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Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB ➢ ABDOME - maior cavidade do corpo humano; - compreende a região do tronco que fica entre o tórax e a pelve; - diafragma → demarca a divisão entre o tórax e o abdome; - abertura superior da pelve → demarca os limites entre as cavidades abdominal e pélvica; - abdome comporta órgãos do sistema digestório e algumas estruturas do sistema urinário; - anatomicamente, o abdome é dividido em 9 regiões e 4 quadrantes → auxilia na descrição de sinais, sintomas e anormalidades anatômicas que podem estar presentes no paciente para diagnóstico e registro no prontuário médico; - a cavidade abdominal comporta: 1. estômago; 2. fígado; 3. vesícula biliar; 4. pâncreas; 5. ductos biliares; 6. baço; 7. intestinos delgado e grosso; 8. rins e glândulas suprarrenais; 9. vasos abdominais, que são ramificações da aorta abdominal. - a bexiga urinária, útero, tuba uterina e ovários (em mulheres) são considerados órgãos abdominais e pélvicos. Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB ➢ ANATOMIA FISIOLÓGICA - o abdome comporta todo o sistema digestório e parte do sistema urogenital; - órgãos são contidos pelos músculos abdominais, diafragma e músculos da pelve; - posição entre tórax e pelve → torna o abdome capaz de proteger seu conteúdo e manter flexibilidade para respiração, postura e locomoção; - abdome é contínuo com a cavidade pélvica → não possui assoalho → abertura da pelve superior é apenas uma demarcação arbitrária para separar didaticamente as duas cavidades; - contração voluntária ou reflexa → músculos aumentam a pressão intra-abdominal para promover a expulsão de líquidos, flatos, fezes e fetos da cavidade abdominopélvica e expulsão de ar da cavidade torácica adjacente. Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB - paredes abdominais são formadas por diversas camadas → se contraem e distendem → acomodam as expansões causadas pela ingestão alimentar, gravidez, deposição de gordura e outras doenças; - órgãos internos são revestidos pelo peritônio → membrana serosa que se dobra sobre as vísceras abdominais como uma bolsa → forma a cavidade peritoneal → dobras dão passagem aos vasos sanguíneos, linfáticos e nervos; - a parede abdominal tem: 1. três pares de músculos planos: a. m. oblíquo externo do abdome; b. m. oblíquo interno do abdome; c. m. transverso do abdome. 2. dois pares de músculos verticais: a. m. reto do abdome; b. m. piramidal (verticais). - os músculos verticais são contidos na bainha do músculo reto do abdome; - devido ao sua grande atividade, a cavidade abdominal requer boa vascularização → abdome é suprido pela aorta abdominal e suas ramificações: 1. aa. Suprarrenais; 2. aa. Renais; 3. aa. Mesentéricas → SUPERIOR irriga os intestinos delgado e grosso, até a porção proximal do colo transverso e INFERIOR irriga o restante do intestino grosso e porção proximal do reto; 4. aa. Ilíacas → se ramificam para suprir a pelve e membros inferiores; 5. Tronco Celíaco → dá origem às artérias hepática comum, esplênica e gástrica esquerda → irriga fígado, estruturas biliares, estômago e parte do pâncreas; Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB - as vísceras abdominais são responsáveis pela: 1. digestão dos alimentos; 2. absorção dos nutrientes ingeridos; 3. eliminação dos resíduos. - o percurso que o alimento faz após entrar pela boca é: 1. desce pelo esôfago até o estômago → é triturado e misturado ao suco gástrico, graças aos movimentos peristálticos → reduz o conteúdo alimentar às suas moléculas absorvíveis; 2. encaminhado para o intestino delgado → principal local de absorção dos nutrientes ingeridos na alimentação → situado entre o estômago e o intestino grosso; 3. segue para o intestino grosso → onde ocorre a absorção da maior parte de água que está misturado ao bolo alimentar → se torna bolo fecal; 4. transportado para o reto; 5. expelido pelo canal anal. - intestinos são supridos pelas artérias mesentéricas inferior e superior e suas ramificações; - estômago é suprido principalmente pelas artérias gástricas esquerda e direita e drenado pelas veias gástricas direita e esquerda → drenam para a veia porta; - a digestão depende também de glândulas anexas para acontecer → fígado e pâncreas que produzem secreções e hormônios que auxiliam nesse processo; - o fígado é um órgão macio e altamente vascularizado → recebe uma grande quantidade de sangue imediatamente antes de entrar no coração; - responsável por: 1. metabolismo de drogas; 2. síntese de proteínas sanguíneas; 3. armazenamento de nutrientes; 4. secreção da bile → armazenada e sintetizada pela vesícula biliar. - maior parte da irrigação do fígado vem da veia porta hepática e uma porcentagem menor da artéria hepática; - drenagem do fígado é feita pela veia cava inferior (VCI) e pelas veias hepáticas → não possuem válvulas; - o pâncreas é responsável por: 1. sintetizar a insulina e o glucagon → regulam a glicemia; 2. produzir o suco gástrico → participa da digestão de lipídios e proteínas. - além dos órgãos digestórios, o abdome engloba o baço e a bexiga urinária; - o baço é o maior órgão linfático do corpo → participa do sistema de defesa do corpo; - também contém uma grande quantidade de sangue → expelida para a circulação pela ação do músculo liso de sua cápsula → vasos esplênicos são mais calibrosos → irrigação é feita principalmente pela artéria esplênica, ramo do tronco celíaco. Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB ➢ ANAMNESE E INTERROGATÓRIO SISTEMÁTICO - na anamnese, é importante que se descreva todos os sintomas, especificando: 1. local de incômodo e irradiação da dor → utiliza como referência as 9 regiões e os 4 quadrantes abdominais; 2. início, frequência, duração e horário preferencial dos sintomas → refere dor abdominal 2 vezes ao dia, por cerca de 5 minutos, há uma semana, sem horário preferencial; 3. intensidade dos sintomas → deve ser graduada em cruzes → +++/4+ (3 cruzes em 4); 4. tipo de dor → em pontada, em aperto, latejante → aconselhável colocar entre parênteses as palavras que o paciente utilizar para descrever a dor; 5. quantidade de vezes de ocorrência do evento → refere ter vomitado 3 vezes nas últimas 24h; 6. fatores desencadeantes → causas da dor atribuídas pelo paciente → refere dor quando se senta; 7. fatores de melhora e piora → farmacológicos e não farmacológicos. - quando a queixa principal é abdominal → buscar fazer o interrogatório sistemático do abdome na anamnese → descrever os sinais positivos e relatando os sinais negativos; - na parte do abdome no interrogatório sistemático é permitido colocar “vide HMA” onde esse sistema foi explorado; - o interrogatório sistemático do abdome inclui perguntas sobre os aparelhos gastrointestinais e gênito-urinário → ajuda a identificar sinais e sintomas menos graves que o paciente não refere espontaneamente; - importante que se comece descrevendo os sinais positivos → caracterizar da forma mais completa possível as queixas do paciente, e em seguida descrever os sinais negativos; - recomenda-se evitar a repetição de palavras → utilizar “nega” para relatar todos os dados negativos → nega tosse, dispneia e escarro; - sobre o TGI é importante que o médico questione se o paciente apresenta: 1. inapetência (perda do apetite); 2. intolerância alimentar; 3. disfagia (sensação de obstrução do esôfago); 4. dispepsia (desconforto abdominal com plenitude, saciedade precoce, distensão e/ou náusea); 5. regurgitação (desconforto abdominal caracterizado por plenitude, saciedade precoce, distensão e/ou náusea); 6. ânsia de vômito; 7. vômito; 8. vômito em jato (não associado à náuseas);9. pirose (azia com sensação de queimação retroesternal); 10. constipação/obstipação (dificuldade ou esforço para evacuar, fezes endurecidas e menos de 3 evacuações semanais); 11. plenitude gástrica (sensação de saciedade precoce e estômago cheio - empachamento); 12. hematêmese (vômito com sangue proveniente do aparelho digestivo → pode ser sangue vivo ou borráceo → diferente de hemoptise, que é sangue proveniente do sistema respiratório); 13. diarreia; 14. esteatorreia (excesso de gordura nas fezes); 15. melena (fezes pretas com ou sem presença de sangue visível → sugestivo de sangramento digestivo alto → sangue digerido); 16. tenesmo (sensação de evacuação incompleta associado a esforço para defecar); 17. hematoquezia (hemorragia por via retal de cor avermelhada ou marrom); 18. hemorroidas (veias inchadas e inflamadas no reto e no ânus); 19. enterorragia (hemorragia de origem intestinal). Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB - deve-se relatar o ritmo intestinal do paciente → perguntar sobre número de evacuações e características das fezes (consistência, quantidade e odor); - avaliar alterações no hábito intestinal; - sobre o aparelho gênito-urinário deve-se questionar se há: 1. disúria (desconforto ou dor ao urinar); 2. poliúria (aumento significativo no volume urinário em 24 horas, com 3 litros ou mais); 3. polaciúria (micção frequente e em quantidade elevada); 4. nictúria (aumento da frequência urinária durante a noite); 5. oligúria (baixa produção de urina - diurese abaixo de 400 ml/24h); 6. anúria (supressão da secreção de urina - diurese inferior e 100 ml/24h); 7. enurese (perda noturna do controle da bexiga); 8. urgência urinária (desejo intenso e imediato de urinar e pode causar micção involuntária); 9. incontinência urinária (eliminação involuntária da urina); 9. hematúria (sangue na urina); 10. alterações de coloração e/ou odor da urina. - em pacientes homens, é importante perguntar se houve> 1. redução do calibre ou força do jato urinário; 2. hesitação; 3. gotejamento pós-miccional. ➢ PREPARAÇÃO DO EXAME - posicionar-se em pé do lado direito do paciente; - posicionar o paciente em decúbito dorsal → braços estendidos ao lado do corpo ou cruzados sobre o tórax; - expor a região abdominal do paciente → da região acima do processo xifoide até a sínfise púbica → atentar para que a região inguinal fique EXPOSTA e a genitália fique COBERTA; - questionar se o paciente deseja ir ao banheiro → ideal que o exame seja feito com bexiga vazia; - questionar se o paciente sente dor em alguma região → se sim, deixar para examinar o local por último; - aquecer as mãos e o estetoscópio; - realizar uma abordagem calma e cuidadosa → distrair o paciente e sempre se atentar a expressão facial do paciente, evitando movimentos bruscos. ➢ EXAME FÍSICO DO ABDOME - a ordem correta para realizar o exame é: inspeção → ausculta → percussão → palpação. ✓ INSPEÇÃO - essencial que haja: 1. iluminação adequada; 2. exposição da área corporal a ser examinada; 3. conhecimento das características normais e da projeção dos órgãos na parede abdominal. - importante que se siga uma ordem no exame → evitar que alguma região deixe de ser devidamente examinada; - os elementos observados na inspeção são: 1. pele; 2. forma e volume do abdome; 3. cicatriz umbilical; 4. abaulamentos ou retrações localizadas; 5. cicatrizes da parede abdominal (especialmente cicatrizes cirúrgicas); 6. movimentos. Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB ❖ PELE - devemos observar: 1. LESÕES ELEMENTARES; 2. MANCHAS HEMORRÁGICAS; 3. COLORAÇÃO; 4. PRESENÇA DE ESTRIAS; 5. DISTRIBUIÇÃO DE PELOS; 6. DIÁSTASE DOS MÚSCULOS RETOS ANTERIORES DO ABDOME → com o paciente em decúbito dorsal, peça para que ele contraia a musculatura abdominal, elevando as duas pernas estendidas ou levantando a cabeça do travesseiro sem mover o tórax. 7. HÉRNIAS → realiza a manobra de Valsalva → solicita ao paciente que sopre o punho fechado → aumenta a pressão intra-abdominal → força o aparecimento das hérnias que podem estar presentes. PS: HÉRNIA - definida como uma protrusão parcial ou total de um ou mais órgãos por um orifício que se abriu → pode ocorrer por: 1. enfraquecimento da parede abdominal; 2. má formação. - a depender de sua localização, recebe diferentes nomenclaturas: Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB 8. VEIAS E CIRCULAÇÃO COLATERAL SUPERFICIAL → circulação colateral pode ser do tipo porta ou do tipo veia cava inferior → indicam HIPERTENSÃO PORTAL. PS: HIPERTENSÃO PORTAL - condição em que o sistema porta apresenta aumento da resistência ao fluxo de sangue → pode ser causado por: 1. doenças dentro do fígado; 2. obstrução da veia esplênica ou portal; 3. fluxo venoso hepático insuficiente. - a principal causa de hipertensão portal é a cirrose alcoólica → caracterizada por: 1. hepatomegalia; 2. superfície com aspecto nodular. - a cirrose é provocada pela destruição progressiva dos hepatócitos → são substituídos por gordura e tecido fibroso → ocasiona aumento da resistência ao fluxo sanguíneo → tecido fibroso circundando os vasos hepáticos torna o fígado mais firme → IMPEDE A CIRCULAÇÃO; - os sinais da Hipertensão Portal são: 1. ascite; 2. edema de membros inferiores; 3. hematêmese; 4. varizes esofágicas; 5. hemorroidas. ❖ FORMA E VOLUME DO ABDOME - a forma e o volume abdominais podem variar devido a diversos fatores, internos ou externos; - os tipos possíveis de serem encontrados são: 1. ATÍPICO OU NORMAL: abdome simétrico e levemente abaulado; 2. GLOBOSO OU PROTUBERANTE: abdome globalmente aumentado, com predomínio do diâmetro anteroposterior sobre o transversal → típico da gravidez avançada, ascite, distensão gasosa, obesidade, obstrução intestinal, hepatoesplenomegalia volumosa, pneumoperitônio e grandes tumores policísticos do ovário → importante sinalizar quando é globoso às custas de panículo adiposo e ascite; 3. EM VENTRE DE BATRÁQUIO: predomínio do diâmetro transversal sobre o anteroposterior → típico da ascite em fase de regressão; 4. PENDULAR OU PTÓTICO: observado em pacientes cujas vísceras pressionam a parte inferior da parede abdominal quando eles ficam de pé, gerando uma protusão → típico de pacientes com flacidez abdominal no período puerperal; 5. ABDOME EM AVENTAL: a parede abdominal pende sobre as coxas do paciente, especialmente quando ele fica de pé → típico de pacientes com obesidade de grau elevado e é consequência do acúmulo de tecido gorduroso na parede abdominal; 6. ESCAVADO, ESCAFOIDE OU CÔNCAVO: parede abdominal é retraída → típico de pacientes muito emagrecidos, a exemplo dos portadores de síndrome consumptiva e normalmente sinal de DESNUTRIÇÃO ❖ CICATRIZ UMBILICAL - descrever o contorno, localização, protusão e sinais de inflamação; - PROTUSÃO geralmente indica a existência de uma hérnia ou acúmulo de líquido nessa região. Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB ❖ ABAULAMENTOS OU RETRAÇÕES LOCALIZADAS - sinalizar se o abdome é simétrico ou não e se apresenta deformidades → utiliza as regiões e quadrantes para descrever a localização das anormalidades; - pode ocorrer por diversas causas → hepatomegalia, esplenomegalia, gravidez, tumores, aneurisma da aorta abdominal e megacólon chagásico quando se apresenta com fecaloma volumoso. ❖ CICATRIZES DA PAREDE ABDOMINAL - fornece informações sobre cirurgias anteriores; 1. FLANCO DIREITO: colecistectomia; 2. FLANCO ESQUERDO: colectomia; 3. FOSSA ILÍACA DIREITA: apendicectomia, herniorrafia; 4. FOSSA ILÍACA ESQUERDA: herniorrafia; 5. HIPOGÁSTRIO: histerectomia; 6. LINHA MÉDIA: laparotomia; 7. REGIÃO LOMBAR: nefrectomia; 8. LINHA VERTEBRAL:laminectomia. ❖ MOVIMENTOS 1. MOVIMENTOS RESPIRATÓRIOS: - em condições normais o padrão respiratório MASCULINO é toracoabdominal → comum a observação de movimentos respiratórios no andar superior do abdome; - em processos inflamatórios do peritônio que se acompanham de rigidez da parede abdominal e em afecções dolorosas do andar superior do abdome esses movimentos costumam desaparecer; - já o padrão respiratório FEMININO é puramente torácico. 2. PULSAÇÕES: → fisiológicas: pulsações da aorta abdominal vistas e sentidas no abdome de pessoas magras; → patológicas: pulsações na região epigástricas devido à hipertrofia do ventrículo direito ou pulsações decorrentes de aneurismas da aorta abdominal. 3. ONDAS PERISTÁLTICAS: - os movimentos peristálticos visíveis indicam obstrução em algum segmento do tubo digestivo; - podem ocorrer espontaneamente ou após alguma manobra, como a aplicação de alguns piparotes na área suspeita. Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB ✓ AUSCULTA - feita com o diafragma do estetoscópio; - obtemos informações sobre a movimentação de gases e líquidos no trato intestinal; - deve ser feita ANTES da percussão e palpação → evita o estímulo do peristaltismo - visa identificar dois principais sinais: 1. ruídos hidroaéreos (RHA); 2. sopro nas artérias abdominais → aorta, artérias renais e artérias ilíacas; ❖ AUSCULTA DOS RUÍDOS HIDROAÉREOS: - para ouvir os RHA basta posicionar o estetoscópio em áreas difusas do abdome → ausculta dos 4 quadrantes; - começa na fossa ilíaca direita → lugar mais provável de auscultar → presença da válvula ileocecal; - como os sons intestinais são amplamente transmitidos pelo abdome, geralmente a ausculta é única e suficiente no quadrante inferior direito - ao auscultar os sons intestinais, observar a frequência e características → anotar presença/ausência e aumento/diminuição; - sons consistem e estalidos e gorgolejos → variam de 5-34 ruídos/minuto; - os ruídos correspondem ao deslocamento de líquidos e gases no lúmen intestinal: 1. aumentados na diarreia e na fase inicial da oclusão intestinal mecânica → ficam mais intensos pelo aumento do peristaltismo → chamados de BORBORIGMOS (semelhante ao som o estômago roncando); 2. ausentes no íleo paralítico → há um silêncio abdominal → ocorre geralmente pós operatório de 24-72 horas. - a ausculta deve permanecer por cerca de 2 minutos → ouvir um ruído já exclui a possibilidade de íleo paralítico → não é necessário ficar os 2 minutos inteiros caso se ouça antes disso. PS: íleo paralítico → doença causada por defeitos ou ausência da motilidade intestinal e gera: 1. inapetência; 2. obstipação grave; 3. vômitos; 4. obstrução intestinal; 5. flatulência; 6. risco de peritonite e sepse → conteúdo intestinal fica paralisado → gera aumento da microbiota residente. ❖ AUSCULTA DOS VASOS ABDOMINAIS - verifica a presença de sopros ou de sons vasculares que se assemelham a sopros cardíacos → sugerem doença vascular obstrutiva; - o examinador deve posicionar o estetoscópio em 7 pontos → ausência pode ser confirmada quando não se ouve nenhum ruído nesses pontos. 1. AORTA ABDOMINAL → na linha mediana aprox. 5 cm acima da cicatriz umbilical; 2. ARTÉRIAS RENAIS → aprox. 5 cm acima da cicatriz umbilical e 3 cm lateralmente à direita e à esquerda da linha mediana. PS: sopro renal pode ser a única pista para a estenose da artéria renal. Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB ✓ PERCUSSÃO - médico deve estar com as unhas cortadas e mãos aquecidas; - a percussão é dígito-digital; - conseguimos avaliar: 1. quantidade e distribuição de gases no abdome; 2. possíveis massas sólidas ou cheias de líquido; 3. dimensões do fígado e baço. - deve percurtir os 4 quadrantes do abdome → utilizar a técnica em Z em cada quadrante; - antes de começar as manobras, é importante perguntar ao paciente se ele: 1. está sentindo alguma dor abdominal; 2. está com a bexiga cheia; 3. defecou no dia do exame ou se está com vontade de ir ao banheiro; - durante a percussão, especialmente naqueles pacientes que referirem dor → necessário que o examinador pesquise sinais de desconforto na expressão do paciente; - a percussão é usada para: 1. fazer a hepatimetria → mensuração do tamanho do fígado; 2. identificar visceromegalia (VCM) → percussão do espaço de Traube; 3. identificar se o som é timpânico (normal) ou maciço → indica que há massas sólidas anormais na cavidade abdominal → percussão geral. ❖ TIPOS DE SOM 1. TIMPANISMO: costuma predominar por conta dos gases existentes no intestino digestório → espaço de Traube; 2. HIPERTIMPANISMO: quantidade de ar intra-abdominal está aumentada → pneumoperitônio; 3. MACIEZ: região do fígado e do baço, em casos de líquido móvel (ascite) e presença de massas ou cistos imóveis; 4. SUBMACIEZ: identificada em casos de menor quantidade de ar ou superposição de uma víscera maciça sobre uma alça intestinal. PS: ao percurtir a região suprapúbica pode apresentar uma sonoridade maciça → bexiga distendida ou nas mulheres caso o útero esteja aumentado de tamanho. PS: abdome protuberante e totalmente timpânico → sugere obstrução intestinal. ❖ HEPATIMETRIA - maior parte do fígado fica protegida pela caixa torácica → dificulta o exame direto; - a percussão permite estimar o tamanho e a forma do fígado; - essa técnica é feita utilizando os dedos como medida → considera que cada dedo tenha 1 cm de largura; - localiza a linha hemiclavicular direita; - percurtir o hemitórax direito: 1. começa na região abaixo do umbigo → deve-se percurtir em direção ao fígado até que o som mude de timpânico (abdominal normal) para maciço → indica a margem inferior do fígado; Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB 2. percurtir ao nível da linha hemiclavicular direita → vai desde a linha mamilar e segue em sentido caudal em direção ao fígado (5⁰-6⁰ EIC) → som muda de claro pulmonar (atimpânico) para maciço → indica a borda superior do fígado; - depois mede-se a distância entre esses dois pontos → início e margem inferior do fígado; - identifica a linha médio esternal → realiza a mesma técnica de percussão da LHC - o normal em adultos é cerca de 6-12 cm na LHCD e 4-8 cm na LME; - percussão normalmente fornece estimativas inferiores à realidade; - percussão deve ser leve a moderada → percussão mais pesada pode subestimar o tamanho do fígado; - fígado pode ser deslocado para baixo pelo diafragma → pacientes com DPOC. ❖ ESPLENOMEGALIA - pode ser identificada através de duas técnicas: 1. percussão da região inferior esquerda da parede torácica anterior (espaço de Traube); 2. verificação da presença do sinal de percussão esplênica. - espaço de Traube → fica entre a área de atimpanismo pulmonar e o rebordo costal abaixo → palpar o 9⁰ e 10⁰ EIC ao nível da linha axilar anterior na região do hipocôndrio esquerdo; - ao percurtir esse espaço, deve-se ouvir som hipertimpânico → indica que não há visceromegalia → espaço de Traube está livre; - para verificar o sinal de percussão esplênica → percurtir o espaço intercostal mais abaixo da linha axilar anterior esquerda → em seguida, solicita ao paciente que respire fundo → percute novamente esta região; - quando o tamanho do baço está normal → som timpânico à percussão se mantém mesmo com a respiração funda; - baço cresce em direção ao umbigo → sentido anterior, inferior e medial → pode substituir o timpanismo do estomago e do cólon pela macicez de órgão; - deve-se percutir no sentido em direção ao umbigo → mensura o tamanho deste órgão; - essa técnica só é possível quando já há esplenomegalia→ baço não deve ser palpado abaixo do rebordo costal esquerdo → especificar a quantos cm abaixo do rebordo costal esquerdo é possível percuti-lo. → VISCEROMEGALIA (VCM) - ausência de válvulas nas veias do fígado → elevaçãoda pressão venosa central (HAS) é transmitida ao fígado → aumenta de tamanho quando se enche de sangue; - ingurgitamento temporário acentuado → distende a cápsula fibrosa do fígado → causa hepatomegalia; - esse ingurgitamento é causado frequentemente por insuficiência cardíaca congestiva; - hepatomegalia também pode ser causada por: 1. doenças bacterianas; 2. doenças virais → hepatite; 3. tumores. - quando o fígado está aumentado → margem inferior pode ser palpada abaixo do rebordo costal direito; - quando o fígado apresenta uma massa tumoral → normalmente é possível palpar nódulos endurecidos e arredondados no parênquima hepático. Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB ✓ PALPAÇÃO - antes de iniciar as manobras de palpação → perguntar ao paciente se ele: 1. sente alguma dor abdominal; 2. está com a bexiga cheia; 3. defecou no dia do exame. - essa etapa permite: 1. avaliar o estado da parede abdominal; 2. explorar a sensibilidade abdominal; 3. reconhecer as condições anatômicas das vísceras abdominais, detectando alterações de sua consistência. - em situações de normalidade, não é possível identificar todos os órgãos intrabdominais; - deve ser subdividida em quatro etapas que devem ser feitas em ordem: ❖ PALPAÇÃO SUPERFICIAL: - palpar todos os quadrantes com apenas uma mão; - não deve excluir as regiões laterais; - buscar áreas sensíveis e/ou alteração de consistência durante a palpação; - avaliação da sensibilidade é feita a partir da palpação leve ou do atrito suave da parede abdominal com um objeto pontiagudo → caso haja dor nesse momento, o paciente apresenta hiperestesia cutânea; - a resistência da parede abdominal, em situações de normalidade, é a mesma de um músculo descontraído; - a avaliação da continuidade da parede abdominal é feita deslocando-se a mão do examinador por toda a parede → ao encontrar uma área de menor resistência, tenta insinuar uma ou mais polpas digitais no local para investigação de hérnias e diástase; - permite ainda identificar a presença de pulsações da parede abdominal; - deve-se palpar os quatro quadrantes → em caso de identificação de um dos achados citados, é necessário se atentar para o registro de: 1. localização; 2. forma; 3. volume; 4. sensibilidade; 5. consistência; 6. mobilidade; 7. pulsatilidade. ❖ PALPAÇÃO PROFUNDA: - palpar as mesmas regiões buscando áreas sensíveis e alterações de consistência; - usar as duas mãos, uma apoiada sob a outra; - pesquisar a presença de massas. Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB - algumas estruturas podem ser palpadas mas não indicam anormalidades patológicas: 1. aorta; 2. borda do fígado; 3. alguns linfonodos; 4. bexiga distendida; 5. polo inferior do rim direito; 6. músculo reto abdominal e seus tendões; 7. cólon; 8. fezes. - algumas manobras buscando palpar algumas estruturas devem ser realizadas nesse parte do exame físico → fígado, baço e rim direito: ❖ PALPAÇÃO DO FÍGADO → pode ser feita utilizando duas técnicas: 1. TÉCNICA HABITUAL OU PALPAÇÃO BIMANUAL OU MÉTODO DE LEMOS TORRES - posicionar a mão esquerda por debaixo do paciente → paralela às 11ª e 12ª costelas, apoiando-as; - compressão da mão esquerda para frente → faz com que o fígado se aproxime da parede anterior do abdome; - palpar o fígado com a mão direita; - posicionar a mão direita à direita do abdome do paciente, lateralmente ao músculo reto → pontas dos dedos bem abaixo da borda inferior hepática; - solicitar ao paciente que respire fundo → fazer uma compressão suave para dentro e para fora → a expiração deve ser lenta e o examinador vai sentir a borda do fígado, quando ela descer ao encontro dos dedos do examinador; - após a expiração deve-se diminuir a pressão na mão que está palpando → deslizar a ponta dos dedos para palpar a superfície anterior do fígado; - importante observar a presença de alguma hipersensibilidade ao toque; - sempre tentar delimitar as bordas medial e lateral do fígado. 2. TÉCNICA DA MÃO EM GARRA - muito útil em pacientes obesos; - posicionar as duas mãos, lado a lado, do lado direito do abdome e logo abaixo da borda inferior do fígado; - fazer uma pressão com os dedos, para dentro e para cima, em direção ao rebordo costal; - solicitar ao paciente que respire fundo; - a borda hepática torna-se palpável com as polpas digitas das duas mãos. - quando palpado, o fígado saudável possui: → borda mole, nítida, delimitada e regular; → superfície lisa; → pode ser levemente doloroso à palpação. - nem sempre o fígado normal será possível de ser palpado, mas a hepatomegalia sempre será. Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB ❖ PALPAÇÃO DO BAÇO - quando o baço está aumentado, começa a ser palpado abaixo do rebordo costal; - o baço fica acoplado no diafragma → altura da 9ª, 10ª e 11ª costelas; - ocupa grande parte da região posterior à linha axilar média esquerda; - em alguns adultos é possível palpar a ponta do baço normal abaixo do rebordo costal esquerdo; - a técnica para palpar o baço é semelhante à técnica habitual de palpação do fígado: 1. médico deve segurar o paciente com a mão esquerda abaixo dele; 2. apoiar e comprimir para frente a região inferior da caixa torácica e dos tecidos moles adjacentes; 3. com a mão direita, por baixo do rebordo costal esquerdo → fazer pressão para dentro e para cima, na direção do baço, a medida que pede para o paciente inspirar profundamente; 4. iniciar a palpação em um nível baixo suficiente que seja capaz de detectar um possível aumento; 5. solicitar ao paciente que inspire profundamente → quando o baço descer de encontro aos dedos do examinador, este deve: → palpar a margem ou ponta do baço; → pesquisar sensibilidade ao toque; → avaliar o contorno esplênico e a distância entre o ponto mais baixo do baço e o rebordo costal esquerdo. - caso haja dificuldade na palpação → manobra de Schuster 1. posicionar o paciente em decúbito lateral direito (de frente para o examinador) com os membros direitos estendidos e os esquerdos flexionados → nessa posição, a gravidade desloca o baço para um local mais acessível para palpação; 2. o examinador deve posicionar-se diante do paciente e colocar sua mão esquerda sobre a área de projeção do baço com um pouco de pressão, como se quisesse deslocar para baixo; 3. realizar a palpação de modo coordenado com os movimentos respiratórios do paciente → avançar a mão no rumo do rebordo costal. PS: cuidado para não confundir o baço com a última costela que é flutuante. - de maneira geral, o baço normal não é palpável; - já o baço aumentado de tamanho pode ser palpável cerca de 2 cm abaixo do rebordo costal esquerdo na inspiração profunda; - as grandes esplenomegalias podem fazer com que a borda inferior do baço ultrapasse a cicatriz umbilical. Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB ❖ PALPAÇÃO DOS RINS - rins normalmente não são palpados → importante que se domine esta técnica também; - para palpar o rim direito: 1. posicionar a mão esquerda atrás do paciente → abaixo e paralela à 12ª costela; 2. colocar as pontas dos dedos no ângulo costovertebral; 3. elevar a mão tentando deslocar o rim para a frente; 4. colocar a mão direita para devagar no quadrante superior direito → lateral e paralelamente ao músculo reto; 5. solicitar ao paciente que respire fundo → no pico da inspiração, comprimir a mão direita profundamente ao quadrante superior direito, abaixo do rebordo costal, tentando capturar o rim entre as mãos; 6. paciente deve expirar e ficar em apneia em curto período; 7. médico deve liberar lentamente a compressão exercida pela mão direita simultaneamente → tenta sentir o deslizamento do rim e seu retorno à posição que estava durante da expiração; 8. caso seja possível palpar o rim → descrever seu tamanho,contorno e presença de sensibilidade ao toque. ❖ PESQUISA DE ASCITE - ascite consiste no acúmulo anormal de líquido na cavidade abdominal → pode causar: 1. aumento do volume abdominal; 2. aumento de peso; 3. desconforto abdominal; 4. dispneia. - pode estar associada à: 1. doenças hepáticas graves → associadas à hipertensão portal; 2. déficit na síntese de albumina → causam desequilíbrio entre as pressões osmótica e coloidosmótica → força o extravasamento de líquido para o terceiro espaço (vasos linfáticos). - existem ainda algumas técnicas de palpação/percussão que auxiliam na pesquisa de ascite: 1. teste de macicez móvel → feito em ascite de médio volume: - percutir as regiões de timpanismo e macicez com o paciente em decúbito dorsal; - solicitar ao paciente que vire para um dos lados; - com o paciente em decúbito lateral, percutir o flanco sobre o qual ele está apoiado e o flanco oposto; - caso haja ascite, ouvimos um som maciço no primeiro e timpânico no segundo. 2. semi círculo de Skoda: - a partir da cicatriz umbilical, percutir radialmente, em várias direções; - delimitar uma linha circular na transição entre o timpanismo e a macicez das áreas de maior declínio. 3. teste de onda líquida ou pesquisa do sinal de Piparote → feito em ascite de grande volume: - solicitar que o paciente ou um acompanhante coloque a borda da mão sobre a linha mediana do abdome, fazendo uma pequena pressão; - percutir um dos flancos enquanto tenta sentir, com a outra mão, o impulso transmitido pelo líquido no flanco oposto em caso positivo para ascite. Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB ➢ MODELO DE DESCRIÇÃO DE EXAME FÍSICO NORMAL DO ABDOME DO ADULTO → INSPEÇÃO: abdome plano, simétrico, ausência de lesões, cicatrizes, circulação colateral, peristalse e pulsações visíveis; cicatriz umbilical intrusa; → AUSCULTA: RHA presentes, ausência de sopros; → PERCUSSÃO: predomínio de som timpânico à percussão geral, hepatimetria 9 cm na linha média clavicular (LMC) e 4 cm na linha médio esternal (LME = nível do apêndice xifoide), espaço de Traube livre. → PALPAÇÃO: indolor à palpação superficial e profunda, ausência de VCM, Giordano negativo (em alguns casos é importante negar outros sinais). ➢ SINAIS E SINTOMAS ABDOMINAIS ✓ SINAL DE CULLEN - coloração azulada ao redor do umbigo; - sugestivo de hemorragia retroperitoneal. ✓ SINAL DE GREY TURNER - referente à equimoses não traumáticas nos flancos → pode indicar: 1. pancreatite hemorrágica; 2. estrangulamento intestinal; 3. abcessos com extravasamento de sangue. ✓ SINAL DE MURPHY - dor profunda à palpação da área subcostal direita; - sugere colecistite. Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB ✓ SINAL DE BLUMBERG - referente à dor à compressão e principalmente à descompressão súbita da fossa ilíaca direita → ponto de McBurney (ponto apendicular); - sugestivo de apendicite aguda; - essa manobra também pode identificar peritonite → também pode ser pesquisada pinçando e puxando uma parte do abdome → caso o paciente sinta dor quando soltar rapidamente a pinça, é sugestivo de peritonite. ✓ SINAL DE ROVSING - dor no quadrante inferior direito quando há compressão do quadrante inferior esquerdo; - manobra utilizada para identificar apendicite. ✓ SINAL DO PSOAS - positivo quando o indivíduo sente dor ao realizar o movimento de extensão do quadril; - indicativo de apendicite. ✓ SINAL DO OBTURADOR - investigado para diagnóstico de apendicite; - elevação da perna direita, flexionando-a até 90⁰; - sinal é positivo quando o indivíduo sente dor ao realizar esse movimento → músculo obturador fica próximo ao apêndice cecal. ✓ SINAL DE GIORDANO - positivo quando se tem dor à punho percussão das lojas renais; - sugere pielonefrite. Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB
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