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MARKETING AVANÇADO UNIASSELVI-PÓS Autoria: Luciana Ronchi Indaial - 2019 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2019 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. R769m Ronchi, Luciana Marketing avançado. / Luciana Ronchi. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 174 p.; il. ISBN 978-85-7141-404-4 ISBN Digital 978-85-7141-405-1 1. Marketing. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 658 Impresso por: Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................7 CAPÍTULO 1 MARKETING DO VAREJO ...............................................................9 CAPÍTULO 2 MARKETING DIRETO E ON-LINE .................................................71 CAPÍTULO 3 DESAFIOS DO PROFISSIONAL DE MARKETING .....................125 APRESENTAÇÃO Tratar de marketing na atualidade requer no mínimo agilidade, vivemos em um tempo onde a tecnologia e as rápidas mudanças são um imperativo e provocam os profissionais de todas as áreas. Os desafios são imensos, afinal muitas coisas que eram tratadas como imutáveis mudaram e continuam mudando em uma velocidade exponencial. Neste livro, trataremos de alguns temas tradicionais do marketing com um olhar atual, como o varejo e o marketing direto, afinal o marketing também precisou acompanhar toda esta mudança. No Capítulo 1, abordaremos o varejo. O varejo faz parte do nosso dia a dia como consumidores, afinal sempre precisamos comprar algo no supermercado, na farmácia ou até mesmo uma peça de roupa nova. Você já parou para pensar o quanto os consumidores estão envolvidos com o varejo? Assim, para os fabricantes, o varejo é um importante agente na cadeia de distribuição de marketing, agregando valor ao produto e coletando informações dos clientes. Primeiro trataremos do conceito de varejo, abordando aqui o varejo com loja, apresentando as diversas formas de classificação possíveis nesta categoria. Também abordaremos no Capítulo 1 as decisões de marketing do varejo, pois devido às diversas transformações do mercado e do consumidor, os varejistas precisam buscar soluções para se diferenciar. As decisões de marketing do varejo ajudarão no posicionamento da organização, apresentando uma estratégia coerente que define desde a escolha do público-alvo, passando pela localização, preço, comunicação, até a variedade de produtos. Também apresentaremos os novos formatos de varejo, que são reflexo das novas tecnologias e mudanças do consumidor, além de abordarmos como algumas tecnologias podem dar suporte para o marketing do varejo. Já no Capítulo 2, discutiremos o marketing direto. Aqui trataremos da venda direta, que se confunde com a origem do próprio comércio e ainda se faz muito importante. No Brasil, visto a dimensão continental e a diversidade que possui, muitos produtores conseguem chegar a seus consumidores somente através da venda direta, uma das ferramentas do marketing. Veremos que são várias as formas que podemos trabalhar com marketing direto, desde catálogos, televendas, quiosques, programas de fidelização, entre outras tendências que ajudarão as organizações a alcançarem seus resultados. Também no Capítulo 2 trataremos do marketing on-line, relevante canal de distribuição, que se utilizado de forma correta, pode ajudar inclusive o marketing off-line. Fecharemos o livro tratando de um importante tema para as organizações. No Capítulo 3, abordaremos o marketing socialmente responsável, visto que a organização deve ser responsável pelo que comercializa e pelos impactos que causa à sociedade. Todas as transformações tecnológicas que estamos vivenciando impactam no comportamento do consumidor. Como profissionais de marketing, essas tecnologias nos ajudam a ter cada vez mais informações sobre o cliente, porém, a grande questão é: qual é o limite para trabalharmos de forma ética? As mudanças são constantes, cabe aos profissionais de marketing desenvolverem novos formatos, mais coerentes e conectados com as necessidades do consumidor e da sociedade, trabalhando de forma a minimizar os impactos negativos e potencializar os positivos. Vamos lá? CAPÍTULO 1 MARKETING DO VAREJO A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Saber � Explicar o papel dos varejistas no canal de distribuição e descrever os principais tipos de varejistas. � Identificar as principais decisões de marketing do varejista. � Analisar as principais tendências do varejo mundial. Fazer � Identificar o papel do varejo e os principais tipos de varejistas. � Usar o composto de marketing para atrair e manter os clientes do varejo. � Compreender as novas formas de varejo e os impactos no mercado nacional. 8 Marketing Avançado 9 MARKETING DO VAREJO Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Neste capítulo teremos uma visão geral sobre o marketing do varejo, apresentando conceitos e tratando de aspectos importantes para a tomada de decisão. O varejo faz parte do nosso dia a dia como consumidores, e se pararmos para pensar, conseguiremos criar uma linha do tempo com a nossa evolução e as transformações que o varejo sofreu. Afinal, a forma como os nossos pais compravam quando nós éramos crianças, é diferente da realidade atual, mas quanto diferente é? Primeiro, precisamos entender que o varejo é uma atividade que surgiu em tempos remotos e a sua estrutura básica foi encontrada em comunidades da Antiguidade, como nas ruínas de Éfeso, na Antiga Grécia (DIAS et al., 2010). A evolução da sociedade, das tecnologias e também a evolução do foco do marketing, fizeram com que o varejo sofresse uma série de mudanças. Para compreendermos este processo de evolução, é importante saber que o varejo tem um papel preponderante na estrutura dos canais de marketing. É o varejo que faz com que o produto chegue até o consumidor final. O varejo é um importante agente na cadeia de distribuição, agregando valor ao produto e coletando informações dos clientes. Desta forma, identificaremos as diversas formas de classificar o varejo, e cada uma destas, com suas características particulares, atendem ao consumidor final. Com as diversas transformações do mercado e do consumidor, os varejistas precisam buscar soluções para se diferenciar. As decisões de marketing do varejo ajudarão no posicionamento da organização, apresentando uma estratégia coerente que define desde a escolha do público-alvo, passando pela localização, preço, comunicação, até a variedade. Os desafios não param, muitas mudanças ainda estão por vir. Muitos até mesmo profetizam que o varejo acabará. O que se observa, no entanto, é o desenvolvimento de novos formatos, mais coerente e conectado às necessidades do consumidor, cabe ao profissional de marketing acompanhar as tendências. 2 PAPEL DO VAREJO E OS TIPOS DE VAREJO Como consumidores, convivemos e utilizamos diariamente o varejo, por exemplo, nossa ida ao supermercado ou a compra de um livro em uma loja virtual. É impensável nossa vida sem o varejo. Como profissionais de marketing, ele tem um 10 Marketing Avançado importante papel, fazer com que os produtos cheguem até o consumidor final, pois existe um longo caminho entre a indústria e o consumidor final. Pela sua importância, já conseguimos entender que o assunto é complexo, certo? No entanto, o que é varejo?Para Kotler e Armstrong (2015, p. 412), “o varejo engloba todas as atividades envolvidas na venda de produtos ou serviços diretamente a consumidores finais para seu uso pessoal, e não comercial”. Já para Garcia (2015, p. 108), “é a transação que acontece entre o vendedor e o comprador final, sem intuito de revenda”. Analisando os dois conceitos, fica bem claro definir o que é varejo. Sintetizando, podemos afirmar que é a atividade de compra e venda para o consumidor que não utilizará o produto comprado para fins comerciais, mas somente para seu uso próprio. Essa atividade é realizada por varejistas, ou seja, organizações cujas as vendas vêm na sua maioria do varejo (KOTLER; ARMSTRONG, 2015). Neste ponto você deve estar se perguntando: existem fábricas que também praticam varejo, pois vendem seus produtos para o consumidor final? Sim, existem fábricas e até mesmo atacadistas que praticam varejo, mas trataremos apenas dos varejistas, pois o foco principal destes negócios é a venda para o consumidor final, para que este usufrua do produto e não o revenda. Agora que entendemos o conceito de varejo, entenderemos o papel do varejo na estrutura de marketing. Dentro do mix de marketing, o varejo está no “P” de praça, exercendo um importante papel na estrutura de distribuição. São vários os caminhos que um produto percorre até chegar de fato às mãos de quem o consumirá, alguns destes caminhos são mais curtos, outros mais longos. Na figura a seguir, veja a estrutura dos canais de distribuição. FIGURA 1 – ESTRUTURA DE CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO FONTE: Dias et al. (2010, p. 145) 11 MARKETING DO VAREJO Capítulo 1 Ao apresentar esses três canais de distribuição, podemos observar que duas peças sempre estão presentes, o fabricante, que dá início ao processo, e o consumidor final, que é a ponta final do processo. O “caminho” mais curto é o canal de nível 0, conhecemos como venda direta, pois a distribuição é feita diretamente do fabricante para o consumidor final (DIAS et al., 2010). Um exemplo neste caso, são as lojas de fábrica, ou seja, quando um fabricante tem geralmente ao lado da fábrica uma loja onde expõe seu produto e também vende ao consumidor final. Outro exemplo é a Natura com as suas consultoras, elas vendem os produtos que vão da fábrica direto ao consumidor final. No canal de nível 1, ou distribuição indireta, existe um intermediário entre o fabricante e o consumidor final, este intermediário é o varejista, que comercializará o produto para o consumidor final (DIAS et al., 2010). No canal de nível 2, existem dois intermediários entre o fabricante e o consumidor final, um deles é o atacado, que comprará em uma quantidade maior do fabricante para revender para o varejista, este então venderá o produto que comprou do atacadista para o consumidor final (DIAS et al., 2010). Cabe aqui ressaltar a importância do atacado, principalmente para os pequenos varejos, pois muitas empresas não vendem diretamente para os pequenos varejos, assim os atacadistas fazem este papel. Podem existir canais de distribuição mais longos do que os apresentados aqui, mas estes são os níveis básicos quando tratamos de mercado de bens de consumo. O que é importante percebermos é que a maioria dos fabricantes não tem estrutura para atender diretamente o consumidor final e o investimento necessário para isso poderia inviabilizar o negócio, assim, o varejo tem o papel importante de ser o intermediário entre o fabricante e o consumidor final, vendendo seus produtos por unidade ao consumidor que irá usufruí-lo. Além de fazer a ponte entre o fabricante e o consumidor final, vendendo em pequenas unidades, outra importante função do varejista é agregar valor aos produtos comercializados (DIAS et al., 2010). Os varejistas podem agregar valor aos produtos com atendentes especializados, que poderão além de vender o produto, ajudar o consumidor. Um exemplo são as lojas de informática, que podem auxiliar os consumidores a comprarem a melhor solução ao entenderem a necessidade deles, além de venderem outros produtos que poderão auxiliar e que o consumidor não sabia que precisava, pois não tinha conhecimento. Além disso, a disposição dos produtos na loja é um outro fator que poderá agregar valor ao produto melhorando a experiência de compra. Uma das mais 12 Marketing Avançado importantes questões é que o varejista está em contato direto com o consumidor final, é ele quem conhece a real necessidade deles, que muitas vezes o fabricante não conhece. Dias et al. (2010) sugerem que as informações que o varejista tem sobre o mercado consumidor ajudarão na tomada de decisão tanto do varejista quanto do próprio fabricante. Agora que já entendemos o que é varejo e a sua importância na estrutura de distribuição, identificaremos as várias formas de classificar os tipos de varejo, ou seja, por volume de serviços, linha de produtos, preços relativos e abordagem organizacional. 2.1 VOLUME DE SERVIÇOS Os varejistas podem ser classificados de diversas formas, uma delas é pelo volume de serviços que oferecem. Kotler e Armstrong (2015) explicam que diferentes tipos de produto e clientes requerem diferentes volumes de serviço e estes podem ser de três níveis: • Varejistas de autosserviço: neste caso, os próprios consumidores vão localizar, comparar e selecionar os produtos. São os clientes, basicamente, que conduzem tudo nesse modelo, no entanto, têm a possibilidade de solicitar ajuda caso precisem. Esse tipo de varejo é adequado para produtos de conveniência ou de giro rápido, utilizado para baratear os preços para o consumidor final (KOTLER; ARMSTRONG, 2015). Exemplos são os supermercados, as lojas de conveniência e até mesmo grandes magazines, como as Lojas Renner ou a C&A. • Varejistas de serviço limitado: esse tipo de varejo oferece mais serviços, visto que oferecem mais tipos de mercadorias e dos quais os consumidores precisam de informações (GARCIA, 2015; KOTLER; ARMSTRONG, 2015). Esses varejistas têm mais custos com a operacionalização de seus serviços, desta forma, os preços para o consumidor final serão mais elevados. Um exemplo desse caso são as lojas de móveis e eletrodomésticos, como Magazine Luiza, Casas Bahia, entre outras. • Varejistas de serviço completo: aqui os vendedores auxiliarão o consumidor em todo o processo de compra. Esse tipo de varejo é adequado para produtos específicos, nos quais os clientes precisam de ajuda na hora da compra ou de conselhos (KOTLER; ARMSTRONG, 2015). Por oferecerem mais serviços, seus custos operacionais são 13 MARKETING DO VAREJO Capítulo 1 repassados para o cliente, aumentando o preço dos produtos. Alguns exemplos desses varejistas são as boutiques ou lojas especializadas, como as óticas. 2.2 LINHA DE PRODUTO Outra forma de classificar os varejistas é pela abrangência de produtos que oferece. Kotler e Armstrong (2015, p. 414) explicam que esta estratégia é cada vez mais utilizada em razão da “crescente utilização de segmentação de mercado, da determinação de mercado-alvo e da especialização de produtos”, assim os varejistas se concentram em produtos específicos. Quanto às linhas de produtos, estas podem ser classificadas em: • Lojas de departamentos: vendem várias linhas de produtos diferentes, sendo que cada linha de produto é operada em um departamento, com estrutura própria de compra e venda (DIAS et al., 2010). São exemplos a Riachuelo e a Pernambucanas, pois nessas lojas existem vários departamentos, como departamento de decoração, departamento de moda feminina, departamento de moda masculina, entre outros. • Supermercados: são “uma loja de autosserviço grande, de baixo custo, baixa margem e alto volume, que comercializa uma ampla variedade de artigos de mercearia e produtos para casa” (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 415). Talvez os supermercados sejam o varejo que mais frequentamos em toda a nossa vida. O hábito decomer fora de casa e a desaceleração da população fizeram com que os supermercados perdessem participação e vendas, no entanto, Kotler e Armstrong (2015) comentam que determinadas redes de supermercados estão se voltando para públicos com poder aquisitivo mais alto, melhorando o ambiente da loja, oferecendo produtos de maior qualidade, e outros estão usando a estratégia de competição por preço, reduzindo custos e implantando operações mais eficientes, caso do Walmart. 14 Marketing Avançado A revista Novarejo, edição 66, de maio de 2018, apresenta na matéria elaborada por Leonardo Pinto, intitulada “Supermercados em Formatação”, uma tendência no Brasil, o Atacarejo, formato que ganhou importância após a crise econômica que afetou o Brasil em 2014. Os supermercadistas perceberam que precisavam se adaptar à nova realidade do consumidor, ou seja, quem oferece o menor preço. Este formato trabalha em grandes galpões, muito parecidos com centros de distribuição, com produtos com dupla precificação, uma para o atacado (compra de grande quantidade de um único produto) e outra para o varejo (compra de uma ou poucas unidades do produto). O atacarejo democratizou o consumo e fez o consumidor comprar produtos básicos e em grandes volumes. Outra barreira quebrada pelo formato é com relação ao modelo de negócio, pois o ambiente não oferece comodidade e nem experiência de compra, ao invés das gôndolas de supermercados, neste formato, os consumidores se deparam com paletes de madeira, este formato é essencial para que se consiga um preço menor (PINTO, 2018). Para entendermos a importância deste novo formato, o atacarejo já corresponde por 34,3% do market share do segmento no ano de 2017, seguido pelos supermercados, com 31,7% das vendas, 15% dos hipermercados, 11,4% de mercados das vizinhanças e 7,6% das farmácias. Leia a reportagem completa em <https://portalnovarejo. com.br/revistaonline/edicoes/66> e saiba mais! • Lojas de conveniência: oferecem uma variedade limitada de produtos de alto giro, em um ambiente relativamente pequeno (50 a 200 m²), seus preços geralmente são mais elevados, no entanto, seu principal diferencial é que geralmente atendem 24 horas (DIAS et al., 2010). No Brasil, as lojas de conveniência se popularizaram com as franquias que trabalham junto a postos de gasolina, como a AM/PM e a Select. • Superlojas: são muito maiores que os supermercados e oferecem uma oferta maior de produtos alimentícios e não alimentícios, além de serviços adquiridos regularmente (KOTLER; ARMSTRONG, 2015). Além dos supermercados, existem superlojas especializadas em determinada categoria de produtos, um exemplo é a Leroy Merlin, uma rede especializada em materiais para construção, decoração e reparos. 15 MARKETING DO VAREJO Capítulo 1 2.3 PREÇOS RELATIVOS A classificação também pode ser feita pelo preço praticado: • Lojas de descontos: são lojas que comercializam mercadorias padrão a preços menores, trabalham com uma margem de lucratividade menor, mas possuem um volume de vendas maior (KOTLER; ARMSTRONG, 2015). • Varejistas de ponta de estoque: ou também conhecidos como varejistas de liquidação, “compram do atacado a preços mais baixos que o normal e cobram menos que o varejo” (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 417). Nesta classificação também podemos incluir as lojas de fábrica ou outlets, neste caso, são lojas que pertencem ao fabricante, são operados por eles e oferecem produtos excedentes, em liquidação e com defeito do fabricante. Outro tipo de varejista que se encaixa aqui são os Clubes de Compras, “um varejista de ponta de estoque que vende uma variedade limitada de artigos de mercearia, eletrodomésticos, roupas, todos com marca, com grandes descontos para seus associados, dos quais pagam anuidade” (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 418). Dias et al. (2010) sugerem que o público-alvo dos clubes de compras são o pequeno comerciante e as grandes famílias. Os clubes de compras não são muito comuns no Brasil, mas já existem exemplos exitosos e um deles é o Sam’s Club. No Brasil, as lojas de fábricas e outlets são mais frequentes. Muitos fabricantes descobriram que as lojas de fábrica tinham outros benefícios, além de vender o excedente, como explicamos anteriormente. Garcia (2015) aponta que os fabricantes identificaram que o contato direto com o consumidor trazia uma série de benefícios como: o Novos produtos ou alterações podiam ser lançados nessas lojas antes de serem lançados ao varejo em geral. o As necessidades dos consumidores podiam ser levantadas de forma direta. o Geração de fonte adicional de receita. Assim, Garcia (2015) aponta que muitos fabricantes não abrem mão de suas lojas de fábrica, pois além de servirem de laboratório são também uma fonte de renda, principalmente em épocas de crise econômica. 16 Marketing Avançado 2.4 ABORDAGEM ORGANIZACIONAL A maioria das lojas de varejo são independentes, no entanto, já podemos agrupá-las em formas de organização cooperativa ou contratual, como: rede corporativa, rede voluntária, cooperativa de varejo, organização de franquia (KOTLER; ARMSTRONG, 2015). Vamos entender um pouco mais sobre cada uma delas? • Redes cooperativas: são dois ou mais pontos de venda de propriedade e controle comum, explicam Kotler e Armstrong (2015). As vantagens deste tipo de organização é que por causa do seu tamanho, conseguem comprar em quantidades maiores, assim, geralmente conseguem menores preços, além de conseguirem contratar profissionais da área, como controle de estoque, que trabalharão para a rede (KOTLER; ARMSTRONG, 2015). As associações de pequenos e médios varejistas nasceram com o objetivo de se defenderem da concorrência cada vez mais acirrada, como uma forma de compensar suas desvantagens estratégias em comparação a grandes redes (NASCIMENTO, 2005). • Rede voluntária: grupo de varejistas independentes, patrocinado por um atacadista, que se dedica à compra e ao merchandising em conjunto (KOTLER; ARMSTRONG, 2015). • Cooperativa de varejo: diferentemente da rede voluntária, os varejistas independentes montam uma organização central de compras e realizam os esforços promocionais em conjunto (KOTLER; ARMSTRONG, 2015). Um exemplo de cooperativa de varejo é a Rede Top de Supermercados, que desde 1997 uniu supermercadistas da região do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, para negociar melhores preços e fazer ações promocionais em conjunto, depois de 20 anos é considerada uma das 20 maiores redes de supermercados do Brasil (REDE TOP, 2019). • Organização de franquia: é “uma associação contratual entre um fabricante, atacadista ou prestador de serviços (um franqueador) e empresários independentes (franqueados), os quais compram os direitos de possuir e operar uma ou mais unidades de franquia” (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 419). Os autores comentam que o sistema de franquias é geralmente baseado em algum produto ou serviço exclusivo, em um método de fazer negócio ou em uma marca registrada, patente, desenvolvido pelo franqueador. São vários os exemplos de franquias, a AM/PM é uma rede de franquias de lojas de conveniência, temos a SmartFit, que é uma franquia de academias, a Cacau Show, uma loja de 17 MARKETING DO VAREJO Capítulo 1 chocolates finos e a mais famosa de todas, o McDonald’s, que é do ramo de alimentação. Existem franquias em todos os segmentos, na área da educação, na área de saúde, na área de turismo e lazer, entre outras, praticamente atendem a todas as necessidades dos consumidores. Trataremos um pouco mais sobre franquia, pois, no Brasil, este modelo possibilitou que muitos empresários pudessem empreender, pela segurança que oferece aos franqueadores. Os sistemas de franquias foram popularizados como um sistema de distribuição utilizado pelos fabricantes de veículos automotores, engarrafadores de refrigerantes e distribuidoras de combustíveis norte- americanos,por meio de um acordo que permita o uso da marca e a distribuição do produto do franqueador. Com o tempo, o sistema se aperfeiçoou até chegar na formatação do negócio, ou seja, como ele opera (NASCIMENTO, 2005). Kotler e Keller (2006) sugerem alguns itens que diferem as franquias dos demais negócios: • Os franqueados precisam pagar royalties ao franqueador para utilizar a marca e o modelo de negócio. • O franqueado pagará pelo direito de fazer parte do sistema e além de royalties, as franquias geralmente cobram uma participação nos lucros e uma taxa mensal para despesas com publicidade, entre outros. • O franqueado receberá um modelo pronto de negócio, geralmente oferecem curso e um padrão de administração, bem como um padrão de compras. Muitas vezes, o franqueado não pode fazer muitas escolhas, pois se não seguir o padrão, perderá o direito da franquia. Ao analisarmos os diferenciais apontados por Kotler e Keller (2006), podemos pensar em um primeiro momento que não há vantagens para o franqueado, só para o franqueador. Dias et al. (2010, p. 235) ponderam que “os franqueados podem ser considerados autônomos, já que são donos de seus próprios negócios e gozam de certa autonomia, mas não são totalmente independentes, pois devem, por princípio, seguir determinados padrões ditados pela organização franqueadora e agir sob a coordenação desta”. Las Casas e Garcia (2007) ponderam que o crescimento das franquias é em função do alto índice de falências e concordatas dos novos negócios abertos, muitas vezes em decorrência da falta de preparo dos empresários. Desta forma, a franquia é um negócio que deu certo, já foi testado, aperfeiçoado, já tem uma marca consolidada, o que torna a implantação e a administração do negócio mais fáceis. Até mesmo empréstimos em banco são facilitados quando o negócio é uma franquia, por isso é um modelo de sucesso em todo o mundo. 18 Marketing Avançado É importante que tenhamos, além do olhar do empreendedor, também o olhar do fabricante, que precisa fazer com que o seu produto chegue até o consumidor final, aí as franquias são um importante canal de distribuição do marketing. Dias et al. (2010) apontam que a essência da franquia é a manutenção de um padrão em todas as unidades franqueadas, o que ajuda os fabricantes a entregarem seus produtos aos consumidores finais com maior qualidade, além de expandir mercados com mais facilidade e sem muitos investimentos. Vamos entender alguns pontos importantes para os fabricantes se tornarem franqueadores? Dias et al. (2010) sugerem que o franqueador deve: • Desenvolver o conceito de negócio que será franqueado e testá-lo na prática. • Estabelecer as normas e os padrões de implantação, operação e gestão das franquias. • Recrutar, selecionar e capacitar (treinamentos, manuais) os franqueados. • Supervisionar, orientar e assessorar constantemente no que diz respeito ao cumprimento das normas e padrões estabelecidos. • Aperfeiçoar e difundir as melhores práticas que possam ajudar os franqueados, além de proporcionar o intercâmbio entre os franqueados. O franqueador deve planejar muito bem seu modelo de franquia, assim, além do planejamento, deve colocar o seu negócio em prática para conseguir medir os resultados, para isso, precisa ter uma equipe qualificada (DIAS et al., 2010). Os autores lembram também que é preciso deixar claro no projeto o perfil do franqueado, estar em constante diálogo e montar uma estrutura que permita um suporte adequado para que os franqueados alcancem seus objetivos. As franquias podem ser uma excelente escolha para os fabricantes atingirem o consumidor final, permitem um controle de qualidade sobre seus produtos e uma melhor capilaridade geográfica, sem a necessidade de investir em lojas próprias. Além disso, outro problema que pode ser minimizado e muitas vezes eliminado é a concorrência com outras marcas, afinal em uma loja multimarcas, você concorre em um mesmo local com outras marcas, nas franquias você tem exclusividade da sua marca. Por isso é que as franquias se multiplicam nos mais diversos segmentos e tamanhos, pois possibilitam ao fabricante uma expansão e uma ocupação de mercado com uma ótima equação entre custo e benefícios. Verificamos até aqui vários tipos de varejo, com mais ou menos serviços, com produtos segmentados ou não, com preços mais baixos e até mesmo redes cooperativas ou franquias, um importante canal de distribuição para os fabricantes. Agora, qual é a melhor opção? No próximo tópico, entenderemos as decisões de marketing do varejo. 19 MARKETING DO VAREJO Capítulo 1 1 Explique a importância do varejo para o Marketing. R.:____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ _________________________________________________. 2 Quais as vantagens de um produtor investir em um sistema de franquias para a distribuição de seus produtos? R.:____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ _______________________. 3 DECISÕES DE MARKETING DO VAREJO Com a evolução da tecnologia e a globalização, está cada vez mais difícil para os varejistas se diferenciarem por possuírem um produto exclusivo, assim, é cada vez mais importante que os varejistas elaborem estratégias de marketing que possam ajudá-los a se tornarem mais competitivos. Quando tratamos de estratégia, os varejistas precisam, primeiramente, segmentar e selecionar o mercado que pretendem atender, bem como definirem sua estratégia de diferenciação e posicionamento, para depois definirem seu mix de marketing (KOTLER; ARMSTRONG, 2015). Sempre, é claro, pensando na entrega de valor para o cliente. Estas decisões são complexas e precisam de muito estudo e planejamento, por isso, a partir de agora, detalharemos estas decisões de marketing. 20 Marketing Avançado 3.1 DECISÕES DE SEGMENTAÇÃO, SELEÇÃO DE MERCADO- ALVO, DIFERENCIAÇÃO E POSICIONAMENTO Toda estratégia de marketing deve ser pensada a partir da criação de valor para o cliente, assim, o primeiro passo é segmentar o mercado, selecionar o mercado-alvo e definir seu posicionamento, pois esta é a base para a tomada das demais decisões. No entanto, Kotler e Armstrong (2015) ponderam que a maioria dos varejistas sequer sabe quem é o seu mercado-alvo e qual é o seu posicionamento, mas lembram, que os que sabem são bem-sucedidos. A segmentação de mercado tem um papel importante na estratégia de marketing das organizações. Segmentar o mercado é dividi-lo em grupos menores de consumidores que compartilham de uma ou mais características que fazem com que tenham necessidades e desejos por produtos semelhantes (LAMB; HAIR; MCDANIEL, 2012). As variáveis para segmentar o mercado são várias, como podemos observar no Quadro 1. Você já deve ter visto, mas vamos relembrá-las? QUADRO 1 – BASES PARA A SEGMENTAÇÃO DE MERCADO Segmentação Variáveis Geográfica Divide o mercado com base em critérios geográficos. Refere- se a segmentar o mercado por região de um país, um estado, bairro, tamanho de mercado etc. Demográfica Tem como base as informações demográficas. A demografia estuda estatisticamente as populações e suas características, como idade, gênero, renda, origem étnica etc. Comportamental Os compradores são divididos com base em seus conhecimentos, atitude, uso e resposta de um produto. Psicográfica Divide o mercado com base no modo como as pessoas pensam e levam suas vidas. A base é a personalidade,os motivos de compra e o estilo de vida. FONTE: Lamb, Hair e McDaniel (2012) Segmentar o mercado é dividi-lo em grupos menores de consumidores que compartilham de uma ou mais características que fazem com que tenham necessidades e desejos por produtos semelhantes (LAMB; HAIR; MCDANIEL, 2012). 21 MARKETING DO VAREJO Capítulo 1 É importante lembrar que não basta segmentarmos o mercado somente com base em critérios geográficos ou demográficos, é importante que os varejistas “deem vida” ao seu público, com base na segmentação comportamental e psicográfica. Bernardino et al. (2006) sugerem que o varejo se segmenta muito por uso ou benefícios, ou seja, a segmentação comportamental. Quanto mais conhecerem o público, mais fácil será para os varejistas conseguirem montar sua estratégia. Segmentar o mercado pode trazer uma série de benefícios para os varejistas, como: projetar formatos de loja que atendam às necessidades do mercado, elaborar estratégias de comunicação que alcancem o seu público, introduzir novos produtos, entre outros (BERNARDINO et al., 2006). Após segmentar, é necessário selecionar o mercado-alvo, ou seja, definir quantos e quais focarão, um único segmento, vários segmentos, um produto específico, um mercado específico ou todo o mercado (KOTLER; KELLER, 2006). “A definição do mercado-alvo implica avaliar a atratividade de cada segmento de mercado e selecionar um ou mais segmentos para entrar. Uma empresa deve ter como alvo segmentos em que pode gerar, de forma lucrativa, o mais alto valor para o cliente e manter esse valor ao longo do tempo” (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 54). Definido o mercado-alvo, é hora de determinar a diferenciação e o posicionamento, ou seja, como o varejista vai diferenciar sua oferta para cada mercado-alvo que deseja atingir e quais posições quer ocupar nesses segmentos (KOTLER; ARMSTRONG, 2015). A diferenciação permitirá que os varejistas se diferenciem dos concorrentes, seja pela linha de produto ou serviços que oferecem, horário de funcionamento, localização, preço, atendimento e postura da equipe, ambientação e forma de utilizar a comunicação (BERNARDINO et al., 2006). Nascimento (2005) também propõe que o varejo pode se diferenciar quanto: a) às características físicas, ou seja, localização, arquitetura e decoração; b) às características operacionais, o varejo pode optar por funcionar 24 horas, aos domingos e aqui também com relação ao crédito oferecido ao cliente; c) à estratégia de comunicação, pelo próprio produto oferecido ou, ainda, pelos serviços agregados. No entanto, Nascimento (2005) afirma que a maior diferenciação que pode ser obtida no varejo é o atendimento. Em alguns casos, é difícil se diferenciar na linha de produtos, principalmente quando os fornecedores são restritos, como é o caso dos fabricantes de pneus, assim é necessário agregar serviços valorizados. Já o posicionamento é como o consumidor enxerga o varejo, “o “A definição do mercado-alvo implica avaliar a atratividade de cada segmento de mercado e selecionar um ou mais segmentos para entrar. Uma empresa deve ter como alvo segmentos em que pode gerar, de forma lucrativa, o mais alto valor para o cliente e manter esse valor ao longo do tempo” (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 54). A diferenciação permitirá que os varejistas se diferenciem dos concorrentes. 22 Marketing Avançado posicionamento é o que você faz na mente do cliente em perspectiva, ou seja, você posiciona o produto na mente do comprador em potencial” (RIES; TROUT, 1989, p. 2). Ao posicionar a sua marca, a empresa primeiro identifica diferenças de valor para o cliente, que proporcionem a ela vantagens competitivas sobre as quais construirá sua posição. Desta forma, Kotler e Armstrong (2015, p. 57) sugerem que o posicionamento deve começar com a diferenciação, “[...] que significa diferenciar de fato a oferta ao mercado da empresa para que ela ofereça mais valor aos consumidores”. No entanto, Bernadino et al. (2006, p. 64) advertem: “[...] quem quer ser tudo para todos é nada para ninguém”, ou seja, o posicionamento eficaz identifica o valor para atender determinado mercado-alvo que se deseja atingir, e na maioria das vezes é impossível atender a todos, podendo, em certos momentos, até perder seu público-alvo. A partir das definições estratégicas de segmentação, mercado-alvo, identificação da diferenciação e do posicionamento, o varejista deve elaborar um programa de marketing que dê suporte para conseguir entregar e comunicar valor para o público. O mix de marketing, criado por Jerome McCarthy, também conhecido popularmente como os 4 Ps do Marketing, dá subsídios para planejar e executar as ações de marketing das empresas. Vamos entender agora quais são as decisões do mix de marketing que o varejista deve tomar? 3.2 PRODUTO É importante lembrar que um dos Ps do mix de marketing é o Produto, e quando tratamos de produto em marketing, tratamos também de bens, serviços e até mesmo ideias. “Produto é a combinação de bens e serviços que a empresa oferece para o mercado-alvo” (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 57). Bernardino et al. (2006, p. 75) sugerem que “a partir da segmentação escolhida, podemos determinar: o que oferecer, com que amplitude, com que profundidade, com que marcas e modelos, em quais níveis de qualidade e de que forma apresentar e oferecer ao público”. No Quadro 2, observaremos o quanto é importante entendermos o nosso cliente para tomar as decisões corretas quanto ao produto, pois é a partir dos hábitos de consumo que adequaremos a oferta. “O posicionamento é o que você faz na mente do cliente em perspectiva, ou seja, você posiciona o produto na mente do comprador em potencial” (RIES; TROUT, 1989, p. 2). “Produto é a combinação de bens e serviços que a empresa oferece para o mercado- alvo” (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 57). 23 MARKETING DO VAREJO Capítulo 1 QUADRO 2 – FATORES A CONSIDERAR NA DEFINIÇÃO DO MIX DE PRODUTOS Fator Influência Demográfico O que oferecer e de que forma traduzir essa oferta para os clientes. Psicográfico O que oferecer e como gerir a mudança de perfil do mix. Social Amplitude do sortimento e nível de qualidade. Comportamental Periodicidade da compra e serviços agregados. Canal loja Limitação ao espaço físico disponível para a exposição de produtos. Sazonalidade Variação da oferta ou demanda conforme a época do ano ou datas comemorativas. Oferta personalizada O limite é a capacidade de personalização da oferta FONTE: Adaptado de Bernardino et al. (2006) A primeira decisão quanto ao sortimento de produtos é sobre a amplitude (número de linhas de produto) e a profundidade (número de versões do produto). O sortimento de produtos dos varejistas deve atender às necessidades do seu mercado-alo, além de diferenciá-lo dos demais varejistas (KOTLER; ARMSTRONG, 2015). Para Nascimento (2005. p. 138), “ter os produtos certos é uma das chaves do sucesso do varejo. É a base de tudo”. O varejista pode optar por ter uma amplitude grande de produtos, geralmente aquelas lojas “que têm de tudo”, ou ter uma grande profundidade, é o caso de lojas especializadas, como uma loja de artigos para quem pratica tênis. Existem varejistas que optam por ter uma grande amplitude (muitas seções) e uma grande profundidade (muitos itens de produtos em cada seção), que é o caso das grandes magazines. Outra estratégia que os varejistas podem utilizar é oferecer mercadorias exclusivas, ou até mesmo marcas próprias, que nenhum outro varejista dispõe (KOTLER; ARMSTRONG, 2015). Caso não seja possível se diferenciar com relação à exclusividade do produto, os varejistas podem usar a estratégia de serviço, por exemplo, um varejista que vende produtos de marcenaria pode oferecer cursos para pessoas que gostam de fazer seus próprios reparos ou até mesmo pequenos móveis. Bernardino et al. (2006)explicam que, no varejo, o acerto na definição do mix de produtos e sua revisão e atualização devem ser constantes para o sucesso da operação, além disso, o varejista deve ser competente no processo de compra. Kotler e Keller (2006) explicam que depois de decidirem sobre o sortimento de produtos, os varejistas devem encontrar as fontes de suprimentos e estabelecer critérios e práticas de compras. Nas redes varejistas, os compradores e/ou os 24 Marketing Avançado responsáveis pelas compras em pequenos varejos, são peças-chave para o sucesso da organização. Os varejistas devem estar cientes que a previsão da demanda, a seleção de mercadorias, o controle de estoques, alocar espaço e expor itens na loja são importantes fatores para o sucesso e que podem também contar com a ajuda dos fabricantes. 3.3 PREÇO O preço é uma importante variável no mix de marketing do varejista. No entanto, é bom lembrar que, além do preço e das condições de pagamento, é preciso levar em consideração o valor percebido pelo cliente (HILMANN, 2013). Muitos varejistas focam no preço e no crédito e esquecem da proposta de valor para o cliente. Bernardino et al. (2006, p. 84) também lembram que a variável preço “[...] influi diretamente na rentabilidade do varejista, bem como na transmissão de uma determinada imagem ao consumidor”. Entendendo então que o preço é muito mais do que a precificação do produto, começaremos com a proposta de valor para o cliente. Lembrando que, valor é a relação que o consumidor faz entre os benefícios que ele percebe e o custo do produto (KOTLER; KELLER, 2006). De forma geral, os benefícios que podem ser ofertados aos clientes são divididos em: funcionais, sociais, pessoais e experimentais. Já os custos podem ser classificados como monetários, temporários, psicológicos e comportamentais (KOTLER; KELLER, 2006). Algumas formas de potencializar o valor no varejo (custo X benefícios) é oferecendo para o consumidor mais conveniência, serviços, imagem, qualidade, inovação, ética, garantia e inovação, e em contrapartida, diminuindo o dinheiro, o esforço, o tempo e o risco para os consumidores (BERNARDINO et al., 2006). Muitos varejistas, na ânsia de resolver seus problemas, atuam no preço, geralmente reduzindo, mas esquecem que muitas vezes a solução é incorporar valor ao produto (BERNARDINO et al., 2006). Para Morgado e Gonçalves (2001), antes da determinação do preço, o varejista precisa definir o objetivo ao qual a administração de preços deve ser subordinada. Lembrando que, este objetivo deve estar alinhado com os objetivos da organização e do composto de marketing. Os autores ainda definem que os objetivos de administração de preços podem ser “divididos” em dois: a) objetivos orientados para o lucro e b) objetivos orientados pelas vendas. Além do preço e das condições de pagamento, é preciso levar em consideração o valor percebido pelo cliente (HILMANN, 2013). 25 MARKETING DO VAREJO Capítulo 1 a) Objetivos orientados para o lucro Este pode ser dividido em dois tipos: alcançar uma taxa-alvo de retorno ou maximizar o lucro. No caso do tipo alcançar uma taxa-alvo de retorno, Morgado e Gonçalves (2001, p. 173) apresentam que “neste caso, o varejista fixará os preços de seus produtos de forma a alcançar uma previamente estabelecida taxa de retorno sobre vendas ou sobre o investimento no negócio”. Os autores explicam que esta prática é muito comum entre os varejistas. Nesta situação, adiciona-se ao custo do produto um montante chamado de mark-up, na forma de um percentual sobre as vendas, utilizado para cobrir as despesas operacionais e gerar o lucro desejado para o período. De forma simples, o mark-up é um método de precificação que tem como base o custo. A Endeavor Brasil tem disponível em seu site um artigo explicando em detalhes e com exemplos práticos como proceder para calcular o mark-up e em quais situações ele deve ser utilizado. Acesse o material em: <https://endeavor.org.br/marketing/ markup/>. Já no tipo maximizar o lucro, o objetivo é conseguir a maior quantidade de dinheiro. Morgado e Gonçalves (2001) explicam que este objetivo deve ser perseguido a longo prazo para trazer benefícios, e que, em muitas situações, no começo, os lucros podem ser até inexistentes. Podemos exemplificar com o caso de um varejista que lança um novo produto e fixa um preço baixo, para criar o hábito de consumo e atrair novos consumidores, no primeiro momento ele pode ter prejuízos, no entanto, após criar o hábito de consumo e ter mais consumidores, os lucros podem ser maximizados. Morgado e Gonçalves (2001) fazem outra importante ponderação a respeito quando tratamos de maximizar os lucros: deve ser considerada toda a linha de produtos e não cada produto de forma isolada. Desta forma, pode-se fixar preços menores em determinados produtos para chamar a atenção do consumidor e estimular a venda de outros produtos com uma margem maior. b) Objetivos orientados pelas vendas Aqui também são dois tipos: aumentar o volume vendido ou manter ou aumentar a parcela de participação da empresa no mercado. 26 Marketing Avançado Quando se trata do tipo aumentar o volume vendido, Morgado e Gonçalves (2001) explicam que “[...] um crescente volume de vendas é adotado como meta, visando conseguir um rápido crescimento e desencorajar competidores”. Os autores explicam que, na maioria das vezes, quando estipulado um percentual de crescimento sobre as vendas do ano anterior que deve ser perseguido, em algumas situações, por meio da concessão de descontos ou de outra estratégia de preço, é uma postura agressiva que pode trazer resultados negativos no curto prazo, no caso de produtos de estação, por exemplo, o vestuário. No tipo manter ou aumentar a parcela de participação da empresa no mercado, em algumas situações, no caso de mercados estáveis, a única forma de evoluir é aumentando a participação no mercado, sendo a única aposta para algumas grandes empresas (MORGADO; GONÇALVES, 2001). Os autores citam o exemplo dos produtos japoneses, que precisaram reduzir significativamente seus custos e margens para manter a sua participação no mercado americano, isto em consequência da valorização do iene em relação ao dólar na década de 1990. Morgado e Gonçalves (2001) ponderam que os objetivos de administração de preços não devem ser o fim em si, mas o importante é que estejam alinhados com o os demais elementos do composto de marketing da organização. A partir do momento que se está definido o objetivo da administração de preços, o varejista precisa escolher as estratégias mais adequadas ao seu mercado e seus objetivos. No Quadro 3 são apresentadas algumas estratégias de preço. QUADRO 3 – ESTRATÉGIAS DE PREÇO Situação do produto Estratégia Ingresso no mercado Nata de mercado Ocorre quando fixamos o preço no ponto mais alto possível para o público estimado, entendendo-se que o consumidor desse produto vai comprá-lo por qualquer preço. Penetração de mer- cado Corresponde à entrada rápida no mercado, por um preço bem estudado, normalmente baixo e aprazível ao consumidor, de modo a garantir uma fatia de mer- cado possível. 27 MARKETING DO VAREJO Capítulo 1 Produtos já existentes Preço único O mesmo produto, na mesma qualidade e quanti- dade, terá o mesmo preço para todos. Neste caso há pouca ou nenhuma barganha. É o caso das redes de fast-food. Preço variável Um mesmo produto muda de preço conforme a ne- gociação do comprador e do vendedor. Um exemplo são as revendedoras de carros. Essa estratégia é utilizada no caso de produtos de valor unitário mais alto, qualidade relativa do produto ou o preço para serviços são fatores que dão margem para reduções de preços. Alinhamento de preços Os varejistas comercializam linhas diversas de pro- dutos com preços muito próximos. Um exemplo são as lojas que vendem tudo por R$ 10,00. Preçospsicológicos São os preços utilizados com apelo psicológico, os varejistas usam preços quebrados para a precifi- cação, por exemplo: R$ 29,90 e não R$ 30,00. O preço um pouco menor tem maior poder de atração. Maior valor adicio- nado São preços que vêm com forte carga de benefícios. Nem sempre são preços mais altos, mas possuem benefícios e vantagens de difícil quantificação. Nor- malmente estão atrelados ao conceito de qualidade da marca, que é um posicionamento do consumidor com relação ao produto. Por exemplo: os computa- dores da Dell, que têm no Brasil um forte valor agre- gado. Preços da concor- rência O varejista monitora os preços que estão sendo prat- icados pela concorrência para definir como fixará os seus: acima, em linha ou abaixo. Preços altos/baixos Os varejistas oferecem em um dado momento preços altos para determinados produtos e baixos para outros mediante promoções. As lojas de con- fecções utilizam a redução de preços em caso de mudança de estação, por exemplo. Ao oferecer al- guns produtos com preços mais baixos, os varejistas podem estar usando a estratégia como chamariz para atrair mais visitantes até a loja. Preços múltiplos Nesse caso, os varejistas vendem diferentes quanti- dades a diferentes preços. FONTE: Adaptado de Bernardino et al. (2006) e Hilmann (2013) No quadro, conseguimos verificar as principais estratégias de preços de estabelecimentos varejistas com base na situação do produto no mercado 28 Marketing Avançado (ingressantes ou estabelecidos), as estratégias serão diferentes para cada situação. Além da estratégia de preço, a entrega de valor, os varejistas também precisam definir as condições de pagamento, relembrando que todas as decisões devem ser feitas com base no mercado-alvo, nos produtos e na concorrência. Hilmann (2013) sugere que, além do pagamento à vista, o pagamento também poderá ser feito a prazo, ou seja, parcelado. Além disso, existem as opções de carnê ou crediário próprio oferecidos pela loja, estas podem ser uma ótima ferramenta promocional do varejista, pois se adapta à capacidade de pagamento de cada cliente (HILMANN, 2013). A opção de carnê fará com que o cliente precise vir todo mês na loja efetuar o pagamento, podendo ser uma forma de fazer com que ele volte novamente a consumir. Outra opção são os cartões de crédito, que facilitam os pagamentos à vista ou a prazo (HILMANN, 2013). Existe também o cartão da loja, o private label, que é o cartão de crédito emitido pelo varejista e que é usado para parcelar a compra que os consumidores fazem na loja (MEU CREDIÁRIO, 2019). Nesta modalidade o lojista assume os riscos e o custo da operação, servindo como um crédito pré- aprovado (MEU CREDIÁRIO, 2019). Outra opção é o cartão co-branded, ou seja, o mesmo cartão da loja com algumas diferenças como: a) vai levar a bandeira de uma instituição financeira (Visa, Mastercard etc.); b) os custos com análise de crédito, definição dos limites e o risco de inadimplência são de responsabilidade do banco; c) o cliente pode usar o cartão para comprar em outras lojas (MEU CREDIÁRIO, 2019). Para Nascimento (2005, p. 138), o crédito é um importante item a ser analisado no varejo, segundo o autor, o crédito “[...] reúne todas as atividades da empresa no sentido de captar clientes para o seu crediário, conceder crédito, ativar o uso do credito dado, reter o cliente do crediário, realizar o cross-selling e efetuar o controle”. É importante frisar, que a atividade de crédito deve ser proativa, e não somente reativa, ou seja, os varejistas não podem esperar os consumidores irem até a loja para concederem crédito, é necessário ter estratégias de ativação e de retenção de clientes. Uma pesquisa realizada pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em 2016 com 822 empresários de comércio e serviços nas capitais e interior do país, identificou a modalidade e o alcance das modalidades de pagamento on-line no Brasil. O resultado está no Quadro 4. 29 MARKETING DO VAREJO Capítulo 1 QUADRO 4 – MEIOS DE PAGAMENTO NO VAREJO BRASILEIRO Aceitas Geral Recebidas Geral Dinheiro 96,0% Dinheiro 60,9% Cartão de crédito 72,3% Cartão de crédito 51,5% Cartão de débito 70,1% Cartão de débito 41,2% Cheque 22,3% Boleto bancário 7,2% Boleto bancário 16,9% Depósito em conta/transferência bancária 5,5% Depósito em conta/transferência bancária 11,6% Cheque 5,2% Crediário/carnê 5,7% Crediário/carnê 2,6% Ticket restaurante/vale alimentação 3,6% Fiado (caderneta) 1,0% Fiado (caderneta) 3,2% Ticket restaurante/vale alimentação 0,9% Pag Seguro 2,2% Pag Seguro 0,4% Pay pal 0,6% Nota promissória 0,2% Nota promissória 0,4% Pay Pal 0,1% Moip 0,2% Financeira 0,1% Financeira 0,1% Ordem de pagamento 0,1% Dólar 0,1% - - Ordem de pagamento 0,1% - - Construcard 0,1% - - Cartão próprio 0,1% - - FONTE: CNDL, SPC Brasil (2016, s.p.) O que pode ser observado é que após o pagamento em dinheiro, o cartão de crédito já está presente na maioria das empresas, os empresários entendem que a vantagem do cartão de crédito e débito é o menor risco de inadimplência e comodidade, mas lembram que a desvantagem é o pagamento de taxas (CNDL, SPC BRASIL, 2016). 3.4 PROMOÇÃO A Promoção é uma das variáveis do mix de marketing que confunde muita gente, na verdade o P de promoção trata da divulgação e abrange toda forma de comunicação capaz de atingir os objetivos de marketing das organizações, seus principais instrumentos são: a propaganda, a promoção de vendas, a venda pessoal, o merchandising e eventos. Nos próximos subtópicos, entenderemos como utilizar essas ferramentas para alavancar as estratégias do varejo. Por enquanto, não trataremos da venda pessoal, pois abordaremos o assunto no Capítulo 2. 30 Marketing Avançado 3.4.1. Propaganda Uma das ferramentas da promoção de marketing é a propaganda. Lupetti (2007, p. 23) explica que “a propaganda tem como principal função informar benefícios, características e atributos”. É uma comunicação indireta com o consumidor feita através de mídias diversas. Basicamente, são três os tipos de propaganda: a promocional, a institucional e a cooperativa. A propaganda promocional visa vender diretamente, é o caso de quando um varejista anuncia uma promoção de preços, ofertas especiais de produtos etc. O objetivo é fazer com que o cliente vá até a loja comprar, por isso este tipo de propaganda deve despertar a atenção, o interesse, o desejo e levar o cliente à ação (MORGADO; GONÇALVES, 2001). Uma ação que pode ser realizada em varejistas é a edição limitada. Posner (2015) sugere que as edições limitadas aumentam o prestígio e criam desejo, porque para muitos clientes, saber que existe um número limitado de pessoas que terá o produto é uma proposta atraente. A Natura trabalha com edições de hidratantes específicos para cada estação do ano, é o caso da linha Tododia Lima e Flor de Laranjeira, com produtos que podem ir para a geladeira, aliviando a sensação de calor, são produtos que só são vendidos no verão, não estarão à venda em outra estação, por exemplo. Já a propaganda institucional visa à formação de uma imagem. O objetivo dessa propaganda não é vender diretamente, mas promover a imagem para facilitar a venda futura. Nesse tipo de propaganda, anuncia-se geralmente a marca, a empresa ou alguma contribuição social especial (MORGADO; GONÇALVES, 2001). Aqui também se deve promover a atenção e despertar o interesse para a empresa, no entanto, o desejo e a ação são geralmente completados pela venda direta ou por qualquer outra promoção. A propaganda cooperativa, que é muito utilizada no varejo, ocorre quando vários anunciantes se reúnem para anunciar em conjunto e, frequentemente, dividem as despesas (MORGADO; GONÇALVES, 2001). Um exemplo de propaganda cooperativa é quando em uma propaganda de fabricantes com varejistas são destacados os endereços em que poderão ser encontrados os produtos.Agora que já verificamos os tipos, endenderemos os passos de como investir em propaganda no varejo. Veja no Quadro 5. Promoção trata da divulgação e abrange toda forma de comunicação capaz de atingir os objetivos de marketing das organizações. 31 MARKETING DO VAREJO Capítulo 1 QUADRO 5 – PASSOS PARA INVESTIR EM PROPAGANDA Perguntas a serem respondidas Descrição Onde a empresa quer chegar? Aqui é preciso que o varejista defina o objetivo que pretende atingir, a propaganda não é feita somente para vender mais, outros objetivos podem ser: melhorar a imagem da loja, gerar fluxo de clientes, lembrar o cliente da sua marca. Definir os objetivos é o primeiro passo, e sem a sua definição, não poderá avançar. Que verba está disponível? No Brasil, um dos métodos mais utilizados para definir a verba de propaganda é com base em um percentual de vendas, se a empresa vender mais, a verba é aumentada, no entanto, esse método pode ser criticado, pois atrela à verba de propaganda uma consequência da venda, e não o contrário, a propaganda como um meio para vender. Outra forma de calcular a verba é de acordo com a concorrência, nesse caso, o varejista passa a controlar o que os concorrentes estão fazendo e aumenta ou diminui os seus investimentos para acompanhá-los. Esse método é mais comum entre grandes varejistas. É importante ter uma determinação de verba com as necessidades do plano de marketing da empresa. Uma verba determinada desse modo estará adap- tada e com maiores condições de gerar resultados. Que mensagem transmitir? Refere-se ao que deve ser dito visando determinados grupos de receptores ou mercado-alvo. A mensagem que se quer transmitir é um assunto importante, pois deve estar em sintonia com os objetivos da comunicação. Recomenda-se que sejam consultadas algumas agências de propaganda, pois possuem profissionais especializados e podem ajudar na criação de boas campanhas ou mesmo lapidar boas ideias que o varejista teve. Em que meio e veículo anunciar? Cada tipo de mensagem terá melhores resultados dependendo dos meios e veículos utilizados. Com a ajuda do publicitário, serão definidos o melhor meio e veículo para atingir o público-alvo de maneira mais eficaz. Estas decisões sempre serão tomadas com base na mensagem que se quer transmitir e o público que se pretende atingir. Que retorno será obtido? Uma das dificuldades que se tem é avaliar retornos financeiros. Ao investir em propaganda não se tem a certeza de um retorno, pois são muitas as variáveis envolvidas. O efeito vai além das vendas, podendo medir outros qualitativos, como imagem projetada etc. FONTE: Adaptado de Morgado e Gonçalves (2001) Quando falamos em propaganda, é importante que o varejista tenha a assessoria de uma agência de publicidade e propaganda, afinal o investimento nessa área geralmente é alto e é necessário que as diretrizes estejam bem alinhadas para que não ocorra nenhum ruído da comunicação. 32 Marketing Avançado Você já ouviu falar de briefing? O briefing é o documento que o profissional de marketing elabora e fornece para a agência de comunicação conseguir desenvolver o seu trabalho. Roberto Corrêa, em seu livro Planejamento de Propaganda, sugere que o briefing, além de ser uma prática saudável, é também rentável, pois conduz os trabalhos para os objetivos com maior precisão. Para que o briefing possa orientar os trabalhos da agência, é importante que apresente informações básicas em maior ou menor riqueza de detalhes, conforme a necessidade. O modelo de briefing que Corrêa (2004) sugere tem 12 itens que devem ser pontuados: 1) situação do mercado, 2) dados do produto ou serviço, 3) comparação do produto/serviço x concorrência, 4) objetivos de marketing, 5) posicionamento, 6) público-alvo e localização, 7) qual o problema que a comunicação tem que resolver, 8) objetivo de comunicação, 9) tom da campanha, 10) obrigatoriedade de comunicação, 11) verba de comunicação e, 12) cronograma. Para você entender a importância do briefing, leia o artigo O briefing como ferramenta auxiliar na gestão de projetos em microempresa de publicidade, publicado na revista Competência, em 2014. São apontados alguns casos interessantes e o papel do briefing no sucesso e no insucesso dos projetos. Acesse em: <https:// www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/109536/000948913. pdf?sequence=1&isAllowed=y>. 3.4.2 Promoção de vendas Shimp (2002) esclarece que há uma diferença entre a propaganda e a promoção de vendas. A propaganda geralmente foca em resultados a longo prazo e é mais apropriada para melhorar as atitudes dos compradores e aumentar o valor da marca, já a promoção é mais orientada para resultados a curto prazo e são capazes de mudar o comportamento dos consumidores. Lupetti (2007, p. 24) explica que a promoção de vendas tem a “característica de gerar vendas rapidamente, por determinado período, pois sempre oferece algo ao consumidor - um desconto, um brinde, a compra de dois produtos pelo preço de um”. 33 MARKETING DO VAREJO Capítulo 1 Basicamente, as promoções de venda são feitas para gerar vendas e devem ter um período bem definido para acontecer, a promoção de vendas não pode durar eternamente. Bernardino et al. (2006, p. 91) explicam que a promoção de vendas deve ser utilizada nas seguintes circunstâncias: [...] como suporte para a propaganda e a publicidade, no desenvolvimento e fortalecimento da imagem da loja, marcas e produtos; como diferencial mercadológico; como alternativa a investimentos maciços em propaganda; como resposta aos consumidores, quando esses exigem preços menores; como bloqueio das ações da concorrência; como resposta de incentivo especial à equipe de vendas e a diferentes públicos internos da empresa. Entre tantas circunstâncias, o varejo utiliza a promoção de vendas das mais diversas formas, no entanto, a mais evidente é a promoção de vendas que utilizamos como estratégia para reduzir estoques. No Quadro 6, verificaremos as principais ferramentas de promoção de vendas utilizadas no varejo. QUADRO 6 – FERRAMENTAS DE PROMOÇÃO DE VENDAS Ferramenta Descrição Prêmios São mercadorias oferecidas a preços reduzidos ou de graça para encorajar o consumo. Há vários tipos de prêmios, os de embalagem (espuma de barba com o aparelho de barbear), e os de liquidação, quando a empresa coloca certos produtos a preços especiais. Pack on Promoções adicionais inseridas na própria embalagem do produto. Amostragem É feita com produtos frequentemente usados e que têm custos baixos, princi- palmente os que devem ser experimentados, como alimentos, cosméticos, per- fumes etc. As amostras costumam ser gratuitas, mas podem ter uma cobrança especial. Concursos Geralmente exigem prova de compra, como código de barra dos produtos. No Brasil, sorteios e concursos são regulamentados pelo Governo Federal. Ofertas Referem-se à redução de preços. Cupons São oferecidos como descontos no varejo. Selos ou vale- brindes Essas promoções têm dois tipos, em uma delas o consumidor é levado a juntar partes do produto (como tampinhas de refrigerantes) para depois trocá-las por prêmios. No segundo, basta que o comprador encontre o vale-brinde para ser premiado, conhecida como “achou, ganhou”. FONTE: Adaptado de Morgado e Gonçalves (2001) Posner (2015) lembra que as vendas podem ser maximizadas se a oferta estiver acompanhada de uma sinalização clara e um expositor montado que chame a atenção dos clientes, informando que aqueles itens estão em promoção por aquele preço e naquele período de tempo especificado. 34 Marketing Avançado É importante que os varejistas se preocupem em fazer promoções com a finalidade de estimular as vendas. As promoções de vendas ligadas a preço resultam em vendas imediatas e altas, no entanto, esses ganhos a curto prazo não influenciam o crescimento a longo prazo, servem muitas vezes somente para induziro consumidor a comprar algo que ele já iria comprar (SHIMP, 2002). Morgado e Gonçalves (2001) sugerem a elaboração de um calendário promocional anual para otimizar o planejamento das ações promocionais, além disso, sugerem também que o varejista deve: a) definir o objetivo, o que pretende com a campanha; b) definir qual a ferramenta de promoção mais adequada para alcançar os objetivos; c) comunicação; d) enfatizar os pontos mais importantes da campanha. Uma vantagem das promoções de vendas é que elas podem ser financiadas total ou parcialmente pelo fornecedor, que pode oferecer produtos para amostragem ou brindes ou reduzir custos para o varejista e trazer ganhos consideráveis. No entanto, Shimp (2002) lembra que a promoção de vendas não pode compensar uma equipe de vendas mal treinada, a falta de propaganda, fazer com que o consumidor continue comprando a longo prazo, ou mesmo deter o declínio de um produto ruim. 3.4.3 Visual merchandising Para muitos clientes, o ato da compra é um momento de satisfação pessoal, considerado até mesmo um momento de lazer (NASCIMENTO, 2005). Neste sentido, muitos varejistas estão criando ambientes para tornar este momento cada vez mais prazeroso, algumas lojas são até mesmo consideradas pontos turísticos. Para isso, usamos a técnica de visual merchandising. No Brasil, o visual merchandising é muito confundido com a técnica de “fazer propaganda de marcas” em novelas ou filmes, o termo correto para esta técnica é product in placement ou merchandising editorial, ou seja, quando assistimos uma novela ou filme e o ator principal está dirigindo o carro de determinada marca, não é visual merchandising e sim uma técnica de product in placement. Vamos compreender então o que é visual merchandising? Lupetti (2007, p. 25) explica que: O visual merchandising é um conjunto de ações que visa construir um cenário favorável à compra do produto no ponto de venda. Tem como objetivos induzir consumidores potenciais à experimentação do produto, apresentar inovações, incentivar os canais de distribuição, além de provocar tráfego nas lojas. Fica bem claro que visual merchandising são as ações realizadas no 35 MARKETING DO VAREJO Capítulo 1 ponto de venda para tornar o ambiente da loja mais propício para a compra, aqui deve ser pensado em todos os cinco sentidos do consumidor, trabalhando desde visão, olfato, audição, tato e paladar. Bernardino et al. (2006) explicam que, do ponto de vista técnico, o visual merchandising pode criar uma impressão favorável e memorável, simplificando o processo de compra, induzindo o consumidor a comprar mais e a retornar, facilitando até mesmo o trabalho dos vendedores. Já do ponto de vista técnico, o visual merchandising eleva a produtividade da loja, o giro do estoque, as vendas, o tíquete médio e reduz a necessidade de remarcação e liquidações. Até aqui, o que podemos concluir é que o visual merchandising será o responsável pela fácil identificação dos produtos no ponto de venda e, também, pela maioria das compras por impulso que os consumidores fazem. O planejamento de visual merchandising deve considerar seis passos: imagem e ambiência, leiaute, apresentação da mercadoria, sinalização, displays e eventos e atividades, todos pensados de forma sinérgica, pois empregá-los juntos trará um maior desempenho. Vamos ver cada um deles em detalhes? • Imagem e ambiência Para Bernardino et al. (2006, p. 108), “a imagem da loja é a primeira impressão visual e mental que o consumidor tem da loja e que influencia em sua decisão de entrar ou não”. O varejista deve buscar sempre causar uma ótima primeira impressão, muitas vezes sendo a imagem o diferencial da loja perante os concorrentes e o que faz com que a loja seja lembrada. No Quadro 7, são apresentados alguns pontos importantes para a formação da imagem da loja. Visual merchandising são as ações realizadas no ponto de venda para tornar o ambiente da loja mais propício para a compra, aqui deve ser pensado em todos os cinco sentidos do consumidor, trabalhando desde visão, olfato, audição, tato e paladar. QUADRO 7 – PONTOS IMPORTANTES PARA A FORMAÇÃO DA IMAGEM DA LOJA Ponto Descrição Nome Um nome prontamente identificável, curto, fácil de pronunciar e de lembrar, capaz de sugerir as imagens e os sentimentos que o varejista deseja incutir no consumidor. Logomarca Uma logomarca visualmente poderosa, simples, visível, marcante e coerente com a imagem que o varejista quer passar. Fachada Uma fachada correta, com arquitetura que combine com a identidade da loja, letreiro visível, legível e igualmente compatível, e vitrines que despertam o interesse do cliente. Entrada Uma entrada convidativa, sem obstáculos ou cartazes de “proibido” que desmotivem o consumidor. Aromas O uso de aromas, recorrendo ou não às técnicas de aromaterapia. Iluminação Uso de iluminação compatível com o clima de loja, vibrante ou mais íntimo, quanto mais intensa a iluminação, principalmente com lâmpadas fluorescentes, maior a associação com preços baixos. 36 Marketing Avançado Música O uso de música adequada faz com que os clientes suportem melhor as filas e achem o serviço mais cordial, além de induzir uma permanência mais longa na loja. É importante utilizar músicas que estejam de acordo com o gosto do público e o posicionamento da loja e não o gosto do dono da loja ou do funcionário. É aconselhável músicas mais suaves pela manhã e nos períodos de menor movimento, e músicas mais ritmadas nos horários de pico. É importante que o varejista esteja atento às exigências do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD) relativas a direitos autorais. FONTE: Adaptado de Bernardino et al. (2006) A imagem da loja deve ser constantemente cuidada, para que não haja deslizes, pois como diz o velho ditado popular: “a primeira impressão é a que fica” e é sempre bom fazer o exercício de verificar se a imagem da loja está coerente com o posicionamento, com o público-alvo que se quer atingir e com a propaganda que o estabelecimento faz, não é algo que se faz sem pensar no todo. • Leiaute Morgado e Gonçalves (2001) explicam que o leiaute pode ser definido como o conjunto de elementos que levará a loja à produtividade máxima, simplificando o trabalho. O leiaute da loja é a disposição de divisórias, pilares, caixas, provadores ou qualquer elemento fixo que interfira na circulação (BERNARDINO et al., 2006). Alguns fatores devem ser considerados no planejamento do leiaute da loja, veja no Quadro 8: QUADRO 8 – FATORES A SEREM CONSIDERADOS NO PLANEJAMENTO DO LEIAUTE DA LOJA Fatores Descrição Transição de entrada da loja Este espaço deve permitir que o consumidor se adapte às condições de iluminação, temperatura e ambientação. As mercadorias que o varejista mais deseja vender devem estar posicionadas depois da zona de transição e à direita. Indicação para virar à direita Por reflexo condicionado, consumidores caminham do mesmo modo como dirigem seus carros, a fim de evitar colisões. Assim, posicionar o caixa logo no início da loja ao lado direito, não costuma ser uma boa ideia, pois nesse momento o consumidor não escolheu nada. 37 MARKETING DO VAREJO Capítulo 1 Fluxo da loja Os corredores podem ser: matriciais, de fluxo livre ou de circulação. Os consumidores devem ser atraídos até o fundo da loja e sentir que estão sendo guiados, e não que caíram numa armadilha. Os varejistas que comercializam uma ampla variedade de produtos, como supermercados, farmácias etc., devem dispor de corredores matriciais, ou seja, com linhas e colunas. O fluxo livre de circulação é mais usado em livrarias e outras lojas menores e exclusivas, é aconselhado para estabelecimentos onde o consumidor deseja se distrair, porque induz a olhar a loja toda. No fluxo circular, o consumidor entra pelo lado direito, vai até o fundo da loja e retorna pelo lado esquerdo, havendouma “ilha” no meio, é mais usado em lojas médias a grandes, com pelo menos 60 metros de largura. Iluminação Deve guiar a visão ao longo da loja, deve produzir um tom de pele agradável onde houver espelhos, deve ser bem dimensionada nas cabines ou provadores, deve proporcionar claridade suficiente para que os funcionários executem suas tarefas e deve destacar as melhores zonas da loja. Identificação das melhores zonas da loja Antes de decidir onde colocar prateleiras e utensílios expositores, é preciso determinar os locais mais atrativos da loja. Paredes mais visíveis do que outras, finais ou interseções de corredores, zonas de impacto ou elementos estruturais podem ser utilizados como pontos focais. O uso de gôndolas, displays e cores também podem atrair a atenção do consumidor. Nesses pontos, o varejista deve apresentar suas mercadorias mais importantes. Outro ponto que merece atenção é a área em volta do caixa, ideal para produtos que são suscetíveis de desejo. FONTE: Adaptado de Bernardino et al. (2006) • Apresentação da mercadoria Apresentar mercadorias é mais do que encher prateleiras. Bernardino et al. (2006) explicam que é preciso: categorizar as mercadorias de tal maneira que seja fácil para o consumidor orientar-se e escolher. Além de posicionar os departamentos dentro do leiaute, o objetivo é antever as necessidades do consumidor que transita pela loja. Posicionar os equipamentos expositores, deve-se encaminhar o fluxo para as áreas centrais e do fundo da loja e exibir atrativos nos finais dos corredores, permitindo o tráfego confortável e a visão de toda a loja pelos funcionários. Organizar as mercadorias, por marca, preço, tamanho ou estilo. Apresentar a mercadoria com apelo de compra, é preciso tomar decisões quanto à quantidade de produtos por item, quanto ao lugar de cada tipo de item na prateleira e quanto ao seu posicionamento junto a mercadorias de outras categorias que sejam consumidas na mesma ocasião (BERNARDINO et al., 2006). Além das questões ligadas à apresentação da mercadoria, Bernardino et al. (2006) também cogitam levar em consideração a acessibilidade e o cross- 38 Marketing Avançado merchandising quando os varejistas decidem sobre a apresentação. o Quanto à acessibilidade, os consumidores costumam olhar as prateleiras do mesmo modo que leem um livro, da esquerda para a direita, de cima para baixo, explicam Bernardino et al. (2006). Assim, itens que geram maior margem nunca devem ser posicionados à esquerda, e sim onde o olho terminar o exame da linha de produtos, porque assim o consumidor examinará do mais barato para o mais caro, nessa ordem. Artigos muito pesados ou frágeis não devem ser posicionados em prateleiras muito altas, pois o consumidor tenderá a não examiná-los, assim como brinquedos para crianças devem estar posicionados à altura dos olhos da criança (BERNARDINO et al., 2006). o Já o Cross-merchandising trata da apresentação de mercadorias fora de sua seção tradicional, em locais que combinam com outros produtos (BERNARDINO et al., 2006). Um exemplo é colocar meias perto de sapatos em um varejo de moda, ou molho de tomate e queijo ralado perto das massas em um supermercado. FIGURA 2 – EXEMPLO DE CROSS-MERCHANDISING FONTE: http://www.mmdamoda.com.br/cross-merchandising- no-varejo-de-moda/. Acesso em: 14 abr. 2019. 39 MARKETING DO VAREJO Capítulo 1 Como já verificamos quando tratamos do produto, ter o produto certo é importante para o varejo, mas se este produto não for bem apresentado, em muitas circunstâncias o consumidor pode não o encontrar na loja. • Sinalização A sinalização deve funcionar como um vendedor na loja (BERNARDINO et al., 2006). É preciso que a sinalização esteja nos locais certos, expresse de forma clara e concisa e transmita ao cliente uma imagem profissional e informações relevantes. • Displays Os displays são como vitrines no interior da loja, cujo objetivo é dar um toque artístico à exposição dos produtos, explicam Bernardino et al. (2006). As possibilidades são inúmeras, como montar uma pirâmide de produtos, o importante é desenvolver um tema, procurando associar os produtos a alguma ideia sugerida. Um exemplo pode ser quando uma loja que vende produtos de cama, mesa e banho, “monta” uma mesa com toalha, pratos, talheres, copos, guardanapos, todos em alusão ao Natal ou com algum outro tema. • Eventos e atividades Eventos que agradem ao público, desde uma simples demonstração de produtos até programações que durem uma semana inteira, atraem novos consumidores à loja e geram publicidade espontânea (BERNARDINO et al., 2006). Os autores lembram, no entanto, que os eventos também precisam de muito planejamento, e existem três pontos críticos que devem ser observados ao fazer o planejamento: entretenimento, educação e interação. Veremos mais detalhes a respeito no Quadro 9. QUADRO 9 – PONTOS CRÍTICOS PARA O PLANEJAMENTO DE EVENTOS Pontos Descrição Entretenimento Estima-se que 70% dos consumidores que tiveram uma experiência de entreten- imento no varejo retornaram posteriormente à loja, o que representa o triplo ou o quádruplo do índice normal de retorno de novos clientes. No entanto, é preciso deixar claro que o tipo de entretenimento oferecido deve ser compatível com o perfil do cliente e com o posicionamento da loja. Além disso, quanto mais inter- ativo for o entretenimento, maior será o envolvimento do cliente. Um exemplo é uma loja de produtos para animais domésticos que oferece festas de Natal e Halloween para cães e gatos. 40 Marketing Avançado Educação Certas atividades podem ser uma forma elegante e sutil de transmitir infor- mações sobre mercadorias. Para montarem seus eventos de caráter educativo, os varejistas devem questionar os clientes sobre quais produtos eles gostariam de conhecer melhor, realizando demonstrações curtas de cinco a dez minutos e posicionar o produto num local próximo à demonstração para estimular a venda, distribuir folhetos explicativos, além de verificar se os próprios consumidores po- dem participar da demonstração. São exemplos as lojas de cosméticos que oferecem demonstrações de seus produtos, ensinando, por exemplo, as consumidoras a se automaquiarem, ou uma casa de carnes que ensina os consumidores a fazerem churrasco. Interação A interação no ambiente varejista propicia maior envolvimento do consumidor com a mercadoria. Na demonstração, muitas vezes o consumidor é passivo, mas para ele é muito mais interessante desempenhar um papel ativo, poder lidar com um produto e descobrir como ele funciona. Após interagir com o produto, o consumidor torna-se mais confiante em sua decisão de compra e já se sente seu “dono”. As atividades interativas são mais apropriadas a certos tipos de lojas, como as que vendem carros, instrumentos musicais, pois estes são produtos caros que devem corresponder integralmente às necessidades e aos desejos do cliente. Algumas dicas para tornar a loja mais interativa: encorajar os clientes a sempre experimentarem antes de comprar, pedir apoio dos fornecedores para os eventos relacionados aos seus produtos, ter atenção aos detalhes, como numa loja que vende carnes, providenciar um bloco para que os clientes possam experimentá-las. FONTE: Adaptado de Bernardino et al. (2006) Mehrabian e Russel (1974) desenvolveram a teoria do afeto. Para os autores, existe uma relação entre a configuração de cada ambiente da loja com os comportamentos resultantes, isso tudo em função do estado emocional causado pelo ambiente sobre o indivíduo. Assim, as respostas aos estímulos podem causar aproximação ou afastamento, dessa forma, a utilização de fatores ambientais pode fazer com que os consumidores tenham maior vontade de ir à loja, de ficar e explorar o ambiente, aumentando também a probabilidade de venda. Donavan e Rossiter (1982) complementaram os estudos de Mehrabian e Russel (1974) ao estudarem como
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