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Ana Lúcia Olegário Saraiva

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1 
 
 
 
ANA LÚCIA OLEGÁRIO SARAIVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO GUIA DE TURISMO: 
oportunidades de inovação no âmbito dos planos de cursos técnicos no Brasil 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Balneário Camboriú 
2017
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANA LÚCIA OLEGÁRIO SARAIVA 
 
 
 
 
 
A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO GUIA DE TURISMO: 
oportunidades de inovação no âmbito dos planos de cursos técnicos no Brasil 
 
 
 
Tese apresentada ao colegiado do PPGTH 
como requisito parcial à obtenção do grau de 
Doutor em Turismo e Hotelaria – Área de 
concentração: Planejamento e Gestão do 
Turismo e da Hotelaria – (Linha de pesquisa: 
Educação Turística) 
 
Orientador: Prof. Dr. Francisco Antônio dos 
Anjos 
Co-orientadora: Prof.ª Dr.ª Yára Christina 
Cesário Pereira 
 
 
 
 
 
 
 
Balneário Camboriú 
2017
 
UNIVALI 
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ 
Vice-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura 
Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria - PPGTH 
Curso de Doutorado em Turismo e Hotelaria 
 
3 
 
 
 
4 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais, Clodoaldo e Teresinha, que sempre 
 me incentivaram na busca pelo conhecimento. 
Ao meu filho Klaus, que com seu amor 
me faz sorrir diante dos obstáculos. 
 
5 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A realização desta tese de doutorado, contou com importantes e 
imprescindíveis apoios e incentivos. 
Ao meu orientador, Prof. Dr. Francisco Antônio dos Anjos e co-orientadora: 
Prof.ª Dr.ª Yára Christina Cesário Pereira, pela disponibilidade, atenção dispensada, 
dedicação e profissionalismo. 
Aos demais membros do corpo docente e técnico administrativo da 
Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), em especial, aos colaboradores do 
programa de Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria que estiveram 
presentes e contribuíram para com a minha jornada. 
Aos professores membros das bancas de qualificação e defesa de tese Prof. 
Dr. Paulo dos Santos Pires; Prof. Dr. Mário Carlos Beni; Prof.ª Dr.ª Dóris van de 
Meene Ruschmann, Prof. Dr. Luiz Antônio Gloger Maroneze e Prof. Dr. Luís Miguel 
Brito. 
À Coordenação de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e ao Instituto Federal 
de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), que me permitiram 
a dedicação aos estudos em tempo integral. 
A todos participantes da pesquisa, às Instituições de Ensino públicas e 
privadas, aos profissionais e docentes que colaboraram no desenvolvimento da 
Tese. 
Aos profissionais revisores e formatadores, que com muita dedicação e 
responsabilidade auxiliaram na organização do trabalho. 
Finalmente, dirijo um agradecimento especial a minha família, em particular, 
aos meus pais, pelo modelo de profissionais educadores, aos meus irmãos, meu 
filho Klaus e amigos, pelo apoio incondicional durante este processo de construção 
do estudo. 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No momento em que se enfrenta o futuro é necessário estar aberto ao incerto, ao 
inesperado. É necessário estar sensível às minúcias, às surpresas escondidas por 
trás de cada acontecimento; é preciso estar preparado para repensar 
constantemente a forma de estar do mundo e no mundo. 
(Francesco Morace, 2013). 
 
7 
 
RESUMO 
O Estudo da formação do profissional do Guia de Turismo tem sido um assunto 
amplo e complexo para as organizações empresariais e educacionais que requerem 
inovação, criatividade e qualidade. A reformulação curricular nos cursos técnicos de 
Guia de Turismo, recriando os saberes constituídos, requerem competências 
inovadoras. O presente estudo busca problematizar como tornar o curso técnico de 
Guia de Turismo determinante da competência profissional na contemporaneidade. 
Neste sentido, o objetivo geral do estudo é desenvolver uma proposta de desenho 
curricular para os planos dos cursos técnicos de Guia de Turismo, para subsidiar as 
Instituições de Ensino Técnico no Brasil. A trajetória metodológica do estudo tem 
características de uma pesquisa qualitativa, de natureza aplicada, conforme os 
objetivos, é exploratória e descritiva. A delimitação amostral como Estudo de Casos 
Múltiplos foi apropriada para a pesquisa, de natureza científica, de dez Instituições 
de Ensino escolhidas no Brasil, que ofertam cursos Técnicos de Guia de Turismo. 
Foram analisadas diversas legislações na área da Educação e do Turismo que 
regem a oferta dos referidos cursos, identificados os múltiplos papéis e a atuação 
profissional do Guia de Turismo. Foram mapeadas as competências e as estruturas 
das matrizes curriculares dos planos de cursos técnicos eleitos para a pesquisa. O 
fenômeno em estudo encontrou respaldo na Análise Textual Discursiva para a 
análise dos planos de curso selecionados, bem como da legislação, normas e regras 
pertinentes. Para validar o estudo, aplicou-se um questionário com professores e 
especialistas no Turismo que subsidiaram a elaboração de uma proposta de 
redesenho curricular articulando os conhecimentos acadêmicos e os saberes 
relativos ao mercado profissional. Considerada como inovadora e de vanguarda, 
caracterizando-se como o primeiro estudo, no Brasil, para as Instituições de Ensino 
Técnico no Turismo. 
 
Palavras-chave: Formação do Guia de Turismo. Planos de curso. Competências. 
Desenho curricular. 
 
8 
 
ABSTRACT 
The study of Tour Guide professional formation has been a wide and complex 
subject to entrepreneur and educational organizations that needs innovation, 
creativity and quality. The guideline reformulation in Tour Guide technique courses, 
remaking the composed knowledges, apply for innovative competences. This study 
aims to ask how to become Tour Guide technician course as determinant of 
professional competence nowadays. So, the general objective is to develop a 
guideline frame proposal to Tour Guide technique courses plans, to help the 
Technique Teaching Institutions in Brazil. The study methodologic way has 
qualitative research characteristics, with applied nature, according to the objective, it 
is exploratory and described. The sample delimitation as Multiple Cases Study was 
appropriated for the research, with scientific nature, from ten Teaching Institution 
chosen in Brazil, that offers Guide Tourist Technique courses. It was analyzed many 
legislations in Education and Tourism areas which rule the offer of the referred 
courses, it was identified the Tour Guide multiple roles and professional actuation. It 
was mapped the competences and the structures of curricular source from technique 
courses plan elected for the research. The phenomenon in study found support in 
Discursive Textual Analyze to analyze the plans of the selected courses, as well as 
the legislation and pertinent norms and rules. To validate the study, it was applied a 
questionary with the Tourism teachers and specialists who helped in the elaboration 
of a proposal and curriculum design joining the academic knowledge and learning 
related to professional market. Considered as innovative and forefront, it was 
characterized as the first study, in Brazil, for Tour Technique Teaching Institutions. 
 
Key-Words: Tour Guide Formation. Courses Plans. Competences. Curricular 
Design. 
 
 
 
9 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Construto do perfil do GT 55 
Figura 2 - Estrutura dos cursos da EPTNM 115 
Figura 3 - Distribuição de matrículas por Estado 121 
Figura 4 – Competências como fonte de valor para os indivíduos e 
para as organizações. 
137 
Figura 5 – Estrutura de valores 138 
Figura 6 - Análise Textual Discursiva 164 
Figura 7 - Etapas da Pesquisa 165 
Figura 8 – Design da pesquisa 168 
Figura 9 - Constructo dos Componentes Curriculares das IE 208 
Figura 10 - Múltiplos papéis do GT na contemporaneidade 226 
Figura 11– Competências para o GT contemporâneo 227 
Figura 12 – Habilitações de GT no Brasil 229 
Figura 13 – Conhecimentos necessários para um desenho curricular do 
curso de GT 
230 
Figura 14 – Componentes Curriculares para uma formação do GT 231 
Figura 15 – Design Curricular proposto para o curso técnico de GT – 
Regional 
232 
Gráfico 1 - Oferta de cursos de GT no Brasil 118 
Gráfico 2 - Oferta de cursos GT por tipo de IE 119 
Gráfico 3 - Oferta de cursos de GT por região 119 
Gráfico 4 - Alunos matriculados por tipo de IE 120 
Gráfico 5 - Avaliação da proposta por especialistas 237 
 
 
10 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 - Os papéis do GT 54 
Quadro 2 - Principais componentes dos papéis do GT 56 
Quadro 3 - Papéis atribuídos ao GT baseado no Turismo de Natureza 59 
Quadro 4 - As três esferas principais e os papéis de um GT 
contemporâneo 
61 
Quadro 5 - Tipologias de GT 63 
Quadro 6 - Representação da atividade do GT no Brasil 64 
Quadro 7 - GT com registro no CADASTUR 83 
Quadro 8 - Sindicatos de GT 86 
Quadro 9 – Educação no Brasil até a década de 90 91 
Quadro 10 – EP no Brasil, a partir da década de 90 96 
Quadro 11 - Eixos Tecnológicos 110 
Quadro 12 - Cursos Técnicos ofertados no ET Turismo, Hospitalidade e 
Lazer 
113 
Quadro 13 - Curso Técnico em GT 123 
Quadro 14 - Certificação intermediária, formação continuada e 
verticalização 
123 
Quadro 15 - Disciplinas básicas/CH de acordo com a DN 427/2001 132 
Quadro 16 - Competências do GT 140 
Quadro 17 - Competências, habilidades e bases tecnológicas do GT 146 
Quadro 18 - Perfil ocupacional do GT e competências 148 
Quadro 19 - Corpus da pesquisa – planos de cursos das IE 171 
Quadro 20 - Perfil do GT no CNCT – 2014 e 2012 174 
Quadro 21 - Competências do GT: IE “A–1” 178 
Quadro 22 – Competências do GT: IE “B–1” 179 
Quadro 23 – Competências do GT: IE “C–1” 180 
Quadro 24 – Competências do GT: IE “D–2” 181 
Quadro 25 – Competências do GT: IE “E–2” 181 
Quadro 26 – Competências do GT: IE “F–2” 182 
Quadro 27 – Competências do GT: IE “G–3” 183 
Quadro 28 – Competências do GT: IE “H–4” 183 
 
11 
 
Quadro 29 – Competências do GT: IE “I-4” 184 
Quadro 30 – Competências do GT: IE “J–4” 184 
Quadro 31 - Análise contextualizada das orientações para elaboração das 
matrizes curriculares 
188 
Quadro 32 - Disciplinas básicas/CH de acordo com DN 427/2001 190 
Quadro 33 – Matriz curricular – IE “A-1” 191 
Quadro 34 – Matriz curricular – IE “B-1” 192 
Quadro 35 – Matriz curricular – IE “C-1” 193 
Quadro 36 – Matriz curricular – IE “C-1” 194 
Quadro 37 – Matriz curricular – IE “E-2” 195 
Quadro 38 – Matriz curricular - IE “F-2” 196 
Quadro 39 – Matriz curricular – IE “G-3” 197 
Quadro 40 – Matriz curricular – IE “H-4” 198 
Quadro 41 – Matriz curricular – IE “I-4” 199 
Quadro 42 – Matriz curricular – IE “J-4” 200 
Quadro 43 – Bloco de Conhecimentos – Componentes Curriculares e carga 
horária correspondente 
201 
Quadro 44 – Proposta de Matriz Curricular – GT Regional 235 
 
 
 
 
12 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Oferta de cursos GT por tipo de IE nas regiões do Brasil 118 
 
 
13 
 
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES 
 
ABGTUR Associação Brasileira dos Guias de Turismo 
AGCTUR-LC Associação dos Guias de Turismo e Condutores 
Ambientais de Ubatuba, Litoral Norte e Cone Leste 
Paulista 
AGTB Associação dos Guias de Turismo de Bonito 
AGTUR Associação dos Guias de Turismo do Rio Grande 
AGTURB Associação de Guias de Turismo de Gramado 
AGUIATURS Associação Gaúcha dos Prestadores de Serviços de 
Guiamentos Turístico 
AGUITUR Associação dos Guias de Turismo de Balneário 
Camboriú e Vale do Itajaí Açu 
AS Aula Semana 
AP Aula Prática 
AT Aula Teórica 
ATD Análise Textual Discursiva 
BC Bloco de Conhecimentos 
BDTD Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações 
BID Banco Mundial e Interamericano de Desenvolvimento 
BIRD Banco Internacional para Reconstrução e 
Desenvolvimento 
CADASTUR Cadastro dos Prestadores de Serviços Turísticos 
CAPES Coordenação de Pessoal de Nível Superior 
CBO Classificação Brasileira de Ocupações 
CC Componente Curricular 
CEB Câmara da Educação Básica 
CEFAPIT Confederacion Espanhola de Federaciones y 
Asociasones Profesionales de Guía de Turismo 
CEFET´s Centros Federais de Educação Tecnológica 
CEPAL Comissão de Estudos Econômicos para a América 
Latina 
CH Carga Horária 
CHD Carga Horária da Disciplina 
 
14 
 
CHT Carga Horária Total 
CINTERFOR Centro Interamericano para o Desenvolvimento da 
Formação Profissional 
CNC Catálogo Nacional dos Cursos 
CNCT Catálogo Nacional de Cursos Técnicos 
CNE Conselho Nacional de Educação 
CNT Conselho Nacional do Turismo 
CNTA China National Tourism Administration 
CNTur Conselho Nacional de Turismo 
COMTUR Conselho Municipal de Turismo 
CONAC Comissão Executiva Nacional de Avaliação do 
Catálogo Nacional de Cursos Técnicos 
CONPEP Comitê Nacional de Políticas de Educação Profissional 
e Tecnológica 
DC Disciplina 
DCN Diretrizes Curriculares Nacionais 
DCN-EB Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação 
Básica 
DCN-EM Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio 
DCN-EPTNM Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação 
Profissional Técnica de Nível Médio 
DCN-NM Diretrizes Curriculares Nacionais Nível Médio 
DCN-TNM Diretrizes Curriculares Nacionais Técnico Nível Médio 
EaD Educação a Distância 
EB Educação Básica 
EJA Educação de Jovens e Adultos 
EM Ensino Médio 
EMBRATUR Empresa Brasileira de Turismo 
EP Educação Profissional 
EPT Educação Profissional Tecnológica 
EPTNM Educação Profissional Técnica de Nível Médio 
ET Eixo Tecnológico 
FENAGTUR Federação Nacional dos Guias de Turismo 
GT Grupo de Trabalho 
15 
 
GT Guia de Turismo 
HR Hora Relógio 
HSA Hora Sala de Aula 
IE Instituições de Ensino 
IFRS Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia 
do Rio Grande do Sul 
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 
Educacionais Anísio Teixeira 
INP Instituto e Novas Profissões 
ISLA Instituto Superior de Línguas e Administração 
LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
MEC Ministério da Educação e Cultura 
MEI Microempreendedor Individual 
MTE Ministério do Trabalho e Emprego 
MTur Ministério do Turismo 
NE Norma Europeia 
OIT Organização Internacional do Trabalho 
OMT Organização Mundial de Turismo 
PNE Plano Nacional de Educação 
PNT Política Nacional de Turismo 
PPA Plano Pluri Anual 
PPI Projeto Pedagógico Institucional 
PPP Projetos Político-Pedagógicos 
PR Pré-Requisito 
PROEJA Programa Nacional de Integração da Educação 
Profissional com a Educação Básica na Modalidade 
PROEP Programa de Expansão da Educação Profissional 
PROFUNCIONÁRIO Programa de Formação Profissional em Serviço dos 
Funcionários da Educação 
PRONATEC Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e 
Emprego 
QUALIS Classificação da Produção Intelectual 
RBTUR Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo 
REUNA Revista de Economia, Administração e Turismo 
 
16 
 
RFEPCT Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica 
RG Registro Geral 
SEBRAE Serviço de Apoio à Pequena e Média Empresa 
SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio 
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial 
SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural 
SENAT Serviço Nacional de Aprendizagem de Transportes 
SESC Serviço Social do Comércio 
SESCOOP Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo 
SESI Serviço Social da Indústria 
SEST Serviço Social de Transporte 
SETEC Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica 
SGL Savannah Guides Ltd. 
SINDEGTUR/MA Sindicato Estadual dos Guias de Turismo do 
Maranhão 
SINDEGTUR/RS Sindicato Estadual dos Guias de Turismo do Rio 
Grande do Sul 
SINDEGTUR/SP Sindicato Estadual dos Guias de Turismo de São 
Paulo 
SINGTUR/AC Sindicato dos Guias de Turismo do AcreSINGTUR/AL Sindicato dos Guias de Turismo de Alagoas 
SINGTUR/AP Sindicato dos Guias de Turismo do Amapá 
SINGTUR/BA Sindicato dos Guias de Turismo da Bahia 
SINGTUR/COSTA 
OESTE 
Sindicato dos Guias de Turismo da Foz do Iguaçu - 
Paraná 
SINGTUR/ES Sindicato dos Guias de Turismo do Espirito Santo 
SINGTUR/EXTREMO 
SUL BAHIA 
Sindicato dos Guias de Turismo do Extremo Sul Bahia 
SINGTUR/MG Sindicato dos Guias de Turismo de Minas Gerais 
SINGTUR/MS Sindicato dos Guias de Turismo do Mato Grosso do 
Sul 
SINGTUR/MT Sindicato dos Guias de Turismo do Mato Grosso 
SINGTUR/PB Sindicato dos Guias de Turismo da Paraíba 
SINGTUR/PE Sindicato dos Guias de Turismo de Pernambuco 
 
17 
 
SINGTUR/PR Sindicato dos Guias de Turismo do Paraná 
SINGTUR/RN Sindicato dos Guias de Turismo do Rio Grande do 
Norte 
SINGTUR/SE Sindicato dos Guias de Turismo de Sergipe 
SISTEC Sistema Nacional de Informações da Educação 
Profissional e Tecnológica 
SISTUR Sistema de Turismo 
SM Semestral 
SN Semanal 
SNA Serviços Nacionais de Aprendizagem 
SNET Sistema Nacional de Educação Tecnológica 
TCU Tribunal de Contas da União 
TGS Teoria Geral de Sistemas 
UC Unidade Curricular 
UNEDs Unidades Descentralizadas de Ensino 
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a 
Ciência e a Cultura 
UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí 
UNWTO Word Tour Organization 
WFTGA World Federation of Tourist Guide Associations 
 
 
18 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO 21 
1.1 Definição do problema e pressupostos 21 
1.2 Objetivos 25 
1.2.1 Objetivo geral 25 
1.2.2 Objetivos específicos 25 
1.3 Relevância e oportunidade do estudo 26 
1.4 Pesquisa bibliométrica 27 
1.5 Organização do estudo 30 
2 TURISMO E A ATIVIDADE DO GUIAMENTO NA 
CONTEMPORANEIDADE 
32 
2.1 Turismo e contemporaneidade 32 
2.1.1 Guia de Turismo 40 
2.1.1.1 Origem do guiamento 41 
2.1.1.2 Os papéis do Guia de Turismo 52 
2.1.1.3 Os múltiplos papéis do Guia de Turismo 55 
2.1.1.3.1 O modelo de Cohen 55 
2.1.1.3.2 O modelo de Weiler e Davis 58 
2.1.1.3.3 Questões sobre os modelos 59 
2.1.1.3.4 A alternativa de Weiler e Black 61 
2.1.2 Os tipos de Guia de Turismo 62 
2.1.3 Contextualizando a formação do Guia de Turismo 64 
2.1.3.1 Cenário mundial 64 
2.1.3.2 Cenário brasileiro 69 
2.1.4 Entidades representativas dos Guias de Turismo 84 
2.1.4.1 Associação Brasileira dos Guias de Turismo 85 
2.1.4.2 Sindicatos 85 
2.1.4.3 Federação Nacional dos Guias de Turismo (FENAGTUR) 86 
2.1.4.4 World Federation of Tourist Guide Associations (WFTGA) 87 
3 A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL 90 
3.1 Percurso histórico 90 
3.2 A orientação para estruturação dos cursos técnicos 103 
3.2.1 Catálogo Nacional de cursos técnicos 106 
 
19 
 
3.2.2 Eixos Tecnológicos 109 
3.2.3 Cursos ofertados a partir ET de Turismo, Hospitalidade e Lazer 111 
3.3 Organização e planejamento dos cursos técnicos 114 
3.4 O curso técnico em Guia de Turismo no Brasil 117 
3.4.1 Cenário da oferta dos cursos de Guia de Turismo 118 
3.4.2 A organização curricular do curso de Guia de Turismo 121 
3.4.2.1 O currículo 124 
3.4.2.2 Matriz curricular 130 
3.4.2.3 Perfil, competências e habilidades 133 
3.4.2.4 A formação geral e específica 149 
4 PROCESSO DA INVESTIGAÇÃO 155 
4.1 Abordagem sistêmica 156 
4.2 Trajetória metodológica 158 
4.2.1 Estudo de Casos Múltiplos 161 
4.2.2 Análise Textual Discursiva 162 
4.2.3 Etapas da pesquisa 164 
4.2.4 Sujeitos da pesquisa 166 
4.2.5 Coleta de dados 167 
4.2.6 Design da pesquisa 167 
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 169 
5.1 Procedimentos para análise do estudo 169 
5.1.1 Análise do Corpus da pesquisa 170 
5.1.2 Mapeamento das competências do Perfil do GT propostas 
pelos cursos 
172 
5.1.2.1 As Diretrizes Curriculares 172 
5.1.2.2 O Catálogo Nacional 173 
5.1.2.3 A Deliberação Normativa 174 
5.1.2.4 As competências das Instituições de Ensino 177 
5.1.2.5 Análise das competências 185 
5.1.3 Mapeamento das matrizes curriculares dos cursos de GT 187 
5.1.3.1 As Diretrizes Curriculares 189 
5.1.3.2 O Catálogo Nacional 189 
5.1.3.3 A Deliberação Normativa 190 
20 
 
5.1.3.4 As matrizes propostas pelas Instituições de Ensino 191 
5.1.3.5 Análise das matrizes curriculares 205 
5.2 Discussão dos resultados 210 
6 A PROPOSTA DO DESENHO CURRICULAR 225 
6.1 Validação da proposta 236 
7 RECOMENDAÇÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS 241 
7.1 Atendimento aos pressupostos 241 
7.2 Limitações do estudo 245 
7.3 Contribuições e inovações do estudo 246 
7.4 Oportunidades de novas pesquisas 247 
7.5 Considerações Finais 247 
 REFERÊNCIAS 249 
 APÊNDICE A - Cursos Técnicos ofertados na 1ª edição do 
CNCT no ET Turismo, Hospitalidade e Lazer 
275 
 APÊNDICE B – Descrição dos Cursos Técnicos no ET 
Turismo, Hospitalidade e Lazer na 3ª edição do CNCT 
277 
 APÊNDICE C – Instrumento de pesquisa 281 
21 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
1.1 Definição do problema e pressupostos 
O Estudo da formação1 do profissional Guia de Turismo (GT) tem sido um 
assunto amplo e de vanguarda para as organizações empresariais e educacionais 
que requerem inovação, criatividade e qualidade. Conforme Gesser (2013, p. 168), 
“[...] os desafios dizem respeito às mudanças e adaptações que vem sendo exigidas 
das pessoas e das organizações empresarias e educativas”. 
A educação no Turismo, para Trigo (2008, p. 12) encontra-se em um 
momento que se faz necessário, de forma urgente, “[...] rever conceitos, métodos e 
procedimentos para incrementar a qualidade e a competência de milhares de 
profissionais [...]. Todos precisam entender as mudanças profundas que a economia, 
a cultura e a política provam no mundo todo”. 
O mercado de trabalho globalizado está exigindo profissionais com 
competências inovadoras, que contemplem o perfil do GT, cujo aprimoramento é um 
desafio para as Instituições de Ensino (IE). As IE que, a cada dia, devem estar 
atentas para os processos de mudanças que envolvem não só a legislação e as 
demandas do mercado altamente competitivo, mas também os planos de cursos 
técnicos e os múltiplos papéis da atuação do profissional, contribuindo para o 
aperfeiçoamento do perfil dos profissionais GT. 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), n.º 9.394/96 
(BRASIL, 1996) preconiza no seu artigo 39 – “A educação profissional, integrada às 
diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao 
permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva”. 
Souza e Silva (1997) comentam que a Educação Profissional (EP) redefine as 
novas exigências do sistema produtivo, profundamente, referenciadas pelo 
conhecimento científico e tecnológico dos agentes da produção – os gerentes e os 
trabalhadores. 
Em consonância com os fundamentos legais da LDBEN, a Meta 11 do Plano 
Nacional de Educação - PNE - (BRASIL, 2014a), prevê triplicar as matrículas da 
 
1
 O termo formação apresenta diversas interpretações para o senso comum, de acordo Dias Sobrinho 
(2007). Com relação ao mundo das atividades práticas e intelectuais, significa capacitação, 
treinamento, preparação de mão-de-obra, aquisição de conhecimentos disciplinares, graus escolares, 
etc. Já em termos escolares indica um processo de instrução formal a que alguém se submete e que 
culmina num diploma e no direito ao exercício de uma profissão. 
22 
 
Educação Profissional Técnica de Nível Médio (EPTNM), assegurando a qualidade 
da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no segmento público 
(PNE 2014-2024), tendo como uma das principais estratégias previstas a seguinte 
deliberação: “estruturar o sistema nacional de informação profissional, articulando a 
oferta de formação das instituições especializadas em educação profissional aos 
dados do mercado de trabalho e as consultas promovidas em entidades 
empresariais e de trabalhadores” (BRASIL, 2014a, p. 71). 
No Brasil, a realizaçãode um curso de formação técnica de nível médio para 
o cadastramento como GT é condição fundamentada em legislação do Ministério do 
Turismo (MTur). Os requisitos e critérios para o exercício da atividade de GT são 
estabelecidos pelo Ministério do Turismo, pela Lei n.º 8.623/93, (BRASIL, 1993a), no 
Decreto n.º 946/93 (BRASIL, 1993b) e mais recentemente pela Portaria n.º 27, de 30 
de janeiro de 2014 (BRASIL, 2014b). 
Atualmente, o curso de GT é considerado um curso da Educação Profissional 
Técnica de Nível Médio, constante no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos 
(CNCT), no Eixo Tecnológico (ET) de Turismo, Hospitalidade e Lazer. 
As IE para elaboração dos planos de curso, devem orientar-se de forma 
especifica pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Profissional 
Técnica de Nível Médio (DCN-EPTNM/2012) (BRASIL, 2012a). 
Para Beni (2006) a atividade turística no setor de serviços exige altos índices 
de especialização, uma crescente modernização e uma apurada implementação 
tecnológica, pois enfrenta um mercado em expansão cada vez mais exigente. 
Enquanto atividade complexa, o Turismo engloba uma gama de serviços que 
viabilizam o atendimento do turista. Dentre os serviços turísticos, o GT é um 
importante profissional de relevância ímpar para atender os anseios do Turista que 
deseja um atendimento diferenciado e serviços de alta qualidade. 
As autoras Weiler e Black (2015), postulam que o Turismo está evoluindo de 
uma economia baseada no serviço para uma economia baseada na experiência. Ou 
seja, o Turismo está mais aproximado do Turista. 
Afirmam as autoras que os visitantes e os turistas são agora bem mais 
informados, possuem imagens diferenciadas de suas experiências e estão mais 
interessados, tendo altas expectativas de seus guias; e, como consequência, os GT 
são obrigados a buscar mais capacidade de transmitir informações e comunicações, 
desenvolvendo outras habilidades, para o desempenho de seus múltiplos papéis. 
23 
 
Segundo Morace (2009, p. 121), “para um número cada vez maior de pessoas 
viajar será, brevemente, a principal experiência, não só para diversão ou férias, mas 
acima de tudo para ampliar a própria experiência de vida”. 
De acordo com Gesser (2013) tanto a educação quanto o mundo 
contemporâneo estão passando por transformações estruturais significativas, 
decorrentes do avanço da ciência. E afirma “O processo histórico do 
desenvolvimento da ciência e da tecnologia universalizou as formas de vida do 
homem moderno, proporcionando-lhe situações objetivas de experiências, 
simultaneamente, universal e local” (2013, p. 161). 
Conforme Mota e Anjos (2012), essas mudanças atingem diretamente o setor 
de serviços, vasta e complexa teia de ofertas e redes que cobrem o planeta. Desta 
forma, a educação deve possibilitar a formação adequada e necessária de recursos 
humanos que atendam o mundo do trabalho, em especial no setor do Turismo, 
especificamente o GT. 
De acordo com Weiler e Black (2015), o mercado turístico espera por um GT 
que execute diversas funções e, muitos pesquisadores argumentam que a formação 
e a educação são cruciais para a aquisição de conhecimentos e competências. 
Partiu-se, assim, dos pressupostos, que têm forte conotação para a área que 
envolve os Guias de Turismo: 
a) A legislação que rege a oferta dos cursos técnicos atende de forma imprecisa 
às demandas dos múltiplos papéis do GT; 
b) os planos de cursos técnicos precisam inovar e reorganizar seus 
componentes curriculares, visando à sintonia com as necessidades da 
sociedade contemporânea; 
c) as competências do GT precisam ser focalizadas em valores para um saber 
fazer e um saber ser mais humano. 
 
O GT tem um papel importante no Trade do Turismo, devendo ter 
competências para o desenvolvimento do ser e do fazer mais humano. A 
reformulação curricular nos cursos técnicos de GT, recriando os saberes 
constituídos, requerem competências inovadoras. 
Neste contexto, o presente estudo busca problematizar: como tornar o curso 
técnico de GT determinante da excelência profissional na contemporaneidade? 
24 
 
Para responder a esse instigante questionamento, delineou-se o objetivo 
geral que consiste em desenvolver uma proposta de desenho curricular para os 
planos dos cursos técnicos de GT, subsidiando as instituições de ensino no Brasil. 
Recentemente, as mudanças no Turismo têm enfatizado que o GT tenha a 
capacidade de transmitir não só a informação factual, mas também desenvolver 
competências, tais como: a interpretação e a comunicação interculturais, a 
capacidade de contextualizar informações, a transmissão de emoções, a mediação 
entre a comunidade local, os visitantes, a sustentabilidade com o monitoramento e 
gerenciamento do comportamento dos visitantes. 
Weiler (2016) afirma que a adoção mais fortemente de um modelo de Turismo 
Sustentável, em muitas destinações, tem destacado a importância do GT, dentro do 
seu âmbito de atuação, em auxiliar os visitantes a compreender, a cuidar e valorizar 
a herança cultural e a natureza. 
Conforme Pires (2005) os visitantes devem ser preparados para a visita em 
ambientes naturais e com manifestações ou aspectos culturais dos espaços 
visitados. Também, a interpretação ambiental, a percepção e assimilação de 
conhecimentos influenciarão na formação de uma consciência ecológica. 
Brito (2011) afirma que os guias se relacionam com os turistas, com o 
patrimônio, com os estabelecimentos hoteleiros, de restauração e demais 
intervenientes do Turismo. 
A formação com competências dos recursos humanos pode ser usada como 
meio para alcançar resultados de garantia de qualidade, como o aumento de 
percepção e apreciação dos impactos positivos da atividade de guiamento, através 
da aplicação de normas mínimas de orientação (WEILER; BLACK, 2015). 
 [...] As leis do mercado exigem competências técnicas, e as organizações 
são movidas por pessoas com experiências técnicas e comportamentos que 
geram um saber, e o saber conhecer; a ética é a dimensão que não pode 
ser dissociada do bloco de competências na formação do cidadão que se 
prepara para o mercado de trabalho, num mundo globalizado. (BRASIL, 
2016, p. 131). 
 
 
Perrenoud (2000) considera que a competência serve para uma orientação 
dos planos e programas para as instituições e também aos coordenadores para 
avaliar os professores. 
Desde a década de 1960, autores já observaram a falta ou a necessidade de 
uma formação adequada para o GT, objetivando melhorar o desempenho, elevar os 
25 
 
padrões para o guiamento e avançar no profissionalismo da atividade. Weiler e 
Black (2015) citam os estudos de De Kadt (1979); Brockelman e Dearden (1990); 
Weiler e Davis (1993); Hughes (1994); Weiler, et al (1997); Ap e Wong (2001); 
Mason e Christie (2003) que também identificaram tal necessidade. 
Conforme Carvalho (2005 p. 251), “é no momento que nos aproximamos do 
significado de seu trabalho que se percebe que o guia tem sob sua responsabilidade 
muito mais que mostrar às pessoas aquilo que ainda não conhecem – é necessário 
que cuidem delas”. 
De acordo com Ap e Wong (2001) os Guias de Turismo, através do seu 
conhecimento e do entendimento das atrações culturais e naturais de um destino, e 
de suas habilidades de comunicação, têm privilégio de transformar as visitas dos 
turistas em experiências turísticas. 
Portanto, a atuação profissional do GT é sustentada pela trajetória de 
desenvolvimento da sua formação, que perpassa os caminhos que levam aos cursos 
técnicos. 
Há necessidade de se olhar para o futuro, buscando atender a sociedade 
contemporânea, surgida num contexto de globalização, de inovações tecnológicas, 
em que as formas de se “fazer” Turismo são reinventadas a cada dia. 
 
1.2 Objetivos 
Por meio dos objetivos, indica-se a pretensão da pesquisa e os resultados 
que se busca alcançar. Para Marconi e Lakatos, as especificações dos objetivos deuma pesquisa respondem às questões “Por quê? Para quê? Para quem?” (2010, p. 
141). 
 
 
1.2.1 Objetivo geral 
Desenvolver uma proposta de desenho curricular para os planos dos cursos 
técnicos de Guia de Turismo, subsidiando as Instituições de Ensino no Brasil. 
 
 
1.2.2 Objetivos específicos 
 Analisar a legislação em Educação e em Turismo que rege a oferta dos 
cursos técnicos de GT; 
26 
 
 Levantar os cursos técnicos de GT oferecidos pelas instituições de ensino 
técnico no Brasil; 
 Identificar os múltiplos papéis e a atuação profissional do GT; 
 Mapear as competências que contemplam o perfil do egresso proposto nos 
planos de cursos técnicos de GT; 
 Verificar a estrutura das matrizes curriculares dos cursos técnicos de GT no 
Brasil. 
 
1.3 Relevância e oportunidade do estudo 
A relevância e a oportunidade de um estudo sobre a formação do Guia de 
Turismo (GT) envolvem diversas possibilidades relacionadas ao seu papel, as suas 
competências, ao seu perfil, à regulamentação profissional. 
Nesta orientação, Weiler e Black (2015) afirmam que é necessário o 
desenvolvimento de níveis avançados no desempenho dos papéis do GT, que tem 
como base fundamental a sua formação. 
Em nível mundial, há diferentes maneiras de interpretar a necessidade de 
formação do GT. Há países que exigem a realização de cursos, como é o caso do 
Brasil. Outros solicitam que se realizem exames para recebimento de autorização 
para o guiamento. Ainda há casos em que um país apresenta regulamentações 
distintas em suas províncias, comunidades autônomas ou estados, como é o caso 
da Espanha. E, em outros, não há exigência alguma, em termos de formação. 
Mesmo na Comunidade Europeia, a profissão de GT é regulamentada de 
forma diferente em seus Estados-membros. Alguns não têm regulamento, outros 
prescrevem qualificações. Outros aceitam guias de outros Estados Membros, desde 
que tenha o título de "Guia de Turismo". Por outro lado, há Estados em que a 
atividade só pode ser exercida por aqueles com qualificações profissionais, tendo 
passado os exames exigidos do país a ser realizado o guiamento (FOSMAN, 2005). 
Nesse âmbito, o Turismo sem fronteiras leva à oferta de serviços com 
diferentes métodos de trabalho e também, sem métodos. Ou seja, com qualificações 
diferenciadas para o atendimento do turista contemporâneo. 
Muito se espera para avançar na área do guiamento, e, em momentos de 
crise econômica como está vivendo, a busca por melhores oportunidades na área do 
desenvolvimento do trabalho, e educacional no Turismo é constante. Se os cursos 
de GT postergarem o seu desenvolvimento, o caos gerado contribuirá para o atraso 
27 
 
das mudanças exigidas não só pela área, mas também pelo que espera a sociedade 
contemporânea. 
Neste sentido, aprofundar os estudos sobre a formação do GT no Brasil, 
Conforme Carvalho (2005), implica na busca pelo estabelecimento de um 
atendimento de qualidade diferenciada a passageiros/turistas/visitantes, que 
optaram por realizar suas viagens por variados motivos (lazer, negócios, aventura, 
etc.) acompanhados por um GT, não somente por que tenham dificuldades, mas 
porque têm chances maior de atingir seus objetivos na viagem. 
As IE precisam buscar alternativas para inovação da oferta formativa dos 
profissionais que atuam no Turismo, em especial, para os Guias de Turismo. 
A contribuição deste estudo está na possibilidade de discutir, de forma 
teórica, as questões relativas à formação profissional do GT, bem como as 
exigências legais que envolvem tanto a atividade como a oferta dos cursos de 
formação, com aprofundamento na realidade brasileira. 
Além disso, conhecer a realidade nacional sobre a oferta dos cursos de GT, 
em especial os planos de curso sob os quais os guias são formados, também se 
configurou como uma contribuição para a pesquisa em torno da Educação e 
Turismo. 
Para Cohen (1985) o GT, além de localizar caminhos, facilitar acessos, presta 
informações, orienta o turista em direção à percepção, a iluminação ou qualquer 
outro estado espiritual exaltado, ou seja, a experiência vivida. 
Carvalho (2005, p. 251) argumenta que “quando alguém viaja na companhia 
de um guia, e se torna seu passageiro, significa que escolheu aventurar-se no 
desconhecido com a proteção e orientação de um profissional [...] que dedica 24 
horas do seu dia no cuidado com os outros”. 
 
1.4 Pesquisa bibliométrica 
A pesquisa bibliométrica feita pela autora evidenciou que os estudos, em nível 
mundial sobre o objeto “Guia de Turismo” (GT), ainda é tímido, visto que há pequena 
produção científica disponível sobre o tema. 
Estudos sobre a conceituação, a construção de modelos, as teorias, ou a 
aplicação de métodos de outros campos vem sendo estudados, principalmente nos 
últimos 20 anos, o que tem contribuído para a formação e qualificação do GT, 
mesmo que ainda se encontre desafios. 
28 
 
O levantamento das fontes na literatura acadêmica internacional sobre o GT, 
ou seja, o Tour guide ou Tour guiding para a tese foi realizado considerando, 
principalmente, os estudos de Weiler e Black (2015), numa pesquisa que possibilitou 
ter uma visão geral sobre a produção acadêmica na temática nos últimos 50 anos2. 
De acordo com a pesquisa, os focos dos estudos estão concentrados na 
geografia humana; nos estudos ambientais; negócios, marketing e gestão; 
sociologia; antropologia; comunicação e estudos de linguagem, psicologia e 
educação ambiental. 
Interessante citar que há concentração de investigações originárias em alguns 
países: Austrália (um terço dos estudos); Estados Unidos e Reino Unido (em torno 
de 10%), Europa (outros) e China/Hong Kong/Taiwan. Tudo indica que esta 
concentração de pesquisas na Austrália está relacionado a importância do Turismo 
para e economia – na sua contribuição para o produto interno e para a geração de 
empregos. 
Conforme Weiler (2016) a Austrália é o país que mais tem acumulado 
pesquisas na área, tornando suas publicações relevantes para os estudiosos do GT. 
Do total dos trabalhos pesquisados, menos de dez trabalhos são de autoria 
de pesquisadores de outros países, como África, América Latina e América do Sul. 
Weiler e Black (2015), afirmam que é um grupo seleto de pesquisadores que 
realizam estudos sobre o GT, pois 40% dos artigos levantados são produzidos por 
25 autores. 
Destacam-se entre os estudos realizados em nível mundial, as pesquisas de 
Holloway (1981); Cohen (1985); Weiler e Davis (1993); Pond (1993); Ap e Wong 
(2001); Weiler e Ham (2001); Black e Weiler (2005); Cruz (2008), Brito (2011); Wong 
e Lee (2012); Weiler e Black (2015) e Weiler (2016). 
Complementando a busca dos dados para o presente estudo, foi realizada 
uma pesquisa no período de 2014 a 20173, junto às bases de dados Science Diret e 
EBSCO host, acrescentando 13 artigos com a temática em estudo. 
 
2 Weiler e Black (2015) realizaram a pesquisa usando fontes, como o Google Scholar, e as bases de 
dados de bibliotecas (CAB Abstracts e leisuretourism.com), procurando por artigos em língua inglesa, 
revisados por pares, em jornais e capítulos de livros focados em guias de turismo. Alguns trabalhos 
de conferência revisados por pares, livros didáticos, teses de nível de doutorado e outras 
publicações, como relatórios governamentais, foram identificados nas pesquisas e, se acessíveis, 
foram incluídos. Neste estudo, foram levantados 280 artigos, agrupados em temáticas, através de 
uma pesquisa de cunho teórico e de cunho empírico. 
3
 Pesquisada realizada pela autora na literatura acadêmica com o objetivo de complementar a 
pesquisa de Weiler e Black no período de 2014 a 2017. Foram procurados artigos em língua inglesa, 
29 
 
A produção científica brasileira foi realizada considerando as publicações dos 
programas de pós-graduação do Brasil, registrados na Classificação da Produção 
Intelectual/Coordenaçãode Pessoal de Nível Superior (Qualis/CAPES)4; as 
produções de teses de cursos de doutorado; e por fim, as dissertações de cursos de 
mestrado. 
A busca nos programas de pós-graduação do Brasil, registrados no 
Qualis/CAPES, estratificados como “A1, A2, B1 e/ou B2”, localizou quatro artigos 
que tratam especificamente do GT. 
Canani (1999) elaborou um dos primeiros estudos no Brasil, abordando o 
mérito da profissão. Nascimento; Silva e Grechi (2014) tratam da atuação do Guia, 
em um caso de estudo. Finalizando, dois artigos apresentam uma abordagem legal 
da profissão: Lohmann, et al (2009) e ainda, Zettermann e Vergara (2017). 
Na pesquisa realizada junto ao banco de dados da Biblioteca Digital Brasileira 
de Teses e Dissertações (BDTD) e no Banco de Teses e Dissertações da CAPES5, 
identificou-se três teses de doutorado. 
As teses são de autoria de Abreu (2015), que objetivou analisar a formação 
do profissional GT relativa ao Plano de Curso 2012 da Faculdade Senac Porto 
Alegre; a tese de Montes (2013), que procurou compreender como os guias 
mobilizam seus saberes e os recontextualizam na prática profissional e que 
significados associam a tais conhecimentos e a tese de Kosow (2015), que objetivou 
levar os alunos a desenvolverem a expressão escrita na língua espanhola por meio 
do uso consciente dos elementos constitutivos do gênero textual narrativa pessoal. 
Com relação às dissertações de mestrado, levantou-se 38 documentos no 
Banco de Teses e Dissertações da CAPES e no BDTD, dentre as quais oito se 
aproximam, de alguma maneira, da temática do estudo. 
 
revisados por pares, em jornais e capítulos de livros focados em guias de turismo. Os termos tour 
guide e tour guiding foram pesquisados nas bases de dados da EBSCO host e da Science Direct, no 
título, resumo e nas palavras-chave dos artigos. 
4 Qualis é o conjunto de procedimentos utilizados no Brasil pela CAPES para estratificação da 
qualidade da produção intelectual dos programas de pós-graduação. São enquadrados em estratos 
indicativos da qualidade (A1, o mais elevado; A2; B1; B2; B3; B4; B5; C - com peso zero). Os 
periódicos brasileiros pesquisados em 20 de abril de 2017 foram: Revista Brasileira de Pesquisa em 
Turismo (RBTUR) (B1); Revista Turismo em Análise (B1); Revista Turismo: Visão e Ação (B1); 
Revista de Economia, Administração e Turismo (REUNA) (B2); Revista Acadêmica Observatório de 
Inovação do Turismo (B2); e Revista Hospitalidade (B2). 
5
 Levantamento realizado junto ao banco de dados da BDTD e do Banco de Teses e Dissertações da 
CAPES, em 7 de abril de 2017, utilizando-se da palavra chave “Guia de Turismo”, produzidas no 
Brasil. 
30 
 
Quanto à literatura específica, foram encontradas, obras didáticas, livros 
técnicos ou manuais escritos para auxiliar o GT na execução de suas atividades 
profissionais. Nestas obras, também foram encontrados relatos de experiências. 
Autores brasileiros, tais como: Carvalho (2003); Raposo (2004); Chimenti e 
Tavares (2007); Hintze (2007) e Campos e Cerpa (2010) são frequentemente 
citados nas obras em referência. Destacam-se os estudos de Carvalho (2005) que 
discute em especial, a formação do GT em sua produção. 
Livros que abordam conceptualizações, discussões, construção de teorias 
sobre o GT são poucos. Dentre as raras obras editadas com enfoque, para este 
estudo, destacam-se: Pond (1993); Pastorelli (2003); Weiler e Black (2003; 2015); 
Cruz (2008) e Brito (2011). 
Versando sobre a história do guiamento, destacam-se os estudos de Picazo 
(1996) e Oliveira e Cymbron (1994). 
Especificamente no Brasil sobre o tema, Carvalho (2005) e Chimenti e 
Tavares (2007) também corroboram no sentido da negligência na produção e 
qualificação do GT. 
 
1.5 Organização do estudo 
 O estudo está organizado em seis capítulos. O primeiro capítulo é a 
Introdução, onde são definidos: a pesquisa e apresentados os pressupostos, os 
objetivos geral e específicos, a relevância e a oportunidade do estudo, a pesquisa 
bibliométrica, além de apresentar a organização do trabalho. 
 A fundamentação teórica é apresentada no segundo e terceiros capítulos. O 
segundo capítulo apresenta as características do Turismo na contemporaneidade, 
contextualizando a atividade de guiamento numa visão histórica, sua origem, as 
funções e as propostas contidas na literatura sobre os múltiplos papéis do Guia de 
Turismo (GT). Finalizando são apresentadas as tipologias numa visão global e a 
necessidade de formação do GT. 
 O terceiro capítulo, também de fundamentação teórica, apresenta a evolução 
histórica da Educação Profissional no Brasil, enfocando, as diretrizes para 
organização e planejamento dos cursos técnicos. Discorre sobre o curso de GT no 
Brasil, o cenário da oferta, as orientações contidas nas normativas da Educação e 
do Turismo para organização do referido curso. E finalmente, há uma abordagem 
sobre as questões de organização curricular, contextualizando o currículo, a matriz 
31 
 
curricular, o perfil, e as competências, discutindo-se a formação geral e específica 
para o GT. 
 O quarto capítulo apresenta o processo investigatório do estudo: a 
abordagem do estudo, a trajetória metodológica definida, contendo as etapas da 
pesquisa, o Estudo de Casos Múltiplos, a metodologia de análise dos dados, os 
sujeitos da pesquisa e a coleta de dados. 
 No quinto capítulo, são apresentadas a análise e interpretação dos resultados 
da pesquisa, com os procedimentos para a análise, o mapeamento das 
competências do perfil dos Guias de Turismo e a estrutura das matrizes curriculares, 
identificadas nos sujeitos pesquisados. 
No sexto capítulo, é apresentada a proposta de desenho curricular para os 
cursos técnicos em GT e a sua validação por especialistas. 
 No sétimo capítulo, são traçadas as considerações finais, os resultados e as 
recomendações resultantes da pesquisa, que se constituiu nas contribuições do 
estudo, assim como as limitações e as possibilidades de novos campos de pesquisa. 
 
32 
 
2 TURISMO E A ATIVIDADE DO GUIAMENTO NA CONTEMPORANEIDADE 
 
2.1 Turismo e contemporaneidade 
O Turismo é um dos grandes fenômenos sociais do século XXI. Para Tomelin 
e Ruschmann (2013, p. 219), “o turismo caracteriza-se pelo deslocamento de 
pessoas para fora do seu ambiente no qual habitualmente vivem, em busca de 
recuperação psicofísica provocada pelas agitações da vida moderna”. 
Morace (2009, p. 122) afirma que “A viagem hoje é realmente a experiência 
mais importante nas aspirações e nos desejos das pessoas: dá sentido à 
experiência individual, familiar e de consumo, em que por sentido se entende 
direção, significado e gratificação emocional”. 
Tomelin e Ruschmann (2013 p. 225) consideram que o profissional do 
Turismo “[...] tem em suas mãos uma parcela da felicidade das pessoas, isto é, seus 
lazeres e suas férias, um tempo mágico, fora do local e das tarefas da existência 
habitual”. Porém, há um processo de mudanças em andamento, que afeta a vida do 
homem moderno. 
Compreender esse processo “[...] significa lançar luz às transformações e 
crises sociais decorrentes da dissolução da comunidade feudal e da emergência da 
sociedade capitalista sob diferentes matizes, quer no plano teórico, quer no plano 
político” (VALLE, 2013, p. 337). 
Para Ianini (2011) nesse transcurso, há uma mistura de sentimentos - do 
fascínio e do espanto, pois ao mesmo tempo em que o progresso é enaltecido pela 
ciência, ele traz em si a transitoriedade histórica que aponta para futuros incertos. 
São movimentos e contradições oriundos de uma totalidade emergente: a 
modernidade-mundo e sua sociedade global que “[...] constituem, movem, 
tensionam, integram e rompem as nações e as nacionalidades, os povos e as raças, 
as regiões eas línguas, as fronteiras e as cartografias, as culturas e as civilizações” 
(IANINI, 2011, p.276). 
E nessa direção, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia vem 
universalizando as formas de vida do homem moderno, oportunizando-lhes 
situações objetivas de experiências, ao mesmo, global e local (GESSER, 2013). 
Neste sentido, a contemporaneidade instiga a uma reflexão: 
 
33 
 
 [...] no trabalho, o profissional transforma seu mundo pela produção, e 
consumo de bens e tecnologias à disposição, num mercado que não é mais 
local, em que a globalização já ultrapassa as fronteiras do planeta e os 
meios de capital oferecem, a valores bilionários, a gestão de uma viagem 
interplanetária (BRASIL, 2016, p. 23). 
 
A autora em referência (ibid.) postula que num futuro não muito distante, as 
relações profissionais, a gestão das empresas, não serão mais pensadas como 
global, mas sim como “planetária”. 
Tomelin e Ruschmann (2013) explicam que o desenvolvimento de novas 
tecnologias da comunicação e da informação fomentaram as mudanças, que 
potencializam as condições de comunicação entre as pessoas e as organizações 
empresariais ou educativas, nos mais diversos setores do contexto global e local. 
Os ganhos que as novas tecnologias estão orientando são evidentes, 
atrativos, significativos e também desafiadores. Conforme Gesser (2013, p. 168), 
“[...] os desafios dizem respeito às mudanças e adaptações que vem sendo exigidas 
das pessoas e das organizações empresariais e educativas”. 
Ainda, nesse processo de mudanças, dentre as megatendências de consumo 
apresentadas por Morace (2009), destaca-se a de Consumo Arquetípico e a de 
Consumo como Memória Vital, em que o Turismo se insere como um dos resultados 
de novos comportamentos e estilos de vida. 
Na megatendência de Consumo Arquetípico, o Turismo está fundamentado 
sobre a qualidade dos lugares, as experiências locais excelentes, a enogastronomia 
como experiência de unicidade e a tipicidade como qualidade múltipla que atravessa 
diferentes dimensões (Turismo, vestuário, alimentação, dentre outras). 
Na megatendência do Consumo como Memória Vital, a revitalização do 
Turismo através da gestão sistemática da memória, a regeneração dos estilos do 
passado e a capacidade de contar através da memória estão diretamente ligadas à 
prospecção do Turismo. Morace (2013), explica que: 
Atualmente emerge uma aceleração inesperada de comportamentos 
hereges e ecléticos para além de qualquer intenção vanguardista, que 
consolidam uma visão criativa difundida na nova classe média em todo o 
mundo, não mais apenas nos nichos intelectuais e experimentais que, ao 
contrário, contradizem-se até desaparecer (MORACE, 2013, p. 67). 
 
Dentre as tendências previstas por Bhargava (2017), o Turismo aparece como 
uma alternativa para as pessoas desconectarem-se de suas redes sociais e 
telefones com o objetivo de proporcionar viagens para descansar e “desintoxicarem” 
34 
 
suas mentes sem a interrupção da tecnologia. Agências de viagens já estão 
percebendo esta oportunidade e estão lançando roteiros Digital Detox. 
De acordo com o autor em referência, a tendência de Desperate Detox, 
origina-se do excesso da tecnologia ativa, que causa, muitas vezes, a desordem na 
vida das pessoas, o que leva a uma busca por mais simplicidade em lugares 
distintos. 
Outra tendência, ainda de acordo com o autor é o uso da tecnologia como 
uma maneira de preservar a história - Preserd Past - que altera o modo como as 
pessoas poderão reviver sua história, gravar a própria vida, suas experiências, ou 
seja, suas viagens, suas memórias. 
Neste sentido, asseveram Tomelin e Ruschmann (2013, p. 224) “O 
profissional envolvido na atividade proporciona ao cliente a oportunidade de viver 
uma experiência”, e a “[...] a prestação de serviços turísticos é intangível”. Para 
esses autores, a responsabilidade do profissional moderno ganhou outras 
dimensões: 
As responsabilidades do profissional moderno, além daquelas que abrange 
o conhecimento pleno da sua atividade, envolvem questões referentes à 
reciclagem constante, à adaptação e até tomada de decisões pioneiras. 
Uma delas reside na aplicação das técnicas do planejamento e da 
administração das suas potencialidades e das possibilidades no mercado de 
trabalho, visando a um retorno que proporcione a realização profissional e a 
remuneração adequada (2013, p. 225). 
 
Os mesmos autores consideram que há expansão dos campos de atuação no 
setor de serviços, diante dos avanços tecnológicos. Afirmam ainda que as 
consequentes mudanças nas necessidades humanas levam às especializações: 
Estudos realizados na França e nos Estados Unidos, demostraram que os 
empregos que se desenvolverão mais intensamente nos próximos anos não 
serão mais aqueles que se exigirão pouca qualificação profissional, e sim 
aqueles que necessitam de uma formação específica, isto é, o domínio do 
conhecimento de todos aspectos da atividade em questão (2013, p. 225). 
 
Tais mudanças atingem frontalmente o setor de serviços, na sua 
complexidade de ofertas e de demandas que cobrem o planeta. Com relação à 
oferta, Trigo (2008, p.12) postula que: 
[...] para planejar as próximas décadas, em que hotéis submersos, 
arquipélagos artificiais, voos suborbitais, redes cada vez mais rápidas e com 
capacidades de processamento sempre maiores estarão no cotidiano das 
pessoas, é preciso que a educação crie consciência nas pessoas de forma 
intensiva e capilar. 
 
35 
 
Para o referido o autor (Ibid.), o Turismo depende cada vez mais de modelos 
educacionais críticos e competentes que atendam as novas exigências regionais e 
globais. 
Conforme Tomelin e Ruschmann (2013) há uma acentuada heterogeneidade 
da demanda turística, em diversos aspectos: na nacionalidade, nos idiomas, nas 
culturas, nos gostos e necessidades, como nas diferenças sociais, de idade, por 
exemplo, precisando satisfazer os vários interesses, tanto dos clientes quanto das 
empresas, que devem manter um padrão elevado de serviços prestados. 
Dentre a acentuada heterogeneidade de demanda turística, segundo Morace 
(2009), os idosos são um dos grandes desafios do futuro. A mudança demográfica 
profunda que incide sobre a estrutura da sociedade nas suas articulações vitais, 
incidirá também nas novas articulações do trabalho, do tempo livre, da comunicação 
e da distribuição de bens. De acordo com o autor, os idosos “[...] tem o gosto puro, o 
gosto pelo conhecimento e pela experiência, da avaliação, da seleção e da 
profundidade, que se contrapõem aos gostos superficiais da discrição entendida 
como capacidade de discernir, na alimentação, assim como no vestuário, no luxo e 
na viagem” (2009, p. 22). 
Ainda com relação à demanda, aplicando os conhecimentos em quatro 
gerações e de suas respectivas faixas etárias, Morace (2009) verifica que na 
dimensão do Turismo, filhos, pais, avós e netos estão espontaneamente redefinindo 
suas expectativas e suas percepções relativas ao Turismo, pensando em família ao 
menos uma vez ao ano. 
A viagem e o Turismo tornam-se, assim, oportunidades especiais de ampliar 
as relações familiares e intergeracionais, onde são cultivados: a adesão emotiva, a 
surpresa da descoberta, o compartilhamento do percurso de exploração. Morace 
explica que “É desta forma que estas tendências geracionais convergem e dialogam: 
é assim que a família se torna protagonista de uma experiência „poliglota‟, 
multifacetada, multidisciplinar, e num certo sentido, transicional” (2009, p. 122). 
Conforme Tomelin e Ruschmann (2013), para trabalhar no Turismo é 
necessário que o profissional tenha inclinação, propensão e vocação para lidar com 
os sentimentos das pessoas. E Morace (2009, p. 122) afirma que: 
Através de novas formas e experiências turísticas – das novas dimensões 
da felicidade cotidiana que, [...] enfatizam para todas as gerações a 
dimensão do compartilhamento, da extraordinariedade cotidiana,do 
conhecimento não acadêmico e da experiência emocional e aventurosa. 
36 
 
 
Enfim, ainda conforme o autor há uma relação circular entre consumidor, o 
“novo protagonista criativo” e as novas linguagens estéticas de design, de 
experiências pessoais reconduzível ao mindsit de vanguarda. E a viagem representa 
um dos laboratórios intergeracionais mais importantes para compreender melhor as 
dinâmicas do novo “consumidor-autor”, que busca “escrever” sua própria 
necessidade e realizar seus desejos. 
Gesser (2013) postula que, tanto a educação quanto o mundo contemporâneo 
estão passando por transformações estruturais significativas, decorrentes do avanço 
da ciência e explica que “O processo histórico do desenvolvimento da ciência e da 
tecnologia universalizou as formas de vida do homem moderno, proporcionando-lhe 
situações objetivas de experiências, simultaneamente, universal e local” (2013, p. 
161). 
Quanto a isso, Morace (2013) discorre sobre o papel que a escola deve ter 
neste novo desafio educacional é ensinar por meio do conhecimento empático, sem 
desvincular do contexto cotidiano e presente, imerso num mundo de relações 
humanas, e investir em plataformas estimulantes, evitando sempre a especialização 
excessiva e trabalhando sobre conexões e transversalidades. 
Gesser (2013, p. 168), afirma que “não há dúvidas de que este novo cenário 
mundial provocará transformações significativas para a humanidade”. Tais 
transformações se estendem também para as questões de educação e formação em 
Turismo. 
E, para Buratto, Tomelin e Hostins (2013. p. 158), a educação, 
especificamente em Turismo, enfrenta dois principais riscos: 
[...] o de restringir-se a práticas profissionalizantes e reflexões sobre o 
mundo do trabalho, e o de ignorar suas conexões com o setor turístico. 
Curiosamente, a despeito de sua origem empresarial, voltada ao 
treinamento profissionalizante, observa-se, na contemporaneidade, uma 
lacuna existente entre universidade e as empresas, lacuna esta que tem 
sido objeto de preocupação dos diversos estudiosos do Turismo. 
 
Tomelin e Ruschmann (2013) explicam que a capacitação profissional 
específica em Turismo é hoje, uma condição básica para execução de tarefas 
complexas na prestação de serviços turísticos, pois envolve além da criação de 
atividades, programas ou facilidades, a experiência turística, o planejamento e a 
venda dos produtos turísticos. 
37 
 
Buratto, Tomelin, Hostins afirmam que, dentre os desafios para as Instituições 
de Ensino, está “[...] prover estruturas curriculares e métodos de aprendizagem que 
possam responder as rápidas transformações da sociedade”. (2013. p. 159). 
Enquanto que para Trigo (2008, p. 12-13) as 
[...] questões referentes à cidadania, inclusão e meio ambiente; os desafios 
empresariais, as neuroses administrativas que afetam as corporações; os 
projetos acadêmicos e as propostas políticas de todos os setores, exigem 
planejadores, gestores e profissionais cada vez mais preparados e 
eficientes. 
 
Na mesma linha Mota e Anjos (2012) postulam que a educação em Turismo 
no Brasil, de forma geral, ainda tem muitos desafios a serem vencidos, como por 
exemplo, o “[...] dimensionamento da quantidade de pessoal qualificado requerida 
pelo mercado a curto e médio prazos para que, a partir daí se possam oferecer 
cursos de qualidade e profissionais adequados ao mercado de trabalho e à 
sociedade onde estão inseridos” (2012, p. 61). 
Conforme Trigo (2008), o Brasil está na sua terceira fase de desenvolvimento 
do Turismo. E explica “A primeira fase foi no início da década de 70 em plena 
Ditadura Militar. A segunda fase aconteceu entre meados da década 90 e início do 
século XXI. A década de 90 viu o crescimento sistemático do turismo global” (2008, 
p. 11). E que o reflexo deste crescimento foi percebido, visto os investimentos 
públicos e privados e o crescimento da oferta de cursos na área do Turismo, enfim, 
uma onda de entusiasmo pairava sobre o país. 
Porém, destaca o autor (Ibid.) que no final do século XX, as crises 
econômicas mundiais, os ataques terroristas, foram sentidos pelo setor do Turismo. 
E, aliado a isso, no Brasil, o descaso por parte dos órgãos governamentais para com 
a infraestrutura necessária ao desenvolvimento turístico, e a carência do fomento 
como um todo resultou no que o autor chama de “colapso”, ente os anos de 2006 e 
2007. 
Continua Trigo (2008) assegurando que se iniciou a terceira da fase que 
necessita de investimentos em infraestrutura, aliado à necessidade de qualificação 
da oferta dos serviços turísticos, e afirma que “Há um crescimento constante do 
Turismo no país, e a sociedade precisa suprir a demanda de novos e melhores 
profissionais. Nesta nova fase, as exigências primordiais são qualidade, 
competitividade e compreensão da segmentação” (2008, p. 11). 
38 
 
Neste sentido, Mota e Anjos (2012, p. 60) descrevem as políticas norteadoras 
da educação em Turismo no Brasil: 
Destaque-se que as políticas norteadoras da educação em turismo e áreas 
afins têm um papel fundamental no equilíbrio do sistema social e na própria 
sustentabilidade do setor turístico. Para que o Brasil possa competir no 
mercado internacional, com um produto turístico de qualidade, é preciso 
uma clara política destinada aos recursos naturais, aos histórico-culturais, 
aos recursos humanos e à qualificação de pessoas, o que envolve 
diretamente a educação. 
 
Desta forma, o Brasil precisa buscar meios de melhorar seu desempenho no 
cenário turístico mundial. Conforme dados divulgados pela Organização Mundial do 
Turismo (OMT), o Brasil ocupa o 44º lugar na lista dos países mais visitados no 
mundo, ou seja, recebeu 6.306 milhões de visitantes em 2015, ou seja, houve uma 
redução de 1,9% com relação ao ano anterior, quando recebeu 6.430 milhões de 
visitantes (UNWTO, 2016). 
Os principais destinos turísticos no mundo, de acordo com as estatísticas 
publicadas pela OMT são: os Estados Unidos, a China, a Espanha e a França. Os 
quatro países seguem alternando sua posição no ranking de ingresso de Turismo 
Internacional e no ranking de chegadas de Turismo Internacional. 
No ranking de Competitividade de Viagens e Turismo, o Brasil ocupa a 27ª 
posição. São classificados 136 países, avaliados em 14 dimensões separadas, 
revelando de que forma os países podem gerar benefícios econômicos, sociais 
sustentáveis através das viagens e do Turismo. De acordo com o levantamento, o 
Brasil aparece na 27º colocação, sendo o primeiro da América do Sul (BRASIL, 
2017). 
O país mantém a liderança no quesito de recursos naturais, manteve o 8º 
lugar na dimensão cultural melhorando em itens como infraestrutura para 
atendimento ao turista, preços e portos. Por outro lado, em dimensões como 
ambiente de negócios, priorização do Turismo por parte do Governo, abertura 
internacional e segurança, recursos humanos, o país recuou. Destaca-se, ainda, que 
na dimensão de recursos humanos o Brasil perdeu posições, de 66º em 2015 para 
93º em 2017 (BRASIL, 2017). 
Diante deste cenário, o Brasil precisa observar as prospecções futuras, 
enxergar suas fragilidades e buscar, na qualificação dos serviços e produtos 
turísticos, patamares para concorrer em nível internacional à captação de novas 
demandas. 
39 
 
Conforme Weiler e Black (2015), a tendência por uma busca por qualidade no 
Turismo, aliada a um perfil de consumidores que estão cada vez mais exigentes na 
sua escolha por experiências de Turismo, resulta em uma série de mecanismos que 
estão sendo desenvolvidos e implementados na tentativa elevar os padrões de 
qualidade no Turismo, destacando-se, principalmente, todos os tipos de 
experiências de visitas guiadas. 
Dentre estes mecanismos, está a qualificação do guiamento. Weiler e Black 
(2015) afirmam que o papel do guia ganhou destaque como fator de importância na 
facilitação de uma experiência qualificada para o visitante.Brito (2008) afirma que uma das maneiras de diferenciar e de humanizar a 
oferta dos pacotes turísticos, que de uma forma geral são muitos semelhantes uns 
aos outros, é a de escolher adequadamente os profissionais que irão atuar no 
receptivo dos visitantes, onde se incluem os Guias de Turismo. 
E, para a garantia de um serviço de guiamento de qualidade, segundo Weiler 
(2016), há um conjunto de instrumentos que podem auxiliar neste processo, e 
merecem reconhecimento, como: as associações profissionais, a certificação 
profissional, o licenciamento, os códigos de ética e prática, os prêmios de 
excelência, o treinamento e a formação. 
Conforme a autora, todos apresentam sua importância em termos de 
conscientização, apreciação e garantia de um padrão mínimo de prática. As 
mudanças no Turismo têm enfatizado, cada vez mais, a necessidade em se ter 
Guias de Turismo bem formados e treinados. 
Diante deste cenário, Weiler (2016) destaca alguns aspectos que devem ser 
considerados, como a evolução do Turismo para uma economia fundamentada na 
experiência. 
Em segundo lugar, os visitantes estão mais informados, mais interessados e 
têm grandes expectativas no que se refere a guias. Finalmente, esperam que os 
Guias de Turismo não apenas forneçam comentários factuais, mas que 
desenvolvam outras habilidades, como a da interpretação e da interculturalidade. 
Estratégias devem ser definidas para garantir um melhor desempenho pelos 
profissionais do Turismo, em especial dos Guias de Turismo. 
Salienta Morace (2013) que a educação é a busca permanente do esforço 
positivo e propositivo em direção à realização do bem possível e inerente a cada um 
40 
 
de nós. E, conhecer a origem desse profissional, seus múltiplos papeis, é condição 
para poder trabalhar a formação do GT. 
O autor em referência (Ibid.) explica que é possível identificar e elaborar, a 
médio e longo prazos, as principais direções de transformação da sociedade 
contemporânea. Trabalhar de forma permanente sobre o futuro, observar o presente 
e identificar os paradigmas, as tendências que se consolidam ao longo dos tempos, 
que permitem a construção de um futuro. 
Acredita-se que isso se aplica ao fenômeno do Turismo, em especial, neste 
estudo ao buscar uma formação inovadora para o Guia de Turismo. 
 
2.1.1 Guia de Turismo 
O ato de guiar significa “encaminhar, dirigir, conduzir, aconselhar, ir, levar, ser 
caminho (para alguma parte), dirigir-se, regular-se” (DICIONÁRIO Aurélio, 2017). O 
profissional que conduz grupos de turistas por destinos, roteiros ou atrativos 
turísticos – o Guia de Turismo recebeu e ainda recebe distintas denominações. 
Desde a década de 1980, quando Holloway (1981) dizia que não havia 
consenso sobre a sua “titulação”, guia de turismo, guia turístico, tour leader, guia 
intérprete, tour guide são algumas das nomenclaturas espalhadas pelo mundo. 
Porém guiar não é um conceito simples; trata-se de algo complexo, conforme 
demonstrado na história dessa atividade, o conceito e seus papéis foram evoluindo, 
mesclando-se, complementando-se, alterando-se ao longo dos tempos. A sua 
complexidade foi crescendo ao mesmo tempo em que foi se desenvolvendo a 
atividade turística. 
O GT desempenha um papel de destaque no cenário turístico, seja atuando 
em grupos ou em tours privados. Fosman (2005) explica que é quase impossível 
pensar em um passeio organizado sem a presença de um guia. Ao mesmo tempo, 
de acordo com o autor, em que as visitas turísticas individuais organizadas pelo 
próprio turista, além do uso dos aplicativos de viagens e guias impressos, também 
procura o serviço de um GT, pois deseja uma informação mais qualificada. E ainda, 
os viajantes a negócios, em muitos casos buscam os serviços desse profissional ou 
em Sightseeing Bus em que na maioria dos casos, há presença do guia. 
O GT, conforme Chimenti e Tavares (2007) representa a principal ligação 
entre o turista e os prestadores de serviços. Além da agência de viagens (local de 
venda do produto), as operadoras, seja emissiva ou receptiva, meios de 
41 
 
hospedagem, empresas transportadoras, serviços de restauração, atrativos culturais 
e/ou naturais, comércio em geral Inclui-se, ainda, as relações com o ambiente onde 
se desenvolve a atividade turística e a comunidade local. 
Trata-se de um profissional polivalente, o qual participa da parte final – da 
execução – do longo processo pelo qual passa o produto turístico (TRIGO, 1999). 
Hoje, os GT são profissionais que desempenham diversos papéis6, 
classificados em várias categorias, com distintas habilitações, exigências legais e 
que necessitam desenvolver diferentes competências para realizar um serviço de 
qualidade, de acordo com o espaço em que estão atuando. 
 
2.1.1.1 Origem do guiamento 
As viagens da humanidade começaram para garantia da sobrevivência da 
espécie. Os homens procuravam alimentos, ou mudavam-se em virtude das 
alterações climáticas. Um líder, com entendimentos geográficos e climáticos 
conduzia os grupos. 
Salienta Pond (1993), no decorrer dos tempos, as viagens tiveram outros 
significados: defesa do seu espaço, necessidade de explorar e de conhecer novos 
lugares, entender as questões filosóficas e religiosas, e por fim, descobrir o prazer 
que lhe traz a descoberta desses novos caminhos. 
No percurso da história mundial, a profissão de GT antecede o período de 
Cristo. Na Idade Antiga (440 a.C.), o historiador e geógrafo grego Heródoto, 
considerado como o primeiro turista, ou um dos maiores viajantes da Grécia já 
citava, em seus relatos, a figura do GT. 
Muitas vezes, em seus registros, Heródoto ironizava as narrativas dos GT na 
descrição dos monumentos. Também, o filósofo Plutarco tinha uma postura crítica 
perante os guias da época. 
De acordo com Pond, (1993) a profissão de guia encontra-se entre as mais 
antigas do mundo. É evidente que não é o GT atual, e sim o que conduzia, num 
primeiro momento, os exércitos na época. Pode-se dizer que algumas das funções 
do GT permanecem até hoje, pois orientavam os exércitos em terrenos estrangeiros, 
serviam de intérprete, arranjavam acomodações, comida e transporte, mas os fins 
 
6
 Significado de papel: atribuições, funções. Função é o exercício de atribuições. Atribuição: derivação 
fem. sing. de Atribuir. Conceder atribuição a. Imputar. Referir; conferir. Rogar-se. Para o presente 
estudo, serão utilizados tais vocábulos com o mesmo sentido para o GT: papel ou atribuição ou 
função. (DICIONÁRIO Aurélio, 2017). 
https://dicionariodoaurelio.com/atribuir
42 
 
eram outros, conforme já citado por Pond (1993), e não o do Turismo como nos dias 
de hoje. 
Para o desenvolvimento das atividades comerciais, os fenícios, inventores da 
moeda e do comércio, objetivavam buscar melhores oportunidades para os 
negócios. Portanto, viagens a novos destinos eram necessárias e exigiam a 
presença do guia, pois necessitavam de orientação e proteção durante os 
deslocamentos. Neste sentido, o guia além de orientar, atuava como um “protetor de 
pessoas e bens” (BRITO, 2011). 
Neste período, se identificam dois tipos de GT que duraram até o século 
XVIII, com papéis distintos: os pathfinder (guias geográficos) e os mentores. Os 
guias geográficos forneciam as orientações sobre os caminhos. Já os mentores 
eram cultos, serviam como tutores pessoais ou conselheiros espirituais (COHEN, 
1985; POND, 1993). 
Neste sentido, o guia geográfico, na falta de mapas, guias impressos, 
sinalização e outros mecanismos de orientação, era a figura essencial para o avanço 
das tropas e para o desbravamento de novos lugares, no caso dos exploradores, 
para liderar e manter o contato com populações novas e/ou desconhecidas. Muitos 
eram moradores locais, com conhecimento da sua região, mas sem treinamento 
especializado. Já o mentor, ou tutor pessoal ou conselheiro espiritual, serviacomo 
um "guru" para o novato, adepto ou buscador, guiando-o para sua iluminação, ou 
qualquer outro estado espiritual (COHEN, 1985). 
Costa (2005) acrescenta que, além dos motivos citados para a realização das 
viagens e a necessidade de um guia, outro fator é identificado na Babilônia e 
Crescente Fértil: contato com equipamentos urbanos. 
Assim, Brito (2011) acrescenta um terceiro papel aos já citados por Pond 
(1993) e Cohen (1985), ou seja, o de intérprete do patrimônio, o que interpreta as 
obras monumentais. 
Na era dos grandes impérios, os antigos persas, assírios e egípcios viajavam 
de forma organizada. Durante a era do Império Grego o Turismo floresceu. Os 
festivais e os shows, entre eles os Jogos Olímpicos que começaram em 776 a.C. 
eram motivo para deslocamentos (CRUZ, 2008). As famílias com maior poder 
aquisitivo viajavam para assistir aos jogos, às corridas, às lutas de gladiadores e aos 
espetáculos dos coliseus. 
43 
 
Os romanos se tornam adeptos do Turismo. A estrutura das estradas no 
Império Romano e a segurança despertaram na população o desejo e o prazer de 
viajar. Além disso, a Grécia, o Egito e a Ásia Menor começaram a ser procurados 
como destino para o Turismo Cultural. Nesta época, havia guias locais para receber 
os visitantes e lhes mostrar as belezas artísticas e naturais da região (OLIVEIRA; 
CYMBRON, 1994). 
O período entre a queda de Roma e a Renascença, conhecido como a Idade 
Média, ocorreu entre 476 d.C. a 1453, ou seja, do século V ao XV. A queda de 
Roma levou ao declínio do comércio e da economia em geral e diminuição de 
viagens. E, as boas estradas do Império Romano entraram em decadência; 
interromperam os grandes cursos do comércio e da economia em geral e perderam 
o desejo de viajar. Há falta de segurança, devido às invasões (POND, 1993). 
Assim, as motivações de viagens ficaram limitadas a dois fatores, os 
religiosos, principalmente, e os comerciais, estes ligados aos descobrimentos. Com 
relação aos fatores religiosos, o fortalecimento da religião cristã fez com que o 
movimento das peregrinações ganhasse força. Costa (2005) cita que, na Grécia 
Antiga, um dos fatores principais para o deslocamento das pessoas estava 
associado à necessidade de interação em lugares que fosse possível a 
contemplação, introspecção e desenvolvimento intelectual. Eram uma mescla de 
devoções, cultura e lazer (URRY, 2001). 
O guia, neste momento, era responsável por dar informações sobre as 
cidades que os peregrinos iriam visitar e os tipos de abrigo que poderiam encontrar 
ao longo das estradas. Destacam-se as peregrinações à Terra Santa, considerada a 
mais importante para os cristãos, Santiago de Compostela e Roma. Meca era 
destino para os adeptos da religião muçulmana (OLIVEIRA; CYMBRON, 1994). 
E Cohen (1985), nesse cenário o descreve como líder, visto que agora marca 
o perfil com duas “orientações” de um guia, pois atende às questões de orientação, 
tanto geográfica como espiritual. 
Com relação aos fatores comerciais, que impulsionavam as viagens à época, 
os descobrimentos de novas terras e a procura por comércio de especiarias, ouro, 
prata e outros valores, de acordo com Pond (1993) fez-se necessário o uso de guias 
geográficos locais, por questões de segurança, que os protegiam contra os ladrões. 
Na linguagem grega, algumas denominações foram dadas aos guias. Eles 
tinham funções variadas de acordo com as situações: os periegitai, que tinham como 
44 
 
função principal orientar os viajantes ao redor de sítios visitados, a exemplo do papel 
que desempenham os Guias de Turismo numa excursão ou num passeio pela 
cidade; e os exegetai, que eram especialistas e conselheiros em assuntos religiosos 
e rituais, tendo como missão prestar orientações religiosas aos visitantes 
(HOLLOYWAY, 1981; CRUZ, 2008). 
Além das denominações apresentadas, Cruz (2008) acrescenta mais uma: os 
proxernos cuja função era ajudar os cidadãos em viagens ao exterior. Complementa 
dizendo que alguns cidadãos gregos eram designados pelo Estado para receber os 
visitantes estrangeiros, orientá-los, e caso surgissem complicações, ajudá-los a 
regressar às suas cidades de origem. Seria o papel de um cônsul na atualidade. 
Tais dados históricos fazem perceber que os guias que surgiram na 
antiguidade são bastante diversificados e remontam à mitologia, à literatura, à 
religião, à história e às explorações geográficas. 
Segundo alguns pesquisadores como Coltman (1989), há o registro de venda 
de pacotes turísticos já neste período. Os primeiros pacotes eram organizados em 
viagens para peregrinação, em navio de Veneza à Terra Santa, com alimentação, 
hospedagem, transporte terrestre e proteção pessoal, que somavam altos valores. 
Urry (2001) afirma que já havia uma “indústria” crescente de redes de hospedarias 
para viajantes, mantidas por religiosos e por manuais de indulgência produzidos em 
massa. 
Na Era Moderna, século XV a XVIII, com a expansão comercial da Europa e 
com o uso da bússola, os europeus tiveram interesse em conhecer lugares 
diferentes, e assim, iniciou-se uma intensa atividade relacionada com viagens, 
negócios e aprendizagem. 
Nesse período, durante o Renascimento, os jovens da classe alta, filhos dos 
nobres, burgueses e comerciantes ingleses viajaram da Grã-Bretanha para o Grand 
Tour, uma rota prescrita da Inglaterra para a França, Alemanha, Áustria, Suíça e 
Itália. As famílias buscavam subsidiar seus filhos com conhecimentos de outros 
continentes, outras culturas e idiomas, para auxiliar na condução de suas vidas e de 
seus negócios (HOLLOWAY, 1981; COHEN, 1985). Era uma viagem restrita aos 
filhos homens, com idade em torno de 25 anos, e muitas vezes duravam até três 
anos. 
45 
 
Pond (1993) explica que há uma mudança no entendimento sobre o guia: 
passa a ser um “tutor de viagem”, também chamado antiquarii ou cicerone7. Esse, 
de acordo com o autor acompanhava a viagem, devia ser versátil, multilingue e 
conhecedor de diversas matérias, como história, literatura, arquitetura e assuntos da 
atualidade. Devia, também, vigiar a moral e religião do pupilo. 
O GT moderno, para Holloway (1981), teve origem direta nos Grand Tours 
dos séculos XVII e XVIII. E, segundo Cohen (1982), o papel do GT moderno 
combina e expande elementos agregando as funções do guia pesquisador e o do 
guia mentor. Esta confluência é claramente expressa no termo hebraico more-
derech, ou seja, “professor do caminho”. No entanto, há incongruências e tensões 
entre estes dois modelos principais de guia, que explicam o desenvolvimento da 
atividade e as suas diferenciações. 
Na Itália, Brito (2011) explica que surge outro tipo de guia, os chamados 
vetturini, que tinham como atividade vender os seus serviços, transportar os ingleses 
e seus tutores em veículos de quatro rodas, e protegê-los. E, já neste período, se 
constatou a presença de falsos guias, os quais tinham como objetivo se apropriar 
dos bens referidos. 
Montejano (2001) traça o seguinte cenário e explica que os Grand Tours 
foram realizados até a metade do século XIX, quando foram superados pelas 
facilidades de viagem a partir dessa época. São considerados os antecedentes dos 
atuais intercâmbios. 
E, em meados do século XVIII (Idade Contemporânea), o Turismo já era 
reconhecido pelo seu potencial econômico, inclusive atuando como fomentador de 
outras atividades. 
Já, no século XIX, muitos foram os fatores que contribuíram para o 
desenvolvimento do Turismo, como o processo provocado pela Revolução Industrial, 
o desenvolvimento da estrada de ferro e da navegação a vapor. 
A transformação da economia e da sociedade e a intensificação dos avanços 
científicos e tecnológicos, aliados a esses fatores ainda ocorreram alterações no 
modo de produção, nas relações de trabalho e ganhos sociais como a redução da 
 
7
 A etimologia da palavra cicerone

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