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CONTEMPORANEIDADE E REFORMAS TRABALHISTAS - (Processo do Trabalho)

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Resumos | Brenda Alves | Passei Direto 
CONTEMPORANEIDADE E REFORMAS TRABALHISTAS 
A reforma trabalhista começou timidamente, com um projeto de poucos artigos, e se 
transformou numa radical mudança, não só da legislação trabalhista, mas também da estrutura 
do Direito do Trabalho, seus princípios e fundamentos. O conteúdo da Lei 13.467/2017 
desconstrói o Direito do Trabalho como conhecemos, contraria alguns de seus princípios, 
suprime regras benéficas ao trabalhador, prioriza a norma menos favorável ao empregado, a 
livre autonomia da vontade, o negociado individual e coletivamente sobre o legislado (para 
reduzir direitos trabalhistas), valoriza a imprevisibilidade do trabalho intermitente, a liberdade 
de ajuste, exclui regras de direito civil e de processo civil protetoras ao direito e processo do 
trabalho. 
Por meio da Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, a CLT sofreu a sua mais ampla e 
significativa alteração. Dos 922 (novecentos e vinte e dois) artigos da CLT, foram alterados 54 
(cinquenta e quatro), inseridos 43 (quarenta e três) novos artigos e 9 (nove) foram revogados, 
totalizando 106 (cento e seis) modificações. 
Muitas dessas alterações, em especial as que consubstanciam a previsão de prevalência 
do negociado sobre o legislado, terão reflexos significativos na própria estrutura do Direito do 
Trabalho e inauguram um novo momento das relações de trabalho no Brasil. 
Tramitava no Congresso Nacional, desde 11.04.2016, o PL 4.962, de autoria do 
Deputado Julio Lopes (PP-RJ), que alterava apenas o art. 618 da CLT, dispondo, em linhas gerais, 
que as condições de trabalho negociadas coletivamente, isto é, mediante convenção ou acordo 
coletivo de trabalho, prevalecem sobre a lei. Na verdade, já houve um projeto semelhante, o 
Projeto de Lei 5.483/2001, oriundo do então Presidente da República Fernando Henrique 
Cardoso, que não obteve êxito em sua tramitação no Congresso Nacional. 
No Governo do Presidente Michel Temer entra em vigor a Lei 13.467/2017, também 
chamada de Lei da Reforma Trabalhista, que instituiu o chamado modelo “negociado sobre o 
legislado”, isto é, um novo sistema de hierarquia das fontes em que as cláusulas previstas em 
convenções ou acordos coletivos prevalecem quando conflitarem com as disposições previstas 
em lei. 
É o que se infere do art. 611-A da CLT, com redação dada pela Lei 13.467/2017. Este 
dispositivo atrita com os princípios da norma mais favorável e da supremacia do interesse 
público sobre o particular. 
Com efeito, dispõe o art. 611-A, com redação dada pela Lei 13.467/2017, 
posteriormente alterada pela MP 808/2017: 
Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho, observados os incisos 
III e VI do caput do art. 8º da Constituição, têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, 
dispuserem sobre: (caput com redação da MP 808/2017) 
I – pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais; 
II – banco de horas anual; 
III – intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas 
superiores a seis horas; 
Resumos | Brenda Alves | Passei Direto 
IV – adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei n. 13.189, de 19 de 
novembro de 2015; 
V – plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do 
empregado, bem como identificação dos cargos que se enquadram como funções de confiança; 
[...] 
Parece-nos, porém, que o novel art. 611-A da CLT atrita com os princípios que 
fundamentam o Estado Democrático de Direito, que tem no princípio da legalidade uma de suas 
vertentes. 
A nossa Constituição diz que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa 
senão em virtude de lei. Convenções e acordos coletivos são leis? 
As convenções e os acordos coletivos in pejus aos trabalhadores podem ser 
interpretados extensivamente à luz dos arts. 7º, caput, e 5º, § 2º, da CF? 
✓ Todos os direitos dos trabalhadores previstos na legislação infraconstitucional implicam 
melhoria de sua condição social, razão pela qual se conclui que foram recepcionados 
como normas constitucionais (CF, art. 7º, caput). Dito de outro modo, com a 
Constituição de 1988 houve um processo de constitucionalização dos direitos 
trabalhistas, em função do que se pode dizer que, em linha de princípio, qualquer 
proposta de alteração das normas infraconstitucionais tendente a abolir, reduzir ou 
extinguir direitos sociais dos trabalhadores que se densificam na legislação 
infraconstitucional importa violação ao art. 7º, caput, da Constituição. 
Tanto isso é verdade que legislador constituinte somente permitiu, de forma excepcional, a 
flexibilização in pejus, mediante convenção ou acordo coletivo, em duas hipóteses bem 
definidas: salário e jornada. 
O art. 611-A da CLT, com redação dada pela Lei 13.467/2017, impõe, na verdade, uma 
espécie de desestatização ou privatização dos direitos humanos, na medida em que afasta o 
Estado, principal responsável pela promoção da paz e justiça sociais, da complexa e desigual 
relação entre o Capital e o Trabalho. O Governo brasileiro descumpre, pois, compromissos 
internacionais assumidos solenemente. 
Desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos – DUDH, tanto os tradicionais 
direitos civis e políticos – direitos de liberdade – quanto os direitos sociais dos trabalhadores – 
direitos de igualdade – passaram à categoria de direitos humanos fundamentais, cujas 
características são a universalidade, a indivisibilidade, a interdependência e a inter-
relacionalidade. Isso porque não se pode falar em liberdade sem igualdade, nem em igualdade 
sem liberdade. 
Como falar em liberdade se não há igualdade nos acordos coletivos? 
Qual o papel do poder judiciário nesse contexto? 
É importante lembrar que antes da Lei 13.467/2017 o STF já vinha “flexibilizando” os 
direitos dos trabalhadores, admitindo a supremacia dos acordos coletivos sobre a legislação de 
proteção ao trabalho. 
Portanto, como compatibilizar constitucionalismo social x Estado (neo)liberal? 
 
Resumos | Brenda Alves | Passei Direto 
❖ DICAS: 
https://assecom.ufersa.edu.br/2020/08/04/professor-da-ufersa-lanca-livro-sobre-
neoliberalizacao-da-justica-no-brasil/ 
Thiago Arruda Queiroz Lima, acaba de lançar o livro “Neoliberalização da Justiça no 
Brasil”. A obra é fruto da tese de doutorado do docente e visa analisar as transformações pelas 
quais tem passado o Poder Judiciário nacional, especialmente no que se refere à penetração de 
uma racionalidade neoliberal no discurso judicial brasileiro. 
https://www.youtube.com/watch?v=77Zt6S4CDPo 
Judiciário e Neoliberalismo

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