Buscar

TCC MARCELA PITANGA - FINALIZADO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 109 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 109 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 109 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FACULDADES INTEGRADAS ESPÍRITO-SANTENSES 
UNIDADE DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MARCELA DE MARIA PITANGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FLEXIBILIZAÇÃO DAS NORMAS TRABALHISTAS: LIMITES CONSTITUCIONAIS 
E SEUS REFLEXOS JURÍDICOS, ECONÔMICOS E SOCIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VITÓRIA 
 2015 
 
MARCELA DE MARIA PITANGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FLEXIBILIZAÇÃO DAS NORMAS TRABALHISTAS: LIMITES CONSTITUCIONAIS 
E SEUS REFLEXOS JURÍDICOS, ECONÔMICOS E SOCIAIS 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso 
de Direito das Faculdades Integradas Espírito-Santenses 
- FAESA, como requisito parcial para obtenção do título 
de Bacharel em Direito. 
 
Orientadora: Profª Carla Gusman Zouain. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VITÓRIA 
2015 
 
MARCELA DE MARIA PITANGA 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito das Faculdades 
Integradas Espírito-Santenses - FAESA, como requisito parcial para obtenção do 
título de Bacharel em Direito. 
 
 
FLEXIBILIZAÇÃO DAS NORMAS TRABALHISTAS: LIMITES CONSTITUCIONAIS 
E SEUS REFLEXOS JURÍDICOS, ECONÔMICOS E SOCIAIS 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
_________________________ 
Carla Gusman Zouain 
Orientadora 
 
 
 
_________________________ 
Membro da Banca 
 
 
 
_________________________ 
Membro da Banca 
 
 
 
 
 
 
 
VITÓRIA, _____ DE MAIO DE 2015. 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho possui como tema central a polêmica questão acerca da 
flexibilização das normas trabalhistas, prevista no art. 7º incisos VI, XIII e XVI da 
Constituição Federal de 1988, que permite mediante negociação coletiva que 
direitos sociais do trabalhador - salário, jornada de trabalho e turno ininterrupto de 
revezamento - sejam flexibilizados. Defende a hipótese de que a flexibilização deve 
ser um mecanismo utilizado apenas quando os reais interesses entre empregados e 
empregadores forem convergentes, impedindo que seja utilizado como forma de 
obtenção de lucros pelo empregador, através de abusos. Para ratificar tal tese, o 
trabalho em questão, realiza pesquisa por jurisprudências do Tribunal Superior do 
Trabalho. No decorrer do trabalho, abordou-se a origem e evolução histórica do 
Direito do Trabalho, da atividade sindical no país e do fenômeno da flexibilização, 
abordou-se ainda os principais princípios que tutelam o Direito do Trabalho, bem 
como os argumentos de determinados autores favoráveis e desfavoráveis à 
flexibilização das normas trabalhistas. Foram analisados o conceito e finalidade da 
flexibilização das normas trabalhistas, as hipóteses de flexibilização admitas pela 
Constituição Federal de 1988, além das existentes no ordenamento jurídico 
brasileiro que não expressamente admitidas pela Carta Magna e a sua (in) 
constitucionalidade. Foi realizado o método de pesquisa bibliográfica, doutrinária e 
jurisprudencial, na qual se recorreu a renomados doutrinadores da área de Direito do 
Trabalho e artigos científicos demonstrando a diferença de posicionamento entre 
cada um deles. Além disso, também foram objeto de análise a Consolidação das 
Leis do Trabalho de 1943, bem como a Lei nº 9.601/1998 (Lei de Contrato de 
Trabalho por Prazo Determinado). 
 
Palavras chave: Flexibilização. Direitos mínimos. Trabalhador. 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
 
ADI Ação Direta de Inconstitucionalidade 
CF/88 Constituição Federal de 1988 
CTPS Carteira de Trabalho e Previdência Social 
FGTS Fundo de Garantia do Tempo de Serviço 
OIT Organização Internacional do Trabalho 
OJ Orientação Jurisprudencial 
STF Supremo Tribunal Federal 
TST Tribunal Superior do Trabalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 7 
1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO TRABALHO .................................. 9 
1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TRABALHO ......................................................... 9 
1.2 O DIREITO DO TRABALHO NA CONTEMPORANEIDADE............................. 12 
1.3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL ............. 13 
2 A ATIVIDADE SINDICAL NO BRASIL E OS LIMITES DE SUA ATUAÇÃO .. 20 
2.1 HISTÓRICO DA ATIVIDADE SINDICAL NO BRASIL ....................................... 20 
2.2 DEFINIÇÃO DE DIREITO COLETIVO DO TRABALHO E NEGOCIAÇÃO 
COLETIVA ........................................................................................................ 23 
2.3 PRERROGATIVAS E LIMITES DA ATUAÇÃO DOS SINDICATOS ................. 25 
3 FONTES E PRINCIPIOS DO DIREITO DO TRABALHO ................................. 29 
4 CONCEITO E FINALIDADE SOCIOEONÔMIACA DA FLEXIBILIZAÇÃO DAS 
NORMAS TRABALHISTAS ............................................................................. 35 
4.1 FUNDAMENTOS PARA O ADVENTO DA FLEXIBILIZAÇÃO NO BRASIL ...... 37 
4.2 FLEXIBILIZAÇÃO E DESREGULAMENTAÇÃO ............................................... 39 
4.3 ARGUMENTOS FAVORÁVEIS E DESFAVORÁVEIS A FLEXIBILIZAÇÃO DAS 
NORMAS TRABALHISTAS .............................................................................. 40 
4.4 O PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO E A FLEXIBILIZAÇÃO DAS NORMAS 
TRABALHISTAS ............................................................................................... 43 
4.5 O PRINCIPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E A FLEXIBILIZAÇÃO 
DAS NORMAS TRABALHISTAS ...................................................................... 46 
5 ESPÉCIES E MECANISMOS DE FLEXIBILIXAÇÃO DAS NORMAS 
TRABALHISTAS, SEUS EFEITOS E LIMITES CONSTITUCIONAIS ............. 48 
5.1 ESPÉCIES DE FLEXIBILIZAÇÃO .................................................................... 48 
5.2 HIPÓTESES DE FLEXIBILIZAÇÃO ADMITIDAS PELA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL DE 1988 .......................................................................................... 51 
5.3 NORMAS FLEXIBILIZADORAS EXISTENTES NO ORDENAMENTO 
INFRACONSTITUCIONAL BRASILEIRO ......................................................... 53 
5.3.1 A (in) constitucionalidade da Lei 9.601/1998 – Lei dos Contratos de Trabalho 
por Prazo Determinado. .................................................................................... 59 
5.4 LIMITES CONSTITUCIONAIS DA NEGOCIAÇÃO COLETIVA NA 
FLEXIBILIZAÇÃO DAS NORMAS TRABALHISTAS ........................................ 66 
6 VISÃO DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO ACERCA DO TEMA .... 71 
 
7 O “CUSTO SOCIAL” DO TRABALHO ............................................................ 91 
8 CONCLUSÃO ................................................................................................... 96 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 98 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
INTRODUÇÃO 
A Constituição Federal de 1988 (CF/88) reconhece como norma constitucional a 
flexibilização de direitos sociais do trabalhador, porém a Carta Magna faz exigência 
de prévia negociação coletiva (art. art. 7º incisos VI, XIII e XVI da CF/88). Assim 
sendo, estabelece, expressamente, a possibilidade de flexibilização do salário, 
jornada de trabalho e turno ininterrupto de revezamento, ainda que estes direitos 
estejam incluídos no rol dos direitos e garantias fundamentais. 
Todavia, o presente trabalho vai discutir quais os limites constitucionais da 
flexibilização das normas trabalhistas e analisar as vantagens e desvantagens do 
tema, verificar se é possível subtrair direitos dos trabalhadores, pois é de suma 
relevância o estudo sobre a interpretação desses dispositivos legais, haja vista que, 
diante da nova realidade econômica e social, emque cresce o desemprego 
estrutural, ocasionado pelos avanços tecnológicos, sobretudo pela robotização e 
automação, prega-se como óbice ao desenvolvimento social e econômico do país o 
engessamento das relações laborais em função do protecionismo e rigidez da 
legislação trabalhista brasileira, faz-se essencial uma discussão jurídica sobre os 
limites constitucionais da flexibilização das normas trabalhistas, como mecanismo 
garantidor de empregos e melhoria das condições socioeconômicas. 
Tendo por base minuciosa pesquisa jurisprudencial no Tribunal Superior do Trabalho 
(TST), o trabalho em questão desenvolve se a hipótese de flexibilização das normas 
trabalhistas na atualidade econômica se apresenta como mecanismo garantidor de 
empregos ou forma de fomentar a economia ao fragilizar direitos do trabalhador. 
O trabalho aborda a evolução histórica do Direito do Trabalho e da atividade sindical 
no Brasil, apresenta o conceito e a finalidade da flexibilização das normas 
trabalhistas, as hipóteses de flexibilização admitas pela CF/88, além das existentes 
no ordenamento jurídico brasileiro que não expressamente admitidas pela Carta 
Magna e a sua (in) constitucionalidade e os fundamentos para a flexibilização ou não 
das normas trabalhistas, qual seja, direitos sociais do trabalhador versus mudanças 
econômicas. 
Por fim, o trabalho desenvolvido não busca esgotar o assunto, mas sim, levantar 
pontos relevantes, argumentos favoráveis e desfavoráveis acerca da 
8 
flexibilizaçãodas normas trabalhistas diante dos avanços tecnológicos, e seus 
reflexos no âmbito das relações laborais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO TRABALHO 
O Direito do Trabalho nasce em decorrência de uma intensa disputa de classes, 
surge como o ramo do direito objetivando tutelar as relações de trabalho em suas 
diferentes formas. Especialmente a partir do século XX, observa-se sua ascensão e 
fortalecimento, quer seja no contexto mundial, quer seja no Brasil, tendo como 
marco inicial Revolução Industrial. As relações de trabalho ao longo dos anos 
sofreram influência de vários fenômenos históricos, sociais, econômicos e políticos, 
tais como neoliberalismo e globalização, que de alguma forma, acabaram por refletir 
no Direito do Trabalho, diante desse contexto social surge uma tendência a 
flexibilizar as normas trabalhistas.1 
1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TRABALHO 
Para compreender as mudanças atuais que permeiam a seara do Direito do 
Trabalho, especificamente o fenômeno da flexibilização das normas trabalhistas é 
necessário que se faça uma análise histórica dos aspectos sociais, econômicos e 
políticos que influenciaram esse ramo do direito ao longo da sua evolução histórica. 
O termo trabalho, segundo alguns dicionários etimológicos, deriva do latim vulgar 
tripaliare, que significa “martirizar com o tripalium” (instrumento de tortura composto 
de três paus).2 
Historicamente o trabalho em si sempre fez parte da vida humana, já que desde os 
primórdios o homem como na época de Adão, utilizou sua força de trabalho como 
forma de sobrevivência e remissão de seus pecados, por desobediência a Deus.3 
É o que se extrai dos ensinamentos de MANOEL ALONSO GARCÍA apud ALICE 
MONTEIRO DE BARROS: 
 
 
1 CÁSSIA, Cristina Moretto da Silva. Um olhar crítico sobra à flexibilização da legislação 
trabalhista no Brasil. Disponível em:<http://www.utp.br/tuiuticienciaecultura.pdf>. Acesso em: 07 
abr. 2015. 
2 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 5. ed. rev. e ampl. São Paulo: LTr, 
2009. p. 53. 
3 BARROS, loc. cit. 
http://www.utp.br/tuiuticienciaecultura.pdf
10 
Com o pecado, a doutrina cristã destaca não o trabalho em si, mas a fadiga, 
o esforço penoso nele contido. Como se constata no livro de Genesis, 3-, 
17-19: “Porque deste ouvido á voz de tua mulher, e comestes da árvore, de 
que eu tinha te ordenado que não comesses, a terra será maldita por tua 
causa; tirarás dela o sustento com trabalhos penosos, todos os dias da tua 
via. Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. 
Comerás o pão com o suor do teu rosto até que voltes a terra, de que fostes 
tomado; por que tu és pó, e em pó te hás de tornar”.4 
Na antiguidade, surge a escravidão. A condição de escravo deriva do fato de nascer 
de mãe escrava, de ser prisioneiro de guerra, de condenação penal, de 
descumprimento de obrigações tributárias, de deserção do exército, entre outras 
razões.5 
Para ALICE MONTEIRO DE BARROS, “a escravidão explica-se pelas 
particularidades condições econômicas da época e pela falta de um conceito 
autêntico de liberdade”.6 
Na sociedade pré-industrial não havia um sistema de normas jurídicas de Direito do 
Trabalho. Predominou a escravidão, que fez do trabalhador simplesmente uma coisa 
sem possibilidade sequer de se equiparar a sujeito de direito. O escravo não tinha, 
pela sua condição, direitos trabalhistas.7 
Ainda na antiguidade, na sociedade pré-industrial surgem novas formas de 
prestação de serviço, o aumento da população, a complexidade das relações socais 
e humanas fizeram com que os senhores passassem a se utilizar da mão de obra de 
escravos de outros senhores, arrendando-lhes os serviços. As condições iniciais 
desses contratos eram denominadas locatio conductio.8 
Havia no Direito Romano antigo, três espécies de locatio conductio: locatio conductio 
rei: significava o arrendamento de alguma coisa; locatio operis faciendi: é o contrato 
pelo qual uma pessoa se obriga a executar uma obra mediante remuneração. 
Equipara-se atualmente ao contrato de empreitada e locatio operarum: é aquele 
 
4 GARCÍA, 1960, apud BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 5. ed. rev. e 
ampl. São Paulo: LTr, 2009. p. 54. 
5 BARROS, 2009, p. 54. 
6 BARROS, loc. cit. 
7 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 20. ed. São Paulo: LTr, 2005. 
p.43. 
8 BARROS, op. cit., p. 56, nota 2. 
11 
contrato pelo qual alguém se obriga a prestar serviços durante um certo tempo a 
outra pessoa, mediante remuneração.9 
Com o surgimento do feudalismo, os senhores feudais passaram a garantir proteção 
militar e política aos servos, em contrapartida, estes tinham que dar parte de tudo 
que produziam nas terras que lhes tinham sido cedidas pelo senhor feudal. 
Segundo ZIRMMERMANN NETO apud RODRIGO GOLDSCHMIDT: 
[...] o feudalismo medieval foi apenas uma continuação do sistema anterior, 
quando o império romano se desfez, prevalecendo o sistema de 
propriedade hereditária dos meios de produção e a vinculação dos servos à 
propriedade, como se fossem parte integrante da propriedade.10 
Com o fim do feudalismo, no século XII, surgem as corporações de ofício, embora 
longe da existência de uma ordem jurídica nos moldes do Direito do Trabalho, 
verifica-se, porém maior liberdade para o trabalhador, embora os interesses das 
corporações estivessem acima dos interesses dos trabalhadores. 
Havia três categorias de membros das corporações: os mestres, os companheiros e 
os aprendizes. Os mestres eram os possuidores do meio de produção, que 
chegavam a essa condição depois de aprovados na confecção de uma “obra 
mestra”. Os companheiros eram os trabalhadores livres que ganhavam salários dos 
mestres. Os aprendizes eram os menores de idade que recebiam dos mestres 
treinamentos para a realização de um ofício.11 
A Revolução Industrial, ocorrida no século XVIII, acarretou mudanças no setor 
produtivo e deu origem à classe operária, transformando as relações sociais.O uso 
de máquinas reduziu o esforço físico e tornou possível a utilização das “meias-forças 
dóceis”, mulheres e crianças, não preparadas para reivindicar.12 
Em sua obra BARROS cita o célebre relatório do médico VILLERMÉ, alusivo aos 
trabalhadoresfranceses do séc. XIX, segundo o relatório os trabalhadores da época 
 
9 BARROS, 2009, p. 56. 
10 ZIMMERMANN NETO, apud GOLDSCHMIDT, Rodrigo.A Flexibilização das normas trabalhistas 
sob uma perspectiva constitucional.2010. Disponível em: 
<http://editora.unoesc.edu.br/index.php/seminarionacionaldedimensoes/article/download/904/520>. 
Acesso em: 07 abr. 2015. 
11 NASCIMENTO, 2010, p. 43. 
12 BARROS, op. cit., p. 63, nota 2. 
http://editora.unoesc.edu.br/index.php/seminarionacionaldedimensoes/article/download/904/520
12 
suportavam salários ínfimos, jornadas desumanas e condições de higiene 
degradantes, com graves riscos de acidente.13 
Ao analisar as condições de trabalho da época, que considerava o trabalho uma 
mercadoria cujo preço era determinado pela concorrência que tendia a fixá-lo a um 
custo mínimo de subsistência, Marx desenvolveu o polêmico princípio de 
depauperação do capital. As idéias de Marx contribuíram para despertar no 
trabalhador a consciência coletiva e sua extraordinária força, e que o Estado deveria 
intervir nas relações de trabalho para assegurar o bem comum; a propriedade não é 
um direito absoluto.14 
1.2 O DIREITO DO TRABALHO NA CONTEMPORANEIDADE 
Profundas foram às transformações sofridas pelo Direito do Trabalho ao longo dos 
tempos. A intervenção do Estado propiciou o controle das relações de trabalho, a fim 
de regulamentar e diminuir a disparidade que permeava as relações entre 
empregadores e empregados, mas para se chegar a esse fim, o Direito do Trabalho 
passou por várias fases. 
Segundo BARROS, “os autores espanhóis Granizo e Rothvoss dividiram a história 
do Direito do Trabalho em quatro períodos, aos quais denominaram formação, 
intensificação, consolidação e autonomia”.15 
Dentro do período da autonomia compreendido entre 1919 aos dias atuais, PEDRO 
PAULO TEIXEIRA MANUS citado por BARROS afirma que: 
[...] ocorre à efetiva intervenção estatal nas relações entre empregados e 
empregadores que se dá com o final da Primeira Grande Guerra Mundial, 
quando, internacionalmente é reconhecida a necessidade dessa 
intervenção, sendo criado o tratado de Versailles a fim de solucionar a 
questão social. Assim, nesta fase da história, após intensas lutas, passam 
os empregados ter reconhecidos seus direitos, bem como os meios hábeis 
a fazer valer esses direitos, quando não respeitados.16 
 
13 BARROS, 2009, p. 63. 
14 Ibid.,p.68 
15 BARROS, loc cit. 
16 MANUS, 1999, apud BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 5. ed. rev. e 
ampl. São Paulo: LTr, 2009. p. 68. 
13 
O tratado de Versailles desempenha papel importante para o Direito do Trabalho 
tendo sido responsável pela elaboração do projeto para a criação da Organização 
Internacional do Trabalho (OIT). Nesse sentido leciona GABRIELA 
NEVESDELGADO apud GOLDSCHMIDT: 
Dito instrumento normativo definiu como direitos humanos básicos dos 
trabalhadores, os direitos à liberdade de associação e à negociação coletiva 
Convenção 87 da OIT; à eliminação de todas as formas de trabalho forçado 
ou compulsório Convenções 29 e 105 da OIT; à efetiva abolição do trabalho 
infantil Convenções 138 e 182 da OIT; à eliminação da discriminação no 
que diz respeito ao emprego e à ocupação Convenções 100 e 111 da OIT. 
17 
Em síntese de BARROS citando EVARISTO MORAES FILHO aponta as principais 
causas do aparecimento do Direito do Trabalho no contexto mundial: 
Os vícios e as conseqüências da liberdade econômica e do liberalismo 
político; o anarquismo; a concentração de massas humanas e de capitais; 
as lutas de classes, com as conseqüentes rebeliões sociais [...] a guerra 
(1914-1919), cujo fim (1919) conferiu ao Direito do Trabalho posição 
definitiva nos ordenamentos jurídicos nacionais e internacionais.18 
1.3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL 
As primeiras Constituições brasileiras abordavam sobre a forma do Estado. Após, 
passaram a tratar de todos os ramos do Direito, inclusive o Direito do Trabalho, 
como ocorre na nossa Constituição atual.19 
 A Constituição do Império de 1924 limitou-se a assegurar a liberdade de trabalho20, 
como dispõe o seu art. 179: 
[...] 
 
XXIV. Nenhum gênero de trabalho, de cultura indústria, ou comércio pode 
ser proibido, uma vez que não se oponha aos costumes públicos, á 
segurança, e saúde dos cidadãos. 
XXV. Ficam abolidas as Corporações de Ofícios, seus Juízes, Escrivães, e 
Mestres. 
[...] 
 
17 DELGADO, apud GOLDSCHMIDT, Rodrigo. A Flexibilização das normas trabalhistas sob uma 
perspectiva constitucional. 2010. Disponível em: 
<http://editora.unoesc.edu.br/index.php/seminarionacionaldedimensoes/article/download/904/520>. 
Acesso em: 07 abr. 2015. 
18 MORAES FILHO, 1956, apud BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 5. ed. 
rev. e ampl. São Paulo: LTr, 2009. p. 69. 
19 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 26. ed. São Paulo: Atlas, 2010. p. 9. 
20 BARROS, 2009, p. 69. 
14 
Já a Constituição de 1891 assegurou a liberdade de associação, no caput do art. 72, 
garante a brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos 
concernentes à liberdade, à segurança individual e coletiva e à propriedade.21 
Em 1930 na Era Vargas (1930-1945) foi criado o Ministério do Trabalho, a criação 
deste ministério é apontado pela doutrina como sendo o marco do aparecimento do 
Direito do Trabalho no Brasil.22 
A Constituição de 1934 foi a primeira a tratar da ordem econômica e social, 
dispondo, no art. 120, que os sindicatos e associações profissionais serão 
reconhecidos de conformidade com a lei. Em seu parágrafo único instituiu o sistema 
da pluralidade sindical, o qual não chegou a ser regulamentado. Em seguida, no art. 
121, estabelece que a lei promoverá o amparo da produção e estabelecerá as 
condições de trabalho na cidade e nos campos tendo em vista a proteção social do 
trabalhador e os interesses econômicos do país. No art. 122, o texto constitucional 
instituiu a Justiça do Trabalho para dirimir questões entre empregados e 
empregadores.23 
No art. 123 foram equiparados aos trabalhadores, para todos os efeitos das 
garantias e dos benefícios da legislação social, os que exercem profissões liberais.24 
A Constituição de 1937, em seu art. 136 coloca o trabalho como dever social, 
assegurando a todos o direito de subsistir mediante seu trabalho honesto, o qual é 
um bem que o estado deve proteger.25 
Em 1943, temos o diploma mais importante para a disciplina, que é a CLT. Segundo 
SERGIO PINTO MARTINS: 
Existiam várias normas esparsas sobre os mais diversos assuntos 
trabalhistas. Houve então a necessidade de sistematizar essas normas, 
para isso, em 01.05.1943 foi editado o Decreto-lei nº. 5.452, aprovando a 
Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT. Não se trata de um código, pois 
este pressupõe um Direito novo, mas o objetivo da CLT foi o de reunir a 
legislação existente na época, consolidando-a.26 
 
 
21 BARROS, 2009, p. 69. 
22 Ibid., p. 70 
23 Ibid., loc.cit 
24 Ibid., loc.cit 
25 BARROS, 2009, p. 72 
26 MARTINS, 2010, p. 10. 
15 
A Constituição de 1946 retoma as diretrizes democráticas de 1934, considerada 
democrática, rompendo com o corporativismo da Constituição de 1937. Dispôs sobre 
a participação dos empregados nos lucros da empresa, o repouso semanal 
remunerado, feriados, direito de greve, estabilidade, entre outros que estavam na 
norma constitucional anterior.27 
No art. 141 a Constituição Federal de 1946 assegura aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à 
liberdade, à segurança e à propriedade, nos seguintes termos: “É garantida a 
liberdade de associação. Nenhuma associação poderá ser dissolvida, senão emvirtude de decisão judicial”.28 
O art. 157da referida Constituição dispõe que a legislação do trabalho e da 
previdência social obedecerá aos seguintes preceitos, além de outros que visem à 
melhoria da condição social dos trabalhadores: 
Art 157 - A legislação do trabalho e a da previdência social obedecerão nos 
seguintes preceitos, além de outros que visem a melhoria da condição dos 
trabalhadores: 
I - salário mínimo capaz de satisfazer, conforme as condições de cada 
região, as necessidades normais do trabalhador e de sua família; 
II - proibição de diferença de salário para um mesmo trabalho por motivo de 
idade, sexo, nacionalidade ou estado civil; 
III - salário do trabalho noturno superior ao do diurno; 
IV - participação obrigatória e direta do trabalhador nos lucros da empresa, 
nos termos e pela forma que a lei determinar; 
V - duração diária do trabalho não excedente a oito horas, exceto nos casos 
e condições previstos em lei; 
VI - repouso semanal remunerado, preferentemente aos domingos e, no 
limite das exigências técnicas das empresas, nos feriados civis e religiosos, 
de acordo com a tradição local; 
VII - férias anuais remuneradas; 
VIII - higiene e segurança do trabalho; 
IX - proibição de trabalho a menores de quatorze anos; em indústrias 
insalubres, a mulheres e a menores, de dezoito anos; e de trabalho noturno 
a menores de dezoito anos, respeitadas, em qualquer caso, as condições 
estabelecidas em lei e as exceções admitidas pelo Juiz competente; 
X - direito da gestante a descanso antes e depois do parto, sem prejuízo do 
emprego nem do salário; 
 
27 BARROS, 2009, p. 74. 
28 BARROS, loc. cit. 
16 
XI - fixação das percentagens de empregados brasileiros nos serviços 
públicos dados em concessão e nos estabelecimentos de determinados 
ramos do comércio e da indústria; 
XII - estabilidade, na empresa ou na exploração rural, e indenização ao 
trabalhador despedido, nos casos e nas condições que a lei estatuir; 
XIII - reconhecimento das convenções coletivas de trabalho; 
XIV - assistência sanitária, inclusive hospitalar e médica preventiva, ao 
trabalhador e à gestante; 
XV - assistência aos desempregados; 
XVI - previdência, mediante contribuição da União, do empregador e do 
empregado, em favor da maternidade e contra as conseqüências da 
doença, da velhice, da invalidez e da morte; 
XVII - obrigatoriedade da instituição do seguro pelo empregador contra os 
acidentes do trabalho. 
§ 1º Não se admitirá distinção entre o trabalho manual ou técnico e o 
trabalho intelectual, nem entre os profissionais respectivos, no que concerne 
a direitos, garantias e benefícios.29 
Sob o prisma do Direito Coletivo, o art. 158 reconhece o direito de greve, cujo 
exercício a lei regulará, e o art. 159 dispõe ser livre a associação profissional ou 
sindical. O aspecto mais inovador consiste na integração da Justiça do Trabalho aos 
quadros do Poder Judiciário, pois anteriormente era órgão administrativo30. 
Em 1949 a legislação ordinária começa a instituir novos direitos. Surge a Lei nº. 
605/49 que instituiu o repouso semanal remunerado; a Lei nº. 2.573/55 que criou 
adicional para o trabalho perigoso; a Lei n°. 3.207/57 que dispôs sobre os 
empregados vendedores, viajantes e pracistas; a Lei nº. 4.090/62 que instituiu o 13º 
salário; a Lei nº. 5.859/72 que trata dos empregados domésticos; a Lei nº. 5.889/73 
que versa sobre o trabalhador rural; a Lei nº. 6.019/74, que trata dos trabalhadores 
temporários, dentro outras31. 
 A Constituição de 1967 e a Emenda Constitucional nº 1, de 1969, introduziram a co-
gestão e o regime do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) que, de 
início, conviveu com o da estabilidade e o da indenização, competindo ao 
empregado a “opção” por um deles. O salário família foi assegurado aos 
dependentes do trabalhador. A idade mínima para o trabalho foi reduzida para 12 
anos, ao contrário dos outros textos. Assegurou a aposentadoria da mulher com 30 
anos de trabalho, com vencimentos integrais. O trabalho na indústria insalubre, à 
 
29 BARROS, 2009, p. 74. 
30 Ibid., p. 77. 
31 BARROS, loc.cit. 
17 
semelhança das Constituições de 1934, 1937 e 1946, continuou sendo proibido à 
mulher. Assegurou ao trabalho noturno remuneração superior ao trabalho diurno, 
garantia que já constava no texto constitucional de 1937. Sob o prisma do Direito 
Coletivo, a greve foi proibida nos serviços públicos e atividades essenciais definidas 
em lei.32 
Finalmente a CF/88, no art. 7º, arrola os direitos sociais dos empregados urbanos e 
rurais, e assim dispõem: 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que 
visem à melhoria de sua condição social: 
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa 
causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização 
compensatória, dentre outros direitos; 
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; 
III - fundo de garantia do tempo de serviço; 
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de 
atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família com 
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte 
e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder 
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; 
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; 
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo 
coletivo; 
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem 
remuneração variável; 
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor 
da aposentadoria; 
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; 
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção 
dolosa; 
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, 
e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido 
em lei; 
XII - salário-família para os seus dependentes; 
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e 
quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a 
redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; 
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos 
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; 
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; 
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 
cinqüenta por cento à do normal; 
 
32 BARROS, 2009, p.74. 
18 
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a 
mais do que o salário normal; 
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a 
duração de cento e vinte dias; 
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos 
específicos, nos termos da lei; 
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de 
trinta dias, nos termos da lei; 
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de 
saúde, higiene e segurança; 
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou 
perigosas, na forma da lei; 
XXIV - aposentadoria; 
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento 
até seis anos de idade em creches e pré-escolas; 
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; 
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; 
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem 
excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou 
culpa; 
XXIX - ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com 
prazo prescricionalde: 
a) cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a 
extinção do contrato; 
b) até dois anos após a extinção do contrato, para o trabalhador rural; 
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de 
critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; 
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios 
de admissão do trabalhador portador de deficiência; 
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual 
ou entre os profissionais respectivos; 
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores 
de dezoito e de qualquer trabalho a menores de quatorze anos, salvo na 
condição de aprendiz; 
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício 
permanente e o trabalhador avulso. 
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores 
domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, 
XXI e XXIV, bem como a sua integração à previdência social.33 
Dentre as inovações e alterações importantes que surgiram desse texto, BARROS 
aponta a equiparação entre empregados urbanos e rurais, o FGTS, estendido ao 
 
33 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 05 out. 
1988.Disponível 
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 23 
abr. 2015. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm
19 
empregado rural, independente de opção, desaparecendo do cenário jurídico a 
estabilidade decenal, o salário mínimo, antes regionalizado, passa a ser unificado no 
território nacional e a ampliação das necessidades vitais básicas a que o salário 
mínimo deve atender, passando a englobar educação, saúde, lazer e previdência 
social.34 
A doutrinadora também aponta como importantes inovações, o piso e a 
irredutibilidade salarial, esta já consagrada nas Constituição anteriores, aquela 
outrora considerada como inconstitucional, a tipificação como crime da retenção 
dolosa do salário e o adicional de horas extras, que antes era de 20 % ou 25 %, 
passou a ser de 50 %, no mínimo.35 
Para AMAURI MASCARO NASCIMENTO um dos aspectos positivos trazidos pela 
CF/88 foi o redimensionamento das relações entre os sindicatos e o Estado com a 
adoção de dois princípios básicos o da auto-organização sindical e da autonomia de 
administração dos sindicatos. O autor ainda afirma que tais princípios permitiram a 
ampliação da negociação coletiva e dos acordos coletivos entre sindicatos e 
empresas.36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 BARROS, 2009, p. 79. 
35 Ibid., p. 80. 
36 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho: história e teoria geral do Direito 
do Trabalho:relações individuais e coletivas do trabalho. 25. ed. rev., atual. Ampl. São Paulo: 
Saraiva, 2010, p. 107-108. 
20 
2 A ATIVIDADE SINDICAL NO BRASIL E OS LIMITES DE SUA ATUAÇÃO 
A CF/88 foi responsável pela significativa evolução dos movimentos sindicais no 
país, em razão de reconhecer expressamente a livre associação e proibir a 
intervenção estatal na organização dos sindicatos, além de consagrar a negociação 
coletiva em vários de seus dispositivos, (art. 7o, incisos VI, XIII, XIV, XXVI; art. 8o, 
inciso VI; e art. 114, §§ 1o e 2o) objetivando a solução de conflitos coletivos de 
trabalho, que não pela via judicial, sendo exigência constitucional a presença do 
sindicato como legítimo representante das classes envolvidas a fim de solucionar o 
conflito, criando novas condições de trabalho. No entanto a Carta Magna também 
prevê limites as negociações e acordos coletivos de trabalho, como mecanismo de 
proteção aos direitos do trabalhador.37 
2.1 HISTÓRICO DA ATIVIDADE SINDICAL NO BRASIL 
O Brasil sempre manteve a sua tradição. Suas Constituições, desde 1934, incluíram 
normas sobre direito sindical, a organização sindical não evoluiu muito desde 1934. 
Apenas modificou-se no curso da evolução das Constituições. A Constituição de 
1934 em seu art. 120 parágrafo único dispõe: “A lei assegurará a pluralidade sindical 
e a completa autonomia dos sindicatos”, e assim consagra o princípio da pluralidade 
sindical, fruto talvez das idéias liberais que vinham da proclamação da República.38 
BARROS aponta que: 
A Constituição de 1937, sob inspiração do Estado Novo substitui a 
pluralidade pelo sindicato único. [...] A Constituição de 1946 retoma as 
diretrizes democráticas inseridas na Constituição de 1934, assegurando a 
liberdade de associação profissional, a representação legal nas convenções 
coletivas e o exercício de funções delegadas pelo poder público, além de 
reconhecer o direito de greve [...].39 
 
 
37 LOPES, Otavio Brito. Limites Constitucionais à Negociação Coletiva. Revista Jurídica Virtual, 
Brasília, DF, v. 1, n. 9, fev. 2000. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_09/neg_coletiva_Otavio.htm>. Acesso em: 07 
abr. 2015. 
38 NASCIMENTO, 2010, p. 1234. 
39 BARROS, 2009, p. 1223. 
21 
Já a Constituição de 1967, nascida no regime militar, assemelha-se a de 1946, 
assegurando a liberdade de associação profissional, o direito de greve é assegurado 
exceto nas atividades essenciais definidas em Lei.40 
É unânime entre a doutrina que a CF/88 tem um significado relevante como 
instrumento de efetivação do processo democrático e de reconhecimento jurídico da 
nação, porém o modelo de organização sindical adotado mostra-se contraditório, 
possuindo ao mesmo tempo características inerentes a liberdade e ao 
corporativismo, tratando-se de um modelo semicorporativista, nas palavras de 
NASCIMENTO: 
O sistema de organização sindical que acolheu é contraditório; tenta 
combinar a liberdade sindical com a unicidade sindical imposta por lei e a 
contribuição sindical oficial. Estabelece o direito de criar sindicatos sem 
autorização prévia do estado, mas mantém o sistema confederativo, que 
define rigidamente bases territoriais, representação por categorias e tipos 
de entidades sindicais. 
O Direito sindical brasileiro sofreu grande influencia do corporativismo 
italiano, guardando até os nossos dias figuras dele proveniente, dentre as 
quais o sistema do sindicato único que veda a existência na mesma base 
territorial de mais de um sindicato da mesma categoria. Outra figura 
herdada é a contribuição sindical compulsória sobre os salários de todo 
membro da categoria, associado ou não do sindicato.41 
Com relação às condições de registro de funcionamento das entidades sindicais, o 
art. 8º, I, da CF/8842, embora vede ao poder público a interferência e a intervenção 
na organização sindical, estabelece que a lei poderá exigir o registro no órgão 
competente, no entanto não há na Constituição, tampouco lei regulamentadora, a 
indicação do órgão competente. 
Prevalece o entendimento, ao argumento de que, enquanto não for regulamentado o 
dispositivo constitucional, a competência para o registro é do Ministério do Trabalho, 
e a exigência visa a dar atendimento ao princípio da unicidade sindical.43 
Outra questão controvertida dentro do Direito Coletivo na Constituição da República 
de 1988 verifica-se no inciso III do art. 8º que assegura ao sindicato a defesa dos 
 
40 BARROS, 2009, p. 1224. 
41 NASCIMENTO, 2010, p. 1235. 
42 Art. 8º, I da CF/88: “A lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, 
ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a 
intervenção na organização sindical”. BRASIL,1988. 
43 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Comentários às Leis Trabalhistas. V.1. 2. Ed. São Paulo: LTr, 
1991. 
22 
direitos e interesses coletivos ou individuaisda categoria, discute-se muito, o 
fundamento desse dispositivo, se se conferiu ao sindicato representação da 
categoria ou substituição processual.44 
O artigo 6º do Código de Processo Civil estabelece que ninguém poderá pleitear em 
nome próprio direito alheio. No entanto, considerando razões de conveniência, por 
vezes a lei substitui quem ordinariamente seria legitimado por um terceiro. Esse 
“direito de estar em Juízo por outrem”, foi denominado por CHIOVENDA, 
substituição processual. Na representação, o representante age em nome do 
representado.45 
BARROS em sua obra aponta que para alguns doutrinadores houve a ampliação 
das hipóteses de legitimação extraordinária dos sindicatos, possibilitando a 
substituição processual em todos os processos individuais em que estejam em jogo 
interesses do sindicato, admitindo assim que a substituição alcança a todos os 
integrantes da categoria.46 
Há os que afirmam que o artigo apenas sugeriu ampliação da legitimação do 
sindicato, dependendo tal alargamento da intermediação do legislador ordinário.47 
O entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) encontra-se consolidado, 
admitindo a substituição processual na hipótese do art. 8º, inciso III, da Constituição 
vigente48: 
Sindicato. Substituição Processual. Legitimidade. Consolidou-se o 
entendimento, neste Supremo Tribunal, de que os sindicatos têm 
legitimidade para atuar na defesa dos direitos e interesses coletivos ou 
individuais dos integrantes da categoria, como substitutos processuais. 
Precedente: RE 202.063. Recurso Extraordinário conhecido e provido.49 
 
 
 
44 BARROS, 2009, p. 1226. 
45 BARROS, loc. cit. 
46 Ibid., p. 1227. 
47 BARROS, loc cit. 
48 Art. 8º, III da CF/88: “Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais 
da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas”. BRASIL,1988. 
49 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE 213.782-1/RS.1º Turma.Rel. Min. Octávio Gallotti. Julg. 
06 nov.1998. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/26538/substituicao-processual-no-
paradigma-do-estado-democratico-de-direito/3>. Acesso em: 07 abr. 2015. 
23 
2.2 DEFINIÇÃO DE DIREITO COLETIVO DO TRABALHO E NEGOCIAÇÃO 
COLETIVA 
Conforme MAURÍCIO GODINHO DELGADO, “o direito do trabalho pode ser definido 
como sendo um ramo jurídico especializado, que regula certo tipo de relação 
laborativa na sociedade contemporânea”.50 
O Direito do Trabalho engloba dois segmentos, um individual e um coletivo. 
DELGADO assim os define: 
O Direito Individual do Trabalho define-se como: complexo de princípios, 
regras e institutos jurídicos que regulam, no tocante às pessoas e matérias 
envolvidas, a relação empregatícia de trabalho, além de outras relações 
laborais normativamente especificadas. 
O Direito Coletivo do Trabalho pode ser definido como o complexo de 
princípios, regras e institutos jurídicos que regulam as relações laborais de 
empregados e empregadores, além de outros grupos jurídicos 
normativamente específicos, considerada sua ação coletiva, realizada 
autonomamente ou através das respectivas associações.51 
O Direito Coletivo é construído a partir de uma relação entre seres teoricamente 
equivalentes: seres coletivos ambos, o empregador de um lado e, de outro o ser 
coletivo obreiro, mediante as organizações sindicais.52 
NASCIMENTO entende o Direito Coletivo do Trabalho como sendo, “o ramo do 
direito do trabalho que tem por objetivo o estudo das normas e das relações jurídicas 
que dão forma ao modelo sindical”.53 
A CF/88, no inciso VI, do art. 8º, considera obrigatória a participação dos sindicatos 
nas negociações coletivas. A negociação coletiva é uma forma de autocomposição 
de conflitos coletivos advinda do entendimento entre os interlocutores sociais.54 
 
 
50 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 12. ed. São Paulo: LTR, 2013. 
p.45. 
51 Ibid., p. 47. 
52 Ibid., p. 1339. 
53 NASCIMENTO, 2010, p. [?]. 
54 Art. 8º,VI da CF/88: “É obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de 
trabalho”. (BRASIL, 1988). 
24 
Apesar do referido dispositivo não fazer alusão a sindicatos, no plural, vem-se 
entendendo que a participação obrigatória nas negociações refere-se ao sindicato 
profissional em decorrência do princípio da tutela, que só se aplica ao empregado.55 
A autocomposição, um método de solução de conflitos ocorre quanto o conflito é 
solucionado pelas próprias partes, sem a intervenção de outros agentes no processo 
de pacificação da controvérsia. No Direito Coletivo do Trabalho apresenta 
importantíssima modalidade de autocomposição, a negociação coletiva.56 
A negociação coletiva tem como função gerar normas jurídicas, pacificando os 
conflitos coletivos de trabalho. Tem importante função política e social, fomentando o 
diálogo na sociedade e harmonizando o ambiente de trabalho. E ainda, cumpre 
função econômica, estabelecendo normas específicas, de acordo com as 
características regionais. Em síntese é um procedimento pelo qual empresas ou 
sindicatos econômicos e sindicatos profissionais, sujeitos do conflito, mediante 
contemporização, alcançam como resultado uma convenção ou acordo coletivo. 
Cumpre salientar que não ocorrendo à atuação sindical representando a classe 
trabalhadora, não se trata de negociação coletiva, e se dessa negociação resultar 
algum instrumento este não terá caráter normativo e sim contratual, sujeitando-se as 
regras do art. 468 da CLT.57 
As convenções e acordos coletivos são os instrumentos que resultam da negociação 
coletiva, é o que se extrai do art. 611, caput da CLT que assim dispõe: 
Art. 611 Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, 
pelo qual dois ou mais sindicatos representativos de categorias econômicas 
e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das 
respectivas representações, às relações individuais de trabalho.58 
Nas palavras de DELGADO: 
 
 
55 BARROS, 2009, p. 1254. 
56 DELGADO, 2010, p. 1476. 
57 DA ROSA, Renata Martins.Aspectos de direito Coletivo do Trabalho.Disponível 
em:<http://www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10060&revista_caderno=25>. Acesso 
em: 21 Mar. 2015. 
58 BRASIL. Decreto-Lei n.º 5. 452, de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. 
Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm >. Acesso em: 21 
mar. 2015. 
25 
A convenção coletiva resulta de negociações entabuladas por entidades 
sindicais, quer a dos empregados, quer a dos respectivos empregadores. 
Envolve, portanto, o âmbito da categoria, seja a profissional, seja a 
econômica. [...] Criam regras pessoais, dirigidos a normatizar situações ad 
futurum [...].59 
A CLT, no art. 611, § 1º, também trata do acordo coletivo de trabalho. Diz a lei 
brasileira que é facultado aos sindicatos representativos de categorias profissionais 
celebrar acordos coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria 
econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa 
ou das empresas acordantes às respectivas relações de trabalho.60 
As duas figuras jurídicas distinguem-se em face dos sujeitos pactuantes e do âmbito 
de abrangência de suas regras jurídicas. As convenções coletivas aplicam-se aos 
sócios e não sócios dos sindicatos acordantes, ou seja, a todos os membros da 
categoria, quer empregadores, quer empregados, observada a delimitação da base 
territorial dos sindicatos. Os acordos coletivos são aplicáveis a todos os empregados 
da empresa signatária representados pelo sindicato acordante, sócio ou não sócio 
dele.61 
2.3 PRERROGATIVAS E LIMITES DA ATUAÇÃO DOS SINDICATOS 
Como já mencionado a CF/88 consagra a negociação coletiva em vários de seus 
dispositivos(art. 7o, incisos VI, XIII, XIV, XXVI; art. 8o, inciso VI; e art. 114, §§ 1o e 
2o) objetivando a solução de conflitos coletivos de trabalho, que não pela via judicial, 
sendo exigência constitucional a presença do sindicato como legítimo representante 
das classes envolvidas a fim de solucionar o conflito, criando novas condições de 
trabalho. No entanto a Carta Magna também prevê limites as negociações e acordos 
coletivos de trabalho, como mecanismo de proteção aos direitos do trabalhador.62 
 
59 DELGADO, 2013, p. 1412. 
60 Art. 611, § 1º da CLT: “É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais 
celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, 
que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das acordantes 
respectivas relações de trabalho. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)”. 
(BRASIL, 1943). 
61 DA ROSA, 2015. 
62 LOPES, 2000. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0229.htm#art611
26 
Conforme leciona BARROS, “o sindicato vem sendo definido legalmente como uma 
forma de “associação profissional devidamente reconhecida pelo Estado como 
representante legal da categoria”.63 
Para DELGADO: 
Os sindicatos são entidades associativas permanentes, que representam 
trabalhadores vinculados por laços profissionais e laborativos comuns, 
visando tratar de problemas coletivos das respectivas bases representadas, 
defendendo seus interesses trabalhistas e conexos, com o objetivo de lhes 
alcançar melhores condições de labor e vida.64 
A lei brasileira define sindicato como associação para fins de estudo, defesa e 
coordenação dos seus interesses econômicos ou profissionais de todos os que, 
como empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores autônomos, ou 
profissionais liberais, exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou 
atividades ou profissões similares ou conexas. (art. 511, caput, CLT).65 
O sindicato tem a prerrogativa de representar, perante as autoridades 
administrativas e judiciárias, os interesses gerais da profissão liberal ou da 
categoria, ou os interesses individuais dos associados relativos à atividade ou 
profissão exercida (art. 513, “a”, da CLT).66 
Em sua obra BARROS apresenta as prerrogativas constitucionalmente conferidas 
aos sindicatos: a primeira refere-se à legitimidade de representar os interesses de 
sua categoria de classe, para a doutrinadora trata-se de uma representação legal e 
não voluntária, cujos poderes são outorgados ao sindicato pelo Estado, mormente 
se considerarmos que, no Brasil, a categoria é a base sobre a qual se constrói a 
organização sindical.67 
De acordo com NASCIMENTO: 
[...] tal prerrogativa refere-se à função de representação, que leva à atuação 
dos sindicatos como parte nos processos judiciais em dissídios coletivos 
 
63 BARROS, 2009, p. 1237. 
64 DELGADO, 2013, p. 1362. 
65 Art. 511, caput da CLT: “É lícita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos seus 
interesses econômicos ou profissionais de todos os que, como empregadores, empregados, 
agentes ou trabalhadores autônomos ou profissionais liberais exerçam, respectivamente, a mesma 
atividade ou profissão ou atividades ou profissões similares ou conexas”.(BRASIL, 1943). 
66 Art. 513, a da CLT: “Representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias os 
interesses gerais da respectiva categoria ou profissão liberal ou interesses individuais dos 
associados relativos á atividade ou profissão exercida”. (BRASIL, 1943). 
67 BARROS, op.cit, p. 1242. nota 2. 
27 
destinados a resolver os conflitos jurídicos ou de interesses, e nos dissídios 
individuais de pessoas que fazem parte da categoria, exercendo a 
substituição processual, ou a representação processual, casos em que agirá 
em nome do representado e na defesa do interesse deste.68 
A segunda prerrogativa apontada pela autora consiste na possibilidade de celebrar 
convenções coletivas de trabalho. 
NASCIMENTO aponta como sendo a função negocial dos sindicatos caracterizando-
se pelo poder que lhes foi conferido para ajustar convenções coletivas de trabalho, 
nas quais serão fixadas regras a serem aplicáveis nos contratos individuais de 
trabalho dos empregados pertencentes à esfera de representação do sindicato 
pactuante.69 
Por fim a BARROS indica como a última prerrogativa da entidade sindical a 
imposição de contribuição a todos aqueles que participam das categorias 
econômicas ou profissionais ou das profissões liberais.70 
Apontada por NASCIMENTO como sendo a função de arrecadação dos sindicatos, 
mediante a qual o sindicato impõe contribuições, uma aprovada pela assembléia e 
outra fixada por lei, nos moldes do art. 8º, IV da C/F88, mensalidades sindicais e 
descontos assistenciais, aquelas fixadas nos estatutos e estes em convenções 
coletivas ou sentenças normativas.71 
NASCIMENTO em sua obra faz alusão ainda a outras duas prerrogativas conferidas 
pela CLT aos sindicatos; a de colaboração com o Estado no estudo dos problemas 
que se relacionem com a categoria (CLT, art. 513, d) 72 e no desenvolvimento da 
solidariedade social (CLT, art. 514, a)73 e a assistencial, que consiste na atribuição 
conferida pela lei ou pelos estatutos para prestar serviços aos seus representados, 
contribuindo para o desenvolvimento integral do ser humano.74 
 
68 NASCIMENTO, 2010, p. 1299. 
69 NASCIMENTO, loc. cit. 
70 BARROS, 2009, p. 1243. 
71 NASCIMENTO, op. cit, p. 1297. nota 36. 
72 Art. 513, d da CLT: “colaborar com o Estado, como órgãos técnicos e consultivos, na estudo e 
solução dos problemas que se relacionam com a respectiva categoria ou profissão 
liberal”.(BRASIL, 1943). 
73 Art. 514, a da CLT: “colaborar com os poderes públicos no desenvolvimento da solidariedade 
social”. (BRASIL, 1943) 
74 NASCIMENTO, op. cit. p. 1299, nota 36. 
28 
No que tange a limitação sindical, embora a CF/88 tenha afastado a possibilidade 
jurídica de intervenção e interferências político-administrativas do Estado na criação 
e administração das associações sindicais, ampliando o papel dos sindicatos na 
defesa dos direitos coletivos e individuais da categoria, o texto constitucional 
também trouxe consigo mecanismos que limitam a liberdade sindical: o sistema de 
unicidade sindical proíbe a existência de mais de uma entidade por categoria na 
mesma base territorial.75 
Cumpre mencionar que o sistema de unicidade sindical, adotado pela CF/88 
contraria orientação da OIT (Convenção 87, sobre a liberdade sindical)76 assim 
expõe o referido dispositivo constitucional: 
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: 
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de 
sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder 
Público a interferência e a intervenção na organização sindical; 
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer 
grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma 
base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores 
interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; 
[...]77 
Outro limite que se impõe à atuação sindical é o temporal, tratado no art. 614, § 3º, 
da CLT78 (que veda estipulação de convenção e acordo coletivos por período 
superior a dois anos). No entanto, tal princípio têm se prestado a exceções, como é 
o caso dos lapsos temporais entre uma e outra norma coletiva. Se as partes 
continuaram a cumprir o acordo ou convenção anterior em ponto que fora renovado, 
há de se estender a norma para cobrir o intervalo normativo.79 
 
 
 
 
 
75 NASCIMENTO, 2010, p. 1300. 
76 BRASIL. Liberdade sindical e proteçãoao direito de sindicalização. Disponível em:< 
http://www.oitbrasil.org.br/content/liberdade-sindical-e-prote%c3%a7%c3%a3o-ao-direito-de-
sindicaliza%c3%a7%c3%a3o>. Acesso em: 21 mar. 2015. 
77 BRASIL, 1988. 
78 Art. 614, § 3º, da CLT: “Não será permitido estipular duração de Convenção ou Acordo superior a 
2 (dois) anos. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)”. (BRASIL, 1943) 
79 COOPER, Flávio Alegretti de Campos. Limites da atuação sindical. Disponível 
em:<http://portal.trt15.jus.br/documents/124965/125414/Rev20Art4.pdf/05d9ac77-ab99-4126-
856d-650eb170f4f3>. Acesso em: 21 mar. 2015. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0229.htm#art614
http://portal.trt15.jus.br/documents/124965/125414/Rev20Art4.pdf/05d9ac77-ab99-4126-856d-650eb170f4f3
http://portal.trt15.jus.br/documents/124965/125414/Rev20Art4.pdf/05d9ac77-ab99-4126-856d-650eb170f4f3
29 
3 FONTES E PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO 
Quantos as fontes do Direito do Trabalho, VOLIA BONFIM CASSAR as define como 
“[...] o meio pelo qual o Direito do Trabalho se forma, se origina e estabelece suas 
normas jurídicas”.80 
As fontes do Direito do trabalho são classificadas como formais e materiais. 
Segundo o entendimento de DELGADO, as “[...] fontes materiais dividem-se, por sua 
vez, em distintos blocos, segundo o tipo de fatores que se enfoca no estudo da 
construção e mudanças do fenômeno jurídico”.81 
Já as fontes formais procuram-se o fenômeno de exteriorização final das 
normas jurídicas, os mecanismos e modalidades mediante os quais o 
Direito transparece e se manifesta. Portanto, são fontes formais os meios de 
revelação e transparência da norma jurídica – os mecanismos exteriores e 
estilizados pelos quais as normas ingressam, instauram-se e cristalizam-se 
na ordem jurídica.82 
Diante de lacunas ou omissões da lei ou contratos de trabalho, tem papel 
fundamental as fontes e os princípios do Direito do Trabalho, servindo como 
aplicação supletiva, por esta razão, mostra-se indispensável discorrer sobre as 
fontes e os princípios inerentes ao Direito do Trabalho, pois se apresentam como 
mecanismos destinados a exteriorização e proteção de direitos trabalhistas 
incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro por vias ainda que não a legal (Lei) 
ou contratual, tendo como base legal o art. 8º da CLT, que assim dispõem: 
Art. 8º: As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de 
disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela 
jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas 
gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo 
com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que 
nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse 
público.83 
O referido artigo demonstra que ante a inexistência de lei especifica ou contrato de 
trabalho para a solução de conflitos em casos concreto, admite-se o uso de outras 
fontes, tais como jurisprudência, analogia, equidade e outros princípios e normas 
gerais de direito, principalmente do Direito do Trabalho. 
 
80 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 2. ed. Niterói: Impetus, 2009. p. 40 
81 DELGADO, 2013, p. 133. 
82 DELGADO, loc. cit. 
83 BRASIL. Decreto-Lei n.º 5.452, de maio de 1943. 
30 
Dentre as fontes do Direito do Trabalho ganha relevância os princípios, pois diz 
respeito à postura mental que leva o interprete a se posicionar desta ou daquela 
maneira. Serve de diretriz, de arcabouço, de orientação para que a interpretação 
seja feita de certa maneira, servem não só de parâmetro para a formação de novas 
normas jurídicas, mas também de orientação para a interpretação e aplicação das 
normas já existentes.84 
Para GOLDSCHMIDT, os princípios do Direito do Trabalho “[...] buscam proteger a 
pessoa do trabalhador considerada “vulnerável” ou “hipossuficiente” na relação entre 
o capital e o trabalho”. 85 
Ainda quanto ao conceito de princípio ARNANDO SUSSEKIND afirma que: 
Os princípios são enunciados genéricos, explicitados ou deduzidos, do 
ordenamento jurídico pertinente, destinados a iluminar tanto o legislador, ao 
elaborar as leis dos respectivos sistemas, como ao intérprete, ao aplicar as 
normas ou sanar as omissões.86 
Cabe também mencionar a definição de AMÉRICO PLÁ RODRIGUEZ: 
[...] linhas diretrizes que informam algumas normas e inspiram direta ou 
indiretamente uma série de soluções, pelo que podem servir para promover 
e embasar a aprovação de novas normas, orientar a interpretação das 
existentes e resolver os casos não previstos. (grifos nossos).87 
Dentro deste contexto apresentam-se como princípio basilar do Direito do Trabalho o 
Princípio da Proteção que se subdivide em 03 (três) outros princípios quais sejam: In 
dubio pro operário; Aplicação da norma mais favorável e Aplicação da condição mais 
benéfica, muito bem expressos na doutrina de BARROS: 
O princípio da proteção é consubstanciado na norma e na condição mais 
favorável, cujo fundamento se subsume a essência do Direito do Trabalho. 
Seu propósito consiste em tentar corrigir desigualdades, criando uma 
superioridade jurídica em favor do empregado, diante de sua condição de 
hipossuficiente. O fundamento do principio da norma mais favorável é a 
existência de duas ou mais normas, cuja preferência na aplicação é o objeto 
de polêmica. Esse princípio autoriza a aplicação da norma mais favorável, 
independentemente de sua hierarquia.88 
 
84 CASSAR, 2009. p. 89. 
85 GOLDSCHMIDT, Rodrigo. Flexibilização dos Direitos Trabalhistas. São Paulo: LTr, 2009, p. 
129. 
86 SUSSEKIND, Arnaldo. Instituições de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 1978, p. 31. 
87 RODRIGUEZ, 2002, apud CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 2. ed. Niterói: Impetus, 
2009. p. 129. 
88 BARROS, 2009, p. 181. 
31 
Há também outros princípios próprios do Direito do Trabalho aplicáveis para a 
pacificação de conflitos de ordem laboral tais como: a) Princípio da 
Indisponibilidade/Irredutibilidade dos Direitos Trabalhistas; b) Princípio da 
Continuidade da Relação de Emprego; c) Princípio da Primazia da Realidade. 
Relativamente ao Princípio da Indisponibilidade dos Direitos Trabalhistas, entendido 
também pela doutrina como Princípio da Irrenunciabilidade dos Direitos Trabalhistas, 
DELGADO assevera que tal princípio “[...] traduz a inviolabilidade técnico-jurídica de 
poder o empregado despojar-se, por sua simples manifestação de vontade, das 
vantagens e proteções que lhes asseguram a ordem jurídica e o contrato”.89 
Quanto ao Princípio da Irrenunciabilidade e Intransacionalidade em regra com base 
nesses princípios o trabalhador não pode renunciar ou transacionar seus direitos 
trabalhistas, seja antes da admissão, no curso do contrato de trabalho ou até mesmo 
após o termino da relação contratual. O fundamento dos referidos princípios repousa 
sobre a natureza dos direitos trabalhistas, que são de ordem pública, cogentes, 
imperativas, logo são irrenunciáveis e intransacionáveis pelo empregado. Parte da 
doutrina entende que em se tratando de direitos trabalhistas privados – criados 
através de contrato de trabalho, regulamento interno de empresa, convenção ou 
acordo coletivo - a transação após a extinção do contrato será possível, desde que 
não cause prejuízo ao trabalhador, o mesmo não se pode dizer da renúncia, que 
será sempre nula, porque causará prejuízo ao empregado.90 
Estes princípios não protegem apenas a pessoa individual do trabalhador, protege 
toda categoria profissional. Assim é que descabe renunciar ou transacionar o direito 
de anotar o contrato em Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), o direito 
de receber a indenização compensatória de 40% do FGTS no caso de despedida 
sem justa causa, já que tais direitos são de ordem pública, e por tal razão 
irrenunciáveis.91Dessa forma a lei criou mecanismos para assegurar a não ocorrência de atos que 
causem prejuízos ao trabalhador, o art. 9º da CLT considera nulo todo ato que vise 
desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos direitos trabalhistas previstos na lei. Já 
 
89 DELGADO, 2013, p. 193. 
90 CASSAR, 2009, p. 170-171. 
91 GOLDSCHMIDT, 2009, p. 95. 
32 
o art. 468 da lei celetista, considera como nula toda alteração contratual que cause 
prejuízo ao trabalhador. Reforçando o entendimento, o art. 444 da CLT, autoriza a 
criação de outros direitos pela vontade das partes, desde que não contrarie aqueles 
previstos na lei e nas normas coletivas.92 
DE PLÁCIDO E SILVA conceitua renúncia e transação como: 
A renúncia designa o abandono ou a desistência do direito que se tem 
sobre alguma coisa. Nessa razão a renuncia imposta sempre num 
abandono ou numa desistência voluntária, pela qual o titular de um direito 
deixa de usá-lo ou anuncia que não que utilizar. A renúncia pode vir 
expressamente ou ser deduzida. Daí a renuncia expressa e a renúncia 
tácita. [...]Já a transação é bilateral e recai sobre direito duvidoso, e o seu 
efeito é a prevenção do litígio. Pressupõem concessões recíprocas. 93 
No entanto os direitos trabalhistas submetidos a estes princípios são aqueles 
indisponíveis, ou seja, aqueles controlados pelo Estado com maior ou menor 
intensidade, por protegerem interesses públicos. Não derivam da autonomia da 
vontade da parte e sim de imposição legal feita através de normas cogentes, 
impostas pelo Estado para tutelar algum interesse social.94 
Para CASSAR a CF/88 consagrou os direitos fundamentais da pessoa humana, 
assumindo assim conscientemente um sistema de valores, cujo maior fundamento é 
a dignidade da pessoa humana, a fixação em sede constitucional dos direitos 
trabalhistas, de valores éticos e de princípios protetores e democráticos, todos com 
força normativa, é o principal limite à liberdade contratual e ao poder patronal. Desta 
forma é inevitável concluir que todos os direitos trabalhistas previstos na lei são 
indisponíveis, imperativos, e só poderão ser disponibilizados quando a lei assim 
autorizar.95 
Cumpre ressaltar, que o assunto é controvertido, pois segundo CASSAR existe seis 
correntes acerca do tema, a divergência repousa sobre os seguintes pontos; quais 
direitos que admitem renúncia e/ou transação, os previstos em lei ou os privados, e 
ainda sobre o conceito de direitos indisponíveis absolutos e relativos. Cumpre 
ressaltar que lei e a jurisprudência admitem algumas exceções que autorizam 
 
92 CASSAR, 2009, p. 171. 
93 SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 23. ed. Atualizadores: Nagib Slaibi Filho e Glaucia 
Carvalho. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 1.201. 
94 CASSAR, op. cit., p. 171, nota 80. 
95 Ibid., p. 172. 
33 
renúncias e transações de direitos trabalhistas, CASSAR enumera algumas 
hipóteses: 
a) A Lei nº 5.107/66 – revogada - que instituiu o FGTS permitindo um tipo de 
renúncia e de transação durante o contrato de trabalho. Previa que a opção 
pelo FGTS importava em renúncia à estabilidade decenal [...] 
b) A renúncia ao aviso prévio, não presta em lei, porém admitida pela 
jurisprudência, desde que o empregado o faça expressamente e comprove 
que conseguiu um novo emprego (Súmula nº 276 TST). 
c) Ao optar por um plano de cargos e salário o empregado renuncia ao outro 
– Súmula nº 51, II, TST. 
d) Flexibilização através de negociação coletiva – art. 7º da CF/88.96 
A respeito do Princípio da Primazia da Realidade, BARROS leciona que: 
O princípio da primazia da realidade significa que as relações jurídico-
trabalhistas se definem pela situação de fato, isto é, pela forma como se 
realizou a prestação de serviços, pouco importando o nome que lhes foi 
atribuído pelas partes. Despreza-se a ficção jurídica. É sabido que muitas 
vezes a prestação de trabalho subordinado está encoberta por meio de 
contratos de Direito Civil ou Comercial. Compete ao intérprete, quando 
chamado a se pronunciar sobre o caso concreto, retirar essa roupagem e 
atribuir-lhe o enquadramento adequado, nos moldes traçados pelos art. 2º e 
3º da CLT.97 
Este princípio, também é apontado pela doutrina como “contrato-realidade”, de 
forma que tem maior relevância a prova testemunhal do que os meios de provas 
escritas, haja vista que aquela pode denunciar a realidade dos fatos em detrimento 
das provas formalmente documentadas.98 
Quanto ao o Principio da Continuidade da Relação de Emprego, CASSAR informa 
que em regra a relação de emprego tende a ser duradoura em face da própria 
natureza humana que impulsiona o homem na busca do equilíbrio e da 
estabilidade.99 
Em virtude disso a regra geral quanto ao prazo do contrato de trabalho é ser 
indeterminado, com exceção do contrato a termo. Por isso o contrato a termo deve 
ser expresso, não havendo prova do ajuste de vigência do pacto, a presunção é de 
que o contrato de trabalho é indeterminado conforme estabelece o art. 29 da CLT 
que assim dispõe: 
 
96 CASSAR, 2009.p. 180. 
97 BARROS, 2009, p. 186. 
98 GOLDSCHMIDT, Rodrigo. A Flexibilização das normas trabalhistas sob uma perspectiva 
constitucional. Disponível em: http://editora.unoesc.edu.br/index.php/seminarionacional 
dedimensoes/article/download/904/520>. Acesso em: 24 abr. 2015. 
99 CASSAR, op. cit., p. 159, nota 80. 
http://editora.unoesc.edu.br/index.php/seminarionacional%20dedimensoes/article/download/904/520
http://editora.unoesc.edu.br/index.php/seminarionacional%20dedimensoes/article/download/904/520
34 
Art. 29 - A Carteira de Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente 
apresentada, contra recibo, pelo trabalhador ao empregador que o admitir, o 
qual terá o prazo de quarenta e oito horas para nela anotar, 
especificamente, a data de admissão, a remuneração e as condições 
especiais, se houver, sendo facultada a adoção de sistema manual, 
mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo 
Ministério do Trabalho. (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989).100 
Assim, o presente princípio tem fundamento na igualdade das partes, sendo por 
meio dele que também se encontra uma maneira de se corrigir abusos, 
principalmente do empregador sobre empregado, fazendo com que aumente cada 
vez mais a duração dos contratos de trabalho, garantindo, dessa forma, a 
subsistência do empregado e conseqüentemente de sua família.101 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
100 BRASIL, 1943. 
101 GOLDSCHMIDT, 2009 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7855.htm#art29
35 
4 CONCEITO E FINALIDADE SOCIOECONÔMICA DA FLEXIBILIZAÇÃO 
DAS NORMAS TRABALHISTAS 
A palavra flexibilização traz em seu bojo a idéia de ruptura com a rigidez, a noção de 
uma capacidade de se moldar a diferentes conjunturas, e a facilidade em se adaptar 
a diferentes contextos.102 
Ainda conforme ANTÔNIO ÁLVARES DA SILVA: 
O verbo português “flexibilizar” provém do latino “flecto, flectere, flexi, 
flectum”, que significa curvar, dobrar, fletir. Depois, por complementação 
semântica, possui ainda vários sentidos conexos ou paralelos, tais como: 
fazer voltar, dirigir o rumo, mover, tornear, comover, mudar, modificar.103 
O fenômeno da flexibilização no âmbito das relações laborais compreende, 
basicamente, a forma de contratação dos trabalhadores, a jornada de trabalho, o 
estabelecimento de salários, à negociação coletiva e as formas de extinção do 
contrato de trabalho. Quanto ao conceito da palavra “flexibilizar”, no âmbito das 
relações de trabalho segundo SÉRGIO PINTO MARTINS: 
[...] a flexibilização do Direito do Trabalho vem a ser um conjunto de regras 
que tem por objetivo instituir mecanismos tendentes a compatibilizar 
mudanças de ordemeconômica, tecnológica ou social existentes na relação 
entre o capital e o trabalho.104 
No entendimento de CASSAR: 
Flexibilizar pressupõe a manutenção da intervenção estatal nas relações 
trabalhistas estabelecendo as condições mínimas de trabalho, sem as quais 
não se pode conceber a vida do trabalhador com dignidade, mas 
autorizando em determinados casos, exceções ou regras menos rígidas, de 
forma que possibilite a manutenção da empresa e dos empregos.105 
Extrai deste conceito, que a flexibilização deve ser um mecanismo utilizado apenas 
quando os reais interesses entre empregado e empregador forem convergentes. 
Para NASCIMENTO: 
 
 
 
102 CÁSSIA, 2015. 
103 SILVA, Antônio Álvares da. Flexibilização das relações de Trabalho. [S.I.]: LTR, 2002. p. 52. 
104 MARTINS, Sergio Pinto. Flexibilização das Condições de Trabalho. São Paulo: Atlas, 2004, p. 
83. 
105 CASSAR, 2009, p. 26. 
36 
Flexibilização do Direito do Trabalho é a corrente de pensamento segundo a 
qual necessidades de natureza econômica justificam a postergação dos 
direitos dos trabalhadores, como a estabilidade no emprego, as limitações à 
jornada diária de trabalho, substituídas por um módulo anual de totalização 
da duração do trabalho, a imposição pelo empregador das formas de 
contratação do trabalho moldadas de acordo com o interesse unilateral da 
empresa, o afastamento sistemático do direito adquirido pelo trabalhador e 
que ficaria ineficaz sempre que a produção econômica o exigisse, enfim, o 
crescimento do direito potestativo do empregador.106 
Em relação ao surgimento da flexibilização leciona JOAQUIM DONIZETI CREPALDI: 
O surgimento da flexibilização deu-se na Europa, no início dos anos 80, 
época de recessão. Mas as causas do aparecimento da flexibilização 
envolvem a Revolução Francesa, que elegeu o liberalismo, contrário à 
intervenção do Estado na vida econômica e social, bem como ao 
desenvolvimento do comunismo e o paternalismo estatal. As críticas ao 
liberalismo extremado e ao radicalismo das correntes ideológicas 
comunistas levaram ao que se denomina flexibilização.107 
CASSAR afirma que: 
Muitos fatores e crises têm transformado a economia mundial, tais como: 
crise financeira iniciada nos anos 70 e 80, na Europa Ocidental, decorrente 
da quebra do pólo petrolífero asiático, [...] a telemática, a nanotecnologia; a 
robotização e demais inventos tecnológicos; a quebra das barreiras 
alfandegárias com a mundiazlização da economia, [...] o avanço nos meios 
de comunicação, a divisão mundial do comércio e a crise imobiliária e 
econômica da economia americana. A partir daí o paradigma buscado 
passa a ser um modelo de Direito do Trabalho, com regras um pouco mai 
flexíveis, aberto a mudanças, adaptável à nova situação econômica mundial 
e de cada empresa.108 
Segundo NASCIMENTO o fenômeno da flexibilização surge como uma forma de 
solucionar problemas de origem econômica e tecnológica, no entanto, não se 
verifica na realidade mudanças relevantes no tocante ao aumento de novos postos 
de trabalho.109 
Diante desse cenário de modificações, o Direito do Trabalho, tem sido um dos ramos 
do direito que mais se tem sido exigido transformações, em virtude dos avanços 
tecnológicos e do desemprego crescente por aqueles gerado. Divulga-se serem as 
leis trabalhistas brasileiras obstáculos ao desenvolvimento nacional.110 
Segundo FERNANDO BASTOS FERRAZ: 
 
106 NASCIMENTO, 2005, p. 120. 
107 CREPALDI, Joaquim Donizeti. O Princípio de Proteção e a Flexibilização das Normas de 
Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2003, p. 67. 
108 CASSAR, 2009, p. 26-27. 
109 Ibid., p. 31. 
110 FERRAZ, Fernando Bastos. Terceirização e Demais Formas de Flexibilização do Trabalho. 
São Paulo: LTr, 2006. p. 19. 
37 
É inegável que as normas trabalhistas brasileira, presentes na CLT, foram 
concebidas no inicio do processo de industrialização brasileira, mas 
precisamente na década de 1930 [...] e espelhava a realidade e as 
aspirações daquela época.111 
Para os que defendem a flexibilização das normas trabalhistas os avanços 
tecnológicos tem causado forte impacto na clássica relação de emprego, gerando 
desemprego. A própria existência do Direito se justifica, para disciplinar o 
funcionamento da sociedade. As normas que produz devem servir não apenas para 
garantir a segurança dos cidadãos, mas refletir o espaço temporal em que se 
encontram inseridas.112 
Citando CHAUÍ, FERRAZ afirma que os direitos econômicos e sociais conquistados 
pelas lutas populares estão em perigo porque o capitalismo esta passando por uma 
mudança profunda, que se verifica pela exclusão crescente de trabalhadores do 
mercado de trabalho e de consumo em função da presença da tecnologia de ponta 
como força produtiva, que permite acumular e reproduzir capital com mão de obra 
reduzida.113 
Nesse cenário mundial de profundas transformações, a flexibilização das normas 
trabalhistas é justificada com o objetivo de atender as peculiaridades regionais, 
empresariais e profissionais; implantar novas tecnologias e novos métodos de 
trabalho e preservar a saúde da econômica da empresa e dos respectivos 
empregos.114 
4.1 FUNDAMENTOS PARA O ADVENTO DA FLEXIBILIZAÇÃO NO BRASIL 
No Brasil o processo de flexibilização das normas trabalhistas se explana 
preponderantemente sob a forma heterônoma. Tal processo se manifesta 
internamente através de medidas legislativas que estimularam a flexibilização da 
jornada de trabalho e da remuneração, em especial com a mitigação de mecanismos 
 
111 FERRAZ, 2006. p. 47. 
112 Ibid., p. 19. 
113 CHUAUÍ, [?], apud FERRAZ, Fernando Bastos. Terceirização e Demais Formas de 
Flexibilização do Trabalho. 1. ed. São Paulo: LTr, 2006. p. 25. 
114 FERRAZ, op. cit., p. 26, nota 110. 
38 
de proteção ao trabalhador, como o aumento de empregos precários e temporários e 
permissão da despedida imotivada.115 
Para CARMEM CAMINO a flexibilização do Direito do Trabalho no Brasil se observa 
da seguinte forma: 
A partir da década de sessenta, começaram a se manifestar as primeiras 
tentativas concretas de desconstrução do direito do trabalho, quer através 
da desregulamentação pura e simples, quer, ainda, mediante a 
prescindência da tutela legal pela autonomia coletiva, que ainda pela 
atuação dos tribunais do trabalho, com grande destaque para o Tribunal 
Superior do Trabalho, ao cancelar orientações antigas clássicas, informadas 
no direito do trabalho protetivo e compensador, dando lugar à orientações 
liberais, colidentes com tais princípios.116 
Ao analisar as normas flexibilizadoras que surgem no ordenamento jurídico brasileiro 
ao longo do tempo, é possível identificar o grau de inserção desse fenômeno e os 
efeitos por ele causados nas relações de trabalho em nosso país. A partir da década 
de 1960 é possível observar uma tendência do legislador em estabelecer regras 
trabalhistas mais maleáveis. 
Em síntese CASSAR nos dá alguns exemplos da flexibilização na legislação 
brasileira ao longo dos tempos: 
a) A utilização de trabalhadores temporários terceirizados, como previsto na 
Lei nº 6.019/74; 
b) imposição da terceirização do vigilante, na forma da Lei 7.102/83; 
c) liberdade ao empregador para despedir imotivadamente o empregado 
com a criação do regime do FGTS - antiga Lei. 5.107/66 e atual Lei 
8.036/90 e extinção do regime anterior preconizado nos art. 478 e 492 da 
CLT; 
d) quebra do princípio da irredutibilidade salarial – art. 503, CLT, 
posteriormente a Lei 4.923/65 e hoje artigo 7º, IV da CRFB c/c art. 58-A, § 
2º, da CLT; 
e) flexibilização da jornada de trabalho - antiga redação do artigo 59, CLT; 
artigo 7º, XIII, da CRFB e artigo 59, § 2º, da CLT, que criou o banco de 
horas; 
f) ampliação da jornada de seis horas para os turnos ininterruptos de 
revezamento quando autorizada

Outros materiais