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ARRANJOS DE BARRAMENTOS DE SUBESTAÇÕES Prof. Gênova – Março de 2021 INTRODUÇÃO Os arranjos típicos dos esquemas elétricos aplicados em subestações de usinas geradoras, subestações de manobra ou distribuidoras, são concebidos de forma que possam atender adequadamente aos aspectos técnicos e econômicos propiciando a máxima flexibilidade de operação, maior segurança, maior continuidade dos serviços e maior confiabilidade na energia fornecida aos consumidores de acordo com sua aplicação. Nessa concepção é importante que o arranjo utilizado possibilite uma operação segura, acesso adequado as diversos bays, de maneira que seja possível disponibilizar partes da instalação ou equipamentos, sem perda do suprimento de cargas ou indisponibilidade de equipamentos, nas atividades de manutenção, proteção, automação e obras. Numa subestação de distribuição de 72,5kV/15kV, por exemplo, os arranjos com barras simples ou duplas, são aplicados tanto na AT como na MT, no entanto o que vai definir a topologia do arranjo é a importância da carga a ser atendida. Já numa subestação de manobra de uma UHE, com certeza a flexibilidade da instalação é imperativo para o tipo de arranjo a ser concebido. A Concessionária local emprega de uma forma geral, a filosofia de arranjos de barramento simples, barramento simples com by-pass e barramento duplo com by-pass, disjuntor de transferência, seccionamento e disjuntor de barras, e dependendo do porte da Subestação, pode ser empregada a topologia de barra simples na AT e barra dupla na MT, com by-pass e seccionamento, ou barra dupla tanto na AT como na MT. Outra concepção de instalação que garante uma maior confiabilidade, é utilizar barramento de MT em switchgear (montagem em armários blindados e em instalação abrigadas), que resolve inclusive, problemas de disponibilidade de espaço físico (terreno de menor dimensão), além de proporcionar maior segurança e confiabilidade. 2. TERMINOLOGIA 2.1. Arranjo de subestação: A palavra “Arranjo” nesse enfoque aqui tratado não significa, no sentido pejorativo da palavra, coisa arranjada ou gambiarra, e sim configurações padronizadas da montagens de barramentos de subestações possíveis de concepção, com as melhores aplicações nas condições técnica e econômica. 2.2. Procedimento de rede: São regras bem definidas que indicam os requisitos mínimos para serem cumpridos envolvendo a operação, o sistema de proteção, telecomunicações, supervisão e controle, de forma a proporcionar um melhor desempenho do SEP. 2.3. Flexibilidade: É a capacidade de se articular com o sistema elétrico de potência de forma a manter o suprimento de energia elétrica, em condições adequadas de fornecimento, em qualquer situação de manobra. Quanto mais flexível, menos circuitos ou equipamentos, ficarão indisponíveis quando da ocorrência de uma falha ou através de desligamentos programados de partes deste circuito. 2.4. Confiabilidade: É a capacidade do sistema elétrico operar, no maior tempo possível, adequadamente dentro da normalidade, com equipamentos e componentes com taxas de falhas cada vez menores, e de responder sempre convenientemente quando solicitado por faltas, erros de manobra ou outros eventos. A confiabilidade é dada pela expressão: C = 1 – D , Onde D = Duração equivalente de interrupção ou o índice de confiabilidade: Se o DEC=0, => IC=1 (100% de confiabilidade) 1mes=730h 2.5. By-Pass: Caminho paralelo ou que contorna o equipamento principal e faz as conexões com o equipamento coringa, reserva ou de transferência. Chave seccionadora tripolar de by-pass 02L3 32L3-6 12L3 32L3-5 32L3-4 B a rr a 1 B a rr a 2 32L3-7 EL=Entrada de Linha SL=Saída de Linha A seguir serão apresentados alguns desses arranjos (desenho) mais usuais em diagramas unifilares de Subestações nos sistemas elétricos de potência, de acordo com os Procedimentos de Rede da ONS e particularmente conforme padrão da Concessionária distribuidora de energia do Ceará- (ENEL-CE): 3. ESQUEMAS ELÉTRICOS TÍPICOS 3.1. Barramento simples; 3.2. Barramento simples com seccionamento; 3.3. Barramento duplo com by-pass; 3.4. Barramento duplo com by-pass e dj de transferência; 3.5. Barramento duplo com disjuntor duplo; 3.6. Barramento duplo com disjuntor e meio; 3.7. Barramento duplo com 4 chaves; 3.8. Barramento duplo com 5 chaves; 3.9. Arranjos Híbridos. 3.10. Arranjos Padrão ENEL-Distrbuição Ceará 3.1. Barramento simples ( ✓ )- Características de aplicação: • Confiabilidade e flexibilidade limitada; • Cargas de pouca importância ou de pequena potência; • Subestação provisória para atender canteiro de obras; • Cargas com outra fonte de suprimento; • Limitação de recursos para investimento. Diagrama unifilar de subestação com barra simples na AT e MT Barramento simples: Vantagens: - Instalações simples e de fácil manobra; - Custo reduzido; Desvantagens: - Um defeito na barra interrompe todo o suprimento; - A manutenção de um disjuntor deixa indisponível a SL correspondente; - Não é possível a alimentação individualizada de uma ou de várias SL; - Não é possível fazer obras de ampliação sem deixar parte ou toda a subestação indisponível. 3.2. Barramento Simples com Seccionamento (✓ ) Característica de aplicação: - Cargas que possuem um maior grau de importância, no entanto sem exigir alta confiabilidade. - Cargas com outra fonte de suprimento (encontro de alimentadores c/ outra subestação). Diagrama unifilar de subestação de barra simples na AT e MT com seccionamento Barramento Simples com Seccionamento Vantagens: - É garantida maior flexibilidade e continuidade dos serviços; - Os trabalhos de manutenção e inspeção são facilitados; - O sistema pode funcionar com duas fontes diferentes de alimentação; - No caso de defeitos nas barras, somente ficará desligada a saída de carga correspondente a seção avariada; Desvantagens: - Não é possível transferir uma saída de carga de uma seção da barra para outra; - A manutenção de um equipamento de SL, deixa indisponível a saída de carga correspondente; - Defeitos em uma seção da barra podem exigir uma redução no suprimento de energia elétrica; - Esquemas de proteção aplicáveis são mais complexos. 3.3. Barramento Duplo com by-pass Barra 1 Barra 2 By-pass By-pass By-pass ch-1 ch-2 Nesta concepção o by-pass só é aplicado nas saídas de linhas ou alimentadores o que de, certa forma, restringe a sua aplicação. Barramento Duplo com by-pass Vantagens: - Garantida maior flexibilidade e continuidade do serviço; - Utilizada em instalações de maior importância; - Cada Alimentador pode ser suprido pelas barras 1 ou 2; - É possível conectar todos os Alimentadores na barra 1; - Possibilita manutenção em chaves, conectores e isoladores da barra 2; - Possível utilizar o disjuntor de acoplamento como disjuntor reserva, simplesmente utilizando a chave de by. Desvantagens: - Maior custo do que o de barra simples; - O disjuntor de acoplamento só pode substituir um religador por vez, e não substitui o disjuntor geral; - Para efetuar manutenção na barra1(chaves, conectores e isoladores) é necessário indisponibilizar a instalação ou efetuar através de Linha Viva, o que eleva o custo da manutenção. - A falta de by-pass no disjuntor geral limita a aplicação. 3.4.Barramento duplo com by-pass e disjuntor de transferência: ( ✓) Barra principal Barra de transferência Disjuntor de transferência Alim. 01 Alim. 02 1 2 3 4 Barramento duplo com by-pass e disjuntor de transferência: Característica de aplicação: - Facilidade de by-pass de disjuntores em carga. - A necessidade de manutenção de um único disjuntor não interrompe carga. - Utilizando a barra auxiliar ou de transferência o disjuntor 4 pode-se: - substituir o disjuntor 1; - substituir o disjuntor 2; - substituir o disjuntor 3. Barramento duplo com disjuntor de transferência Vantagens: - É possível executar trabalhosde manutenção corretiva, preventiva ou preditiva em qualquer disjuntor, sem deixar fora de serviço qualquer linha, transformador ou alimentador; - Em qualquer situação pode-se proteger as saídas através do disjuntor de transferência. - Possibilita trabalhos de obras em qualquer bay de disjunção sem necessidade de desligamento da carga. Desvantagens: - A Manutenção em equipamentos e chaves exige que seja desenergizada a barra correspondente; - Se a manutenção da chave for necessária e não puder desligar a carga, é usual utilizar Linha Viva,o que eleva custos; - Falha na barra principal, todo o sistema é desenergizado. - É possível trabalhar na barra principal sem tensão desde que a proteção de entrada da SE fique a de retaguarda, o que deixa o sistema mais vulnerável. 3.5. Barramento Duplo com Disjuntor Duplo Barra 1 Barra 2 Barramento Duplo com Disjuntor Duplo Vantagens: - Proporciona uma alta continuidade no fornecimento; - Possível executar manutenção corretiva, preventiva ou preditiva em qualquer dos disjuntores sem precisar desligar a carga; -É possível executar manutenção na barra 1 ou na 2 (substituição de isoladores, manutenção em chaves, reaperto ou substituição de conexões, etc), sem desligar a carga; Desvantagens: - É um sistema de custo mais elevado do que os anteriores; -São recomendados para aplicação em subestações de grande potência, e quase sempre existe outra alternativa de menor custo que pode ser aplicada, daí não ser comum a sua escolha; - Obriga a aplicação de elevado investimento inicial com a compra do dobro de disjuntores e uma maior número de seccionadoras; - É preciso utilizar transformadores de medida, TPs e TCs em duplicidade 3.6. Barramento com Disjuntor e Meio (✓) Barra 1 Barra 2 Exemplo de Barra com Disjuntor e Meio na SE MLG II 05B2 05B1 05V1 Luiz Gonzaga/Milagres 05V3 Milagres/Quixadá Vai para o 14T1 SE MLG I 05T1 3X200MVA 500/230kV 15T1 05V4 S.J do Piauí Ir ac em a - T ra n sm is so ra d e en er g ia 15V3 15V1 15D2 15D4 15V4 05E1 0 5 E 2 05E3 05E4 Barramento com Disjuntor e Meio Vantagens: - É uma alternativa de menor custo do que a anterior (DJ duplo), porém ainda com uma confiabilidade alta, por isso tem uma maior aplicação nas subestações de supridoras e de usinas geradoras; Ex. SE LGZ, SE MLG, SE QXA - O número de TCs é reduzido; - É possível dar manutenção nos disjuntores de EL, SL ou do TR sem que haja interrupção de energia; - Maior confiabilidade do que os arranjos barra simples, dupla com by-pass e seccionamento. - O DJ do centro pode funciona como DJ de transferência, desde que as barras 1 e 2 sejam alimentadas pela fonte, portanto 1 DJ reserva para cada 2 DJ de saída de linha. Barramento com Disjuntor e Meio Desvantagens: - A coordenação da proteção entre o disjuntor do centro e o disjuntor de SL é mais complexo e precisa que o estudo seja executado corretamente; - Quando ocorre uma avaria ou há a necessidade de dar manutenção nos TCs, a linha correspondente deve ser desenergizada; - Nesse tipo de arranjo sempre existiram LTs que ficam protegidas por um disjuntor de SL em detrimento a outras saídas de linhas que ficaram protegidas por dois disjuntores em série, daí o maior trabalho em realizar a implantação do novo ajuste para adequar a coordenação da proteção entre disjuntores em série. - Se a fonte de alimentação for transferida da barra 1 para a barra 2, é necessário alterar os ajustes da proteção de todos os disjuntores. - Para efetuar manutenção no disjuntor do centro é necessário deixar desativada a SL correspondente, ou manter as duas barras energizadas pela fonte. 3.7. Barramento duplo com 4 chaves 1 2 3 4 Barra A Barra B Barramento duplo com 4 chaves Características de aplicação: - São mais adequados para sistemas de suprimento altamente interconectados; - Cada circuito tem capacidade de se conectar a uma ou a outra barra; - A seleção de barra pode ser feita sob carga; - A ocorrência de falha na barra leva a perda de todos os circuitos conectados a barra sob falha; - Os circuitos desligados podem ser transferidos para a barra sã e restabelecidos; - Apenas a barra B pode ser utilizada como barra de transferência. 3.8. Barramento duplo com 5 chaves Característica de aplicação: Semelhante ao duplo com 4 chaves com a diferença a melhor que ambas as barras podem ser utilizadas como barra de transferência. Barra A Barra B 1 2 3 4 5 3.9. Arranjos com barramentos híbridos - É a combinação de diferentes arranjos em uma subestação, seja por superposição de dois esquemas, ou por adoção de diferentes arranjos em circuitos individuais; - Geralmente possuem alto custo; - A mistura de procedimentos de operação e manutenção pode conduzir a uma má operação e redução das condições de segurança. - As Subestações que operam com barramento misto, normalmente utilizam a barra em pátio aberto na AT e a barra em armário abrigado em switchgear na MT; (Ex. SED MGY, SED VRJ) 3.10. O padrão de subestação de distribuição da Enel Distribuição Ceará, apresenta os seguintes arranjos, de acordo com a Especificação Técnica n° 144 – Subestação de Distribuição Aérea e Semi Abrigada de 72,5-15kV:(✓) • Arranjo de Subestação de Pequeno Porte • Arranjo de Subestação de Grande Porte: – SE de Grande Porte tipo I – SE de Grande Porte tipo II Subestações de Pequeno Porte: São caracterizadas por arranjos de 72,5-15kV em zonas rurais ou urbanas de médios valores de demanda atendendo as seguintes potências: 5/6,25MVA; 5/6,25/7,5MVA; 2X5/6,25MVA; 2x5/6,25/7,5MVA ou 10/12,5/15MVA; São construídas em área de 80X80m, adequadas para áreas de baixa densidade, grandes extensões territoriais, alto índice de incerteza quanto ao crescimento vegetativo de carga e quanto a localização mais apropriada. Também são adequadas para pequenas localidades onde o setor de planejamento já dispões de um razoável grau de certeza quanto ao mercado a ser atendido, ou seja: carga inicial, taxa de crescimento de carga, melhor localização da subestação quanto ao centro de carga, expectativa de vida útil considerando sua capacidade nominal; A instalação se caracteriza por uma planta com um barramento simples na AT e duplo na MT e transformador de potência com comutador de tape automático; Subestação de Grande Porte:Tipo I e Tipo II Este tipo de subestação são caracterizadas por arranjo de 72,5-15KV, em zonas urbanas de altos valores de demanda atendendo as seguintes potências: • 10/12,5/15; 2x10/12,5/15; 20/26.6/33,2MVA. • Construídas em áreas de 100x100m, sendo apropriadas para atendimento das cargas da distribuição localizadas nos grandes núcleos urbanos da capital bem como algumas localidades do interior do estado • São implantadas em áreas onde o mercado a ser atendido é bem conhecido nos aspectos de carga inicial, crescimento vegetativo e localização. Subestação de Grande Porte tipo I: a) Este tipo de subestação possui no setor de 69kV, com o arranjo de barras principal e de transferência superpostas em tubo de alumínio. Subestação Pecém-PCM Barramento de 72,5kV com barras superpostas num mesmo plano vertical. Isolador pedestal convencional. Barra principal apoiada no isolador pedestal invertido e barra auxiliar apoiada no isolador pedestal superior (normal) SE Grande porte tipo I – Com isoladores pedestal coluna Barra principal 02B1 apoiada no isolador invertido; Barra de transferência 02B2 no isolador de cima. S u b e s ta ç ã o V a rj o ta -V R J b) As subestações de grande porte tipo II: Este tipo de subestação possui no setor de 69kV, arranjo de barra principal e de transferência, paralelas em cabo de alumínio; Subestação Tauápe-TAP Barra auxiliar 02B2 lado direito e Barra principal, lado esquerdo. • Diagrama unifilar de SE com barramento misto:
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