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(RE)PENSANDO O 
TRABALHO 
CONTEMPORÂNEO 
Volume 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(RE)PENSANDO O 
TRABALHO 
CONTEMPORÂNEO 
Volume 1 
 
Organizadores 
Victor Hugo de Almeida (FCHS/UNESP) 
Maria Hemília Fonseca (FDRP/USP) 
Jair Aparecido Cardoso (FDRP/USP) 
 
Conselho Editorial 
Jair Aparecido Cardoso (FDRP/USP) 
Luciana Lopes Canavez (FCHS/UNESP) 
Maria Amália de Figueiredo Pereira Alvarenga (FCHS/UNESP) 
Maria Hemília Fonseca (FDRP/USP) 
Vera Lúcia Navarro (FFCLRP/USP) 
Victor Hugo de Almeida (FCHS/UNESP) 
 
Capa 
Ícaro Henrique Ramos (FCHS/UNESP) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
(Re)Pensando o trabalho contemporâneo; v. 1 / Victor Hugo 
de Almeida, Maria Hemília Fonseca, Jair Aparecido Cardoso 
(organizadores). São Paulo: Cultura Acadêmica, 2017. 
Vários autores. 
Bibliografia. 
ISBN 978-85-7983-852-1 
 
1. Trabalho. 2. Pesquisa. 3. Metodologia. I. Almeida, Victor 
Hugo de. II. Fonseca, Maria Hemília. III. Cardoso, Jair 
Aparecido. 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 
“(Re)Pensando o Trabalho Contempor}neo” é fruto de um Evento Científico e 
Acadêmico, que ostentou o mesmo nome dessa obra, realizado em 7 de outubro de 2016, 
conjuntamente pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista 
“Júlio de Mesquita Filho” (FCHS/UNESP) e pela Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da 
Universidade de São Paulo (FDRP/USP). 
Coordenado pelos docentes Prof. Dr. Victor Hugo de Almeida (FCHS/UNESP), Profa. Dra. 
Maria Hemília Fonseca (FDRP/USP) e Prof. Dr. Jair Aparecido Cardoso (FDRP/USP), o Evento 
ainda obteve a colaboração de diversos e engenhosos acadêmicos e profissionais, cujos esforços 
foram essenciais para o resultado alcançado: 
 
 
 Docentes-pesquisadores – Profa. Dra. Ilnah Toledo Augusto (FDRP/USP), Prof. 
Dr. Juvêncio Borges Silva (UNAERP), Profa. Dra. Luciana Lopes Canavez 
(FCHS/UNESP), Profa. Dra. Maria Amália de Figueiredo Pereira Alvarenga 
(FCHS/UNESP), Prof. Dr. Mário Augusto Carboni (UNISEB/RP), Profa. Dra. Vera 
Lúcia Navarro (FFCLRP/USP); 
 Discentes-pesquisadores – Amanda Barbosa (Mestranda - FDRP/USP), Camila 
Martinelli Sabongi (Mestranda - FCHS/UNESP), Fabiano Carvalho (Mestrando - 
FCHS/UNESP), Letícia Ferrão Zapolla (Mestranda - FDRP/USP), Lilian Carla de 
Almeida (Mestranda - EERP/USP), Nelma Karla Waideman Fukuoka (Mestranda - 
FCHS/UNESP), Olívia de Quintana Figueiredo Pasqualeto (Mestranda - 
FADUSP/USP), Paulo Henrique Martinucci Boldrin (Mestrando - FDRP/USP) e 
Renan Fernandes Duarte (Mestrando - FCHS/UNESP); 
 Servidores da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual 
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” e da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da 
Universidade de São Paulo; e 
 Participantes do evento e Autores dos trabalhos submetidos. 
 
 
Buscou o Evento estimular e contribuir com pesquisas voltadas para a temática 
“trabalho” em diversas searas do conhecimento, com ênfase nas áreas do Direito do Trabalho, 
Direito Processual do Trabalho, Seguridade Social e Direito Previdenciário, Enfermagem, 
Sociologia, Serviço Social, História, Medicina, Psicologia, Administração, Economia, entre outras, 
nos níveis de Graduação e Pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado). Buscou, ainda, 
propiciar discussões sobre aspectos metodológicos relacionados a pesquisas envolvendo a 
temática que nomeou o Evento e estimular o intercâmbio de experiências e conhecimentos 
científicos entre as diversas |reas que se ocupam do tema “trabalho” como objeto de estudo e 
entre múltiplas Instituições de Ensino e Pesquisa do país. 
Diante desse desafio, a convite do Comitê de Organização, a abertura do Evento foi 
conduzida pelo jurista e pesquisador, Prof. Associado Antonio Rodrigues de Freitas Junior, da 
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FADUSP/USP – Largo São Francisco), com o 
tema “(Re)Pensando o Trabalho Contempor}neo”, visando à discussão do atual momento do 
trabalho no país e no mundo globalizado; seguida pelo painel “O trabalho humano como fonte de 
pesquisa”, conduzido pelos docentes-pesquisadores Profa. Dra. Maria Hemília Fonseca 
(FDRP/USP), Prof. Dr. Victor Hugo de Almeida (FCHS/UNESP) e Prof. Dr. Jair Aparecido Cardoso 
(FDRP/USP). 
Ainda, cerca de 40 trabalhos científicos submetidos por pesquisadores das mais diversas 
Instituições de Ensino e Pesquisa do país foram selecionados para a apresentação nas seguintes 
 
 
mesas temáticas conduzidas por, ao menos, dois pesquisadores: Direito Individual e Coletivo do 
Trabalho I; Direito Individual e Coletivo do Trabalho II; Direito Processual do Trabalho, 
Seguridade Social e Direito Previdenciário; Meio ambiente do trabalho e saúde do trabalhador; e 
Multidisciplinaridade do trabalho: Economia, Enfermagem, História, Serviços Social, Sociologia, 
Administração, Filosofia, Psicologia, Medicina. 
Destarte, a presente obra, certificada pelo Selo Cultura Acadêmica (Fundação Editora da 
UNESP), reúne o que se tem pesquisado nas Universidades brasileiras – de onde sopram os bons 
e necessários ventos – sobre a temática trabalho nos últimos tempos e em diversas áreas do 
conhecimento que comungam desse mesmo objeto de estudo, essencial, dinâmico, pleno e 
complexo. Boa leitura! 
 
 
 
Prof. Dr. Victor Hugo de Almeida (FCHS/UNESP) 
Profa. Dra. Maria Hemília Fonseca (FDRP/USP) 
Prof. Dr. Jair Aparecido Cardoso (FDRP/USP) 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
DIREITO INDIVIDUAL E COLETIVO DO TRABALHO I .................................................................................... 11 
DIREITOS DA PERSONALIDADE VERSUS PODER DIRETIVO DO EMPREGADOR: ANÁLISE DA 
REVISTA ÍNTIMA DE EMPREGADOS .................................................................................................................. 13 
Adri Nayane Souza de Mendonça 
Victor Hugo de Almeida 
 
A EFETIVAÇÃO DO DIREITO AO TRABALHO DAS PESSOAS DEFICIENTES NA PERSPECTIVA 
LABOR-AMBIENTAL: INTEGRAÇÃO ENTRE AS NORMAS E AS POLÍTICAS PÚBLICAS ................ 24 
Fabiano Carvalho 
Victor Hugo de Almeida 
 
O ACÚMULO NO PAGAMENTO DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADES, E ADICIONAIS DE 
INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE ............................................................................................................. 35 
Jackeline Polin Andrade 
 
JUSTA CAUSA: GARANTIA DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA ............................................ 46 
José Ricardo Sabino Vieira 
 
RELAÇÕES LABORAIS NO SISTEMA UBER: PRECARIZAÇÃO E FLEXIBILIZAÇÃO DE DIREITOS 
TRABALHISTAS .......................................................................................................................................................... 56 
Murilo Martins 
Victor Hugo de Almeida 
 
CRIAÇÃO DE EMPREGOS ÀS PESSOAS DEFICIENTES ATRAVÉS DE INCENTIVOS FISCAIS ÀS 
MICROS E PEQUENAS EMPRESAS ...................................................................................................................... 66 
Paulo Henrique Liporini 
Fabiano Carvalho 
 
 
DIREITO INDIVIDUAL E COLETIVO DO TRABALHO II .................................................................................. 77 
A FLEXIBILIZAÇÃO DOS DIREITOS TRABALHISTAS NO ATUAL CONTEXTO BRASILEIRO: 
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO VERSUS DIREITOS SOCIAIS ........................................................... 79 
Carlos Roberto Valentim 
 
TERCEIRIZAÇÃO E SUCESSÃO TRABALHISTA NO BRASIL ...................................................................... 86 
Fernanda Zabian Pires 
 
 
Maria Hemília Fonseca 
AS COOPERATIVAS DE TRABALHO NO BRASIL: UMA ANÁLISE DA JURISPRUDÊNCIA DO 
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO SOBRE A OCORRÊNCIA DE FRAUDES 
EM COOPERATIVAS DE TRABALHO DA REGIÃO .......................................................................................... 96 
Letícia Ferrão Zapolla 
Maria Hemília Fonseca 
Jair Aparecido Cardoso 
 
FLEXIBILIZAÇÃO DAS NORMASTRABALHISTAS NO CONTEXTO DA QUARTA REVOLUÇÃO 
INDUSTRIAL ...............................................................................................................................................................108 
Marcelo Braghini 
 
A TUTELA DO TRABALHO PARASSUBORDINADO NO BRASIL ............................................................120 
Natalia Marques Abramides 
Jair Aparecido Cardoso 
 
A AUSÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO DA DISPENSA COLETIVA NO BRASIL E SEUS IMPACTOS 
JURÍDICOS E SOCIAIS .............................................................................................................................................127 
Nelma Karla Waideman Fukuoka 
Victor Hugo de Almeida 
 
O DUMPING SOCIAL NO ÂMBITO LABORAL: UM ENFOQUE DOUTRINÁRIO E 
JURISPRUDENCIAL ..................................................................................................................................................137 
Pamela Pereira Santos 
 
A ATUAÇÃO DOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO TRABALHADOR NO COMBATE AO TRÁFICO DE 
PESSOAS E TRABALHO ESCRAVO DO TRABALHADOR IMIGRANTE .................................................148 
Paulo Henrique Martinucci Boldrin 
Cynthia Soares Carneiro 
Maria Hemília Fonseca 
 
PROFISSIONAIS DO SEXO E SUA POSIÇÃO DIANTE DO DIREITO DO TRABALHO BRASILEIRO
 .........................................................................................................................................................................................159 
Raissa Felisberto Lopes 
 
 
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO, SEGURIDADE SOCIAL E DIREITO PREVIDENCIÁRIO...... 169 
DESAPOSENTAÇÃO: RENÚNCIA DA APOSENTADORIA NO REGIME GERAL PARA AQUISISÃO 
DE OUTRA NO MESMO REGIME COM MAJORAÇÃO DA RENDA ..........................................................171 
Caio Afonso Laforga Sanches 
Raquel das Neves Rafael 
 
 
 
A REABILITAÇÃO PROFISSIONAL NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO: ANÁLISE DA 
RESPONSABILIDADE DE SUA EXECUÇÃO .....................................................................................................182 
Daniela Nogueira Corbi 
 
O DIREITO AO RECEBIMENTO DE SALÁRIO-MATERNIDADE DAS MÃES INDÍGENAS MENORES 
DE DEZESSEIS ANOS ...............................................................................................................................................192 
Gabrielle Ota Longo 
Ana Cristina Alves de Paula 
Juliana Presotto Pereira Netto 
 
APOSENTADORIA ESPECIAL: A CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE ESPECIAL NO REGIME 
GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL .....................................................................................................................204 
Leandro Francisco de Oliveira 
Olga Aparecida Campos Machado Silva 
 
A ARBITRAGEM NOS DISSÍDIOS INDIVIDUAIS TRABALHISTAS: UMA PERSPECTIVA 
DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL ..............................................................................................................215 
Marina Precinotto da Cruz 
 
AS CONSEQUÊNCIAS DA INOBSERVÂNCIA ERGONOMIA NA SAÚDE DO TRABALHADOR E NOS 
BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE DO INSS ..................................................................................................237 
Nara Faustino de Menezes 
 
A IMPORTÂNCIA DA LICENÇA PATERNIDADE E O ADVENTO DO DECRETO Nº 8.737, DE 3 DE 
MAIO DE 2016 ...........................................................................................................................................................246 
Renan Segantini da Silva Mello 
 
A ARBITRAGEM NOS CONFLITOS INDIVIDUAIS DO TRABALHO E A GARANTIA 
FUNDAMENTAL DA EFETIVA TUTELA JURISDICIONAL .........................................................................255 
Sandra Helena Favaretto 
 
 
MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E SAÚDE DO TRABALHADOR ............................................................ 267 
ASSÉDIO SEXUAL À MULHER NAS RELAÇÕES DE TRABALHO: REFLEXOS NO MEIO AMBIENTE 
DE TRABALHO E NA SAÚDE DO TRABALHADOR ......................................................................................269 
Ana Clara Tristão 
 
O DANO EXISTENCIAL À LUZ DA PRESPECTIVA LABOR AMBIENTAL .............................................276 
Camila Martinelli Sabongi 
Victor Hugo de Almeida 
 
 
 
O TRABALHO CONTEMPORÂNEO E OS EFEITOS NA SAÚDE DO PROFESSOR ..............................284 
Carlos Eduardo Cervilieri 
 
A FISCALIZAÇÃO DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TELETRABALHADOR ............................................293 
Fabiana Zacarias 
Helimara Moreira Lamounier Heringer 
 
A POSSIBILIDADE DE ACUMULAÇÃO DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE E 
PERICULOSIDADE ....................................................................................................................................................305 
Fernanda Menezes Leite 
Jair Aparecido Cardoso 
 
MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E SAÚDE DO TRABALHADOR: PRÁTICAS CORPORATIVAS 
PASSÍVEIS DE APLICAÇÃO GERAL ....................................................................................................................316 
Giovanna Gomes de Paula 
 
POLUIÇÃO LABOR-AMBIENTAL: ESTUDO DA DOUTRINA E MAPEAMENTO DA 
JURISPRUDÊNCIA DO TST ....................................................................................................................................326 
Jair Aparecido Cardoso 
Maria Hemília Fonseca 
Olívia de Quintana Figueiredo Pasqualeto 
 
FATORES ESTRESSANTES QUE PODEM INTERFERIR NA QUALIDADE DE VIDA E DE 
TRABALHO DO ENFERMEIRO ............................................................................................................................334 
Vanessa Augusto Bardaquim 
Sérgio Valverde Marques dos Santos 
Maria Lúcia do Carmo Cruz Robazzi 
 
 
MULTIDISCIPLINARIDADE DO TRABALHO: ECONOMIA, ENFERMAGEM, HISTÓRIA, SERVIÇO 
SOCIAL, SOCIOLOGIA, ADMINISTRAÇÃO, FILOSOFIA, PSICOLOGIA E MEDICINA ....................... 343 
SAÚDE E SEGURANÇA EM UMA COOPERATIVA DE RECICLAGEM .....................................................345 
Bárbara Oliveira Rosa 
 
O TRABALHO DO JUIZADO ESPECIAL DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA DE FRANCA NA 
EFETIVAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PRIORIDADE ABSOLUTA DO ADOLESCENTE ............................356 
Gabriela Marcassa Thomaz de Aquino 
Edvânia Ângela de Souza Lourenço 
Eliana dos Santos Alves Nogueira 
 
 
 
 
NEOLIBERALISMO E A LEGISLAÇÃO TRABALHISTA NO BRASIL .......................................................368 
Leny Cardoso Gonçalves 
Diego dos Santos Leon 
Antonio Marco Ventura Martins 
 
A TUTELA PENAL DO MEIO AMBIENTE DE TRABALHO SAUDÁVEL E AÇÃO COMUNICATIVA: 
RELEVÂNCIA, PAPÉIS SOCIAIS E SANÇÃO ....................................................................................................379 
Fernando Andrade Fernandes 
Pedro Guilherme Borato 
Leonardo Simões Agapito 
 
TRABALHO REMUNERADO ENTRE PESSOAS COM TRANSTORNO MENTAL: ASPECTOS 
CLÍNICOS E SOCIAIS ................................................................................................................................................388 
Lilian Carla de Almeida 
Jacqueline de Souza 
 
O TRABALHO MÉDICO, O BIOPODER E A AUTONOMIA DO PACIENTE: UMA ANÁLISE 
BIOÉTICA .....................................................................................................................................................................395 
Lillian Ponchio e Silva Marchi 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO 
INDIVIDUAL E 
COLETIVO DO 
TRABALHO I 
 
 
 
 
13 
 
DIREITOS DA PERSONALIDADE VERSUS PODER DIRETIVO DO EMPREGADOR: ANÁLISE 
DA REVISTA ÍNTIMA DE EMPREGADOS 
 
PERSONALITY RIGHTS VERSUS DIRECTIVE POWER OF THE EMPLOYER: ANALYSIS OF 
EMPLOYEE INTIMATE SEARCH 
 
Adri Nayane Souza de Mendonça* 
Victor Hugo de Almeida** 
 
SUMÁRIO: Introdução. 1 A relação entre direitos da personalidade e direitos fundamentais. 1.1 A 
intimidade enquanto direito fundamental. 2 Aspectos legais e doutrinários das revistas íntimas 
no contexto laboral. 2.1 Análise jurisprudencial. Conclusão.Referências. 
 
RESUMO: A pesquisa busca discutir a possibilidade de realização de revistas íntimas nos 
empregados, geralmente justificada com base no poder diretivo do empregador e na proteção de 
seu patrimônio. Assim, tem como objetivos específicos: (a) analisar, na perspectiva doutrinária, 
a noção e abrangência do poder diretivo do empregador e sua relação com o direito de 
propriedade, identificando possíveis limitações, sobretudo diante dos direitos da personalidade; 
(b) examinar noções doutrinárias e jurisprudenciais acerca da revista íntima no contexto 
laboral, suas características, consensos e dissensos sobre o tema; (c) levantar, 
quantitativamente, entendimentos jurisprudenciais favoráveis/contrários à revista íntima 
laboral e, qualitativamente, os fundamentos correspondentes; (d) verificar a (im)possibilidade, 
segundo a doutrina e a jurisprudência trabalhista, da revista íntima no contexto laboral, frente 
ao direito de propriedade, ao poder diretivo do empregador e ao direito à intimidade do 
empregado. A abordagem tem caráter exploratório, quali-quantitativo e fenomênico, construída 
a partir do levantamento bibliográfico em materiais publicados e da pesquisa jurisprudencial 
junto aos Tribunais Regionais do Trabalho da 2ª e 15ª Regiões. Os dados foram analisados pelo 
método indutivo. A pesquisa encontra-se em fase intermediária de desenvolvimento, concluída a 
análise dos principais aspectos legais e doutrinários dos direitos da personalidade, como 
histórico, classificações, características e relação entre estes e os direitos fundamentais. 
Analisaram-se ainda os principais fundamentos e limitações do poder diretivo e os 
entendimentos doutrinários sobre revista íntima. Conclui-se que a questão coloca em colisão 
dois direitos fundamentais garantidos pela Constituição Federal - o direito à intimidade do 
empregado e o direito à propriedade do empregador. Assim, torna-se necessária a ponderação 
entre os direitos em questão, que deverá ser feita casuisticamente, diante da impossibilidade de 
se estabelecer uma relação de precedência abstrata entre direitos fundamentais. Daí a 
dificuldade em apresentar resposta única ao problema proposto e a necessidade da análise 
jurisprudencial. 
Palavras-chave: intimidade. poder diretivo. revista íntima. 
 
ABSTRACT: The research discusses the possibility of conducting intimate searches on employees, 
often justified with the directive power of the employer and the protection of their assets. Its 
objectives are: (a) to examine the doctrinal perspective on the concept of the directive power and its 
relation to the right to property, identifying limitations, particularly in light of the rights of 
personality; (B) to examine doctrinal and jurisprudential notions on intimate searches, its features 
 
* Graduada em Direito pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista 
“Júlio de Mesquita Filho” – FCHS/UNESP. E-mail: adrinayane@gmail.com. Bolsista FAPESP em 2016. 
** Professor Doutor de Graduação e Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da UNESP 
- Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Doutor em Direito do Trabalho pela 
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – USP. Membro pesquisador do Instituto Brasileiro 
de Direito Social Cesarino Júnior, Seção Brasileira da Societé Internacionale de Droit du Travail et de la 
Sécurité Sociale. E-mail: victorhugo.professor@gmail.com. 
 
14 
 
and discussions on the subject; (C) to raise jurisprudential positions in favor/against intimate 
searches and qualitatively, the corresponding foundations; (D) to verify the (im)possibility, 
according to the doctrine and labor law, of the intimate search, considering the right to property, the 
directive power of the employer and the right to employee privacy. The approach is exploratory, 
quali-quantitative and phenomenical, built from literature on published materials and 
jurisprudential research in the Regional Labor Courts of the 2nd and 15th Regions. The data will be 
analyzed by the inductive method. The research is in an intermediate stage of development, with the 
analysis of the main aspects of personality rights, such as history, classification, characteristics and 
relation between them and fundamental rights. The main foundations and limitations of the directive 
power and doctrinal understandings of intimate searches were also analysed. The question arises a 
collision of two fundamental rights - the right to privacy and the right to property. Thus, it is 
necessary to balance them, which should be made case by case, given the impossibility of 
establishing an abstract precedence relation between fundamental rights. Hence the difficulty in 
presenting an only answer to the proposed problem and the need for jurisprudential review. 
Keywords: directive power. intimacy. intimate search. 
 
INTRODUÇÃO 
 
A ordem constitucional brasileira privilegia a garantia da dignidade da pessoa humana e 
de seus direitos fundamentais, dentre eles o direito à vida privada, que abrange a intimidade. 
Tais garantias, tem-se entendido atualmente, têm de ser observadas em todas as relações 
sociais, sejam elas de cunho público ou estritamente privado, de modo que também as relações 
de trabalho devem se pautar no respeito ao núcleo de direitos pessoais mínimos do trabalhador. 
No entanto, frequentes são relatos de abusos cometidos pelo empregador no exercício de 
seu poder de direção da prestação dos serviços. A prática da revista íntima de empregados é um 
dos exemplos que suscitam a discussão sobre os limites da prerrogativa do empregador de 
determinar a dinâmica a ser observada no ambiente de trabalho, pois retrata, não raro, uma 
supervalorização do patrimônio patronal, sem maiores cuidados à realidade de que o 
empregado não abandona seu papel de cidadão e sua personalidade ao adentrar o ambiente 
laboral. 
Por muito tempo defendeu-se, entretanto, a necessidade de proceder-se à vistoria do 
corpo e de objetos pessoais dos empregados como forma de evitar o prejuízo ao patrimônio 
empresarial, argumentando-se que tal prerrogativa encontraria-se inserida no poder diretivo do 
empregador, instituto reconhecido doutrinária e jurisprudencialmente com base no texto do 
artigo 2° da Consolidação das Leis do Trabalho, que confere ao empregador poderes de 
estabelecer regras sobre a forma de prestação de serviços, de fiscalizar o seu cumprimento e de 
aplicar sanções às faltas reconhecidas. 
O procedimento de revistas íntimas foi expressamente vedado pela legislação trabalhista 
desde a promulgação da lei n° 9.799/1999, que incluiu no diploma consolidado o artigo 373-A, 
cujo inciso VI proíbe empregadores e seus prepostos de proceder a revistas íntimas em suas 
empregadas. Diante do claro mandamento constitucional de respeito à isonomia no tratamento 
de homens e mulheres, é pacífico o entendimento de que tal dispositivo aplica-se igualmente aos 
empregados do sexo masculino. 
Percebe-se, entretanto, que a proibição expressão não foi suficiente para pacificar as 
discussões sobre o assunto. Prova disso e de que os procedimentos de revista seguiram sendo 
utilizados é a recente promulgação da Lei n° 13.271, de abril do presente ano, novamente 
proibindo empresas privadas e agora também entes da Administração Pública de proceder a 
revistas íntimas em suas funcionárias e clientes. 
Ambos os dispositivos mencionados não se mostram suficientes à pacificação da questão 
pelo fato de que n~o precisam o que caracteriza a chamada “revista íntima” que visam coibir. A 
questão é terminológica: a incerteza sobre o alcance da expressão tem dado ensejo às mais 
diversas interpretações sobre quais os procedimentos de fato vedados ao empregador. 
 
15 
 
Diante desse cenário, é o objetivo do presente trabalho esclarecer os principais 
entendimentos esposados pela doutrina e jurisprudência trabalhistas acerca do procedimentopatronal, identificando os principais fundamentos para o reconhecimento ou não de sua 
abusividade. Por isso, consiste num levantamento bibliográfico e jurisprudencial sobre o tema 
revistas íntimas, indicando as principais discussões e os poucos pontos de consenso 
encontrados. 
 
1 A RELAÇÃO ENTRE DIREITOS DA PERSONALIDADE E DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
O tratamento do direito à intimidade suscita a necessidade de sua análise tanto pelo 
prisma dos direitos da personalidade, quanto pelo viés dos direitos fundamentais. Isso porque a 
intimidade encontra previsão legal no Código Civil, no capítulo referente aos direitos da 
personalidade, bem como no inciso X do artigo 5° da Constituição Federal, que elenca os direitos 
fundamentais do cidadão. Assim, inicialmente, torna-se relevante analisar a relação estabelecida 
entre os dois institutos. 
A doutrina costuma apregoar que o que difere primordialmente os direitos fundamentais 
dos direitos da personalidade é o fato de os primeiros retratarem as garantias do indíviduo em 
face do Estado, enquanto os segundos se referem às relações privadas entre os indivíduos: 
marca da clássica dicotomia entre o Direito Público e o Direito Privado. 
Reconhecendo a dificuldade na classificação e diferenciação, Carlos Alberto Bittar explica 
que essas duas esferas (direitos da personalidade e direitos fundamentais) dizem respeito à 
“primeira e fundamental das categorias de bens da pessoa, que, no direito legislado, em nível 
constitucional ou no plano ordinário, recebem tratamentos próprios e diferenciados, mas que, 
em essência, se reduzem a uma só noç~o”. Aponta, ainda, a possibilidade de distingui-los, 
entretanto, no que toca ao plano e ao conteúdo (BITTAR, 2015, p. 56). 
No que diz respeito ao plano, o autor elucida que os direitos da personalidade, por serem 
inerentes ao ser humano, encontram-se em plano superior ao direito positivo, de modo que 
existem independentemente do seu reconhecimento legal. Ao contrário, os direitos 
fundamentais, os quais foram submetidos ao crivo do constituinte (então, positivados) existem 
apenas no plano positivo. Desta feita, pode ocorrer que nem todos os direitos da personalidade 
estejam positivados constitucionalmente. No entanto, aponta Bittar que, recentemente, vem se 
alargando o conteúdo dos direitos fundamentais, aos quais foram acrescidos os direitos 
econômicos e sociais, por exemplo, que não coincidem necessariamente com os direitos da 
personalidade (BITTAR, 2015, p. 57). 
De outro prisma, Gilberto Haddad Jabur acredita que a pedra de toque na diferenciação 
entre esses dois institutos seja o sujeito, e não o conteúdo ou substância, pois: 
 
O terreno dos direitos humanos ou fundamentais é, de fato, mais largo. Os bens 
personalíssimos neles são encontrados, mas não são os únicos que ali estão 
compreendidos. Muitos são fundamentais frente ao Estado, por conveniência 
política ou legislativa. Mas nem todos os direitos individuais ou fundamentais 
são, pelas mesmas razões, da personalidade (...). Os direitos personalíssimos 
seriam, assim, expressões dos direitos fundamentais ou humanos perante os 
particulares, não, propriamente, uma esfera ou ramo daqueles (JABUR, 2000, p. 
80-81). 
 
Interessante, por fim, a solução dada à discussão por Priscilla de Oliveira Pinto Ávila, no 
sentido de que a distinção entre direitos da personalidade e direitos fundamentais não se 
encontra no fato de os primeiros representarem liberdades frente aos particulares e os 
segundos frente ao Estado, mas no fato de que “os direitos da personalidade constituem o núcleo 
dos direitos fundamentais, pois abrangem o conjunto de caracteres que compõem a própria 
personalidade do indivíduo” (\VILA, 2011, p. 57). Partindo de ainda outro critério, José Antônio 
Peres Gediel assevera que os direitos da personalidade são direitos fundamentais, não porque 
 
16 
 
estejam previstos constitucionalmente, mas por força da “indissociabilidade entre os bens 
tutelados e o sujeito titular ou ocupante de determinada posiç~o jurídica” (GEDIEL, 2010, p. 
145). 
Ou seja, percebe-se que a doutrina estabelece diversos critérios diferenciadores entre as 
duas categorias de direitos, sendo que alguns acreditam terem ambos os mesmos conteúdos, 
porém regulados em planos distintos, outros entendem tratarem-se os direitos da personalidade 
de uma subcategoria dos direitos fundamentais. Percebe-se, de fato, a identidade de objeto de 
alguns dos direitos de ambas as categorias, como no caso do direito à intimidade, à honra e à 
imagem; entretanto, nem todos os direitos fundamentais consistem também em direitos da 
personalidade, como, por exemplo, o direito de propriedade ou ao devido processo legal. 
O certo é que, como serve de exemplo a discussão sobre a aplicabilidade dos direitos 
fundamentais nas relações entre particulares, a dicotomia entre o Direito Público e o Direito 
Privado, frequentemente utilizada como principal critério de distinção entre direitos 
fundamentais e direitos da personalidade, encontra-se atualmente um tanto quanto abalada. 
Gustavo Tepedino (2009, p. 43), por exemplo, percebe que a tradicional dicotomia do Direito se 
justificava em face das necessidades da sociedade pré-industrial, quando a autonomia dos entes 
privados parecia o suficiente para realizar os direitos fundamentais, na concepção que se tinha 
deles. J| na sociedade contempor}nea, haveria uma “superposiç~o dos espaços públicos e 
privado”, de forma que não haveria utilidade de se resguardar direitos humanos no âmbito do 
direito público se a atividade econômica privada continuar neste ponto desregulada, 
“incrementando a exclus~o social e o desrespeito { dignidade da pessoa humana (TEPEDINO, 
2009, p. 43). 
E arremata lecionando que a Constituição, ao alçar a dignidade humana ao patamar de 
valor máximo do sistema normativo, não permitiu a existência de quaisquer espaços 
particulares os quais, em nome das liberdades fundamentais, ignorassem a imposição da 
realização plena da pessoa (TEPEDINO, 2009, p. 45). 
 
1.1 A intimidade enquanto direito fundamental 
 
Como leciona José Ribas Vieira, o direito à intimidade é reconhecido atualmente como 
direito fundamental, com fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana. Explica, 
ainda, que tal direito representa a concretização de um dos fundamentos estabelecidos pelo 
legislador constituinte para ordenar a convivência social (VIEIRA, 2008). Esta característica 
adquire especial importância, posto que implica no reconhecimento da aplicação de um direito 
fundamental em todas as relações, inclusive privadas, j| que a express~o “convivência social” 
abarca as relações jurídicas em sua totalidade. 
Ainda nesse sentido, Maria Cláudia Cachapuz, ao analisar a tutela da intimidade e da vida 
privada constante do artigo 21 do Código Civil de 2002, nela reconhece a cláusula determinante 
da aplicação de um direito fundamental (contido no inciso X do artigo 5° da Constituição 
Federal) às relações jurídicas entre particulares. A magistrada ressalta que antes da 
promulgação do novo diploma civilista, a tutela da intimidade no âmbito privado apenas podia 
se realizar de forma indireta, através de uma interpretação do princípio da dignidade da pessoa 
humana que abrangesse a questão da intimidade e vida privada, ou a interpretação de uma 
cláusula geral do artigo 159 do próprio Código Civil de 1916, no sentido de aplicar os direitos 
fundamentais à relações privadas (CACHAPUZ, 2006). 
Já com a entrada em vigor do novo Código, seu artigo 21 tornou desnecessário esse 
esforço interpretativo no sentido de que, expressamente, “trabalha com o direito fundamental { 
intimidade e { vida privada, no }mbito das relações privadas, como um efetivo direito subjetivo” 
(CACHAPUZ, 2006, p. 207). Entretanto, mantém a importância da interpretação, apesar da 
expressividade dogmática, por dois motivos: a) a delimitação do que seja a esfera da intimidade 
e da vida privada, como inclusive já mencionamos, não é um dado trazidopela norma e, 
portanto, depende da aplicação de uma cláusula geral, que atualmente se encontra no artigo 187 
do Código Civil para orientar sua determinação e b) o próprio artigo 21 pode ser entendido 
 
17 
 
como uma cláusula geral, a demandar um trabalho de interpretação para sua aplicação pelo 
magistrado no caso concreto. 
 
2 ASPECTOS LEGAIS E DOUTRINÁRIOS DAS REVISTAS ÍNTIMAS NO CONTEXTO LABORAL 
 
Conforme pontua Alice Monteiro de Barros (2006), até meados da década de 1990, a 
maioria dos autores brasileiros defendia a realização das revistas pessoais, considerando-a uma 
prerrogativa abrangida pelo poder diretivo do empregador, especialmente ao poder 
fiscalizatório ou de controle ínsito àquele. Também a jurisprudência se posicionava, 
majoritariamente, pela admissibilidade das revistas, no máximo sujeitando-as à previsão no 
regulamento da empresa ou ao ajusto prévio entre empregado e empregador. 
Assim, apenas em 1999 a lei 9.799 incluiu o artigo 373-A à Consolidação das Leis do 
Trabalho. O diploma visava ao estabelecimento de ações afirmativas que conferissem maior 
proteção à mulher no ambiente de trabalho, em face da discriminação que ela sofria – e sofre – 
no universo laboral. Por isso, o inciso VI do artigo 373-A apenas proíbe a realização de revistas 
íntimas nas empregadas do sexo feminino, por parte do empregador ou seu preposto do sexo 
masculino. 
A principal crítica dirigida ao dispositivo pela doutrina referia-se ao fato de ser destinado 
apenas às mulheres. Atualmente, no entanto, parece pacífico que, por força do princípio da 
isonomia contido no inciso I do artigo 5° da Constituição Federal, os homens também podem se 
valer dessa norma para tutelar sua intimidade em face das revistas íntimas (VILLELA, 2012). 
Entretanto, outras dificuldades surgem na interpretação dessa proibição. Isso porque a 
vedação tem como objeto apenas as revistas íntimas, estando, a contrario sensu, permitidas as 
revistas pessoais que não firam a intimidade dos empregados. Assim, as revistas podem ser 
pessoais, isto é, recair sobre a pessoa sem, entretanto, atingir sua esfera de intimidade, isto é, a 
esfera mais reservada da pessoa. 
A dificuldade reside, portanto, em estabelecer quais aspectos das pessoas podem se 
sujeitar à inspeção empregatícia, sem que se atinja sua intimidade. Por esse motivo é que Fabio 
Goulart Villela explica a própria extens~o do conceito de “revista íntima” tem causado discussões 
doutrinárias e jurisprudenciais. O autor relata, por exemplo, que o entendimento adotado pelo 
Ministério Público do Trabalho, por meio de sua Coordenadoria Nacional de Promoção de 
Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade) não 
vem sendo acatado pelos tribunais trabalhistas pátrios. O órgão, durante suas Terceira Reunião 
Nacional, em abril de 2004, definiu orientação no sentido de que não são admitidas revistas 
íntimas, “assim compreendidas aquelas que importem contato físico e/ ou exposiç~o visual de 
partes do corpo ou objetos pessoais” (VILLELA, 2012, p. 151). 
Desse modo, percebe-se que o Ministério Público do Trabalho considera a revista em 
objetos pessoais do empregado, como bolsas, mochilas, pastas ou armários, encontra-se 
abrangida pelo conceito de intimidade, e, portanto, devem estar à salvo das investigações 
patronais. No entanto, como relata Mauricio Godinho Delgado, a verificação dos bens pessoais 
não tem sido considerada como revista íntima pela maioria da jurisprudência (DELGADO, 2015). 
Assim, apesar de permanecer a dúvida quanto aos limites que demarcam a abusividade 
da revista, a doutrina, quase unanimemente, afirma a possibilidade da prática, desde que 
respeite a intimidade e a privacidade do empregador, e, por consequência sua dignidade. Alice 
Monteiro de Barros busca estabelecer alguns critérios que permitiriam, em tese, a realização das 
revistas. Acima de tudo, a autora assevera que ela deve constituir o último recurso para a 
proteção do patrimônio do empregador, ou seja, deve apenas ser utilizadas quando for 
impossível realizar a fiscalização por meios menos invasivos, como a utilização de etiquetas 
magnéticas em livros e roupas nos estabelecimentos que comercializem esses tipos de produtos. 
Além disso, a autora aduz a insuficiência da tutela genérica da propriedade patronal para 
justificar a medida, sendo necessária a existência de circunstâncias concretas que determinem a 
suspeita de subtração e ocultação de determinados bens dotados de valor econômico ou que 
 
18 
 
sejam importantes para o funcionamento da empresa ou ainda para a segurança das pessoas 
naquele ambiente (BARROS, 2006, p. 560). 
Também José Afonso Dallegrave Neto se preocupa em estabelecer critérios para que seja 
reconhecida como legítima a revista não íntima e a revista íntima sobre os bens do empregado, 
ressaltando novamente que as revistas que recaiam sobre o corpo daquele serão sempre 
abusivas. Dessa forma, o professor assevera, inicialmente, que a intensidade e a invasividade da 
medida devem guardar as proporções da situação que justifica sua necessidade. Assim, apenas 
quando o prejuízo que pode sofrer a empresa seja considerável, será possível proceder, de 
maneira proporcional àquela gravidade, à revista dos empregados. Além disso, e no mesmo 
sentido dos ensinamentos de Alice Monteiro de Barros, aduz que a revista apenas será possível 
quando existam circunstâncias concretas que levantem suspeitas específicas, não sendo legítima 
a revista rotineira, como forma de prevenção genérica (DALLEGRAVE NETO, 2011). 
Fabio Goulart Villela, por outro lado, menciona o posicionamento adotado durante a 1ª 
Jornada de Direito Material e Processual na Justiça do Trabalho, promovida pelo Tribunal 
Superior do Trabalho em parceria com a ANAMATRA – Associação dos Magistrados da Justiça do 
Trabalho – e a ENAMAT – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do 
Trabalho – em novembro de 2007, quando se demonstrou repúdio até mesmo às revistas que 
não exponham a intimidade do trabalhador. O Enunciado nº 15, adotado no Encontro, veda a 
realização de revistas nos seguintes termos: 
 
Enunciado n° 15: REVISTA DE EMPREGADO 
I – REVISTA – ILICITUDE. Toda e qualquer revista, íntima ou não, promovida 
pelo empregador ou seus prepostos em seus empregados e/ou em seus 
pertences, é ilegal, por ofensa aos direitos fundamentais da dignidade e 
intimidade do trabalhador. 
II – REVISTA ÍNTIMA – VEDAÇÃO A AMBOS OS SEXOS. A norma do art. 373-A, 
inc. VI, da CLT, que veda revistas íntimas nas empregadas, também se aplica aos 
homens em face da igualdade entre os sexos inscrita no art. 5º, inc. I, da 
Constituição da República. 
 
De modo geral, o que se depreende do estudo é, sobretudo, que o direito à intimidade do 
empregado não é absoluto, podendo ceder, em determinadas situações, ao direito à propriedade 
do empregador, também estabelecido pelo artigo 5° da Constituição Federal, em seu caput, bem 
como no inciso XXII, como direito fundamental. Assim, surge um conflito entre direitos 
fundamentais no qual 
 
De um lado, se posicionam os princípios da dignidade da pessoa humana do 
trabalhador, da valorização social do trabalho, da função social da propriedade, 
da intimidade e da vida privada; do outro lado, se coloca o direito de 
propriedade do empregador, assim como a utilização dos mecanismos 
necessários à preservação do seu patrimônio (VILLELA, 2012, p. 151). 
 
Impende ressaltar, ao se mencionar o papel do direito de propriedade enquanto direito 
fundamental do empregador, que a própria Constituição Federal, logo após prever tal direito, 
determina, no inciso XXIII de seu artigo 5° que seu exercício deve observar sua função social. Tal 
significa, nas palavras de Caio Mário da Silva Pereira, que a ordem constitucional impõe limites a 
esse direito, com o objetivo de “impedir que o exercício do direito de propriedade se transforme 
em instrumento de dominaç~o” (PEREIRA, 2014. p. 49). 
Por isso,ao se sopesar a real necessidade de utilização das revistas pessoais e íntimas 
dos empregados para a proteção dos bens empresariais, é imprescindível considerar que o 
próprio direito à propriedade se subordina à satisfação e observância dos interesses do maior 
número de pessoas possível. Assim também o exercício da livre iniciativa, igualmente garantido 
em sede constitucional e usado para fundamentar a legitimidade do poder diretivo, deve 
 
19 
 
respeitar o valor social do trabalho, previsto no mesmo dispositivo (inciso IV do artigo 5° da 
Constituição) (SILVA, 2010). 
 
3 ANÁLISE JURISPRUDENCIAL 
 
O levantamento jurisprudencial realizado junto ao repositório eletrônico do Tribunal 
Regional do Trabalho da 15ª Região, abrangendo os acórdãos proferidos por suas seis Turmas e 
pelo Órgão Especial, retornou 676 resultados, sendo 380 deles relevantes para o tema. 
Destes, 221 acórdãos reconheceram a ocorrência de dano moral indenizável em razão da 
realização de revistas em empregados, ao passo que 140 não reconheceram; e 19 acórdãos 
foram enquadrados como exceções, por representarem situações muito específicas, que não 
puderam ser reduzidas aos elementos analisados, conforme descritos abaixo, como os casos em 
que o próprio empregado resolveu despir-se para provar inocência diante de suspeitas de furto, 
ou quando foi acionada a autoridade policial para a realização das revistas. 
Insta esclarecer algumas observações com relação à análise dos dados: 
 
a) As informações foram consideradas de acordo com o convencimento manifestado 
no acórdão, e não de acordo com a análise pessoal das provas relatadas. Assim, 
em determinados casos, houve testemunha narrando a realização de revista em 
pertences à vista de clientes, porém a Turma julgadora entendeu que tal 
circunstância não foi suficientemente demonstrada, de modo que o caso foi 
inserido naqueles em que apenas houve revista em pertences; 
b) Alguns acórdãos não trazem informações completas sobre a forma como eram 
realizadas as revistas; portanto, a soma dos casos elencados em cada critério 
pode não resultar no número total de casos em que houve ou não deferimento do 
dano moral. Ademais, alguns casos se enquadraram em mais de uma situação, 
por haver sido reconhecida, por exemplo, a revista rotineira em pertences e 
revistas ocasionais com contato físico; 
c) Do total, em seis casos o pleito de danos morais foi indeferido em razão do 
reconhecimento da prescrição; 
d) Em um dos acórd~os ocorreu o que a Turma denominou como “autorrevista”, isto 
é, quando o próprio empregado retira tudo o que havia em seus bolsos e abre 
partes da roupa (um colete, no caso), sem expor partes do seu corpo. Nessa 
situação, a revista foi considerada aceitável; 
e) Em quatro casos o conjunto probatório demonstrou que existia, na empresa, a 
prática de revistas íntimas, não restando provado, no entanto, que o trabalhador 
a elas foi submetido. Desses, em três casos o pleito foi indeferido e em um foi 
deferido; 
f) Em 30 casos, a Turma julgadora declarou a ocorrência de prova dividida (quando 
as testemunhas obreiras sustentam a tese da inicial e as testemunhas patronais 
sustentam a tese da defesa, não sendo possível verificar a verdade dos fatos) ou 
falta de provas, tendo decidido com fundamento nas regras de distribuição do 
ônus probatório. Em 24 deles, entendeu-se que cabia ao reclamante demonstrar 
a abusividade da revista, de forma que a indenização foi indeferida; em seis, 
entendeu-se que a reclamada, ao admitir a realização de revistas, negando 
apenas que fossem vexatórias, atraiu para si o ônus de demonstrar sua 
regularidade, condenando-a à indenização; 
g) Em oito dos casos narrados, as revistas eram realizadas apenas com aparelho 
detector de metais, sendo do tipo manual ou em forma de portal; em apenas um 
deles, o procedimento foi considerado abusivo; 
h) 47 dos acórdãos analisados não esclareceram especificamente como se dava a 
revista; em 38 deles, a revista foi considerada abusiva e, em 9, foi considerada 
regular; englobou-se nesse grupo os acórdãos que afirmaram existir a 
 
20 
 
necessidade de que o empregado retirasse as roupas, sem especificar ser o caso 
de se despir totalmente ou parcialmente (roupas íntimas); 
i) Em três casos, deferiu-se indenização em razão da revelia e da consequente 
confissão; e 
j) Acórdãos deferiram a indenização pleiteada, porém, não em razão da revista 
íntima isoladamente, mas conjugada com outras situações humilhantes, como, 
por exemplo, a acusação pública de furto ou em decorrência da convocação do 
trabalhador para retornar ao local de trabalho unicamente para que se 
submetesse à revista. 
 
Os resultados apontaram a prevalência de: dano moral improcedente no caso de revista 
em pertences (73); dano moral procedente no caso de revista em pertences em local público 
(22); dano moral procedente no caso de revista com contato físico (29); dano moral procedente 
no caso de revista com nudez parcial – roupas íntimas (86); dano moral procedente no caso de 
revista com nudez total (14); dano moral improcedente no caso de revista parcial masculina – 
erguer a camiseta (2); dano moral procedente no caso de revista rotineira (148); dano moral 
procedente no caso de revista única ou ocasional (37); dano moral procedente no caso de revista 
realizada por pessoa do mesmo sexo (66); dano moral procedente no caso de revista realizada 
por pessoa do sexo oposto (29); e dano moral procedente no caso de revista considerada 
discriminatória (7). 
Observa-se que nos casos em que foi considerado procedente o pedido de indenização 
por danos morais, a maioria dos casos tratava-se de revistas em que os empregados eram 
obrigados a expor suas roupas íntimas (87) e nas quais havia contato do revistador com partes 
do corpo do revistado (28). Dentre essas, na maior parte dos casos a revista constituía 
procedimento rotineiro da empresa, o que representa 68 dos procedimentos com exposição de 
roupas íntimas em oposição aos 19 casos em que a revista foi episódio isolado, sendo que em 
apenas oito destes havia informação sobre suspeita de furto. Com relação às revistas com 
contato físico, em 25 dos casos tratava-se de medida de rotina, com apenas 3 casos eventuais, 
não havendo em nenhum dos casos narrados informação sobre suspeita específica. Percebe-se 
também a prevalência de revistas realizadas por pessoa do mesmo sexo do empregado revistado 
nos casos em que havia nudez total ou parcial. Já naqueles em que houve contato físico, a 
maioria dos casos em que tal informação foi explicitada era realizada por pessoa de outro sexo. 
Além disso, grande parte das revistas envolvendo nudez eram realizadas em grupos. O menor 
número de casos se refere a revistas com nudez total, sendo que em nove casos elas aconteciam 
rotineiramente e cinco casos elas ocorreram isoladamente e que em quatro deles havia 
informação sobre suspeita de furto específico motivando o procedimento). Foram poucos os 
casos em que as revistas apenas em pertences foram consideradas atentatórias, sendo que, 
destas, a maioria era realizada de forma rotineira. 
Por fim, percebe-se a prevalência de revistas realizadas apenas nos pertences dos 
empregados dentre os casos em que o pleito de indenização foi indeferido, sendo que na maioria 
dos casos (54) elas eram realizadas de forma rotineira, ao passo que em 15 deles tratou-se de 
revista isolada ou ocasional. Destas, em 13 ficou demonstrada no acórdão a existência de 
suspeita específica de furto justificando o procedimento. Em nove casos, apesar de ter sido 
realizada em local público, visível por cliente e pessoas em geral, a revista foi considerada 
razoável, sendo em que sete desses casos tratava-se de procedimento comum na empresa e em 
apenas dois ocorreu de forma isolada ou ocasional. Foram sete os casos em que a revista com 
nudez parcial não foi considerada danosa, três delas constituindo eventos isolados e apenas uma 
decorrente de suspeita específica de furto. Em dois dessescasos, o procedimento foi realizado 
em grupo e em nenhum deles ficou demonstrado ter sido realizada por pessoa do sexo oposto. 
Também com relação às revistas envolvendo contato físico, oito no total, em nenhum dos casos 
de improcedência demonstrou-se ter ocorrido com pessoa de outro sexo, não havendo essa 
informação em cinco dos casos. 
 
 
21 
 
CONCLUSÃO 
 
O direito à intimidade encontra previsão expressa na legislação brasileira no inciso X do 
artigo 5° da Constituição Federal, bem como no artigo 21 do Código Civil de 2002. Por esse 
motivo, pode ser analisado tanto pelo viés dos direitos da personalidade quanto dos direitos 
fundamentais, não existindo consenso, na doutrina, sobre a exata dinâmica da relação entre os 
dois institutos. Assim, há quem argumente tratarem-se os direitos da personalidade de uma 
espécie dos direitos fundamentais, ao passo que outros acreditam serem institutos com o 
mesmo conteúdo, destinados, porém, a sujeitos diferentes. 
Essa última concepção perde força diante da atual tendência denominada 
constitucionalização do direito privado, consistente na necessidade de observância dos direitos 
fundamentais também nas relações privadas. Diz-se tratar-se de tendência atual pois, 
tradicionalmente, os direitos fundamentais foram concebidos como garantias do cidadão com 
relação ao Estado. Com a evolução do Direito Constitucional e a crescente importância conferida 
a essas garantias, reconheceu-se a possibilidade de que entes privados pudessem representar, 
para outros particulares, estruturas tão poderosas, e, portanto, potencialmente opressoras 
quanto o Estado, de modo que se passou a defender a necessidade de que todos os particulares 
se vinculassem à observância dos direitos fundamentais. A questão demanda maiores discussões 
em razão de, diferentemente da relação entre particulares e os Estados, nas relações privadas os 
dois polos são dotados de garantias fundamentais, muitas vezes de difícil compatibilização. 
Uma das relações privadas em que existe a referida potencialidade de opressão por força 
do desequilíbrio de poder entre as partes é a justamente o contrato de trabalho. E tal ocorre em 
virtude do poder diretivo do empregador, que lhe garante a possibilidade de ditar os termos e a 
dinâmica do relacionamento, estabelecendo horários, modos de procedimento, códigos internos 
de conduta, bem como de fiscalizar o devido cumprimento de suas ordens, inclusive impondo 
sanções aos empregados faltosos. 
Não são raros os relatos de abuso dessas prerrogativas, culminando no desrespeito de 
algumas garantias básicas da pessoa humana, em nome da produtividade e da lucratividade. 
Frequentemente se defende que a realização de revistas em empregados seja uma dessas 
situações. A matéria é superficialmente regulada pelo artigo 373-A da Consolidação das Leis do 
Trabalho, em seu inciso VI, e pelo artigo 1° da Lei número 13.271 de 2016, que vedam a 
realização de revistas íntimas em empregadas. 
Muitos consideram que a vistoria de pertences ou em algumas partes do corpo é 
totalmente justificável como forma de resguardo do patrimônio patronal. Entretanto, até as 
revistas em que se exige a nudez completa dos empregados são muitas vezes defendidas em 
situações nas quais não se vislumbre outra forma de evitar que alguns bens da empresa sejam 
desviados, como em empresas farmacêuticas ou que trabalham com segurança privada. 
Questiona-se, entretanto, a razoabilidade de se sacrificar o sentimento de pudor e o 
cuidado pela própria imagem, elementos do direito da personalidade e fundamental do 
empregado à sua esfera de intimidade, em nome do patrimônio do empregador. Caracterizado, 
assim, o conflito entre dois direitos fundamentais constitucionalmente garantidos, surge a 
necessidade de ponderação, para a aferição da possibilidade ou impossibilidade de realização de 
tais procedimentos. 
Seguindo os ensinamentos de Canotilho, percebe-se que tal análise deve partir do 
reconhecimento da unidade da Constituição, que não pode ser aplicada de forma fracionada. Daí 
decorre a necessidade de harmonização dos direitos em rota de colisão, que decorrerá do 
exercício da ponderação, baseada no princípio da proporcionalidade em sentido amplo. Desse 
modo, haverá a necessidade da decisão pela prevalência de um dos direitos sobre outro. Diz-se 
prevalência, e não exclusão de um ou outro direito, o que representa a necessidade de que se 
respeite o máximo possível cada um dos direitos, apesar da impossibilidade de se aplicar ambos 
integralmente. 
Ocorre que o exercício de ponderação apenas pode ser realizado em cada caso concreto, 
posto que, diante do caráter principiológico e da idêntica hierarquia entre todos os direitos 
 
22 
 
fundamentais, torna-se impossível estabelecer entre eles uma relação de prevalência a priori, o 
que significa dizer que nem sempre que se encontrem em colisão os direitos fundamentais à 
intimidade e à propriedade, o resultado será pela prevalência da intimidade. Daí se percebe a 
dificuldade em se estabelecer normas que apresentem um resultado único para a questão posta 
no presente trabalho, e a necessidade de se estudar as variadas situações e condições reais de 
que a argumentação pode se valer para defender a prevalência dos interesses de uma ou de 
outra das partes envolvidas. 
Patente, portanto, a importância da pesquisa jurisprudencial, que demonstrou as 
principais situações em que se dão as revistas no mundo do trabalho, os mais frequentes tipos 
de procedimento e, para cada um deles, as tendências do Tribunal estudado em reconhecer mais 
frequentemente a prevalência de um ou outro direito. 
O levantamento realizado no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região demonstrou 
que, em regra, quando a revista é realizada apenas nos pertences do empregado, como bolsas, 
mochilas, armários e veículos utilizados, o procedimento é considerado razoável, por entender-
se que não atinge a esfera mais íntima de resguardo, mesmo quando realizada por pessoa de 
outro sexo. Os resultados divergentes se fundamentam no argumento de que os pertences 
seriam uma extensão do corpo do empregado, guardando bens que ele possivelmente deseja ter 
afastados do conhecimento público. Debate-se, ainda, a questão de que, ainda que tal 
procedimento não atingisse a intimidade do empregado, representa uma inversão do princípio 
constitucional da presunção de inocência, ao estabelecer como suspeitos de crime todos os 
empregados de uma empresa, procedendo a investigações próprias do poder de polícia. 
Por outro lado, quando são vistoriados os pertences dos empregados em locais públicos, 
à vista de clientes e usuários dos estabelecimentos que promovem o procedimento, o Tribunal 
tendeu a reconhecer a ocorrência de dano moral indenizável, não apenas pela exposição da 
intimidade, mas também por caracterizar uma ofensa à honra do empregado, exposto 
publicamente como suspeito. 
Igualmente, nos casos em que houve contato físico ou apalpação no corpo do empregado 
revistado, a maioria dos julgados reconheceu a devassa da intimidade e deferiu a indenização 
por danos morais, sendo frequente, inclusive, argumentos no sentido de que esse é o 
procedimento adotado em eventos e aeroportos em casos de suspeita. Também nos casos em 
que o empregado era obrigado a expor suas roupas íntimas, foi demonstrada a tendência ao 
reconhecimento da afronta aos direitos do trabalhador, apesar de alguns casos em que se 
defendeu que o fato de mostrar-se aos colegas em roupas íntimas não caracterizaria, por si só, 
situação vexatória, desde que se tratassem de pessoas do mesmo sexo. 
Já nos casos mais extremos, em que o empregado tinha de se despir completamente, em 
apenas um caso ela foi considerada razoável, não se considerando os dois casos, enquadrados 
como exceções, em que o Tribunal reconheceu que o próprio empregado, sem qualquer 
exigência do empregador, despiu-se com o propósito de comprovar sua inocência, diante de 
suspeitas de furtos. 
Apesar das tendênciasressaltadas, percebe-se que em todos os grupos de casos o 
Tribunal demonstrou divergências, especialmente entre as diferentes Turmas. Por exemplo, a 
Sexta Turma demonstrou maior tendência a considerar abusivos todos os tipos de revistas. 
Merece destaque um dos fundamentos apontados em tais acórdãos, que é a fidúcia própria das 
relações contratuais. Deixando de lado, portanto, considerações sobre o próprio conceito de 
revista íntima, apontado neste trabalho como origem das divergências encontradas tanto na 
doutrina quanto na jurisprudência acerca da legitimidade ou não dos procedimentos de vistoria, 
argumenta-se pela sua impossibilidade, em função de desvirtuar um dos elementos essenciais do 
contrato de trabalho, que é a confiança. 
 
 
23 
 
REFERÊNCIAS 
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Limites ao Poder Diretivo do Empregador. 2011. 121 f. Dissertação (Mestrado em Direito) – 
Universidade de São Paulo. 2011. 
 
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CACHAPUZ, Maria Cláudia. Intimidade e vida privada do novo Código Civil brasileiro: uma leitura 
orientada no discurso jurídico. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Ed., 2006. 
 
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empregador: o caso da inviolabilidade do correio eletrônico. 2010. Monogradia (Graduação em 
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TEPEDINO, Gustavo. Temas de Direito Civil. Tomo III. Rio de Janeiro: Renovar, 2009. 
 
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Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Curitiba: Juruá, 2008. 
 
VILLELA, Fábio Goulart. Manual de Direito do Trabalho. 2. ed. revista, atualizada e ampliada. Rio 
de Janeiro: Elsevier, 2012. 
 
 
24 
 
A EFETIVAÇÃO DO DIREITO AO TRABALHO DAS PESSOAS DEFICIENTES NA 
PERSPECTIVA LABOR-AMBIENTAL: INTEGRAÇÃO ENTRE AS NORMAS E AS POLÍTICAS 
PÚBLICAS 
 
THE ENFORCEMENT OF RIGHT TO LABOR OF DISABLED PEOPLE IN LABOUR’S 
ENVIRONMENTAL PERSPECTIVE: INTEGRATION BETWEEN THE LAW AND PUBLIC 
POLICIES 
 
Fabiano Carvalho* 
Victor Hugo de Almeida** 
 
RESUMO: Paulatinamente e notadamente após as Grandes Guerras, passou-se a reconhecer que 
às pessoas deficientes também eram destinadas as normas que positivavam os direitos e 
garantias fundamentais, notadamente o direito à cidadania, dignidade da pessoa humana e, 
principalmente, ao trabalho e aos valores sociais dele decorrentes, direitos esses que, no Brasil, 
de acordo com a Constitução Federal de 1988, são os pilares da República. O Brasil é signatário 
de diversas Convenções Internacionais que reconhecem esses direitos às pessoas deficientes e 
possui leis que garantem políticas públicas de inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho, 
destacando-se o recente Estatuto da Pessoa com Deficiência, que, inclusive, visa à garantia de um 
meio ambiente do trabalho plenamente adequado e acessível aos deficientes. Atualmente, 53,8% 
das pessoas com deficiência e em idade produtiva estão desocupadas ou desempregadas, 
ensejando, assim, a necessidade de se verificar se as políticas públicas brasileiras se integram 
com a legislação específica existente e efetivam a cidadania e a dignidade dessas pessoas através 
do trabalho. Assim sendo, o objetivo do presente artigo é examinar a (in)existência da 
integração entre as normas garantidoras desses direitos e as políticas públicas existentes, sob o 
viés da perspectiva labor-ambiental, buscando-se identificar os principais desafios para a 
efetivação do direito ao trabalho das pessoas deficientes. Adotou-se, portanto, como método de 
procedimento, a técnica de pesquisa bibliográfica em materiais publicados e, como método de 
abordagem, o dialético. Em conclusão parcial, contatou-se que a efetivação do direito ao trabalho 
da pessoa deficiente diz respeito não apenas ao Estado e as suas instituições, mas também a 
todos os atores sociais, evidenciando-se a necessidade de políticas públicas, pautadas em ações 
afirmativas, e ações da própria sociedade, notadamente no que tange à acessibilidade e à 
adequação do meio ambiente do trabalho (aspectos arquiteturais e organizacionais). 
Palavras-chave: direitos fundamentais. Direito do Trabalho. meio ambiente do trabalho. políticas 
públicas. pessoa com deficiência. 
 
ABSTRACT: Gradually and especially after the world wars, it came to recognize that the disabled 
people were also designed of the fundamental and guarantees of citizens’ rights, notably the 
right to citizenship, human dignity, and especially the work and values social thereunder, rights 
which, in Brazil, in accordance with its Federal Constitution of 1988, are the pillars of the 
Republic. Brazil is a signatory of several international conventions that recognize these rights to 
disabled people and Brazil has laws guaranteeing public policies of inclusion in the labor market, 
especially the recent Statute for the Person with Disability that even aims at ensuring an 
 
* Mestrando em Direito da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista 
Júlio de Mesquita Filho – UNESP/Franca. Advogado. Docente do Curso de Direito do Centro Universitário 
Moura Lacerda – Ribeirão Preto (SP). 
** Professor Doutor de Graduação e Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da UNESP 
- Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Doutor em Direito do Trabalho pela 
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – USP. Membro pesquisador do Instituto Brasileiro 
de Direito Social Cesarino Júnior, Seção Brasileira da Societé Internacionale de Droit du Travail et de la 
Sécurité Sociale. E-mail: victorhugo.professor@gmail.com. 
 
25 
 
environment work fully adequate and accessible to these people. Currently, 53.8% of people 
with disabilities and working age are unemployed thus the need to check whether their policies 
are integrated with the existing specific legislation and actualize citizenship and dignity of these 
people through work. Therefore, the objective of this article is to examine, therefore, the 
existence (or not) of integration between the guarantors rules of those rights and the existing 
public policies in labour’s environmental perspective, seeking to identify the main challenges for 
the realization of the right the work of disabled people. It was adopted, so as procedure method, 
the bibliographic research technique in published materials and as a method of approach, the 
dialectic. In partial completion, the enforcement of the right to work of the disabled person 
relates not only to the state and its institutions, but also to all stakeholders, demonstrating the 
need for public policies, guided in affirmative action, and actions of society itself, especially 
regarding the accessibility and adequacy of working environment (architectural and 
organizational aspects). 
Keywords: fundamental rights.Labour Law. working environment. public policies. disabled 
people. 
 
SUMÁRIO: Introdução. 1 A mudança de paradigmas em relação à pessoa com deficiência no 
decorrer da história da humanidade. 2 Os fundamentos republicanos: cidadania, dignidade da 
pessoa humana e o valor social do trabalho. 3 O tratamento desigual em busca da efetivação da 
igualdade de direitos: discriminação positiva. 4 O problema da efetivação do direito fundamental 
ao trabalho das pessoas com deficiência e a devida adequação do meio ambiente laboral. 
Conclusão. Referências. 
 
INTRODUÇÃO 
 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 elevou o direito ao trabalho ao 
patamar dos direitos fundamentais (art. 1º, IV; art. 5º, XIII; art. 6º) e instituiu, como fundamento 
da ordem econômica, a valorização do trabalho humano, a justiça social (art. 170) e a busca do 
pleno emprego (art. 170, VIII). Visando à efetivação desse direito, que não se restringe apenas ao 
acesso ao trabalho, reconheceu, ainda, a fundamentalidade do direito ao meio ambiente do 
trabalho equilibrado (artigos 225 e 200, VIII), impondo ao Poder Público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo (BRASIL, 1988). 
De acordo com os dados da Organização das Nações Unidas, atualmente há cerca de 650 
milhões de pessoas com deficiência no mundo, ou seja, 10% da população mundial (ONUBR, 
s.d.). Conforme o Censo de 2010, divulgado em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE, 2012), o Brasil possui 45,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, 
o que correspondente a 24% da população brasileira. 
Muito embora o Brasil reconheça o pleno emprego como direito fundamental aos 
deficientes, 53,8% dos 44 milhões de pessoas com deficiência em idade produtiva encontram-se 
desocupadas ou desempregadas (IBGE, 2012), e quando possuem alguma ocupação, exercem-na 
à margem da economia nacional; e, se empregadas, submetem-se a condições de trabalho em 
descordo com a legislação trabalhista, padecendo em seu próprio meio ambiente do trabalho. 
Assim, impõe-se a necessidade de examinar a existência ou não de integração entre a 
sistemática legal e algumas políticas públicas traduzidas em ações afirmativas, buscando-se 
elucidar o motivo de 53,8% dos brasileiros com deficiência encontrarem-se alheios à cadeia 
produtiva nacional e, por corolário, da efetivação de sua cidadania e dignidade através do 
próprio trabalho. 
O objetivo do presente estudo é examinar, sob o viés sociojurídico brasileiro e da 
perspectiva labor-ambiental, os desafios atrelados à efetivação do direito ao trabalho das 
pessoas com deficiência como medida de inserção social e de efetivação da dignidade humana e 
da plena cidadania. 
Como método de procedimento, adotou-se o levantamento por meio da técnica de 
pesquisa bibliográfica em materiais publicados (por exemplo, doutrinas, artigos científicos, 
 
26 
 
legislação, teses, notícias e informações publicadas em sítios eletrônicos, etc.) e, como método de 
abordagem, o dialético. 
Por derradeiro, quanto a sua estruturação, o presente artigo aborda inicialmente o 
tratamento dispensado às pessoas com deficiência no decorrer da história da humanidade. Em 
seguida, aborda a importância social do trabalho e a preocupação do Estado em promover 
condições laborais dignas, visando à efetivação da cidadania e da dignidade plena das pessoas 
com deficiência. E, por fim, à luz da isonomia aristotélica e da perspectiva labor-ambiental, 
discutem-se as ações afirmativas adotadas pelo Estado e o problema da efetivação do direito 
fundamental ao trabalho das pessoas com deficiência. 
 
1 A MUDANÇA DE PARADIGMAS EM RELAÇÃO À PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO DECORRER DA 
HISTÓRIA DA HUMANIDADE 
 
Os padrões sociais de normalidade sempre se apresentaram como entrave ao real e 
efetivo desenvolvimento das pessoas com deficiência, comprometendo o necessário acesso 
dessas pessoas à obtenção de direitos atualmente reconhecidos como fundamentais do ser 
humano e do cidadão. 
Na Idade Antiga, as pessoas com deficiência eram consideradas, na maioria das vezes, um 
empecilho ao desenvolvimento econômico; outras vezes protegidas, para, assim, despertar a 
simpatia e a proteção dos deuses; ou, ainda, envolvidas por gratidão, especificamente quando a 
deficiência, notadamente a física, decorria das lutas em guerras (FONSECA, 2010). 
Os atenienses submetiam os deficientes ao sacrifício, para serem mortos 
antecipadamente pelos inimigos. Em Esparta, onde a guerra era a forma natural de 
desenvolvimento da Cidade-Estado, as crianças nascidas com deficiência eram imediatamente 
descartadas pelos próprios pais. 
O Império Romano institucionalizou a morte das pessoas nascidas com deficiência, 
prevendo a Lei das XII Tábuas que as crianças nascidas com sinais de deficiência deveriam ser 
imediatamente mortas (ROMA, s.d.). 
Pensamentos não muito destoantes acompanharam a história da humanidade, pois 
repetidos atos de violência ou de mera misericórdia permearam a vida das pessoas com 
deficiência. No entanto, somente após as Grandes Guerras é que os Estados modernos passaram 
a se preocupar com a deficiência de seus cidadãos, consagrando-lhes direitos e privilégios em 
suas Constituições baseados em diretrizes estabelecidas pela Organização das Nações Unidas, 
através da Organização Internacional do Trabalho. 
Sensível a esse cenário, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), por meio da 
Recomendação nº 99 de 1955, tratou da reabilitação dos profissionais deficientes como meio de 
aumentar suas chances na busca de emprego, prevendo condições especiais para as crianças e 
jovens deficientes. 
A Convenção nº 111 da OIT, de 1958, ratificada pelo Brasil e internalizada no 
ordenamento jurídico pátrio através do Decreto nº 62.150/68, aborda a discriminação sofrida 
pelos deficientes na busca de emprego ou profissão; e a Convenção nº 159, de 1985, 
internalizada no ordenamento jurídico brasileiro por meio do Decreto nº 51/89, prevê a 
reabilitação profissional e a efetivação do pleno emprego de pessoas com deficiência. 
Todavia, apenas a partir do “Programa de Aç~o Mundial para Pessoas com Deficiência”, 
aprovado pela Assembleia Geral da ONU em 1982, cidadãos com deficiência passaram a ter o 
direito de desfrutar de melhores condições de vida advindas de seu próprio desenvolvimento 
social e econômico. Desde então, diversos países passaram a se preocupar com a situação dos 
deficientes e, consequentemente, com seu processo de autovalorização e com a efetivação de sua 
plena cidadania. 
Nessa senda, no encalço da Constituição Federal de 1988, que reconhece a 
fundamentalidade dos valores sociais do trabalho, surgiram no ordenamento jurídico brasileiro 
a Lei nº 7.853/89, regulamentada pelo Decreto nº 3.298/99, e a Lei nº 8.213/91, esta conhecida 
como a “Lei de Cotas”, visando { inserç~o dos deficientes físicos na cadeia produtiva da 
 
27 
 
economia nacional através de seu trabalho. No entanto, apenas em 2015 passou a viger a Lei nº 
13.146, conhecida como “Estatuto da Pessoa com Deficiência”, que ratificou e regulamentou o 
direito fundamental ao trabalho dos deficientes, além de contemplar medidas de inclusão, 
notadamente através de recursos tecnológicos e de adaptações labor-ambientais. 
Frente aos dados estatísticos do IBGE (2012), dos 44 milhões de pessoas com deficiência 
que estão em idade produtiva de trabalho, 53,8% estão desocupados ou desempregados. Esse 
cenário evidentemente justifica a relevância do Estatuto da Pessoa com Deficiência, bem como a 
necessidade de políticas públicas para efetivar os direitos nele encartados. 
Todavia, impõe-se a necessidade de se compreender as causas ensejadoras dessa 
marginalização laboral e, sobretudo, social, em um país que dispõe de legislação que estabelece 
cotas de emprego a deficientes e pune a discriminação. Isso porque, supõe-se que as causas 
estejam relacionadas a aspectos alheios ao conteúdo organizacional do trabalho, ao passo que, 
conforme evidenciamFlávia Moreira Guimarães e Layanna Maria Santiago Andrade (2016, p. 
1706), “Deficiência, física ou psíquica, n~o é sinônimo de incapacidade. Limitaç~o n~o é 
inaptidão. Os trabalhos, em sua maioria, podem ser executados com eficiência por pessoas com 
alguma deficiência”. 
Afora a previsão legislativa, a garantia ao deficiente do direito fundamental ao trabalho 
também requer a participação do Estado, em conjunto com a sociedade, para a instituição de 
outras medidas a fim de criar condições de aplicabilidade da legislação através das políticas 
públicas. Certo é que a efetivação do direito fundamental ao trabalho não implica apenas no 
ingresso do deficiente ao cenário laboral, mas também a garantia de um meio ambiente do 
trabalho equilibrado, cujo direito fora elevado ao patamar de direito fundamental pela 
Constituição Federal de 1988, especificamente em decorrência da previsão disposta nos artigos 
225 e 200, inciso VIII e, agora, através da Lei nº 13.146/2015. 
Desta feita, em decorrência dessa previsão constitucional, a adaptação do meio ambiente 
do trabalho às necessidades dos trabalhadores com deficiência, sobretudo no tocante aos 
aspectos físicos e organizacionais labor-ambientais, é medida que se impõe para a efetivação do 
direito fundamental ao trabalho, inseparavelmente relacionado a condições labor-ambientais 
dignas e adequadas. 
 
2 OS FUNDAMENTOS REPUBLICANOS: CIDADANIA, DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E O VALOR 
SOCIAL DO TRABALHO 
 
O trabalho possui papel central na vida humana; é expressão de personalidade e 
importante vertente identitária. No decorrer da história, o trabalho se modificou e transformou 
a concepção humana de existência, trazendo consigo importantes transformações sociais 
(ABREU; ALMEIDA, 2016). 
Nesse compasso, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 elevou o 
direito ao trabalho ao patamar dos direitos fundamentais (art. 1º, IV; art. 5º, XIII; art. 6º), 
instituindo, como fundamento da ordem econômica, a justiça social (art. 170) e a busca do pleno 
emprego (art. 170, VIII); e, como fundamentos da República, a cidadania (art. 1º, II), a dignidade 
da pessoa humana (art. 1º, III) e os valores sociais do trabalho (art. 1º, IV). 
Imperioso ressaltar que tais fundamentos não podem ser analisados de forma singular, 
senão pelo seu conjunto, um buscando aporte no outro, já que se inter-relacionam. 
Não existe cidadão pleno sem o reconhecimento de sua dignidade como ser humano. E 
esta dignidade não poderá ser alcançada senão em decorrência do exercício de seu trabalho, que, 
segundo Bobbio (1992, p. 77), trata-se de um direito “[...] t~o fundamental que passou a fazer 
parte de todas as Declarações de Direitos Contemporâneas – teve as mesmas boas razões da 
anterior reivindicaç~o do direito de propriedade como direito natural”. 
Como valor espiritual e moral inerente à pessoa, a dignidade, também obtida por meio do 
trabalho em condições dignas e adequadas, deve se manifestar, segundo Alexandre de Moraes 
(2013), na autodeterminação consciente e responsável da própria vida. Isso porque, conforme 
evidencia, o trabalho tem relevante repercussão na vida humana, por se tratar de atividade 
 
28 
 
fundamental para a realização pessoal, o desenvolvimento da autoestima, interação social, 
sentimento de pertencimento e capacidade e construção de identidade e autonomia (SAINT-
JEAN, 2003). 
É através do trabalho que o ser humano garante, ainda, a sua subsistência e o 
crescimento do país em que vive (MORAES, 2013). 
Por essa razão, segundo Rosé Colom Toldrá, Cecília Berni de Marque e Maria Inês Britto 
Brunello (2010), as políticas públicas têm dedicado especial atenção à promoção da participação 
e à inclusão dos indivíduos com deficiência no contexto do trabalho. 
O trabalhador com deficiência, mesmo diante de suas limitações e vulnerabilidades, não 
deve ser visto como mero beneficiário da misericórdia comunitária e do assistencialismo estatal, 
mas sim como cidadão produtivo, capaz de contribuir de forma digna e efetiva para o 
desenvolvimento do meio social em que vive. 
Embora a antiguidade clássica tenha dado exemplos de horrores perpetrados em 
desfavor das pessoas com deficiência, também contribuiu para o surgimento do que atualmente 
se conhece como Previdência Social, haja vista que gregos e romanos alocavam-nos em planos 
de assistência para os quais eles contribuíam com pecúnia. 
No entanto, foi sob a influência de Aristóteles que se passou a vislumbrar a readaptação 
dessas pessoas para o trabalho que lhes fosse apropriado. Um exemplo greco-mitológico da 
concepção antiassistencialista e profissionalizante é a figura de Hefesto (ou Vulcano para os 
romanos), portador de anomalia em seus membros inferiores, que, na obra "Ilíada", de Homero, 
se apresentava como detentor de grande habilidade em metalurgia, fabricação de joias e em 
artes marciais, tornou-se conhecido com o “deus do trabalho” (FONSECA, 2010, online). 
Na Idade Média, sob a influência do Cristianismo, o assistencialismo também era 
praticado pelos senhores feudais, contudo, com a decadência do feudalismo e o surgimento de 
uma economia baseada, a princípio, no comércio, veio à tona a ideia de que as pessoas com 
deficiência deveriam ser engajadas no sistema de produção (FONSECA, 2010). Para Ricardo 
Tadeu Marques da Fonseca (2010, online), 
 
Foi com o Renascimento que a visão assistencialista cedeu lugar, 
definitivamente, à postura profissionalizante e integrativa das pessoas 
portadoras de deficiência. A maneira científica da percepção da realidade 
daquela época derrubou o estigma social piegas que influenciava o tratamento 
para com as pessoas portadoras de deficiência, e a busca racional da sua 
integração se fez por várias leis que passaram a ser promulgadas. 
Na Idade Moderna (a partir de 1789), vários inventos se forjaram com intuito 
de propiciar meios de trabalho e locomoção aos portadores de deficiência, tais 
como a cadeira de rodas, bengalas, bastões, muletas, coletes, próteses, macas, 
veículos adaptados, camas móveis e etc. O Código Braille foi criado por Louis 
Braille e propiciou a perfeita integração dos deficientes visuais ao mundo da 
linguagem escrita. 
 
No Brasil, a Lei nº 8.213/91, Lei de Planos e Benefícios da Previdência Social, 
regulamentada oito anos após a sua publicação através do Decreto n. 3.048/99, conhecida como 
“Lei de Cotas para Deficientes”, é um exemplo de aç~o afirmativa do Estado na busca de integrar 
as pessoas deficientes ao mercado de trabalho, no entanto ela não foi suficiente para inserir 
grande parte dos deficientes em idade produtiva no país à cadeia produtiva. 
J| a Lei n. 13.146/2015, conhecida como “Estatuto da Pessoa com Deficiência”, alheia a 
uma ideia misericordiosa e assistencialista, busca inserir as pessoas deficientes no contexto 
social dando garantias de exercício de sua plena cidadania, notadamente o direito ao trabalho, 
através de igualdade de condições com as demais pessoas. 
Acredita-se que o Estatuto do Deficiente possa, de forma substancial, assegurar e 
promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais da 
pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e o exercício pleno de sua cidadania através 
de políticas públicas e ações afirmativas. 
 
29 
 
3 O TRATAMENTO DESIGUAL EM BUSCA DA EFETIVAÇÃO DA IGUALDADE DE DIREITOS: 
DISCRIMINAÇÃO POSITIVA 
 
Através das revoluções burguesas de 1776 e 1789, que transmitiram ao mundo as ideias 
iluministas de uma sociedade igualitária e formas de se opor ao pensamento do regime 
monárquico absolutista, o Estado de Direito surge como uma forma de regulamentar e garantir a 
igualdade entre os homens através de Cartas Constitucionais e, de certa forma, eliminar as 
desigualdades. 
No entanto, a busca pela igualdade de condições e a efetivação dos direitos humanos 
fundamentais dela decorrentes não podem ser alcançadas apenas pela sua positivação nas 
Cartas Constitucionais, senão através de

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