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AMANDA FARIA 3º PERÍODO Situação Problema 04 – SP04 OBJ1: Apresentar anatomicamente e histologicamente o fígado. ANATOMIA DO FÍGADO O fígado é a maior víscera abdominal e ocupa uma porção substancial da cavidade abdominal superior. Preenche a maior parte do hipocôndrio direito e do epigástrio, e com frequência se estende até o hipocôndrio esquerdo, alcançando a linha lateral esquerda. A medida que o corpo cresce desde a infância até a fase adulta, o fígado aumenta rapidamente de tamanho, esse período de crescimento atinge um platô por volta dos 18 anos e a partir da meia-idade ocorre uma diminuição gradual do peso do fígado. Além disso, o tamanho fígado varia com o sexo, idade e o tamanho do corpo. O fígado é o maior órgão do corpo, contribuindo com cerca de 2% do peso corporal total, ou algo em torno de 1,5 kg na pessoa adulta. Sua unidade funcional básica é o lóbulo hepático, que é uma estrutura cilíndrica com alguns milímetros de comprimento e 0,8 a 2 milímetros de diâmetro. O fígado humano contém 50.000 a 100.000 lóbulos individuais. O lóbulo hepático é construído em torno de uma veia central que drena para as veias hepáticas e, daí, para a veia cava. O próprio lóbulo é composto principalmente por diversas placas celulares que se irradiam a partir da veia central como os raios de uma roda. Cada placa hepática, em geral, tem a espessura de duas células e, entre as células adjacentes, situam-se os pequenos canalículos biliares, que drenam para os ductos biliares, nos septos fibrosos os quais separam os lóbulos hepáticos adjacentes. (VÊNULAS) Nos septos existem pequenas vênulas portais que recebem seu sangue, principalmente do efluxo do trato gastrointestinal, por meio da veia porta. A partir dessas vênulas, o sangue flui para os sinusoides hepáticos, lisos e ramificados, que existem entre as placas hepáticas, e daí para a veia central. Desse modo, as células hepáticas estão continuamente expostas ao fluxo venoso porta. (ARTERÍOLAS) As arteríolas hepáticas estão igualmente presentes no septo interlobular. Essas arteríolas fornecem sangue arterial para os tecidos septais, entre os lóbulos adjacentes, e muitas das pequenas arteríolas também drenam, diretamente, para os sinusoides hepáticos, mais frequentemente, drenando para os localizados a cerca de um terço da distância do septo interlobular. (REVESTIMENTO ENDOTELIAL) Além dos hepatócitos, os sinusoides venosos são revestidos por dois outros tipos de células: (1) as células endoteliais típicas; e (2) as grandes células de Kupffer (também denominadas células reticuloendoteliais), que são macrófagos residentes que revestem os sinusoides e são capazes de fagocitar bactérias e outras matérias estranhas no sangue dos sinusoides hepáticos. O revestimento endotelial dos sinusoides tem poros extremamente grandes, alguns deles com quase 1 micrômetro de diâmetro. (ESPAÇO DE DISSE) Abaixo desse revestimento, situados entre as células endoteliais e as hepáticas, existem estreitos espaços teciduais denominados espaços de Disse, também conhecidos como espaços perissinusoidais. Os milhões de espaços de Disse se conectam aos vasos linfáticos nos septos interlobulares. Por isso, o excesso de líquido, nesses espaços é removido pelos linfáticos. Devido aos grandes poros no endotélio, as substâncias do plasma se movimentam, livremente, para os espaços de Disse. Da mesma forma, grandes porções de proteína plasmática se difundem livremente para esses espaços. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO FÍGADO Características como formato, delimitação, cor e consistência. FORMATO E DELIMITAÇÃO O fígado possui um formato de cunha, que é determinado pelo formato da cavidade abdominal superior dentro da qual ele cresce. A extremidade mais estreita da cunha está dirige-se para o hipocôndrio esquerdo e a margem anterior está voltada para a frente e para baixo. As faces superior e lateral direita são moldadas pelas paredes torácica e anterolateral do abdome, bem como pelo diafragma. A face inferior é moldada pelas vísceras adjacentes. AMANDA FARIA 3º PERÍODO COR E CONSISTÊNCIA O fígado geralmente possui uma cor marrom avermelhada, que pode variar de acordo com o teor de gordura, adquirindo uma cor mais amarelada à medida que o teor de gordura aumenta. A obesidade é a causa mais comum do excesso de gordura no fígado, que também é conhecido como esteatose. Em geral, a consistência varia de macia a firma, embora dependa parcialmente do volume de sangue e do teor de gordura do fígado. FACES DO FÍGADO O fígado é geralmente descrito como um órgão com faces superior, anterior, direita, posterior e inferior, e com uma margem inferior distinta. Contudo, as faces superior, anterior e direita são contínuas, sem margens definíveis separando-as. Seria mais adequado agrupá-las em uma face diafragmática, separada em sua maior parte da face visceral por uma margem inferior estreita. No ângulo infraesternal, a margem inferior está relacionada com a parede anterior do abdome e é acessível ao exame por percussão, mas geralmente não é palpável. Na linha mediana, a margem inferior do fígado está perto do plano transpilórico, cerca de um palmo abaixo da articulação xifosternal. Nas mulheres e crianças, essa margem frequentemente se projeta um pouco abaixo da margem costal direita. LOBOS DO FÍGADO Historicamente, o fígado tem sido dividido em lobos hepático direito, hepático esquerdo, caudado e quadrado pelas fixações peritoneais e ligamentares da superfície. (LOBO HEPÁTICO DIREITO) O lobo hepático direito é o lobo com o maior volume e contribui para a formação de todas as faces do fígado. Está separado do lobo hepático esquerdo pelo ligamento falciforme superiormente e pelo ligamento venoso inferiormente. (LOBO HEPÁTICO ESQUERDO) O lobo hepático esquerdo é o menor dos dois lobos principais, embora seja quase tão grande quanto o direito nas crianças pequenas. Está à esquerda do ligamento falciforme e não possui subdivisões. É consideravelmente mais fino que o lobo hepático direito e tem um ápice estreito que aponta para o quadrante superior esquerdo. (LOBO QUADRADO) O lobo quadrado é visível como uma proeminência na face inferior do fígado, à direita do sulco formado pelo ligamento venoso. (LOBO CAUDADO) O lobo caudado é visível como uma proeminência nas faces inferior e posterior, à direita do sulco formado pelo ligamento venoso: é posterior à porta do fígado. SUPRIMENTO VASCULAR E DRENAGEM LINFÁTICA Os vasos que estão conectados ao fígado são a veia porta, a artéria hepática e as veias hepáticas. A veia porta e a artéria hepática ascendem pelo omento menor até a porta do fígado, onde cada uma se bifurca. Os ductos hepáticos e os vasos linfáticos descem da porta do fígado e passam pelo mesmo omento. As veias hepáticas saem do fígado pela face posterior e seguem diretamente para a veia cava inferior. ARTÉRIA HEPÁTICA Nos adultos, a artéria hepática tem um tamanho intermediário entre a artéria gástrica esquerda e a artéria esplênica. Na vida fetal e no início da vida pós-natal, corresponde ao maior ramo do tronco celíaco. Da artéria hepática, partem as artérias gástrica direita, gastroduodenal e cística; e do ramo direito da artéria hepática própria e às vezes da artéria supraduodenal, partem ramos diretos para o ducto colédoco. Após deixar o tronco celíaco, a artéria hepática comum segue anterior e lateralmente ao forame omental, passando por baixo dele até a face superior da parte superior do duodeno. Pode ser subdividida em artéria hepática comum, desde o tronco celíaco até a origem da artéria gastroduodenal, e em artéria hepática “própria”, desde a artéria gastroduodenal até sua bifurcação. Passa anteriormente à veia porta e ascende entre as lâminas do omento menor, na frente do forame omental. AMANDA FARIA 3º PERÍODONo interior da borda livre do omento menor, a artéria hepática é medial ao ducto colédoco e anterior à veia porta. Na porta do fígado, divide-se em ramos direito e esquerdo antes de penetrar no parênquima hepático. Em geral, o ramo direito cruza o ducto hepático comum posteriormente (às vezes anteriormente). A grande proximidade entre essas duas estruturas frequentemente significa que, no câncer do ducto colédoco, o ramo direito da artéria hepática é afetado antes que o ramo esquerdo. Ocasionalmente, a artéria hepática direita cruza na frente do ducto colédoco e pode ser lesada na cirurgia do ducto colédoco. O ramo direito da artéria hepática quase sempre se divide em ramos anterior e posterior. O ramo anterior irriga os segmentos V e VIII, e o posterior irriga os segmentos VI e VII. A divisão anterior com frequência envia um ramo para o segmento I e para a vesícula biliar. As artérias segmentares são macroscopicamente artérias terminais, embora haja uma pequena circulação colateral entre os segmentos realizada por finos ramos terminais. VEIAS O fígado tem dois sistemas venosos. O sistema portal transporta o sangue venoso proveniente da maior parte do trato gastrointestinal e dos órgãos a ele associados para o fígado. O sistema venoso hepático drena o sangue proveniente do parênquima hepático para a veia cava inferior. VEIA PORTA A veia porta começa ao nível da segunda vértebra lombar e é formada pela convergência das veias mesentérica superior e esplênica. Tem aproximadamente 8 cm de comprimento e é anterior à veia cava inferior e posterior ao colo do pâncreas. Está inclinada para a direita e ascende por trás da parte superior do duodeno, do ducto colédoco e da artéria gastroduodenal. Neste ponto, ela é diretamente anterior à veia cava inferior. Penetra na borda direita do omento menor, ascende anterior ao forame omental até alcançar a extremidade direita da porta do fígado e então divide-se nos ramos direito e esquerdo principais. (TRIBUTÁRIAS EXTRA-HEPÁTICAS) As principais tributárias extra-hepáticas da veia porta são a veia gástrica esquerda, que termina na borda esquerda da veia porta, e a veia pancreaticoduodenal superior posterior, mais próxima da cabeça do pâncreas. (RAMOS DIREITO E ESQUERDO) Os ramos direito e esquerdo da veia porta acompanham os ramos correspondentes da artéria hepática até o interior do fígado. No omento menor, a veia porta é posterior ao ducto colédoco e à artéria hepática. Está rodeada pelo plexo nervoso hepático e acompanhada por muitos vasos linfáticos e alguns linfonodos. A veia porta divide-se nos ramos direito e esquerdo na região da porta do fígado. O ramo esquerdo da veia porta tem um trajeto extraparenquimatoso mais longo (4-5 cm) e tende a ser levemente mais horizontal que o ramo direito, mas com frequência tem calibre menor. Seu trajeto tem um trecho horizontal e outro vertical. O trecho horizontal segue ao longo da base do segmento VI e com frequência envia ramos para o segmento I e às vezes para o segmento VI nesta parte do seu trajeto. O ramo para o segmento II continua lateralmente, mas o ramo esquerdo principal da veia porta adquire um trajeto mais anterior e vertical na fissura umbilical (a veia da fissura umbilical). Nesse trecho, ele envia ramos para os segmentos III e IV e recebe a veia umbilical esquerda obliterada (ligamento redondo). A maior parte do suprimento destinado ao segmento IV provém do ramo esquerdo da veia porta e apenas ocasionalmente do ramo direito por intermédio de ramos proximais da veia principal ou de ramos das veias que se dirigem para os segmentos V ou VIII. O ramo direito da veia porta tem apenas 2-3 cm de comprimento e geralmente se bifurca em uma divisão medial (anterior) direita e uma divisão lateral (posterior) direita. A primeira divisão supre os segmentos V e VIII, e a segunda supre os segmentos VI e VII. A divisão medial pode enviar um ramo para o segmento I. VEIAS HEPÁTICAS O fígado é drenado por três veias hepáticas principais e por uma profusão de veias hepáticas secundárias. As três primeiras veias levam o sangue para a parte supra-hepática da veia cava inferior e estão localizadas entre as quatro principais divisões do fígado. As veias secundárias drenam para a parte intra-hepática da veia cava inferior. AMANDA FARIA 3º PERÍODO VASOS LINFÁTICOS A linfa proveniente do fígado tem uma quantidade abundante de proteínas. A drenagem linfática do fígado é vasta e pode seguir para linfonodos situados acima e abaixo do diafragma. A obstrução da drenagem venosa hepática aumenta o fluxo de linfa no ducto torácico. Os vasos coletores hepáticos estão divididos em dois sistemas: superficial e profundo. VASOS HEPÁTICOS SUPERFICIAIS Os vasos superficiais seguem no interior do tecido areolar subseroso localizado em toda a superfície do fígado e drenam em quatro direções. Os vasos linfáticos provenientes da maior parte da face posterior, da face do lobo caudado e da parte posterior da face inferior do lobo hepático direito acompanham a veia cava inferior e drenam para linfonodos pericavais. Os vasos dos ligamentos triangular direito e coronário podem penetrar diretamente no ducto torácico sem passar por nenhum linfonodo intermediário. Os vasos provenientes da maior parte da face inferior, da face anterior e da maior parte da face superior convergem para a porta do fígado para drenar para os linfonodos hepáticos. Alguns vasos linfáticos da face posterior da extremidade lateral do lobo hepático esquerdo seguem em direção ao hiato esofágico para drenar para os linfonodos paracardíacos. Um ou dois troncos linfáticos da face direita e da extremidade direita da face superior acompanham a artéria frênica inferior ao longo do pilar direito do diafragma para drenar para os linfonodos celíacos. VASOS HEPÁTICOS PROFUNDOS A maior parte do parênquima hepático é drenada por vasos linfáticos situados dentro da substância do fígado. Os vasos linfáticos pequenos fundem-se para formar vasos maiores. Alguns seguem superiormente através do parênquima e formam os troncos ascendentes. Esses troncos acompanham as veias hepáticas e passam através do forame da veia cava no diafragma para drenar para linfonodos situados ao redor da parte terminal da veia cava inferior. Os vasos provenientes da parte inferior do fígado formam troncos descendentes. Esses troncos emergem pela porta do fígado e drenam para linfonodos hepáticos. INERVAÇÃO O fígado tem inervação dupla. O parênquima é inervado por nervos hepáticos. Esses nervos têm origem no plexo hepático e contêm fibras simpáticas e parassimpáticas (vagais) e entram no órgão pela porta do fígado. A maioria acompanha as artérias hepáticas e os ductos biliares. Uns poucos podem seguir diretamente no interior do parênquima hepático. A cápsula é inervada por alguns ramos finos dos nervos intercostais inferiores. Esses nervos também inervam o peritônio parietal, sobretudo da região da “área nua” e da face superior: a distensão ou a ruptura da cápsula do fígado causam dor aguda muito bem localizada. PLEXO HEPÁTICO O plexo hepático é a maior estrutura derivada do plexo celíaco e recebe ramos dos nervos vagos anterior e posterior. Acompanha a artéria hepática e a veia porta e seus ramos até o interior do fígado, onde suas fibras seguem próximo dos ramos dos vasos, enviando fibras vasomotoras para os vasos hepáticos e para a árvore biliar e inervando diretamente os hepatócitos. Vários ramos finos do plexo inervam diretamente o ducto hepático e o ducto colédoco. Os ramos para a vesícula biliar formam um plexo cístico delicado. As fibras vagais são motoras para a musculatura da vesícula biliar e dos ductos biliares e inibitórias para o músculo esfíncter do ducto colédoco. Os nervos do plexo hepático seguem junto com os ramosda artéria hepática comum e inervam as estruturas derivadas do intestino anterior ou contribuem para a sua inervação. Alguns ramos seguem inferiormente a partir do plexo junto com a artéria gástrica direita e contribuem para a inervação do piloro. Outros seguem junto com a artéria gastroduodenal e seus ramos até alcançar o piloro e a parte superior do duodeno. E ainda há ramos que seguem junto com a artéria gastroomental direita e fornecem uma pequena contribuição para a inervação do lado direito do estômago e da curvatura maior desse órgão. A extensão pancreaticoduodenal superior inerva a parte descendente do duodeno, a cabeça do pâncreas e a parte intrapancreática do ducto colédoco. AMANDA FARIA 3º PERÍODO DOR REFERIDA A dor que tem origem no parênquima do fígado é mal localizada. Como ocorre com outras estruturas que se originam do intestino anterior, a dor é referida ao centro do epigástrio. O estiramento da cápsula hepática ou seu acometimento por processos inflamatórios ou neoplásicos produzem rapidamente dor bem localizada de natureza “somática”. HISTOLOGIA DO FÍGADO O fígado é basicamente uma protuberância epiteliomesenquimal da parte caudal do intestino anterior ao qual permanece ligado pela árvore biliar. A superfície do fígado voltada para a cavidade peritoneal é revestida por uma serosa típica – o peritônio visceral. Embaixo dele e ao redor de toda a estrutura, há uma camada fina (50-100 μm) de tecido conjuntivo da qual partem prolongamentos que penetram no fígado na forma de septos e trabéculas de tecido conjuntivo. Os ramos da artéria hepática e da veia porta hepática, juntamente com ductos e dúctulos biliares, seguem no interior dessas trabéculas, que são denominadas tratos portais (canais portais). A reunião desses dois tipos de vasos com um ducto biliar é denominada tríade portal. Em geral, essas estruturas são acompanhadas de um ou mais vasos linfáticos. PARÊNQUIMA HEPÁTICO O parênquima hepático consiste em uma rede complexa de células epiteliais sustentadas por tecido conjuntivo e irrigadas por um rico suprimento sanguíneo proveniente da veia porta e da artéria hepática. As células epiteliais – os hepatócitos – realizam as principais atividades metabólicas desse órgão, mas outros tipos de células têm as funções de armazenar, fagocitar e dar suporte mecânico. No fígado maduro, os hepatócitos estão dispostos predominantemente em lâminas (ou cordões, como visto nos cortes bidimensionais), que geralmente têm a espessura de uma única célula e são separadas por sinusoides venosos que se anastomosam uns com os outros em lacunas existentes nas lâminas. Até por volta dos 7 anos de idade, as placas têm normalmente a espessura de duas células. A bile secretada pelos hepatócitos é coletada em uma rede de tubos diminutos (canalículos). Por essa razão, os hepatócitos podem ser considerados células exócrinas, que secretam bile no trato alimentar por intermédio dos ductos hepáticos e do ducto colédoco. As outras funções metabólicas envolvem trocas bioquímicas complexas com o sangue. COMPONENTES DO FÍGADO O fígado do feto é um importante órgão hematopoético: eritrócitos, leucócitos e plaquetas desenvolvem-se do mesênquima que cobre o endotélio dos sinusoides. Histologicamente, o fígado é composto por vários componentes: 1. Hepatócitos. Os hepatócitos são as principais células funcionais do fígado e realizam uma grande variedade de funções metabólicas, secretoras e endócrinas. São células epiteliais especializadas com 5 a 12 lados que compõem aproximadamente 80% do volume do fígado. Os hepatócitos formam arranjos tridimensionais complexos chamados lâminas hepáticas. As lâminas hepáticas são placas de hepatócitos de uma célula de espessura limitada em ambos os lados por espaços vasculares revestidos por células endoteliais chamados sinusoides hepáticos. As lâminas hepáticas são estruturas irregulares altamente ramificadas. Os sulcos nas membranas celulares entre hepatócitos vizinhos fornecem espaços para os canalículos para os quais os hepatócitos secretam bile. A bile, um líquido amarelo, marrom ou verde-oliva secretado pelos hepatócitos, atua tanto como um produto de excreção quanto como uma secreção digestória. 2. Canalículos de bile. Os canalículos de bile são pequenos ductos entre os hepatócitos que coletam a bile produzida pelos hepatócitos. Dos canalículos de bile, a bile passa para os dúctulos biliares e, em seguida, para os ductos biliares. Os ductos biliares se unem e, por fim, formam os ductos hepáticos esquerdo e direito, que são maiores e se unem e saem do fígado como o ducto hepático comum. O ducto hepático comum junta-se ao ducto cístico da vesícula biliar para formar o ducto colédoco. Por ele, a bile entra no duodeno do intestino delgado para participar da digestão. 3. Sinusoides hepáticos. Os sinusoides hepáticos são capilares sanguíneos altamente permeáveis entre fileiras de hepatócitos que recebem sangue oxigenado de ramos da artéria hepática e sangue venoso rico em nutrientes de ramos da veia porta do fígado. Recorde-se de que a veia porta do fígado traz o sangue venoso dos órgãos gastrintestinais e baço para o fígado. Os sinusoides hepáticos convergem e entregam o sangue a AMANDA FARIA 3º PERÍODO uma veia central. A partir das veias centrais, o sangue flui para as veias hepáticas, que drenam para a veia cava inferior. Em contraste com o sangue, que flui em direção à veia central, a bile flui na direção oposta. Nos sinusoides hepáticos também estão presentes fagócitos fixos chamados células estreladas do fígado, que destroem eritrócitos e leucócitos envelhecidos, bactérias e outros materiais estranhos do sangue venoso que drena do canal alimentar. Juntos, o ducto biliar, um ramo da artéria hepática e um ramo da veia hepática são chamados tríade portal. CÉLULAS DO FÍGADO As células do fígado incluem os hepatócitos, as células estreladas hepáticas (também conhecidas como lipócitos perissinusoidais ou células de Ito), as células endoteliais dos sinusoides, os macrófagos (células de Kupffer), as células da árvore biliar (epitélio cuboide a colunar) e as células do tecido conjuntivo da cápsula e dos tratos portais. HEPATÓCITOS Cerca de 80% do volume do fígado e 60% das suas células são constituídos por hepatócitos (células parenquimatosas). Os hepatócitos são poliédricos, com 5 a 12 lados, e têm de 20 a 30 μm de diâmetro. Seu núcleo é redondo, havendo dois ou mais em cada célula. Seu citoplasma contém normalmente uma quantidade considerável de retículo endoplasmático granuloso e não granuloso, muitas mitocôndrias, lisossomos e um complexo golgiense bem desenvolvido – características que indicam uma elevada atividade metabólica. Os grânulos de glicogênio e os vacúolos lipídicos são em geral proeminentes. Numerosos peroxissomos grandes e vacúolos contendo enzimas, como a urease em formas cristalinas características, revelam o metabolismo complexo dessas células. Seu papel no metabolismo do ferro reflete-se na presença de vacúolos de armazenamento com cristais de ferritina e hemossiderina. (MICROVILOS, JUNÇÕES E DESMOSSOMOS) As superfícies dos hepatócitos que estão voltadas para os sinusoides exibem numerosos microvilos, que criam uma grande área de membrana – 70% da superfície dos hepatócitos – exposta ao plasma sanguíneo. Em outras partes, os hepatócitos estão unidos por numerosas junções comunicantes e desmossomos. (CANALÍCULOS BILIARES) As membranas plasmáticas laterais de hepatócitos adjacentes formam canais microscópicos – os canalículos biliares – que são regiões especializadas do espaço intercelular formadas pela aposição de sulcos das membranas plasmáticas dos hepatócitos e isoladas do espaço intersticialrestante por junções oclusivas. Numerosas vesículas exocitóticas envoltas por membrana agrupam-se perto da luz dos canalículos porque a secreção dos componentes da bile é dirigida para a membrana plasmática canalicular. Esses canalículos formam as origens da árvore biliar, e suas junções oclusivas impedem que a bile penetre no líquido intersticial ou no plasma sanguíneo: esta é a barreira hematobiliar. CÉLULAS ESTRELADAS HEPÁTICAS As células estreladas hepáticas são muito menos numerosas que os hepatócitos. Exibem um contorno irregular e estão no interior das lâminas hepáticas, entre as bases dos hepatócitos. Acredita-se que tenham origem mesenquimal. Caracterizam-se por apresentar numerosas gotículas de lipídios no citoplasma. Secretam a maioria dos componentes da matriz intralobular, inclusive as fibras de colágeno do tipo III (reticulares). Armazenam a vitamina A lipossolúvel nas gotículas de lipídios e constituem-se em uma fonte importante de fatores de crescimento ativos na homeostasia e na regeneração do fígado. As células estreladas hepáticas também desempenham um papel importante nos processos patológicos. Em resposta a uma lesão hepática, tornam-se ativadas e transformam-se predominantemente em células semelhantes a miofibroblastos. São responsáveis pela substituição dos hepatócitos lesados por substâncias tóxicas por tecido cicatricial colagenoso, um processo denominado fibrose hepática, que é visto inicialmente na zona 3, ao redor das veias centrais. A fibrose pode progredir para cirrose, na qual a arquitetura do parênquima e o padrão do fluxo sanguíneo são destruídos, com importantes consequências sistêmicas. CÉLULAS ENDOTELIAIS DOS SINUSÓIDES Os sinusoides venosos hepáticos geralmente têm um diâmetro maior que o dos capilares sanguíneos e são revestidos por um endotélio fino desprovido de lâmina basal, porém altamente fenestrado. As células endoteliais são AMANDA FARIA 3º PERÍODO caracteristicamente achatadas, têm um núcleo central e são unidas umas às outras por complexos juncionais. As fenestrações estão reunidas em grupos com diâmetro médio de 100 nm e permitem ao plasma ter acesso direto às membranas plasmáticas basais dos hepatócitos. Seu citoplasma contém numerosas vesículas transcitóticas típicas. CÉLULAS DE KUPFFER As células de Kupffer são macrófagos hepáticos que derivam dos monócitos sanguíneos circulantes e têm origem na medula óssea. Permanecem no fígado durante um período longo de tempo e são encontrados na luz dos sinusoides, presos à superfície endotelial. As células de Kupffer têm forma irregular e longos processos que se estendem até a luz dos sinusoides. Formam uma parte importante do sistema mononuclear fagocitário que é responsável pela remoção de fragmentos celulares e microbianos da circulação e pela secreção de citocinas envolvidas na defesa. Removem os glóbulos vermelhos velhos e lesados da circulação hepática, uma função normalmente compartilhada com o baço, mas desempenhada inteiramente pelo fígado depois de uma esplenectomia. Referência Bibliográfica: (1) livro de anatomia – Grays; (2) livro – Princípios de Anatomia e Fisiologia - Tortora (3) livro de fisiologia – Guyton OBJ 2: Apresentar a vesícula biliar e vias biliares. ÁRVORE BILIAR A árvore biliar consiste no sistema de vasos e ductos que coletam a bile do parênquima hepático e a transportam até a parte descendente do duodeno. Tradicionalmente, a árvore biliar é dividida em partes intra-hepática e extra- hepática. (PARTE INTRA-HEPÁTICA) Os ductos intra-hepáticos têm origem nos canalículos biliares maiores, que se reúnem para formar ductos segmentares. Estes se fundem próximo da porta do fígado, dando origem aos ductos hepáticos direito e esquerdo. (PARTE EXTRA-HEPÁTICA) A árvore biliar extra-hepática é constituída pelos ductos hepáticos direito e esquerdo, pelo ducto hepático comum, pelo ducto cístico, pela vesícula biliar e pelo ducto colédoco. VESÍCULA BILIAR (CARACTERÍSTICAS) A vesícula biliar é um divertículo em forma de cantil, com fundo cego, ligado ao ducto colédoco por intermédio do ducto cístico. Em vida, é azul-acinzentado e geralmente está preso à face inferior do lobo hepático direito por tecido conjuntivo. No adulto, a vesícula biliar tem de 7 a 10 cm de comprimento e uma capacidade de até 50 ml. Em geral, está em uma fossa rasa do parênquima hepático, coberta pelo peritônio da superfície do fígado. (FIXAÇÃO) Sua fixação pode variar amplamente. Em um extremo, a vesícula biliar pode estar quase completamente enterrada no fígado, sem apresentar cobertura peritoneal (padrão intraparenquimatoso). No outro extremo, ela pode pender de um curto mesentério formado pelas duas lâminas do peritônio separadas apenas por tecido conjuntivo e alguns vasos pequenos (padrão mesentérico). A vesícula biliar é descrita como um órgão com fundo, corpo e colo. O colo está na extremidade medial, perto da porta do fígado e quase sempre está preso a ele por uma conexão curta coberta por peritônio (mesentério). Esse mesentério geralmente contém a artéria cística. A mucosa na extremidade medial do colo exibe cristas com disposição oblíqua que formam um sulco espiral contínuo com a valva espiral do ducto cístico. Na extremidade lateral, o colo se alarga para formar o corpo da vesícula biliar, e esse alargamento é com frequência conhecido na prática clínica como “bolsa de Hartmann”1. O colo é anterior à parte descendente do duodeno. CORPO DA VESÍCULA Normalmente, o corpo da vesícula biliar está em contato com a superfície do fígado. Quando o colo possui um mesentério, este se encurta rapidamente ao longo do comprimento do corpo à medida que o órgão se aloja na fossa da vesícula biliar. O corpo é anterior à parte descendente do duodeno e à extremidade direita do colo transverso. O fundo está na extremidade lateral do corpo e geralmente se projeta a uma distância variável para além da margem AMANDA FARIA 3º PERÍODO inferior do fígado. Está com frequência em contato com a parede anterior do abdome, atrás da nona cartilagem costal, onde a borda lateral do músculo reto do abdome do lado direito cruza a margem costal. Este é o melhor local para se pesquisar o aumento da vesícula biliar em um exame clínico. O fundo normalmente é adjacente ao colo transverso. TAMANHO E FORMA DA VESÍCULA O tamanho e a forma da vesícula biliar variam. O fundo pode ser alongado e bastante móvel. Raras vezes, o fundo está dobrado para trás, sobre o corpo da vesícula biliar – o chamado gorro frígio. Ao ultrassom, esse achado pode ser interpretado erroneamente como um septo nítido dentro de uma vesícula biliar sem nenhuma outra alteração. Novamente, em raros casos, a vesícula biliar pode ser bífida ou estar completamente duplicada, geralmente com duplicação do ducto cístico. CÁLCULO BILIAR Em geral, os cálculos biliares se formam no interior da vesícula biliar. À medida que a vesícula biliar se esvazia, os cálculos biliares movem-se em direção ao ducto cístico. Quando cálculos pequenos entram no ducto cístico, podem irritar a mucosa colunar, o que provoca o espasmo do músculo liso da parede do ducto cístico. O espasmo produz uma dor conhecida como cólica biliar, que com frequência é bastante intensa. As pregas da mucosa do colo da vesícula biliar e do ducto cístico constituem-se em um local comum de aprisionamento de cálculos biliares. Os cálculos que bloqueiam o colo da vesícula biliar podem causar a distensão estéril desse órgão: se a vesícula biliar não tiver sofrido uma inflamação aguda prévia, permanecerá não fibrótica e facilmente distensível, e com frequência será possível palpar o fundo aumentado abaixo da margem costal. Os cálculos alojados na parte distal do ducto cístico podem provocar o inchamento dos tecidos ao redor do ducto. Por causa da relação próxima entrea parte distal do ducto cístico e o ducto hepático comum, o inchaço pode causar a compressão secundária do ducto hepático comum, o que provoca a obstrução parcial do fluxo da bile e o surgimento de icterícia leve – a chamada “síndrome de Mirizzi”. Logo que os cálculos passam através do ducto cístico, ficam com frequência presos na junção do ducto colédoco com o ducto pancreático em uma posição imediatamente próxima à ampola hepatopancreática, o que produz icterícia obstrutiva e/ou pancreatite aguda. HISTOLOGIA DA VESÍCULA BILIAR Uma serosa cobre totalmente o fundo da vesícula biliar e, na maioria das vezes, cobre também a superfície inferior e os lados tanto do corpo quanto do colo. Quando a vesícula biliar possui um mesentério, a serosa cobre os lados do corpo e do colo até a face superior, e é contínua com a serosa do mesentério. A serosa permanece restrita à face inferior apenas quando a vesícula biliar é intra-hepática. Embaixo da serosa, há tecido conjuntivo frouxo subseroso e tecido adiposo peritoneal. (MICROESTRUTURA) A microestrutura da parede da vesícula biliar assemelha-se de um modo geral à do intestino delgado. A mucosa é castanho-amarelada e tem rugas minúsculas que dão a ela o aspecto de favos de mel. Ao corte, projeções da mucosa voltadas para a luz do órgão assemelham-se aos vilos intestinais, porém não são estruturas fixas e sua superfície se achata à medida que o órgão se enche de bile. O epitélio consiste em uma camada única de células colunares com microvilos apicais. Na região basal, os espaços entre as células epiteliais são dilatados. Há muitos capilares embaixo da membrana basal. As células epiteliais absorvem ativamente água e solutos da bile, aumentando assim sua concentração em até 10 vezes. Não há células caliciformes no epitélio. A camada fibromuscular delgada é composta de tecido fibroso associado a células musculares lisas dispostas frouxamente em feixes longitudinais, circulares e oblíquos. DUCTO BILIAR A parede dos ductos biliares grandes é composta por uma camada fibrosa externa e uma camada mucosa interna. A camada externa consiste em tecido conjuntivo fibroso com uma quantidade variável de células musculares lisas longitudinais, circulares e oblíquas. A mucosa é contínua com as mucosas dos ductos hepáticos, da vesícula biliar e do duodeno. O epitélio é colunar, e há numerosas glândulas mucosas tubuloalveolares na parede dos ductos. A expulsão do conteúdo da vesícula biliar está sob controle neuroendócrino. A presença de gordura no duodeno provoca a liberação de colecistocinina (CCK), que estimula a vesícula biliar a se contrair ao se ligar aos receptores de superfície para a CCK presente nas células musculares da parede do órgão. Quando a pressão exercida pela bile no AMANDA FARIA 3º PERÍODO interior da vesícula excede 100 mm de H2O, o músculo esfíncter da ampola hepatopancreática relaxa e a bile entra no duodeno. A parte final dos ductos biliar e pancreático unidos está repleta de pregas valvulares vilosas de mucosa que contêm células musculares nos cernes de tecido conjuntivo. Acredita-se que a contração cause a retração e o agrupamento dessas pregas, o que impede o refluxo do conteúdo duodenal e controla a saída da bile. Referência Bibliográfica: livro de anatomia - Grays FORMAÇÃO E SECREÇÃO DA BILE A bile é u m líquido excretor que desempenha papel importante na digestão dos lipídios. A formação da bile começa nos hepatócitos, que transportam ativamente solutos para os canalículos biliares, através da membrana apical. A bile é solução micelar cujos principais solutos são os ácidos biliares, a fosfatidilcolina e o colesterol, na proporção aproximada 10:3:1, respectivamente. A secreção desses solutos desencadeia movimento concomitante de água e de eletrólitos, através das junções fechadas (tight junctions) que unem os hepatócitos adjacentes e, desse modo, a bile canalicular é formada. A maior parte do fluxo biliar é composta por ácidos biliares, secretados através da membrana apical dos hepatócitos, pela ação ATPase transportadora, conhecida como bomba de exportação de sais biliares. A composição do líquido resultante pode ser modificada mais adiante, à medida que flui pelos dúctulos biliares (resultando na bile hepática) e, ainda mais adiante, quando a bile é armazenada na vesícula biliar (bile vesicular). Por fim, a bile é transformada em solução concentrada de detergentes biológicos que auxilia na solubilização dos produtos da digestão dos lipídios, no meio aquoso do lúmen intestinal, aumentando, assim, a velocidade com a qual os lipídios são transferidos para a superfície epitelial absortiva. A bile também atua como meio em que os produtos residuais do metabolismo são eliminados do corpo. SÍNTESE DE ÁCIDOS BILIARES Os ácidos biliares são produzidos pelos hepatócitos e consistem nos produtos finais do metabolismo do colesterol, que sofre a ação seletiva de um grupo de enzimas. A etapa que dá início ao processo e que também limita a sua velocidade consiste na adição de um grupo hidroxila à posição 7 do núcleo esteroide pela ação da enzima colesterol 7a-hidroxilase. Em seguida, a cadeia lateral do produto dessa reação é encurtada e, pela ação da C27 desidroxilase, sofre a adição de um grupo carboxila. Forma-se assim o ácido quenodesoxicólico, um ácido biliar com duas hidroxilas. Mas há um caminho alternativo no qual o produto da reação recebe uma nova hidroxila na posição 12 e, em seguida, pela ação da C27 desidroxilase, dá origem ao ácido cólico, u m ácido biliar com três hidroxilas. A síntese dos ácidos biliares pode ser supra-regulada ou infraregulada, dependendo das necessidades do organismo. Por exemplo, quando os níveis de ácidos biliares estão reduzidos no sangue que flui para o fígado, a síntese pode aumentar em até 10 vezes. De modo inverso, o fornecimento de ácidos biliares suprime acentuadamente a síntese dessas substâncias pelos hepatócitos. Os mecanismos que controlam essas alterações da síntese dos ácidos biliares estão associados a modificações na expressão das enzimas envolvidas, e já se sabe que os ácidos biliares são capazes de ativar diretamente fatores de transcrição específicos que medeiam tal regulação. Os ácidos quenodesoxicólico e cólico são denominados ácidos biliares primários, por ser sintetizados pelos hepatócitos. Contudo, esses dois ácidos podem passar pela ação de enzimas bacterianas presentes na luz do cólon, transformando-se nos ácidos ursodesoxicólico e desoxicólico, respectivamente. O ácido quenodesoxicólico também é convertido pelas enzimas bacterianas em ácido litocólico, substância relativamente citotóxica. Juntos, esses três produtos do metabolismo das bactérias são chamados ácidos biliares secundários. Ocorre outra modificação bioquímica importante, pela qual ácidos biliares primários e secundários passam no interior dos hepatócitos. Essas moléculas são conjugadas com a glicina ou a taurina, fato que reduz, de modo significativo, seu pKa. Como consequência, os ácidos biliares conjugados são quase totalmente ionizados no pH vigente no lúmen do intestino delgado e, dessa forma, não conseguem atravessar de forma passiva as membranas celulares. Eles permanecem no lúmen do intestino até que sejam absorvidos, ativamente, no íleo terminal, por ação do transportador apical de sais biliares dependente de sódio (ASBT). Os ácidos biliares conjugados que escapam dessa etapa de captação são desconjugados por enzimas bacterianas do cólon, e as formas não conjugadas resultantes são reabsorvidas, passivamente, através do epitélio colônico, porque elas não têm mais carga. AMANDA FARIA 3º PERÍODO ASPECTOS HEPÁTICOS DA CIRCULAÇÃO ÊNTERO-HEPÁTICA DOS ÁCIDOS BILIARES Os ácidos biliares auxiliam a digestão e a absorção dos lipídios ao atuar como detergentes,e não como enzimas. Por essa razão, é necessária uma quantidade significativa dessas moléculas para solubilizar todos os lipídios da ingestão alimentar. Pela circulação êntero-hepática, os ácidos biliares conjugados que foram reabsorvidos ativamente passam no sangue porta de volta para os hepatócitos, onde são captados, de modo eficiente, pelos transportadores basolaterais que podem ser dependentes ou independentes de Na+. De modo similar, os ácidos biliares que são desconjugados no cólon também retornam para os hepatócitos, onde são reconjugados e, posteriormente, secretados na bile. Dessa forma, adquirimos reserva de ácidos biliares primários e secundários circulantes, e a síntese diária corresponde a uma pequena parte (aproximadamente 10%/ dia, ou 200 a 400 mg) que escapa da captação e é perdida nas fezes. A única exceção a essa regra é o ácido litocólico, que passa, preferencialmente, por sulfatação no hepatócito, em vez de ser conjugado com a glicina ou a taurina. A maior parte desse ácido conjugado é eliminada do organismo após cada refeição por não se ligar ao ASBT, o que evita o acúmulo dessas moléculas potencialmente tóxicas. Alguns comentários devem ser feitos sobre o do papel dos ácidos biliares na homeostasia corporal do colesterol. O reservatório de colesterol presente no organismo reflete a quantidade de colesterol sintetizada diariamente, acrescida de fração relativamente menor que provém da captação alimentar ineficiente, contrabalanceada pela quantidade perdida que, nos indivíduos saudáveis, ocorre apenas pela bile. O colesterol pode ser excretado em duas formas: na forma inalterada, ou na forma de ácidos biliares, após a conversão hepática. A segunda forma é responsável por até um terço do colesterol excretado por dia, a despeito da reciclagem êntero-hepática. Assim, a estratégia que pode ser utilizada para tratar a hipercolesterolemia consiste em interromper a circulação êntero-hepática dos ácidos biliares, que leva ao aumento da conversão do colesterol em ácidos biliares. Após a conversão, os ácidos biliares são eliminados do corpo nas fezes. OUTROS CONSTITUINTES DA BILE Como notado acima, a bile contém também colesterol e fosfatidilcolina. O transporte do colesterol através da membrana canalicular é mediado, pelo menos em parte, por heterodímero dos transportadores ativos, que participam do efluxo de colesterol, pelas células epiteliais do intestino delgado, isto é, os transportadores ABC5 e ABC8. A fosfatidilcolina provém do folheto interno da membrana canalicular e é "lançada", de modo específico, através da membrana, por outro transportador da família ABC denominado proteína da resistência a múltiplos fármacos tipo 3 (MDR3). Além disso, como as micelas mistas compostas por ácidos biliares, fosfatidilcolina e colesterol são osmoticamente ativas e as junções fechadas que unem hepatócitos adjacentes não bloqueiam, completamente, a passagem de substâncias, a água e outros solutos do plasma, como Ca++ , glicose, glutationa, aminoácidos e ureia, são arrastados para o lúmen canalicular, em concentrações que se aproximam das observadas no plasma. Por fim, a bilirrubina conjugada, que é hidrossolúvel, e vários cátions e ânions orgânicos, que se originam de metabólitos endógenos e de xenobióticos, são secretados na bile, através da membrana apical do hepatócito. MODIFICAÇÕES SOFRIDAS PELA BILE NOS DÚCTULOS Os colangiócitos que revestem os dúctulos biliares são, especialmente, projetados para modificar a composição da bile. Os solutos úteis, como a glicose e os aminoácidos, são recuperados pela atividade de transportadores específicos. Os íons CP da bile também são trocados por íons HC03~, o que torna a bile levemente alcalina e reduz o risco de precipitação do Ca++ . A glutationa é quebrada na superfície dos colangiócitos, até seus aminoácidos constituintes, pela enzima y-glutamil transpeptidase (GGT), e esses produtos são reabsorvidos. Concomitantemente com a ingestão de alimentos, ocorre a diluição da bile, nesse local, em resposta a hormônios, como a secretina, que aumentam a secreção de HCO. e estimulam a inserção de canais de água, da família das aquaporinas, na membrana apical dos colangiócitos. Dessa forma, o fluxo da bile é aumentado durante o período pós-prandial, quando os ácidos biliares são necessários para auxiliar na assimilação dos lipídios. PAPEL DA VESÍCULA BILIAR Por fim, a bile entra nos duetos e é conduzida para o intestino. Entretanto, no período entre as refeições, o fluxo de bile é bloqueado pela constrição do esfíncter de Oddi, e a bile é redirecionada para a vesícula biliar. A vesícula biliar é um saco muscular revestido com células epiteliais de alta resistência. Durante o armazenamento vesicular, a bile é concentrada, porque íons sódio são absorvidos, ativamente, em troca de prótons, e os ácidos biliares, como os principais ânions, são grandes demais para sair pelas junções fechadas do epitélio da vesícula biliar. Embora a AMANDA FARIA 3º PERÍODO concentração dos ácidos biliares possa aumentar por mais de 10 vezes, a bile permanece isotônica porque cada micela age como uma só partícula osmoticamente ativa. Os monômeros de ácido biliar que permanecem livres, como resultado da concentração, são imediatamente incorporados nas micelas mistas pré-existentes. Esse fato também reduz, em algum grau, o risco de precipitação do colesterol na bile. Em muitos adultos, contudo, a bile está supersaturada de colesterol, mas a precipitação do colesterol é, normalmente, inibida pela presença de proteínas antinucleantes. O armazenamento prolongado da bile aumenta a probabilidade de ocorrer nucleação, por isso não se deve pular o café-da-manhã. E, talvez, esse fato explique por que os distúrbios da vesícula biliar são relativamente prevalentes entre os humanos. (SINAIS PARA SECREÇÃO DE BILE) A bile é secretada pela vesícula biliar, em resposta a sinais que, simultaneamente, relaxam o esfíncter de Oddi e contraem o músculo liso que envolve externamente o epitélio da vesícula. O principal mediador dessa resposta é a colecistocinina — hormônio que recebeu esse nome por causa de sua capacidade de provocar a contração da vesícula biliar. Além disso, é provável que reflexos neurais intrínsecos e vias vagais, algumas estimuladas pela colecistocinina, que se liga às fibras aferentes vagais, também contribuam para a contração da vesícula biliar. O resultado é a ejeção de bile concentrada no lúmen do duodeno, onde suas micelas mistas podem auxiliar na captação dos lipídios. Posteriormente, quando não são mais necessários, os ácidos biliares são recuperados e reingressam na circulação êntero-hepática, dando início a novo ciclo. Os demais componentes da bile são, em sua maioria, eliminados do corpo, ao serem excretados junto com as fezes. Referência Bibliográfica: livro de fisiologia – Berne e Levy OBJ 3: Explicar as etapas e vias do metabolismo do álcool e seus efeitos no organismo. METABOLISMO DO ÁLCOOL A ingestão excessiva de álcool etílico continua sendo a causa mais comum de doença hepática no mundo ocidental. O etanol pode causar hepatite alcoólica, esteatose devido à deposição de gordura, ou finalmente fibrose (conhecida como cirrose), que, por sua vez, leva à falência hepática. Existem mais de 25.000 mortes anualmente associadas à doença hepática nos Estados Unidos, e 40% delas estão relacionados à cirrose alcoólica O etanol é oxidado no fígado, principalmente pela álcool desidrogenase, para formar acetaldeído, que é, por sua vez, oxidado pela aldeído desidrogenase (ALDH) em acetato. A nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD+) é o cofator para ambas as oxidações, sendo reduzida a NADH. Um citocromo P450, CYP2E1, também contribui para a oxidação do etanol, masé quantitativamente menos importante do que a via da álcool desidrogenase-ALDH. O dano hepático nos pacientes que abusam do álcool pode surgir da toxicidade do acetaldeído, que forma adutos-base de Schiff com outras macromoléculas. DOENÇA HEPÁTICA Como resultado da oxidação do etanol, aumenta a relação de NADH/NAD+ e altera o potencial redox do hepatócito. Isso inibe a oxidação do lactato a piruvato (um passo que requer NAD+ como cofator). É criado um potencial para o desenvolvimento da acidose láctica e, já que o piruvato é um substrato para gliconeogênese hepática, existe também um risco de hipoglicemia. O risco de hipoglicemia é aumentado nos alcoólatras quando se abstêm. Por causa dá má nutrição, eles têm frequentemente baixos estoques de glicogênio hepático. Também, a mudança na proporção de NADH/NAD+ inibe a β-oxidação de ácidos graxos e promove a síntese de triglicerídeos: seu excesso é depositado no fígado (esteatose hepática) e secretado no plasma como VLDL. A esteatose hepática pode ser facilmente diagnosticada por ultrassonografia do fígado quando se vê um aumento uniforme da ecogenicidade. Isto está associado à elevação dos níveis séricos de enzimas transaminases (ver adiante), que são importantes marcadores laboratoriais de doença hepática. O consumo de etanol também afeta o sistema ubiquitina de degradação proteica. O consumo crônico de álcool diminui a atividade proteasômica. Isso pode desregular a sinalização do hepatócito pela inibição do transdutor de sinal Janus e a ativação da via do fator de transcrição (JAK-STAT). AMANDA FARIA 3º PERÍODO A via JAK-STAT está envolvida na resposta de fase aguda, defesa antiviral e reparo hepático e inflamação, e sua inibição pode contribuir para o desenvolvimento de doença hepática alcoólica. A inibição da atividade proteasômica também pode levar ao aumento de apoptose, uma característica da doença hepática alcoólica. A redução da atividade proteasômica induzida por álcool impede a degradação do CYP2E1, que está envolvido nas reações de peroxidação: isso aumenta o estresse oxidativo e pode ser outro fator de contribuição para a doença hepática alcoólica. Referência Bibliográfica: livro de bioquímica – Bioquímica Médica/Dominiczak e Baynes METABOLISMO DO ÁLCOOL A maior parte do álcool ingerido é metabolizado no fígado pela ação da enzima álcool desidrogenase (ADH). Esta enzima converte o álcool em acetaldeído, que mesmo em pequenas concentrações, é tóxico para o organismo. A enzima aldeído desidrogenase (ALDH), por sua vez, converte o acetaldeído em acetato3. A maior parte do acetato produzido atinge outras partes do organismo pela corrente sanguínea, onde participa de outros ciclos metabólicos. O sistema de enzimas microssomais oxidativas (SEMO) pertencem à família dos citocromos e compreendem um sistema alternativo de metabolização do álcool no fígado. O SEMO transforma o álcool em acetaldeído pela ação do citocromo P450 2E1 ou CYP2E1 presentes nas células hepáticas3. (DOENÇAS HEPÁTICAS) O fígado é um órgão particularmente susceptível aos danos provocados pelo álcool pois ele é o principal sítio de metabolização desta substância no organismo. Além do fígado ser um dos maiores órgãos do corpo humano, ele apresenta a capacidade de regenerar-se, consequentemente, os sintomas relacionados à lesão hepática provocada pelo álcool podem não aparecer até que esta seja realmente extensa. (QUANTIDADE DE INGESTÃO QUE LEVA À LESÃO) No sexo masculino, esta condição pode ser alcançada pelo uso de aproximadamente 2 litros de cerveja, 1 litro de vinho ou 240 ml de bebidas destiladas ingeridas diariamente por pelo menos 20 anos. Nas mulheres, a quantidade necessária para produzir prejuízos semelhantes é de apenas ¼ à ½ deste montante3. O consumo diário de bebida alcoólica, por um longo período de tempo, é uma condição fortemente associada ao desenvolvimento de lesões hepáticas, porém, apenas metade dos usuários que a consomem com esta frequência vão desenvolver hepatite ou cirrose alcoólica4. Estes achados sugerem que outras condições como: hereditariedade, fatores ambientais ou ambos devam influenciar no curso da doença hepática. LESÕES HEPÁTICAS PROVOCADAS PELO ÁLCOOL Em indivíduos que fazem uso abusivo do álcool as doenças hepáticas mais encontradas são: 1. Esteatose alcoólica (fígado gorduroso): A deposição de gordura ocorre em quase todos os indivíduos que fazem uso abusivo e frequente do álcool. Contudo, é uma condição clínica que também pode ocorrer em indivíduos não alcoolistas, após um único episódio de uso abusivo do álcool. A esteatose corresponde ao primeiro estágio da doença hepática alcoólica. Caso o indivíduo pare de beber neste estágio, ele recuperará sua função hepática. A esteatose também pode ocorrer em indivíduos diabéticos, obesos, com desnutrição protéica severa e usuários de determinados medicamentos. 2. Hepatite alcoólica: esta condição implica em uma inflamação e/ou destruição (ex. necrose) do tecido hepático. Os sintomas incluem: perda de apetite, náusea, vômito, dor abdominal, febre e em alguns casos, confusão mental. Embora esta doença possa levar à morte, na maior parte das vezes ela pode ser revertida com a abstinência alcoólica. A hepatite alcoólica ocorre em aproximadamente 50% dos usuários frequentes do álcool4. 3. Cirrose alcoólica: É uma forma avançada de doença hepática decorrente de um dano progressivo das células hepáticas. A cirrose costuma ser diagnosticada em 15 a 30 % dos usuários crônicos e abusivos do álcool. Um fígado cirrótico é caracterizado por uma fibrose extensa que compromete o funcionamento do fígado podendo inclusive prejudicar o funcionamento de outros órgãos como cérebro e rins. Embora a cirrose alcoólica possa levar o indivíduo à morte em função de suas complicações (ex. falha renal e hipertensão portal), ela pode ser estabilizada pela abstinência completa do álcool. AMANDA FARIA 3º PERÍODO Estas três condições clínicas costumam estar sequencialmente relacionadas, de forma progressiva, da esteatose à cirrose. Contudo, alguns indivíduos podem desenvolver cirrose sem ter tido hepatite e algumas hepatites de início súbito e curso rápido levam à morte antes de desenvolver cirrose. Referência Bibliográfica: site – Centro de Informações sobre Saúde e Álcool METABOLISMO ETANOL Ocorre principalmente no fígado e no estômago. OXIDAÇÃO DO ETANOL O fígado possui três vias de oxidação do etanol. (PRIMEIRA VIA) Começa com a oxidação do etanol pela ação de uma enzima citosólica, a desidrogenase alcoólica. Etanol + NAD+ → acetaldeído + NADH + H+ (SEGUNDA VIA) O fígado possui uma segunda via de oxidação do etanol, conhecida como o sistema microssômico de oxidação do etanol microsomal ethanol-oxidizing system (MEOS). Etanol + NADPH + H+ + O2 → acetaldeído + NADP+ + 2H2O O sistema MEOS é constituído por uma oxidase de função mista que oxida tanto o etanol quanto o NADPH. Seu principal componente é uma das isoformas da enzima citocromo P450 (cytocrome P450, CYP), a CYP2E1. Ela funciona bem em altas concentrações de etanol, quando comparado com o da enzima álcool desidrogenase. MEOS age também sobre outros substratos no nosso organismo como os ácidos graxos, barbitúricos, esteroides e vários xenobióticos. Dentro dessa última categoria, ele participa da primeira etapa no metabolismo global da detoxicação do organismo. (TERCEIRA VIA) A terceira via de oxidação do etanol é constituída pela catalase. Entretanto, a participação dessa enzima no metabolismo do álcool é muito pequena. Etanol + H2O2 → acetaldeído + 2H2O Oxidação do acetaldeído ACETALDEÍDO O acetaldeído, gerado por qualquer uma das três enzimas oxidantes das vias, é levado a um segundo grau de oxidação, levado a acetato, pela desidrogenase acetaldeídica: Acetaldeído + NAD+ → acetato + NADH + H+ Algumaspessoas descendentes de asiáticos podem ter uma desidrogenase aldeídica deficiente ou mesmo inativa (Edenberg, 2007). Essas pessoas, não conseguindo metabolizar adequadamente o acetaldeído, acabam acumulando- o no organismo toda vez que ingerem álcool (mesmo quando em quantidades muito pequenas), provocando inúmeras reações colaterais (cefaleia, náuseas e ruborização) devido ao alto poder reativo do acetaldeído. DESTINO METABÓLICO DO ACETATO Finalmente, o acetato é transformado em acetil-CoA. Acetato + CoASH + ATP → acetil-CoA + AMP + PPi Podendo ter dois destinos metabólicos distintos: (a) diante de baixos níveis de carboidratos irá ser oxidado nos músculos e coração até CO2 e H2O; (b) na presença de carboidratos e de níveis elevados de insulina funcionará como substrato para as sínteses de ácidos graxos e de colesterol. Na primeira eventualidade, a oxidação completa do etanol produzirá 7 quilocalorias por grama da droga, o que mostra seu alto poder calorífico e acentua seu valor como alimento. Ao ingerir grandes quantidades desse alimento tão calórico, o indivíduo acaba descuidando-se de ingerir vitaminas, minerais e outros nutrientes necessários para uma AMANDA FARIA 3º PERÍODO alimentação equilibrada. Por essa razão, esse tipo de “alimentação” é algumas vezes conhecido como rico em calorias vazias. A segunda eventualidade, a ingestão de doses elevadas de álcool na presença de carboidratos e por períodos muito longos, poderá levar a distúrbios metabólicos crônicos presentes no fígado gorduroso e na cirrose hepática. ALTERAÇÕES METABÓLICAS CAUSADAS POR INTOXICAÇÃO POR ETANOL A oxidação do etanol até acetato produz 2 moles de NADH + H+ por mol de etanol. Durante uma intoxicação aguda por álcool, grandes quantidades de NADH serão formadas e o quociente NADH/NAD+ se elevará demasiadamente. Nessa situação, várias reações que utilizam um desses dois cofatores serão afetadas: (FORMAÇÃO DO LACTATO) O aumento do NADH e a consequente baixa nos níveis de NAD+ agirão na desidrogenase láctica, favorecendo a formação do lactato a partir do piruvato: Lactato + NAD+ ↔ Piruvato + NADH + H+ levando ao acúmulo de lactato na célula e no sangue (e a consequente diminuição do seu pH, uma acidose metabólica). Isso é observado no exame de sangue do paciente descrito neste caso clínico. (DIMINUIÇÃO DA GLICONEOGÊNESE) Por outro lado, os baixos níveis de piruvato (na equação acima) levarão à diminuição dos níveis de oxaloacetato produzidos pela reação da piruvato carboxilase e, portanto, diminuirão a gliconeogênese. Piruvato + CO2 ↔ Oxaloacetato Referência Bibliográfica: site – Disciplinas da USP/ material: metabolismo do etanol e intoxicação aguda pelo álcool ALTERAÇÕES CEREBRAIS O álcool é um depressor do sistema nervoso central, ou seja, uma substância que diminui a atividade do cérebro, alterando a ação de neurotransmissores, como o ácido gama-aminobutírico, o glutamato e a serotonina. Conforme a pessoa ingere a bebida, o organismo reage de uma determinada forma, seguindo alguns estágios. Quando a concentração de álcool no sangue é baixa (entre 0,01 e 0,12 gramas/100 mililitros), o indivíduo tende a ficar desinibido, relaxado e eufórico. À medida que essa quantidade aumenta, outras reações aparecem, como lentidão dos reflexos, problemas de atenção, perda de memória, alterações na capacidade de raciocínio e falta de equilíbrio. Em níveis muito altos (a partir de 0,40 gramas/100 mililitros), pode haver intoxicação severa e parada cardiorrespiratória, com possibilidade de sequelas neurológicas e até mesmo morte. Além desses efeitos visíveis e imediatos, o consumo exagerado de álcool, principalmente na infância e adolescência, pode prejudicar o desenvolvimento cerebral, inibir o crescimento de novos neurônios e causar lesões permanentes, além de ser um fator de risco para a depressão ou outro transtorno mental. LESÕES HEPÁTICAS Um órgão bastante afetado pela ingestão de bebidas alcoólicas é o fígado, responsável pelo metabolismo dessas substâncias. Há evidências de que o consumo imoderado de bebidas alcoólicas pode causar esteatose hepática, conhecida também como fígado gorduroso. Essa doença é causada pelo acúmulo de gordura nas células do fígado, podendo regredir ou ficar estável conforme os anos passam, ou evoluir para a hepatite alcoólica, uma inflamação cujos sintomas são dor abdominal, inchaço da barriga, pele e olhos amarelados, náusea, vômito, perda de apetite, entre outros. O abuso da ingestão de bebidas alcoólicas também pode ser responsável pela cirrose hepática, uma lesão crônica que se caracteriza pela formação de cicatrizes (fibrose) e formação de nódulos que bloqueiam a circulação do sangue. Em muitos casos, há a necessidade de transplante do órgão. IRRITAÇÃO DO ESTÔMAGO AMANDA FARIA 3º PERÍODO Fora os conhecidos sintomas de enjoo, náusea e vômito, o álcool pode causar irritações, infecções ou erosões na mucosa gástrica, resultando em uma gastrite aguda. Isso acontece porque a bebida chega primeiro ao aparelho gastrointestinal, aumentando a secreção de ácido clorídrico. O resultado são dores abdominais, queimação, azia, perda de apetite e vômito recorrente. DISFUNÇÃO RENAL Os rins são responsáveis pela filtragem do sangue, eliminação de resíduos nocivos ao organismo, regulação do equilíbrio ácido/básico, manutenção do volume de água no corpo, produção de hormônios, entre outras funções importantes. A ingestão exagerada de álcool pode aumentar a diurese, que é a produção de urina, o que provoca desregulação da concentração de eletrólitos no sangue, elevação da pressão arterial e alteração no funcionamento do órgão. INFLAMAÇÃO DO PÂNCREAS Quem consome muita bebida alcoólica pode desenvolver pancreatite crônica, uma inflamação do pâncreas que provoca endurecimento e redução do tamanho do órgão. As consequências são forte dor na região abdominal, diarreia com fezes gordurosas — devido à menor produção de lipase, enzima responsável pela digestão de gorduras —, perda de peso e diabetes. Essa última decorre das alterações que o álcool pode causar no funcionamento do pâncreas, como a diminuição da produção de insulina ou a incapacidade do órgão de produzir esse hormônio. PROBLEMAS CARDÍACOS Há estudos que mostram que a ingestão de álcool em doses moderadas pode trazer benefícios à saúde por melhorar a circulação sanguínea e proteger o sistema cardiovascular. O vinho tinto, por exemplo, é rico em flavonoides e resveratrol, uma substância antioxidante encontrada na pele e nas sementes das uvas que impede a formação de coágulos de sangue, tem ação anti-inflamatória, neutraliza os radicais livres e reduz o colesterol ruim. Porém, a ingestão excessiva de álcool pode desencadear problemas cardíacos significativos, entre eles: • a cardiomiopatia alcoólica — uma alteração na função contrátil do músculo do coração; • a arritmia — caracterizada pela desregulação do ritmo dos batimentos cardíacos; • o acidente vascular cerebral hemorrágico (AVC hemorrágico) — causado pelo sangramento de uma artéria; • a hipertensão arterial — conhecida popularmente como pressão alta. ENFRAQUECIMENTO DO SISTEMA IMUNOLÓGICO Por entrar facilmente na corrente sanguínea, o álcool percorre todo o organismo, reduz a produção de glóbulos vermelhos e compromete o sistema imunológico, deixando o corpo mais suscetível ao aparecimento de infecções e doenças. Uma pessoa que bebe uma grande quantidade de álcool, mesmo que em uma única ocasião, tem mais chances de desenvolver pneumonia, tuberculose e anemia, por exemplo. AUMENTO DO RISCO DE CÂNCER O consumo excessivo de bebidas alcoólicas pode aumentar o risco de desenvolvimento de alguns tipos de câncer, tais como de laringe, faringe, boca, esôfago, fígado, estômago, intestino e mama. Segundo o Instituto Nacional de CâncerJosé Alencar Gomes da Silva (Inca), a relação dose/resposta entre o consumo de bebidas alcoólicas e o risco de câncer é evidente, sendo que o álcool está associado a 4% dos óbitos por câncer. Referência Bibliográfica: site – Hospital Santa Mônica AMANDA FARIA 3º PERÍODO OBJ 4: Citar os estigmas sociais, diferenciar etilismo; alcoolismo; etilista social. ESTIGMA SOCIAL Quando o uso de álcool e drogas ilícitas passa a ser um problema para a sociedade e promove em seus usuários comportamentos socialmente inaceitáveis, com uma conotação negativa, estes são associados a uma imagem de fraqueza moral, o que pode acarretar em sua exclusão social, tornando-os um grupo vulnerável da população. (CONCEITO DE ESTIGMA) Dentre as formas de exclusão dos usuários de álcool e drogas ilícitas destaca-se o estigma, que está muito relacionado ao preconceito, à marginalização e à eugenia. O estigma representa uma construção social que atua como uma marca que atribui a um indivíduo um status desvalorizado em relação ao outro. (CONSEQUÊNCIAS DO ESTIGMA) O estigma dos usuários de álcool e drogas ilícitas está associado a como a sociedade encara esse problema. Logo, em uma sociedade em que o alcoolismo ou o uso de drogas ilícitas possui uma forte conotação moralizante, o estigma social se torna um grande problema para o usuário. Nesse contexto, o estigma representa importante fonte de danos, especialmente em situações de busca por emprego e moradia, o que resulta em isolamento social e, muitas vezes, em lacunas na utilização dos serviços de saúde. Além disso, alguns teóricos argumentam que o uso/abuso do álcool e outras drogas ilícitas teve, e ainda tem, repercussões nos cenários da desassistência ao usuário, estigma e preconceito, formas de tratamento inadequadas, exclusão familiar, moralidade social, associação ao ócio e à criminalidade. TIPOS DE ESTIGMA Desse modo, a atribuição moral e culpabilização do usuário de álcool e drogas ilícitas pela sociedade podem criar barreiras na qualidade do cuidado em saúde, reforçando sua exclusão e sofrimento(2) e possibilitando o surgimento de dois tipos principais de estigma que se inter-relacionam: (ESTIGMA PÚBLICO E AUTO-ESTIGMA) O estigma público, que ocorre quando um grupo adquire preconceito em relação a outro grupo, e o auto-estigma, no qual membros de um grupo estigmatizado internalizam o estigma público. Assim, os usuários de álcool e drogas ilícitas se sentem e são estigmatizados tanto pela sociedade quanto se auto- estigmatizam, o que origina isolamento social e pode atuar como barreira para os tratamentos médicos e psicológicos(7-8), uma vez que os usuários internalizam todos os preconceitos e exclusões provenientes do estigma público, sendo levados à crença que de fato são moralmente condenáveis e, por isso, não merecedores de quaisquer benefícios, restando-lhes o isolamento social. Referência Bibliográfica: artigo Scielo ALCOOLISMO Alcoolismo é a dependência do indivíduo ao álcool, considerada doença pela Organização Mundial da Saúde. O uso constante, descontrolado e progressivo de bebidas alcoólicas pode comprometer seriamente o bom funcionamento do organismo, levando a conseqüências irreversíveis. A pessoa dependente do álcool, além de prejudicar a sua própria vida, acaba afetando a sua família, amigos e colegas de trabalho. ÁLCOOL NO ORGANISMO O álcool encontrado nas bebidas é o etanol, uma substância resultante da fermentação de elementos naturais. O álcool da aguardente vem da fermentação da cana-de-açúcar, e o da cerveja, da fermentação da cevada, por exemplo. Quando ingerido, o etanol é digerido no estômago e absorvido no intestino. Pela corrente sangüínea suas moléculas são levadas ao cérebro. A longo prazo, o álcool prejudica todos os órgãos, em especial o fígado, que é responsável pela destruição das substâncias tóxicas ingeridas ou produzidas pelo corpo durante a digestão. Dessa forma, havendouma grande dosagem de álcool no sangue, o fígado sofre uma sobrecarga para metabolizá-lo. O álcool no organismo causa inflamações, que podem ser: AMANDA FARIA 3º PERÍODO • Gastrite, quando ocorre no estômago; • Hepatite alcoólica, no fígado; • Pancreatite, no pâncreas; • Neurite, nos nervos. PERIGOS DO ÁLCOOL Apesar de ser aceito pela sociedade, o álcool oferece uma série de perigos tanto para quem o consome quanto para as pessoas que estão próximas. Grande parte dos acidentes de trânsito, arruaças, comportamentos anti-sociais, violência doméstica, ruptura de relacionamentos, problemas no trabalho, como alterações na percepção, reação e reflexos, aumentando a chance de acidentes de trabalho, são provenientes do abuso de álcool. SINAIS DE ALCOOLISMO • - Você já sentiu que deveria diminuir a bebida? • - As pessoas já o irritaram quando criticaram sua bebida? • - Você já se sentiu mal ou culpado a respeito de sua bebida? • - Você já tomou bebida alcóolica pela manhã para “aquecer” os nervos ou para se livrar de uma ressaca? Apenas um “sim” a algumas dessas perguntas sugere um possível problema. Em qualquer dos casos, é importante ir ao médico ou outro profissional da área de saúde, imediatamente, para discutir suas respostas. Eles podem ajudar a determinar se você tem ou não um problema com a bebida, e, se você tiver, poderão recomendar a melhor atitude a ser tomada. Referência Bibliográfica: site – BVS: Biblioteca Virtual da Saúde ETILISTA MODERADO Consideramos um etilista moderado aquela pessoa que bebe álcool, mas o faz de forma esporádica ou em pequena quantidade, como 1 ou 2 dinks por dia, por no máximo 5 dias não consecutivos da semana. ETILISTA PESADO Etilista pesado é aquele que bebe álcool em excesso, ou seja, em quantidades sabidamente prejudiciais ao organismo. O consumo excessivo de álcool expõe o individuo a um elevado risco de desenvolver problemas relacionados à bebida, como alcoolismo (explico sua definição mais à frente), câncer ou disfunções de órgãos importantes, tais como fígado, coração ou cérebro. A definição de consumo pesado de álcool pode variar dependendo da fonte bibliográfica. Em geral, aceita-se as seguintes definições para um etilista pesado: • Consumo de mais de 7 drinks por semana para mulheres ou mais de 14 drinks por semana para homens. • Pelo menos 1 vez por semana, consumo de mais de 3 drinks em um único dia para mulheres ou mais de 4 drinks em um único dia para homens. • 1 episódio de embriaguez por semana. • Consumo de mais de 20 dias seguidos de bebidas alcoólicas em qualquer quantidade. OBJ 5: Descrever o metabolismo da bilirrubina e sua relação com icterícia, apresentar a função e composição biliar. FORMAÇÃO E EXCREÇÃO DA BILIRRUBINA PELO FÍGADO A importância do fígado também reside na sua capacidade de excretar bilirrubina, um metabólito do heme que é, potencialmente, tóxico para o organismo. Recentemente, foi demonstrado que a bilirrubina age como antioxidante, mas ela também possibilita a eliminação do excesso de heme, que é liberado da hemoglobina dos glóbulos vermelhos senescentes. De fato, os glóbulos vermelhos são responsáveis por 80% da produção de bilirrubina. O restante provém AMANDA FARIA 3º PERÍODO de outras proteínas que contêm heme, encontradas em outros tecidos, como o músculo esquelético, e no próprio fígado. A bilirrubina é capaz de atravessar a barreira hematoencefálica e, quando em quantidades excessivas, provoca disfunção cerebral, por razões que ainda não são bem-compreendidas. Se não for tratada, essa condição poderá ser fatal. A bilirrubina e seus metabólitos também se destacam pelo fato de dar cor à bile, às fezes e, em menor grau, à urina. Além disso, quando se acumula na circulação, como resultado de doença hepática, a bilirrubina causa o sintoma comum, a icterícia, ou seja, o amarelamento da pele e das conjuntivas. SÍNTESE DEBILIRRUBINIA (FORMAÇÃO) A bilirrubina é sintetizada do heme por meio de reação que ocorre, em duas etapas, no interior das células fagocíticas do sistema reticuloendotelial, entre elas as células de Kupffer e as células do baço. A enzima heme oxigenase, presente nessas células, libera o ferro da molécula do heme e produz o pigmento verde biliverdina. Esse pigmento, por sua vez, pode passar por redução e originar a bilirrubina amarela. (TRANSPORTE) Como essa molécula é, praticamente, insolúvel nas soluções aquosas com pH neutro, ela é transportada pelo sangue ligada à albumina. (ENTRADA NO FÍGADO E CONJUGAÇÃO) Quando esse complexo chega ao fígado, penetra no espaço de Disse, onde a bilirrubina é captada de forma seletiva pelo transportador OATP localizado na membrana basolateral dos hepatócitos. No compartimento microssômico dessas células, a bilirrubina é conjugada com uma ou duas moléculas de ácido glicurônico, o que aumenta sua solubilidade em meio aquoso. A reação é catalisada pela UDP glicuronil transferase (UGT). Essa enzima é sintetizada, de modo lento, após o nascimento, fato que explica por que a icterícia leve é relativamente comum em recém-nascidos. (BILIRRUBINA CONJUGADA) A bilirrubina conjugada é, então, secretada na bile pela ação da proteína relacionada com múltiplos fármacos (MRP2), localizada na membrana canalicular do hepatócito. As formas conjugadas da bilirrubina não podem ser reabsorvidas do lúmen do intestino e isso garante que elas sejam excretadas. (RETIRADA) Entretanto, o transporte da bilirrubina através do hepatócito, mais especificamente, sua retirada da corrente sanguínea, é um processo relativamente ineficiente, por isso existe certa quantidade de bilirrubina conjugada e não conjugada no plasma, mesmo sob condições normais. Ambas circulam ligadas à albumina, mas a forma conjugada está ligada mais fracamente e, por essa razão, pode ser encontrada na urina. (CONJUGAÇÃO NO CÓLON) No cólon, a bilirrubina conjugada é desconjugada pela ação de enzimas bacterianas, e a bilirrubina liberada é metabolizada por bactérias que produzem urobilinogênio, que é reabsorvido, e urobilinas e estercobilinas, que são excretadas. O urobilinogênio absorvido, por sua vez, pode ser captado pelos hepatócitos e reconjugado, o que dá a essa molécula mais uma oportunidade de ser excretada. AVALIAÇÃO DA DOENÇA HEPÁTICA A quantificação da bilirrubina plasmática, bem como a determinação do tipo de bilirrubina encontrado (conjugada ou não conjugada), constitui instrumento importante, para a avaliação da doença hepática. A presença de bilirrubina não conjugada, a forma de bilirrubina que, na prática, está totalmente ligada à albumina e não pode ser excretada na urina, reflete a deficiência de UGT (ou retardo temporário e normal de sua maturação nos bebês), ou a oferta excessiva e súbita de heme que sobrecarrega o mecanismo de conjugação (como ocorre nas reações de transfusão e nos recém- nascidos, com sistema Rhesus incompatível). A bilirrubinemia conjugada, por sua vez, é caracterizada pela presença de bilirrubina na urina. Como consequência, a urina adquire coloração escura. Esse achado indica a presença de defeito genético que afeta o transportador responsável pela secreção do glicuronídeo e do diglicuronídeo de bilirrubina para o canalículo, ou bloqueio do fluxo da bile, talvez causado por cálculo biliar obstrutivo. Nos dois casos, o fígado produz bilirrubina conjugada, que, por não ter mais via de saída, regurgita de volta para o plasma e é, então, excretada na urina. Referência Bibliográfica: livro de fisiologia – Berne e Levy AMANDA FARIA 3º PERÍODO ICTERÍCIA A icterícia pode ser pré, pós ou intra-hepática. A icterícia é óbvia clinicamente quando as concentrações de bilirrubina plasmática excedem 50 μmol/L (3 mg/dL). A hiperbilirrubinemia é o resultado de um desequilíbrio entre a sua produção e a sua excreção. As causas da icterícia são convencionalmente classificadas como: • pré-hepática: aumento na produção de bilirrubina; • intra-hepática: insuficiência hepática na captação, conjugação ou secreção de bilirrubina; • pós-hepática: obstrução da drenagem biliar. ICTERÍCIA PRÉ-HEPÁTICA A icterícia pré-hepática resulta da produção excessiva de bilirrubina como consequência de hemólise, ou uma anormalidade genética na captura hepática da bilirrubina não conjugada. A hemólise é frequentemente o resultado de doença imune, presença de células vermelhas estruturalmente anormais ou a degradação do sangue extravasado. A hemólise intravascular libera hemoglobina no plasma, onde ela é oxidada em meta-hemoglobina (Cap. 5) ou complexada com a haptoglobina. Mais frequentemente, células vermelhas são hemolisadas extravascularmente, dentro de fagócitos, e a hemoglobina é convertida em bilirrubina; essa bilirrubina não é conjugada. As bilirrubinas não conjugada e conjugada podem ser quimicamente distinguidas. ICTERÍCIA INTRA-HEPÁTICA A icterícia intra-hepática reflete uma disfunção generalizada dos hepatócitos. Nesta condição, a hiperbilirrubinemia é geralmente acompanhada por outras alterações nos marcadores bioquímicos da função hepatocelular. Em recém-nascidos, a icterícia passageira é comum, particularmente em prematuros, e é devido à imaturidade das enzimas envolvidas na conjugação da bilirrubina. A bilirrubina não conjugada é tóxica para o cérebro imaturo e causa uma condição conhecida de kernicterus. Se as concentrações de bilirrubina plasmática são julgadas muito altas, a fototerapia com luz azul-branca, a qual isomeriza a bilirrubina a muitos pigmentos solúveis que devem ser excretados com a bile, ou a transfusão sanguínea para remover o excesso de bilirrubina são necessárias para evitar o kernicterus. ICTERÍCIA PÓS-HEPÁTICA A icterícia pós-hepática é causada pela obstrução da árvore biliar. A bilirrubina plasmática é conjugada e outros metabólitos biliares, tais como os ácidos biliares, acumulam-se no plasma. Os aspectos clínicos são fezes pálidas, causadas pela ausência de bilirrubina e urobilina fecal, e urina escura como resultado da presença de bilirrubina conjugada hidrossolúvel. Na obstrução completa, o urobilinogênio e a urobilina estão ausentes da urina, como pode não haver conversão intestinal da bilirrubina a urobilinogênio/urobilina, e por isso nenhuma excreção renal de urobilinogênio/urobilina reabsorvida. CAUSAS GENÉTICAS DA ICTERÍCIA Existem inúmeros distúrbios genéticos que prejudicam a conjugação e secreção da bilirrubina. A síndrome de Gilbert, que afeta até 5% da população, causa uma moderada hiperbilirrubinemia não conjugada, que é inofensiva e assintomática. Isto é devido a uma modesta redução na atividade da uridina difosfato (UDP) glucuronil transferase. Outras doenças hereditárias do metabolismo de bilirrubina são raras. A síndrome de Crigler-Najjar, que é resultado da ausência completa ou redução acentuada na conjugação de bilirrubina, causa uma hiperbilirrubinemia não conjugada grave que se apresenta no nascimento; quando a enzima está completamente ausente, a condição é fatal. As síndromes de Dubin-Johnson e a de Rotor prejudicam a secreção biliar da bilirrubina conjugada e, portanto, causam uma hiperbilirrubinemia conjugada que é geralmente branda. Referência Bibliográfica: livro de bioquímica – Bioquímica Médica/Dominiczak e Baynes AMANDA FARIA 3º PERÍODO OBJ 6: Compreender a fisiologia hepática (metabolismos- hepático, carboidrato e lipídio), coagulação, remoção e excreção de fármacos, secreção hormonal, formação de proteínas plasmáticas, armazenamento de ferro, reservatório de sangue e secreção de bile). FUNÇÕES RESUMIDAS DO FÍGADO Os hepatócitos secretam diariamente de 800 a 1.000 mℓ de bile, um líquido amarelo, marrom ou verde
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