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Carrapatos

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DOENÇAS PARASITÁRIAS (RICHARD)
PARASITOSES POR CARRAPATOS - IXODIDIOSE DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS
Argasídeos (carrapatos moles, sem escudo) tem hábito nidícola, próximo à tocas onde o animal fica a maior parte do tempo. Normalmente não tem importância na transmissão de agentes patogênicos/zoonóticos. São mais “raros” de serem encontrados/identificados na rotina clínica.
A infestação por carrapato de um cão que tem acesso a mata pode ser diferente da infestação de um animal que vive dentro de residência. Importante saber na anamnese. Isso influencia na forma de tratamento/controle que o animal deve ser submetido.
Possuem potencial biótico muito grande (uma fêmea – até 7 mil ovos).
4 fases de desenvolvimento (ixodídio): Fêmea se alimenta sob o hospedeiro até se tornar repleta de sangue (teleógena) Fêmea ingurgitada vai até o ambiente (não retorna mais ao hospedeiro) onde faz ovipostura contínua de todos seus ovos nesse ambiente, ao final morre (tenógena) Fase inerte (ovo), que sofre interferência de alguns fatores abióticos, como temperatura e umidade Fase de larva (3 pares de patas), onde para que continue seu desenvolvimento é obrigatório ter acesso à alimentação no hospedeiro Fase de muda de larva para ninfa (4 pares de patas) Fase de muda de ninfa para adulto (4 pares de patas; dimorfismo sexual – fêmea e macho). Fêmea deve ser fecundada pelo macho, ficar repleta e cair ao ambiente. O macho permanece mais tempo sob o animal fecundando várias fêmeas.
Fase de muda de larva para ninfa é sob o hospedeiro ou dependendo do ciclo biológico do carrapato esse processo pode ocorrer no ambiente. Nos carrapatos monoxênicos (1 único hospedeiro) a mudança de larva para ninfa e ninfa para adulto ocorrem sob o animal. Nos heteroxênicos se alimenta sob o hospedeiro mas as mudas são no ambiente. Independente se é mono ou hetero, as mudas sempre precedem a alimentação.
O processo de ovipostura dos argasídeos é intercalado e não contínuo como dos ixodídios. A fêmea então faz postura, procura o hospedeiro para se alimentar, retorna ao ambiente para retomar a postura. Mas em ambos a fêmea morre ao final. Nos argasídeos há algumas espécies que consegue passar da fase larval sem se alimentar no hospedeiro. 
A questão de ser mono e heteroxênico também influencia no tratamento/controle.
Cães:
São infestados por basicamente dois gêneros de carrapatos:
- Rhipicephalus, em especial R. sanguíneus (carrapato comum do cão):
Normalmente relacionado ao cão que vive na cidade/urbano. Mas também pode ser encontrado no meio rural. Hábito nidícola, encontrado onde o animal permanece maior parte do tempo, onde dorme (como casinha). Hábito de subir as paredes (fototropismo positivo, geotropismo negativo). Aplicar produto carrapaticida deve ser direcionado a esses locais. Aplicação de produto somente no chão surte efeito pouco importante ou insignificante. 
Identificação: Escudo não ornamentado (dificultando diferenciar macho da fêmea, fêmea com escudo anterior e macho com escudo recobrindo parte dorsal) cor marrom/vermelho; Peça bucal curta.
É vetor da Babesia canis vogeli e Ehrlichia canis.
O tamanho da população desse carrapato vai depender da presença do cão no ambiente. Mesmo heteroxeno, a presença de um único cão é suficiente para que a população se estabeleça. Mas é claro que quanto mais animais maior seria a população de carrapatos.
O cão não desenvolve uma resposta imunológica sólida à essas infestações, permanece susceptível, podendo sofrer várias/repetidas infestações, sem se tornar imune.
Usa o cão para todas suas fases de desenvolvimento (larval, ninfal e adulta).
Pode ser encontrado em locais bemmm altos. Vai ativamente até o seu hospedeiro.
Possui alta especificidade parasitária, raro infestação em humanos (mas já há relatos).
- Amblyomma spp. “Carrapato do cão rural”:
Normalmente relacionado a cães que vivem na área rural, não podendo descartar sua presença em cães da área urbana, principalmente periurbana onde pode ter presença de equinos. As capivaras também são hospedeiros de algumas espécies do gênero Amblyomma, de modo que os cães levados a esses parques com capivara podem sofrer a infestação por Amblyomma.
Identificação: Independente da espécie possuem escudo ornamentado; Aparelho bucal (gnatossoma) longo.
Especificidade um pouco menor, estando associado à infestações em humanos.
Habitat: São normalmente encontrados em matas, à exceção do “carrapato estrela” que pode facilmente ser achado em área periurbana/urbana. Não possui hábito nidícola, ficam na ponta da vegetação (hábito de tocaia) no aguardo da passagem de algum hospedeiro. A infestação do cão depende desse acesso à mata. E diferente de R. sanguíneus, o tamanho da população depende da densidade de outros mamíferos, principalmente carnívoros. Como normalmente as populações de animais silvestres são controladas naturalmente, as infestações por esse carrapato nos cães normalmente não são altas (população de animais silvestres controlada/baixa – menor fonte alimentar pelos carrapatos – menor ocorrência de carrapatos para que o cão tenha acesso).
Vetor da Rickettsia rickettsii (Febre maculosa brasileira). Ocorre mais na região sudeste, para nós não tem tanta importância. Transmitidos por A. sculptum (tem aqui) e A. aureolatum (não tem ocorrência no MT, encontrado na Mata Atlântica, florestas com alta umidade acima de 90%, temperaturas amenas).
Espécies: A. ovale; A. aureolatum; A. tigrinum; A. cajennense senso latu (é um grupo que engloba o A. cajenense e A. sculptum); A. oblongoguttatum.
Normalmente as infestações no cão são baixas, e estão em sua grande maioria restritas à forma adulta do carrapato. Principalmente nos carrapatos que tem os carnívoros como hospedeiro primário de desenvolvimento (A. ovale; A. aureolatum; A. tigrinum). Na forma imatura normalmente infestam outros hospedeiros que não os carnívoros (aves, pequenos mamíferos). 
No primeiro par de patas do adulto está presente o órgão sensorial pelo qual ele consegue detectar a movimentação e aproximação do possível hospedeiro (via emissão de CO2 pelo mesmo).
-
Em relação ao R. sanguíneus, temos a ocorrência de populações geneticamente diferentes, mesmo que morfologicamente muito parecidos, em regiões diferentes do Brasil. Área temperada x Área tropical. Por isso que atualmente nos referimos como “R. sanguíneus Senso Latu” fazendo menção a um grupo de carrapatos onde não se sabe ao certo se trata de uma mesma espécie. O grupo de carrapatos da região de clima Temperado não possuem competência vetorial na transmissão de Erliquia canis, diferente do grupo de carrapatos de clima Tropical. Por isso prevalência menor de Erliquia na região temperada.
Ainda sobre o R. sanguíneus: Além de se comportar como vetor se comporta como reservatório da bebesia (protozoário), pois é capaz de manter a infecção do agente por algumas gerações nas suas populações de carrapatos devido ela ser transmitida transovariana e transestadial. Já a Erliquia canis (bactéria) não tem capacidade de se manter na população de carrapatos R. sanguineus por várias gerações, visto que não há transmissão transovariana e transestadial. Todas as larvas que vierem a eclodir, mesmo que a fêmea esteja infectada por E. canis, estarão livres de infecção. Então para que a larva se infecte ela precisa ir até o cão e se infectar direto por ele, onde permanecerá infectada durante ninfa e adulta, onde nessas fases conseguem fazer a transmissão da bactéria. 
Sobre a Febre Maculosa: É uma zoonose que circula na natureza entre roedores, lagomorfos e carrapatos do gênero Amblyomma e Rhipicephalus sanguineus (tem capacidade vetorial para isso e já houve relato de transmissão por ele). O carrapato também se comporta como reservatório pois consegue manter a infecção do agente em sua população de carrapatos devido transmissão transovariana e transestadial. Humanos e cães são hospedeiros acidentais. No caso de humanos a taxa de mortalidade alta, mesmo com tratamento. Quanto mais demorado o diagnóstico, pior o prognóstico. No caso dos cães tem a sintomatologiaparecida com a Erliquia, então em áreas endêmicas é importante o clínico fazer a diferenciação. Nos casos de surtos em humanos precedem casos em animais. Os trabalhos de monitoramento em cães e cavalos é importante. O agente causador ainda não foi detectado no estado de MT. 
No caso de Amblyomma a diversidade de hospedeiros principalmente nas fases imaturas é muito maior (“micuim”). Especificidade parasitária menor, principalmente A. sculptum (é a mais importante em infestação em humanos, carrapato estrela). Especificidade menor nas fases imaturas, à medida que vai se desenvolvendo a especificidade tende a ser maior, voltada para seu hospedeiro primário/preferencial.
Em relação à prevalência, R. sanguíneus na área urbana é o mais importante.
Não há possibilidade de ocorrer a infecção do patógeno sem a presença do vetor sob o cão, isso deve ser investigado.
Tratamento e controle de infestações por Amblyomma spp. Em cães:
- Tratamentos curativos e preventivos;
- Impossível erradicação (animais silvestres mantêm populações de carrapatos);
- Banhos carrapaticidas e/ou produtos de longa ação.
FIM!!!

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