transporte coletivo de passageiros. O Consórcio Projetista Linha 4 orgulha-se em participar dos projetos do Metrô-SP. CONSÓRCIO PROJETISTA LINHA F o to : R o g e r D ip o ld O presidente Avelleda e os novos horizontes do Metrô Sérgio Henrique Passos Avelleda, presidente do Metrô de São Paulo FO TO : A N D RÉ s IQ U EI RA FO TO : l EO N A RD O m O RE IR A METRÔI CAPA ESPECIALENGENHARIA www.brasilengenharia.com.br engenharia 607 / 2011www.brasilengenharia.com.brengenharia 607 / 201164 65 os primeiros negó- cios: o metrô de For- taleza; um protocolo de intenções com o governo do Estado do Rio de Janeiro; e estamos prospec- tando Curitiba, no Paraná, e Cuiabá, no Mato Grosso. Queremos participar desses projetos. Va- mos ter uma reunião com o gestor des- sa nova unidade de negócios – o engº Conrado Grava de Souza, ex-diretor de operações do Metrô de São Paulo –, em que nós vamos es- tipular ou começar a conversar o plano de negócios para 2012. Adianto, porém,que até o final de 2012 a gente quer ter um contrato – fruto de uma licitação, participando como membro de consór- cio – da operação de um sistema no Bra- sil ou fora do Brasil. Mas, diferentemen- te da Sabesp, não há previsão de oferta pública de ações.” Em relação à situação financeira do Metrô-SP, comentamos com José Kalil Neto, diretor de Finanças da companhia, que, segundo consta, atualmente com operações restritas a São Paulo, a receita líquida de 1,33 bilhão de reais do Me- trô é praticamente anulada pelos cus- tos dos serviços prestados: 1,30 bilhão de reais em 2010. Também foi dado a público que, somado a outras despesas operacionais, o resultado líquido de 2010 foi um prejuízo de 26,5 milhões. Em vista dessas informações, quisemos saber dele a perspectiva para 2011. “Para o exercício de 2011, a Companhia do Metrô tem previsão de arrecadação total no montante de 2 bilhões de re- ais, que compreende a arrecadação em suas bilheterias de 1,4 bilhões de reais; ressarcimento de 300 milhões de reais referente às viagens gratuitas, por for- ça de isenção prevista em lei; receita de 129 milhões de reais com a explora- ção comercial de próprios do Metrô; e outras receitas de 171 milhões de reais. Essa arrecadação é suficiente para a companhia arcar com as suas despesas necessárias à manutenção dos serviços com qualidade e segurança que fazem com que o Metrô tenha índices de sa- tisfação excelentes. As despesas de pessoal corres- pondem a 57% do custo total, sendo que as despesas com materiais de reposição, energia elétrica, serviços de terceiros e tri- butos completam nossos custos. Para o exercício de 2011 temos expectativa de termos resultado positivo em nossa demonstração de lucros e perdas.” — Sabe-se que o governo esta- dual é o principal acionista do Me- trô, com 97% das ações. Qual a participação da prefei- tura paulistana no capital da empresa? Que participações têm o BNDESPar e duas estatais do governo estadual, a Companhia Paulista de Obras e Servi- ços [CPOS] e Empresa Paulista de Pla- nejamento Metropolitano [Emplasa]? — perguntamos a José Kalil Neto. “Os investimentos em infraestrutu- ra para ampliação da rede metroviária conta com aportes maciços do governo do Estado de São Paulo, o que ref lete na participação de 96,53% no capital social da Companhia do Metrô. A par- tir de 2008 a Prefeitura do Município de São Paulo retomou seus aportes de recursos f inanceiros para expansão da rede de metrô, participando, desta forma, com 3,36% no capital social da companhia. O BNDESPar participa com 0,045%, a CPOS com 0,040% e a Em- plasa participa com 0,021% do capital do Metrô.” — Além da prospecção de novos negócios em outras cidades e até es- tados, que outras alternativas de in- vestimentos o Metrô pode escolher no esforço para buscar um caixa positivo? — indagamos de Kalil. “O Metrô tem investido na alterna- tiva de exploração comercial de seus espaços, seja em estações, seja espa- ços em áreas remanescentes de obra. Nas estações são exploradas áreas para lojas e comércio de produtos ou pro- moções, além da possibilidade de di- vulgação de produtos através de mí- dia estática ou eletrônica. Nas áreas remanescentes há a implantação de shopping centers e estacionamentos. Há também a concessão dos terminais rodoviários do Tietê, Jabaquara e Bar- ra Funda, sendo que esse conjunto de explorações produz receita ao redor de 8% da receita de arrecadação. Novas explorações, tanto nas estações, quan- to nas áreas remanescentes estão em fase de desenvolvimento. Além disso, fruto do alto grau de capacitação de seus profissionais, o Metrô estuda for- ma de repassar nosso conhecimento tecnológico, através de treinamentos específ icos, ministrados em conceitu- adas universidades.” — Ainda no caso da unidade voltada para a prospecção de negócios, há pre- visão de se fazer, em algum momen- to, oferta pública de ações? O senhor considera que esse tipo de mercado atrairia investidores? — perguntamos finalmente a Kalil. “Considerando o objeto social da empresa, a política tarifária adotada, as características técnicas e opera- cionais da prestação de seus serviços, bem como os investimentos realizados, não se cogita da captação de recursos privados para investimentos através da oferta pública de ações, sendo cer- to que empresas com as características da nossa empresa têm baixa atrativi- dade para investidores tradicionais. O Metrô de São Paulo tem captado re- cursos f inanceiros da iniciativa priva- da para expansão da rede metroferro- viária através do processo de parceria público-privada [PPP], seja como no caso da Linha 4-Amarela – em fase f i- nal de implantação da primeira etapa –, seja através de outros projetos em desenvolvimento.” — O Metrô pretende conceder a opera- ção de algumas linhas à iniciativa privada? — retomamos com o presidente Avelleda. “Das linhas hoje existentes, não. Nem temos estudos para fazer conces- são das linhas já operadas pelo Metrô.” — O governador Alckmin lembrou que ao se inaugurar a Estação Taman- duateí do Metrô, da Linha 2-Verde e da Linha 10-Turquesa da CPTM – que beneficiou milhões de passageiros que se deslocam entre o ABC e as regiões paulistanas da Avenida Paulista e Pi- nheiros – isso significava o início da implantação da Autoridade Metropoli- tana de Transporte [AMT]. Qual a im- portância de se criar a AMT? — pedi- mos que Avelleda analisasse. “Olha, pessoalmente, acho que a criação da AMT seria muito importan- te. Acho que nós temos uma sinergia muito grande, quando se fala na Gran- de São Paulo. As pessoas não moram mais segregadas pelas fronteiras histó- ricas dos municípios. As pessoas não respeitam mais esses limites tradicio- nais. Há na RMSP uma grande trans- ferência, um grande desejo de viagem entre todas as cidades que compõem a região. Logo, é de todo recomendá- vel – como se fez em grandes metró- poles como Nova York e Madri – que a discussão seja metropolitana. Mas é preciso reconhecer a importância de se ter calma na implantação de um processo desses. Porque, em primei- ro lugar, ele não pode ser autoritário. Ele não pode vir de cima para baixo, porque não é esse o espírito da Cons- tituição Federal na atividade dos en- tes membros. É preciso que o processo seja implementado por consenso. E, de alguma forma, esse consenso co- meçou a se construir em 2006 entre o governador Geraldo Alckmin e o então prefeito paulistano José Serra. Quan- do eles implantaram a tarifa integrada do bilhete único entre a prefeitura e o governo estadual, esse foi – em minha opinião – o primeiro passo para a cria- ção da autoridade metropolitana. Nos últimos tempos, o secretário Jurandir Fernandes, dos Transportes Metropoli- tanos, e o secretário Edson Aparecido, do Desenvolvimento Metropolitano, por determinação do governador Alck- min, têm trabalhado no sentido de im- plantar integrações físicas dos bilhetes entre os sistemas intermunicipais de ônibus com os sistemas locais de ôni- bus das prefeituras e o próprio sistema de bilhetagem dos trilhos. Eu acredito que esse é o caminho, passo a passo. Ou seja, uma adesão à integração por consenso, negociada, é que podemos desembocar na criação real da Auto- ridade Metropolitana de Transporte. É uma coisa viável, mas que requer mui- to cuidado na sua implantação.” — Com as novas estações e ex- pansões, além da consolidação do Bilhete Único Integrado, qual a ava- liação obtida nas pesquisas de ima- gem dos transportes metropolitanos? — indagamos ainda de Avelleda. “Antes da pesquisa de imagem, va- mos falar da Pesquisa Origem e Des- tino [Pesquisa O/D] de 2007, que já detectou uma inversão na tendência do uso do transporte individual em detrimento do transporte coletivo. Nós voltamos a estar na frente. O uso do transporte coletivo se sobrepõe ao transporte individual. Em que pese tal pesquisa ter sido feita antes da implan- tação da política anticíclica de 2009, queresultou num grande incentivo à compra de automóveis. Agora vamos ter uma intermediária da Pesquisa O/D em 2012. Mas a pesquisa de 2007 não detecta esse movimento que o governo federal fez de grande incentivo à aqui- sição de automóveis. Com a redução dos impostos, o preço do automóvel foi lá para baixo e muita gente pode adquirir carro. Esse é o lado positivo da pesquisa: a tendência é do incre- mento do uso do transporte público. Esperamos que a tendência possa ter se mantido, apesar do fomento à in- dústria automobilística dado pelo go- verno federal.” José Kalil Neto, diretor financeiro do Metrô de São Paulo FO TO : l EO N A RD O m O RE IR A METRÔI CAPA ESPECIALENGENHARIA www.brasilengenharia.com.br engenharia 607 / 2011www.brasilengenharia.com.brengenharia 607 / 201166 67 A Pesquisa O/D, é realizada pelo Metrô desde 1967 na RMSP, com pe- riodicidade de dez anos, e tem por ob- jetivo o levantamento de informações atualizadas sobre as viagens realizadas pela população da metrópole em dia útil típico. Constitui-se no principal instrumento de coleta de informações sobre viagens, servindo de base para os estudos de planejamento de trans- porte. Os dados coletados possibilitam a caracterização dos deslocamentos di- ários e, por meio de modelos de simu- lação, permitem a projeção das viagens em horizontes futuros, para avaliação de projetos de expansão ou reestrutu- ração da rede de transportes, seja por metrô, trem ou ônibus. Os dados des- tas pesquisas são compartilhados com entidades que desenvolvem estudos prospectivos sobre a RMSP e diversos setores públicos: transporte, planeja- mento urbano, saúde, educação e se- gurança pública, além de instituições acadêmicas. A última edição da Pesqui- sa O/D contou com o co-patrocínio de empresas como EMTU, CPTM, SPTrans e CET, além do apoio da Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos e da Secretaria Municipal de Transpor- tes. Foi realizada de agosto de 2007 a abril de 2008 e foram entrevistadas aproximadamente 92 000 pessoas, re- sidentes de 30 000 domicílios de cida- des da Grande São Paulo, distribuídos por 460 zonas de pesquisa. — E a questão do Bilhete Único In- tegrado? — voltamos a perguntar. “A implantação do Bilhete Único Integrado operou, não diria um mila- gre, mas uma transformação radical no uso do transporte público. E acho que essa tendência se inverte pela decisão do governador Alckmin e do então pre- feito Serra de fazer a integração tari- fária. O que eles disseram à população, ao integrarem as tarifas? Disseram as- sim: ‘vai ficar mais fácil, mais rápido e mais barato você se deslocar na cidade se você optar pelo transporte público’. Essa é uma política corretíssima. Claro que o efeito colateral foi o surgimento de uma superdemanda do Metrô. Mas nós estamos recebendo os recursos para os investimentos que equacionarão essa nova situação. Estamos modernizando as linhas existentes e estamos expan- dindo o sistema. Tanto que o governo, no PPA [Plano Plurianual 2012-2015], assegura um aporte de recursos muito robusto ao sistema sobre trilhos. Um aporte que transforma cada um de nós, aqui no Metrô, em responsáveis por realizar agora esses investimentos. Ou seja, o governo aumentou a demanda por transporte público, que é a coisa certa a se fazer. Você não pode conter a demanda. Só que agora é preciso ade- quar nossa oferta, algo que nós estamos correndo atrás para fazer. Já compra- mos trens, inauguramos estações, tem a Linha 4-Amarela sendo entregue, es- tamos trocando sistema de sinalização. Enfim, tudo isso visa atender melhor essa explosão de demanda. A política de integração tarifária está comprova- díssima. Ela foi correta, oportuna e me- lhorou muito a vida das pessoas. Porque atualmente as pessoas podem se deslo- car de forma mais rápida e mais barata. Onde estavam antes essas pessoas que não ‘frequentavam’ os trens do Metrô? O Metrô transportava 2,5 milhões por dia até pouco tempo atrás. Hoje trans- porta mais de 4 milhões de passageiros por dia. Onde estava esse 1,5 milhão de passageiros? Essa é a pergunta que se tem que fazer. Porque é fácil apontar o dedo para o Metrô e criticar a compa- nhia pela superlotação. E nós aceitamos a crítica. Reconhecemos a superlotação e estamos trabalhando aqui para resol- ver o problema. Porém, qual é o lado bom desse 1,5 milhão de pessoas a mais no Metrô? Essas pessoas estavam em ônibus, ou estavam no carro ou esta- vam na moto. E trocaram esses meios de transportes poluentes, barulhentos e que atravancam a mobilidade da cida- de, por um sistema rápido e confiável. Portanto, só este número já mostra o acerto da política tarifária implantada lá atrás.” — Didaticamente, quais as principais causas da superlotação? — insistimos. “Entre as principais causas, cito essa política tarifária favorável – e corretíssima – ao uso do transporte público, e também o fato da economia paulista estar crescendo num ritmo muito forte – o que é muito bom. Não é só o Metrô que está lotado. Se você for a uma estação rodoviária num fi- nal de semana ou vésperas de feriado, verif icará que está tudo lotado. Se for aos aeroportos, está lotado. Se for aos restaurantes, lotados. Se você for aos shopping centers, a mesma coisa. Por quê? Porque as pessoas têm dinheiro para sair de casa, fazer compras, comer fora, viajar... As pessoas estão traba- lhando mais, estudando mais. Então, os motivos mais salientes são aqueles dois primeiros. Terceiro motivo, mas não menos importante: porque o sis- tema metroviário paulistano é bom. O Metrô enfrenta a atual superlotação pelo seu sucesso. Porque as pessoas confiam no Metrô. Porque sabem que podem ter que esperar mais do que um trem, dois, três, às vezes até quatro trens na hora de pico na plataforma da estação. Mas ele ainda é muito mais rápido do que qualquer outro meio de transporte de que elas dispõem. As pes- soas escolhem o meio de deslocamento pelo tempo que se leva para chegar ao destino. O usuário é um ser racional, profunda e absolutamente racional, ele busca o melhor caminho rapidamente. É como a água, busca o caminho mais fácil, intuitivamente. Você não precisa gastar muito dinheiro com comunica- ção para orientar o melhor caminho para o usuário. Ele intuitivamente vai nesse rumo. Temos que respeitar o usuário porque ele é sábio na escolha do seu caminho. Não se vai de avião a algum lugar distante porque ele é mais confortável. Até porque esse meio de deslocamento não é o mais confortá- vel hoje em dia. Se for comparar uma poltrona de avião com a poltrona de um ônibus intermunicipal ou interes- tadual, a do ônibus é mais confortável. É que daqui de São Paulo a Fortaleza, por exemplo, de avião se vai em três horas e de ônibus se gastam 36 horas. O usuário escolhe pelo tempo e esse é um vetor importante para se fazer qualquer análise desse tipo. Por que, de novo, as pessoas escolhem cada vez mais o Metrô de São Paulo? Porque nós continuamos sendo a melhor opção de transporte. O trabalho nosso nos dias que correm é diminuir o desconforto. Diminuir os intervalos, aumentar a confiabilidade, aumentar os padrões de manutenção, expandir o sistema, criar linhas integradoras, linhas que deem novas alternativas de viagem.” — As concessões rodoviárias foram re- jeitadas no começo e hoje são um modelo A engenhAriA dAs grAndes soluções. É Assim que se fAz umA grAnde construtorA. A Andrade Gutierrez transporta para as obras a qualificação técnica, a capacidade de execução de projetos de diversos níveis de complexidade, os processos de excelência e o compromisso com a qualidade, o meio ambiente, a saúde e a segurança. Detém know-how em toda a cadeia de infraestrutura e está preparada para o ambiente de oportunidades que sustenta o crescimento do Brasil. A Andrade Gutierrez é parceira de seus clientes. Mais do que atender, a ordem é entender as necessidades e prover soluções diferenciadas, adequadasa cada realidade. E temos uma meta: em toda obra, sempre há uma inovação. É nessa engenharia que acreditamos: a da melhor entrega, que garante clientes satisfeitos, porque é com eles que estamos construindo o futuro do Brasil. Metrô Vila Madalena, São Paulo Luciano Piva No momento, o Metrô não cogita a captação de recursos privados para investimentos através da oferta de ações METRÔI CAPA ESPECIALENGENHARIA www.brasilengenharia.com.br engenharia 607 / 2011www.brasilengenharia.com.brengenharia 607 / 201168 69 de sucesso. A PPP ainda sofre um pouco de resistência, mas tudo indica que vai ser modelo usado cada vez mais. A PPP da Li- nha 4-Amarela deixou um efeito-demons- tração positivo? — questionamos. “A primeira PPP do Brasil em qualquer modalidade foi a da Linha 4-Amarela do Metrô. Eu tive a honra de participar do processo, na condição de gerente jurídi- co do Metrô. E continua sendo a primeira em metrôs. Mas nós fizemos também, na CPTM, a segunda PPP em transporte pú- blico de passageiros, a PPP administrati- va, também chamada de patrocinada, da ‘Série 5000’, que objetiva a renovação da frota da Linha 8-Diamante [Júlio Prestes- -Itapevi]. As principais vantagens com a PPP da ‘Série 5000’ serão a melhoria na qualidade dos veículos ferroviários, além da diminuição do tempo de viagem dos usuários. Essa continua sendo a única PPP patrocinada no setor de transportes no Brasil. Um sucesso, evidentemente, em relação à sistemática da PPP. É claro que sempre há problemas e idiossincra- sias. Afinal, trata-se de um modelo novo. Mas, por outro lado, o êxito mostra uma possibilidade da adoção desse modelo para outros investimentos. Nós confiamos muito que esse modelo possa alavancar e antecipar obras – e isso é o mais impor- tante. Os recursos financeiros do Estado são bastante importantes e nos permitem fazer um numero xis de quilômetros. Mas, com a PPP nós podemos aumentar esse número xis de quilômetros e, portanto, antecipar os benefícios da rede. Porque para que esse problema de superlotação se resolva nós precisamos urgentemente instituir a rede. Como eu já disse, a Linha 4-Amarela vai aliviar o movimento na Es- tação Sé. Nós precisamos multiplicar as li- nhas, pois, na medida em que são inaugu- radas, elas aliviam determinados pontos. Então a PPP vai nos possibilitar acelerar esse processo. E mais do que isso – e aí eu posso falar de cadeira, como presiden- te do Metrô de São Paulo: a PPP não é só investimento. Hoje nós temos um novo paradigma de operação no sistema com a Linha 4-Amarela. Tanto essa nova linha precisa se sentir comparada com um mo- delo muito bom de prestação de serviço que é feito pelo Metrô de São Paulo, como nós aqui na companhia precisamos nos sentir ‘desconfortáveis’ por dentro. Afinal, agora existe um elemento de comparação. Ou seja, nós aqui precisamos continuar sendo criativos, rápidos, ágeis nas toma- das de decisões, porque ali ao lado há al- guém para o usuário comparar. O que é bom. Toda concorrência é boa. Esse é o maçarico que faz com que a gente corra um pouquinho mais rapidamente. Então eu também vejo o paradigma de gestão privada atuando em nosso favor; eu não sinto isso como uma ameaça destruti- va ao Metrô. Pelo contrário, sinto como uma ameaça que gera uma oportunidade: a gente provar que pode fazer melhor do que faz hoje. Aliás, isso vem da milenar sabedoria chinesa.” — Qual o calendário de entrega de obras da Linha 17-Ouro? — quisemos saber. “O primeiro trecho a ser entregue à população será entre o Aeroporto de Congonhas e a Estação Morumbi da Linha 9-Esmeralda da CPTM [Osasco- -Grajaú], com 7,7 quilômetros de ex- tensão, atendendo à concentração da rede hoteleira da região. Esse primeiro trecho nós vamos entregar em 2014. Em 2015 nós chegaremos em Paraisó- polis. Ou seja, o trecho entre a Esta- ção Morumbi da CPTM e a Estação São Paulo-Morumbi da Linha 4-Amarela do Metrô, passando por Paraisópolis. Em 2016 entregaremos o trecho Jabaqua- ra-Brooklin Paulista.” — Se em vez do Itaquerão – já con- firmado –, o estádio paulistano para a abertura da Copa 2014 viesse a ser o Morumbi, o cronograma da Linha 17- Ouro seria diferente? — solicitamos a seguir. “Nós dependemos, para chegar ao Estádio do Morumbi, da construção da Avenida Perimetral, da comunidade Paraisópolis até a Avenida João Jorge Saad, que é uma obra por conta da pre- feitura paulistana. É um pouco esta a causa deste atraso. Como é também a causa, não do atraso, mas da fixação do prazo para 2016, do trecho Jabaquara- -Brooklin Paulista, porque depende- mos da construção da via parque. Para isso terá que haver o reassentamento de mais de 8 000 famílias e nós temos certeza que será uma operação bastan- te difícil de ser feita.” — No PPA [Plano Plurianual 2012- 2015] consta que há projetos para mais duas linhas de metrô na RMSP. Uma delas, na capital, ligará a Lapa, na zona oeste, à região da Avenida Faria Lima e ao bairro de Moema. A outra ultrapassará as fronteiras entre mu- nicípios e ligará a Avenida Jornalista Roberto Marinho, na zona sul, a Gua- rulhos. O senhor pode discorrer sobre esses projetos? — perguntamos ainda. “Na verdade, a linha de Guarulhos não foi incluída no PPA. Vamos falar das duas linhas. No caso da linha que sai da Lapa e vai em direção a Moema – denominada, preliminarmente, de Li- nha 20-Rosa –, passando pelo eixo da Avenida Faria Lima –, primeiro a gen- te estudou o impacto dela na rede e o resultado a que chegamos foi muito positivo. Essa linha equilibra bastan- te a rede. Ela não causa distorções de superlotação ou de esvaziamento de outras linhas. Não basta dizer que uma linha é importante, só olhando para a linha, de forma isolada. É fundamen- tal que ela dê sinergia para a rede. Ela precisa dialogar bem com as demais li- nhas. Esta linha faz isto. Um segundo ponto a ser mencionado é o de que a prefeitura paulistana acena com uma grande operação urbana na Avenida Faria Lima. Portanto, haverá lá uma grande captação de recursos privados para se investir na própria região. Em vista disso, nós estamos oferecendo nosso plano como uma possibilidade de capturar recursos do setor priva- do, por meio de uma operação urbana, para fazer uma linha de metrô. Terceiro ponto a destacar é que nós já temos uma manifestação protocolada de in- teresse de um grupo privado que gos- taria de estudar a viabilidade de uma PPP para esta linha. Então por estas três razões esta linha não está inse- rida no PPA. O projeto preliminar da futura Linha 20-Rosa – Lapa-Moema – contará com 12,3 quilômetros de extensão operacional, distribuídos em 13 estações: Lapa, Pio XI, Cerro Corá, São Gualter, Panamericana, Pedroso de Morais, Faria Lima, Jardim América, Jardim Europa, Hélio Pelegrino, Jusce- lino Kubitschek, Vila Helena e Moema. As integrações com as demais linhas será realizada em Lapa, Cerro Corá, Fa- ria Lima, Hélio Pellegrino e Moema, lo- cais de conexão com as linhas 7-Rubi e 8-Diamante, da CPTM – e linhas 2-Ver- de, 4-Amarela, 19-Celeste e 5-Lilás, to- das do Metrô.” — Essa outra linha que ultrapassará as fronteiras entre municípios, ligando a zona sul de São Paulo a Guarulhos, é a Linha 19-Celeste do Metrô? — pedi- mos que confirmasse. “Sim. A Linha 19-Celeste é a antiga Vila Maria-Campo Belo, que o Metrô tem no seu desenho do Pitu [Plano Integrado de Transportes Urbanos]. O Metrô já desenhava essa linha desde cinco anos atrás, pelo menos. Qual é a novidade? Ela continua saindo do Campo Belo, terminando lá na Água Espraiada, cruzando a região da Vila Olímpia, no Itaim, a região do Parque do Ibirapuera, subindo pelo miolo dos Jardins, chegando até a Linha 2-Ver- de na Estação Brigadeiro, até a futura Linha 6-Laranja na Estação Bela Vista e passando por São Bento, no centro da cidade. Será, portanto, uma linha profundamente integradora. Mas tem mais: depois disso, a linha rompe em direção a uma diagonal da região norte da cidade que
Compartilhar