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(Fruticultura - Volume 4 Culturas da acerola e maracujazeiro

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UNIVERSIDADE FEDEERAL RURAL DO SEMIÁRIDO (UFERSA) 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS VEGETAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CULTURAS DA ACEROLEIRA E DO 
MARACUJAZEIRO 
 
 
 
VANDER MENDONÇA 
LUCIANA FREITAS DE MEDEIROS 
 
 
Apoio Financeiro 
 
 
 
 
 2 
 
BOLETIM TÉCNICO 
 
 
 
 
 
 
VOLUME 4 
 
- CULTURAS DA ACEROLEIRA E DO MARACUJAZEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
VANDER MENDONÇA 
LUCIANA FREITAS DE MEDEIROS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MOSSORÓ-RN, 2011 
 
 
 
 3 
AUTORES 
VANDER MENDONÇA 
 
Possui Graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Lavras 
(1997), Mestrado em Agronomia/Fitotecnia pela Universidade Federal Rural do Semi-
Árido (2000) e Doutorado em Agronomia (Fitotecnia/Fruticultura) pela Universidade 
Federal de Lavras (2005) e Pós-Doutorado em Agronomia (Fitotecnia/Fruticultura) pela 
Universidade Federal de Lavras (2011). Atualmente é professor Adjunto III na 
Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA), responsável pelas disciplinas: 
Fruticultura (Graduação), Propagação de Frutíferas, Fruticultura Tropical II e Citricultura 
(Pós-graduação) e também Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq Nível 2. 
É líder do Grupo de Pesquisa Propagação, Nutrição, Adubação e Tratos Culturais de 
Frutíferas de Clima Tropical e Sub-Tropical e participa como membro do Grupo de 
Pesquisa Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas ambos cadastrados no CNPq. Na 
UFERSA é lider do Grupo de pesquisa Pesquisa em Fruticultura . Tem experiência na área 
de Agronomia, com ênfase em Fruticultura, atuando principalmente nos seguintes temas: 
propagação, adubação e condução de espécies frutíferas de clima tropical. Contatos: Prof. 
Dr. Vander Mendonça (Fruticultura) Fone (84) 3317-8548, E-mails: vander@ufersa.edu.br, 
vander.mendonca@pq.cnpq.br, vanderm2000@hotmail.com, 
fruticulturaufersa@yahoogrupos.com.br, Home page: http://prof-
vanderufersa.webnode.com.br/ 
 
LUCIANA FREITAS DE MEDEIROS 
 
Possui Graduação em Engenharia Agronomica pela Universidade Federal Rural do 
Semiárido (2009). Atualmente é aluna do curso de mestrado em Fitotecnia da Universidade 
Federal Rural do Semiárido. É Bolsista do CNPq. Participa do Grupo de Pesquisa 
Propagação, Nutrição, Adubação e Tratos Culturais de Frutíferas de Clima Tropical e Sub-
Tropical cadastrado no CNPq. Na UFERSA também participa do Grupo Pesquisa em 
Fruticultura. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Micropropagação de 
Ornamentais, além de Fruticultura, atuando principalmente nos seguintes temas: 
propagação, adubação e condução de espécies frutíferas de clima tropical. Contatos: 
Engenheira Agrônoma Luciana Freitas de Medeiros, Fone (84) 3317-8548 E-mails: 
lucisfreitas@hotmail.com, fruticulturaufersa@yahoogrupos.com.br, Home page: 
http://prof-vanderufersa.webnode.com.br/ 
 
 
 
 4 
CAPÍTULO l 
CULTURA DA ACEROLEIRA 
(Malpighia glabra L) 
 
1. INTRODUÇÃO 
A aceroleira, também conhecida por Cereja-das-antilhas, é uma planta 
ainda pouco conhecida, tanto que existem divergências quanto à sua correta 
classificação botânica. A maioria dos autores supõe tratar-se de Malpighi glabra 
L., mas existem aqueles que julgam que a espécie cultivada é M. punicifolia L. ou 
mesmo M. emarginata D.C. 
A acerola é uma planta nativa das Antilhas, América Central e do norte da 
América do Sul. Por ser uma planta rústica e resistente, a acerola se propaga com 
facilidade em toda parte do mundo. 
O interesse pela acerola e os estudos sobre suas potencialidades 
econômicas, no entanto, só foram despertadas à partir dos anos 40, quando 
descobriu-se na porção comestível da fruta altos teores de ácido ascórbico, ou 
seja, vitamina C. Sendo assim, o consumo de acerola é indicado para o combate 
de várias doenças humanas, como a gripe e infecções pulmonares, controle de 
hemorragias nasais e gengivais, auxilia no tratamento de doenças do fígado, além 
de evitar a perda de apetite e dores musculares. 
 
2. TAXONOMIA E MORFOLOGIA 
2.1. Taxonomia 
A aceroleira pertence à família Malpighiaceae e gênero Malpighia, o qual é 
formado por 39 a 41 espécies de arbustos e pequenas árvores, sempre verdes, a 
maioria delas encontradas em estado nativo nas Antilhas, América Tropical, em 
grande parte do México, América Central e Ilhas do Caribe, sendo cultivadas 
principalmente como plantas ornamentais e poucas delas exploradas como 
espécies frutíferas. 
Reino: Plantae 
Divisão: Tracheophyta 
Subdivisão: Spermatophytina 
Classe: Angiospermae 
 
 
 
 5 
Subclasse: Dicotyledonae 
Ordem: Geraniales 
Família: Malpighiaceae 
Gênero: Malpighia 
Espécie: Malpighia emarginata D.C. 
 
2.2. Morfologia 
2.2.1. Planta 
A aceroleira é um arbusto ou uma árvore pequena, com tronco único, 
freqüentemente ramificado, com pequeno ou médio porte. No caso do plantio 
comercial, as plantas são mantidas a uma altura de 1,3 a 2,5 m, formando uma 
copa densa, constituída de numerosos ramos lenhosos, espalhados e 
normalmente curvados para baixo. Quando as plantas são cultivadas livremente 
(sem podas), podem alcançar uma altura de 6 a 9 metros porém, não é adequado 
essa altura para plantios comerciais. 
O crescimento da planta pode ser longitudinal ou lateral e desenvolve-se 
das axilas das folhas, nos ramos do ano anterior ou nos ramos do mesmo ano. As 
ramificações terminais possuem de 15 a 30 cm de comprimento, com entrenós 
longos, folhas longas e largas. As ramificações laterais surgem das axilas das 
folhas, têm entrenós curtos, folhas agrupadas, mais curtas e estreitas. 
 
2.2.2. Raiz 
O sistema radicular é formado por uma raiz pivotante ou por raízes axiais, 
sendo que a maior parte delas estão localizadas na parte mais superficial do solo. 
 
2.2.3. Folha 
A grande variação encontrada na arquitetura das plantas, na disposição 
das folhas, na coloração das flores e quanto à presença de acúleos urticantes nas 
folhas de algumas plantas em lavouras comerciais desta fruteira, talvez indiquem 
que existam indivíduos de mais de uma espécie sendo cultivados entre nós. 
As folhas da planta são inteiras, opostas, de pecíolo curto, subpapiráceas a 
papiráceas (consistência do papel), variavelmente obovadas (de forma ovada, 
mas com a parte mais larga voltada para o ápice), em algumas plantas ovaladas 
 
 
 
 6 
ou elípticas-lanceoladas, lisas ou onduladas, de coloração verde-pálida na face 
inferior. 
 As folhas estão localizadas sobre os brotos de ramificações terminais, de 
coloração verde-escura e brilhante na face superior e verde-pálido na inferior, são 
simples, inteiras e tem posição oposta, com pecíolo curto, de forma oval, ovalada, 
elíptica ou elíptico-lanceoladas, geralmente compridas, com um comprimento 
médio de 4 a 6 cm, podendo variar de 2,2 a 10 cm; uma largura média de 1,23 a 
2,62 cm e com uma variação de 0,6 a 4 cm; elas têm um ápice obtuso e 
normalmente emarginado (pequena reentrância no ápice), raramente agudo; base 
aguda a acuneada (forma de cunha). As folhas das ramificações laterais são mais 
curtas, com 3 a 4,2 cm de comprimento e estreitas, com 1,7 a 2,1 cm de largura. 
Existem plantas com e sem pêlos nas folhas e nos pequenos ramos. 
 
2.2.4. Flor 
As inflorescências e as flores podem tanto originar-se na axila das folhas 
dos ramos maduros em crescimento, como também nas axilas das folhas do ramo 
recém brotado, onde crescem isoladas ou em cachos de dois ou mais frutos. A 
planta forma as inflorescências de coloração rosa, rosa-esbranquiçada, violeta-
esbranquiçada a vermelha, as quais estão dispostas em cimeiras axilares 
(inflorescências com ramificação sempre terminal que acaba sempre em uma flor 
e com número definido de ramos), pedunculadas, com 2-3 a 4-5 flores em média, 
podendo variar de 1 a 6; os racimos (cachos) em forma de umbela (numerosas 
flores pedunculadas) se inserem na mesma altura do eixo principal, com 1,5 a 2 
cm de comprimento, chegando até 2,5 cm. 
As flores surgem sempre após umsurto de crescimento vegetativo e estão 
dispostas em pequenos cachos axilares, são de coloração (dependendo do clone) 
branca, rósea-esmaecida, rosa-pálida a violeta esbranquiçada e, aparecendo na 
planta depois de um surto de crescimento vegetativo, são originadas das axilas 
das folhas dos ramos maduros ou das axilas das folhas dos ramos de brotações 
recentes ou novos; estas flores são hermafroditas ou perfeitas (flor masculina e 
feminina na mesma planta e na mesma flor), pequenas, medindo 
transversalmente cerca de 1,2 a 2,5 cm. 
 
 
 
 7 
O cálice possui entre 6 a 10 pequenas sépalas sésseis (sem pedúnculo), 
de coloração verde. A corola é formada por 5 pétalas persistentes, franjadas ou 
irregularmente dentadas, algumas ou todas com glândulas sésseis, podendo ter 
de 6 a 10 por cálice, as pétalas com garras finas e de coloração verde, 
apresentando 10 estames funcionais. 
Os estames, em número de 10, são glabros (sem pêlos), bem formados, 
todos sustentando na sua extremidade uma antera; tem os filetes unidos na sua 
base e são todos funcionais. 
O gineceu (parte feminina da flor) é tricarpelar, constituído de ovário 
globular, glabro, súpero, fusionado, com 3 lóculos e 3 estilos; com estilo truncado 
ou obtuso no ápice, mas raras vezes levemente uncinado (que produz ganchos 
na superfície); estilos laterais grossos, levemente curvados, com 3 a 3,5 mm em 
média, podendo variar de 2,5 a 4 mm. 
A aceroleira produz flores em abundância, contudo o índice de pegamento 
de frutos é pequeno, o que se deve à baixa eficiência de polinização aberta. A 
iniciação floral ocorre antes de 8 a 10 dias da emissão da gema, do aparecimento 
do botão floral à antese (abertura) da flor, decorrendo, em geral, 7 dias e da 
antese até o amadurecimento do fruto cerca de 21 a 32 dias. A planta, quando 
originada de propagação vegetativa (estaquia e enxertia) com irrigação e 
adubação, inicia seu florescimento depois de 5 a 7 meses do plantio da muda no 
campo. As mudas propagadas por sementes, nas mesmas condições, florescem 
e frutificam depois do segundo ano. Em clima tropical, a planta produz 
regularmente entre 9 e 12 anos de idade, enquanto em clima subtropical, uma 
planta permanece em produção durante 12 a 15 anos depois de seu plantio no 
campo. 
 
2.2.5. Fruto 
O fruto da acerola é uma pequena drupa carnosa, tripirenóide ou 
tricarpelada, de forma ovóide deprimida a subglobosa, arredondada, ovalada ou 
cônica e, quando maduro, de cor vermelha, roxa ou amarela, normalmente mais 
largo do que comprido; o fruto tem um comprimento (altura) de 1 a 2,5 cm, 
variando de 1,82 a 4,11 cm de diâmetro e peso de 3 a 8 gramas, mas os frutos 
maiores podem ter um peso de até 16,4 gramas. 
 
 
 
 8 
As aceroleiras crescem isoladas ou em cachos de 2 ou mais frutos, sempre 
na axila das folhas, notando-se que os frutos que crescem isolados geralmente 
são maiores quando comparados com aqueles formados em cachos. Um fruto 
contém em sua polpa cerca de 80% ou mais de suco, sendo que 60 a 70% deste 
suco é facilmente extraído. 
O epicarpo é muito fino e delicado; a casca tem a superfície lisa ou 
sensivelmente trilobada, tornando-se membranosa, muito fina e delicada, sendo 
facilmente lesionada durante o manuseio incorreto do fruto maduro; a parte 
externa apresenta-se de cor verde, quando o fruto está em desenvolvimento, 
passando para uma cor amarelo-púrpura, amarelo-laranja, vermelho-alaranjada, 
vermelho a vermelho-escura, quando está em plena maturação. O mesocarpo é 
formado por células grandes e suculentas, com polpa macia, sucosa, ácida, 
subácida, ligeiramente doce, ou doce acidulada em algumas variedades, de sabor 
agradável e bem característico. 
No interior do fruto existem 3 caroços unidos no centro do mesocarpo, os 
quais dão origem a 3 expansões laterais, que têm formas de asas ou cristas 
longitudinais, com textura resistente e apergaminhada. Os caroços (reticulados e 
mais ou menos trilobados) são duros e constituem o endocarpo, podendo ou não 
conter uma semente no interior de cada um, formada por células alongadas e 
lignificadas, de fibras vasculares adjacentes, sendo que a semente falta com 
muita freqüência, devido à ocorrência de anormalidades no seu desenvolvimento, 
na formação do óvulo, pela deterioração do saco embrionário, como falta de 
polinização, na ausência de fertilização, pelo abortamento do embrião ou devido à 
incompatibilidade bem acentuada por auto-cruzamento. Cada semente está 
inserida num caroço reticulado, têm a forma ovóide, é pequena, com 2,5 a 5,1 mm 
de comprimento por 1,8 a 3,2 mm de largura e mostra em sua extremidade mais 
estreita uma saliência, que é a radícula embrionária, sendo constituída por 2 
cotilédones maciços, que encerram entre eles, na região axial e em conexão com 
a radícula, a plântula ou meristema apical. 
A planta tem capacidade para formar de 2 a 4 safras em clima subtropical, 
de 3 a 6 safras em clima tropical e, quando são adubadas, irrigadas e com uma 
condução adequada, podem florescer e frutificar continuamente em clima tropical. 
Os frutos, quando estão completamente maduros, desprendem-se facilmente da 
 
 
 
 9 
planta e caem no solo, sofrendo lesões na casca e na polpa, principalmente por 
sua casca fina, delicada e pelo seu alto conteúdo de suco na polpa. 
 
3. VARIEDADES 
Admite-se que as variedades de aceroleira pertençam a dois grupos, sendo 
um produtor de frutas ácidas e outro de frutas doces. As frutas doces são mais 
agradáveis para o consumo ao natural, mas dado o teor mais elevado de ácido 
ascórbico que as frutas ácidas apresentam, a produção comercial requer a 
utilização de variedades pertencentes a este grupo. 
Ainda são poucas e mal conhecidas as variedades desta frutífera 
existentes no Brasil, as principais delas tendo como centro de origem núcleos de 
produtores existentes no Pará. Dentre essas destacam-se as seguintes: 
- Okinawa: Parece tratar-se de uma introdução do exterior feita por produtores da 
Cooperativa COPAMA de Castanhal, PA. Há indicações de que é uma excelente 
produtora. Seus frutos apresentam cerca de 2.000mg de vitamina C por 100 
gramas de polpa, teor este que pode cair para 800mg nos períodos extremamente 
chuvosos. 
- Inada : É um clone originado de semente trazida do exterior, muito produtivo, 
chegando a mais de 120 quilos de fruta por ano, com um teor de vitamina C da 
ordem de 1.500mg por 100 gramas de polpa. 
- Flor branca : Caracteriza-se por ser um produtor constante, não parando mesmo 
nos períodos mais secos. Os seus frutos apresentam cerca de 1.700mg de 
vitamina C por 100 gramas de polpa. 
- Numero Um : Trata-se de uma seleção feita pela Cooperativa de Tomé-Açu, no 
Pará, que também apresenta características que a tornam muito interessante. 
 Existem outras introduções de materiais selecionados no exterior, inclusive 
Estados Unidos da América, mas todas são "seedlings" e, portanto, nenhuma tão 
interessante como os citados. 
Entre as variedades produtoras de frutos doces destacam-se a Florida 
Sweet e a Manoa Sweet. 
Em diversas outras regiões do País procura-se selecionar clones de 
acerola que apresentem características desejáveis, como boa arquitetura da 
planta, folhas sem pelos urticantes, alta produtividade de frutos grandes, com a 
 
 
 
 10 
casca de coloração vermelho intenso e a polpa laranja-vivo à maturação e 
apresentando pelo menos 1.500mg de vitamina C por 100 gramas de polpa. 
 
4. CLIMA 
A aceroleira é uma planta rústica, que se desenvolve muito bem em clima 
tropical e sub-tropical, sendo sensível, porém, às geadas. Em regiões de clima 
ameno, durante o período seco e frio, a planta permanece em repouso, porém 
quando a temperatura se eleva e as precipitações se iniciam, a vegetação e o 
florescimento se mantêm de modo quase contínuo. 
O ideal são temperaturas médias de 26ºC, com precipitação anual variando 
entre 1.200 e 1.600mm. As chuvas temgrande influência sobre a produção e a 
qualidade dos frutos. Quando bem distribuídas, concorrem para um período de 
produção mais amplo e para frutos de maior tamanho. Chuvas excessivas 
provocam a formação de frutos aquosos, menos ricos em açúcares e em vitamina 
C. 
 
5. SOLO 
A planta se desenvolve bem em quase todos os tipos de solos. Os de 
textura argilo-arenosa, de mediana fertilidade, por reterem maior teor de umidade, 
são os mais indicados. 
Na escolha do terreno deve-se levar em conta que a planta é bastante 
suscetível ao ataque de nematóides, especialmente do gênero Meloidogyne, 
razão pela qual a área escolhida deverá estar isenta destes inimigos. 
 
6. PROPAGAÇÃO 
A propagação pode ser feita por meio de sementes, estaquia e enxertia. A 
propagação por sementes, dado o baixo poder germinativo em decorrência do 
aborto do embrião, é da ordem de 20%, e por resultar em pomares desuniformes, 
só é viável para a obtenção de porta-enxertos para propagação por enxertia. 
Atualmente, porém, o método mais utilizado é a propagação por estaquia, 
que pode empregar tanto estacas lenhosas como herbáceas. 
A propagação por sementes é feita em canteiros, caixas ou outros 
vasilhames conveniente preparados. As sementes, extraídas de frutos maduros, 
 
 
 
 11 
são lavadas e imediatamente semeadas nos canteiros, em sulcos distanciados de 
10cm, antes de secarem. 
A germinação ocorre após 20 a 25 dias. Quando as plantinhas atingirem de 
6 a 10cm devem ser transplantadas com o solo que envolve as raízes para sacos 
plásticos previamente preparados, cheios de um substrato rico e desinfestado 
(Veja no capítulo sobre maracujá o preparo de um substrato de boa qualidade). 
Após o transplante deve-se irrigar abundantemente, repetindo-se essa 
operação sempre que necessário mas evitando-se o encharcamento. 
Quando se dispõe de clones selecionados, a propagação deverá ser feita 
por estaquia ou enxertia. A estaquia é feita a partir de estacas semi-lenhosas, 
com folhas, obtidas de ramos vigorosos, com 3 a 10mm de diâmetro e 20 a 25cm 
de comprimento, coletadas antes do florescimento, de preferência previamente 
tratadas com uma solução do ácido indolbutírico a 6.000 mg.L-1 por um período de 
5 segundos. A espécie admite ainda a estaquia em casa de vegetação, a partir de 
estacas herbáceas, feita com a parte terminal já lignificada dos ramos, em câmara 
úmida, o que exige instalações próprias. 
O método de enxertia mais empregado é a garfagem em inglesa simples, 
em cavalos com diâmetro de até 40mm. Os garfos são obtidos dos segmentos 
terminais dos ramos, com 6 a 8 gemas, resultando em um pegamento da ordem 
de 85 a 90% e estando as mudas em condições de ir para o campo 60 dias após 
a operação. 
 Também bastante utilizada é a enxertia por borbulhia em "T", feita em 
porta-enxertos com diâmetro de um lápis a mais ou menos 20cm de altura. 
Quando as mudinhas estiverem com mais de 30cm de altura (em torno de 
6 meses a partir da germinação ou da estaquia) podem ser plantadas no pomar, 
tendo-se o cuidado de eliminar o saco plástico sem quebrar o torrão que protege 
as raízes. 
 
7. CALAGEM 
Durante o preparo do solo para o plantio deverá ser feita uma calagem com 
calcário dolomítico, procurando assegurar uma saturação por bases da ordem de 
70%. Essa calagem deverá ser repetida sempre que a análise do solo revelar 
uma saturação por bases inferior a 60%. 
 
 
 
 12 
 
8. ADUBAÇÃO 
8.1. Adubação de plantio 
As covas de plantio deverão ser adubadas com 30 litros de esterco de 
curral, 1,5 litro de torta de mamona, 200 gramas de calcário dolomítico e 500 
gramas de superfosfato simples, adubos estes que devem ser bem misturados 
como a terra e a mistura usada para reenchê-la. 
 
8.2. Adubação química em cobertura 
Os poucos estudos existentes indicam ser a acerola uma planta 
quantitativamente pouco exigente em nutrientes. Como ela vegeta e produz 
intensamente na maior parte do ano, no entanto, é necessário que encontre no 
solo os nutrientes de que necessita. Por esta razão recomenda-se a aplicação 
das quantidades anuais de fertilizantes indicadas na Tabela 1, calculadas para 
solos com teores baixos de fósforo e potássio. 
 
Tabela 1 . Quantidades anuais de fertilizantes em função da idade da planta, em 
gramas de nutrientes por planta. 
Idade N P2O5 K2O 
Primeiro ano 60 75 150 
Segundo ano 150 187,5 375 
Terceiro ano 200 250 500 
Quarto ano em diante 200 125 500 
 
Estas quantidades deverão ser divididas em quatro parcelas aplicadas no 
período chuvoso do ano, sendo que o fósforo poderá ser todo aplicado em uma 
só vez, preferivelmente em abril, na forma de produto solúvel, como o 
superfosfato ou termofosfato. Esta aplicação será feita em cobertura, na área de 
concentração das raízes absorventes, ou seja, em uma faixa de 
aproximadamente 30cm ao redor da planta, ficando 2/3 sob a projeção da copa e 
1/3 fora dela nos primeiros dois anos de vida do pomar. Do quarto ano em diante, 
os fertilizantes serão aplicados em uma faixa de 50cm de largura e dois metros de 
comprimento, ao lado das plantas e na projeção de sua copa. 
 
 
 
 13 
8.3. Adubação orgânica 
A adubação orgânica é importante para a cultura, não só porque a planta 
responde bem às adições deste produto mas também porque solos com teores 
elevados deste componente dificultam a proliferação, a níveis elevados, de 
nematóides fitófagos. Por estas razões é importante a adição, uma vez por ano, 
de pelo menos 20 litros de esterco de curral bem curtido por planta. 
 
8.4. Adubação com micronutrientes 
Durante o período de safra, deverão ser feitas, a cada 60 dias, aplicações 
foliares com uma fórmula fertilizante preparada com sulfato de zinco a 0,3% e 
ácido bórico a 0,1%. 
 
9. PLANTIO 
As covas deverão ter as dimensões mínimas de 40x40x40cm, sendo 
preparadas com pelo menos trinta dias de antecedência em relação ao plantio. 
O espaçamento a ser adotado varia com a fertilidade do terreno em que o 
pomar será implantado, dos tratos culturais e da arquitetura das plantas. Para as 
condições do Estado de Mato Grosso do Sul o espaçamento indicado varia de 5 
m x 4 m a 6 m x 5 m. 
A operação de plantio consiste em se retirar cuidadosamente o saco 
plástico que envolve o torrão, de modo a não quebrá-lo, deixando a sua face 
superior no mesmo nível ou pouco acima do nível normal do terreno. 
Após a construção de uma bacia de irrigação em torno da muda, é feita 
uma rega com pelo menos 40 litros de água. Esta rega deverá ser repetida 
sempre que necessário, agora com uma menor quantidade de água mas de forma 
a assegurar que a nova planta não seja prejudicada pela seca. 
 
10. TRATOS CULTURAIS 
A muda deverá ser submetida a uma poda de formação, de modo a originar 
uma planta com copa baixa, em forma de taça. Para isto, quando a planta estiver 
com uma altura de 60 a 70cm, deverá ser feita a poda de formação, que consiste 
na eliminação da porção terminal do ramo principal em local já lignificado e a uma 
altura de 50 cm do solo. Da brotação resultante escolhem-se 3 a 4 ramos, 
 
 
 
 14 
dispostos radialmente em torno dos 10 cm terminais do tronco e que irão formar a 
futura copa. 70 a 80 dias após a realização da poda de formação é feita uma 
desbrota para eliminar toda a brotação abaixo de 40 cm de altura e o excesso de 
ramos surgidos acima deste ponto, deixando 3 a 4 pernadas nos 10cm terminais 
do tronco único. 
Para uma melhor operacionalização da colheita, é fundamental que a 
planta seja adequadamente formada, de modo a que a produção se concentre na 
periferia da copa, em local de fácil acesso. É preciso também eliminar o excesso 
de ramos internos, de forma a promover uma melhor ventilação e insolação no 
interior da copa, com a conseqüente melhoria no seu estado sanitário. Para isso, 
no final do período seco do ano, será realizada a eliminação dos ramos mortos, 
doentes, raquíticos,mal situados e daqueles em excesso, de forma a que a planta 
fique com no máximo 4 pernadas dispostas radialmente em torno do tronco. 
Esta poda é repetida anualmente com o objetivo de eliminar os ramos 
secos, doentes e mal situados. Também devem ser eliminados os ramos internos, 
que não são alcançados pelos colhedores na operação de coleta dos frutos. 
Devem ser retirados ainda os ramos em excesso existentes no interior da planta, 
mas deixando intatos os que se situam na periferia da copa. 
Esta poda tem também a finalidade de limitar o crescimento vertical da 
planta, o que se consegue cortando todos os ramos que ultrapassam 2 metros de 
altura, com um corte inclinado feito com tesoura de poda, pouco acima de uma 
gema voltada para a parte externa da copa. 
 
11. PRAGAS 
Apesar da rusticidade da acerola, a incidência de algumas pragas de maior 
ou menor interesse econômico tem sido observada com freqüência nas áreas de 
produção, destacando-se, na estação seca, a dos pulgões. 
 
11.1. Pulgões 
Podem causar sérios prejuízos à planta. Ao sugarem a parte final dos 
ramos, provocam seu murchamento e morte, o que força a planta a gerar brotos 
laterais. O ideal, neste caso, é fazer pulverizações de óleo mineral emulsionável, 
 
 
 
 15 
na concentração de 1 a 1,5% em água. Os pomares irrigados por aspersão sobre 
a copa têm apresentado, em geral, menor índice de infestação. 
 
11.2. Bicudo 
Faz sua oviposição no ovário das flores e nos frutos em desenvolvimento 
dos quais se alimenta nas primeiras etapas de seu crescimento. Em geral, os 
frutos atacados pelo bicudo ficam deformados. O controle se faz através de 
pulverizações com inseticidas apropriados na época do florescimento, repetindo-
se a pulverização após dez dias. Ainda, recolher e enterrar todos os frutos caídos 
no chão e eliminar as outras espécies do gênero Malpighia existentes nas 
proximidades do pomar. 
 
11.3. Nematóides 
É a maior importância econômica. A aceroleira é muito sensível ao ataque 
de nematóides, principalmente os do gênero Meloidogyne. As plantas atacadas 
enfraquecem e apresentam menor desenvolvimento, tanto da parte aérea como 
das raízes, que encurtam e engrossam. Obter mudas sadias, produzidas em solos 
não infestados com fitonematóides, e utilizar leguminosas como Crotalaria 
spectabilis e Crotalaria paulinea para posterior incorporação ao solo são dicas 
para evitar a praga. 
 
11.4. Outras 
Poderá ocorrer também o ataque de cochonilhas e cigarrinhas ainda não 
identificadas, porém de controle simples. Em geral esses insetos são controlados, 
sem maiores custos, ao se proceder às pulverizações para o combate das pragas 
de importância econômica. 
Em certas épocas do ano, a mosca-das-frutas (Ceratitis capitata) causa 
prejuízos aos frutos da acerola. Recomenda-se a utilização de paration ou óleo 
mineral para o controle das cochonilhas e de enxofre para o controle dos ácaros, 
além de produtos à base de fenthion, como isca ou em pulverização, contra a 
mosca-das-frutas. 
 
 
 
 
 
 16 
12. DOENÇAS 
O fungo Sphaceloma sp. já foi identificado causando uma lesão em frutos 
verdes e em folhas referida como pinta preta. A incidência de Colletotrichum sp. já 
foi mencionada em frutos em início de maturação. Também é referida uma 
cercosporiose, ocasionando uma mancha parda circundada por um halo amarelo-
pálido. 
A cultura é suscetível ao ataque de nematóides fitófagos, cujos sintomas se 
caracterizam por um nanismo das plantas novas, amarelecimento e redução do 
tamanho das folhas de plantas de qualquer idade, redução da produtividade em 
plantas adultas e, em casos mais severos, chegam a levá-la à morte. Nas raízes 
atacadas podem ser observadas partes apodrecidas e grandes quantidades de 
galhas. Estudos conduzidos entre nós indicam que as espécies que causam 
maiores danos são Meloidogyne incognita e M. javanica. Para Pratylenchus 
brachyurus e Radopholus similis a planta é considerada hospedeiro pouco 
favorável, apesar de haver relatos de danos ocasionados também por M. 
arenaria. Tem-se observado que os danos ocasionados por nematóides nesta 
cultura são de intensidade muito variável em função da suscetibilidade individual 
das plantas. Enquanto não se dispõe de variedades resistentes ou tolerantes, 
recomenda-se: 
a) rigoroso tratamento do solo usado na formação das mudas; 
b) uma criteriosa seleção da área em que a cultura será instalada; 
c) uso intensivo de matéria orgânica como meio de aumentar a atividade biológica 
no solo, especialmente de inimigos naturais. 
 
13. COLHEITA 
A frutificação inicia-se dois ou três anos após o plantio. O período que vai 
do florescimento à colheita leva em média 20 a 25 dias, sendo que este período 
pode variar em função das condições ambientais da região produtora. 
Nas regiões mais quentes o período de produção prolonga-se por até 8 
meses, indo de outubro a maio. Nas regiões de clima mais ameno, o período de 
colheita se reduz para 4 a 6 meses. 
Algumas plantas apresentam ciclos de florescimento bem definidos, em 
geral a cada 25 dias, durando, em média, 10 dias cada um. Outras florescem 
 
 
 
 17 
continuamente, de tal forma que a maturação dos frutos também ocorre 
continuadamente. Como nem todas as plantas se comportam uniformemente, a 
colheita de frutos em uma lavoura tem que ser feita diariamente durante a maior 
parte do período produtivo anual. 
Esta operação consiste em se colher cuidadosamente os frutos no estádio 
de maturação desejada e deposita-los em um balde plástico de boca larga 
colocado no chão. Como os teores mais elevados de vitamina C são encontrados 
em frutos "de vez", e como estes são mais firmes e resistentes que os mais 
maduros, a colheita deve ser feita neste estádio de maturação, o que se 
reconhece por apresentarem a parte basal ainda colorida de verde. O colhedor 
deve ter as suas duas mãos livres, pois se trabalhar com apenas uma o 
rendimento cai para até 30%. Quando o balde encher, a carga deve ser 
cuidadosamente despejada em caixas plásticas de colheita, anteriormente 
distribuídas na área. 
Algumas pessoas, ao entrar em contato com certas plantas de aceroleira, 
podem apresentar forte reação de sensibilização, caracterizada pela formação de 
placas eruptivas vermelhas na pele, conhecidas como urticária. Esta reação é 
devida à pequenos acúleos, semelhantes ao juçá, que as folhas de algumas 
plantas apresentam, o que pode requerer que, nos casos mais severos, seja 
prudente submete-las a avaliação médica. 
Como a fruta é extremamente delicada e não suporta grande pressão, a 
caixa de colheita usada nesta operação deve ser um contentor especial, com as 
dimensões externas de 55cm de comprimento por 35,5cm de largura e com a 
metade da altura normal, ou seja, 15cm, o qual comporta cerca de 12 quilos de 
frutas. Como durante a operação de colheita e transporte para o barracão de 
embalagem estas caixas são empilhadas umas sobre as outras, é importante que 
elas não sejam totalmente cheias. Enquanto aguardam o transporte para o 
barracão, as caixas devem permanecer à sombra da própria planta, protegidas do 
sol. Dada a grande perecibilidade do fruto, o transporte destas caixas para o 
barracão deverá ser feito o mais rapidamente possível, não podendo exceder 
algumas poucas horas. 
Ao chegarem do campo, as frutas deverão ser prontamente resfriadas para sustar 
o processo de maturação. Como no mercado de fruta in natura as cotações são 
 
 
 
 18 
muito mais remuneradoras, a produção deve ser prioritariamente remetida à ele. 
Para isto os frutos de melhor qualidade, íntegros, de maior tamanho e coloração 
mais atraente devem ser lavados e então classificados em lotes uniformes quanto 
ao tamanho, coloração e estádio de maturação, embalados em sacolas plásticas 
com 500 gramas de capacidade e então colocados novamente nos contentores 
plásticos para serem congelados. Os frutos que não apresentaremqualidade para 
remessa ao mercado de fruta fresca, serão colocados à granel nos contentores e 
também congelados, para posterior remessa às indústrias processadoras. 
 
14. RENDIMENTO 
Uma aceroleira adulta produz de 30 a 50 quilos de frutas por ano, havendo 
plantas, em pomares bem conduzidos, que chegam a apresentar produtividade 
bem maior. A produtividade varia de 10 a 20 t/ha/ano. 
 
15. COMERCIALIZAÇÃO 
 A comercialização da acerola é feita principalmente na forma de polpa 
congelada e sucos; devido ao curto período de conservação pós-colheita dos 
frutos. São comercializados em bandejas de isopor e plástico, em pequenas 
escalas. 
 
REFERÊNCIAS 
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FUNEP/FCAV/UNESP, 1992, p.15-37. 
 
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CORREA, F. L. O., SOUZA, C. A. S., CARVALHO, J. G. e MENDONCA, V. 
Fósforo e zinco no crescimento de mudas de aceroleira. Revista Brasileira de 
Fruticultura . Jaboticabal/SP. v.24, n.3, p. 793-796, dez. 2002 
 
GONTIJO, T. C. A.; RAMOS, J. D.; MENDONCA, V.; PIO, R.; ARAUJO NETO, S. 
E. de.; CORREA, F. L. O. Enraizamento de diferentes tipos de estacas de 
 
 
 
 19 
aceroleira utilizando ácido indolbutírico. Revista Brasileira de Fruticultura . 
Jaboticabal/SP. v.25, n.2, p. 290-292, Agosto, 2003. 
 
COUCEIRO, E.M. A importância do consumo de acerola para a saúde 
humana, e virtude do seu alto teor em vitamina "C" . Recife, Universidade 
Federal Rural de Pernambuco, s.d. 
 
EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL. A acerola: 
cereja-das-antilha, na alimentação humana . Brasília, 1985. 5p. 
 
FERRAZ, L.C.C.B.; MONTEIRO, A.R.; INOMOTO, M.M. Hospedabilidade da 
acerola em relação a sete espécies de fitonematóides. Nematologia Brasileira , 
13, 1989. 39-49. 
 
FRANCO, A.; PONTE, J.J. Acerola, Malpighia glabra L., um novo hospedeiro de 
nematóides das galhas. Nematologia Brasileira , 13, 1989. 
 
GODOY, M.R.P.G. & PIZA JR., C. de T. Cereja-das-antilhas: fonte natural de 
vitamina "C" . In: Casa da Agricultura, Campinas, 8: 19-21, 1986. 
 
GONZAGA NETO, L.; NASCIMENTO, C.E.S. Cultivo de acerola ( Malpighia 
glabra L.) no submédio São Francisco. CPATSA/EMBRAPA, Petrolina, 1993, 
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LEME JR., J. A vitamina "C" em algumas plantas brasileiras e exóticas. In: 
Revista da Agricultura , Piracicaba, 26: 319-328, 1951. 
CAPÍTULO ll 
 
CULTURA DO MARACUJAZEIRO-AMARELO 
 (Passiflora edulis f. flavicarpa) 
 
1. INTRODUÇÃO 
O termo maracujá inclui um grande número de espécies do gênero 
Passiflora, com características muitas vezes bem diferentes. De origem na 
América tropical, a espécie mais conhecida entre os botânicos é a Passiflora 
edulis f. flavicarpa., que pertence à família das passifloráceas. 
A cultura do maracujá ganhou importância no Brasil a partir da década de 
70, que coincide com as primeiras exportações de suco para o mercado externo. 
Na Tabela 1 é apresentada a evolução da produção brasileira de 1970 a 2002. 
Hoje dentre as frutas produzidas, o maracujazeiro está em franca expansão no 
Brasil, principalmente nos estados da região nordeste do Brasil. Em 2001 área 
plantada no País foi de 33.039 ha, com uma produção de 467.464 toneladas. Na 
Tabela 2 é apresentada as principais regiões e estados produtores no ano de 
2000. 
Apesar do suco dos frutos de casca roxa ser de qualidade muito superior, 
estes são bem menores que os de casca amarela. Por estas razões, a produção 
comercial de maracujá recaí nos clones de maracujá amarelo ou seus 
cruzamentos, por proporcionarem uma produtividade muito superior. 
 
Tabela 1 Evolução da produção brasileira de maracujá-amarelo. 
Região Ano (Toneladas) 
 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 
Norte 506 1.657 15.415 3.911 113.568 130.931 21.700 
Nordeste 6.630 12.936 44.552 35.294 121.151 162.504 152.569 
Sudeste 2.221 7.902 11.736 11.081 81.593 96.553 122.012 
C. Oeste 44 677 712 361 751 9.056 25.739 
Sul 19 32 814 454 173 6.491 8.757 
Brasil 6.420 23.204 73.230 51.101 317.236 405.535 3 30.777 
Fonte : Censo Agropecuário (1970-1985); Agrianual (2000 e 2003) 
 
 
 
 
 
 
 2 
Tabela 2 . Produção, área e produtividade de maracujá-amarelo em 2000. 
Região / Estado Produção Área colhida (ha) Produtiv idade (t/ha) 
Norte 21.700 3.606 6.018 
Nordeste 152.569 17.289 8.825 
 Bahia 77.388 7.817 9.900 
 Sergipe 33.583 3.910 8.589 
Sudeste 122.012 9.223 13.229 
 São Paulo 57.854 3.667 15.777 
 Minas Gerais 25.196 2.834 8.891 
Sul 8.739 1.117 7.824 
Centro Oeste 25.757 2.193 11.745 
 Goiás 23.608 1.793 13.167 
Brasil 330.777 33.428 9.895 
Fonte : Agrianual (2003) 
 
2. TAXONOMIA E MORFOLOGIA 
2.1. Taxonomia 
O maracujazeiro, com mais de 150 espécies nativas do Brasil, pertence à 
família Passifloraceae Juss. Ex. DC., da ordem Violales. Essa família compreende 
17 gêneros e cerca de 600 espécies distribuídas nas regiões tropicais e 
subtropicais do mundo. Dentre os táxons cultivados, destacam-se Passiflora alata, 
Passiflora caerulea, Passiflora edulis f. edulis, Passiflora edulis f. flavicarpa, 
Passiflora incarnata, Passiflora laurifólia, Passiflora ligulares, Passiflora mollissima 
e Passiflora quadrangulares 
 
2.2. Morfologia 
2.2.1. Planta 
O maracujazeiro é uma planta trepadeira, lenhosa, robusta, vigorosa e de 
crescimento rápido, freqüentemente ultrapassando 10 metros de comprimento. Os 
ramos, gavinhas e folhas são de coloração verde-claro, podendo apresentar 
laivos de coloração arroxeada em certos clones produtores de frutos amarelos. 
 
 
 
 
 
 
 3 
2.2.2. Folha 
As folhas são simples, alternadas, trilobadas, apresentando os bordos 
serreados e um aspecto lustroso na face superior. As folhas das plantas jovens 
apresentam-se geralmente ovadas, sem lobos. 
 
2.2.3. Flor 
Na axila de cada folha, além de uma gavinha, existe uma gema vegetativa 
e uma florífera, esta podendo dar origem à flor, de estrutura complexa, grande 
tamanho e aspecto exótico. 
Apesar de perfeita, a auto-polinização raramente ocorre nesta espécie, o 
que exige o plantio, em um mesmo pomar, de plantas de origem diferente mas 
compatíveis entre si, para assegurar uma boa produção. 
 
2.2.4. Raiz 
O sistema radicular é superficial mas abundante, localizando-se 
preferencialmente a até 60 cm de profundidade e não muito distante do tronco. 
 
2.2.5. Fruto 
O maracujá amarelo é um fruto globoso, com 5 a 7,5cm de diâmetro e 
coloração amarela brilhante. A sua casca é quebradiça, lisa e brilhante, recoberta 
por uma fina camada de cera. No interior do fruto estão numerosas sementes 
pardo-escuras, ovais e achatadas, com 5mm de comprimento e 3 mm de largura 
e envolvidas por uma polpa sucosa, amarela, aromática, de sabor ácido mas 
agradável, chamada arilo. Quando maduro, o fruto se desprende da planta e cai. 
 
3. VARIEDADES 
Existem algumas seleções mais aptas a produção de frutos destinados à 
indústria, como é o caso das culturas formadas com sementes originárias das 
Indústrias Maguary, ou para o consumo ao natural, caso das seleções obtidas 
pela Cooperativa Agrícola Sul-Brasil, em Marília. Na Tabela 3 é mostrada as 
principais variedades de maracujazeiro-amarelo com suas respectivas 
produtividades. 
 
 
 
 
 4 
Tabela 3 . Principais variedades de maracujazeiro-amarelo 
 
Variedade Produtividade Fruto 
 
Botucatu Kg/planta Peso (g) 
Pacaembu 41,0 125 
Junquirópolis 41,0 153 
Faxinal 41,0 139 
Cachoeira 41,0 106 
Jaboticabal 41,0 148 
Marília 40,0 101 
Avaré 38,4 135 
Luziânia 36,3 131 
Maguari 36,0 126 
Osvaldo 34,6 104 
Cruz 33,4 155 
 
4. CLIMA 
Para que haja florescimento, pegamento da florada e frutificação, o 
maracujazeiro requer calor, umidade e dias longos. 
A temperatura ideal para esta espécie parece estarpor volta dos 26-27°C, 
com 900 a 1500 mm de precipitação anual, bem distribuído ao longo do ano e um 
comprimento de dia de pelo menos 12 horas. Os limites extremos destes 
parâmetros seriam: 21 e 32°C de temperatura média, 800 a 1750 mm de 
precipitação anual e um mínimo de 11 horas de luminosidade diária. 
Há ainda que se mencionar o vento como fator climático importante para a 
cultura, não só pela pressão que exerce sobre o sistema de condução, exigindo 
reforços especiais, como também porque, em situações batidas por ventos 
freqüentes, as partículas de areia por ele carregadas ferem os tecidos da planta, 
tornando inviável o controle químico da bacteriose. Por esta razão, o uso de 
quebra-ventos deve fazer parte rotineira do planejamento do pomar. 
Se bem a planta adulta suporte temperaturas inferiores ao ponto de geada, 
com prejuízo para o crescimento vegetativo e a produção, marcas abaixo de 4°C 
 
 
 
 5 
podem danificá-la de forma irrecuperável. Por esta razão a cultura não deve ser 
feita em locais sujeitos à geadas. 
As chuvas devem ser bem distribuídas ao longo do ano, pois períodos 
secos são bastante prejudiciais à produção, comprometendo o pegamento da 
florada e, em casos mais intensos, limitando o desenvolvimento vegetativo da 
planta e ocasionando severa de folhação. Chuvas intensas, por outro lado, além 
de favorecerem a incidência de moléstias, comprometem a produção por 
impedirem a polinização ou o desenvolvimento do grão de pólen. É que sob 
precipitação, a atividade dos insetos polinizadores se reduz bastante, quando não 
é totalmente ausente. Por outro lado, para que haja pegamento da flor, admite-se 
que o estigma deve permanecer seco por no mínimo duas horas após a 
polinização, dada a característica do pólen destas plantas estourar em contato 
com a umidade. 
 
5. SOLO 
O ponto crítico da cultura são distúrbios que ocorrem nas raízes, 
conhecidos genericamente por morte prematura das plantas e cuja incidência é 
favorecida por condições de umidade excessiva e prolongada do solo. 
Por esta razão, os solos preferidos pela cultura são aqueles de textura 
média, profundos e bem drenados, ligeiramente inclinados, ricos em matéria 
orgânica e apresentando boa fertilidade. Devem ser evitados os solos rasos, 
sujeitos ao encharcamento ou pedregosos, por favorecerem a incidência de 
doenças das raízes. Como as características químicas podem ser melhoradas 
com fertilizações adequadas, os requisitos físicos se tornam fundamentais na 
escolha do terreno. 
Deve-se evitar o plantio em áreas sabidamente infestadas por fungos dos 
gêneros Fusarium e Phytophthora. Também deve ser evitado o plantio de culturas 
sucessivas de maracujá na mesma área, se bem isto possa ser feito para 
aproveitamento d sistema de condução desde que não tenha havido ocorrência 
de doenças no sistema radicular das plantas. Em culturas aonde houve 
ocorrência destes distúrbios, o plantio não deve ser repetido no local e nem ser 
feito à juzante dele, pela possibilidade de disseminação dos agentes causadores 
destas doenças. 
 
 
 
 6 
A área escolhida para o plantio deve ser preparada por meio de uma 
aração e uma ou duas gradagens, dependendo das condições do terreno e de 
forma a que fique bem nivelada e dando um bom controle da vegetação natural, já 
que após o plantio do maracujá não mais será utilizada grade no interior do 
pomar. 
O plantio deverá ser precedido de análise de solo, feita no mínimo 60 dias 
antes do plantio, em amostras coletadas a 0-20 cm e a 20-40 cm de profundidade 
 
6. PROPAGAÇÃO 
O maracujá é normalmente multiplicado por sementes. Estas devem ser 
retiradas de frutos grandes, ovalados e com polpa alaranjada, colhidos em pelo 
menos 20 plantas produtivas, localizadas em pontos distantes em pomares sadios 
e bem conduzidos. 
Os frutos são cortados em duas metades, retirando-se a polpa e deixando-
a fermentar em recipiente de vidro ou louça por dois a quatro dias. Para esta 
fermentação, que deve se feita à sombra, não há necessidade de se acrescentar 
água. Após a fermentação, as sementes são lavadas em água corrente, sobre 
uma peneira, quando então a mucilagem é facilmente separada e, em seguida, 
secas à sombra. 
Havendo necessidade, as sementes podem ser armazenadas em sacos 
plástico mantidos à temperatura ambiente por até três meses. Quando embaladas 
em sacos de papel protegidos por sacos plásticos e guardadas em geladeira 
doméstica, mantém o poder germinativo em níveis satisfatórios por até 12 meses. 
As sementes são semeadas em sacos de plástico preto perfurado, com as 
dimensões mínimas de 14 x 28 x 0,02 cm, cheios com um substrato formado por 
duas partes de terra de barranco, retirada de locais pouco cultivados, duas partes 
de esterco de curral bem curtido e uma parte de material volumoso (bagaço de 
cana, palha de café, serragem, acícula de pinho, serrapilheira, carvão vegetal, 
palha de arroz carbonizada, etc.), que deve estar bem curtido para evitar 
fermentações que possam danificar as plantinhas. No caso de ser utilizado solo 
muito argiloso, acrescentar uma parte de areia lavada para melhorar a sua 
drenagem. 
 
 
 
 7 
A cada metro cúbico desta mistura deve-se acrescentar dois quilos de 
calcário dolomítico e um quilo de superfosfato simples. Um metro cúbico de 
substrato permite o enchimento de 580 saquinhos. 
Na operação de enchimento dos saquinhos o substrato é levemente 
compactado, apenas o suficiente para mante-los de pé. Estes são então dispostos 
em canteiros com um metro de largura, que comportam 120 saquinhos por metro 
quadrado. 
Os saquinhos ficam em repouso por um período de 30 dias, durante o qual 
devem ser molhados regularmente para compactação do substrato. No final deste 
período, se houver necessidade, será completado o volume. 
Em cada saquinho são colocadas três sementes, a um centímetro de 
profundidade, recobrindo-as com o próprio substrato. Um quilo de sementes é 
suficiente para formar 1.500 mudas. O viveiro deve ser regularmente regado. Em 
geral, regas em dias alternados, sem encharcar os saquinhos é suficiente. 
Os canteiros devem ser protegidos com uma cobertura, feita a 20cm de 
altura, com palha ou sacos de pano, a qual é gradativamente retirada após a 
emissão da segunda folha verdadeira. 
Quando as plantas apresentam pelo menos duas folhas verdadeiras é feito 
o desbaste, deixando-se apenas uma por recipiente. Antes da operação o solo 
deve ser bem molhado para facilitar a retirada das plantas excedentes e evitar 
danificar as que irão permanecer. 
O controle das doenças é feito preventivamente por meio de pulverizações 
quinzenais no período seco do ano e semanais nos períodos úmidos, usando-se 
um produto à base de oxicloreto de cobre na dose recomendada pelo fabricante. 
No caso da ocorrência de “tomamento das mudinhas", deve-se reduzir as 
irrigações e eliminar os saquinhos contaminados. Já o controle das pragas é feito 
curativamente, após a identificação do inimigo, pelo emprego de fention a 0,05% 
ou cartap a 0,06%. 
Se as plantas apresentarem pequeno crescimento ou folhas verde-
amareladas podem ser regadas com uma solução de nitrocálcio a 0,5% a partir do 
aparecimento da segunda folha verdadeira. 
Quando as mudas apresentarem quatro folhas e até que emitam as 
primeiras gavinhas, estão em condições de serem levadas para o campo, o que 
 
 
 
 8 
ocorre cerca de 60 dias após a semeadura no verão e 100 dias no inverno. No 
período que antecede o plantio as regas devem ser gradativamente reduzidas 
para preparar as mudas para as novas condições. 
Embora a semeadura possa ser feita o ano todo, os meses de janeiro-
fevereiro e junho-julho são os ideais para regiões aonde não ocorrem geadas. 
O viveiro deve instalado longe de pomares comerciais ou de plantas 
adultas. 
 
7. CALAGEM 
Se os resultados indicarem saturação em bases inferior a 60%, deverá ser 
feita calagem com o objetivode elevar este parâmetro a 80%. Se a saturação em 
bases da camada de 20 a 40cm for inferior a 25%, deve-se aumentar a 
quantidade de calcário a ser aplicada em 25%. 
Deve-se dar preferência ao calcário dolomítico para garantir magnésio 
suficiente para satisfazer as necessidades da cultura. Quando o teor deste 
nutriente no solo for próximo ou superior a 0,8meq/100cm3, o calcário aplicado 
poderá ser o calcítico ou magnesiano. 
Para solos já cultivados recomenda-se a aplicação da dose de calcário de 
uma só vez, seguindo-se a gradagem para leve incorporação e seguida pela 
aração a 20cm de profundidade. Para solos de pastagem ou de cerrado 
recomenda-se a aplicação de metade da dose antes da aração e a outra metade 
antes da gradagem. 
Sempre que possível o plantio deverá ser feito em sulcos com 50cm de 
profundidade, feitos com sulcador. Quando não for interessante o uso deste 
equipamento, o plantio deverá ser feito em covas de 40 x 40 x 40cm. 
Qualquer que seja o método escolhido, o solo deverá estar preparado e as 
covas adubadas e reenchidas com antecedência de pelo menos 60 dias em 
relação ao plantio. 
 
8. ADUBAÇÃO 
Em termos quantitativos, o ar é uma fonte de nutrientes muito mais 
importante que o solo. Embora a água seja a substância principal na composição 
da matéria vegetal (70-80%), o carbono e o oxigênio (provenientes do ar na forma 
 
 
 
 9 
de CO2), constituem 90% da matéria seca das plantas. O solo participa com 1/20 
do total dos elementos químicos que compõe a massa vegetal. Assim, dos três 
meios que fornecem elementos para as plantas (água, ar e solo) é este último o 
que apresenta menor contribuição, sendo, entretanto, imprescindível, visto que 
fornece materiais essenciais ao desenvolvimento e produção vegetal. 
Independentemente da água e do gás carbônico, as plantas necessitam 
dos seguintes elementos minerais para seu pleno desenvolvimento: Nitrogênio, 
Fósforo, Potássio, Cálcio, Magnésio, Enxofre, Boro, Cloro, Cobre, Ferro, 
Manganês, Molibdênio e Zinco. Os seis primeiros (N, P, K, Ca, Mg e S) são 
chamados de macronutrientes, devido às maiores exigências em termos 
quantitativos das plantas. Os outros sete (B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo e Zn) são ditos 
micronutrientes. Fica claro, porém, que pelo critério de essencialidade, todos os 
nutrientes (macro ou micro) têm a mesma importância para os vegetais, sendo a 
falta ou insuficiência de Boro ou Zinco tão prejudicial ao desenvolvimento vegetal 
quanto à de nitrogênio 
A adubação do maracujá é muito importante não apenas para se assegurar 
condições para produções elevadas, como também para viabilizar o controle 
químico das principais doenças que afetam a cultura. Ela compreende a 
adubação química, orgânica e com micronutrientes, conforme o descrito a seguir. 
 
8.1. Adubação das covas ou dos sulcos 
A adubação de plantio consiste no emprego de 30 a 50 litros de esterco de 
curral curtido ou composto, um quilo de superfosfato simples, 200 gramas de 
calcário dolomítico, 20 gramas de sulfato de zinco e 10 gramas de bórax por 
planta. 
Se for preferível, o adubo orgânico poderá ser o esterco de galinha, cuja 
dose deverá ser reduzida para cinco a dez litros. O termofosfato poderá ser 
empregado com vantagens como fonte de fósforo e cálcio, na dose de um quilo 
por cova. 
Esses produtos deverão ser misturados à terra das covas ou de um metro 
de sulco, com antecedência mínima de 30 dias em relação ao plantio. 
 
 
 
 
 
 10 
8.2. Adubação após o plantio 
Após o pegamento das mudas, o que se reconhece pela emissão de nova 
brotação firme e vigorosa, tem início o seguinte programa de adubação: 
Aos 30 dias após o plantio, aplicar 10 gramas de N; 
Aos 60 dias, aplicar 15 gramas de N; 
Aos 90 dias, caso as plantas não tenham ainda iniciado o florescimento, 
aplicar 20 gramas de N e 20 gramas de K2O; 
No caso das plantas ainda não estarem florescidas 120 dias após o plantio, 
aplicar 30 gramas de N e 30 gramas de K2O. 
Nessas adubações deve-se dar preferência aos adubos nitrogenados de 
reação alcalina, como o nitrocálcio, evitando-se produtos que acidificam o solo, 
como sulfato de amônio e uréia. A fonte de K2O é o cloreto de potássio. 
Esses fertilizantes devem ser colocados em cobertura, em uma faixa ao 
redor do tronco e ligeiramente distante dele. 
 
8.3. Adubação mineral de produção 
O maracujazeiro é considerado uma planta de crescimento rápido, vigoroso 
e contínuo, além de produzir durante nove meses por ano na maior parte das 
regiões produtoras. Isto exige uma farta disponibilidade de alimentos para que o 
crescimento e a produção não sejam limitados pela sua oferta. 
Por outro lado sabe-se que a relação em que os nutrientes estão 
disponíveis para a planta é tão importante quanto a sua quantidade absoluta, 
razão pela qual uma adubação equilibrada é considerada essencial para que o 
pomar alcance maior longevidade, melhor sanidade e, consequentemente, boa 
produtividade. 
Deve-se ainda ressaltar a importância da adubação orgânica para essa 
cultura, especialmente com o objetivo de se conseguir culturas mais vigorosas, 
que possibilitem o controle químico das doenças que a afetam em nossas 
condições. 
Na definição da quantidade de fertilizantes a ser fornecida ao 
maracujazeiro deve-se levar em conta as condições em que a cultura está sendo 
conduzida, o que pode ser expresso por duas variáveis principais: a análise do 
solo em que a lavoura está implantada e a produtividade esperada. 
 
 
 
 11 
As quantidades de fertilizantes nitrogenado, fosfatado e potássico a serem 
fornecidas à cultura, em um ano de produção, devem ser calculadas a partir dos 
dados da Tabela 4. Essa tabela indica as quantidades de N, P2O5 e K2O que 
devem ser fornecidas, por planta, para uma cultura com produtividade esperada 
de < 15 a > de 35 toneladas por hectare, em função dos teores de P-resina e K 
trocável existentes no solo. 
Os fertilizantes devem ser fornecidos ao longo do ano, em oito parcelas 
mensais, no período de setembro a maio, enquanto existir umidade suficiente no 
solo para o aproveitamento do adubo. No primeiro ano dessa cultura, também 
conhecida como safrinha em algumas regiões, as quantidades indicadas devem 
ser divididas por oito, sendo cada parcela aplicada a cada 30 dias a partir do 
início do florescimento da cultura. 
 
Tabela 4 . Quantidades de Nitrogênio (N), Fósforo (P2O5) e Potássio (K2O), a 
serem fornecidas por planta e por ano, em função dos resultados de 
análise do solo. 
Produtividade N P resina, mg/dm3 K+ trocável, mmolc/dm
3 
0, 12 13 - 30 30 0,1 0,8 – 
1,5 
1,6 - 3,0 >3,0 
T/ha N, kg/ha P2O5, kg/ha K2O, kg/ha 
<15 40 40 20 10 120 100 80 40 
15 – 20 60 60 40 10 180 150 120 60 
20 – 25 80 80 40 20 240 200 160 80 
25 – 30 100 100 50 40 300 250 200 100 
30 – 35 120 120 80 60 360 300 240 120 
>35 140 140 100 80 420 350 280 140 
Fonte: Boletim 100, IAC, Campinas-SP, 1996 
 
Nos solos argilosos o fósforo deverá ser aplicado em uma só parcela anual; 
já naqueles de textura média ou arenosa, o fertilizante fosfatado poderá ser 
parcelado em duas vezes e aplicado juntamente com os demais nutrientes. 
Nos pomares em formação os fertilizantes devem ser colocados em uma 
faixa de aproximadamente 20 cm de largura ao redor do tronco e distante dele 
 
 
 
 12 
pelo menos 10 cm, distância esta que vai aumentando gradativamente com a 
idade do pomar. 
Nos pomares adultos eles deverão ser aplicados em uma faixa de três 
metros de comprimento por um metro de largura, em ambos os lados das plantas, 
evitando-se colocá-los próximo ao tronco, onde existem poucas radicelas. 
 
8.4. Adubação orgânica 
O fornecimento de matéria orgânica, na forma de estercos, é importante 
para a melhoria das condições físicas do solo, além de suprir boa parte das 
necessidades da planta, especialmente de micronutrientes. 
Os micronutrientes são para as plantas o que as vitaminas são paranós. 
Na cultura do maracujá o esterco deverá ser usado obrigatoriamente nas 
covas de plantio e, sempre que possível, nas lavouras em produção. Nesse caso 
a adubação orgânica deverá ser feita no período de entressafra, com aplicações 
de 20 a 30 litros de esterco de curral espalhados em cobertura ao redor das 
plantas. 
 
8.5. Adubação com micronutrientes 
Os micronutrientes são muito exigidos pelo maracujazeiro, especialmente 
nos solos pobres em matéria orgânica. 
Como já foi dito, esses nutrientes são fornecidos, por ocasião do plantio, na 
forma de 20 gramas de sulfato de zinco e 10 gramas de bórax. 
Para culturas em produção os micronutrientes podem ser fornecidos 
através do solo ou por via foliar. No primeiro caso, devem ser empregadas 20 
gramas de sulfato de zinco e 10 gramas de bórax por planta ano. A época mais 
adequada para esse fornecimento é no início da estação, juntamente com a 
primeira parcela da adubação mineral. 
A aplicação foliar consiste em três pulverizações anuais com uma calda 
contendo sulfato de zinco a 0,3% e ácido bórico a 0,1%, à qual se adiciona cloreto 
de potássio a 0,3% ou uréia a 0,5%, como coadjuvante para aumentar a eficiência 
da absorção. Estas pulverizações devem ser feitas preferencialmente nos meses 
de outubro, janeiro e abril. 
 
 
 
 13 
Em algumas regiões produtoras de maracujá têm sido observados 
sintomas foliares atribuídos à deficiência de molibdênio. No caso de suspeita 
dessa deficiência, deverá ser feita uma aplicação foliar com uma solução de 
molibdato de amônio a 0,01%, a qual pode ser adicionado um dos coadjuvantes já 
indicados. O fornecimento de molibdênio poderá ser feito conjuntamente com o 
boro e o zinco. 
Esses micronutrientes podem ser aplicados por via foliar em mistura com 
defensivos, exceto com aqueles à base de cobre. Em nenhuma hipótese, porém, 
eles devem ser adicionados à mistura de oxicloreto de cobre e mancozeb, 
indicada como tratamento preventivo contra doenças fúngicas e bacterianas do 
maracujazeiro. 
 
8.6. Sintomas de deficiência dos principais nutrien tes 
Os processos de nutrição mineral são aqueles relacionados com o 
suprimento e absorção de elementos químicos do meio e com suas funções no 
crescimento e metabolismo vegetal. 
A seguir é feita uma descrição dos sintomas de deficiência, sendo baseada 
em revisão de literatura. 
 
8.6.1. Nitrogênio 
As plantas deficientes em nitrogênio apresentam pequeno porte e menor 
números de ramos que são mais finos e com tendência para crescimento vertical. 
O sintoma característico da deficiência é o amarelecimento generalizado das 
folhas por falta da clorofila, iniciando-se nas folhas mais velhas. 
 
8.6.2. Fósforo 
As plantas deficientes em fósforo acumulam açúcar nos tecidos e, a partir 
deste, sintetizam pigmentos escuros, as antocianinas que conferem coloração 
mais escura às folhas. Então, o sintoma inicial de deficiência de fósforo no 
maracujazeiro é o aparecimento desta coloração nas folhas mais velhas que 
evolui rapidamente para a cor amarelada que é progressiva da margem para o 
centro das folhas. Por falta de energia (ATP) as plantas apresentam pequeno 
 
 
 
 14 
desenvolvimento e atraso no ciclo, prejudicando a floração e provocando queda 
de frutos novos. 
 
8.6.3. Potássio 
Na deficiência do potássio ocorre clorose seguida de necrose nas margens 
das folhas, inicialmente nas folhas mais velhas. Quando a necrose atinge as 
nervuras das folhas, esta se curva para baixo, ocorrendo em seguida sua queda 
prematura. A floração atrasa e ocorre diminuição no tamanho dos frutos. Ocorre 
ainda, redução significativa da área verde foliar, afetando a fotossíntese e, por 
conseguinte, o teor de sólidos solúveis dos frutos. 
 
8.6.4. Cálcio 
Os sintomas de deficiência de cálcio são: morte da gema apical, clorose e 
necrose internervais nas folhas mais novas, uma vez que o elemento tem baixa 
mobilidade na planta. 
 
8.6.5. Magnésio 
Com a deficiência de magnésio aparecem inicialmente manchas 
amareladas entre as nervuras das folhas mais velhas, que se unem e evoluem 
para coloração mais escura até o marrom, enquanto as nervuras permanecem 
verdes. Ressalta-se que a deficiência de Mg, no maracujazeiro, pode ser induzida 
por excesso de adubação potássica, como já tem sido verificada em diversas 
culturas. 
 
8.6.6. Enxofre 
Os sintomas gerais de deficiência de enxofre são semelhantes ao 
nitrogênio, diferindo porém, quanto à localização. No caso do enxofre o 
amarelecimento ocorre, inicialmente, nas folhas mais novas (baixa mobilidade) e 
para o nitrogênio nas folhas mais velhas (alta mobilidade). A deficiência de 
enxofre pode induzir, ainda, coloração avermelhada nas nervuras da página 
inferior das folhas. 
 
 
 
 
 
 15 
8.6.7. Cobre 
Com a deficiência deste nutriente as células terão paredes mais delgadas 
e, conseqüentemente, as folhas serão mais finas e apresentarão aspecto de 
murchamento. É comum, também, o aparecimento de folhas grandes e largas, 
mais finas e com nervuras salientes. 
 
8.6.8. Ferro 
O ferro tem importância na síntese de clorofila, sendo o sintoma típico de 
sua deficiência a presença do verde muito claro na lâmina foliar, com 
permanência de estreita faixa verde ao redor das nervuras, inicialmente nas 
folhas mais novas. Acentuando-se a deficiência, a clorose atinge as folhas do 
terço médio dos ramos e também as nervuras, de forma que toda a lâmina foliar 
adquira coloração amarelo-esbranquiçada. 
 
8.6.9. Manganês 
Na deficiência de manganês, aparecem manchas cloróticas entre as 
nervuras das folhas superiores, permanecendo as nervuras, e uma parte do 
tecido ao redor delas, com coloração verde, dando aspecto de reticulado grosso 
de nervuras. Acentuando-se a deficiência, a clorose se generaliza e aparecem 
pontos necróticos no limbo foliar. 
 
8.6.10. Zinco 
A deficiência de zinco afeta acentuadamente o crescimento de ramos e de 
folhas, havendo formação de internódios curtos, com o aparecimento de "rosetas" 
(folhas miúdas) na extremidade dos ramos. 
 
8.6.11. Cloro 
Os sintomas de deficiência do elemento para o maracujazeiro, não foram 
ainda descritos. 
 
9. PLANTIO 
A época ideal para o plantio das mudas no campo compreende os meses 
de março a outubro. Quanto mais cedo, nesse período, for feito o plantio, maior 
 
 
 
 16 
será a duração da primeira safra e, consequentemente, maior o volume colhido. 
Plantios feitos antes do inverno, no entanto, estão sujeitos aos danos causados 
por eventuais geadas, além de exigirem freqüentes regas durante o período seco. 
Plantios feitos após outubro geralmente não chegam a produzir no primeiro ciclo, 
além de ficarem mais sujeitos aos danos causados pelas chuvas freqüentes e 
pesadas que ocorrem na estação. 
O espaçamento nas entrelinhas é definido em função do grau de 
mecanização da cultura. Para lavouras mecanizadas a distância entre as 
espaldeiras deve ser de 4,0 metros, que pode ser reduzido a 3,5m no caso do 
emprego de trator cafeeiro, de rodagem mais estreita. No caso de culturas 
submetidas a cultivo manual, o espaçamento mínimo deverá ser de 2,5 metros. 
O espaçamento entre plantas, nas linhas, deverá ser de, no mínimo, 4,0 
metros, devendo-se preferir a distância de 5,0 metros. 
O plantio deverá ser feito com cuidado para não quebrar o torrão, deixando 
a sua superfície cerca de 5cm acima do nível normal do solo. Para isto as mudas 
devem ser regadas na véspera do plantio para dar maior consistência ao torrão. 
Em seguida é feita uma bacia de irrigação com capacidade de pelo menos 
40 litros de água. Após o plantio é feita uma rega com esse volume de água, 
operação essa que deve ser repetida sempre que necessário, mas agora 
fornecendo apenas 20 litros por vez. 
 
10. TRATOS CULTURAIS 
O sistema de condução adotado deverá ser o de espaldeira de um fio, 
esticado a dois metros de altura. Ele precisa ser suficientementeforte e resistente 
para suportar o peso da planta e de sua produção pela vida útil estimada para o 
pomar. Para se ter uma idéia da carga suportada pelo sistema de condução, 
estima-se que o peso da planta e sua produção seja de cerca de 200 quilos por 
5m de espaldeira. 
O sistema de sustentação consiste em mourões de madeira ou concreto 
entre as plantas, nas linhas, e de mourões esticadores a cada 50 metros. Nas 
cabeceiras, deverão ser usados mourões reforçados, ancorados por um sistema 
de mão-francesa ou cabos esticadores. O arame indicado é liso, ovalado, de aço, 
com diâmetro de 3,0 x 2,4mm de nº 12. 
 
 
 
 17 
O comprimento de cada linha deverá ficar entre os limites de 60 metros, no 
mínimo e, no máximo, 100 metros. 
Sendo um a planta trepadeira de crescimento vigoroso e com numerosas 
brotações laterais, o maracujazeiro, em pouco tempo, forma uma densa massa 
vegetativa, mesmo quando conduzido em espaldeira de um só fio. Isto acarreta 
uma série de inconvenientes, devendo ser destacados os seguintes: 
- O grande esforço feito pelo sistema de condução para suportar o peso 
excessivamente elevado da planta e de sua produção; 
- O grande comprimento dos ramos produtivos, que podem alcançar mais de 10 
metros, o que significa que após uma certa idade a maior parte da vegetação é 
inútil, dificultando a alimentação dos frutos em desenvolvimento, com todas as 
limitações que isto acarreta; 
- Grande massa vegetativa morta no interior da planta, servindo como fonte de 
pragas e doenças e reduzindo a eficiência dos tratamentos fitossanitários. 
Para reduzir estes inconvenientes, é necessário que as plantas sejam bem 
formadas e adequadamente distribuídas sobre o suporte que as sustentarão, para 
o que, quando novas, precisam ser tutoradas com o auxílio de um bambu, ao qual 
são amarradas com fita plástica ou taboa. 
Durante essa fase de formação da guia principal deverão ser feitas 
desbrotas periódicas, de modo a assegurar o crescimento de apenas uma haste 
até a altura do arame. 
Quando ela ultrapassar essa altura será feita uma poda 20cm acima do 
arame, em tecido já lignificado, de modo a estimular a brotação lateral. Dos brotos 
que surgirem serão escolhidos dois, que serão conduzidos sobre o arame, um 
para cada lado. 
Durante a fase de formação da planta deve-se tomar cuidado para impedir 
o seu estrangulamento pelas gavinhas ou pelo material usado para amarrar a 
haste no suporte. 
Mesmo quando bem conduzidas, após o segundo ano há a formação de 
uma grande massa vegetativa, razão pela qual os produtores procuram podar 
seus pomares após o final do ciclo produtivo, mas os resultados obtidos nem 
sempre são satisfatórios. Em alguns casos e em certos anos, as plantas regem 
bem à poda, enquanto e outros isto não acontece. 
 
 
 
 18 
As causas destas diferenças não estão ainda bem compreendidas, mas 
admite-se que as condições de clima e solo estejam intimamente associadas a 
ela, razão pela qual essa prática não deverá ser realizada em culturas localizadas 
em áreas aonde a resposta da planta não tem sido satisfatória. 
A época ideal para a realização da poda é na primavera, quando a 
temperatura do ar já atingiu 20ºC e existe disponibilidade de água no solo para 
assegurar a continuidade da brotação da planta podada. A planta não deverá 
estar em dormência, devendo já ter iniciado a brotação primaveril. A poda não 
deverá ser feita após o aparecimento dos botões florais, sob pena de atrasar o 
início da produção do novo ciclo. 
Antes de iniciada a operação da poda a cultura deve ser adequadamente 
preparada, o que se inicia com uma adubação mineral completa. Uma semana 
antas da opressão deve ser feita uma adubação foliar com sulfato de zinco a 
0,3%, ao qual pode-se adicionar uréia a 0,5% ou cloreto de potássio a 0,3%, para 
aumentar a eficiência da absorção. 
A poda de renovação consiste no corte dos ramos da planta a uma 
distância uniforme de 60cm abaixo do arame de sustentação. Podas mais 
drásticas em geral não dão resultados satisfatórios, pois a planta brota mal, 
podendo mesmo chegar a morrer. Alguns dias mais tarde, os ramos seccionados 
e secos, que permaneceram presos à planta devem ser cuidadosamente 
desembaraçados e eliminados antes de iniciada a nova brotação. A vegetação 
eliminada deve ser retirada do pomar e queimada. Após a poda o pomar deve ser 
pulverizado com uma calda feita com um fungicida à base de cobre, com o 
objetivo de evitar a entrada de organismos causadores de doenças nas lesões 
feitas durante a operação. 
A cultura deverá ser mantida no limpo, através do emprego de roçadeira 
nas ruas. As linhas serão cultivadas com herbicida de pós-emergência ou 
trilhadas a um metro de cada lado do fio. O produto mais empregado com esta 
finalidade é o paraquat ou suas misturas, em aplicações cuidadosas para evitar 
contaminação da planta. Há suspeitas de que o glifosato seja tóxico mesmo ao 
maracujazeiro adulto, razão pela qual o seu emprego deve ser precedido por 
testes procurando avaliar este efeito. 
 
 
 
 19 
Em hipótese alguma deverá ser empregada grade ou enxada rotativa no 
interior do pomar, o que poderia danificar o sistema radicular, favorecendo o 
ataque de agentes causadores de podridões das raízes. 
Apesar de serem perfeitas, contendo os órgãos masculinos e femininos, as 
flores do maracujazeiro amarelo são auto-estéreis para todos os fins práticos. 
Diante disto, para as altas produções hoje obtidas, há necessidade da realização 
da polinização artificial, pois em condições naturais, esta operação só é feita por 
grandes insetos, como as mamangavas, que não são mais encontradas em 
grande número na maior parte das regiões produtoras. 
 
11. POLINIZAÇÃO 
11.1. Florescimento 
 A flor do maracujá é considerada auto-estéril, possuindo 
autoincompatibilidade, sendo então dependente da polinização cruzada para 
produzir frutas, necessitando que sua flores sejam polinizada por flores de outras 
plantas da mesma espécie. 
A floração e polinização do maracujazeiro apresentam aspectos peculiares, 
por isso o seu conhecimento é importante, pois a qualidade e o tamanho das 
frutas e consequentemente percentagem de suco dependem da eficiência da 
polinização. 
A flor do maracujá amarelo abre-se em torno das 12:00 horas e fecha-se 
por volta da 20:00 horas, sendo que o máximo de abertura em um dia é à 13:00 
horas, decrescendo rapidamente até às 18:00 horas. A flor abre-se somente um 
único período e uma única vez. Dessa forma, o período para uma possível 
polinização é relativamente muito curto. 
 
11.2. Agentes polinizadores 
A presença de insetos polinizadores é de suma importância para a 
frutificação. O pólen do maracujazeiro é muito pouco disperso pelo vento, 
portanto, a polinização por esse agente quando ocorre é muito pouco significante. 
Em decorrência disto pode-se até afirmar que o sucesso da cultura do maracujá 
depende que quase exclusivamente da presença de insetos no campo. Entre os 
insetos que visam as flores do maracujá, a “mamangava”(Xylocopa spp) é a mais 
 
 
 
 20 
importante agente polinizador. Desta forma, deve-se proporcionar condições 
locais para estimular a sua multiplicação e atrativos para aumentar a sua visitação 
nas proximidades da planta, como a colocação de madeiras moles ou tocos de 
árvores que são materiais onde habitualmente fazem seus ninhos. 
Preservar a Mamangava e incrementar sua população através da 
construção de abrigos usando preferencialmente tocos secos de tambú ou outra 
madeira para a nidificação do inseto. 
Incrementar o plantio de espécies que produzam flores atrativas para 
“abelha européia” e Mamangavas (manjericão, girassol, crotalaria). 
 
11.3. Polinização artificial 
 Devido à polinização ser inteiramente dependente dos agentes 
polinizadores, sendo o mais efetivo a “mamangava” em determinadas épocas ou 
regiões sua eficiência pode comprometer a frutificação.Foi comparado que a polinização artificial aumenta em 67% o pegamento 
de frutas quando comparada às condições naturais. 
A polinização artificial consiste em se retirar o pólen da anteras de uma flor 
e colocá-lo no estigma e outra flor produzida por outra planta. Na prática isto é 
feito tocando-se os órgãos reprodutivos da flor com a ponta dos dedos, em um 
movimento ascendente, o que serve para sujá-los com o pólen existente na 
anteras e depositá-los nos estigmas. No início da operação deve-se ter cuidado 
de coletar o pólen e diferentes flores distantes uma das outras, para então iniciar 
a operação de forma contínua a partir do começo de uma e duas horas da tarde. 
A polinização artificial sempre melhorará os resultados obtidos com a polinização 
natural, mas é uma operação cara, pois envolve um número elevado de pessoa 
por área, ma o resultado obtido com o aumento da produção pode ser 
compensador. 
Sempre que houver carência de mamangavas, nos picos de florescimento 
e em plantações muito extensas (com mais de 400 m de cada lado), a polinização 
artificial deve ser realizada manualmente, de forma complementar e cruzada. 
Basta um toque nas flores, uma a uma, em rápido caminhamento do 
operador na plantação. Não é necessário grande preocupação quanto ao 
aproveitamento de muitas flores por planta, mas é importante a repetição da 
 
 
 
 21 
polinização artificial por diversas vezes, ao longo do período de florescimento da 
cultura, principalmente nos picos da florada. 
Há necessidade do pólen permanecer seco por um período de duas horas 
no mínimo. Portanto, o processo manual não é eficiente se ocorrerem chuvas ou 
pulverizações nesse intervalo de tempo. 
 
12. PRAGAS 
As principais pragas que atacam a cultura são as seguintes: 
 
12.1. Percevejos 
São insetos que sugam os botões florais e os frutos novos, provocando a 
sua queda. 
Inicialmente o seu controle deve ser feito por métodos culturais, que consiste em 
manter o mato roçado no interior e nas áreas próximas a lavoura, bem como na 
eliminação das plantas daninhas hospedeiras. Se mesmo assim a praga continuar 
presente no pomar, o controle químico poderá ser conseguido através de 
pulverizações com um inseticida eficiente. 
 
12.2. Lagartas 
Destroem as folhas vorazmente, sendo especialmente prejudiciais na fase 
de formação das mudas. O ataque mais intenso ocorre no período seco do ano, 
de junho a agosto. São duas as espécies mais freqüentemente encontradas 
atacando o maracujazeiro: Dione juno juno, que apresenta hábito gregário, 
formando densas colônias nas folhas, e Agraulis vanillae vanillae, que faz 
posturas isoladas. O ataque desses insetos caracteriza-se pela existência de 
folhas roídas e diminuição da área foliar da planta, além da presença de lagartas 
e borboletas, facilmente identificáveis. 
O controle pode ser feito por meio de pulverizações com Thuricid a 0,1% 
do produto comercial, aplicadas no início do ataque, de preferência no final do dia. 
No caso de se preferir, pode-se usar um inseticida fosforado ou carbamato, neste 
caso observando-se as restrições normais para emprego destes produtos nesta 
cultura. 
 
 
 
 
 22 
12.3. Besouros 
Há várias espécies de besouros atacando o maracujazeiro, dentre os quais 
destacam-se os seguintes: 
 
12.3.1. Besouro-das-flores 
Prejudica bastante a cultura, pois os adultos, durante o dia, ficam 
escondidos dentro das flores, dificultando o seu controle, as quais são 
depredadas durante a noite. Na ausência de flores atacam as folhas, onde 
causam pequenas perfurações visíveis contra luz. A maior ocorrência do ataque 
se dá de novembro a março. 
 
12.3.2. Besouro-do-botão floral - Causa perfuração e queda do botão floral. 
 
12.3.3. Besouro-das-mudas - Ataca as plantas novas, em viveiro ou já no 
campo, cortando a haste ou roendo a casca da planta e causando a formação de 
verdadeiras galhas. 
O controle químico dos besouros pode ser feito por meio de pulverizações 
com um inseticida fosforado ou carbamato. 
 
12.4. Mosca-do-botão floral 
O adulto é uma pequena mosca de coloração preta brilhante, que faz a 
postura no botão floral, que por sua vez cai antes da abertura da flor. No interior 
do botão floral é possível verificar a presença de uma pequena larva, de cor 
branco amarelada. 
O controle não está ainda definido. 
 
12.5. Mosca-das-frutas 
Perfura os frutos, onde faz a postura. As larvas penetram no interior dos 
frutos, causando o seu murchamento e queda. 
O controle é feito através do emprego de iscas atrativas, que são preparadas 
acrescentando-se a 100 litros de água, sete litros de melaço de cana e um 
inseticida fosforado indicado para esse fim. 
 
 
 
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Nas regiões onde o melaço é dificilmente encontrado, ele pode ser 
substituído por um quilo de proteína hidrolisada ou cinco quilos de açúcar cristal. 
Podem ainda ser utilizados como atrativos 50 litros de garapa diluídos em igual 
volume de água ou suco de fruta, especialmente maracujá, diluído em quatro 
vezes o seu volume de água. 
 
12.6. Tripes 
Ataca botões florais e frutos novos, causando o aparecimento de lesões 
superficiais na casca, depreciando a qualidade do produto. 
O controle pode ser conseguido por meio de pulverizações com um inseticida 
fosforado. 
 
12.7. Cupim 
Existem espécies de cupins que atacam plantas vivas, podendo ocasionar 
danos que levam a sua morte. As espécies mais comuns, no entanto, atacam 
apenas material vegetal em decomposição, razão pela qual há necessidade de 
uma cuidadosa observação para verificar a importância do ataque quando se 
constata a presença desses insetos no pomar. O controle só deverá ser indicado 
quando for observada a presença de cupins danificando as plantas vivas. 
Os sintomas desse ataque caracterizam-se pela destruição das raízes, 
favorecendo com isto a invasão de fungos causadores de podridões como 
Fusarium e Phytophthora. A destruição da casca das raízes ocasiona a formação 
de um calo radicular, acima do qual há o aparecimento de um feixe de novas 
raízes. 
No caso da constatação da praga no local onde vai ser feito o plantio, 
deve-se fazer um cuidadoso preparo do solo, o que expõe a colônia ao sol, 
concorrendo para a redução da população. Em seguida, deve ser feito o 
tratamento das covas com um inseticida eficiente no controle desta praga. O 
tratamento deverá ser feito quando o solo apresentar-se suficientemente úmido, 
de forma a permitir uma boa penetração da solução inseticida. 
Quando o ataque ocorre em culturas já instaladas, a calda deverá ser 
aplicada em uma coroa ao redor das plantas, em quantidade suficiente para 
 
 
 
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atingir a profundidade de 35cm, sempre lembrando que em solos adequadamente 
úmidos essa penetração é melhor. 
 
12.8. Abelha Irapuá 
Rói a base da flor, provocando a sua queda. O controle consiste na 
localização e destruição dos ninhos. 
 
12.9. Ácaros 
Diversos ácaros atacam a cultura, causando diminuição da área 
fotossintética e, nos casos mais severos, intensa desfolha. 
Os ácaros raspam a página inferior das folhas adultas, principalmente na 
região de inserção dos pecíolos, para onde convergem as nervuras, local 
preferido para o estabelecimento das colônias. No caso do ácaro vermelho, a 
colônia é protegida por teias facilmente visíveis. Em face dos danos, há uma 
descoloração na página superior das folhas. 
O controle dos ácaros deve ser feito com o emprego de acaricida específico. 
 
13. DOENÇAS 
O estado sanitário da cultura é altamente dependente do nível nutricional 
em que a lavoura se encontra. Em outras palavras, o controle químico das 
doenças no maracujazeiro só é eficiente na medida em que a cultura se encontre 
bem adubada. Por essa razão, a primeira preocupação do produtor deve ser 
adubar criteriosamente o seu pomar, para só então se preocupar com o controle 
químico das pragas e doenças. 
O maracujazeiro é atacado por diversos

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