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TERMINAÇÃO CONTRATUAL E PROTEÇÃO EM FACE DA DISPENSA 1 Terminação contratual e proteção em face da dispensa Aula 7: Estabilidades e garantias de emprego TERMINAÇÃO CONTRATUAL E PROTEÇÃO EM FACE DA DISPENSA 2 TERMINAÇÃO CONTRATUAL E PROTEÇÃO EM FACE DA DISPENSA Aula 7: Estabilidade e Garantias de emprego Introdução Nesta aula, estudaremos o instituto da estabilidade e da garantia de emprego. No direito do trabalho, o empregador assume o risco do empreendimento e, por isso, tem a possibilidade de dispensar o empregado ainda que emotivamente, desde que pague a indenização compensatória. Analisaremos a limitação desse poder potestativo, ou seja, as hipóteses em que, mesmo sem ter interesse em permanecer com o empregado, o empregador não pode dispensá-lo devido à estabilidade. Estudaremos essa proteção e em que situações a lei assegura tal direito ao obreiro e a evolução histórica que originou este instituto. Esse tema é de muita relevância, tendo em vista que garante uma segurança ao trabalhador nos momentos de fragilidade contratual, e a grande atualidade do tema nos Tribunais Trabalhistas e na Legislação em vigor. Sendo assim, esta aula tem como objetivo: 1. Analisar a evolução histórica do instituto da estabilidade. Conteúdo Estabilidade e Garantia de Emprego Para Amauri Mascaro Nascimento, o termo ‘estabilidade’ tem dois significados. O primeiro relaciona-se com a estabilidade do emprego (estabilidade econômica). Vale dizer que todos os seres humanos almejam a estabilidade econômica que representa uma das diversas formas de busca da dignidade do ser humano. Para tanto, vários são os atos da sociedade cujo objetivo é a eliminação da insegurança econômica do trabalhador. Exemplos: políticas públicas de emprego; seguro-desemprego; TERMINAÇÃO CONTRATUAL E PROTEÇÃO EM FACE DA DISPENSA 3 recolocação do desempregado ao mercado de trabalho etc. Portanto, estabilidade econômica é a estabilidade do emprego como forma de dignidade do trabalhador. O segundo significado interage com o prisma jurídico, em que a estabilidade é a limitação imposta ao empregador de rescindir imotividamente o contrato de trabalho (estabilidade no emprego). Vale dizer que é o “direito do empregado de manter o emprego mesmo contra a vontade do empregador, salvo causas previstas em lei”. Amauri salienta, ainda, que estabilidade e garantia não possuem o mesmo significado: “Não se identificam as duas figuras, embora próximas. Garantia de emprego é um instituto mais amplo que a estabilidade. Compreende, além da estabilidade, outras medidas destinadas a fazer com que o trabalhador obtenha o primeiro emprego, como também a manutenção do emprego conseguido. Relaciona-se com a política de emprego.” Maurício Godinho Delgado pondera que estabilidade é a “vantagem jurídica de caráter permanente deferida ao empregado em virtude de uma circunstância tipificada de caráter geral, de modo a assegurar a manutenção indefinida no tempo do vínculo de uma circunstância contratual ou pessoal obreira de caráter especial, de modo a assegurar a manutenção do vínculo empregatício por um lapso temporal definido, independentemente da vontade do empregador. Tais garantias têm sido chamadas, também, de estabilidades temporárias ou estabilidades provisórias (expressões algo contraditórias, mas que se vêm consagrando)”. TERMINAÇÃO CONTRATUAL E PROTEÇÃO EM FACE DA DISPENSA 4 Conceito: Segundo Vólia Bomfim Cassar “estabilidade no emprego é a garantia que o empregado tem de não ser despedido senão nas hipóteses previstas em lei ou no contrato. Esse direito atenua o poder potestativo do empregador de despedida.” Duração – As estabilidades podem ser definitivas ou provisórias. Definitiva é aquela que garante o emprego até a morte do empregado, sua aposentadoria (qualquer das formas), extinção da empresa, morte do empregador pessoa física, culpa recíproca, justa causa ou pelos motivos contidos no parágrafo único do artigo 165, CLT, isto é, que não tem duração determinada. São definitivas as estabilidades: • Decenal – artigos 492, CLT; • Artigos 41, CRFB; • Artigo 19, CRFB; • Empregados Públicos – Lei 9962/2000; • Contrato – se as partes pactuarem; São provisórias as estabilidades que têm duração determinada no tempo: • Dirigente sindical – artigos 543, CLT c/c artigo 8, VIII, CRFB; • Gestante – artigo 10, II, alínea “b”, ADCT; • CIPA – artigo 10, alínea “a”, ADCT; • Cooperativas – artigo 55, Lei 5764/71 (titulares e suplentes) • Acidente de trabalho – artigo 118, lei 8213/91; • Membro do Conselho Curador do FGTS – artigo 3, parágrafo 9, lei 8036/90 (titulares e suplentes); • Membro do Conselho Nacional da Previdência Social – artigo 3, parágrafo 7, lei 8213/91 (titulares e suplentes eleitos); • Membros das Comissões de Conciliações Prévias – artigos 625-B, parágrafo 1, CLT (Lei 9958/2000); TERMINAÇÃO CONTRATUAL E PROTEÇÃO EM FACE DA DISPENSA 5 • Não discriminação – Lei 9029/95 (reintegração ou indenização substitutiva); • Aprendiz – durante o curso de aprendizagem – artigo 432, parágrafo 2, da CLT; • Contrato – se as partes assim pactuarem; • A Lei 13467/2017 estabeleceu outra hipótese de estabilidade que esta prevista no artigo 510-D, parágrafo 3, CLT (membro da comissão de representantes) Procedimento da dispensa Ope Judicis – Apenas algumas estabilidades necessitam de inquérito judicial para apuração de justa causa. Nos demais casos, a dispensa se opera ope legis. Isto porque a lei exige que o empregador ajuíze a correspondente ação de inquérito para apurar e provar a justa causa e, quando julgado procedente, o juiz extingue o contrato de trabalho do estável por justa causa do empregado ou motivo previsto em lei. Espécies de estabilidades que necessitam de inquérito judicial prévio para a resolução contratual de empregado estável: Decenal • Sindical • Membro titular do conselho nacional da previdência social • Conselheiro das cooperativas. Para os empregados públicos da administração direta, autárquica e fundacional, o parágrafo 1, do artigo 41, da Carta da República de 1988, determina que o estável só perde o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado, ou mediante procedimento administrativo, onde seja assegurada a ampla defesa ou, ainda, através de processo de avaliação de desempenho. TERMINAÇÃO CONTRATUAL E PROTEÇÃO EM FACE DA DISPENSA 6 Estabilidade nos Contratos por Prazo Determinado Há uma peculiaridade nesta modalidade de contrato de trabalho, tendo em vista que as partes pactuam o período de duração, sendo certo afirmar que o entendimento era que não havia estabilidade nesta espécie de contratação. Todavia, o Tribunal Superior do Trabalho alterou o entendimento sumulado nas súmulas 244 e 378, itens III, para estabelecer que, nas hipóteses de acidente de trabalho e gravidez, prevalecerá a estabilidade provisória nos contratos a termo. "Súmula 244 do TST: III. A empregada gestante tem direito à provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado." A redação do item III da súmula 244 do TST, até o início de setembro de 2012, não garantia à empregada gestante a estabilidade provisória quando admitida através de contrato por prazo determinado. No entanto, após a 2ª Semana do TST, realizada entre os dias 10 e 14 de setembro de 2012, a Corte alterou o teor desse item, para garantir à empregada gestante o direito à estabilidade provisória prevista constitucionalmente, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado. Já em relação ao acidente de trabalho, a garantia de emprego - mesmo nos contratos por tempo determinado - se justifica sob o fundamento de que o art. 118 da Lei nº 8.213/91, que assegura por um ano o empregodo trabalhador acidentado ou com doença profissional, após o retorno da licença, não fixa restrições e distinções quanto à modalidade do contrato de trabalho para conceder estabilidade acidentária. A situação do acidente do trabalho traz, no bojo da própria lei, o entendimento de que em qualquer forma de contrato a estabilidade deve ser garantida. Esse entendimento também foi consolidado com a inclusão do item III na Súmula 378 do TST, nos seguintes termos: TERMINAÇÃO CONTRATUAL E PROTEÇÃO EM FACE DA DISPENSA 7 "Súmula 378 do TST: III – O empregado submetido a contrato de trabalho por tempo determinado goza da garantia provisória de emprego, decorrente de acidente de trabalho, prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/91." Estabilidade no curso do aviso prévio Foi publicada no dia 17 de maio de 2013, a lei Federal 12.812 de 16 de maio de 2013, que acrescenta o artigo 391-A à CLT, com a seguinte redação: Art. 391-A. A confirmação do estado de gravidez advindo no curso do trabalho, ainda que durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado, garante à empregada gestante a estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias." O texto referido no artigo, contido na alínea “b”, inciso II do art. 10 do ADCT já previa a garantia contra dispensa sem justa causa de trabalhadora grávida desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, porém nada mencionava sobre casos em que a gravidez tivesse início durante o transcurso do aviso prévio, de modo que a solução desses casos dependia de decisão do judiciário. A discussão se dava em razão do entendimento de que, a partir do momento em que é concedido o aviso prévio, o contrato de trabalho, até então de prazo indeterminado, transmudava-se para a modalidade de prazo determinado (parte da doutrina e jurisprudência assim entendiam), modalidade contratual que seria incompatível com o instituto da estabilidade provisória. A redação do artigo 391-A da CLT vem encerrar a questão, estabelecendo o direito da gestante à garantia de emprego mesmo que tenha engravidado durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado e não cumprido. Acrescenta o art. 391-A à Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943, para dispor sobre a estabilidade TERMINAÇÃO CONTRATUAL E PROTEÇÃO EM FACE DA DISPENSA 8 provisória da gestante, prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. A Presidenta Da República Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º A Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 391-A: "Art. 391-A. A confirmação do estado de gravidez advindo no curso do trabalho, ainda que durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado, garante à empregada gestante a estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias." Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 16 de maio de 2013; 192º da Independência e 125º da República. Dilma Rousseff Cargos e Atividades que não Ensejam a Estabilidade A ocupação de função ou cargo de confiança é sempre interina e demissível ad nutum. Por isso, o empregado pode ser afastado a qualquer momento para reverter ao cargo efetivo, pois não se adquire qualquer tipo de estabilidade na função de confiança – artigo 499 c/c artigo 468, parágrafo único, CLT. O mesmo raciocínio para aquele que já for admitido diretamente na função de confiança, conforme dispõe o artigo 62, II, da CLT. Extinção da Estabilidade A estabilidade extingue-se pelo seu decurso, quando provisória, ou sem qualquer caso (provisória ou definitiva) em face da morte do empregado, sua aposentadoria (qualquer das formas), pedido de demissão, extinção da empresa ou do estabelecimento, morte do empregador pessoa física, culpa recíproca, justa causa ou pelos motivos contidos no parágrafo único do artigo 165, CLT ou previstos em lei. TERMINAÇÃO CONTRATUAL E PROTEÇÃO EM FACE DA DISPENSA 9 Reintegração ou Readmissão A reintegração acarreta a nulidade absoluta da dispensa praticada, o retorno do empregado ao emprego e função anteriormente ocupada, salvo se de confiança, e o pagamento dos salários e demais vantagens do período do afastamento. Portanto, seus efeitos são retroativos à data da dispensa (nula), e o período de afastamento é considerado como de interrupção ao contrato. Na readmissão a despedida é válida e a lei, o contrato ou a vontade das partes permitem o retorno do empregado ao emprego, através de um novo contrato de trabalho sem efeitos ex tunc, nem pagamentos retroativos. Os efeitos pecuniários e contratuais ocorrem a partir do efetivo retorno do empregado ou do momento determinado pela lei ou contrato. São raros os casos de readmissão previstos em lei. O artigo 8 das Disposições Transitórias da Carta Magna de 1988 concedeu anistia política aos atingidos por atos de exceção, institucionais ou complementares e assegurou o retorno ao emprego. A hipótese é de readmissão e não de reintegração, pois os efeitos pecuniários só terão início após o retorno do empregado ao emprego anteriormente ocupado (OJ 91, SDI-1, TST). Havendo readmissão, despreza-se o período de afastamento e computa-se o tempo de serviço anterior, salvo se o empregado foi despedido (no primeiro contrato) por justa causa, e tiver recebido a indenização legal ou se aposentado espontaneamente – artigo 453, CLT. Estabilidades • Estabilidade Decenal e FGTS – A primeira norma a tratar da estabilidade decenal para os ferroviários foi o Decreto 4682/23 (Lei Eloy Chaves). Posteriormente, a CLT estendeu o direito a todos os empregados. TERMINAÇÃO CONTRATUAL E PROTEÇÃO EM FACE DA DISPENSA 10 Ao completar 10 (dez) anos ininterruptos de prestação de serviços ao mesmo empregador, o empregado adquiria a estabilidade no emprego (artigo 492, CLT). Tal estabilidade, além de definitiva, só permitia a dispensa, mediante ação de inquérito para apuração de falta grave (artigos 492, 493 e 494, CLT), ajuizável no prazo máximo de 30 (trinta) dias contatos da suspensão do empregado (prazo decadencial). A indenização prevista naquela época era a do artigo 478, CLT, e somente era devida nos contratos por prazo indeterminado. Nas hipóteses de morte do empregador constituído de pessoa física, cessação da atividade empresarial, fechamento do estabelecimento, filial ou agência, ou havendo supressão necessária da atividade, era assegurada ao empregado a indenização em dobro, caso contasse com mais de dez anos de serviço. Em casos fortuitos ou de força maior, a indenização (do não optante) era paga pela metade (art. 502, CLT). Em 1966 foi criada a lei 5107/1966 que passou a vigorar em 1967 que estabeleceu a opção ao sistema do FGTS. A partir deste momento passamos a conviver com dois institutos, ou seja, a possibilidade de aquisição da estabilidade decenal ou a opção ao FGTS. A indenização do artigo 478, CLT somente era aplicada aos não optantes. Em 1988, a Carta da República estabeleceu o direito ao FGTS e, com isso, sepultou a opção da possibilidade de aquisição à estabilidade decenal, restando, ressalvado o direito adquirido. Aprofundaremos o estudo do FGTS na próxima aula. • Dirigente Sindical – artigo 543, parágrafo 3, CLT c/c artigo 8, VIII, CRFB/88 c/c Súmula 369, TST. É devida desde o registro da candidatura, até um ano após o término do mandato, seja para os titulares ou suplentes. TERMINAÇÃO CONTRATUAL E PROTEÇÃO EM FACE DA DISPENSA 11 Súmula nº 369: Dirigente sindical. Estabilidade provisória I – É assegurada a estabilidade provisória ao empregado dirigente sindical, ainda que a comunicação do registroda candidatura ou da eleição e da posse seja realizada fora do prazo previsto no art. 543, § 5º, da CLT, desde que a ciência ao empregador, por qualquer meio, ocorra na vigência do contrato de trabalho. Inf. 151 – 22/09/2012 II ‐ O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Fica limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3.º, da CLT a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes. III ‐ O empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical só goza de estabilidade se exercer na empresa atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente. IV ‐ Havendo extinção da atividade empresarial no âmbito da base territorial do sindicato, não há razão para subsistir a estabilidade. V ‐ O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a estabilidade, visto que inaplicável a regra do § 3º do art. 543 da Consolidação das Leis do Trabalho. Atenção: Atualmente, prevalece o entendimento de que o membro do conselho fiscal do sindicato não tem estabilidade, tampouco o delegado sindical. • OJ-SDI1-365 Estabilidade Provisória. Membro De Conselho Fiscal De Sindicato. Inexistência: Membro de conselho fiscal de sindicato não tem direito à estabilidade prevista nosarts. 543, § 3º, da CLT e 8º, VIII, da CF/1988, porquanto não representa ou atua nadefesa de direitos da categoria respectiva, TERMINAÇÃO CONTRATUAL E PROTEÇÃO EM FACE DA DISPENSA 12 tendo sua competência limitada à fiscalização da gestão financeira do sindicato (art. 522, § 2º, da CLT). • OJ-SDI1-369 Estabilidade provisória. Delegado sindical. Inaplicável: O delegado sindical não é beneficiário da estabilidade provisória prevista no art. 8º,VIII, da CF/1988, a qual é dirigida, exclusivamente, àqueles que exerçam ou ocupem cargos de direção nos sindicatos, submetidos a processo eletivo • Gestante: É assegurada à gestante a estabilidade desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, seja nos contratos por prazo determinado ou indeterminado. Súmula de nº 244 do TST: Gestante. Estabilidade provisória (redação do item III alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012: I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, "b" do ADCT). II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado. Além disso o artigo 391-A, CLT, assegura a estabilidade se a concepção da gravidez ocorrer no curso do aviso prévio! • Membros da CIPA (Comissão Interna de Prevenção a Acidentes) – artigo 10, II, a, do ADCT c/c S. 339, TST c/c artigo 165, CLT. TERMINAÇÃO CONTRATUAL E PROTEÇÃO EM FACE DA DISPENSA 13 • Empregado acidentado: é assegurado seja nos contratos por prazo determinado ou indeterminado, conforme dispõe o artigo 118, lei 8213/91 c/c S. 378, III, TST. • Dirigentes de cooperativas de empregados - O art. 55 da Lei nº 5.764/71 assegura a garantia de emprego apenas aos empregados eleitos diretores de Cooperativas, não abrangendo os membros suplentes • Empregados membros de Comissão de Conciliação Prévia (CCP): titulares e suplentes, até um ano após o término do mandato (representantes de empregados). • Empregados membros do Conselho Curador do FGTS - desde a nomeação até um ano após o término do mandato. • Representante dos empregados no CNPS (Conselho Nacional da Previdência Social) Atividades Proposta Caso 1: Os empregados João, Rodrigo e Roberto celebraram contratos de trabalho com a empresa COMSUL, respectivamente, de 01/01/1980 a 01/02/2010, de 01/02/1992 a 01/02/2011 e de 02/10/2009 a 01/02/2010, todos rompidos por dispensa sem justa causa. O Sindicato dos Trabalhadores e a Empresa firmaram acordo coletivo de trabalho, para vigorar no período de 01/3/1991 a 28/02/1992, estabelecendo: a) o pagamento de indenização por tempo de serviço para os empregados dispensados sem justa causa, com previsão expressa na norma concessiva de que essa vantagem se incorporaria em definitivo no contrato de trabalho individual dos empregados; b) estabilidade dos empregados que completaram 10 (dez) anos de serviço até 28/02/92. Tais vantagens não foram incluídas nos instrumentos coletivos celebrados posteriormente. Analisando a situação fática concreta TERMINAÇÃO CONTRATUAL E PROTEÇÃO EM FACE DA DISPENSA 14 apresentada e com base no entendimento legal e sumulado pelo Tribunal Superior do Trabalho, esclareça qual ou quais empregado(s) possuem direito a indenização e/ou reintegração? Caso 2: Maurício Souza foi eleito para o cargo de direção da Comissão Interna de Prevenção de acidentes (CIPA) de sua empregadora, a empresa “ABC Ltda”. Seu mandato termina em Dezembro de 2014. Porém, por motivos de grave crise financeira, a empresa “ABC Ltda” encerrará as suas atividades com o fechamento do estabelecimento em março de 2014. Dessa forma, em razão da extinção do estabelecimento a empresa rescindirá o contrato de todos os seus funcionários. Ocorre, todavia, que Maurício Souza, goza de estabilidade provisória no emprego por ser membro eleito da CIPA. Responda com base na legislação trabalhista e no entendimento pacífico do Tribunal Superior do Trabalho se será possível dispensar o empregado- cipeiro? Referências CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 8. ed. Niterói: Impetus, 2013. DELGADO GODINHO, Maurício. Curso de Direito do Trabalho. 2013. DE OLIVEIRA, Aristeu. Manual de Prática Trabalhista. 47. ed: Atlas, 2012. Exercícios de Fixação Questão 1 (FCC – TRT) De acordo com o entendimento sumulado pelo TST, reconhece-se estabilidade provisória no emprego: a) Ao dirigente sindical, mesmo tendo ocorrido a extinção da atividade empresarial no âmbito da base territorial do sindicado. b) Ao empregado acidentado que tenha sido contratado por tempo determinado. c) Ao membro eleito da CIPA, salvo se suplente. d) À empregada gestante, inclusive a doméstica, desde que contratada por prazo indeterminado. TERMINAÇÃO CONTRATUAL E PROTEÇÃO EM FACE DA DISPENSA 15 e) Ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista, como consequência da admissão mediante aprovação em concurso público. Questão 2 (CESPE) À luz da legislação laboral, assinale a opção correta com referência à estabilidade e suas consequências. a) Embora a comissão interna de prevenção de acidentes seja paritária, representada por empregados e empregadores, somente os representantes dos empregados eleitos e seus suplentes serão detentores de estabilidade. b) Não há possibilidade de aplicar-se estabilidade decenal nos dias de hoje. c) Caso, durante a vigência de seu contrato de trabalho, uma empregada que trabalhe como balconista tenha dado à luz um filho na data de 12/1/2013, e o empregador pretenda dispensá-la sem justa causa no primeiro momento em que isso seja possível, o aviso prévio somente poderá ser apresentado à empregada em questão no dia 12/6/2013. d) O empregado que, porventura, tenha se acidentado no trabalho terá estabilidade a partir do momento do ocorrido. e) O empregado submetido a contrato de trabalho por prazo determinado não goza de garantia decorrente de acidente de trabalho. Questão 3 (CESPE) Acerca das garantias sindicais e suas consequências, assinale a opção correta. a) O registro da candidatura do empregadoa cargo de dirigente sindical durante o período de aviso prévio trabalhado assegura a ele, caso seja eleito, estabilidade até um ano após o final de seu mandato. TERMINAÇÃO CONTRATUAL E PROTEÇÃO EM FACE DA DISPENSA 16 b) Fica limitada, por dispositivo legal, a estabilidade sindical a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes, ainda que, consoante a CF, não seja permitida a interferência do Estado na criação e no funcionamento dos sindicatos. c) A estabilidade assegurada ao empregado eleito dirigente sindical é mantida mesmo que ele solicite à empresa, ou aceite formalmente, sua transferência para outra localidade. d) A estabilidade é concedida a empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical, independentemente da atividade por ele exercida na empresa. e) O empregador deverá efetuar o pagamento do salário do empregado eleito dirigente sindical durante todo o período em que ele se afastar do trabalho para o exercício de atividades sindicais. Questão 4 (TRT) Com relação à estabilidade e garantias provisórias de emprego, é CORRETO afirmar que: a) A confirmação do estado de gravidez advindo no curso do contrato de trabalho, ainda que durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado, garante à empregada gestante a estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, bem como na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado. b) A estabilidade provisória tem como escopo limitar temporariamente o direito potestativo de resilição contratual, visando propiciar ao seu destinatário o exercício de direitos fundamentais. Todavia, predomina o entendimento no Tribunal Superior do Trabalho de que o contrato de trabalho cessa com o encerramento das atividades empresariais, cessando, por consequência, toda e qualquer espécie de estabilidade provisória. TERMINAÇÃO CONTRATUAL E PROTEÇÃO EM FACE DA DISPENSA 17 c) Segundo súmula do Tribunal Superior do Trabalho, o servidor público celetista da administração direta, autárquica ou fundacional, nomeado para cargo em provimento efetivo em virtude de aprovação em concurso público, é beneficiário da estabilidade, após dois anos de efetivo serviço. Todavia, ao empregado de empresa pública e sociedade de economia mista, mesmo que admitido mediante aprovação em concurso público, não é garantida a aludida estabilidade, inclusive sua despedida não precisa ser motivada. d) É vedada a dispensa de todos os trabalhadores, membros da Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplentes, até um ano após o final do mandato, salvo se cometerem falta grave, nos termos da lei. e) Segundo súmula do Tribunal Superior do Trabalho a equivalência entre os regimes do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e da estabilidade prevista na CLT é jurídica e econômica, sendo, portanto, devidos os valores a título de reposição de diferenças. Questão 5 Leia e analise as assertivas abaixo à luz da jurisprudência uniformizada do Tribunal Superior do Trabalho e legislação do trabalho: I. As faltas ou ausências decorrentes de acidente do trabalho não são consideradas para efeito de duração das férias e cálculo da gratificação natalina. II. O empregado que, após o término de auxílio-doença não acidentário, retornou ao trabalho na empresa e foi despedido, pode, provando que é portador de doença profissional que guarda relação de causalidade com a execução do contrato de emprego, reclamar o seu direito à estabilidade. III. O empregado afastado do emprego, por motivo de recebimento de auxílio- doença acidentário, tem direito, por ocasião de sua volta, a todas as TERMINAÇÃO CONTRATUAL E PROTEÇÃO EM FACE DA DISPENSA 18 vantagens que em sua ausência tenham sido atribuídas à categoria a que pertencia na empresa, mas não tem direito ao recolhimento do FGTS do período do afastamento, pois os benefícios previdenciários não estão incluídos na base de cálculo do FGTS. IV. O empregado tem direito à estabilidade provisória no emprego, prevista em instrumento normativo, decorrente de acidente do trabalho ou doença profissional, ainda que expirado o prazo de vigência do instrumento, desde que preenchidos todos os pressupostos para aquisição desta especial estabilidade durante a sua vigência. Marque a alternativa CORRETA: a) Apenas as assertivas i e ii estão corretas. b) Apenas as assertivas ii, iii e iv estão corretas. c) Apenas as assertivas i, ii, iv estão corretas. d) Apenas a assertiva iii está correta. Chaves de resposta Caso 1: A Súmula 277, TST esclarece - As cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser modificadas ou suprimidas mediante negociação coletiva de trabalho. No caso concreto percebe-se que: 1) O ACT rege as relações dos empregados que ingressaram na empresa de 01/3/1991 a 28/02/1992. 2) O ACT não foi revogado. 3) João tinha 30 anos de empresa. 4) Rodrigo tinha 19 anos de empresa. 5) Roberto tinha 4 meses de empresa. * De início percebe-se que Roberto ingressou na empresa após a vigência do ACT, logo esse ACT não rege a relação de Roberto - pois é expresso nesse sentido. TERMINAÇÃO CONTRATUAL E PROTEÇÃO EM FACE DA DISPENSA 19 **ACT prevê estabilidade para quem tinha 10 anos em 28/02/92 - Nessa época apenas João tinha mais de 10 anos, visto que Rodrigo tinha poucos dias e Roberto sequer era empregado da empresa. - assim apenas João tem direito à estabilidade; *** ACT prevê indenização por tempo de serviço para empregados da empresa que ingressaram até 28/02/1992. Nessa época apenas João e Rodrigo eram empregados, logo apenas os dois têm direito à indenização. -assim apenas João e Rodrigo têm direito à indenização. Caso 2: Sim. A CIPA tem por finalidade incentivar a participação dos empregados na política de segurança do trabalho das empresas, de forma a prevenir, conscientizar e diminuir os riscos de acidente do trabalho e doenças profissionais no ambiente laboral. A CIPA é composta por empregados eleitos por seus pares (representantes dos empregados) e por empregados indicados pelo empregador (representantes do empregador). Fundamento - Súmula nº 339, II do TST II - A estabilidade provisória do Cipeiro não constitui vantagem pessoal, mas garantia para as atividades dos membros da CIPA, que somente tem razão de ser quando em atividade a empresa. Extinto o estabelecimento, não se verifica a despedida arbitrária, sendo impossível a reintegração e indevida a indenização do período estabilitário. Exercícios de Fixação Questão 1 - B Questão 2 - A Questão 3 - A O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical, durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a estabilidade, visto que inaplicável a regra do § 3º do art. 543 da CLT. (ex-OJ nº 35 da SBDI-1 - inserida em 14.03.1994) Sumula 399 TST, item V. TERMINAÇÃO CONTRATUAL E PROTEÇÃO EM FACE DA DISPENSA 20 Questão 4 - B Questão 5 – A
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