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26/A Michele Mallmann – T14 fisiologia endócrina ANATOMIA 2 lobos unidos por um istmo Inervação simpática e parassimpática Elevado fluxo sanguíneo aa. tireóideas ramos da carótida O fluxo de sangue elevado serve para captar rapidamente o iodo obtido da dieta Primeira glândula a surgir no embrião, a partir da 3ª semana de gestação Organização histológica: • Folículos células foliculares, células C (parafoliculares) e coloide (tiroglobulina) • 3 milhões de folículos HORMÔNIOS DA TIREÓIDE Tiroxina T4, tri-iodotironina T3 Iodo: componente essencial na síntese dos hormônios baixo consumo de iodo: problemas na produção dos hormônios tireoidianos Os hormônios da tireoide são sintetizados e excretados pelas células epiteliais da tireoide Tem efeitos em praticamente todos os sistemas e órgãos do corpo Pessoas que não possuíam glândula tireoide foram identificados com retardo mental e de crescimento cretinismo CT – calcitonina Diminui o nível sanguíneo de cálcio por meio da inibição da ação dos osteoclastos, células que degradam a matriz óssea A secreção de CT é controlada pelo sistema de feedback negativo TRANSPORTE DOS HORMÔNIOS DA TIREOIDE Os dois hormônios da tireoide são triiodotironina (T3) e tiroxina ou tetraiodotironina (T4) Diferem-se apenas por uma molécula de iodo, sendo está a mais no T4 O T3 é mais ativo do que o T4, no entanto, quase todo o débito hormonal da tiroide é de T4, uma vez que nos tecidos alvos o T4 é convertido em T3 SÍNTESE DOS HORMÔNIOS DA TIREOIDE Itens necessários para a síntese: • Iodeto (I-) • Peroxidase (oxidação, organificação do iodo) • H2O2 (fonte de poder oxidativo para o funcionamento da peroxidase controlada pelo TSH) • Tireoglobulina TG (secretada junto com a peroxidase e controlada pelo TSH) São sintetizados nas células foliculares da glândula tireoide Essas células possuem uma membrana basal, a qual é voltada para o sangue e uma membrana apical, a qual é voltada para o lúmen. O material que constitui o lúmen é o coloide, o qual é composto por hormônios tireoidianos recém sintetizados, ligados à tireoglobulina. E quando a glândula é estimulada, o coloide é absorvido pelas células foliculares por endocitose A síntese dos hormônios acontece intracelular e extracelular. No entanto, os hormônios completos são armazenados extracelular, no lúmen folicular, até a glândula ser estimulada para secretar O Iodo absorvido no TGI é reduzido a iodeto (I-) • Após sua absorção fica restrito ao LEC: 20% captado pela tireoide e 80% removido pelos rins ETAPAS 1. Tireoglobulina (TG): é uma glicoproteína que contém grandes quantidades de tirosina. É incorporada nas vesículas secretoras e expelida através da membrana apical, para o lúmen folicular. Os resíduos da tireoglobulina e da tirosina são iodados para formar os precursores dos hormônios tireoidianos 2. Cotransporte de Na+/I- ou “sequestro do iodo”: o iodeto é transportado do sangue para as células foliculares através de transporte ativo. Essa bomba é regulada pelos níveis de I- no corpo. Logo, os níveis de I- baixos, estimulam a bomba. Quando tem deficiência 26/A Michele Mallmann – T14 de I- a bomba aumenta a sua atividade, para tentar compensar a deficiência. No entanto, se for muito grave, a deficiência não será compensada e a síntese dos hormônios tireoidianos será reduzida • Inibidores: tiocianato, perclorato e pertecnetato → bloqueiam a captação de iodo pelas células foliculares interferindo na síntese dos TH 3. Oxidação de I- a I2: o I- atravessa a membrana apical, onde é oxidado em I2, pela enzima peroxidase da tireoide, a qual catalisa essa as próximas duas etapas • Essa enzima é inibida pelo propiltiuracil (PTU), o qual bloqueia a síntese da tireoide. Logo, a administração de PTU é um tratamento eficaz para o hipertireoidismo 4. Organificação de I2: apenas o lúmen do folículo se combina com a tirosina da tireoglobulina, catalisada pela peroxidase da tireoide (tireoperoxidase – TPO), formando monoiodotirosina (MIT) e di-iodotirosina (DIT). Essas duas substâncias continuam ligadas à tireoglobulina no lúmen até a glândula ser estimulada para secretar seus hormônios • Altos níveis de I- inibem essa etapa e a síntese dos hormônios da tireoide → Efeito Wolff-Chaikoff 5. Reação de acoplamento: enquanto ainda fazem parte da tireoglobulina, ocorrem duas reações entre o DIT e o MIT catalisadas pela peroxidase da tireoide. Em uma reação, duas moléculas de DIT se unem para formar uma molécula de T4. Na outra reação uma molécula de DIT se une a uma molécula de MIT para formar uma molécula de T3. A síntese de T4 é mais rápida, logo é mais abundante. Parte do MIT e do DIT não se catalisam, logo, permanecem acoplados a tireoglobulina iodada no lúmen, sendo armazenadas como coloide até a glândula ser estimulada novamente para secretar hormônios. 6. Endocitose da tireoglobulina: quando a glândula é excitada, a tireoglobulina iodada entra nas células epiteliais foliculares por endocitose onde é hidrolisada. Pseudópodes na membrana apical englobam e absorvem o coloide. 7. Hidrólise de T3 e T4 a partir da tireoglobulina por enzimas lisossômicas: gotículas de tireoglobulina se fundem com as membranas lisossômicas, então hidrolisam as ligações peptídicas para liberar T4, T3, MIT e DIT da tireoglobulina. T4 e T3 são então transportados para os capilares próximos, através da membrana basal, para serem redistribuídas paras a circulação sistêmica. 8. Deiodinação do MIT e DIT: sofrem esse processo através da enzima deiodinase tireóidea. O I- é gerado nessa etapa e utilizado pela bomba. As moléculas de tirosina, são incorporadas à tireoglobulina para começar outro ciclo. Logo, tanto o I- como a tirosina são recuperados por essa enzima. A deficiência dessa enzima imita a deficiência dietética de I-. DESIODASES Complexo enzimático extratireoidiano, reguladas por: níveis de T3, fatores metabólicos e ambientais Tipo I: estimulada pelo TSH, produz T3; inibida por drogas como o propiltiuracil e agentes de contrastes iodados Tipo II: expressa no cérebro, hipófise, tecido adiposo marrom, placenta, músculo estriado, tireoide→ produz T3 Tipo III: cérebro, placenta, pele; Converte T4 e T3r (T3 reverso) inativando-o ATIVAÇÃO DE T4 EM TECIDOS-ALVO Nos tecidos alvos a enzima 5’iodinase, converte T4 em T3, removendo um átomo de I2. Também convertem parte do T4 em T3 reverso (Tr3), o qual é inativo • Na desnutrição (jejum) a enzima 5’iodinase é inibida nos tecidos, bem como os músculos esqueléticos, reduzindo o consumo de O2 e a intensidade metabólica basal. Já a %’iodinase cerebral difere-se da presente em outros tecidos, pois, não é inibida durante o jejum e dessa forma, os níveis cerebrais de T3 estão protegidos, mesmo durante a privação calórica AUTORREGULAÇÃO DOS HORMÔNIOS O controle principal da regulação da secreção é feito pelo eixo hipotálamo-hipófise O hormônio liberador de tireotropina (TRH) é secretado pelo hipotálamo e age nos tireotrofos da adenohipófise, causando secreção dos hormônios estimulante da tireoide (TSH). Esse último atua sobre a glândula tireoide estimulando a síntese e a secreção dos hormônios tireoidianos 26/A Michele Mallmann – T14 TRH: estimula tanto a secreção de TSH quanto a transcrição do gene de TSH. Sua outra função é estimular a secreção de prolactina pela adenohipófise. É liberado de maneira pulsátil e a sensibilidade das células tireotróficas em responder a ele depende do nível de T4 circulante TSH: regula o crescimento da glândula tireoide (efeito trófico) e a secreção dos hormônios da tireoide. Os tireotrofos da adenohipófise se desenvolvem e começam a secretar TSH, em torno das 13 semanas de gestação, o mesmo momento em que aglândula tireoide fetal começa a secretar hormônios tireoidianos • O efeito de retroalimentação negativa dos hormônios da tireoide é mediado pela T3 livre, o que é possível pelo lobo anterior conter tireoide deiodinase (conversão de T4 em T3) • A secreção de TSH e dos hormônios tireoidianos é constante • O receptor de TSH, nas células da glândula da tireoide, também é ativado pelas imunoglobulinas estimulantes da tireoide • A somatostatina hipotalâmica e a dopamina, inibem a secreção de TSH localizado na membrana externa do folículo tireoidiano, assim como alguns glicocorticoides e algumas interleucinas AÇÕES/EFEITOS DOS HORMÔNIOS DA TIREOIDE Atuam praticamente sobre todos os órgãos do nosso corpo • Osso: ativação dos osteoclastos • Cardiovascular: efeitos inotrópicos, cronotrópicos positivos, aumento do débito cardíaco • Nervoso: controle da produção de mielina, migração e sinalização neural • Adiposo: aumenta a lipólise mediada pelas catecolaminas, aumento da atividade da lipase sensível a hormônio Aumentam a taxa metabólica basal (TMB), que consiste no consumo de oxigênio em condições basais ou padrão Estimulam a síntese de bombas adicionais de sódio e potássio Termogênese: aumento do desacoplamento mitocondrial, estímulo ao consumo de O2 Glicogenólise induzida pela adrenalina e síntese de glicogênio e uso de glicose induzido pela insulina) Os hormônios da tireoide aumentam a absorção de glicose pelo trato gastrointestinal e potencializam os efeitos dos outros hormônios sobre a gliconeogênese, lipólise e proteólise O aumento do débito cardíaco é resultado da combinação do aumento da frequência cardíaca e do débito sistólico. Isso ocorre porque os hormônios tireoidianos induzem a síntese de receptores beta adrenérgicos cardíacos. Logo, quando os níveis de T3 e de T4 estão altos, o miocárdio tem aumento do número de receptores beta adrenérgicos e é mais sensível à estimulação do sistema nervoso simpático O hipotireoidismo no período perinatal causa retardo mental irreversível. Se for detectado ainda no recém- nascido, pode ser tratado com reposição hormonal. Em adultos, provoca apatia, lentidão nos movimentos, sonolência, prejuízo da memória e diminuição da capacidade mental. O hipertireoidismo causa hiper excitabilidade, hiperreflexia e irritabilidade HIPERTIREOIDISMO: A forma mais comum de hipertireoidismo é a Doença de Graves, um distúrbio autoimune caracterizado pelo aumento dos níveis circulantes de imunoglobulinas estimulantes da tireoide. Quando presentes, os anticorpos estimulam intensamente a glândula da tireoide, resultando em um aumento da secreção dos hormônios tireoidianos e hipertrofia da glândula. • Aumento T4, TSH normal ou baixo TRAB, anti-TPO Outras causas de hipertireoidismo são neoplasias da tireoide, excesso da secreção de TRH ou de TSH e administração de quantidades excessivas de hormônios da tireoide exógenos O diagnóstico é baseado nos sintomas e na medida dos níveis aumentados de T3 e T4. Os níveis de TSH podem ser diminuídos ou aumentados, dependendo da causa de hipertireoidismo. Se a causa for a doença de Graves (distúrbio na glândula da tireoide), neoplasia da tireoide ou administração exógena de hormônios tireoidianos (hipertireoidismo artificial), então os níveis de TSH estarão reduzidos por retroalimentação negativa pelos altos níveis de T3 na adenohipófise. Entretanto, se a causa do hipertireoidismo for aumento da secreção de TRH ou de TSH (o distúrbio é no hipotálamo ou na adenohipófise), então os níveis de TSH estarão aumentados 26/A Michele Mallmann – T14 Os sintomas incluem perda de peso, aumento da ingestão de alimentos, devido ao aumento da intensidade do metabolismo. Produção excessiva de calor e da transpiração, secundária ao consumo aumentado de O2, frequência cardíaca rápida, devido a regulação para cima dos receptores beta adrenérgicos no coração; apneia de esforço e tremor, nervosismo e fraqueza, devido aos efeitos dos hormônios da tireoide no SNC. O aumento da atividade da glândula faz com que ela aumente o chamado bócio, o qual pode comprimir o esôfago e causar dificuldades para engolir. O tratamento inclui administração de fármacos como o propiltiuracil, que inibem a síntese dos hormônios tireoidianos da tireoide, remoção cirúrgica da glândula ou ablação radioativa da glândula tireoide com 131I- HIPOTIREOIDISMO: A causa mais comum do hipotireoidismo é a destruição autoimune da glândula tireoide (tireoidite), quando os anticorpos podem destruir a glândula ou bloquear a síntese do hormônio tireoidiano. O diagnóstico de hipotireoidismo baseia-se nos sintomas e em achado de diminuição dos níveis de T3 e T4. Dependendo da causa do hipotireoidismo, os níveis de TSH podem ficar aumentados ou diminuídos. Se o defeito for na glândula tireoide (tireoidite), os níveis de TSH serão aumentados pela ausência de retroalimentação negativa; os níveis baixos circulantes de T3 estimulam a secreção de TSH. Se o defeito for no hipotálamo ou hipófise, então os níveis de TSH estarão diminuídos. Os sintomas do hipotireoidismo são opostos aos observados no hipertireoidismo e incluem a diminuição da intensidade do metabolismo, ganho de peso sem aumento da ingestão alimentar, diminuição da produção de calor e intolerância ao frio, redução da frequência cardíaca, lentificação do movimento, fala arrastada, atividade mental lenta, letargia e sonolência, inchaço periorbital, obstipação, perda de cabelo e disfunção menstrual. Em alguns casos, ocorre mixedema, onde há aumento da filtração de líquido para fora dos capilares e edema decorrente do acúmulo de mucopolissacarídeos, osmoticamente ativos, no líquido intersticial. Quando a causa do hipotireoidismo é defeito na tireoide, desenvolve-se bócio pela estimulação incessante da glândula tireoide pelos elevados níveis circulantes de TSH. Por fim, e de fundamental importância, se o hipotireoidismo ocorrer durante o período perinatal e não for tratado, resulta em forma irreversível de retardo mental e do crescimento, denominada cretinismo. O tratamento do hipotireoidismo envolve terapia de reposição do hormônio da tireoide, geralmente T4. Como o hormônio endógeno, T4 exógeno é convertido em sua forma ativa, T3, nos tecidos-alvo BÓCIO O bócio (hipertrofia da tireoide) pode ser associado a certas causas de hipertireoidismo e também, talvez, surpreendentemente, com certas causas de hipotiroidismo e eutiroideano. Os termos do hipertireoidismo, hipotireoidismo e eutireoidismo descrevem, respectivamente, os estados clínicos de excesso de hormônio da tireoide, deficiência de tireoide hormonal e níveis normais de hormônio da tireoide. Assim, eles descrevem os níveis sanguíneos de hormônio da tiroide, não o tamanho da glândula tireoide. A presença ou ausência de bócio só pode ser compreendida através da análise da etiologia de várias doenças da tireoide. O princípio central na compreensão do bócio é que os altos níveis de TSH e substâncias que agem como TSH (imunoglobulina estimulante da tireoide) têm um efeito trófico (crescimento) sobre a tireoide, o que causa o aumento de seu tamanho. Na doença de Graves, a causa mais comum de hipertiroidismo, os elevados níveis de imunoglobulinas estimulantes da tireoide conduzem ao excesso de secreção de T4 e T3 e também têm um efeito trófico sobre a glândula tireoide para produzir o bócio. Embora os níveis de TSH sejam reduzidos (por retroalimentação negativa) na doença de Graves, o efeito trófico é devido ao efeito tipo TSH das imunoglobulinas. Tumores secretores de TSH são uma causa rara de hipertireoidismo. O aumento dos níveis de TSH conduz a tireoide a secretar excesso de T4 e T3 e têm um efeito trófico sobre a glândula tireoide para produzir bócio. A ingestãode hormônios da tireoide (T4) exógenos, ou hipertireoidismo artificial, está associada ao aumento dos níveis de hormônio da tireoide (da ingestão), o que causa a diminuição dos níveis de TSH (por retroalimentação negativa). Como os níveis de TSH são baixos, não há bócio, na verdade, com o tempo, a glândula tireoide encolhe, ou involui. A tireoidite autoimune é uma causa comum de hipotireoidismo, em que a síntese de hormônios da tireoide 26/A Michele Mallmann – T14 é prejudicada por anticorpos para peroxidase, levando à diminuição da secreção de T4 e T3. Os níveis de TSH são aumentados (por retroalimentação negativa), e os resultantes altos níveis de TSH têm um efeito trófico sobre a glândula tireoide para produzir bócio. A glândula aumenta apesar de não sintetizar os hormônios da tireoide eficazmente. A deficiência de TSH (insuficiência da adenohipófise) é uma causa rara de hipotireoidismo, em que os níveis diminuídos de TSH causam diminuição da secreção do hormônio da tireoide, sem bócio. A deficiência de I− leva à transitória diminuição da síntese de T3 e T4, o que aumenta a secreção de TSH por retroalimentação negativa. O aumento dos níveis de TSH, então, tem um efeito trófico sobre a glândula, causando o bócio. A glândula hipertrofiada (que é de outra maneira normal) pode muitas vezes manter os níveis sanguíneos normais de hormônio da tireoide (devido aos altos níveis de TSH) e, nesse caso, o paciente vai ser considerado clinicamente eutireoidiana e assintomática. Se a glândula não puder manter os níveis sanguíneos normais de hormônio da tireoide, então o paciente vai ter clinicamente hipotireoidismo. O diagnóstico é feito através da dosagem nos exames de sangue para: o funcionamento da tireoide (TSH e T4 livre) e para a identificação de anticorpos: dosagem de Anti-TPO (anticorpo antiperoxidase ou anticorpo antimicrossomal); antitireoglobulina (Anti-TG), anti receptor TSH (TRAB).
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