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TUTORIA 2 UCI - Introdução ao Estudo da Medicina

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Pâmela Brandão da Silva
TUTORIA 1 – MÓDULO 1 – 03/02/2020
SP2- Você não viu?
· 
· Definir como deve ser feito o atendimento integral, a partir dos princípios de igualdade, equidade e universalidade, em todas as suas dimensões: biológica, psicológica, social e espiritual 
Tratar significa cuidar, tratar corretamente e isso consiste no reconhecimento do outro desdobrado no modo como o médico ocupa o seu lugar na relação com o doente. Envolve, pois, que, ao falar com o outro, o faça de bom modo, livre de coerção, impedindo-o de tornar-se algo diferente do que é. Esse cuidado somente se tornará possível se houver o reconhecimento do outro como alguém diferente de si mesmo e apenas esta constatação poderá orientar o melhor caminho nesta relação assimétrica, em todos os seus sentidos, entre médico e paciente.
O diálogo constitui parte do tratamento cuidadoso e domina uma dimensão decisiva de toda a ação médica. Ele humaniza a relação entre indivíduos que são fundamentalmente distintos, permitindo a aproximação e a confiança necessária ao processo da cura. O estabelecimento de relações desiguais, como é o caso da relação entre médico e paciente, configura um dos aspectos mais difíceis no trato entre os homens (Adame, 1996, p.128). A atitude autoritária do médico que se nega ao diálogo e se defende dos argumentos do leigo está conduzindo ao extremo um padrão de ciência objetiva na fundamentação de suas atitudes, posturas e ações que, em última instância, resulta na negação do outro.
Nesse sentido, o médico não pode abusar do poder e pretender dominar o paciente, mesmo que esta possibilidade se mostre muito sedutora. Deve restringir-se a aconselhá-lo e ajudá-lo, se é que isso é possível. Porém, deve ter consciência, também, de que o paciente estará sob seu tratamento e cuidado somente até que se recupere. Desta forma, o médico deve inspirar confiança na sua capacidade de cuidar do outro, porém não deve impô-la, ou seja, não deve pôr em jogo sua autoridade pelo fato de, a todo custo, desejar obter a confiança do doente (Gadamer, 1996, p.125).
Por isso, estar sob tratamento de um profissional médico não implica estar sob suas ordens ou determinações. O tratamento requer que se conceda a liberdade de decisão ao doente e não somente que se formulem prescrições, definam-se procedimentos e exames. Essa postura significa assumir uma certa responsabilidade no exercício de atenção e cuidado, desde que esta não comprometa a liberdade do doente.
Em ambos os casos, diz Sócrates: "(...) tens que levar em conta, se quiseres, não só pela prática e por regras empíricas, mas de acordo com a arte, uma dar força e saúde, ministrando remédios e alimentos e a outra infundir a convicção que desejas, tornando o homem virtuoso mediante discursos e argumentos legítimos". E então pergunta Sócrates para seu jovem amigo: "E crês que se pode entender a natureza da alma sem conhecer a natureza do todo?". Ao que Fedro responde: "Se dermos crédito a Hipócrates, que é um Asclepíades, nem sequer o corpo se pode conhecer sem tal método" (Platão, 2003, § 270, p.112).
A noção do todo relacionada à saúde é, portanto, preocupação antiga e afirma que o tratamento do corpo pela ação médica não é possível sem o simultâneo tratamento da alma. Mais ainda, que, porventura, nem isso seja o bastante, pois talvez até seja impossível fazê-lo sem o conhecimento do ser na sua integridade.
A palavra integridade em grego, hole ousia, aponta para o sentido ser saudável. O ser completo e saudável constitui a referência para a saúde. Nesse sentido, a doença e a consciência sobre ela advêm da perturbação do estado de sanidade, manifesto na corporeidade humana (Gadamer, 1996, p. 90).
A integridade do corpo não pode, entretanto, dissociar-se das outras integridades que conformam o estado de sanidade. A medicina grega é rica em exemplos de interferências das estações do ano, da temperatura, da água e da alimentação na saúde exemplos de como os fatores climáticos e ambientais interferem diretamente naquilo cujo equilíbrio se pretende reparar ou restabelecer. Neste sentido, o médico deve observar além do caso a tratar, captando o homem na totalidade de sua situação de vida (Gadamer, 1996, p.57).
O conceito de totalidade para a medicina, em razão de seu contraconceito, o de especialização, tornou-se necessário e significativo. A especialização é uma tendência irrefreável da ciência moderna e de todos seus procedimentos.
Podem-se identificar pelo menos cinco condições de adoção da integralidade: cuidado, prática, programa, política e sistema. Assim, a integralidade pode ser entendida como um enunciado de certas características do sistema, instituições e práticas.
No caso do cuidado integral, a pessoa é compreendida na sua totalidade, considerando os aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais. Assim, a assistência médica integral, mesmo na dimensão individual, apresenta um caráter completo, valorizando as interações entre os sujeitos e a construção de vínculos na atenção entre os usuários do cuidado e os cuidadores. A conversação sujeito-equipe possibilitaria a apreensão das necessidades que orientariam o estabelecimento do projeto terapêutico-assistencial11. A proposta de acolhimento poderia ser um exemplo desse cuidado integral.
Ao examinar o paciente, o profissional precisa levar em conta o gênero, a cor, as questões morais, sociais e, em alguns casos, a opção religiosa deste. É imprescindível que esses fatores, determinantes para o diagnóstico, não sejam tomados como elementos para discriminar o paciente. Tratá-lo com justiça é, portanto, exercício necessário para garantir a atitude ética do futuro médico e, sobretudo, possibilitar que o estudante respeite a dignidade humana pautada nos direitos humanos. A justiça é o pilar da equidade, e esta torna-se base do atendimento médico. Embora a palavra equidade, do ponto de vista etimológico, se aproxime de igualdade, há um dado primordial que as diferencia. De fato, idealmente, todos os pacientes deveriam ser atendidos de maneira igual se as pessoas fossem iguais. No entanto, elas não são iguais nem anatômica nem fisiologicamente em função do sexo, idade e das predisposições relacionadas com a cor e a etnia. Além disso, é sabido que a desigualdade social também atua como fator predisponente ao adoecimento (determinantes sociais). Por isso, a equidade é hoje conceitualmente vista como "tratar de forma desigual os desiguais" na tentativa de oferecer oportunidades semelhantes a toda a sociedade.
BIS. BOLETIM DO INSTITUTO DE SAÚDE (IMPRESSO)	MEDICINA I	C
SAÚDE E SOCIEDADE (ONLINE)	MEDICINA I	B4
LIVRO SEMIOLOGIA PORTO ED2014
· Compreender os malefícios de um diagnóstico imediato consequente de uma conduta mecanizada, frisando a importância da humanização 
1.Uma das maiores crises atuais hospitais principalmente público de respeito ao fato de que os médicos pedem atende centenas de pessoas diariamente sem poder dar a devida atenção a cada doente ou pelo menos atenção que cada um gostaria de éter do médico naquele momento. Esse panorama caracteriza o que muitos escritores chamam de medicina despersonalizada ou a medicina que considera o paciente como sendo apenas um prontuário, uma ficha cadastral que obedece aos regulamentos burocráticos de um hospital. É natural que depois de cada consulta assim transcorridas o paciente se sinta frustrado, carente emocionalmente e principalmente com medo de que o médico consultado não tenha feito diagnóstico correto de seu mal.
2. Um outro entrave pode ser aplicado na relação de um paciente com seu médico: alguns escritores chegam a afirmar que a antiga relação médico-paciente foi agora substituída pela relação entre e instituição médica e a doença já que, de lado o médico passou a ser um funcionário de uma loja maior -hospital ou plano de saúde; e de outro, o paciente foi deixado para segundo plano pois se presta mais atenção a sua enfermidade do que a sua pessoa.
3. Sacerdotal ou paternalista: em que há dominação do médico em relação ao paciente, que se apresenta submisso. É baseadona tradição hipocrática, envolvendo uma relação paternalista, em que se pode observar limitada atuação do paciente na tomada de decisões.
· Enumerar os passos para uma relação harmônica médico-paciente 
1. O médico deve tirar confiança ao mesmo período em que o paciente por sua vez precisa compreender que como qualquer outro profissional o médico está sujeito as limitações da proteção e da sua própria condição de ser humano para quem a palavra milagre nada significa.
2. Espera-se que o médico assista seu paciente dispensando a ele cuidados e atenção dispensada para alguém que sente extremamente frágeis e vulneráveis ao mesmo tempo em que se resguarde impunha certa distância saudável para esse tipo de relação.
3. Em que a autoridade e o poder são compartilhados, gerando compromissos entre ambas as partes envolvidas na relação. O médico mantém a autoridade, em virtude de seus conhecimentos técnicos e científicos, porém o paciente é considerado um ser autônomo, participando ativamente dos cuidados em saúde ao ser esclarecido e responsabilizado quanto às medidas necessárias sobre o estilo de vida e autocuidado necessários à sua condição.
4. Elucidar o paciente, dentro dos limites possíveis, evidenciando os benefícios e malefícios dos tratamentos oferecidos para cada situação, permite maior autonomia do paciente sem a perda da autoridade médica.
5. O médico não pode abusar do poder e pretender dominar o paciente, mesmo que esta possibilidade se mostre muito sedutora. Deve restringir-se a aconselhá-lo e ajudá-lo
6. Implica, também, não o obrigar a aceitar medidas, condutas ou prescrições decididas por quem dele trata.
7. A beneficência (buscar fazer sempre o bem para o paciente), a não maleficência (não fazer nada de mal ao paciente) e a justiça (fazer sempre o que é justo ao paciente) são inerentes ao ato médico. Além desses princípios, a bioética principialista acrescentou o respeito à autonomia, que possibilita que o paciente decida sobre o tratamento, aceitando-o ou não, depois do devido esclarecimento.
8. No lugar do paternalismo ou do autoritarismo, caracterizado por os médicos fazerem escolhas para os pacientes de acordo com seus valores profissionais, surge um relacionamento mais igualitário, que resulta, muitas vezes, em decisão compartilhada. O processo pelo qual os médicos e os pacientes tomam decisões juntos é chamado de consentimento informado e é fruto do princípio da autonomia. Além disso, uma nova regra consta da Resolução 1.995, aprovada pelo plenário do Conselho Federal de Medicina (CFM) e publicada no Diário Oficial da União em 31 de agosto de 2012: os pacientes poderão registrar em prontuário a quais procedimentos querem ser submetidos. Assim, o paciente que optar pelo registro de sua diretiva antecipada de vontade poderá definir, com a ajuda de seu médico, os procedimentos considerados pertinentes e aqueles aos quais não quer ser submetido em caso de terminalidade da vida, por doença crônico-degenerativa.
9. Sigilo deve ser desenvolvido desde o início do curso de medicina orientando-se os estudantes a não conversarem sobre os casos dos pacientes com familiares, namorados, amigos na cantina da faculdade ou mesmo em reuniões sociais.
LIVRO SEMIOLOGIA PORTO ED2014
· Diferenciar adoecimento de doença
Existe uma diferença entre aquilo que chamamos de doença (“disease”) – ou seja, as alterações bioquímicas, celulares, dos tecidos ou órgãos que se manifestem na forma de sintomas e sinais – e a vivência absolutamente única de cada pessoa com a doença. Esse processo individual pode ser denominado de adoecimento, ou doença experiência. Ela decorre da complexa interação das crenças da pessoa com sua vivência corporal e sua interação com o ambiente, incluindo aí o contexto familiar e psicossocial. Ademais, uma pessoa pode ser portadora de uma doença sem manifestar sintomas, sinais ou adoecimento. E, o adoecimento pode acontecer sem a pessoa estar doente no sentido tradicional da palavra.
A palavra doença vem do termo em latim dolentia que significa “sentir ou causar dor, afligir-se,amargurar-se”. Várias são as definições para esse termo, mas especialistas consideram as doenças como manifestações patológicas que se apresentam em nosso organismo. Elas estão sempre associadas a sintomas específicos, levando o indivíduo que as apresenta a se privar de prazeres físicos, emocionais e mentais. A OMS classifica doença como a ausência de saúde e disponibiliza para a sociedade a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, designada pela sigla CID. No CID temos acesso à classificação das doenças e à grande variedade de sinais, sintomas, aspectos normais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos e doenças.
· Analisar os fatores que levam a desumanização do atendimento 
1. O excesso de tecnismo
2. O desprezo pela subjetividade do paciente 
3. Formação médica incompleta e pouco direcionada para os direitos humanos 
4. Solicitação de muitos exames complementares que substituem exames clínicos mais cuidadosos e que encarecem ainda mais o tratamento do cliente
5. Descompromisso com o seguimento clínico do paciente. Situação na qual o "conluio do anonimato': na feliz expressão de Balint, diluirá a responsabilidade do diagnóstico e do tratamento com múltiplos médicos, de variadas especialidades, múltiplas opiniões, sem que haja um coordenador de equipe e gerenciador dos trabalhos oferecidos, o verdadeiro "médico assistente'.
· Descrever como deve ser feita a anamnese e exames básicos (SIFE)
O médico deve deixar que o paciente relate livre e espontaneamente suas queixas sem nenhuma interferência, limitando-se a ouvi-lo. Essa técnica é recomendada e seguida por muitos clínicos. O psicanalista apoia-se integralmente nela e chega ao ponto de se colocar em uma posição na qual não possa ser visto pelo paciente, para que sua presença não exerça nenhuma influência inibidora ou coercitiva • De outro modo, que pode denominar-se anamnese dirigida, o médico, tendo em mente um esquema básico, conduz a entrevista mais objetivamente. O uso dessa técnica exige rigor técnico e cuidado na sua execução, de modo a não se deixar levar por ideias preconcebidas. Outra maneira seria o médico deixar, inicialmente, o paciente relatar de maneira espontânea suas queixas, para depois conduzir a entrevista de modo mais objetivo.
O médico tem de estar imbuído da vontade de ajudar o paciente a relatar seus padecimentos. Para conseguir tal intento, Bates (2010) sugere que o examinador utilize uma ou mais das seguintes técnicas: apoio, facilitação, reflexão, esclarecimento, confrontação, interpretação, respostas empáticas e silêncio. Afirmações de apoio despertam segurança no paciente. Dizer, por exemplo, "Eu compreendo" em momento de dúvida pode encorajá-lo a prosseguir no relato de alguma situação difícil. 
O médico consegue facilitar o relato do paciente por meio de sua postura, de ações ou palavras que o encorajem, mesmo sem especificar o tópico ou o problema que o incomoda. O gesto de balançar a cabeça levemente, por exemplo, pode significar para o paciente que ele está sendo compreendido. A reflexão é muito semelhante à facilitação e consiste basicamente na repetição das palavras que o médico considerar as mais significativas durante o relato do paciente. O esclarecimento é diferente da reflexão porque, nesse caso, o médico procura definir de maneira mais clara o que o paciente está relatando. Por exemplo, se o paciente se refere à tontura, o médico, por saber que esse termo tem vários significados, procura esclarecer a qual deles o paciente se refere (vertigens? Sensação desagradável na cabeça?). A confrontação consiste em mostrar ao paciente algo acerca de suas próprias palavras ou comportamento. Por exemplo, o paciente mostra-se tenso, ansioso e com medo, mas diz ao médico que "está tudo bem': Aí, o médico pode confrontá-lo da seguinte maneira: "Você diz que está tudo bem, mas por que está com lágrimas nos olhos?" Essa afirmativa pode modificar inteiramente o relato dopaciente. Na interpretação, o médico faz uma observação a partir do que vai notando no relato ou no comportamento do paciente. Por exemplo: "Você parece preocupado com os laudos das radiografias que me trouxe:' A resposta empática é a intervenção do médico mostrando "empatia: ou seja, compreensão e aceitação sobre algo relatado pelo paciente. A resposta empática pode ser por palavras, gestos ou atitudes: colocar a mão sobre o braço do paciente, oferecer um lenço se ele estiver chorando ou apenas dizer a ele que compreende seu sofrimento. No entanto, é necessário cuidado com esse tipo de procedimento. A palavra ou gesto do médico pode desencadear uma reação inesperada ou até contrária por parte do paciente. A resposta do paciente quase sempre nos coloca diante de um sintoma; portanto, antes de tudo, é preciso que se tenha entendido claramente o que ele quis expressar. A informação é fornecida na linguagem comum, cabendo ao médico encontrar o termo científico correspondente, elaborando mentalmente um esquema básico que permita uma correta indagação de cada sintoma. Há momentos na entrevista em que o examinador deve permanecer calado, mesmo correndo o risco de parecer que perdeu o controle da conversa. O silêncio pode ser o mais adequado quando o paciente se emociona ou chora. Saber o tempo de duração do silêncio faz parte da técnica e da arte de entrevistar.
Lembrando que a anamnese tem eu ser feita com base no SIFE: Método clínico centrado na pessoa (MCCP)
Propõe-se que os profissionais avaliem quatro dimensões da experiência da doença (lembradas pelo acróstico SIFE):
1. Os Sentimentos das pessoas a respeito de seus problemas. Por exemplo, ela teme que os sintomas manifestados possam indicar uma doença mais séria, como um câncer?
2. As suas Ideias sobre o que está errado. Embora às vezes a ideia que uma pessoa faz de um sintoma seja bastante objetivo – “será que essa cólica é uma pedra no rim? ” –, às vezes outros encaram problemas de saúde como punições, ou até como uma oportunidade, de forma muitas vezes inconsciente, de se tornar dependente e ser cuidado.
3. Os efeitos da doença no Funcionamento da pessoa: haverá limitações nas atividades diárias? Será necessário ficar afastado do trabalho? Prejudica a qualidade de vida?
4. Quais são as Expectativas da pessoa. O que espera do médico? A dor de garganta deve ser tratada com antibióticos?
1.IDENTIFICAÇÃO
Nome e sobrenome, idade, sexo/gênero, cor/etnia, estado civil, profissão, local de trabalho, naturalidade, procedência, residência, nome da mão, nome do responsável ou acompanhante, religião, filiação a órgão, instituições previdenciárias ou planos de saúde. 
Obs.: há enfermidades que só ocorrem em determinado sexo. Exemplo clássico é a hemofilia, transmitida pelas mulheres, mas que só aparece nos homens. - Sexo
A influência da etnia no processo do adoecimento conta com muitos exemplos; o mais conhecido é o da anemia falciforme, uma alteração sanguínea específica dos negros, mas que, em virtude da miscigenação, pode ocorrer em pessoas de outra cor. Outro exemplo é a hipertensão arterial, que mostra comportamento evolutivo diferente nos pacientes negros: além de ser mais frequente nesse grupo, a hipertensão arterial apresenta maior gravidade, com lesões renais mais intensas e maior incidência de acidentes vasculares encefálicos. Em contrapartida, pessoas de cor branca estão mais predispostas aos cânceres de pele. - Cor
Por exemplo, indivíduos que trabalham em pedreiras ou minas podem sofrer uma doença pulmonar determinada por substâncias inaladas ao exercerem sua profissão; chama-se pneumoconiose, e é uma típica doença profissional. O indivíduo que sofre uma fratura ao cair de um andaime é vítima de um acidente de trabalho. – Local de trabalho 
Em casos de pacientes em trânsito (viagens de turismo, de negócios), a procedência confunde-se com a residência, dependendo do referencial. – Procedência 
As doenças infecciosas e parasitárias se distribuem pelo mundo em função de vários fatores, como climáticos, hidrográficos e de altitude. – Residência 
Alguns dados bastante objetivos, como a proibição à hemotransfusão em testemunhas de Jeová e o não uso de carnes pelos fiéis da Igreja Adventista, têm uma repercussão importante no planejamento terapêutico. Outros dados mais subjetivos podem influenciar a relação médico-paciente, uma vez que o médico usa em sua fala a pauta científica, que muitas vezes pode se contrapor à pauta religiosa pela qual o paciente compreende o mundo em que vive – Religião 
2. QUEIXA PRINCIPAL (QP)
Sugestões para obter a "queixa principal": o Qual o motivo da consulta? Por que o(a) senhor(a) me procurou? o O que o(a) senhor( a) está sentindo? o O que o(a) está incomodando? • Exemplos de "queixa principal": o Dor de ouvido o Dor no peito há 2 h o Exame periódico para o trabalho
3. HISTÓRIA DA DOENCÇA ATUAL (HDA)
A história da doença atual (HDA) é um registro cronológico e detalhado do motivo que levou o paciente a procurar assistência médica, desde o seu início até a data atual. A HDA, abreviatura já consagrada no linguajar médico, é a parte principal da anamnese e costuma ser a chave mestra para chegar ao diagnóstico. 
 3.1 SINTOMA-GUIA
Esquema para análise de um sintoma 
Os elementos que compõem o esquema para análise de qualquer sintoma (Quadro 6.3) são: 
Início: Deve ser caracterizado com relação à época de aparecimento; se foi de início súbito ou gradativo; se teve fator desencadeante ou não
Exemplo: dor 
Médico: “Quando a dor surgiu?'' Paciente: "Há 3 dias:' Médico: "Como ela começou?" 
Características do sintoma: Definir localização, duração, intensidade, frequência, tipo, ou seja, características próprias a depender do sintoma 
Paciente: "De repente, depois que peguei um saco de cimento:' Médico: "Onde dói?'' Paciente: "A dor é no peito, do lado direito, na frente:' Médico: “A dor irradia? Ela 'anda'?" 
Fatores de melhora ou piora: Definir quais fatores melhoram e pioram o sintoma, como, por exemplo, fatores ambientais, posição, atividade física ou repouso, alimentos ou uso de medicamentos
Médico: “O que melhora a dor?" Paciente: "Melhora quando eu deito do lado direito:' Médico: “O que piora a dor?" Paciente: "A dor piora quando faço esforço físico e à noite quando esfria o tempo:'
Relação com outras queixas: Registrar se existe alguma manifestação ou queixa que acompanha o sintoma, geralmente relacionado com o segmento anatômico ou funcional acometido pelo sintoma 
Médico: "Você está tossindo?" Paciente: "Não:' Médico: “Você tem falta de ar?" Paciente: "Eu sinto um pouco de falta de ar sim:'
Evolução: Registrar o comportamento do sintoma ao longo do tempo, relatando modificações das características e influência de tratamentos efetuados 
Médico: "Essa dor se modificou nestes 3 dias?'' Paciente: "Ontem eu tomei uma analgésico e a dor melhorou, mas é só o efeito do remédio acabar que a dor volta:'
Situação atual: Registrar como o sintoma está no momento da anamnese também é importante 
Médico: “Como está a dor agora?'' Paciente: "Agora a dor está muito forte e está dificultando minha respiração. Nada mais melhora. Preciso de ajuda:'
 3.2 INTERROGATÓRIO SINTOMALÓGICO
Também chamado de “anamnese especial” ou de “revisão dos sistemas”, o interrogatório sintomatológico constitui-se como um complemento do histórico da doença ,o qual, se benfeito, deixa poucas lacunas para as etapas posteriores. O interrogatório sintomatológico, segundo Porto (2014), documenta a existência ou ausência de sintomas comuns relacionados com os principais sistemas corporais, e tem como principal utilidade prática permitir ao médico levantar outras possibilidades que não tem relação direta com o quadro sintomatológico registrado no HDA. Além disso, o interrogatório sintomatológico também é importante pois permite avaliar prática de promoção à saúde. Enquanto se avalia o estado de saúde passado e presente do paciente, alternativas que contribuam para evitar riscos à saúde e prevenir doenças podem ser indicadas. É nessa etapa daanamnese que, geralmente, se origina a suspeita diagnóstica mais importante. À medida que se adquire experiência, pode-se simplificar o interrogatório sintomatológico, ou adaptá-lo às circunstâncias em que o exame clínico é realizado. O domínio do método clínico, entretanto, exige esforço especial nessa fase, seguindo-se a seguinte sistematização proposta;
 Sintomas gerais;
 Pele e fâneros;
 Cabeça e pescoço;
 Tórax;
 Abdome;
 Sistema geniturinário;
 Sistema hemolinfopoético;
 Sistema endócrino;
 Coluna vertebral, ossos, articulações e extremidades;
 Músculos;
 Artérias, veias, vasos linfáticos e microcirculação;
 Sistema nervoso;
 Exame psíquico e avaliação das condições emocionais.
4. ANTECEDENTES PESSOAIS E FAMILIARES 
A investigação dos antecedentes não precisa seguir um esquema rígido. Contudo, é possível e útil uma sistematização que sirva como roteiro de trabalho.
ANTECEDENTES PESSOAIS
Os antecedentes pessoais englobam o estado de saúde passado e presente do paciente, contemplando fatores pessoais e familiares que podem influenciar o seu processo saúde-doença. Divide-se em antecedentes pessoais fisiológicos e antecedentes pessoais patológicos. A avaliação dos antecedentes pessoais fisiológicos inclui os seguintes itens: gestação e nascimento, desenvolvimento psicomotor e neural e desenvolvimento sexual. Já a avaliação dos antecedentes pessoais patológicos inclui: doenças sofridas pelo paciente, alergias, cirurgias, traumatismo, transfusões sanguíneas, história obstétrica, vacinas e medicamentos de uso.
ANTECEDENTES FAMILIARES
Essa etapa da anamnese começa com um questionamento sobre o estado de saúde dos pais e dos irmãos do paciente (quando vivos). Se for casado, inclui-se cônjuge e, se tiver filhos, esses também são referidos. Tios, avós e primos paternos e maternos do paciente devem ser referidos, e em caso de doente na família, deve-se procurar descobrir a natureza da enfermidade. Em caso de falecimento, do examinador deve indagar a causa da morte e a idade em que ocorreu. Sistematicamente, pergunta-se sobre a existência de enxaqueca, diabetes, tuberculose,hipertensão arterial, câncer, doenças alérgicas, doença arterial coronariana (infarto agudo do miocárdio, angina de peito), acidente vascular cerebral, dislipidemias, úlcera péptica, colelitíase e varizes, que são as doenças com caráter familiar mais comuns. Quando o paciente é portador de doença de caráter hereditário, como anemia falciforme, erros metabólicos e hemofilia, torna-se imprescindível um levantamento genealógico mais rigoroso.
FUZIKAWA, ALBERTO KAZUO. O MÉTODO CLÍNICO CENTRADO NA PESSOA. [S. L.], [20--]. DISPONÍVEL EM: <HTTPS://WWW.NESCON.MEDICINA.UFMG.BR/BIBLIOTECA/IMAGEM/3934.PDF> ACESSO EM: 05 fev. 2019.
HERRERO, THAÍS. LINHA DO TEMPO DA MEDICINA. [S. L.], 2 jan. 2013. DISPONÍVEL EM: <HTTPS://PAGINA22.COM.BR/2013/01/02/LINHA-DO-TEMPO-DA-MEDICINA/> ACESSO EM: 05 fev. 2019.
LOPES, ANTONIO CARLOS. GOSTAR DE DE GENTE: ISSO É SER MÉDICO. [S. L.], 31 jul. 2017. DISPONÍVEL EM:<HTTP://WWW.SBCM.ORG.BR/V2/INDEX.PHP/ARTIGO/3630-GOSTAR-DE-GENTE-ISSO-E-SER-MEDICO> ACESSO EM: 05FEV. 2019.
LIVRO SEMIOLOGIA PORTO ED2014
· Descrever os planos anatômicos 
Para se evitar a ambiguidade, todas as descrições anatômicas pressupõem que o corpo está na ‘posição anatômica’ convencional, isto é, de pé, ereto e voltado para a frente, membros superiores ao lado do corpo com a palma das mãos virada para diante, e membros inferiores unidos com os artelhos voltados para diante (Fig. 1). As descrições se baseiam em quatro planos imaginários, mediano, sagital, coronal e horizontal, aplicados ao corpo na posição anatômica. O plano mediano passa longitudinalmente através do corpo e o divide nas metades direita e esquerda. O plano sagital é qualquer plano vertical paralelo ao pleno mediano; embora frequentemente usado, o termo ‘parassagital’ é, portanto, redundante. O plano frontal (coronal) é ortogonal ao plano mediano e divide o corpo em partes anterior (frente) e posterior (costas). O plano horizontal (transverso) é ortogonal tanto ao plano mediano como ao sagital. Os radiologistas designam os planos transversos como axiais; a convenção dita que a anatomia axial deve ser vista como se estivéssemos olhando dos pés para a cabeça. As estruturas mais próximas da cabeça são superiores, cranianas ou (por vezes) cefálicas, enquanto que as estruturas mais próximas dos pés são inferiores; o termo caudal é usado frequentemente em embriologia para designar a extremidade caudal do embrião. Medial e lateral são termos que indicam a proximidade ao plano mediano, sendo o medial mais próximo que o lateral; na posição anatômica, o dedo mínimo é medial em relação ao polegar, o hálux é medial em relação ao artelho menor. Termos especializados podem também ser usados para indicar medial e lateral. No membro superior, portanto, ulnar e radial são usados para indicar medial e lateral, respectivamente, e no membro inferior tibial e fibular são usados para indicar medial e lateral, respectivamente. Os termos podem se basear em relações embriológicas; a borda do membro superior que inclui o polegar e a borda do membro inferior que inclui o hálux são as bordas pré-axiais, enquanto que as bordas opostas são as bordas pós-axiais. Graus diversos de obliquidade são reconhecidos usando-se termos compostos, como, por exemplo, posterolateral. Ao nos referirmos a estruturas no tronco e no membro superior, usamos livremente os sinônimos anterior, ventral, fl exor, palmar, volar e posterior, dorsal e extensor. Reconhecemos que esses sinônimos nem sempre são satisfatórios, p. ex., o aspecto extensor da perna é anterior em relação às articulações do joelho e do tornozelo e superior no pé e nos dedos da mão; o aspecto plantar (flexor) do pé é inferior. Dorsal e ventral são termos usados particularmente por embriologistas e neuroanatomistas; por esta razão, eles aparecem em maior frequência nas Seções 2 e 3. Distal e proximal são usados particularmente para descrever estruturas nos membros, tomando-se o ponto de dado como a fixação do membro ao tronco (designada por vezes como a raiz), de modo que uma estrutura proximal está mais próxima da fixação do membro que uma estrutura distal. Todavia, proximal e distal são também usados para se descrever estruturas que se ramificam, como, por exemplo, brônquios, vasos e nervos. Externo (exterior) e interno (interior) designam a distância do centro de um órgão ou uma cavidade, como, por exemplo, as camadas da parede corporal ou o córtex e a medula do rim. Superficial e profundo são termos usados para se descrever as relações entre estruturas adjacentes. Ipsilateral designa o mesmo lado (do corpo, órgão ou estrutura), bilateral designa ambos os lados e contralateral o lado oposto. Os dentes são descritos usando-se termos específicos, que indicam sua relação com seus vizinhos e sua posição na arcada dentária; estes termos são descritos no Capítulo 30.
As descrições anatômicas baseiam-se em quatro planos imaginários (mediano, sagital, frontal e transverso) que cruzam o corpo na posição anatômica (Figura I.2):
- O plano mediano (plano sagital mediano), plano vertical que corta o corpo longitudinalmente, divide o corpo nas metades direita e esquerda. O plano define a linha mediana da cabeça, do pescoço e do tronco, onde cruza a superfície do corpo. Muitas vezes o termo linha mediana é erroneamente usado como sinônimo de plano mediano 
- Os planos sagitais são planos verticais que atravessam o corpo paralelamente ao plano mediano. Embora seja muito usado, o termo parassagital é desnecessário, pois todo plano paralelo ao plano mediano, situado a cada lado dele, é, por definição, sagital. Entretanto, um plano paralelo ao plano mediano e próximo a ele pode ser denominado plano paramediano 
- Os planos frontais (coronais) são planos verticais que atravessam o corpo formando ângulos retos com o plano mediano, dividindo o corpo em partes anteriore posterior 
- Os planos transversos são planos horizontais que atravessam o corpo formando ângulos retos com os planos mediano e frontal, dividindo o corpo em partes superior e inferior. Os radiologistas referem-se aos planos transversos como transaxiais, que costumam ser abreviados como planos axiais.
Figura I.2 Planos anatômicos. Ilustração dos principais planos do corpo. Como o número de planos sagitais, frontais e transversos é ilimitado, é necessário empregar um ponto de referência (geralmente um ponto visível ou palpável ou um nível vertebral) para identificar a localização ou o nível do plano, como “plano transverso através do umbigo” (Figura I.2C). Os cortes da cabeça, pescoço e tronco nos planos frontal e transverso precisos são simétricos, atravessando as partes direita e esquerda de estruturas pares e permitindo alguma comparação. O principal uso dos planos anatômicos é descrever cortes (Figura I.3):
- Os cortes longitudinais são feitos no sentido do comprimento ou paralelos ao eixo longitudinal do corpo ou de uma de suas partes, e o termo é aplicado sem levar em conta a posição do corpo. Embora os planos mediano, sagital e frontal sejam os cortes longitudinais padronizados (mais usados), é possível fazer cortes longitudinais em uma gama de 180°.
- Os cortes transversos são “fatias” do corpo ou de suas partes perpendiculares ao eixo longitudinal do corpo ou de uma de suas partes. Como o eixo longitudinal do pé é horizontal, o corte transverso do pé está no plano frontal (Figura I.2C)
- Os cortes oblíquos são “fatias” do corpo ou de qualquer uma de suas partes que não são feitas ao longo de um dos planos anatômicos já mencionados. Na prática, muitas imagens radiológicas e cortes anatômicos não são feitos exatamente nos planos sagital, frontal ou transverso; muitas vezes, são um pouco oblíquos. Os anatomistas fazem cortes do corpo e de suas partes anatomicamente e os clínicos empregam tecnologias de imagem planar, como a tomografia computadorizada (TC), para descrever e exibir estruturas internas.
GRAY’S ANATOMY 
ANATOMIA ORIENTADA PARA CLÍNICA – MOORE
ANATOMIA FATTINI 
· Entender a relação da prática médica com a prevenção, promoção e recuperação da saúde
Prevenção
A medicina preventiva é exercida por médicos, geralmente, clínicos gerais que apostam na prevenção das doenças e na promoção da saude. Estes profissionais de saúde dedicam-se, entre outras atividades, a informar as pessoas sobre, por exemplo, a importância de uma correta alimentação, da higiene pessoal, da prática de exercício físico, da prevenção de comportamentos de risco, etc. Outra importante intervenção é a realização de rastreios, tendo em vista a deteção precoce e prevenção de doenças ou lesões, de modo a levar os indivíduos a viver mais saudáveis. Ou seja, a identificação das doenças nos seus estados iniciais, por forma a permitir um tratamento mais eficaz. Como se sabe, a grande maioria destas doenças possui um melhor prognóstico quando detetadas precocemente. Para o efeito é necessário que as pessoas se consciencializem da importância da visita regular ao médico, ainda que se sintam saudáveis. O médico nas consultas de rotina pode detetar alguns sinais suspeitos ou sintomas característicos de uma doença e desencadear uma investigação mais aprofundada. Daí a necessidade de realizar, com alguma regularidade, exames de rotina ou rastreios de determinadas doenças. Não devemos confundir rastreio com prevenção, no entanto, ambos se destinam a populações/indivíduos que não apresentam sintomas, podendo-se integrar, assim, na promoção da saúde, tendo em vista uma vida saudável.
São vários os objetivos e as vantagens que estão na base da realização de rastreios, a saber:
· Detetar um fator de risco, pode permitir corrigi-lo para evitar o aparecimento da doença;
· Identificar uma lesão que pode degenerar numa doença;
· Tratar numa fase precoce uma doença;
· Tratar uma doença antes que esta deixe sequelas.
São condições necessárias para aplicar um determinado rastreio a uma dada população:
· A doença deve ser frequente;
· A doença deve ser grave;
· A doença deve estar numa fase precoce, facilmente tratável;
· É necessário dispor de um bom método de rastreio;
· Ele deve conduzir a medidas terapêuticas ou preventivas;
· O rastreio deve ser simples/fácil de realizar.
Podemos utilizar os seguintes meios de rastreio:
· Exames clínicos, como palpação, por exemplo;
· Exames biológicos, como análises ao sangue;
· Imagens médicas: radiografia, mamografia, ecografia, etc
· Investigação de mutações genéticas, como é exemplo o caso de alguns tipos de cancro.
Se consideramos que os estilos de vida modernos acarretam um vasto conjunto de problemas para a saúde das pessoas, como é exemplo o trabalho excessivo, o stress, o sedentarismo, uma incorreta alimentação, ou seja, um conjunto de fatores que resultam, muitas vezes, em doenças, facilmente antevemos a importância da medicina preventiva. Neste sentido, as vantagens da prática da medicina preventiva são óbvias, uma vez que permitem melhorar as condições de saúde das pessoas, diminuir os custos com medicamentos e tratamentos, aumentar a produtividade, reduzir o absentismo, entre outras. A medicina preventiva possui uma importante relação com a qualidade de vida.
Promoção
 A promoção da saúde assenta em dois pilares basilares, sendo que um diz respeito aos nossos comportamentos quotidianos e o outro, às circunstâncias em que nós vivemos. Ambos possuem um grande impacto na vida e saúde, ou seja, a saúde do homem é fortemente influenciada por estes dois fatores. A promoção da saúde pretende oferecer-nos uma visão holística, ou seja, olhar para as pessoas como um todo, de uma forma abrangente, pois ser-se saudável é muito mais do que a inexistência de doença.
Promoção da saúde - conceito
A definição da promoção de saúde conduz-nos antes de mais a um conceito muito importante que é o conceito de saúde. Para melhor percebermos o seu conceito, olhemos para a definição dada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Esta define saúde, como “o bem-estar físico, mental e social, mais do que a mera ausência de doença…”. Esta definição vai, por isso, contra os conceitos de saúde, muitas vezes, enraizados nos indivíduos, que assumem que estar saudável é apenas não apresentar qualquer doença. Neste sentido, a promoção de saúde deve ser encarada de uma forma ampla. Ou seja, promover a saúde é muito mais que efetuar a mera prevenção de doenças. Promover a saúde é não só melhorar a nossa condição de saúde, mas também melhorar a nossa qualidade de vida e o nosso bem-estar. Contudo, como veremos adiante, a prevenção de doenças é indubitavelmente um dos pilares essenciais da promoção da saúde.
Prevenção e promoção da saúde
A palavra “prevenção” surge no contexto da promoção da saúde, como um conjunto de atitudes que devemos tomar por antecipação, de modo a evitar determinados acontecimentos. Ou seja, surge no sentido de “precaução” ou de evitar determinados riscos. Neste sentido, a prevenção e promoção de saúde surgem também associadas à mudança de atitudes de modo a efetuar uma eficaz prevenção de doenças.
Promoção da saúde e prevenção de doenças
Certamente que todos conhecem o ditado “prevenir é o melhor remédio”. De facto, a prevenção de doenças é seguramente o caminho a percorrer. Isto não quer dizer que devemos descurar o tratamento das doenças, mas é sim que devemos efetuar uma aposta clara na sua prevenção. Notemos o seguinte exemplo: determinado indivíduo efetua uma alimentação rica e equilibrada, efetua exercício físico de forma regular e procura tomar atitudes assertivas, procurando levar uma vida saudável. Este individuo tem uma atitude correta que lhe permite efetuar prevenção de doenças. A probabilidade deste indivíduo vir a sofrer de hipertensão arterial ou diabetes, por exemplo, é reduzida. Outro indivíduo, pelo contrário, tem uma alimentação desregrada e leva uma vida sedentária. A probabilidade deste indivíduo vir a padecer de hipertensão arterial ou diabetes é consideravelmente superior. Napresença da doença, este individuo vai ver aumentado o seu risco de morte prematura, vai ter custos acrescidos com a medicação e outros tratamentos médicos, vai ver reduzida a sua qualidade de vida, etc. A aposta na prevenção do primeiro indivíduo tem claramente múltiplos benefícios. Em suma, a aposta na prevenção de doenças tem inúmeras vantagens. Para além das vantagens que são óbvias, que estão relacionadas com a melhoria da condição de saúde das pessoas, outras vantagens estão relacionadas como sejam: a diminuição dos custos económicos com a saúde, a diminuição das ausências ao trabalho por motivos de doença, melhoria da qualidade de vida, entre outras.
Promoção da saúde - conceitos e estratégias
As primeiras recomendações foram emanadas da primeira conferência internacional sobre promoção da saúde que foi realizada em 1986 no Canadá. Aqui, foi realçada a preponderância da saúde como um todo, onde esta deve ser entendida como um precioso recurso para a vida, e não como objetivo de viver. Ou seja, a saúde deve ser entendida de uma forma positiva, dando especial realce aos recursos pessoais e sociais de cada indivíduo, não cabendo, por isso, a responsabilidade da promoção da saúde exclusivamente ao setor da saúde, mas sim a todos nós caminhando, assim, para um bem-estar global. Cada individuo, deve pensar e agir de forma a aumentar o controlo sobre a sua saúde. Devemos olhar para o conceito de promoção de saúde de uma forma ampla, envolvendo os organismos estatais, entre outros, que tutelam os sistemas de saúde. Estes organismos devem preocupar-se em definir políticas, planos ou programas de saúde pública, que contemplem medidas que permitam às pessoas prevenir determinadas doenças. Estes organismos podem, por exemplo, criar programas ou planos específicos de combate e prevenção da diabetes, da hipertensão arterial, etc. A título individual, cada um de nós deve perceber a importância da promoção da saúde e agir em conformidade. As empresas ou organizações são também entidades que devem preocupar-se com a promoção da saúde dos seus colaboradores. Veja mais informação em ações de promoção de saúde.
Educação para a saúde
A promoção da saúde enfatiza que os indivíduos devem possuir um papel ativo, atribuindo-lhes mais controlo sobre as condições que afetam a sua saúde. Vários estudos demonstram que os indivíduos capazes de exercer um maior controlo e tomada de decisão sobre a sua saúde, se sentem mais saudáveis. Neste sentido, o fortalecimento do conhecimento por parte dos indivíduos, de forma a serem tomadas medidas mais assertivas é de primordial importância. A educação para a saúde pretende aumentar os conhecimentos dos indivíduos, dotando-os de ferramentas que lhes permitam uma melhor aprendizagem, ampliando os seus conhecimentos e desenvolvendo competências que permitam melhorar a saúde individual e da comunidade envolvente. O princípio é de que indivíduos com mais e melhores conhecimentos, tendem a gerir de uma forma mais assertiva a sua saúde e consequentemente a melhorar a sua qualidade de vida.
Promoção da saúde e qualidade de vida
A promoção da saúde e qualidade de vida são factores indissociáveis. Não podemos ter uma boa qualidade de vida, sem que tenhamos saúde. As condições de vida, sobretudo, no mundo ocidental, evoluíram bastante nos últimos anos, trazendo significativas melhorias para a qualidade de vida das pessoas, contudo trouxeram também estilos de vida pouco saudáveis. Estas alterações no estilo de vida têm evoluído de tal forma que, muitas vezes, nem sequer tomamos consciência da espiral em que vivemos. Infelizmente, se nada for feito em contrário, estes novos estilos de vida têm hoje, e terão seguramente, no futuro cada vez mais efeitos nefastos na nossa saúde e consequentemente na nossa qualidade de vida. As alterações no modo de vida das populações, assentes em estilos que nos conduzem a uma vida saudável é, por isso, um importante desígnio na prevenção de doenças e promoção da saúde. Traçar um outro rumo é, assim, inadiável. A tónica deve ser posta na promoção da saúde, na prevenção da doença, sem que deixemos, obviamente, descurar a sua cura.
Ações de promoção da saúde
As ações de promoção de saúde são iniciativas que permitem de alguma forma melhorar a condição de saúde dos indivíduos ou das populações. Podem ser ações coletivas, levadas a cabo por organizações ou ações individuais, concretizadas por cada um de nós. Dividiremos as ações em três grupos: as ações dos organismos estatais, as das empresas (no local do trabalho) e as ações individuais (de cada um de nós).
Promoção da saúde - organismos
Os estados, através dos seus organismos nacionais ou regionais podem e devem criar planos que comtemplem ações concretas que visem melhorar a condição de saúde das populações. Estes planos devem ser elaborados tendo por base o conhecimento das principais doenças que afetam uma determinada população. Por exemplo, se numa dada região as pessoas morrem mais por enfarte, então devem ser tomadas medidas no sentido da sua prevenção. Podemos criar, por exemplo, um plano para fazer chegar informação à população alertando para os perigos da tensão arterial elevada (um dos fatores com forte influência na doença), entre outras medidas que se julguem adequadas. Estes planos devem ser levados a cabo por peritos em saúde pública e nas diferentes especialidades da saúde.
Promoção da saúde no local de trabalho
Ações de promoção da saúde no local de trabalho são também de capital importância. A produtividade dos trabalhadores nas empresas e organizações está diretamente relacionada com a sua qualidade de vida e com a sua saúde mental e física. O stress no trabalho, por exemplo, é hoje em dia um fator preocupante nas empresas e organizações. Levar a cabo programas de promoção de saúde que permitam combater este flagelo é de capital importância. A promoção da saúde no local de trabalho é o procedimento que resulta do esforço agregado de empregadores, trabalhadores e da sociedade em geral, de modo a melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas no trabalho. Ações como flexibilização dos horários de trabalho e do local (como o teletrabalho por exemplo), formação contínua, alargamento de tarefas e rotatividade (nos casos de trabalhos repetitivos), incentivos ao bom ambiente de trabalho, melhorias na ergonomia, melhorias nas condições das instalações, incentivo à alimentação saudável nas cantinas das empresas, incentivos à prática de exercício físico, formação e ajuda no combate ao stress, incentivo ao abandono do tabaco, etc são exemplos de algumas ações que as empresas podem levar a cabo, de modo a efetuar a promoção da saúde no local de trabalho para os seus trabalhadores.
Promoção de saúde - ações individuais
A nível individual, cada vez mais as pessoas revelam preocupação em manter-se saudáveis, prevenindo, portanto, determinadas doenças. O homem tem vindo a tomar consciência de que está nas suas mãos manter-se saudável, devendo, para isso, manter hábitos e práticas que o conduzam nesse sentido. É exemplo disso, o cuidado com a nutrição, pois como é sabido uma boa alimentação faz toda a diferença ou o exercício físico que é de enorme importância na saúde e no bem estar. Ou seja, alimentação e saúde e exercício físico e saúde são conjuntos de palavras indissociáveis, constituindo dois exemplos de importantes desígnios na promoção da saúde. Neste sentido, devemos desenvolver programas ou ações que visem a promoção da saúde. Um programa de promoção da saúde deve ser desenhado de forma a permitir melhorar a condição de saúde das pessoas, onde se enquadram as atividades de turismo de saúde. A promoção da saúde está, antes de mais, nas mãos de cada um de nós, uma vez que nos cabe tomar as decisões diárias que mais influenciam a nossa saúde e bem estar.Se também comunga destes valores, junte-se a nós, passe a mensagem partilhando este artigo nas redes sociais.

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