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Anamnese: Importância e Maneiras de Realizar

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Anamnese 
INTRODUÇÃO 
A anamnese significa trazer de volta à mente todos os fatos 
relacionados com a doença e o paciente. De início, deve-se 
ressaltar que, a anamnese é a parte mais importante da 
medicina, visto que, a anamnese é o núcleo em torno do qual 
se desenvolve a relação médico-paciente, que, por sua vez, 
é o principal pilar do trabalho do médico. Além disso, é cada 
vez mais evidente que o progresso tecnológico somente é 
bem utilizado se o lado humano da medicina é preservado. 
Com isso, conclui-se que, cabe à anamnese uma posição 
ímpar, insubstituível, dentro da prática médica. 
A anamnese, se for bem feita, resulta em decisões 
diagnósticas e terapêuticas corretas, porém, se malfeita, 
desencadeia uma série de consequências negativas, as quais 
não podem ser compensadas com a realização de exames 
complementares, por mais sofisticados que sejam. Ainda, 
vale ressaltar que, uma das principais causas da perda de 
qualidade do trabalho médico é justamente a redução do 
tempo dedicado a anamnese. 
Em suma, a anamnese é uma entrevista e é o melhor 
instrumento para fazer a triagem e analisar os sintomas, 
reconhecer problemas de saúde e preocupações e registrar 
as maneiras como a pessoa responde a essas situações, 
permitindo aventar hipóteses diagnósticas consistentes, 
além de abrir espaço para a promoção da saúde. 
POSSIBILIDADES E OBJETIVOS DA ANAMNESE 
à Estabelecer condições para uma adequada relação 
médico-paciente; 
à Conhecer, por meio da identificação, os determinantes 
epidemiológicos que influenciam o processo saúde-doença 
de cada paciente; 
à Fazer a história clínica, registrando, detalhada e 
cronologicamente, os problemas de saúde do paciente; 
à Registrar e desenvolver práticas de promoção da saúde; 
à Avaliar o estado de saúde passado e presente do 
paciente, conhecendo os fatores pessoais, familiares e 
ambientais que influenciam seu processo saúde-doença; 
à Conhecer os hábitos de vida do paciente, bem como suas 
condições socioeconômicas e culturais; 
à Avaliar, de maneira clara, os sintomas de cada sistema 
corporal. 
MANEIRAS DE SE FAZER ANAMNESE 
A anamnese pode ser conduzida das seguintes maneiras: 
à Deixar o paciente relatar, livre e espontaneamente, suas 
queixas sem nenhuma interferência, limitando-se a ouvi-lo; 
à De outra maneira, denominada anamnese dirigida, o 
médico, tendo em mente um esquema básico, conduz a 
entrevista mais objetivamente. O uso dessa técnica exige 
rigor técnico e cuidado na sua exposição, de modo a não se 
deixar levar por ideias preconcebidas; 
à Outra maneira, é o médico deixar, inicialmente, o 
paciente relatar de maneira espontânea suas queixas, para 
depois conduzir a entrevista de modo mais objetivo. 
A história clínica, portanto, não é o simples registro de uma 
conversa. É mais do que isso: é o resultado de uma entrevista 
com objetivo explícito, conduzido pelo examinador e cujo 
conteúdo foi elaborado criticamente por ele. Pode-se 
afirmar que, a anamnese é a parte mais difícil do método 
clínico, mas também a mais importante. 
Para fazer uma entrevista de boa qualidade, antes de tudo o 
médico deve estar interessado no que o paciente tem a 
dizer. Ao mesmo tempo, é necessário demonstrar 
compreensão e desejo de ser útil à aquela pessoa. 
TEMPO DA ANAMNESE 
Os estudantes que estão fazendo sua iniciação clínica gastam 
horas para entrevistar um paciente, pois são obrigados a 
seguir roteiros longos, preestabelecidos; é necessário que 
seja assim, pois nessa fase, precisam percorrer todo o 
caminho para conhece-lo, para que somente após isso 
possam criam “atalhos” sem perder a qualidade da 
entrevista. 
Nas doenças agudas ou de início recente, em geral 
apresentando poucos sintomas, é perfeitamente possível 
conseguir uma história clínica de boa qualidade em 10 
minutos, ao passo que nas doenças de longa duração, com 
sintomatologia variada, não se gastarão menos do que 30 a 
60 minutos. 
à Em qualquer situação, aproveita-se, também, o momento 
em que está sendo executado o exame físico para novas 
Beatriz Loureiro Referência: PORTO, C.C. Semiologia Médica. 8ed. Rio de Janeiro. Guanabara, 2019. 
 
indagações, muitas delas despertadas pela observação do 
paciente. 
A pressa é o defeito da técnica mais grosseiro que se pode 
cometer durante a obtenção da história. Este erro pode 
ter graves consequências no atendimento aos pacientes. 
OBSERVAÇÃO: Há muitas doenças cujos diagnósticos são 
feitos quase exclusivamente pela história, como, por 
exemplo, epilepsia, enxaqueca e neuralgia do trigêmeo, isso 
sem falar dos transtornos psiquiátricos, cujo diagnóstico 
apoia-se integralmente nos dados da anamnese. Muitas 
vezes, alguns dados da anamnese tornam-se mais claros se 
voltarmos a eles durante o exame físico do paciente. 
RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS PARA SE FAZER 
UMA BOA ANAMNESE 
à É no primeiro contato que reside a melhor oportunidade 
para fundamentar uma boa relação entre o médico e o 
paciente; 
à Cumprimente o paciente, perguntando logo o nome dele 
e dizendo-lhe o seu. Não use termos como “vovô”, 
“vozinho”, “vozinha” para as pessoas idosas; 
à Demonstre atenção ao que o paciente está falando e 
procure identificar de pronto alguma condição especial, 
como dor, sonolência, ansiedade, hostilidade, tristeza, 
confusão mental, para que se saiba a maneira de conduzir a 
entrevista; 
à Conhecer e compreender as condições socioculturais do 
paciente representa uma ajuda inestimável para reconhecer 
a doença e entender o paciente; 
à Perspicácia e tato são qualidades indispensáveis para a 
obtenção de dados sobre doenças estigmatizantes ou 
distúrbios que afetam a intimidade da pessoa; 
à Ter sempre o cuidado de não sugestionar o paciente com 
perguntas que surgem de ideias preconcebidas; 
à O tempo reservado à anamnese distingue o médico 
competente do incompetente, o qual tende a transferir para 
as máquinas e o laboratório a responsabilidade do 
diagnóstico; 
à Sintomas bem investigados e mais bem compreendidos 
abrem caminho para um exame físico objetivo; 
à A causa mais frequente de erro diagnóstico é uma história 
clínica mal obtida; 
à Obtida as queixas, estas devem ser elaboradas 
mentalmente pelo médico, de modo a encontrar o 
desenrolar lógico dos acontecimentos, que é a base do 
raciocínio clínico; 
à Os dados fornecidos pelos exames complementares 
nunca corrigem as falhas e as omissões cometidas na 
anamnese; 
à Somente a anamnese possibilita ao médico uma visão de 
conjunto do paciente, indispensável para a prática de uma 
medicina de excelência. 
SEMIOTÉCNICA DA ANAMNESE 
A anamnese se inicia com a pergunta do tipo “o que o senhor 
está sentindo?”, “qual é o seu problema?”. 
O médico tem de estar com vontade de ajudar o paciente a 
relatar seus padecimentos. Para conseguir tal intento, 
Bickley e Szilagyi (2010) sugerem que o examinador utilize 
uma ou mais das seguintes técnicas: apoio, facilitação, 
reflexão, esclarecimento, confrontação, interpretação, 
respostas empáticas e silêncio. 
ELEMENTOS COMPONENTES DA ANAMNESE 
A anamnese é classicamente desdobrada nas seguintes 
partes: identificação, queixa principal, história da doença 
atual (HDA), interrogatório sintomatológico (IS), 
antecedentes pessoais e familiares, hábitos e estilo de vida, 
condições socioeconômicas e culturais. 
IDENTIFICAÇÃO 
A identificação é o perfil sociodemográfico do paciente que 
permite a interpretação de dados individuais e coletivos. 
Apresentam múltiplos interesses; o primeiro deles é de 
iniciar o relacionamento com o paciente, saber o nome de 
uma pessoa é indispensável para que se comece um 
processo de comunicação em nível afetivo. Além do 
interesse clínico, também dos pontos de vista pericial, 
sanitário e médico-trabalhista, esses dados são de relevância 
para o médico. A data em que é feita a anamnese é sempre 
importante e, quando as condições clínicas modificam-se 
com rapidez, convém acrescentar a hora. 
Os elementos descritos a seguir são obrigatórios.NOME 
Primeiro dado da identificação. “Paciente do leito 5” ou 
“aquele caso de cirrose hepática da Enfermaria 7” são 
expressões que jamais devem ser usadas para caracterizar 
uma pessoa. 
IDADE 
Cada grupo etário tem a sua própria doença, e bastaria essa 
assertiva para tornar clara a importância da idade. 
Beatriz Loureiro 
A todo momento, o raciocínio diagnóstico se apoia nesse 
dado e, quando se fala em “em doenças próprias da 
infância”, está se consagrando o significado do fator idade 
no processo de adoecimento. Além disso, no contexto da 
anamnese, a relação médico-paciente apresenta 
peculiaridades de acordo com as diferentes faixas etárias. 
SEXO/GÊNERO 
Há enfermidades que só ocorrem em determinado sexo, 
como a hemofilia, transmitida pelas mulheres, mas que só 
aparece nos homens. Também, existem doenças específicas 
para cada sexo no que se refere aos órgãos sexuais. As 
doenças endócrinas adquirem muitas particularidades em 
função desse fator. 
COR/ETNIA 
Embora não sejam coisas exatamente iguais, na prática elas 
se confundem. No Brasil, onde existe uma intensa mistura 
de etnias, é preferível o registro da cor da pele como faz o 
IBGE usando-se a seguinte nomenclatura: 
à Cor branca; 
à Cor parda; 
à Cor preta. 
A influência da etnia no processo do adoecimento conta com 
muitos exemplos; o mais conhecido é o da anemia 
falciforme, uma alteração sanguínea específica dos negros, 
mas que, em virtude da miscigenação, pode ocorrer em 
pessoas de outra cor. Outro exemplo é a hipertensão 
arterial, que mostra comportamento evolutivo diferente nos 
pacientes negros: além de ser mais frequente nesse grupo, a 
hipertensão arterial apresenta maior gravidade, com lesões 
renais mais intensas e maior incidência de acidentes 
vasculares encefálicos. Em contrapartida, pessoas de cor 
branca estão mais predispostas aos cânceres de pele. 
ESTADO CIVÍL 
É de suma importância o reconhecimento do estado civil, 
além das DSTs, aspectos médico-trabalhistas e periciais 
podem estar envolvidos, e o conhecimento do estado civil 
passa a ser um dado valioso. 
PROFISSÃO 
Doenças ocupacionais. É um dado de crescente importância 
na prática média e, sobre ele teceremos algumas 
considerações em conjunto com o item que se segue. 
• Local de Trabalho 
Não basta registrar a ocupação atual. Faz-se necessário 
indagar sobre outras atividades já exercidas em épocas 
anteriores. Por isso, nos prontuários, devem constar os itens 
profissão e local de trabalho na identificação, e os itens 
ocupação atual e ocupações anteriores nos hábitos de vida. 
Em algumas ocasiões, existe uma forte relação direta entre 
o trabalho do indivíduo e a doença que lhe acometeu. 
EXEMPLO: Indivíduos que trabalham em pedreiras ou minas 
podem sofrer uma doença pulmonar determinada por 
substâncias inaladas ao exercerem sua profissão à 
pneumoconiose. Locais empoeirados ou enfumaçados à 
agravam os padecimentos dos portadores de asma 
brônquica, bronquite brônquica, enfisema pulmonar e 
DPOC. 
NATURALIDADE 
Local onde o paciente nasceu. 
PROCEDÊNCIA 
Importante para doenças infecciosas/parasitárias. Ainda, ao 
atender a um paciente que mora em Goiânia (GO), mas que 
anteriormente residiu em Belém (PA), deve-se registrar esta 
última localidade como a procedência. 
Em casos de pacientes em trânsito, a procedência confunde-
se com a residência, dependendo do referencial. Por 
exemplo: no caso de um executivo que reside em São Paulo 
(SP) e faz uma viagem de negócios para Recife (PE), caso seja 
atendido em um hospital em Recife, sua procedência será 
São Paulo. Caso procure uma assistência médica logo depois 
de seu retorno a São Paulo, sua procedência será Recife. 
OBSERVAÇÃO: É sempre importante perguntar ao paciente 
se o mesmo viajou recentemente quando houver 
desconfiança de, por exemplo, malária e Doença de Chagas. 
RESIDÊNCIA 
Anota-se a residência atual. Nesse local, deve ser incluído o 
endereço do paciente. 
NOME DA MÃE 
Anotar o nome da mãe do paciente é uma regra comum nos 
serviços de saúde no sentido de diferenciar os pacientes 
homônimos. 
NOME DO RESPONSÁVEL, CUIDADOR E/OU 
ACOMPANHANTE 
Beatriz Loureiro 
O registro do nome do responsável, cuidador e/ou 
acompanhante de crianças, adolescentes, pessoas idosas, 
tutelados ou incapazes (problemas de cognição, por 
exemplo) faz-se necessário para que se firme a relação de 
corresponsabilidade ética no processo de tratamento do 
paciente. 
RELIGIÃO 
A religião à qual o paciente se filia tem relevância no 
processo saúde-doença. Alguns dados bastante objetivos, 
como a proibição à hemotransfusão em testemunhas de 
Jeová e o não uso de carnes pelos fiéis da Igreja Adventista, 
têm uma repercussão importante no planejamento 
terapêutico. 
FILIAÇÃO A ÓRGÃOS/INSTITUIÇÕES 
PREVIDENCIÁRIAS E PLANOS DE SAÚDE 
Ter conhecimento desse fato possibilita o correto 
encaminhamento para exames complementares, outros 
especialistas ou mesmo a hospitais, nos casos de internação. 
QUEIXA PRINCIPAL OU MOTIVO DA CONSULTA 
Neste ponto, registra-se o motivo que levou o paciente a 
procurar o médico, repetindo, se possível, as expressões por 
ele utilizadas. Se trata de uma afirmação breve e 
espontânea, geralmente um sinal ou um sintoma, nas 
próprias palavras da pessoa que expressa o motivo da 
consulta. Pode ser uma anotação entre aspas para indicar 
que se trata das palavras exatas do paciente. 
Sinal à é um dado objetivo notado pelo paciente e 
observado pelo examinador ou por exames. 
Sintoma à é uma sensação subjetiva anormal percebida 
pelo paciente e não observada pelo examinador. 
Mas, vale ressaltar que, caso o paciente disser que seu 
problema é “pressão alta” ou “menopausa”, deve-se 
procurar esclarecer o sintoma que ficou subentendido sob 
outra denominação. Às vezes, o paciente já recebeu de um 
médico o diagnóstico de uma doença. Neste caso, o motivo 
da consulta pode ser baseado naquele diagnóstico obtido 
pelo próprio paciente em um site da internet. Portanto, 
algumas vezes é razoável o registro de um diagnóstico como 
motivo da consulta. 
Por exemplo, se o paciente falar “meu problema é 
hemorroida”, deve-se colocar “sangramento pelo ânus”. 
Não raramente, uma pessoa pode enumerar “vários 
motivos” para procurar assistência médica. O motivo mais 
importante pode não ser o que ela enunciou primeiro. Para 
se identificar a queixa principal, nesse caso, deve-se 
perguntar o que a levou a procurar atendimento médico ou 
o que mais a incomoda. 
Quando o paciente chega ao médico encaminhado por outro 
colega ou outra instituição da área da saúde, no item 
correspondente à “queixa principal” registra-se de modo 
especial o motivo da consulta. Por exemplo: para um jovem 
que teve vários surtos de doença reumática, com ou sem 
sequelas cardíacas, e que vai ser submetido a uma 
amigdalectomia e é encaminhado ao clínico ou cardiologista 
para averiguação da existência de “atividade reumática” ou 
alteração cardiovascular que impeça a execução da 
operação proposta, registra-se, como motivo da consulta: 
“Avaliação pré-operatória de amigdalectomia. O paciente já 
teve vários surtos de doença reumática”. 
SUGESTÕES PARA OBTER A “QUEIXA 
PRINCIPAL” 
à Qual o motivo da consulta? 
à Por que o (a) senhor (a) me procurou? 
à O que o (a) senhor (a) está sentindo? 
à O que o (a) está incomodando? 
EXEMPLOS DE “QUEIXA PRINCIPAL” 
à Dor de ouvido, dor no peito há duas horas, exame da 
admissão para o trabalho. 
HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL 
A história da doença atual (HDA) é um registro cronológico e 
detalhado do motivo que levou o paciente a procurar 
assistência médica, desde o seu início até a data atual. A HDA 
é a parte principal da anamnese e costuma ser mestra para 
chegar ao diagnóstico. 
NORMAS PARA SE OBTER UMA BOA HDA 
à Deixe que o paciente fale sobre sua doença; 
à Identifique o sintoma-guia; 
à Descreva o sintoma-guia com suas características e 
analise-o minuciosamente; 
à Verifique se a históriaobtida tem começo, meio e fim; 
à Não induza respostas; 
à Apure evolução, exames e tratamentos realizados em 
relação à doença atual; 
Beatriz Loureiro 
à Resuma a história que obteve para o paciente, a fim de 
ele possa confirmar ou corrigir algum dado ou acrescentar 
alguma coisa. 
SINTOMA-GUIA 
Sintoma-guia não é necessariamente o mais antigo, mas tal 
atributo deve ser sempre levado em conta. Não é obrigatório 
que seja a primeira queixa relatada pelo paciente, porém, 
isso também não pode ser menosprezado. Nem é, 
tampouco, de maneira sistemática, o sintoma mais realçado 
pelo paciente. Na verdade, não é existe uma regra fixa para 
determinar o sintoma-guia. 
Como orientação geral, o profissional deve escolher como 
sintoma-guia a queixa de mais longa duração, o sintoma 
mais salientado pelo paciente ou tomar como sintoma-guia 
a “queixa principal”. 
O passo seguinte é determinar a época em que teve início 
aquele sintoma. A pergunta padrão pode ser “quando o 
senhor começou a sentir isso?” Nem sempre o paciente 
consegue se lembrar de datas exatas, mas, dentro do 
razoável, é indispensável estabelecer a época provável do 
início do sintoma. Nas doenças de início recente, os 
acontecimentos a elas relacionadas ainda estão vivos na 
memória e será fácil recordá-los, ordenando-os 
cronologicamente. Em contrapartida, afecções de longa 
duração e de começo insidioso com múltiplas manifestações 
causam maior dificuldade. Nesses casos mais complexos, é 
válido utilizar-se de certos artifícios, procurando relacionar 
os sintomas com eventos fáceis de serem lembrados 
(casamento, gravidez, mudanças, acidentes). 
O terceiro passo consiste em investigar a maneira como 
evoluiu o sintoma. Muitas perguntas devem ser feitas, e cada 
sintoma tem características semiológicas próprias. Constrói-
se uma história clínica com base no modo como evoluem os 
sintomas. 
Concomitantemente com a análise da evolução do sintoma-
guia, o examinador estabelece as correlações e as inter-
relações com outras queixas. A análise do sintoma-guia e 
dos outros sintomas termina com a obtenção de 
informações sobre como eles estão no presente momento. 
Visto em conjunto esse esquema básico para a confecção da 
anamnese, verifica-se que a meta almejada é obter uma 
história que tenha início, meio e fim. 
Fica claro, também, que cada história clínica bem-feita tem 
um fio condutor. Apesar das dificuldades iniciais, o 
estudante deve esforçar-se para fazer uma história que 
tenha o sintoma-guia como espinha dorsal, enquanto os 
outros sintomas se articulam com ele para formar um 
conjunto compreensível e lógico. As principais histórias são 
sempre repletas de omissões por faltar ao estudante 
conhecimentos sobre as doenças. Por isso, espera-se apenas 
que ele consiga delinear a “espinha dorsal” da história e que, 
com o passar do tempo, torne-se capaz de conseguir a 
reconstituição de uma história clínica, por mais complexa 
que seja. 
ESQUEMA PARA ANÁLISE DE UM SINTOMA 
Os elementos que compõem o esquema para análise de 
qualquer sintoma são: 
à Início; 
à Características do sintoma; 
à Fatores de melhora ou piora; 
à Relação com outras queixas; 
à Evolução; 
à Situação atual. 
INTERROGATÓRIO SINTOMÁTICO 
Essa parte da anamnese, denominada também anamnese 
especial ou revisão dos sistemas, constitui, na verdade, um 
complemento da história da doença atual. O interrogatório 
sintomatológico documenta a existência ou ausência de 
sintomas comuns relacionados com cada um dos principais 
sistemas corporais. 
à A principal utilidade prática do interrogatório 
sintomatológico reside no fato de permitir ao médico 
levantar possibilidades e reconhecer enfermidades que não 
guardam relação com o quadro sintomatológico registrado 
na HDA. Por exemplo: o relato de um paciente conduziu ao 
diagnóstico de gastrite e, no IS, houve referência a edema 
dos membros inferiores. Esse sintoma pode despertar uma 
nova hipótese diagnóstica que vai culminar no encontro de 
uma cirrose. 
Em outras ocasiões, é no IS que se origina a suspeita 
diagnóstica mais importante. Essa possibilidade pode ser 
ilustrada com o caso de um paciente que procurou o médico 
concentrando a sua preocupação em uma impotência 
sexual. Ao ser feita a revisão dos sistemas, vieram à tona os 
sintomas polidpsia, poliúria e emagrecimento, queixas às 
quais o paciente não havia dado importância. No entanto, a 
partir delas o médico levantou a suspeita de diabetes melito. 
OBSERVAÇÃO: Antes de começar o IS, explique como você 
irá fazer uma revisão da “cabeça aos pés”, mesmo não tendo 
relação com o sistema que o motivou a procura-lo. Para tirar 
o máximo proveito das atividades práticas, registre os 
sintomas presentes e os negados pelo paciente. 
Beatriz Loureiro 
Inicie a avaliação de cada sistema corporal com essas 
perguntas gerais. Exemplos: “como estão seus olhos e 
visão?”, “como anda sua digestão?” ou “seu intestino 
funciona regularmente?”. 
Não induza respostas com perguntas que afirmem ou 
neguem o sintoma, como por exemplo: “o senhor está com 
falta de ar, não é” ou “o senhor não está com falta de ar, não 
é mesmo?”. Nesse caso, o correto é apenas questionar: “o 
senhor sente falta de ar?”. 
ANTECEDENTES PESSOAIS 
 Considera-se a avaliação do estado de saúde passado e 
presente do paciente, conhecendo fatores pessoais e 
familiares que influenciam seu processo saúde-doença. Em 
crianças e indivíduos de baixa idade, a análise dos 
antecedentes pessoais costuma ser feita com mais facilidade 
do que em outras faixas etárias. Às vezes, uma hipótese 
diagnóstica leva o examinador a uma indagação mais 
minuciosa de algum aspecto da vida pregressa. Por exemplo: 
ao se identificar uma cardiopatia congênita, investiga-se a 
possível ocorrência de rubéola na mãe durante o primeiro 
trimestre da gravidez. O interesse dessa indagação é por 
saber-se que essa virose costuma causar defeitos congênitos 
em elevada proporção dos casos. 
Antecedentes pessoas fisiológicos: 
GESTAÇÃO E NASCIMENTO 
à Como decorreu a gravidez; 
à Uso de medicamentos ou radiações sofridas pela 
genitora; 
à Virose durante a gestação; 
à Condições de parte (normal, fórceps, cesariana); 
à Estado da criança ao nascer; 
à Ordem do nascimento (se é primogênito, segundo filho); 
à Número de irmãos. 
DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR E NEURAL 
à Dentição: informações sobre a primeira e segunda 
dentições, registrando-se a época em que apareceu o 
primeiro dente; 
à Engatinhar e andar: anotar as idades em que essas 
atividades tiveram início; 
à Fala: quando começou a pronunciar as primeiras palavras; 
à Desenvolvimento físico: peso e tamanho ao nascer e 
posteriores medidas. Averiguar sobre o desenvolvimento 
comparativamente com os irmãos; 
à Controle dos esfíncteres; 
à Aproveitamento escolar. 
DESENVOLVIMENTO SEXUAL 
à Puberdade: estabelecer época de seu início; 
à Menarca: estabelecer idade da primeira menstruação; 
à Sexarca: estabelecer idade da primeira relação sexual; 
à Menopausa (última menstruação): estabelecer época do 
seu aparecimento; 
à Orientação sexual: atualmente, usam-se siglas como 
HSM, HSH, HSMH, MSM, MSHM, em que: H, homem; M, 
mulher e S, faz sexo com. 
Antecedentes pessoais patológicos: 
DOENÇAS SOFRIDAS PELO PACIENTE 
Começando-se pelas mais comuns na infância (sarampo, 
varicela, coqueluche, caxumba, doença reumática, 
amigdalites) e passando às da vida adulta (pneumonia, 
hepatite, malária, pleurite, tuberculose, hipertensão 
arterial, diabetes, entre outras). Pode ser que o paciente não 
saiba informar o diagnóstico, mas consegue se lembrar de 
determinado sintoma ou sinal que teve importância para ele, 
como icterícia e febre prolongada. Faz-se, então, um 
retrospecto de todos os sistemas, dirigindo ao paciente 
perguntas relativas às doenças mais frequentes de cada um. 
ALERGIAS 
Quando se depara com um caso de doença alérgica, essa 
investigação passa a ter relevância especial, mas, 
independente disso,é possível e útil tomar conhecimento da 
existência de alergias e alimentos, medicamentos e outras 
substâncias. Se o paciente já sofreu de afecções de fundo 
alérgico (eczema, urticária, asma), esse fato merece registro. 
CIRURGIAS E OUTRAS INTERVENÇÕES 
Anotam-se as intervenções cirúrgicas, referindo-se os 
motivos que a determinaram. Havendo possibilidade, 
registrar a data, o tipo de cirurgia, o diagnóstico que a 
justificou e o nome do hospital onde foi realizada. 
TRAUMATISMO 
Beatriz Loureiro 
É necessário indagar sobre o acidente em si e sobre as 
consequências deste. A correlação entre um padecimento 
atual e um traumatismo anterior pode ser sugerida pelo 
paciente sem muita consistência. Nesses casos, a 
investigação anamnésica necessita ser detalhada para que o 
examinador tire uma conclusão própria a respeito da 
existência ou não da correlação sugerida. 
TRANSFUSÕES SANGUÍNEAS 
Anotar número de transfusões, quando ocorreu, onde e por 
quê. 
HISTÓRIA OBSTÉTRICA 
Anotar o número de gestações (G), de partos (P), de abortos 
(A), de prematuros e de cesarianas (C) (G_P_A_C). Neste 
item, caso o paciente seja do sexo masculino, indaga-se o 
número de filhos, enfatizando-se a importância da 
paternidade. 
VACINAS 
Anotar as vacinas (qual, época da aplicação). 
MEDICAMENTOS EM USO 
Anotar nomes, posologia, motivo, quem prescreveu. 
ANTECEDENTES FAMILIARES 
Os antecedentes começam com a menção ao estado de 
saúde (quando vivos) dos pais e irmãos do paciente. Se for 
casado, inclui-se o cônjuge e, se tiver filhos, estes são 
referidos. Não se esquecer dos avós, tios e primos paternos 
e maternos do paciente. Se tiver algum doente na família, 
esclarecer a natureza da enfermidade. Em caso de 
falecimento, deve-se perguntar a causa do óbito e a idade 
em que ocorreu. 
Pergunta-se sistematicamente sobre a existência de 
enxaqueca, diabetes, tuberculose, hipertensão arterial, 
câncer, doenças alérgicas, doença arterial coronariana 
(infarto agudo do miocárdio, angina de peito), AVC, 
dislipidemias, úlcera péptica, colelitíase e varizes, que são as 
doenças com caráter familiar mais comuns. 
Quando o paciente é portador de uma doença de caráter 
hereditário (hemofilia, anemia falciforme, rins policísticos, 
erros metabólicos), torna-se imprescindível um 
levantamento genealógico mais rigoroso e, nesse caso, 
recorre-se às técnicas de investigação genética. 
HÁBITOS DE VIDA 
ALIMENTAÇÃO 
No exame físico, serão estudados os parâmetros para avaliar 
o estado de nutrição do paciente; todavia, os primeiros 
dados a serem obtidos são os seus hábitos alimentares. 
Toma-se como referencia o que seria a alimentação 
adequada para aquela pessoa em função da idade, do sexo 
e do trabalho desempenhado. Induz-se o paciente a 
discriminar sua alimentação habitual, especificando, tanto 
quanto possível, o tipo e a quantidade dos alimentos 
ingeridos (anamnese alimentar). 
OCUPAÇÃO ATUAL E OCUPAÇÕES ANTERIORES 
Deve-se questionar e obter informações tanto da ocupação 
atual quando das ocupações anteriores exercidas pelo 
paciente. 
ATIVIDADES FÍSICAS 
Deve-se questionar qual tipo de exercício físico realiza, a 
frequência, duração e tempo de prática. 
CONSUMO DE TABACO 
Deve-se questionar o tipo, quantidade, frequência, duração, 
abstinência e se já tentou parar de fumar. 
CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS 
Deve-se registrar o tipo de bebida e a quantidade 
habitualmente ingerida, bem como frequência, duração do 
vício e abstinência (se já tentou parar de beber). 
USO DE ANABOLIZANTES E ANFITAMINAS 
O uso de anabolizantes levam à dependência e estão 
correlacionadas com doenças cardíacas, renais, hepáticas, 
endócrinas e neurológicas. A utilização de anfetaminas, de 
maneira indiscriminada, leva à dependência química e, 
comprovadamente, causa prejuízos à saúde. Alguns 
sedativos também causam dependência química e devem 
ser sempre investigados. 
CONSUMO DE DROGAS ILÍCITAS 
Não deixar de questionar sobre tipo de droga, quantidade 
habitualmente ingerida, frequência, duração do vício e 
abstinência. 
CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS E CULTURAIS 
HABITAÇÃO 
Beatriz Loureiro 
à Zona Rural: Casa de alvenaria? Saneamento? 
à Zona Urbana: Favelas? Quantidade de cômodos? Coleta 
de lixo? Contato com pessoas doentes? Queimadas? 
CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS 
Situação profissional, renda, dependência econômica. Todo 
médico precisa conhecer as possibilidades econômicas do 
paciente, principalmente sua capacidade financeira para 
comprar medicamentos e realizar exames complementares. 
CONDIÇÕES CULTURAIS 
à Religiosidade, tradições, crenças, medicina popular, grau 
de alfabetização. Sempre respeitar! 
VIDA CONJUGAL E RELACIONAMENTO 
FAMILIAR 
Investiga-se o relacionamento entre pais e filhos, entre 
irmãos e entre os cônjuges. 
 
 
 
Beatriz Loureiro

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