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A geopolítica que por tanto tempo determinou os rumos das relações externas das grandes potências e dos países emergentes, assim como o processo de expansão das empresas multinacionais, adota uma nova forma com o processo duplo globalização/regionalização. Assim sendo é impossível entender a geopolítica e seu impacto no meio ambiente sem inseri- la no contexto da globalização. O duplo processo globalização/regionalização têm impactos positivos no meio ambiente, na medida em que o território deixa de ser importante para as políticas de expansão geográficas dos Estados-Nações, e de expansão de mercados das empresas. A geopolítica é entendida de várias formas, todas elas ligadas ao espaço territorial, e às estratégias de ação dos Estados, como forma de expandir o território nacional ou defender as fronteiras, regulamentar ou não as ações predatórias e/ou conservacionistas com relação ao meio ambiente e como uma correlação entre os acontecimentos políticos e o solo sendo vinculada ao poder e seu uso pelos estados, mas também está ligada ao solo, ao espaço, ao território, e até ao espaço vital. Além de ser a fundamentação geográfica de linhas de ação políticas, que englobam necessariamente a noção de espaço, o que torna estas ações dependente do espaço físico, do território, ou da região. O espaço físico, tem sido sempre um dos componentes vitais do espaço econômico. Do ponto de vista estratégico, o surgimento dos blocos econômicos e suas instituições supranacionais, erodem o poder e a soberania dos estados nacionais, tornando sem sentido a antiga noção de fronteira. O limite que a fronteira impunha à expansão capitalista, é deslocado, modificando-se tanto a noção de território, quanto as funções do Estado keynesiano, e as práticas políticas do mesmo. Do ponto de vista econômico, a regionalização ao tornar comum o espaço econômico para todos os agentes, pela livre mobilidade de bens e serviços, trabalhadores e capitais, torna necessária a harmonização e cooperação dos diferentes estados nacionais, o que elimina de vez, os perigos de atitudes expansionistas e esvazia de significado as políticas de “segurança nacional”. O processo de globalização completa o circuito, ao retirar do Estado, o controle sobre os fluxos de capitais e da política monetária, e reduzir a margem de manobra das políticas macroeconômicas nacionais. A globalização também, elimina a parcela geográfica do espaço econômico ao deslocalizar a atividade produtiva, tanto dos centros produtores de insumos quanto dos mercados consumidores devido às novas técnicas de organização e distribuição da produção, aos mecanismos multilaterais da Organização Mundial do Comercio (OMC) que permitem eliminar as barreiras tarifarias e não tarifarias das transações de bens e serviços, entre países não pertencentes ao mesmo bloco e à homogeneização dos hábitos de consumo. Ela torna o território cada vez menos importante como elemento fundamental da produção de bens, por causa das novas técnicas de produção, deixando para o espaço geográfico apenas a função preservacionista do meio ambiente e, como lugar de lazer para os citadinos. Isto significa que tanto o Estado, quanto a fronteira e o território, perdem a importância que até aqui mantiveram, devendo modificar-se profundamente para responder às exigências que a nova divisão internacional do trabalho e, a nova organização do processo produtivo reclamam. A transição de uma economia baseada em material, energia e mão-de-obra para outra baseada na informação e na comunicação reduz ainda mais a importância da nação-estado como participante essencial de garantia dos destinos do mercado. Uma importante função da moderna nação-estado é sua capacidade de usar a força militar para tomar recursos vitais, captar e explorar mão-de-obra local e até global. Agora que os recursos energéticos, minerais e mão-de-obra estão tornando-se menos importantes do que informação, comunicação e propriedade intelectual no mix da produção, a necessidade da intervenção militar maciça é menos aparente. Informação e comunicação, as matérias primas da economia global de alta tecnologia, são impermeáveis a fronteiras físicas. Elas invadem espaços físicos, cruzam linhas políticas e penetram nas camadas mais profundas da vida nacional. Exércitos inteiros não podem conter nem mesmo diminuir o fluxo acelerado da informação e das comunicações através de fronteiras nacionais” (Rifkin, 1995:260-1). Enquanto o papel geopolítico da nação-estado está diminuindo, sua função geoeconômica aumenta. Paradoxalmente o aumento da importância da geoeconomia significa um enfraquecimento do Estado keynesiano, e uma volta teórica a suas funções básicas iniciais, na medida em que ele deve garantir para as empresas localizadas no seu território, pelo menos as mesmas condições vigentes nos mercados menos regulamentados.
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