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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS LABORATÓRIO I FENÔMENOS DE TRANSPORTE E OPERAÇÕES UNITÁRIAS Aula 2: EFEITO DA TEMPERATURA DOS FLUIDOS NA VISCOSIDADE Goiânia, 2021 1. OBJETIVO Verificar a influência de diferentes temperaturas na viscosidade do fluido. 2. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com os dados fornecidos na aula foi possível calcular a viscosidade do fluido de xarope de glucose de milho (Karo) em diferentes temperaturas. h fluido = 18,5 cm D esfera = 2,0 cm g=9,81 m/s² ρ 𝑠 = 2500 𝑘𝑔/𝑚3 ρ 𝑓 = 1440 𝑘𝑔/𝑚3 Tabela 1. Tempo de queda da esfera no fluido em diferentes temperaturas. KARO Temperatura (°C) 11 25 39 Tempo 13´20´´ 2´37´´ 48´´ Legenda: ´ = min ´´ = segundos A determinação das viscosidades para o Karo em diferentes temperaturas foi calculada a partir da equação 1, onde: g – gravidade D – diâmetro médio das esferas ρs – densidade da esfera ρf – densidade do fluido V – velocidade média de queda das bolinhas (Equação 1)µ = 118 𝑔.𝐷2(ρ 𝑠 −ρ 𝑓 ) 𝑉 Usando os dados experimentais, foram calculados os valores para a velocidade média de queda das bolinhas (V), a partir da Equação 2, onde L é a altura de preenchimento na proveta pelo fluido e Δt o tempo gasto de deslocamento das bolinhas. (Equação 2).𝑉 = 𝐿Δ𝑡 Após a obtenção da velocidade média, foram calculados os valores para a viscosidade do fluido Karo, a partir da equação 1. Os valores encontrados para as velocidades médias e as viscosidades seguem na tabela 2. Tabela 2. Obtenção da velocidade e viscosidade do fluido Karo a partir de diferentes temperaturas. Temperatura (ºC) Velocidade ( )𝑚𝑠 Viscosidade ( ) 𝐾𝑔 𝑚.𝑠 11 2,31.10-4 990,48 25 1,18.10-3 193,87 39 3,85.10-3 59,43 Com os resultados obtidos para viscosidade do Karo sob diferentes temperaturas, foi possível traçar o gráfico da temperatura versus concentração do fluido. (Figura 1). Figura 1. Gráfico da Temperatura versus Viscosidade do Karo. É conhecido que as propriedades reológicas dos alimentos possuem um valioso papel durante os processos de desenvolvimento, produção e processamento. Os processos industriais incluem o uso de diferentes operações unitárias, nas quais estão relacionadas com as propriedades reológicas. Tendo isso em vista, se faz necessário o conhecimento do comportamento dos fluidos para o correto dimensionamento de instalações, processos, equipamentos e tubulações (Sharma et al., 2000). A propriedade física que tem como atributo caracterizar a resistência de um fluido ao escoamento, a uma dada temperatura, é chamada de viscosidade. A dependência da viscosidade à mudança de temperatura varia para cada tipo de material ou fluido e, em geral, processos trabalham com diferentes fases de temperatura, e o conhecimento da razão entre estas duas grandezas é o que permite manter um regime de processamento contínuo (RAO, 2006). Dentre as três temperaturas utilizadas no experimento, observou-se que, quanto menor a temperatura, maior será a viscosidade do fluido, e consequentemente o tempo de queda da esfera será maior. Segundo Vidal et al. (2006), conforme a temperatura aumenta, a viscosidade da fase líquida diminui, causando um aumento do movimento das partículas em suspensão o que consequentemente causa a diminuição da viscosidade do produto. Moura et al. (2016) analisou as propriedades físicas e reológicas de produtos à base de frutas e estudou a influência da temperatura na viscosidade aparente. Dentre os resultados obtidos, estes constataram que houve um decréscimo da viscosidade com o aumento da temperatura. Essas informações são muito importantes em processos industriais, principalmente no que diz respeito às operações unitárias de transferência de quantidade de movimento e massa. Canciam, 2013 analisou o efeito da temperatura na viscosidade de óleos lubrificantes e observou que a viscosidade dinâmica de cada um dos óleos lubrificantes estudados tendem a sofrer um decréscimo com a elevação da temperatura, variando inversamente com essa grandeza, ou seja, a elevação da temperatura ocasiona a redução da viscosidade dinâmica. De acordo com o mesmo, essa redução da viscosidade dada pelo aumento da temperatura é atribuída ao aumento das distâncias intermoleculares provocadas durante o aquecimento, na qual reduz as forças de atração entre as moléculas, diminuindo a viscosidade. Canciam, 2013 obteve como resultados para viscosidade ( ) de:. 10−2𝑃𝑎. 𝑠 19,0041 a 10ºC, 10,9512 a 20ºC, 6,7492 a 30ºC e 4,3973 a 40ºC. Nota-se que, os valores obtidos por Canciam para a viscosidade variaram menos em relação a mudança de temperatura, comparado com os valores de viscosidade do karo obtidos nesse experimento. Isso está relacionado à energia de ativação de fluxo viscoso, que é uma grandeza que indica a sensibilidade da viscosidade em relação à mudança de temperatura. Isso indica que, quanto maior for a energia de ativação de fluxo viscoso, maior será a influência da temperatura. Altos valores da energia de ativação de fluxo viscoso indicam uma mudança mais rápida na viscosidade dinâmica com a temperatura (Silva, 2008). Dessa forma, os líquidos com altos valores da energia de ativação de fluxo viscoso apresentam grande variação na viscosidade dinâmica em função da temperatura e vice-versa, como é o caso do Karo. 3. CONCLUSÃO Com o modelo proposto foi possível calcular a viscosidade do Karo em diferentes temperaturas e notar a diferença no comportamento desse fluido. A viscosidade diminuiu com o aumento de temperatura, uma vez que, em altas temperaturas, as moléculas possuem maior energia de translação e rotação, permitindo vencer as barreiras energéticas de interações intermoleculares com maior facilidade para o escoamento. 4. REFERÊNCIAS CANCIAM, César Augusto. Efeito da temperatura na viscosidade dinâmica dos óleos lubrificantes SAE 5W20, SAE 5W30 e SAE 5W40. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, v. 11, n. 2, p. 228-238, 2013. E. L. Silva Vaz, H. A. Acciari, A. Assis, E. N. Codaro. Uma experiência didática sobre viscosidade e densidade. Química Nova na Escola, v. 34, n. 3, p. 155-158. 2012. MOURA, Sílvia Cristina Sobottka Rolim de et al. Propriedades físicas e reológicas de produtos à base de frutas. Brazilian Journal of Food Technology, v. 19, 2016. RAO, C. G. Essentials of food process engineering. Amsterdam: BIS Publishers, 2006. p. 122-129. SHARMA, S. K.; MULVANEY, S. J.; RIZVI, S. S. H. Food process engineering: theory and laboratory experiments. New York: Wiley, 2000. p. 20-186. SILVA, S. A. Estudo do comportamento reológico dos adesivos hot melt PSA e a sua relação com a composição e as propriedades adesivas. Dissertação de Mestrado em Engenharia Química da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2008. 123 p. VIDAL, J. R. M. B.; SIERAKOWSKI, M. R.; HAMINIUK, C. W. I.; MASSON, M. L. Propriedades reológicas da polpa de manga (Mangifera indica L. cv. Keitt) centrifugada. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 30, n. 5, p. 955-960, 2006. http:// dx.doi.org/10.1590/S1413-70542006000500020.
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