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Evolução da estrutura atômica APRESENTAÇÃO No século V a.C., os filósofos gregos Leucipo e Demócrito exprimiram a crença de que toda a matéria consistia em partículas muito pequenas e indivisíveis, às quais chamaram átomos. Esse foi o primeiro relato sobre a teoria atômica, que seria muito estudada depois. Quer saber mais? Nesta Unidade de Aprendizagem conheceremos um pouco sobre a teoria atômica. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a evolução da teoria atômica.• Apresentar a estrutura do átomo.• Diferenciar elétrons, prótons e nêutrons.• DESAFIO Você é convidado(a) a explanar sobre a evolução dos modelos atômicos em um evento acadêmico. Para isso, será necessária uma representação visual que deixe bem clara esta evolução. Com isso, o desafio consiste em desenhar a evolução dos modelos atômicos, desde a teoria de Demócrito até o modelo atômico atual. Essa atividade pode ser feita em folha de ofício e à mão. Depois, fotografe ou escaneie o desenho e anexe à sua resposta. Use sua criatividade! INFOGRÁFICO O esquema a seguir mostra a evolução dos modelos atômicos, destacando, de forma visual, as características de cada um. CONTEÚDO DO LIVRO A teoria atômica vem sendo estudada desde o século V a.C. pelo filósofo grego Demócrito. Seus achados foram sendo aperfeiçoados e testados até chegar no modelo atômico atual. Acompanhe um trecho da obra Química, de Chang e Goldsby. O livro está na 11ª edição e servirá de base teórica para esta Unidade de Aprendizagem. Inicie a leitura pelo título Teoria atômica e leia até o item O nêutron. Boa leitura! CYAN VS Gráfica VS Gráfica MAG VS Gráfica YEL VS Gráfica BLACK Raymond Chang Kenneth A. Goldsby QUÍMICA www.grupoa.com.br Várias gerações de estudantes do mundo inteiro estudaram química recorrendo às primeiras edições desta obra. A 11ª edição de Química continua a oferecer conhecimentos sólidos sobre os principais conceitos e princípios químicos. O Professor Chang ensina os alunos a resolverem problemas do mundo real utilizando a arte da estimativa baseada em hipóteses adequadas, a encontrarem a informação necessária e, em muitos casos, a formularem o plano para obterem respostas aproximadas. Quím ica 11ª ed ição Química 11ª edição Raymond Chang Kenneth A. Goldsby Química 11ª edição Raym ond Chang Kenneth A. Goldsby Visite o hotsite desta obra em http://www.grupoa.com. br/changquimica11ed. Nele você encontrará animações, Tabela Periódica interativa e uma calculadora de fórmulas. Conheça o material de apoio do livro (em inglês) disponível no site da editora, www.grupoa.com.br. Procure o livro no nosso catálogo e acesse a exclusiva Área do Professor por meio de um cadastro. 46212 Quimica 02-05 ok.indd 146212 Quimica 02-05 ok.indd 1 29/05/2013 08:57:2629/05/2013 08:57:26 Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB10/2052 C456q Chang, Raymond. Química [recurso eletrônico] / Raymond Chang, Kenneth A. Goldsby ; [tradução: M. Pinho Produtos Digitais Unipessoal Lda.] ; revisão técnica: Denise de Oliveira Silva, Vera Regina Leopoldo Constantino. – 11. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2013. Editado também como livro impresso em 2013. ISBN 978-85-8055-256-0 1. Química. I. Goldsby, Kenneth A. II. Título. CDU 54 Iniciais_Eletronico.indd 2 29/07/13 16:53 Capítulo 2 ♦ Átomos, moléculas e íons 39 Desde tempos remotos o homem ponderou sobre a natureza da matéria. As ideias modernas sobre a estrutura da matéria começaram a tomar forma no princípio do século xix com a teoria atômica de Dalton. Hoje sabemos que toda a matéria é constituída por átomos, moléculas e íons. Toda a química está relacionada de uma forma ou de outra com estas espécies. 2.1 Teoria atômica No século v a. c., o filósofo grego Demócrito exprimiu a crença de que toda a matéria consistia em partículas, muito pequenas e indivisíveis, às quais ele cha- mou de átomos (que significa indivisível). Embora a ideia de Demócrito não te- nha sido aceita por muitos dos seus contemporâneos (como Platão e Aristóteles), ela prevaleceu. Resultados experimentais de investigações científicas apoiaram o conceito de “atomismo” e gradualmente fizeram surgir as definições modernas de elementos e compostos. Em 1808, o cientista e professor inglês John Dalton1 formulou uma definição precisa dos blocos indivisíveis constituintes da matéria aos quais chamamos de átomos. O trabalho de Dalton marcou o início da era moderna da química. As hipó- teses acerca da natureza da matéria na qual a teoria atômica de Dalton se baseia podem ser resumidas da seguinte forma: 1. Os elementos são constituídos por partículas extremamente pequenas cha- madas de átomos. 2. Todos os átomos de um dado elemento são idênticos, tendo a mesma di- mensão, massa e propriedades químicas. Os átomos de um elemento são diferentes dos átomos de todos os outros elementos. 3. Os compostos são constituídos por átomos de mais de um elemento. Em qualquer composto, a razão entre os números de átomos de quaisquer dois elementos presentes é um número inteiro ou uma fração simples. 4. Uma reação química envolve apenas a separação, a combinação ou o rear- ranjo dos átomos: não resulta na sua criação ou destruição. A Figura 2.1 é uma representação esquemática das últimas três hipóteses. O conceito de átomo de Dalton era bem mais detalhado e específico do que o de Demócrito. A segunda hipótese afirma que os átomos de um elemento são diferentes dos átomos de todos os outros elementos. Dalton não tentou descrever a estrutura ou composição dos átomos – ele não fazia ideia de como era na reali- dade um átomo. Mas percebeu que as diferentes propriedades apresentadas por 1 John Dalton (1766-1844). Químico, matemático e filósofo inglês. Além da teoria atômica, for- mulou várias leis de gases e deu a primeira descrição detalhada do daltonismo, doença da qual ele era vítima. Dalton era descrito como um experimentador razoável e um ilustrador particularmente fraco. O seu único divertimento era jogar bocha nas tardes de quinta-feira. Talvez tenha sido a visão daquelas bolas de madeira que lhe proporcionou a ideia da teoria atômica. Figura 2.1 (a) De acordo com a teo- ria atômica de Dalton, os átomos do mesmo elemento são idênticos, mas os átomos de um elemento são diferentes dos átomos de outros elementos. (b) Um composto formado por átomos dos ele- mentos X e Y. Neste caso, a razão entre o número de átomos do elemento X e dos átomos do elemento Y é 2:1. Repare que uma reação química resulta apenas no rearranjo de átomos, não na sua des- truição ou criação.(b) Um composto dos elementos X e YÁtomos do elemento X Átomos do elemento Y (a) Chang_02.indd 39Chang_02.indd 39 03/05/13 11:0903/05/13 11:09 40 Química elementos como o hidrogênio e o oxigênio podem ser explicadas ao supor que os átomos de hidrogênio não são os mesmos que os átomos de oxigênio. A terceira hipótese sugere que, para formar um certo composto, precisamos não só de átomos dos elementos certos, mas também de números específicos destes átomos. Esta ideia é uma extensão de uma lei publicada em 1799 pelo químico francês Joseph Proust2. A lei das proporções definidas de Proust afirma que amos- tras diferentes do mesmo composto contêm sempre a mesma proporção das massas dos seus elementos constituintes. Assim, se analisássemos amostras de dióxido de carbono gasoso obtidas de fontes diferentes, encontraríamos em cada amostra a mesma razão entre as massas de carbono e de oxigênio. É então aceitável que, se a razão entre as massas dos diferentes elementos em um dado composto é fixa, a razão do número de átomos destes elementos também deverá ser constante. A terceira hipótese de Dalton apoia outra lei importante, a lei das propor- ções múltiplas. De acordo com esta lei, se dois elementos podemse combinar para formar mais de um composto, as massas de um elemento que se combinam com uma dada massa do outro elemento estão na razão de números pequenos e inteiros. A teoria de Dalton explica a lei das proporções múltiplas de uma forma muito simples: compostos diferentes constituídos pelos mesmos elementos dife- rem no número de átomos de cada espécie que se combinam. Por exemplo, o car- bono forma dois compostos estáveis com o oxigênio, nomeadamente, o monóxido de carbono e o dióxido de carbono. As técnicas de medição modernas indicam que um átomo de carbono se combina com um átomo de oxigênio no monóxido de carbono e com dois átomos de oxigênio no dióxido de carbono. Assim, a razão entre o oxigênio no monóxido de carbono e o oxigênio no dióxido de carbono é 1:2. Este resultado é consistente com a lei das proporções múltiplas (Figura 2.2). A quarta hipótese de Dalton é outra forma de exprimir a lei da conser- vação da massa,3 que diz que a matéria não pode ser criada nem destruída. Como a matéria é constituída por átomos que não são alterados em uma reação química, então a massa também deve se conservar. A brilhante visão de Dalton sobre a natureza da matéria foi o principal estímulo para o progresso rápido da química no século xix. Revisão de conceitos Os átomos do elemento A (azul) e do B (laranja) formam dois compostos mostrados aqui. Estes compostos obedecem à lei das proporções múltiplas? 2.2 Estrutura do átomo Com base na teoria atômica de Dalton, podemos definir um átomo como a uni- dade básica de um elemento que pode entrar em uma combinação química. Dal- ton imaginou um átomo que era simultaneamente indivisível e extremamente 2 Joseph Louis Proust (1754-1826). Químico francês, Proust foi o primeiro a isolar o açúcar das uvas. 3 De acordo com Albert Einstein, a massa e a energia são aspectos alternativos de uma mesma en- tidade chamada massa-energia. As reações químicas em geral envolvem um ganho ou uma perda de calor e outras formas de energia. Assim, quando se perde energia em uma reação, por exemplo, também se perde massa. Com exceção das reações nucleares (ver Capítulo 23), as variações de mas- sa nas reações químicas são demasiado pequenas para serem detectadas. Portanto, do ponto de vista prático, há conservação de massa. Monóxido de carbono Dióxido de carbono O C 2 1 O C 1 1 � � � � Figura 2.2 Ilustração da lei das pro- porções múltiplas. Chang_02.indd 40Chang_02.indd 40 03/05/13 11:0903/05/13 11:09 Capítulo 2 ♦ Átomos, moléculas e íons 41 pequeno. Contudo, diversas investigações que tiveram início na década de 1850 e se estenderam até o século xx demonstraram que os átomos possuem na reali- dade uma estrutura interna; isto é, são constituídos por partículas ainda menores, chamadas partículas subatômicas. Esta investigação levou à descoberta de três destas partículas – os elétrons, os prótons e os nêutrons. O elétron Na década de 1890 muitos cientistas foram “apanhados” pelo estudo da radiação, a emissão e transmissão de energia através do espaço na forma de ondas. A informa- ção ganha com esta investigação contribuiu muito para a compreensão da estrutura atômica. Um instrumento usado para investigar este fenômeno é a ampola de raios catódicos, o precursor do tubo de imagem da televisão (Figura 2.3). Trata-se de um tubo de vidro de onde se retirou a maior parte do ar. Quando se ligam as duas placas metálicas à fonte de alta tensão, a placa carregada negativamente, chamada cáto- do, emite uma radiação invisível. Os raios catódicos são atraídos para a placa com carga positiva, chamada ânodo, onde passam através de um orifício e continuam o percurso até a outra extremidade do tubo. Quando os raios atingem a superfície com um revestimento especial, produzem uma fluorescência forte, ou uma luz intensa. Em algumas experiências foram adicionadas duas placas carregadas eletri- camente e um ímã colocado no exterior da ampola de raios catódicos (ver Figura 2.3). Na presença do campo magnético e na ausência do campo elétrico, os raios catódicos atingem o ponto A. Quando se aplica apenas o campo elétrico, os raios atingem o ponto C. Quando ambos os campos, elétrico e magnético, estão des- ligados, ou ligados mas equilibrados de modo que anulam a influência um do outro, a radiação atinge o ponto B. De acordo com a teoria eletromagnética, um corpo carregado em movimento comporta-se como um ímã e pode interagir com os campos elétrico e magnético que atravessa. Dado que os raios catódicos são atraídos pela placa com carga positiva e repelidos pela placa com carga negati- va, eles devem ser constituídos por partículas com carga negativa. Conhecemos estas partículas com carga negativa como elétrons. A Figura 2.4 mostra o efeito de um ímã nos raios catódicos. O físico inglês J. J. Thomson4 usou a ampola de raios catódicos e o seu co- nhecimento da teoria eletromagnética para determinar a razão entre a carga elétrica e a massa de um elétron. O número que ele encontrou foi �1,76 � 108C/g, onde C é o coulomb, que é a unidade de carga elétrica. A partir daí, em uma série de expe- riências realizadas entre 1908 e 1917, R. A Millikan5 conseguiu medir a carga do 4 Joseph John Thomson (1856-1940). Físico inglês que recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1906 pela descoberta do elétron. 5 Robert Andrews Millikan (1868-1953). Físico americano que recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1933 por ter determinado a carga do elétron. Animação Ampola de raios catódicos. Os elétrons normalmente estão associados aos átomos, mas também podem ser estudados individualmente. Animação A gota de óleo de Millikan. Figura 2.3 Uma ampola de raios catódicos com um campo elétrico per- pendicular à direção dos raios catódicos e um campo magnético exterior. Os símbolos N e S representam os polos norte e sul do ímã. Os raios catódicos atingirão a extremidade da ampola em A na presença do campo magnético, em C na presença de um campo elétrico, e em B quando não houver campos exteriores ou quando os efeitos do campo elétrico e magnético se anularem. Fonte de alta tensão � � Ânodo Cátodo A B C S N Tela fluorescente Chang_02.indd 41Chang_02.indd 41 03/05/13 11:0903/05/13 11:09 42 Química elétron com grande precisão. O seu trabalho mostrou que a carga de cada elétron era exatamente a mesma. Na sua experiência, Millikan examinou o movimento de minúsculas gotas de óleo que apanhavam cargas estáticas de íons presentes no ar. Ele suspendeu as gotas carregadas no ar aplicando-lhes um campo elétrico e seguiu os seus movimentos utilizando um microscópio (Figura 2.5). Aplicando os seus conhecimentos de eletrostática, Millikan achou que a carga do elétron era �1,6022 � 10�19 C. A partir deste resultado, ele calculou a massa do elétron: massa de um elétron carga carga/massa Esta massa é extremamente pequena. Radioatividade Em 1895, o físico alemão Wilhelm Röntgen6 reparou que os raios catódicos fa- ziam o vidro e os metais emitirem uma radiação incomum. Esta radiação altamen- te energética penetrava a matéria, escurecia placas fotográficas cobertas e provo- 6 Wilhelm Konrad Röntgen (1845-1923). Físico alemão que recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1901 pela descoberta dos raios X. (c)(b)(a) Figura 2.4 (a) Um raio catódico produzido em uma ampola seguindo do cátodo (esquerda) para o ânodo (direita). O raio em si é invisível, mas a fluorescência do revestimento de sulfeto de zinco sobre o vidro faz com que apareça em verde. (b) O raio catódico é dobrado para baixo quando o ímã se desloca na sua direção (c) Quando a polaridade do ímã é invertida, o raio curva-se na direção oposta. Placa com carga Placa com carga Pequeno orifício Raio X para produzir carga na gotícula de óleo (�) (�) Gotículas de óleo Atomizador Microscópio Figura 2.5 Diagrama esquemático da experiência da gota de óleo de Millikan. Chang_02.indd 42Chang_02.indd 4203/05/13 11:0903/05/13 11:09 Capítulo 2 ♦ Átomos, moléculas e íons 43 cava fluorescência em várias substâncias. Como estes raios não eram defletidos por um ímã, não podiam conter partículas com carga, à semelhança dos raios catódicos. Röntgen chamou-lhes raios X porque a sua natureza era desconhecida. Pouco depois da descoberta de Röntgen, Antoine Becquerel,7 professor de fí- sica em Paris, começou a estudar as propriedades de fluorescência das substâncias. Por mero acidente, ele verificou que a exposição de placas fotográficas envolvidas em um revestimento espesso a certos compostos de urânio provocava o seu escu- recimento mesmo sem a estimulação dos raios catódicos. Tal como os raios X, os raios do composto de urânio eram muito energéticos e não eram defletidos por um ímã, mas distinguiam-se dos raios X porque apareciam espontaneamente. Um dos estudantes de Becquerel, Marie Curie8, sugeriu o nome radioatividade para descre- ver esta emissão espontânea de partículas e/ou radiação. Desde então, qualquer elemento que emita radiação espontaneamente é chamado de radioativo. Na desintegração ou quebra de substâncias radioativas, como o urânio, são produzidos três tipos de radiação, dois dos quais são defletidos por placas metá- licas com cargas opostas (Figura 2.6). A radiação alfa (�) consiste em partícu- las com carga positiva, chamadas partículas �, e são defletidas pela placa com carga positiva. A radiação beta (�), ou partículas �, são elétrons e são defleti- dos pela placa com carga negativa. O terceiro tipo de emissão radioativa consiste em raios de elevada energia chamada raios gama (�). Tal como os raios X, os raios � não têm carga e não são afetados por um campo externo. O próton e o núcleo No início do século xx, duas características dos átomos se tornaram claras: eles continham elétrons e eram eletricamente neutros. Para manter a neutralidade elétrica, um átomo deve conter um número igual de cargas positivas e negativas. Por isso, Thomson propôs que um átomo podia ser imaginado como uma esfera uniforme de matéria, com carga positiva, na qual os elétrons estão embebidos 7 Antoine Henri Becquerel (1852-1908). Físico francês que recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1903 pela descoberta da radioatividade do urânio. 8 Marie (Marya Sklodowska) Curie (1867-1934). Química e física de origem polonesa. Em 1903, ela e o seu marido, o francês Pierre Curie, receberam o Prêmio Nobel de Física pelo seu trabalho na radioatividade. Em 1911, ela voltou a receber o Prêmio Nobel, desta vez de Química, pelo seu trabalho sobre os elementos radioativos rádio e polônio. É uma das três pessoas que receberam dois prêmios Nobel em ciência. Apesar da sua grande contribuição para a ciência, a sua nomeação para a Academia de Ciências Francesa, em 1911, foi rejeitada por um voto por ela ser mulher! A sua filha Irene e o genro Fréderic Joliot-Curie compartilharam o Prêmio Nobel de Química em 1935. Animação Raios alfa, beta e gama Figura 2.6 Os três tipos de raios emi- tidos por elementos radioativos. Os raios � consistem em partículas com carga negativa (elétrons) e são, portanto, atraí- dos pela placa carregada positivamente. O oposto é válido para os raios � – eles têm carga positiva e são puxados para a placa com carga negativa. Como os raios � não têm carga, o seu percurso não é afetado por um campo elétrico exterior. � � Substância radioativa Bloco de chumbo � � � A carga positiva está distribuída sobre toda a esfera – – – – – – – Figura 2.7 O modelo de átomo de Thomson, por vezes descrito como o modelo do “pudim de passas”, uma so- bremesa tradicional inglesa. Os elétrons estão embebidos em uma esfera unifor- me com carga positiva. Chang_02.indd 43Chang_02.indd 43 03/05/13 11:0903/05/13 11:09 44 Química como passas em um bolo (Figura 2.7). Este modelo chamado de “pudim de pas- sas” foi a teoria aceita durante muitos anos. Em 1910, o físico neozelandês Ernest Rutherford,9 que tinha estudado com Thomson na Universidade de Cambridge, decidiu usar partículas � para estudar a estrutura dos átomos. Junto com o seu colega Hans Geiger10 e um estudante chamado Ernest Marsden,11 Rutherford realizou uma série de experiências usan- do lâminas muito finas de ouro e de outros metais como alvos para as partícu- las � de uma fonte radioativa (Figura 2.8). Eles observaram que a maioria das partículas penetrava a lâmina sem desvio ou com apenas uma ligeira deflexão. Mas de vez em quando uma partícula � era difratada (ou defletida) em um ân- gulo grande. Em alguns casos, a partícula � era ricocheteada na direção de onde tinha vindo! Este foi um achado surpreendente, pois, no modelo de Thomson, a carga positiva do átomo era tão difusa que as partículas � positivas deveriam ter atravessado a lâmina com desvios muito pequenos. Citamos a reação inicial de Rutherford quando informado desta descoberta: “Era tão inacreditável como se tivéssemos disparado uma bala de 15 polegadas (cerca de 38 cm) contra uma folha de papel de seda e ela voltasse para trás e nos atingisse.” Mais tarde, Rutherford conseguiu explicar os resultados da experiência de difração de partículas � em termos de um novo modelo para o átomo. De acordo com Rutherford, a maior parte do átomo deve ser espaço vazio. Isso explica a ra- zão pela qual a maioria das partículas � atravessa a lâmina de ouro praticamente sem desvio. Rutherford propôs que as cargas positivas do átomo se encontravam todas concentradas no núcleo, que é um cerne denso no interior do átomo. Sem- pre que uma partícula � se aproximava de um núcleo na experiência de difração, ela sofria uma grande força de repulsão e, portanto, era muito defletida. Além disso, uma partícula � cujo percurso se dirigisse diretamente para o núcleo seria completamente repelida e a sua direção seria invertida. As partículas com carga positiva no núcleo chamam-se prótons. Em expe- riências separadas, verificou-se que cada próton transporta a mesma quantidade de carga que um elétron e tem uma massa de 1,67262 � 10�24 g – cerca de 1840 vezes a massa do elétron, que tem carga contrária. Nesta fase da investigação, os cientistas entendiam o átomo da seguinte maneira: a massa do núcleo constitui a maior parte da massa de todo o átomo, mas o núcleo ocupa apenas cerca de 1/1013 do volume do átomo. Representamos 9 Ernest Rutherford (1872-1937). Físico neozelandês. Rutherford fez a maior parte do seu trabalho na Inglaterra (nas Universidades de Manchester e Cambridge). Recebeu o Prêmio Nobel de Química em 1908 pela sua investigação sobre o núcleo atômico. O comentário que ele fazia aos seus estudan- tes, muitas vezes citado, é: “toda a ciência ou é física ou é coleção de selos”. 10 Johannes Hans Wilhelm Geiger (1852-1943). Físico alemão. O trabalho de Geiger incidiu es- sencialmente sobre o núcleo atômico e a radioatividade. Ele inventou um instrumento para medir a radiação, hoje vulgarmente conhecido como contador Geiger. 11 Ernest Marsden (1889-1920). Físico inglês. É gratificante saber que, por vezes, um estudante pode contribuir para ganhar um Prêmio Nobel. Marsden continuou a contribuir significativamente para o desenvolvimento da ciência na Nova Zelândia. Animação Difração de partículas �. Animação Experiência de Rutherford Figura 2.8 (a) Esquema da experiência de Rutherford para medir a dispersão das partículas � por uma lâmina de ouro. A maioria das partículas � atravessa a lâmina de ouro praticamente sem ser defletida. Algumas são defletidas em grandes ângulos. Ocasionalmente, uma partícula � é desviada em sentido con- trário. (b) Uma visão ampliada das partí- culas � atravessando e sendo defletidas pelos núcleos. Fenda Tela de detecção Lâmina de ouro (a) (b) Emissor de partículas � Chang_02.indd 44Chang_02.indd 44 03/05/13 11:0903/05/13 11:09 Capítulo 2 ♦ Átomos, moléculas e íons 45 as dimensões atômicas (e moleculares)em termos da unidade SI chamada picô- metro (pm), onde 1 pm � 1 � 10�12 m Um raio atômico típico é de aproximadamente 100 pm, enquanto o raio de um núcleo atômico é apenas cerca de 5 � 10�3 pm. Podemos ter uma ideia das dimensões relativas de um átomo e do seu núcleo imaginando que se um átomo fosse do tamanho de um estádio esportivo, o volume do seu núcleo seria com- parável ao de uma bolinha de gude. Apesar de os prótons estarem confinados ao núcleo do átomo, os elétrons aparecem espalhados à volta do núcleo e a alguma distância deste. O conceito de raio atômico é útil experimentalmente, mas não devemos inferir que os átomos têm limites ou superfícies bem definidas. Aprenderemos mais tarde que a região externa dos átomos é um tanto “nebulosa”. O nêutron O modelo de estrutura atômica de Rutherford deixou um grande problema por resolver. Sabia-se que o átomo de hidrogênio, o átomo mais simples, contém apenas um próton e o átomo de hélio contém dois prótons. Portanto, a razão entre a massa do átomo de hélio e a massa do átomo de hidrogênio deveria ser 2:1. (Como os elétrons são muito mais leves do que os prótons, a sua contribui- ção para a massa atômica pode ser desprezada.) Na realidade, contudo, a razão é 4:1. Rutherford e outros postularam que devia existir outro tipo de partícula subatômica no núcleo atômico; a prova foi fornecida por outro físico inglês, James Chadwick,12 em 1932. Quando Chadwick bombardeou uma folha fina de berílio com partículas �, o metal emitiu uma radiação de energia muito elevada, semelhante aos raios �. Experiências posteriores mostraram que a radiação era constituída por um terceiro tipo de partículas subatômicas, às quais Chadwick denominou de nêutrons, porque elas mostraram ser partículas eletricamente neutras com uma massa ligeiramente superior à massa dos prótons. O misté- rio da razão das massas podia agora ser explicado. No núcleo de hélio há dois prótons e dois nêutrons, mas no núcleo de hidrogênio há apenas um próton e nenhum nêutron, daí a razão 4:1. A Figura 2.9 mostra a localização das partículas elementares (prótons, nêutrons e elétrons) em um átomo. Existem outras partículas subatômicas, mas o próton, o elétron e o nêutron são os três componentes fundamentais do átomo 12 James Chadwick (1891-1972). Físico inglês que, em 1935, recebeu o Prêmio Nobel de Física por provar a existência dos nêutrons. Uma unidade não SI comum para dimensões atômicas é o angstrom (Å; 1 Å � 100 pm). Se o tamanho de um átomo fosse ex- pandido para o de um estádio esportivo, o tamanho do núcleo seria equivalente ao de uma bola de gude. Figura 2.9 Os prótons e os nêutrons de um átomo estão contidos em um nú- cleo extremamente pequeno. Os elétrons são apresentados como nuvens em tor- no do núcleo. Prótons Nêutrons Chang_02.indd 45Chang_02.indd 45 03/05/13 11:0903/05/13 11:09 DICA DO PROFESSOR Veja, no vídeo, um pouco da evolução dos modelos atômicos de forma mais detalhada. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A imagem abaixo mostra o experimento de Rutherford com o uso de uma lâmina de ouro e partículas. Supondo que esse experimento fosse realizado com átomos que tivessem a estrutura proposta pelo modelo de Thomson, poderíamos afirmar que: A) As partículas alfa atravessariam a lâmina de ouro, sendo observados poucos desvios. B) O anteparo apresentaria manchas luminosas dispersas de forma homogênea. C) Os átomos da folha de ouro impediriam totalmente a passagem das partículas. D) Os núcleos e elétrons dos átomos da lâmina de ouro absorveriam as partículas. E) Nenhuma das alternativas. 2) A evolução da teoria atômica se deu através de modelos e conceitos propostos por diversos cientistas, com base em suas experiências e observações. O conceito de matéria como uma massa de carga positiva uniformemente distribuída, com os elétrons espalhados de modo a minimizar as repulsões eletrostáticas pode ser creditado a: A) Dalton. B) Thomson. C) Rutherford. D) Demócrito. E) Nenhuma das alternativas. 3) A teoria atômica de Dalton só não está claramente expressa em: A) A formação dos materiais dá-se através de diferentes associações entre átomos iguais ou não. B) O átomo possui um núcleo positivo envolto por órbitas eletrônicas. C) O número de átomos diferentes existente na natureza é pequeno. D) Os átomos são partículas que não se podem dividir. E) Toda matéria é formada por partículas extremamente pequenas. 4) Uma importante contribuição do modelo de Rutherford foi considerar o átomo constituído de: A) Elétrons mergulhados em uma massa homogênea de carga positiva. B) De uma estrutura altamente compacta de prótons e elétrons. C) Um núcleo de massa desprezível comparada com a massa do elétron. D) Uma região central com carga negativa chamada núcleo. E) Um núcleo muito pequeno, de carga positiva, cercado por elétrons. 5) O modelo de Thomson propôs que o átomo seria formado por uma esfera de carga ............., contendo .................. incrustados, possuidores de carga elétrica ................... A alternativa que completa corretamente a frase é: A) Neutra/prótons e elétrons/positiva e negativa. B) Positiva/prótons/positiva. C) Negativa/elétrons/negativa. D) Positiva/elétrons/negativa. E) Positiva/nêutrons/nula. NA PRÁTICA Atualmente, são conhecidos mais de 20 milhões de compostos. Todas essas descobertas não teriam sido possíveis se não houvesse o entendimento da estrutura atômica. Com a elucidação do átomo, descobriu-se que os átomos não estão isolados, e sim, ligados entre si ou com outros átomos. Essas ligações são feitas por meio de ligações químicas específicas e quem participa dessas ligações são os elétrons. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Química - Teoria Atômica - Modelos Atômicos Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Física/Química: Modelos Atômicos Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ROSENBERG, J.L.; EPSTEIN, L.M.; KRIEGER, P.J. Química geral. Coleção Schaum. 9.ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
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